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Reflexões acerca da percepção dos idosos sobre a felicidade e dinheiro

Resumo

Objetivo:

Descrever e refletir as possíveis relações estabelecidas por idosos entre felicidade e dinheiro.

Método:

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, realizada a partir de entrevista semiestruturada com 19 pessoas idosas, em seus domicílios, de ambos os sexos, no período de 2017 a 2018, em dois estados da região Sul do Brasil, por meio de análise de conteúdo.

Resultados:

O que emergiu na voz das pessoas idosas desdobrou-se em duas categorias: O dinheiro como um meio de vida, e O dinheiro não traz felicidade. Os participantes indicaram relações entre felicidade e dinheiro, porque o dinheiro é uma das condições para satisfazer as necessidades básicas da vida cotidiana, mas apareceu como recurso propedêutico à felicidade. Também informaram que a busca obsessiva pelo dinheiro pode gerar fascínio, ansiedade e depressão.

Conclusão:

Os participantes indicaram que o dinheiro é um meio para viver bem e ser feliz e não foi considerado o objetivo maior de suas vidas. Ele não é promotor de felicidade, mas pode contribuir pela busca da paz, da tranquilidade e a satisfação interior.

Palavras-chave:
Felicidade; Suporte financeiro; Saúde Idoso

Abstract

Objective:

To describe and reflect the possible relationships established by the elderly between happiness and money.

Method:

It is a qualitative, exploratory and descriptive research, carried out from a semi-structured interview with 19 elderly people, in their households, of both sexes in 2017 and 2018, in two states of the South region of Brazil, through content analysis.

Results:

What emerged in the voice of older people unfolded into two categories: Money as a way of life and Money does not bring happiness. Participants indicated relationships between happiness and money because money is one of the conditions to meet the basic needs of daily life, but it appeared as a propedeutic resource for happiness. They also reported that the obsessive pursuit of money can generate fascination, anxiety and depression.

Conclusion:

The participants indicated that money is a means to live well and be happy and was not considered the highest goal of their lives. He is not a promoter of happiness, but can contribute to the pursuit of peace, tranquility and inner satisfaction.

Keywords:
Happiness; Financial Support; Health of the Elderly

INTRODUÇÃO

Para Hadot11 Hadot P. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Loque F, Oliveira L, tradutores. São Paulo: É Realizações; 2014., Lenoir22 Lenoir F. Sobre a felicidade: uma viagem filosófica. dos Reis VL, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2016. e Ferry33 Ferry L. O que é uma vida bem-sucedida? Jannini K. Rio de Janeiro: Difel; 2004.,44 Ferry L. Sete maneiras de ser feliz: como viver de forma plena. Melo JAD, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2018., as reflexões filosóficas no Ocidente acerca da felicidade iniciaram com os gregos, sendo Sócrates o precursor, que propôs à humanidade a seguinte questão existencial: em que consiste a felicidade? Essa pergunta clássica, novamente em voga, foi uma das temáticas centrais das éticas teleológicas antigas e medievais. São consideradas teleológicas, porque identificaram a felicidade como o bem supremo do homem, “que tem um fim em si mesmo”, ou seja, de acordo com Aristóteles, é o maior objetivo que as pessoas aspiram na vida, demonstrada em um artigo da revista Science, para as quais tendem todas as ações, porque o amor à sabedoria era “uma atividade intelectual inseparável de uma atitude de vida”33 Ferry L. O que é uma vida bem-sucedida? Jannini K. Rio de Janeiro: Difel; 2004.. Porém, na época contemporânea, a discussão da felicidade foi considerada em perspectivas diferentes na filosofia.

Assim, se o bem supremo do homem é a felicidade, em que consiste uma vida feliz? Para os pensadores gregos e romanos, principalmente Aristóteles e Sêneca11 Hadot P. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Loque F, Oliveira L, tradutores. São Paulo: É Realizações; 2014.,44 Ferry L. Sete maneiras de ser feliz: como viver de forma plena. Melo JAD, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2018., os bens exteriores, como o dinheiro e o culto ao corpo, produzem uma felicidade simples, por serem meio. O que gera mais felicidade são os bens interiores, como o autoconhecimento, realização pessoal e social22 Lenoir F. Sobre a felicidade: uma viagem filosófica. dos Reis VL, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2016..

A partir de Kant22 Lenoir F. Sobre a felicidade: uma viagem filosófica. dos Reis VL, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2016., com o advento do iluminismo, do republicanismo e do laicismo, consagrado pela Revolução Francesa, surge a moral laica. Nessa, a finalidade essencial do homem não era mais a felicidade, mas a emancipação e liberdade. Revaloriza-se o trabalho, não mais restrito a escravos e servos, mas estendido a todas as classes sociais.

A partir de 1960 nos Estados Unidos e 1980 na Europa, particularmente na França, “a questão da felicidade individual ressurgiu com força”22 Lenoir F. Sobre a felicidade: uma viagem filosófica. dos Reis VL, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2016.. Filósofos recentes, como Pierre Hadot, Michel Foucault, André Comte-Sponville e Luc Ferry “ousam recolocar e repensar a questão da felicidade”22 Lenoir F. Sobre a felicidade: uma viagem filosófica. dos Reis VL, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2016.. De acordo com Ferry44 Ferry L. Sete maneiras de ser feliz: como viver de forma plena. Melo JAD, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2018., há um redespertar da felicidade no Ocidente e existe “uma proliferação sem precedentes de livros com pretensões filosóficas de felicidade inspirados nas sabedorias antigas, no budismo, no taoísmo ou no estoicismo”.

São muitos os atributos da felicidade. Devido a sua complexidade, é praticamente “impossível defini-la de maneira categórica e satisfatória”44 Ferry L. Sete maneiras de ser feliz: como viver de forma plena. Melo JAD, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2018.. Em linhas gerais, alguns estudos concebem-na, inclusive com idosos, como um estado de satisfação, saúde, cuidado, moral, sucesso, bem-estar físico, psíquico e espiritual. Está ligada à qualidade de vida, segurança, liberdade de escolha, autonomia, envelhecimento saudável, inteligência, conhecimento, capacidade funcional, amor, emancipação, criatividade, admiração, agir22 Lenoir F. Sobre a felicidade: uma viagem filosófica. dos Reis VL, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2016.,44 Ferry L. Sete maneiras de ser feliz: como viver de forma plena. Melo JAD, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2018.,77 Sumngern C, Azeredo Z, Subgranon R, Sungvorawongphana N, Matos E. Happiness among the elderly in communities: a study in senior clubs of Chonburi Province, Thailand. Japan J Nurs Sci. 2010;7:47-54.. Além disso, aparecem as relações familiares, amigos, brincar com os netos e os recursos financeiros como promotores da felicidade.

Hoje, a felicidade está mais alicerçada na busca pela performance, na produção de bens e serviços, pelo trabalho e estudo. “O mundo configura-se em torno do dinheiro e é através dele que ocorrem as operações comerciais nacionais e internacionais”, pautadas no caráter materialista, produtivista, que encampam inclusive as relações humanas e que assumem a condição de “descartabilidade”55 Pereira CR. Pelo direito de não ser feliz: uma breve análise filosófica, sociológica e existencial sobre a ditadura da felicidade. Trilhas filos. 2017;10(2):47-69..

Nesse paradigma competitivo, empresas, instituições e sociedades tornam-se reféns de um sistema de mercado capitalista globalizado. Esse modo de viver “acaba se resumindo em um grande nível de esforço e competição para ter dinheiro e sobreviver”. Quem não se enquadra nessa forma de organização social e financeira, “não vai ganhar dinheiro, não terá uma carreira bem-sucedida e, em decorrência de tudo isso, não será feliz”1010 Melo R. As leis invisíveis do dinheiro: o método comprovado de investimentos para quem deseja ter muito dinheiro e felicidade plena. São Paulo: Gente; 2016.. O dinheiro é um objeto de estudo da economia, mas também é abordado pela sociologia e psicologia. É o estudo “do processo de produção, distribuição, circulação e consumo da riqueza”.

Um estudo desenvolvido por Sumngern et al.77 Sumngern C, Azeredo Z, Subgranon R, Sungvorawongphana N, Matos E. Happiness among the elderly in communities: a study in senior clubs of Chonburi Province, Thailand. Japan J Nurs Sci. 2010;7:47-54. se aproxima dessa concepção de felicidade estruturada nos bens da alma. Demonstraram que os idosos que não precisavam trabalhar para sobreviver se consideravam mais felizes do que aqueles que estavam trabalhando, que precisavam do dinheiro. Outra pesquisa realizada com idosos rurais no Chile indica que há uma relação entre felicidade, saúde e dinheiro, porque melhores condições financeiras possibilitam produzir e se alimentar de forma mais saudável, com autonomia, saúde e participação social, possibilitando o envelhecimento saudável1212 Lobos G, Lapo MC, Schnettler B. In the choice between health and money, health comes first: an analysis of happiness among rural Chilean elderly. Cad Saúde Pública. 2016;32(5):1-12..

E o estudo de Marques, Sánchez e Vicario1313 Marques BEM, Sánchéz CS, Vicario BP. Perceção da qualidade de vida de um grupo de idosos. Rev Enferm Ref. 2014;4(1):75-84., realizado com 48 idosos em Portugal, sobre a percepção da qualidade de vida, no item condições econômicas, demonstrou que o dinheiro não ocupa uma posição central nas suas vidas e têm um papel coadjuvante, mas o bem-estar subjetivo e a qualidade de vida são fatores fundamentais para a promoção da felicidade. Assim, a relação da “economia (ou, conforme entendimento, do dinheiro) com a felicidade é histórica, estando na gênese dessa palavra e de seus atributos”22 Lenoir F. Sobre a felicidade: uma viagem filosófica. dos Reis VL, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2016..

Sendo assim, o objetivo do estudo é descrever e refletir as possíveis relações estabelecidas por idosos entre felicidade e dinheiro.

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, realizada por meio de entrevistas, com aplicação de um questionário socioeconômico e questões semiestruturadas com 19 pessoas idosas, de ambos os sexos, selecionadas por amostra intencional e abordadas nas suas residências, em 2017 e 2018, com duração de aproximadamente 15 minutos cada, em dois estados da região Sul do Brasil. Pela amostragem intencional, o pesquisador escolhe por conveniência e controla a seleção dos participantes, para que possam contribuir significativamente, de acordo com o objetivo da pesquisa1414 Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec; 2016.. Chegou-se a essa amostra pela saturação das informações coletadas, sendo selecionados idosos que residiam próximos à divisa dos dois estados. Os critérios de inclusão foram: ter idade igual ou superior a 60 anos e idosos independente de condição social, cultural ou financeira.

As questões norteadoras das entrevistas foram: 1) O dinheiro para você é um meio ou o objetivo maior de sua vida?; 2) O dinheiro lhe traz felicidade?; 3) Quais são as razões do dinheiro trazer ou não a felicidade tão desejada? As entrevistas foram gravadas e transcritas para posterior análise.

As informações foram analisadas qualitativamente, utilizando-se a análise de conteúdo de Bardin1515 Bardin L. Análise de Conteúdo. 4. ed. Pinheiro LA, tradutor. São Paulo: Edições 70; 2016., por meio da leitura flutuante em pré-análise, exploração do material e interpretação, e agrupadas pela inferência, em extração de unidades de significância e elaboração de categorias temáticas, a partir de critérios semânticos baseados no objetivo do estudo. Os participantes estão identificados como P de participante e a numeração arábica correspondente à ordem em que as entrevistas foram realizadas.

O estudo é um resultado do projeto de pesquisa Razões da felicidade na longevidade, vinculado a um Programa de stricto sensu em Envelhecimento Humano e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Passo Fundo (UPF), Passo Fundo, RS, parecer n. 898.152, de acordo com a Resolução n. 466/12, mediante a assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram entrevistados 19 idosos e a idade variou de 60 a 90 anos, com média de 69,5 anos. Treze têm o ensino fundamental incompleto; dois com ensino médio incompleto e um completo; um possui graduação e dois com doutorado. Seis residem no meio rural e as demais, na cidade. Os participantes são aposentados, mas continuam trabalhando nas suas atividades profissionais de produtor rural, operário, professor da educação básica e do ensino superior, enfermeiro e historiador (Quadro 1). O que emergiu das falas dos idosos desdobrou-se em categorias: “O dinheiro como um meio de vida” e “O dinheiro não traz felicidade”.

Quadro 1
Perfil dos participantes: Sexo, idade, escolaridade, renda mensal, atividades profissionais.

O dinheiro como um meio de vida

O dinheiro revelou-se como elemento necessário para se viver, considerando-se que faz parte da condição existencial estudar, trabalhar e planejar para adquiri-lo. Na percepção dos idosos, ele não foi mencionado como o objetivo maior da vida, como o projeto mais elevado a ser almejado, mas um meio, um caminho, um instrumento para viver bem e feliz.

As falas abaixo expressam essa necessidade de adquirir e possuir o dinheiro como um meio útil, de usufruir coisas, de sobreviver, mas sempre pautado pela responsabilidade e limite, sem idolatrá-lo, como atestam as falas:

“Ele faz parte, mas não é tudo. O dinheiro ajuda, mas não traz felicidade” (P1).

“O dinheiro é um meio para viver bem, porque ninguém vive sem dinheiro” (P6).

“Tem que ter limite com o dinheiro. [...]. Só pensar em fazer dinheiro, dinheiro, e quando vê, capota, não se leva nada” (P9).

“O dinheiro ajuda para comprar o necessário para viver, [...] mas não é o mais importante” (P10).

“Uma quantia de dinheiro é necessário para viver” (P12).

“É importante para a gente viver, mas não é tudo. Não adianta ter dinheiro e não ter saúde. Só dinheiro não traz felicidade” (P15).

“Ele é útil para viver” (P16).

“Só para pagar as dívidas” (P17).

“Só para pagar contas e viajar é o suficiente” (P18).

“Para sobreviver” (P19).

Estas percepções estão de acordo com a concepção das éticas teleológicas antigas e medievais, para as quais o dinheiro ocupa a função de ser um meio para a realização da felicidade, em âmbito individual e social. Sua privação gera infelicidade11 Hadot P. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Loque F, Oliveira L, tradutores. São Paulo: É Realizações; 2014.,1212 Lobos G, Lapo MC, Schnettler B. In the choice between health and money, health comes first: an analysis of happiness among rural Chilean elderly. Cad Saúde Pública. 2016;32(5):1-12.,1313 Marques BEM, Sánchéz CS, Vicario BP. Perceção da qualidade de vida de um grupo de idosos. Rev Enferm Ref. 2014;4(1):75-84.. Contudo, Sêneca e Aristóteles consideravam que não era necessário dispor de muitos bens, principalmente de dinheiro, “por causa das preocupações inerentes à riqueza: medo de ser roubado, muito tempo dedicado à gestão dos bens, inveja de outrem”22 Lenoir F. Sobre a felicidade: uma viagem filosófica. dos Reis VL, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2016..

Assim, se o dinheiro é um meio para ser feliz, em que consiste a felicidade? Ora, para Sócrates, Platão e, principalmente para Aristóteles e Sêneca, os bens exteriores, tão almejados atualmente, como um corpo perfeito, o vigor físico, a riqueza material, alguns amigos leais e notoriamente o dinheiro, são meios necessários para a felicidade. São bens coadjuvantes e por isso promovem uma felicidade efêmera, aspecto reforçado pelas falas acima. Já os bens interiores, constitutivos, àqueles que promovem uma felicidade mais duradoura, são os bens da alma, como a prática das virtudes da coragem, moderação, justiça, amizade, sabedoria, prudência, prazer intelectual, conhecimento, autoconhecimento, domínio de si, participação na comunidade. São os bens essenciais à felicidade, porque a verdadeira felicidade é atividade da consciência. Promovem a tranquilidade, a paz e a imperturbabilidade do espírito, qualidades alcançáveis pela contemplação, meditação11 Hadot P. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Loque F, Oliveira L, tradutores. São Paulo: É Realizações; 2014.,22 Lenoir F. Sobre a felicidade: uma viagem filosófica. dos Reis VL, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2016.,44 Ferry L. Sete maneiras de ser feliz: como viver de forma plena. Melo JAD, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2018.,99 Lauer-Leite ID, Magalhães CM, Gouveia RS, Sousa DMF, Fonseca PN. Valores humanos e significado do dinheiro: um estudo correlacional. Psico. 2014;45(1):15-25.,1616 Aristóteles. Ética a Nicômacos. Kury MG. 3. ed. Brasília, DF: Universidade de Brasília; 2001..

Os participantes mencionaram, ainda, o significado do dinheiro com finalidades específicas, próprias das condições existenciais da vida cotidiana, como lazer, saúde, alimentação:

“Dá para se virar muito bem com o dinheiro, como ir nas festas dos idosos, tomar cerveja” (P4).

“Ter dinheiro para sobreviver, se divertir” (P9).

“É necessário ter algum dinheiro, para sair, participar de festas com a família” (P5).

“O dinheiro ajuda quando para viver, pagar as contas, alimentação. [...]. Agora, ter demais e não saber usar, ele prejudica a vida da pessoa” (P11).

“O dinheiro a gente precisa para fazer as compras e sobreviver”. (P14).

O estudo realizado por Lobos, Lapo e Schnettler1212 Lobos G, Lapo MC, Schnettler B. In the choice between health and money, health comes first: an analysis of happiness among rural Chilean elderly. Cad Saúde Pública. 2016;32(5):1-12., com 389 idosos rurais, de uma região central do Chile, de 60 a 90 anos, também revelou que o dinheiro tem seu significado, mas como meio para ser feliz. A saúde, as políticas públicas, a satisfação alimentar, a participção social, são mais significativas que o dinheiro, confirmando a hipótese entre saúde e dinheiro, a saúde permanece em primeiro lugar. De forma semelhante, para Angner et al.1717 Angner E, Ghandhi J, Purvis KW, Amante D, Allison,J. Daily functioning, health status, and happiness in older adults. J Happiness Stud. 2013;14:1563-74., ter boas condições de saúde é mais significativo do que ter boas condições financeiras.

Outra questão que apareceu nas falas foi o possível transtorno que a ausência do dinheiro pode gerar na família e no trabalho, e como ele deve ser usado no planejamento orçamentário e no projeto de vida, mas sempre com equilíbrio:

“A falta do dinheiro acaba trazendo muitos transtornos: desagregação na família, no trabalho, etc. Eu recebi uma orientação do meu pai, que ele não é importante. Ele deveria ser consequência do seu trabalho e não o objetivo da vida” (P8).

“O dinheiro precisa ser usado com planejamento, com orçamento, com equilíbrio para nossa manutenção diária” (P6).

Segundo Lenoir22 Lenoir F. Sobre a felicidade: uma viagem filosófica. dos Reis VL, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2016., Sêneca considerava o dinheiro como um meio necessário, útil. Ele possibilita convidar amigos para fazer jantares e apreciar belos vinhos, bem como comemorar e usufruir na velhice uma vida pautada na paz e na tranquilidade, decorrente de um projeto existencial executado durante anos.

A ausência de dinheiro compromete e interfere diretamente na organização familiar, pessoal e social dos idosos, bem como dificulta o acesso as melhores condições de saúde, diminuindo as probabilidades de ser mais feliz, como atesta o estudo Lobos Lapo e Schnettler1212 Lobos G, Lapo MC, Schnettler B. In the choice between health and money, health comes first: an analysis of happiness among rural Chilean elderly. Cad Saúde Pública. 2016;32(5):1-12..

O dinheiro não traz felicidade

A partir do expresso pelos idosos, o dinheiro apareceu como gerador e promotor de felicidade, de bem-estar, como motivação extrínseca em busca da concretização dos projetos de vida. Porém, ele não apareceu como fim maior, supremo, onde todos os outros bens ou propósitos da vida estariam subordinados a ele.

As falas abaixo indicam que o dinheiro deve ser usado de forma racional, com parcimônia e cuidado:

“Eu sempre cuido e gosto de ter um dinheiro” (P5).

“Ele não pode ser gasto desnecessariamente e isso gera intranquilidade” (P6).

“Mas tem gente que é escravo do dinheiro. Quando eles percebem estão no fim da vida e o dinheiro fica. Comigo é diferente” (P10).

“O dinheiro faz falta se a gente não tem, mas ter saúde e a família traz mais felicidade” (P14).

Essa percepção é corroborada com estudos teóricos e empíricos recentes. Para Lenoir22 Lenoir F. Sobre a felicidade: uma viagem filosófica. dos Reis VL, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2016., “com certeza, um mínimo de dinheiro contribui para a felicidade, mas a busca incessante do enriquecimento é igualmente nefasta”, porque leva à dependência e escravidão. Se ele é usado equilibradamente, sem excessos, evita-se a prodigalidade e a avareza. Assim, existem prazeres sofisticados, intelectuais, espirituais e efêmeros, vulgares e triviais a serem alcançados por meio do dinheiro e da fruição dos bens materiais e dos sentidos, sempre em busca da felicidade. E essa busca tornou-se, devido ao caráter utilitarista, obsessiva e compulsória e “domina toda a nossa vida”44 Ferry L. Sete maneiras de ser feliz: como viver de forma plena. Melo JAD, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2018..

Na visão de Marques, Sánchez e Vicario1313 Marques BEM, Sánchéz CS, Vicario BP. Perceção da qualidade de vida de um grupo de idosos. Rev Enferm Ref. 2014;4(1):75-84., o que gera qualidade de vida não é o dinheiro ou os bens financeiros, mas a saúde, paz, harmonia, felicidade e a satisfação de “manter-se ocupado, seja com atividades de ócio, de voluntariado ou de trabalho. Significa também manter relações interpessoais e receber apoio da família, dos amigos e vizinhos”.

Sumngern et al.77 Sumngern C, Azeredo Z, Subgranon R, Sungvorawongphana N, Matos E. Happiness among the elderly in communities: a study in senior clubs of Chonburi Province, Thailand. Japan J Nurs Sci. 2010;7:47-54., desenvolveram um estudo com 306 idosos de clubes seniores tailandeses, com o objetivo de identificar a percepção de felicidade em diferentes regiões. Dos idosos que viviam nas regiões rural (64,5%), suburbana (61,2%) e urbana (22,8%), consideraram sua realização pessoal ou felicidade insatisfatória, ruim, com pouca motivação para viver. No geral, 12,4% consideraram-na boa, 37,9% regular e 49,7% ruim. Ainda, os idosos que não estavam trabalhando se consideraram mais felizes do que aqueles com necessidade de trabalhar e ganhar dinheiro para sobreviver.

Os participantes identificaram o dinheiro como promotor de felicidade, de satisfação e fundamental para viver em sociedade, e sua ausência como geradora de conflitos e desestruturação social:

“O dinheiro traz felicidade, bem estar” (P9).

“Eu quero só o necessário para viver. Sou feliz com o que estou ganhando” (P4).

“O dinheiro tem sua parcela de contribuição e acredito que a falta dele pode desagregar famílias, trabalho e a convivência social” (P8).

Essas percepções estão em consonância com o significado que o dinheiro foi recebendo historicamente. Para Lauer-Leite99 Lauer-Leite ID, Magalhães CM, Gouveia RS, Sousa DMF, Fonseca PN. Valores humanos e significado do dinheiro: um estudo correlacional. Psico. 2014;45(1):15-25., o dinheiro adquiriu um papel fundamental na vida das pessoas, instituições e países, “especialmente por ser um instrumento de mediação que possibilita a satisfação das necessidades humanas, do desenvolvimento tecnológico, econômico e social”. A tese clássica de que tempo é dinheiro (time is money) ainda está presente atualmente. Essa postura faz que sobre pouco tempo para cuidar de si, das questões ambientais, da sustentabilidade, da felicidade, porque o trabalho, o dinheiro e o consumo constituem o propósito da vida1717 Angner E, Ghandhi J, Purvis KW, Amante D, Allison,J. Daily functioning, health status, and happiness in older adults. J Happiness Stud. 2013;14:1563-74.. Porém, o capitalismo globalizado “não conseguiu mercantilizar o bem maior que todos buscamos: a felicidade”1818 Whillans AV, Dunn EW. Thinking about time as money decreases environmental behavior. Org Behav Hum Decis Process. 2015;127:44-52..

O estudo de Ergin e Mandiracioglu88 Chyi H, Mao S. The Determinants of happiness of China's elderly population. J Happiness Stud. 2012;13:167-85., com 870 idosos turcos, que contempla o período de 1990 a 2013, com o objetivo de identificar os determinantes socioeconômicos de saúde e de felicidade, demonstrou uma relação entre condições financeiras e felicidade, tese que corrobora o expresso pelos idosos deste estudo, de acordo com os excertos apresentados. Durante esses anos, ocorreram crises no país, principalmente em 2001 e, nesse ano, os idosos, notadamente viúvos e separados, de baixa renda, relataram menos felicidade e saúde. Por outro lado, em anos de prosperidade, tem-se mais tranquilidade, saúde, felicidade e motivação para viver.

O dinheiro também foi mencionado, com uma perspectiva crítica, como fascínio, deslumbramento, como bem supremo para promover a festa consumista da felicidade, elencado para preencher o vazio existencial derivado da crise atual22 Lenoir F. Sobre a felicidade: uma viagem filosófica. dos Reis VL, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2016.,44 Ferry L. Sete maneiras de ser feliz: como viver de forma plena. Melo JAD, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2018.. Porém, essa busca pelo ter acaba escravizando as pessoas:

“Para mim, o dinheiro sempre exerceu um fator comercial e de fascínio. E como estamos vivendo no século XXI, de profunda crise de valores, de critérios racionais, o dinheiro ocupa esse espaço” (P7).

“O dinheiro, [...] na sociedade capitalista, acaba escravizando. As pessoas querem ganhar mais a qualquer custo. Por isso que eu acho que o Brasil hoje, o retrato brasileiro dessa corrupção, tudo gira no ter, de conseguir as coisas com facilidade” (P8).

“Mas o dinheiro não traz felicidade para ninguém” (P2).

“Tem gente que só pensa no dinheiro e deixa de aplicar na saúde para economizar. Daí vem a ganância, prejudicando-se” (P11).

“O dinheiro não deixa felicidade para ninguém” (P12).

“Não vale a pena ter muito, porque ele não traz felicidade”(P19).

Estas percepções dirigem-se às ideologias consumistas que asseguram, por meio do dinheiro, uma felicidade total, fascinante e perene1919 Betto F, Boff L, Cortella MS. Felicidade foi-se embora? Petrópolis: Vozes; 2016., mas que, paradoxalmente, podem gerar decepção e infelicidade, pois contribuem pouco para alcançar e manter a paz de espírito, “já que a bela promessa de felicidade ameaça transformar-se na tirania [...] da ‘euforia perpétua’”44 Ferry L. Sete maneiras de ser feliz: como viver de forma plena. Melo JAD, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2018.. No mesmo sentido, para Lenoir22 Lenoir F. Sobre a felicidade: uma viagem filosófica. dos Reis VL, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2016., “hesitamos em escrever que o dinheiro não traz necessariamente a felicidade” e, segundo Pereira55 Pereira CR. Pelo direito de não ser feliz: uma breve análise filosófica, sociológica e existencial sobre a ditadura da felicidade. Trilhas filos. 2017;10(2):47-69., essa felicidade produz fragmentação, rompendo, inclusive relações de solidariedade e amizade com o outro, “fundamentando-se em um subjetivismo e materialismo”.

Contudo, para Matz et al.2020 Matz SC, Gladstone JJ, Stillwell D. Money buys happiness when spending fits our personality. Psychol Sci. 2016;27(5):715-25., quando os gastos em bens correspondem às personalidades dos consumidores, parece que o dinheiro pode realmente comprar felicidade, pois proporcionam o maior aumento de felicidade. Convém destacar, que nenhum dos participantes teve essa percepção.

Os idosos mencionaram, ainda, que, quando o dinheiro procura preencher o vazio engendrado pela sociedade do capital, da tecnologia, ele aparece como fetiche, no qual as pessoas buscam ser autônomas e reconhecidas por meio do consumo das marcas:

“E quando o dinheiro ocupa esse espaço, ele entra naquela categoria que Marx e Benjamim definiram como fetichismo. [...]. O dinheiro como algo que não só compra as coisas, mas como forma de representação do mundo [...]. É a marca que vai defini-las e que vem rastreada por esse dinheiro” (P7).

“A sociedade valoriza muito o dinheiro. O capitalismo, essa necessidade de comprar, está muito forte no jovem” (P8).

O fetiche leva a pessoa a se identificar com as marcas de produtos e serviços, tornando-se mercantilista2121 Pinto JMZ. Dinheiro traz felicidade? A relação entre insumos e qualidade na educação. Arq Anal Polit Educ. 2014;22(19):1-16., apegada ao ter, ao consumo, já que, para o “capitalismo neoliberal, a felicidade reside no hipercapitalismo desenfreado”2222 Graha MC. Happiness around the world: the paradox of happy peasants and miserable millionaires. New York: Oxford University Press; 2009.. Segundo Bauman2323 Bauman Z. Vida a crédito: conversas com Citlali Rovirosa-Madrazo. Werneck A. Rio de Janeiro: Zahar; 2010., é o devo, logo existo, ou seja, impera é a arte de viver em dívida, na qual o cidadão ideal para bancos e cartões de créditos é o “devedor ideal”, “aquele que jamais paga integralmente suas contas”.

Em outras falas, relataram que economizar e se apegar ao dinheiro não convêm, porque pode produzir sofrimento e não ajuda a promover a tranquilidade e a qualidade de vida:

“Querer guardar dinheiro é bobagem” (P2).

“A gente não pode se apegar ao dinheiro” (P9).

“Há muitos anos, essa ganância, essa vontade de ter mais não era tão significativa. As pessoas se contentavam com menos, mas a sociedade evoluiu ou ‘involuiu’ e hoje há estresse, depressão” (P8).

“Ter demais só dá problema. A gente vive feliz com o pouco que tem” (P12).

“Muito dinheiro não faz bem. Ele atrapalha” (P13).

“Para mim não é tudo” (P14).

Para Ferry44 Ferry L. Sete maneiras de ser feliz: como viver de forma plena. Melo JAD, tradutor. Rio de Janeiro: Objetiva; 2018., já que a felicidade é complexa e indefinível, devido a condição humana de busca constante de progresso e realização, “nunca poderemos ter certeza absoluta sobre o que vai nos tornar felizes de maneira duradoura - dinheiro, amor, prestígio social, talentos, erudição, conhecimentos: tudo o que traz alegria pode se transformar em seu oposto”. Tal proposição é reafirmada pelas considerações dos entrevistados em relação ao dinheiro, que é necessário para ser feliz, dado que sua ausência implica em sofrimento frente às necessidades humanas.

Entretanto, tê-lo não é condição suficiente para a felicidade, principalmente como elemento central da vida, podendo acarretar preocupações e experiências não condizentes com uma vida feliz. Já a busca pela paz, a saúde, a tranquilidade, a qualidade de vida, o equilíbrio e a participação social são promotores de realização, de uma felicidade mais duradoura. Diante do exposto, sugere-se aprimorar a metodologia com discussões em grupo focal e fazer conexões com o bem-estar subjetivo e a qualidade de vida.

CONCLUSÃO

Os resultados indicaram que nessa relação o dinheiro apareceu como meio e propedêutico da promoção da felicidade, da realização interior, para executar os projetos da vida e os afazeres cotidianos. Essa percepção está em consonância com as éticas teleológicas antigas e medievais, nas quais o dinheiro, assim como os bens exteriores, casa, carros, capital, etc. foram considerados e valorizados como bens extrínsecos, auxiliares. O que gera mais felicidade são os bens interiores, como ser virtuoso, equilibrado, buscar o conhecimento, o autoconhecimento e a satisfação interior. Essa tese, defendida pelas filosofias de Aristóteles, os estoicos e cínicos, foi e continua sendo retomada criticamente por filósofos, principalmente franceses, como Hadot, Ferry e Lenoir, considerando a distância histórica e cultural dos períodos. Estudos empíricos recentes com idosos também confirmam essa tese clássica de que o dinheiro é promotor de felicidade efêmera, necessário, mas não é a razão maior da condição existencial. Também foi mencionado pelos idosos que a ausência do dinheiro pode produzir desequilíbrio emocional, familiar e social e sua busca obsessiva, pelo seu fascínio em busca do ter, pode gerar sofrimento, avareza e depressão.

Diante destes resultados, evidencia-se a necessidade de efetuar mais estudos empíricos, inclusive com um número maior de participantes, para explorar melhor as relações entre dinheiro e felicidade em idosos, já que a afinidade temática é complexa. A imbricação entre esses dois temas suscita a pertinência de estudos junto aos idosos, seja pela premência de uma vida longeva feliz, seja pela comum fragilização financeira dessa população após seu afastamento das atividades laborais.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Ago 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    04 Out 2018
  • Aceito
    15 Abr 2019
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