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Percepções de idosos sobre envelhecimento e violência nas relações intrafamiliares

Resumo

Objetivo:

Conhecer as diferentes percepções do processo de envelhecimento e da violência nas relações intrafamiliares de idosos participantes de um grupo de serviço e convivência.

Método:

Pesquisa exploratória e descritiva, de cunho qualitativo, realizada por meio de um questionário sociodemográfico e de uma entrevista semiestruturada, com sete idosos participantes do grupo de Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. O que emergiu das falas sofreu análise temática de conteúdo.

Resultados:

A extração em unidades temáticas permitiu a elaboração de duas categorias que se entrelaçam: Autopercepção do processo do envelhecimento intrafamiliar e Violência no olhar dos idosos.

Conclusão:

Os idosos relataram que a família é responsável pelo exercício do cuidado, da valorização e da compreensão da pessoa idosa e que o processo de envelhecer traz novas possiblidades de convivência, mas vem acompanhado de fragilidades e limitações. Indicaram, também, práticas sutis de violência psicológica, financeira e de abandono, tornando-os impotentes, envergonhados e temerosos para tomar iniciativas eficazes, com a finalidade de restabelecer relacionamentos familiares cordiais, éticos e harmoniosos.

Palavras-chave:
Envelhecimento; Violência; Família; Saúde do Idoso.

Abstract

Objective:

To identify the different perceptions of the aging process and violence in intrafamilial relations of elderly participants of a social and coexistence group.

Method:

An exploratory and descriptive qualitative study was performed through the application of a sociodemographic questionnaire and a semi-structured interview, with seven elderly people participating in the Coexistence and Strengthening of Bonds social group. The results of the discourses were assessed through thematic content analysis.

Results:

The extraction into thematic units allowed the elaboration of two intertwined categories: self-perception of the process of intrafamily aging and violence in the eyes of the elderly.

Conclusion:

The elderly reported that the family is responsible for providing care, appreciation and understanding, and that the aging process brings new possibilities for coexistence, but it is also accompanied by weaknesses and limitations. They also indicated subtle practices of psychological, financial, and abandonment violence, making them impotent, ashamed, and fearful to adopt effective initiatives to restore cordial, ethical, and harmonious family relationships.

Keywords:
Aging; Violence; Family; Health of the Elderly.

INTRODUÇÃO

O processo crescente de envelhecimento da população em várias partes do mundo é um fenômeno demográfico que repercute em diversas dimensões do mundo social e dos indivíduos. O envelhecimento é um processo dinâmico, permeado por modificações biológicas, físicas, psicológicas, ambientais, culturais e sociais11 Sá JLM, Doll J, Oliveira JFP, Herédia VBM. Multidimensionalidade do envelhecimento e interdisciplinaridade. In: Freitas EV, Py L. Tratado de Geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. p. 107-8.. Além disso, “esses múltiplos fatores associados ao processo de envelhecimento interagem e regulam tanto o funcionamento típico quanto o atípico do indivíduo que envelhece”22 Campos ACV, Ferreira EF, Vargas AMD. Determinantes do envelhecimento ativo segundo a qualidade de vida e gênero. Ciênc Saúde Colet. 2015;20:2221-37..

O conceito de envelhecimento é dinâmico. Para Mucida33 Mucida A. Atendimento psicanalítico do idoso. São Paulo: Zagodoni; 2014., “o discurso social minimiza a sua complexidade a partir de denominações associadas aos anos vividos pela pessoa, contribuição previdenciária, anos trabalhados, terceira idade, entre outros”. A autora se refere às diferentes formas de envelhecer e às diversas percepções do processo vivenciado pela pessoa, como mudanças na imagem, no corpo e nos laços sociais que impactam consideravelmente nos sentimentos.

O processo de envelhecimento da população apresenta modificações na configuração do idoso e no seu relacionamento com outras pessoas, tanto no âmbito familiar quanto social. Podem-se destacar, nesse contexto, fatores como crise de identidade, mudanças de papéis e impacto da aposentadoria, além das diversas perdas e da diminuição do convívio social. Tornam-se mais frequentes os problemas de saúde, o enfrentamento na esfera das políticas públicas, da formação de profissionais voltados ao atendimento das pessoas mais velhas, entre outras22 Campos ACV, Ferreira EF, Vargas AMD. Determinantes do envelhecimento ativo segundo a qualidade de vida e gênero. Ciênc Saúde Colet. 2015;20:2221-37..

Nesse universo, um debate importante a ser enfrentado diz respeito às diversas formas de violência contra a pessoa idosa, sendo as mais comuns a física; a psicológica; a sexual; a financeira e econômica; a negligência e o abandono44 Guimarães APS, Górios C, Rodrigues CL, Armond JE. Notification of intrafamily violence against elderly women in the city of São Paulo. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2018;21(1):1-7.,55 Minayo MCS, Souza ER, Silva MMA, Assis SG. Institutionalizing the theme of violence within Brazil's national health system: progress and challenges. Ciênc Saúde Colet. 2018;23(6);2007-2016.. Dentre as mencionadas, a intrafamiliar está se agravando gradativamente, com repercussões na vida das pessoas11 Sá JLM, Doll J, Oliveira JFP, Herédia VBM. Multidimensionalidade do envelhecimento e interdisciplinaridade. In: Freitas EV, Py L. Tratado de Geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. p. 107-8.. O idoso pode se tornar uma vítima de violência, quando é dependente de seus familiares em diversos aspectos. Sabe-se que até quatro gerações residem num mesmo domicílio. Desse modo, é desafiador enfrentar as diferentes demandas associadas à presença de idosos na mesma família, porque praticamente não há planejamento sucessório e poucos conhecimentos acerca do processo de envelhecer no meio rural66 Silva DF, Ribeiro ML, Duval HC, Ferrante VLSB. As dificuldades de "passar o bastão": perspectivas da sucessão da propriedade entre produtores de comunidades rurais do município de Campos Gerais/MG. Retr Assent. 2017;20(2):240-9..

Independentemente do que preconiza a legislação77 Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico; 1988., é na família que os laços afetivos são estabelecidos, sendo esta uma das principais fontes de proteção e cuidado para o idoso. A qualidade da relação do idoso e sua família dependem de diversos fatores, como destaca Lafin88 Lafin SHF. As relações familiares e o idoso: algumas reflexões. In: Bulla LC, Argimon IIL, Org. Convivendo com o familiar idoso. Porto Alegre: Edipucrs; 2009. p. 56-9.: ao gênero, à moradia, à sua história pessoal e à saúde física e mental. Sabe-se que quanto mais graves os problemas, como situações de rejeição e de violência, mais difícil fica o relacionamento e a capacidade de lidar com as fragilidades por parte do idoso e de seus familiares99 Gerino E, Caldarera AM, Curti L, Brustia P, Rollè L. Intimate Partner Violence in the Golden Age: Systematic Review of Risk and Protective Factors. Front Psychol. 2018;9:1-14..

A violência contra a pessoa idosa se apresenta como problema social, econômico, cultural, de saúde e familiar. Para Rocha et al.,1010 Rocha RC, Côrtes MCJW, Dias EC, Gontijo ED. Veiled and revealed violence against the elderly in Minas Gerais, Brazil: analysis of complaints and notifications. Saúde Debate. 2018;42(4):81-94. o descaso com as várias maneiras de violência contra idosos apresenta-se de forma invisível e silenciosa, em âmbito físico, mental, financeiro e autonegligência, como se fossem “descartáveis”. Por isso, as primeiras reações da pessoa idosa vítima de violência doméstica é medo, vergonha e culpa, pois percebem o fracasso das relações familiares. Saidel e Campos1111 Saidel MGB, Campos CJG. Family of older adults with mental disorder: perception of mental health professionals. Rev Bras Enferm. 2017;70(4):753-60. descrevem que a vítima procura omitir e até mesmo aceitar práticas de violência como naturais, “como se o idoso fosse culpado pela situação em que ele se encontra”.

Para Minayo1212 Brasil. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. (SDH/PR) Manual de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa: é possível prevenir; é necessário superar. Brasília,DF: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; 2013., a violência no Brasil está estruturada, historicamente, em núcleos: estrutural (desigualdade, pobreza, miséria, discriminação), institucional (políticas públicas ineficientes e dominação) e interpessoal (formas de comunicação e relações cotidianas de indiferença). Consequentemente, muitos idosos são vítimas dessas formas de violência, principalmente pela interpessoal, que corrói e produz sofrimento no processo de viver e envelhecer na convivência intrafamiliar. Sobre isso, segundo Beauvoir1313 Beauvoir S. A velhice. Tradução Monteiro MHF. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1990., existe uma violência silenciosa, sutil, oculta e estereotipada em relação à velhice, considerada normal por parte da sociedade contemporânea.

Este estudo objetivou conhecer as diferentes percepções do processo de envelhecimento e da violência nas relações intrafamiliares de idosos participantes de um grupo de serviço e convivência.

MÉTODO

Pesquisa exploratória e descritiva, de cunho qualitativo, realizada em agosto de 2016, no interior do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município tinha uma população de 2.196 pessoas. Desse total, 364 tinham 60 anos de idade ou mais, perfazendo 16,5% da população1414 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Cidades [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2017 [acesso em 22 abr. 2019]. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/santo-antonio-do-palma/ panorama.

O estudo foi realizado em um grupo de Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, ligado ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Esse grupo era composto por 80 participantes, que se reuniam uma vez por mês para estudos, debates e lazer. Para alcançar o objetivo do estudo, foram selecionadas sete pessoas, com indícios de violência intrafamiliar recorrente e já visitadas e acompanhadas pela assistência social, com melhorias na convivência intrafamiliar.

Para a coleta de dados foram utilizados um questionário sociodemográfico (idade, sexo, renda, estado civil, casa própria, aposentado e se reside com familiar) e a entrevista semiestruturada. As questões norteadoras das entrevistas foram: Como você imaginava que seria a sua vida nesta fase? O que é violência para você? Como é a sua relação com a família? Como é o seu dia a dia com sua família?

Os critérios de inclusão foram: ter conhecimento prévio do trabalho e do atendimento realizado pela equipe técnica do CRAS e ter sofrido algum tipo de violência por familiares nos últimos dois anos.

As entrevistas foram realizadas em local definido pelos participantes, que, na sua maioria, optaram pelo domicílio, e tiveram duração média de 70 minutos, sendo registradas em gravação e depois transcritas. As informações foram sintetizadas pela análise de conteúdo de Bardin1515 Bardin L. Análise de Conteúdo. 4. ed. Tradução Pinheiro LA. São Paulo: Edições 70; 2016., por meio da leitura flutuante, releituras, identificação de posicionamentos repetitivos, constantes e semelhantes; corroborada pela literatura sobre a temática, principalmente por meio do Manual de Enfrentamento à Violência Contra a Pessoa Idosa1212 Brasil. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. (SDH/PR) Manual de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa: é possível prevenir; é necessário superar. Brasília,DF: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; 2013..

Por fim, as falas foram agrupadas em categorias com unidade de significação. Os idosos foram denominados com a letra P de participante, seguido de numeração sequencial: P1 até P7.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, por meio do parecer nº 1.661.297. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As idades dos participantes variaram de 64 a 77 anos, seis eram casados e com filhos, aposentados e residiam em domicílio próprio ou com familiar. Quatro residiam na área rural e três em zona urbana do município. A renda mensal média dos entrevistados era de um salário mínimo. Com base nos resultados das entrevistas e após análise de conteúdo, emergiram duas categorias: Autopercepção do processo do envelhecimento intrafamiliar e Violência no olhar dos idosos.

Autopercepção do processo do envelhecimento intrafamiliar

O processo de envelhecer acontece de várias formas, cada indivíduo percebe seu envelhecimento de modo particular e individual. Conforme Mucida33 Mucida A. Atendimento psicanalítico do idoso. São Paulo: Zagodoni; 2014., não existe velhice em si, mas diferentes maneiras “pelas quais ela se apresenta.” Para idosos residentes numa pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul, Brasil, de origem e características rurais, tais percepções são ainda mais distintas. Cultura, identidade, escolaridade, relações familiares, religiosidade afetam o modo de ser e ver no mundo.

Os participantes corroboraram as distintas maneiras de ver o mundo. P1 se manifestou positivamente, relatando que sempre se imaginara como avô “coruja”. Revelou que não havia dado tanto carinho aos filhos quanto tem dedicado aos netos. Tal afirmação pode ser um indicativo de que o idoso procura compensar em relação à provável carência sentida pelos seus próprios filhos, pois, “é muito legal ser avô e ter eles [os netos] por perto” (P1).

O papel da família é fundamental em qualquer estágio da vida e torna-se relevante durante dois períodos distintos: na infância e adolescência e na velhice. Ao analisar a instituição familiar, constata-se que essa apresenta constantes transformações estruturais, como a reorganização das responsabilidades de provedores primários para necessidades de cuidados, no caso dos idosos44 Guimarães APS, Górios C, Rodrigues CL, Armond JE. Notification of intrafamily violence against elderly women in the city of São Paulo. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2018;21(1):1-7.

5 Minayo MCS, Souza ER, Silva MMA, Assis SG. Institutionalizing the theme of violence within Brazil's national health system: progress and challenges. Ciênc Saúde Colet. 2018;23(6);2007-2016.
-66 Silva DF, Ribeiro ML, Duval HC, Ferrante VLSB. As dificuldades de "passar o bastão": perspectivas da sucessão da propriedade entre produtores de comunidades rurais do município de Campos Gerais/MG. Retr Assent. 2017;20(2):240-9.,1313 Beauvoir S. A velhice. Tradução Monteiro MHF. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1990.,1616 Orlandi AAS, Brito TRP, Ottaviani AC, Rossetti ES, Zazzetta MS, Gratão ACM, et al. Profile of older adults caring for other older adults in contexts of high social vulnerability. Esc Anna Nery. 2017;21(1):1-8..

O processo de envelhecer e a idade avançada surgiram na fala dos participantes. P2, P3, P4 e P5 demonstraram que tempo, idade, autonomia e independência estão intrinsecamente conectados ao contexto histórico e cultural, revelando sentimentos contraditórios, como medo da solidão, insegurança, dependência e projeção de um envelhecer com mais galhardia e felicidade. Sobre isso, uma das participantes, assim se expressa:

“E eu não via a hora de chegar à terceira idade, assim, eu ia me divertir, ia sair mais de casa, ia ser mais feliz. [Porém] vivo sempre sozinha. Eu tenho meu marido, mas ele trabalha muito, fora de casa”. (P4)

O estudo desenvolvido por Menezes et al.1717 Menezes JN, Costa MPM, Iwata ACNS, Araujo PM, Oliveira LG, et al. A visão do idoso sobre o seu processo de envelhecimento. Rev Contexto Saúde. 2018;18(35):8-12., com 20 participantes acima de 60 anos de idade, demonstrou que “o idoso está cada vez mais ativo e participativo na sociedade atual”, tornando-o, apesar dos percalços da vida, mais feliz “nessa fase da vida”. Para Minayo1212 Brasil. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. (SDH/PR) Manual de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa: é possível prevenir; é necessário superar. Brasília,DF: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; 2013., o caráter e o estilo de vida ajudam a pessoa idosa a superar as contigências existenciais e ter autoestima, confiança e cuidado de si. Isso ajuda a promover dignidade na velhice, compartilhando com adultos e jovens a crença da construção de uma sociedade melhor para todos.

Os participantes também revelaram que o processo de envelhecimento foi recompensador com a participação nos grupos de convivência. Esse espaço de inserção social e sociabilidade se constituiu numa alternativa para fugir da solidão, da ausência dos filhos (P5, P7) e superar obstáculos com o companheiro, como atestam duas falas:

“Eu sempre imaginava que ia participar no grupo da terceira idade, e eu não via a hora de completar os 55 anos para poder ir, conversar, me divertir”. (P6)

“Não tenho filho ou neto que moram comigo. Meu marido bebia muito. Eu estava sofrendo, tinha uma depressão muito forte, mas não tinha motivo. Era porque ficava sozinha mesmo”. (P4)

A maioria das pessoas idosas que participam de grupos de convivência são mulheres. Mesmo antes dos 60 anos de idade, muitas estão determinadas e com propósitos de se inserir num grupo, porque são acolhidas, ouvidas e conquistam um novo espaço para desenvolver o cuidado de si. Essas trocas recíprocas contribuíram para o entrelaçamento de pensamentos e novos projetos de vida, acompanhado de escuta, respeito, dignidade, com novas aprendizagens e sintetizando novos sentidos à sua existência. Com isso, rompem com os padrões de dominação a que foram, provavelmente, submetidas na vida, e essa postura é capaz de gerar autonomia, independência e fortalecimento99 Gerino E, Caldarera AM, Curti L, Brustia P, Rollè L. Intimate Partner Violence in the Golden Age: Systematic Review of Risk and Protective Factors. Front Psychol. 2018;9:1-14.. O grupo também representa um espaço motivacional para o enfrentamento das dificuldades cotidianas, troca de experiências e busca de compreensão de si e dos outros11 Sá JLM, Doll J, Oliveira JFP, Herédia VBM. Multidimensionalidade do envelhecimento e interdisciplinaridade. In: Freitas EV, Py L. Tratado de Geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. p. 107-8.,22 Campos ACV, Ferreira EF, Vargas AMD. Determinantes do envelhecimento ativo segundo a qualidade de vida e gênero. Ciênc Saúde Colet. 2015;20:2221-37.,55 Minayo MCS, Souza ER, Silva MMA, Assis SG. Institutionalizing the theme of violence within Brazil's national health system: progress and challenges. Ciênc Saúde Colet. 2018;23(6);2007-2016..

É significativo apresentar os resultados do estudo do antropólogo Leo Simmons, mencionado por Minayo1212 Brasil. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. (SDH/PR) Manual de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa: é possível prevenir; é necessário superar. Brasília,DF: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; 2013., no que se refere à expectativa de vida de pessoas idosas de 71 sociedades indígenas, sintetizadas nas seguintes falas: Viver o máximo possível, concluindo-a com dignidade e sem sofrimento, com necessidade de cuidado devido à progressiva diminuição de suas capacidades, bem como poder participar das decisões da comunidade e ter acesso as “conquistas e prerrogativas sociais como propriedades, autoridade e respeito”.

A violência no olhar dos idosos

Os participantes relataram suas percepções e entendimentos acerca da violência, de acordo com suas vivências. Dentre as formas de violência que apareceram explicitamente e implicitamente, estão a psicológica e a financeira.

P1 e P2 contaram que têm duas filhas e que a vivência familiar gerava sofrimento, causadora de violência psicológica. Mesmo tentando minimizar tais relações hostis, revelaram impotência, devido às inimizades entre as filhas, ausência, separação e pouco dinheiro de uma delas:

“Alguma coisinha já me deixou chateada, mas nunca levei a sério. Minhas filhas nunca me responderam, sempre me respeitaram muito. [...]. Sinto falta dela. A filha ficou viúva e com poucos recursos financeiros, porque seu falecido marido gastava com festas, bebedeiras, com carro. E agora ela acabou ficando sem nada. Tem só a casa e o marido nunca pagou INSS. Não tem pensão e ela não se dá bem com a irmã. [...]. Nem sempre podemos ligar, porque tudo é muito caro” (P1).

“Moramos no porão de uma das filhas e a maior alegria seria ter as duas perto, convivendo harmonicamente, [mas estou] vivendo e lutando para ter minhas filhas aqui” (P2).

A violência contra a pessoa idosa se apresenta como um problema social, econômico, cultural, de saúde e familiar. Para Minayo1212 Brasil. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. (SDH/PR) Manual de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa: é possível prevenir; é necessário superar. Brasília,DF: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; 2013. existem três grandes preconceitos geradores de violência contra idosos: a doença, a decadência e a compreensão de sua condição como problema. “Na verdade esses três mitos negativos estão imbricados e potencializam a violência”. Para Beauvoir1313 Beauvoir S. A velhice. Tradução Monteiro MHF. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1990., considerar a pessoa idosa como inativa e passiva, principalmente privada da liberdade, é uma forma de violência.

Existem várias formas de agressão à pessoa idosa, sendo as mais frequentes as violências física, financeira, psicológica, sexual, de negligência e abandono, com destaque à agressão psicológica, pois ocasiona insegurança e medo ao idoso1313 Beauvoir S. A velhice. Tradução Monteiro MHF. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1990.,1515 Bardin L. Análise de Conteúdo. 4. ed. Tradução Pinheiro LA. São Paulo: Edições 70; 2016.,1616 Orlandi AAS, Brito TRP, Ottaviani AC, Rossetti ES, Zazzetta MS, Gratão ACM, et al. Profile of older adults caring for other older adults in contexts of high social vulnerability. Esc Anna Nery. 2017;21(1):1-8.. Saidel e Campos1111 Saidel MGB, Campos CJG. Family of older adults with mental disorder: perception of mental health professionals. Rev Bras Enferm. 2017;70(4):753-60. descrevem o sofrimento psíquico de longo prazo “como uma condição crônica”, seguido de desgaste, cansaço e intolerância. Uma existência marcada diariamente por tais conflitos envolve o viver e o envelhecer da pessoa idosa num todo, enquanto corpo, comunidade e ambiente e nas dimensões biológica, social, psíquica e espiritual, com suas multidimensionalidades11 Sá JLM, Doll J, Oliveira JFP, Herédia VBM. Multidimensionalidade do envelhecimento e interdisciplinaridade. In: Freitas EV, Py L. Tratado de Geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. p. 107-8.,22 Campos ACV, Ferreira EF, Vargas AMD. Determinantes do envelhecimento ativo segundo a qualidade de vida e gênero. Ciênc Saúde Colet. 2015;20:2221-37.,99 Gerino E, Caldarera AM, Curti L, Brustia P, Rollè L. Intimate Partner Violence in the Golden Age: Systematic Review of Risk and Protective Factors. Front Psychol. 2018;9:1-14.,1212 Brasil. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. (SDH/PR) Manual de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa: é possível prevenir; é necessário superar. Brasília,DF: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; 2013.. Assim, P4 concebe a violência de forma extrema. Afirma que nunca foi vítima, mas menciona e se posiciona em relação ao dinheiro:

“Não gosto de violência, nem ouvir falar sobre, eu não consigo dormir quando penso isso. Violência para mim é matar, roubar, bater. Diz que seu marido a respeita e, nem quando ele ficava bêbado, ele nunca falou nada. [Mas] sobre meu dinheiro, às vezes eles me pedem (os filhos), e eu dou, mas porque eu quero, nunca me obrigaram a dar dinheiro para eles” (P4).

Nessa mesma perspectiva, a participante P5 afirmou que nunca sofreu violência. Teve seis filhos, dos quais um já é falecido. Conta que reside há cinco anos com um deles e a nora (fez uma pausa). Entretanto, revelou que nos primeiros tempos, quando o casal tinha um bebê pequeno, a nora não deixava pegá-lo no colo. Somente quando seu filho chegava do trabalho, “ele pegava a nenê e colocava no meu colo; ela não me dava, mas agora ela melhorou, mas ela faz chimarrão, ela não me oferece se o seu marido não está presente” (P5).

Essa mesma entrevistada contou ainda que sua nora não permitia que ela preparasse as refeições e “ela não me deixava fazer nada”. Mas agora, recentemente, consegue cozinhar e lavar sua própria roupa, menos a “roupa de cama, daí sim, é eles que me lavam”. Essa mudança de comportamento da nora e do seu filho ocorreu depois que a “assistente social do CRAS fez uma reunião com eles”. A idosa acreditava que a melhora se deu em razão da “assistente social ter conversado e dito que é dali até aqui”. A profissional ajudou a estabelecer um entendimento sobre o que parecia se configurar como exploração. No relato da idosa, o dinheiro que ela oferecia, ela dava “de bom gosto para eles [..]. Dou 500 reais para comprar comida, o resto eu gasto muito em médico e remédio. Ela (nora) nunca me julgou por eu não fazer as coisas, ela deixa tudo pronto na pia e eu boto pra cozinhar. Mas ela mudou muito” (P5).

Tavares et al.1818 Tavares VO, Teixeira KMD, Wajnman S, Loreto MDS. Interfaces entre a renda dos idosos aposentados rurais e o contexto familiar. Textos & Contextos. 2011;10(1):94-108. descrevem que muitas dessas relações não se estabelecem de forma pacífica e harmoniosa, “como o caso de idosos aposentados, que são explorados e sofrem violência ou são abandonados por parte de seus familiares”. Nesse sentido, entre os principais resultados no estudo, foi constatado que: a) 80% dos idosos eram responsáveis por, no mínimo, metade da renda de suas famílias; b) a situação de dependência familiar está relacionada a problemas, como desemprego, baixa remuneração, gravidez não planejada, divórcio e outros eventos; c) devido à renda proveniente de sua aposentadoria, assumem novos papéis em sua família; d) a contribuição para a manutenção material de suas famílias é considerada uma obrigação para os idosos, como uma retribuição de gratidão pelos cuidados recebidos.

Com base nos relatos dos participantes, se percebe a inversão de papéis dos idosos em relação aos seus filhos. Em vez de serem cuidados, são os idosos que continuam cuidando dos filhos e dos netos. Por isso, os laços de afeto, amor e cuidado ficam aquém da expectativa dos pais idosos. Para Mucida33 Mucida A. Atendimento psicanalítico do idoso. São Paulo: Zagodoni; 2014., quando a saúde dos idosos requer atenção, ocorre uma inversão entre cuidador e quem necessita. Um das causas disso funda-se na ausência de relacionamentos cordiais e a indiferença entre pais e filhos durante a vida e a “tendência é que os filhos se ausentem quando o idoso depende deles”. Nesse sentido, segundo Minayo1212 Brasil. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. (SDH/PR) Manual de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa: é possível prevenir; é necessário superar. Brasília,DF: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; 2013., na convivência intrafamiliar ocorrem muitos preconceitos, manifestados em expressões como: “eles são um peso”; “eles são improdutivos”; “eles são doentes”; “eles gastam muito”; “os recursos para suas aposentadorias seriam mais bem utilizados se fossem destinados aos jovens”.

Para P6, a violência é um mal. Afirmou, inicialmente, que não dava dinheiro ao filho, mas que pagava suas contas. Relata que “daí tive que vender um pedacinho de terra para pagar a conta do filho no banco, [...], se não paga, é capaz de perder tudo”. O idoso pagou a dívida e o filho não devolveu o dinheiro. Porém, “hoje, ele não pede dinheiro, eu dou um troquinho para pagar a água e a luz, já que ele mora comigo. Eu em casa ajudo lavar a roupa, fazer almoço e cuidar do neto”.

Para Santos-Orlandi et al.1616 Orlandi AAS, Brito TRP, Ottaviani AC, Rossetti ES, Zazzetta MS, Gratão ACM, et al. Profile of older adults caring for other older adults in contexts of high social vulnerability. Esc Anna Nery. 2017;21(1):1-8., no Brasil e em outros países, tornou-se comum os idosos cuidarem dos netos, devido as dificuldades financeiras dos seus filhos. Porém, essa prática aparentemente caridosa, vem acompanhada de sinais depressivos; isolamentos; sofrimentos físicos e psíquicos; alterações cognitivas; hipertensão arterial; perda de peso; inatividade física; fadiga; baixa força de preensão palmar; lentidão da marcha, “impactando negativamente na qualidade de vida do cuidador”. Além do mais, existe o receio dos filhos que os avós interfiram demasiadamente na educação dos netos. Contudo, essa dependência financeira é cada vez mais frequente e recorrente. No mesmo estudo, “a maioria dos cuidadores idosos era do sexo feminino” e pertencia “a faixa etária de 60 a 69 anos de idade”.

Outro aspecto da violência surgiu na fala de P7. Revelou que seu marido é alcoólatra e procurou auxílio na assistência social. Tentou convencer o marido a procurar ajuda em grupo de apoio de alcoólicos, mas não aceitou, pois “eu não quero que ele morra. Ele é pai de família, nós fizemos de tudo, [...], estava fora da cabeça. Mas nas minhas orações, [...] consegui tudo, e ele voltou a ser um pai de família, da noite para o dia”. Com a ajuda profissional, o marido parou de beber e relata que se “ele tivesse ido aos alcoólicos, ia se revoltar comigo e com os filhos”. A participante também é responsável pelo pagamento das compras mensais para a manutenção da família e o marido paga a água e a eletricidade e o dinheiro que sobra de ambos é depositado no banco. Ela tem cinco filhos, mas apenas um, o mais novo, reside com os pais. Como iria se casar, estavam transferindo a propriedade para o filho, porque “ele vai cuidar de nós. Estão construindo uma casa perto de nós”.

Nas situações relatadas, percebe-se que o idoso sente-se inseguro e com medo de abandono ou violência. Para Saidel e Campos1111 Saidel MGB, Campos CJG. Family of older adults with mental disorder: perception of mental health professionals. Rev Bras Enferm. 2017;70(4):753-60., “a culpa e a angústia até o estresse, a agressividade e a tristeza” são situações recorrentes de violência na vida de familiares idosos. E a situação financeira das famílias, bem como a transferência das terras de pais para filhos, muitas vezes, não ocorrem de forma justa, ética e amistosa. Dividir “o mesmo teto que o pai” e assumir “o posto após [...] o esgotamento da força física dos pais, [pois] os mesmos vão cedendo o lugar para os filhos tomar conta do estabelecimento”, requer adaptação e resiliência e pode ser frustrante, “criando conflitos de difícil solução na transmissão patrimonial”66 Silva DF, Ribeiro ML, Duval HC, Ferrante VLSB. As dificuldades de "passar o bastão": perspectivas da sucessão da propriedade entre produtores de comunidades rurais do município de Campos Gerais/MG. Retr Assent. 2017;20(2):240-9..

O estudo de Honnef et al.1919 Honnef F, Costa MC, Arboit J, Silva EB, Marques KA. Representações sociais da violência doméstica em cenários rurais para mulheres e homens. Acta Paul Enferm. 2017;30(4):368-74., com 16 idosos rurais de dois municípios, do Rio Grande do Sul, por meio de entrevistas, demonstrou que a violência doméstica é uma representação social complexa, com relações desiguais entre homens e mulheres, efetuadas pela “divisão sexual do trabalho, violência física e psicológica contra as mulheres, como forma de manutenção do domínio masculino sobre estas”. Além do mais, evidencia-se que muitos idosos sentem-se abandonados e seus recursos financeiros são utilizados pelos filhos.

O processo de envelhecimento transforma o cotidiano, os laços familiares e o futuro dos idosos. Nas novas configurações familiares podem ocorrer, implicitamente, formas sutis de indiferença e desrespeito. É o caso de P1 e P2, que residiam num sítio e não pretendiam ter saído dali. A filha mais nova propôs “assumir” os pais, mas retirou-os do seu domicílio. P1 revelou que agora, os filhos, de forma geral,

“Não dão muita atenção para os pais, pois não falamos bonito, somos simples e tudo isso gera uma violência. E leva tudo na brincadeira, não ligo mais, entra por uma orelha e sai pela outra. Se eu ficar guardando tudo, vou acabar sofrendo muito mais”.

O estudo de Guedes et al.2020 Guedes DT, Alvarado BE, Phillips SEP, Curcio CL, Zunzunegui MV, Guerra RO. Socioeconomic status, social relations and domestic violence (DV) against elderly people in Canada, Albania, Colombia and Brazil. Arch Gerontol Geriatr. 2015;60(3):492-500. demonstrou que a relação entre gênero, idade e condições sociais são fatores determinantes de experiência de violência física e psicológica com idosos, praticadas principalmente por familiares. Assim, de acordo com Minayo1212 Brasil. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. (SDH/PR) Manual de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa: é possível prevenir; é necessário superar. Brasília,DF: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; 2013., uma das causas de maior incidência de violência contra idosos é que 90% deles convivem no ambiente familiar.

Convém ressaltar, que a violência intrafamiliar envolvendo a pessoa idosa é uma problemática recorrente, oculta e silenciosa99 Gerino E, Caldarera AM, Curti L, Brustia P, Rollè L. Intimate Partner Violence in the Golden Age: Systematic Review of Risk and Protective Factors. Front Psychol. 2018;9:1-14.,2121 Belisário MS, Dias FA, Pegorari MS, Paiva MM, Ferreira PCS, Corradini FA, et al. Cross-sectional study on the association between frailty and violence against community-dwelling elderly people in Brazil. Sao Paulo Med J. 2018;136(1):10-9.,2222 Calvo MR, Mendoza CG, León TG, Llopis AA, Duran YD, Álvarez PR. Violencia intrafamiliar en el adulto mayor. Rev Arch Med Camagüey 2018;22(2):204-13.. Por isso, requer mais estudos e ampliação da amostra com idosos rurais para compreendê-la sistematicamente e propor alternativas para superá-la, em âmbito familiar, social e institucional.

CONCLUSÃO

Os resultados da pesquisa demonstraram que os idosos conceberam o processo do seu envelhecimento na convivência intrafamiliar como positiva, recompensadora, com possibilidade de brincar com os netos e participar dos grupos de convivência, como uma forma de inserção social e sociabilidade para superar a solidão da ausência dos filhos. Também mencionaram que tempo, idade, autonomia e independência estão intrinsecamente conectadas ao contexto histórico e cultural, podendo, de um lado, revelar sentimentos contraditórios, como medo da solidão, insegurança, fragilidade e dependência e, de outro, projeção de um envelhecer com mais galhardia e felicidade. Em relação às vivências na família, relataram que a família é responsável por cuidar, valorizar e entender o idoso e indicaram também, práticas sutis e implícitas de violência psicológica, financeira e de abandono, sentindo-se, muitas vezes, impotentes e envergonhados para tomar iniciativas eficazes, com a finalidade de restabelecer relações familiares cordiais, éticas e harmoniosas.

A pesquisa permitiu ainda uma aproximação com a problemática da violência intrafamiliar na visão dos idosos, muitas vezes vítimas das agressões. Um dos caminhos que os idosos encontram para revelar, desabafar e encontrar possíveis alternativas do sofrimento experienciado são os grupos de convivência e acolhimento.

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  • Não houve financiamento na execução deste trabalho.

Editado por

Editado por: Ana Carolina Lima Cavaletti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Out 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    08 Mar 2019
  • Aceito
    16 Ago 2019
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