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Pressão arterial não controlada entre pessoas idosas hipertensas assistidas pela Estratégia Saúde da Família

Resumo

Objetivo

Investigar a prevalência de pressão arterial (PA) não controlada e fatores associados em pessoas idosas hipertensas assistidas pela Estratégia Saúde da Família em um município do Piauí, Brasil.

Método

Estudo transversal realizado com uma amostra de 384 pessoas idosas hipertensas, selecionadas por amostragem aleatória. Utilizou-se questionário contendo aspectos sociodemográficos, comportamentos de saúde, presença de comorbidades e tratamento para hipertensão. A PA foi aferida por técnica padronizada utilizando aparelhos digitais. Para testar a associação entre as variáveis independentes (sexo, idade, escolaridade, consumo de bebida alcoólica, tabagismo, presença de outras doenças, adesão ao tratamento medicamentoso, entre outras) e a presença de PA não controlada foram realizadas regressões de Poisson com variância robusta, de forma a estimar a razão de prevalência (RP) e intervalos de confiança (IC) de 95%.

Resultados

A prevalência de PA não controlada foi de 61,7% e 51,8% apresentaram baixa adesão à medicação anti-hipertensiva. A prevalência de PA não controlada foi maior entre os participantes com baixa adesão à medicação (RP=2,41; IC95%: 1,96-2,97) quando comparada àqueles com alta adesão. Associações estatisticamente significativas não se mantiveram para as demais variáveis estudadas.

Conclusão

Os achados destacam a alta prevalência de PA não controlada entre os idosos e uma associação importante entre PA não controlada e baixa adesão ao tratamento. Intervenções eficientes para melhor controle da hipertensão continuam sendo necessárias, bem como estratégias para o manejo adequado da doença no âmbito da atenção básica, desde ações de prevenção até planos de tratamento apropriados a cada indivíduo.

Palavras-Chave:
Hipertensão; Adesão à Medicação; Saúde do Idoso; Atenção Primária à Saúde

Abstract

Objective

To investigate the prevalence of uncontrolled blood pressure (BP) and associated factors in hypertensive old people assisted by the Family Health Strategy in a municipality in Piauí, Brazil.

Method

Cross-sectional study conducted with 384 hypertensive old people, selected by random sampling. A questionnaire included questions about sociodemographic aspects, health behaviors, the presence of comorbidities and treatment for hypertension. BP was measured using digital devices. To test the association between the independent variables (gender, age, education, alcohol consumption, smoking, presence of other diseases, adherence to drug treatment, and others factors) and uncontrolled BP, Poisson regressions with robust variance were performed in order to estimate the prevalence ratio (PR) and 95% confidence intervals (CI).

Results

The prevalence of uncontrolled BP was 61.7% and 51.8% had low adherence to antihypertensive medication. The prevalence of uncontrolled BP was higher among participants with low medication adherence (PR=2.41; 95% CI: 1.96-2.97) when compared to those with high adherence. Statistically significant associations were not maintained for the other variables.

Conclusion

The findings highlight the high prevalence of uncontrolled BP among hypertensive old people and the strong association between uncontrolled BP and low adherence to treatment. Efficient interventions for better control of hypertension continue to be necessary, as well as strategies for the adequate management of the disease in the scope of primary care, from prevention actions to appropriate treatment plans for each individual.

Keywords
Hypertension; Medication Adherence; Health of the Elderly; Primary Health Care

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) tem se destacado como importante fator de risco modificável para doenças cardiovasculares11 Oparil S, Schmieder RE. New approaches in the treatment of hypertension. Circ Res. 2015;116(6):1074-95. Disponível em: https://doi.org/10.1161/CIRCRESAHA.116.303603 e principal causa de morte em todo o mundo22 Lotufo PA. Cardiovascular secondary prevention in primary care setting: an immediate necessity in Brazil and worldwide. Sao Paulo Med J. 2017;135(5):411-2. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1516-3180.2017.1355190817, responsável por 18,1% do total de óbitos33 Vos T, Abajobir AA, Abate KH, Abbafati C, Abbas KM, Abbid-Allah F, et al. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 328 diseases and injuries for 195 countries, 1990-2016: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. Lancet. 2017;390(10100):1211-59. Disponível em: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(17)32154-2.

O aumento na prevalência da HAS tem sido observado principalmente em países de baixa e média renda44 Ibrahim MM, Damasceno A. Hypertension in developing countries. Lancet. 2012;380(9841):611-9. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(12)60861-7/fulltext e aproximadamente dois terços da carga global de HAS são encontrados nos países em desenvolvimento55 Lawes CMM, Vander Hoorn S, Law MR, Elliott P, MacMahon S, Rodgers A. Blood pressure and the global burden of disease 2000. Part II: estimates of attributable burden. J Hypertens. 2006;24(3):423-30. Disponível em: https://journals.lww.com/jhypertension/Abstract/2006/03000/Blood_pressure_and_the_global_burden_of_disease.2.aspx. No Brasil, inquéritos populacionais têm demonstrado uma prevalência de HAS superior a 30%, atingindo cerca de um quarto da população brasileira adulta66 Brasil. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2016: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico [Internet]. Brasília, DF: MS; 2017 [acesso em 10 mar 2018]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2016_fatores_risco.pdf
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, tornando-se progressivamente mais comum com o avanço da idade, com prevalência superior a 60% em pessoas na faixa etária acima dos 60 anos77 Chow CK, Teo KK, Rangarajan S, Islam S, Gupta R, Avezum A, et al. Prevalence, awareness, treatment, and control of hypertension in rural and urban communities in high, middle, and low-income countries. JAMA. 2013;310(9):959-68. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/1734702.

A pressão arterial (PA) elevada é o principal contribuinte global para mortes prematuras, representando quase 10 milhões de mortes e mais de 200 milhões de anos de vida perdidos ajustados por incapacidade, sendo a pressão arterial sistólica ≥140 mmHg responsável pela maior parte da carga de mortalidade e incapacidades (aproximadamente 70%)88 Forouzanfar MH, Liu P, Roth GA, Ng M, Biryukov S, Marczak L, et al. Global Burden of Hypertension and Systolic Blood Pressure of at Least 110 to 115 mm Hg, 1990-2015. 2017;317(6):165-82. JAMA. 2017;317(2):165-82. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2596292.

O tratamento adequado da HAS exige avaliações clínicas adequadas e regulares que, em geral, são menos frequentes em grupos com menor nível de escolaridade e renda ou residentes em áreas de pior infraestrutura social e de saúde99 Andrade SSA, Stopa SR, Brito AS, Chueri PS, Szwarcwald CL, Malta DC. Prevalência de hipertensão arterial autorreferida na população brasileira: análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Epidemiol Serv Saúde. 2015;24(2):297-304. Disponível em: https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200012.

Por outro lado, o excesso de medicações comuns na população idosa, o alto custo dos medicamentos, os efeitos colaterais, baixa adesão às mudanças no estilo de vida e aos comportamentos de saúde, o baixo número de consultas de saúde e a não adesão ao tratamento medicamentoso comprometem o controle adequado dos níveis pressóricos1010 Victor RG. Hipertensão Sistêmica: mecanismos e diagnóstico. In: Zipes DP, Mann DL, Libby P, Bonow RO, editores. Tratado de doenças cardiovasculares. 9ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013. p. 954-72..

Apesar dos avanços no diagnóstico da HAS e de uma infinidade de opções de tratamento disponíveis, uma parte substancial da população hipertensa tem PA não controlada e as taxas de controle pressórico permanecem ruins em todo o mundo e distantes dos níveis satisfatórios1111 Williams B, Mancia G, Spiering W, Rosei EA, Azizi M, Burnier M, et al. 2018 ESC/ESH Guidelines for the management of arterial hypertension: The Task Force forthe management of arterial hypertension of the European Society of Cardiology (ESC) and the European Society of Hypertension (ESH). Eur Heart J. 2018;39(33): 3021-104. Disponível em: https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehy339.

Muitos estudos têm sido publicados sobre a prevalência de HAS entre a população adulta em todo o mundo, mas relativamente pouco se sabe sobre os fatores associados ao controle da HAS entre as pessoas idosas1212 Doulougou B, Gomez F, Alvarado B, Guerra RO, Ylli A, Guralnik J, et al. Factors associated with hypertension prevalence, awareness, treatment and control among participants in the International Mobility in Aging Study (IMIAS). J Hum Hypertens. 2016;30(2):112-9. Disponível em: https://doi.org/10.1038/jhh.2015.30.

Diante desse contexto, a Estratégia Saúde da Família (ESF) apresenta-se como política prioritária de atenção básica no que diz respeito ao alcance das metas de controle de PA (<140/90), por sua conformação e processo de trabalho, além das condições mais favoráveis para a abordagem das doenças crônicas não transmissíveis, dentre elas a Hipertensão Arterial1313 Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica Hipertensão Arterial Sistêmica [Internet]. Brasília, DF: MS; 2013 [acesso em 15 mar. 2019]. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_37.pdf
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A identificação dos fatores associados ao controle inadequado da PA pode contribuir para melhor gerenciamento dessa doença crónica. Assim, o presente estudo, teve como objetivo investigar a prevalência de PA não controlada e fatores associados em pessoas idosas hipertensas assistidas pela Estratégia Saúde da Família em um município brasileiro do estado do Piauí, Brasil.

MÉTODO

Estudo transversal, descritivo, de abordagem quantitativa, desenvolvido em Picos, Piauí, Brasil. O município conta com 36 Equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), sendo 25 na zona urbana e 11 na zona rural. Participaram do estudo idosos com idade ≥60 anos, acompanhados pela ESF da zona urbana do município, de ambos os sexos, com diagnóstico médico de hipertensão e que faziam uso de medicamento anti-hipertensivo. Foram excluídos idosos institucionalizados e/ou hospitalizados.

Para definição do tamanho amostral considerou-se o número de idosos hipertensos cadastrados nas ESF da zona urbana do município (N=3524). A casuística foi calculada baseada na fórmula estatística para populações finitas, com nível de confiança de 95%, uma margem de erro de 5% e prevalência de 50% para o evento de interesse1414 Menezes TN, Oliveira ECT, Fischer MATS, Esteves GH. Prevalência e controle da hipertensão arterial em idosos: um estudo populacional. Rev Port Saúde Pública. 2016;34(2):117-24. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2016.04.001, acrescido de 10% para possíveis perdas, resultando em uma amostra mínima de 382 pessoas. Após perdas e recusas, a amostra final deste estudo foi composta por 384 idosos.

Os participantes foram selecionados por amostragem aleatória estratificada por equipe da ESF, com distribuição proporcional ao número de idosos hipertensos cadastrados em cada equipe da ESF, de forma que todos tivessem a mesma probabilidade de serem incluídos no estudo e de modo a determinar amostras representativas de idosos das respectivas áreas da ESF. Os idosos sorteados foram localizados pelos Agentes Comunitários de Saúde da ESF de referência, esclarecidos acerca dos objetivos do estudo e convidados a participar.

Foi aplicado um questionário padronizado contendo perguntas relacionadas aos aspectos socioeconômicos e demográficos, comportamentos de saúde, dados clínicos, uso dos serviços de saúde, presença de comorbidades e variáveis relacionadas ao tratamento para HAS.

A coleta de dados ocorreu no período de junho a novembro de 2019, mediante técnica de entrevista realizada no domicílio, em um local privativo, agendado e acordado entre a equipe de pesquisadores e os participantes. Todos os dados foram coletados por equipe composta por pesquisadores, enfermeiros e acadêmicos de enfermagem da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e Universidade Federal do Piauí (UFPI), devidamente treinados com protocolo padronizado para a aplicação do questionário e aferição da PA.

Todos os entrevistadores participaram de treinamento teórico-prático realizado em duas etapas. Primeiramente foi realizada a leitura do questionário e escala de adesão ao tratamento medicamentoso, bem como as instruções para preenchimento correto dos mesmos, com esclarecimentos de dúvidas sobre os instrumentos e a coleta de dados. Posteriormente, foi realizado treinamento prático e capacitação da equipe de coleta mediante preenchimento dos instrumentos com abordagem dos procedimentos adequados para a realização da entrevista e técnica apropriada para a aferição da PA.

A pressão arterial sistólica (PAS) e a pressão arterial diastólica (PAD) foram obtidas com a utilização de um tensiômetro digital com monitor automático (Modelo HEM-7130), devidamente testados e calibrados regularmente conforme manual técnico do aparelho, e manguito universal (HEM-RML31) apropriado à circunferência do braço do indivíduo, segundo protocolos padronizados, a fim de evitar a ocorrência de falhas e erros e garantir a precisão dos resultados obtidos através do medidor de PA digital.

Foram realizadas três medidas consecutivas da PA, com um intervalo de 2 minutos entre as medidas. A média das duas últimas aferições da pressão arterial foi utilizada como medida final. Foram considerados hipertensos com PA não controlada aqueles com valores de PAS ≥140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg1313 Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica Hipertensão Arterial Sistêmica [Internet]. Brasília, DF: MS; 2013 [acesso em 15 mar. 2019]. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_37.pdf
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As variáveis independentes incluídas no estudo foram: sexo, faixa etária, escolaridade, cor da pele, estado civil, renda familiar, número de moradores no mesmo domicílio, consumo de bebida alcoólica, tabagismo, prática de atividade física, presença de morbidades, tempo em que compareceu à última consulta para acompanhar o tratamento para hipertensão, número de comprimidos anti-hipertensivos de uso contínuo e esquemas terapêuticos do tratamento medicamentoso, onde costuma obter os medicamentos anti-hipertensivos e adesão ao tratamento medicamentoso.

O consumo moderado de álcool foi definido como o consumo médio de até duas doses diárias de bebidas alcoólicas para homens e até uma dose diária para mulheres. Uma dose contém cerca de 14g de etanol e equivale a 350mL de cerveja, 150mL de vinho e 45mL de bebida destilada1515 O’Keefe JH, Bhatti SK, Bajwa A, DiNicolantonio JJ, Lavie CJ. Alcohol and cardiovascular health: the dose makes the poison…or the remedy. Mayo Clin Proc. 2014;89(3):382-93. Disponível em: https://www.mayoclinicproceedings.org/article/S0025-6196(13)01002-1/fulltext. Foram considerados fumantes (aqueles que fumam atualmente), não fumantes (aqueles que nunca fumaram) e ex-fumantes (aqueles que pararam de fumar há mais de 12 meses).

Os medicamentos anti-hipertensivos utilizados pelos participantes foram classificados em categorias segundo a 7a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial e de acordo com a ação farmacológica principal1616 Malachias MVB, Souza WKSB, Plavnik FL, Rodrigues CIS, Brandão AA, Neves MFT, et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol. 2016;107(3 Supl. 3):1-103. Disponível em: https://doi.org/http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160152.

A adesão à medicação para hipertensão foi avaliada usando o Brief Medication Questionnaire (BMQ), um instrumento validado para a população hipertensa1717 Ben AJ, Neumann CR, Mengue SS. Teste de Morisky-Green e Brief Medication Questionnaire para avaliar adesão a medicamentos. Rev Saúde Pública. 2012;46(2):279-89. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-89102012005000013, composto por três domínios que identificam barreiras à adesão quanto ao regime, às crenças e à recordação em relação ao tratamento medicamentoso. O BMQ permite classificar os indivíduos em quatro categorias em relação à adesão ao tratamento, de acordo com o número de respostas positivas em qualquer um dos domínios: alta adesão (nenhuma resposta positiva), provável alta adesão (1), provável baixa adesão (2) e baixa adesão (3 ou mais). Para fins de análise, os resultados do BMQ foram categorizados considerando-se como baixa adesão aqueles que apresentaram escore ≥ 2 pontos nos três domínios.

Os dados obtidos foram organizados no programa Epi Info versão 3.4.3®, por meio de dupla digitação e posterior validação e todas as análises estatísticas foram realizadas no software R versão 3.6.1, ambos de acesso livre. A descrição da amostra do estudo foi apresentada por meio de frequências em números absolutos e percentuais. Foi utilizado o teste Qui-quadrado de Pearson para variáveis categóricas nominais e Tendência Linear para as variáveis categóricas ordinais. Análises de regressão de Poisson com variância robusta foram utilizadas para estimar razões de prevalência (RP) brutas e ajustadas e os respectivos IC 95%.

As análises de regressão múltipla consideraram a inclusão de três blocos de variáveis:1) sociodemográficas; 2) comportamentais; e 3) adesão ao tratamento. Cada bloco de variáveis foi composto por aquelas com valor de p<0,20 na análise bruta. Na análise ajustada, sexo, idade e escolaridade foram consideradas variáveis de confusão e mantidas no modelo final, independentemente do valor de p; para as demais variáveis, considerou-se estatisticamente significativa as associações com valor de p <0,05.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca – Fiocruz, sob o parecer no 3.307.403, de 12 de maio de 2019, e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), respeitando-se os aspectos éticos e legais da pesquisa envolvendo seres humanos em acordo com a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS

Dentre os 384 idosos hipertensos, a maioria (64,3%) era do sexo feminino e a idade dos participantes variou de 60 a 93 anos (média =71,7±7,90 anos). Mais da metade dos hipertensos possuía apenas o ensino fundamental e renda de 1 a 2 salários mínimos e 46,9% se declararam pardos. Verificou-se que 57% eram casados e pouco mais da metade residia com 1 a 2 moradores no mesmo domicílio (Tabela 1).

Tabela 1
Características dos idosos hipertensos da amostra (n=384). Picos, PI, 2019.

Quanto aos hábitos de vida, verificou-se que 13,3% consumiam bebida alcoólica, 10,4% fumavam e menos da metade praticavam atividade física. Além disso, observou-se que pouco mais de um terço referiu que o tempo da última consulta era superior a 6 meses e a maioria dos entrevistados fazia uso de apenas um medicamento anti-hipertensivo. Dentre esses medicamentos, mais da metade eram comprados e quase 30,0% obtidos na rede pública do SUS. Mais da metade dos hipertensos referiu baixa adesão ao tratamento e 61,7% tinha a hipertensão não controlada (Tabela 1). As classes de fármacos mais frequentemente usadas para tratamento da hipertensão foram: diuréticos (31,0%), antagonistas da angiotensina II (25,3%), e inibidores da enzima de conversão da angiotensina (12,6%) (Tabela 2).

Tabela 2
Uso de anti-hipertensivos por classes e combinações de medicamentos utilizados pelos idosos hipertensos. Picos, PI, 2019.

Observou-se maior prevalência de PA não controlada entre os homens entre os mais velhos e com menor escolaridade. A prevalência de PA não controlada mais elevada foi também observada entre os participantes com consumo moderado/alto de álcool, ex-fumantes, que não praticam atividade física e não aderentes ao tratamento da HAS, conforme Tabela 3.

Tabela 3
Associações brutas entre a pressão arterial (PA) não controlada e características socioeconômicas, demográficas, comportamento de saúde, comorbidades e adesão ao tratamento em idosos hipertensos acompanhados na Estratégia Saúde da Família (n=384). Picos, PI, 2019.

Na Tabela 4 são apresentados os modelos de regressão múltipla para associação entre PA não controlada e características sociodemográficas, comportamentais e adesão ao tratamento da HAS. No Modelo 1, foram observadas associações estatisticamente significativas entre sexo masculino e PA não controlada (RP=1,23; IC95%: 1,06-1,44). No Modelo 2, após inclusão das variáveis consumo de álcool, tabagismo e prática de atividade física, o sexo permaneceu associado ao desfecho. Observa-se que os homens têm 18% (RP=1,18; IC95%: 1,01-1,38) maior prevalência de descontrole pressórico em relação às mulheres. Também foram significativamente associados à PA não controlada o baixo consumo de álcool (RP=1,38; IC95%: 1,10-1,73) e ex-fumantes (RP=1,25; IC95%: 1,05-1,47). No entanto, no modelo 3, quando a adesão ao tratamento foi incluída, observou-se a perda de significância estatística das demais variáveis. Idosos hipertensos com baixa adesão ao tratamento medicamentoso apresentaram 2,4 IC95%: 1,96-2,97) vezes a prevalência de PA não controlada quando comparados aqueles com alta adesão ao tratamento (Modelo 3).

Tabela 4
Fatores associados à pressão arterial não controlada em idosos hipertensos acompanhados na Estratégia Saúde da Família (n=384). Picos, PI, 2019.

DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo mostram uma alta prevalência de PA não controlada entre os idosos hipertensos, estimada em 61,7% comparável à encontrada em outras pesquisas1414 Menezes TN, Oliveira ECT, Fischer MATS, Esteves GH. Prevalência e controle da hipertensão arterial em idosos: um estudo populacional. Rev Port Saúde Pública. 2016;34(2):117-24. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2016.04.001,1818 Cao YJ, Qi SF, Yin HS, Zhang F, Shi WW, Gao JC, et al. Prevalence, awareness, treatment and control of hypertension in elderly residents in Hebei province. Chin J Epidemiol. 2019;40(3):296-300. Disponível em: http://www.chinadoi.cn/portal/mr.action?doi=10.3760/cma.j.issn.0254-6450.2019.03.008. Assim como nesta investigação, o Estudo Internacional de Mobilidade no Envelhecimento (IMIAS) também demonstrou que embora mais de 80% dos pacientes idosos estivessem em tratamento, as taxas de controle foram baixas: 37,6% em Manizales (Colômbia); 29,5% em Kingston (Jamaica); 26,5% em Saint-Hyacinthe (Canadá); 24% em Tirana (Albânia) e 22% em Natal (Brasil)1212 Doulougou B, Gomez F, Alvarado B, Guerra RO, Ylli A, Guralnik J, et al. Factors associated with hypertension prevalence, awareness, treatment and control among participants in the International Mobility in Aging Study (IMIAS). J Hum Hypertens. 2016;30(2):112-9. Disponível em: https://doi.org/10.1038/jhh.2015.30.

Estudos anteriores revelam que a idade avançada é um preditor independente de hipertensão não controlada1919 Kanungo S, Mahapatra T, Bhowmik K, Saha J, Mahapatra S, Pal D, et al. Patterns and predictors of undiagnosed and uncontrolled hypertension: observations from a poor-resource setting. J Hum Hypertens. 2017;31(1):56-65. Disponível em: https://www.nature.com/articles/jhh201630. A alta prevalência de PA não controlada nessa população, pelo menos em parte, pode sugerir resistência ao tratamento. Além disso, esse resultado pode ser parcialmente explicado pelo aumento da rigidez arterial e pelo fato de que a idade pode refletir o tempo que outros fatores podem levar para influenciar o desenvolvimento de hipertensão não controlada2020 Rinnström D, Dellborg M, Thilén U, Sörensson P, Nielsen NE, Christersson C, et al. Poor blood pressure control in adults with repaired coarctation of the aorta and hypertension: a register-based study of associated factors. Cardiol Young. 2017;27(9):1708-15. Disponível em: https://doi.org/10.1017/S1047951117001020.

Além disso, com o avançar da idade, os níveis pressóricos tendem a aumentar progressivamente, o que dificulta o controle dos níveis tensionais mesmo com o uso de medicação anti-hipertensiva2121 Moroz MB, Kluthcovsky ACGC, Schafransk MD. Controle da pressão arterial em idosas hipertensas em uma Unidade de Saúde da Família e fatores associados. Cad Saúde Colet. 2016;24(1):111-7. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1414-462X201600010276. Firmo et al2222 Firmo JOA, Peixoto SV, Loyola FAI, Uchôa E, Lima-Costa MF. Birth cohort differences in hypertension control in a Brazilian population of older elderly: the Bambuí cohort study of aging (1997 and 2008). Cad Saúde Pública. 2011;27( Suppl 3 ):427-34. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2011001500013 ressaltam ainda que a maior idade está relacionada a menor comparecimento às consultas médicas e a maior irregularidade no uso de medicamentos.

Os resultados que expressam altas taxas de PA não controlada encontrada nos participantes também podem ser explicados por fatores socioeconômicos e socioculturais da população. Embora a baixa escolaridade2323 Chor D, Ribeiro ALP, Carvalho MS, Duncan BB, Lotufo PA, Nobre AA, et al. Prevalence, Awareness, Treatment and Influence of Socioeconomic Variables on Control of High Blood Pressure: Results of the ELSA-Brasil Study. PLoS ONE. 2015;10(6):e0127382. Disponível em: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0127382 e baixa renda2424 Basu S, Millett C. Social epidemiology of hypertension in middle-income countries: determinants of prevalence, diagnosis, treatment, and control in the WHO SAGE study. Hypertension. 2013;62(1):18-26. Disponível em: https://org.doi/10.1161/HYPERTENSIONAHA.113.01374 sejam reconhecidos como fatores que podem influenciar o controle da PA, no presente estudo não foram encontradas associações estatisticamente significativas com o desfecho, o que pode ser explicado, entre outros aspectos, pela homogeneidade da população deste estudo.

No presente estudo, as associações estatisticamente significativas, observadas no modelo múltiplo, entre a PA não controlada e ser do sexo masculino, apresentar consumo baixo de bebida alcóolica e ser ex-fumante também já foram encontradas em outros estudos. A relação entre o sexo masculino e a PA não controlada apresenta resultados similares aos de Sousa et al2525 Sousa ALL, Batista SR, Sousa AC, Pacheco JAS, Vitorino PVO, Pagotto V. Prevalência, Tratamento e Controle da Hipertensão Arterial em Idosos de uma Capital Brasileira. Arq Bras Cardiol. 2019;112(3):271-8. Disponível em: https://doi.org/10.5935/abc.20180274. Em contrapartida, outros autores não encontraram diferenças entre os sexos2626 Firmo JOA, Peixoto SV, Loyola FAI, Souza Jr PRB, Andrade FB, Lima-Costa MF, et al. Comportamentos em saúde e o controle da hipertensão arterial: resultados do ELSI-BRASIL. Cad Saúde Pública. 2019;35(7):e00091018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00091018. Embora não seja totalmente compreendido, o sexo pode afetar tanto a prevalência quanto a taxa de controle da hipertensão2727 Choi HM, Kim HC, Kang DR. Sex differences in hypertension prevalence and control: Analysis of the 2010-2014 Korea National Health and Nutrition Examination Survey. PLoS ONE. 2017;12(5):e0178334. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5444798/. A diferença pode ser explicada, entre outros aspectos, pelo maior nível de atenção aos cuidados de saúde e adesão aos tratamentos propostos entre as mulheres2828 Silva SSBE, Oliveira SFSB, Pierin AMG. O controle da hipertensão arterial em mulheres e homens: uma análise comparativa. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(1):50-8. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0080-623420160000100007 ou à preocupação com a saúde2727 Choi HM, Kim HC, Kang DR. Sex differences in hypertension prevalence and control: Analysis of the 2010-2014 Korea National Health and Nutrition Examination Survey. PLoS ONE. 2017;12(5):e0178334. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5444798/.

Com relação ao consumo de bebida alcoólica, estudos epidemiológicos e clínicos recentes têm mostrado que o consumo excessivo de álcool está associado ao controle inadequado da hipertensão2929 Cherfan, M, Vallée A, Kab S, Salameh P, Goldberg M, Zins M, et al. Unhealthy behaviors and risk of uncontrolled hypertension among treated individuals-The CONSTANCES population-based study. Sci Rep. 2020;10(1925):1-12. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41598-020-58685-1. Contrapondo-se a esse resultado, este estudo não demonstrou associação entre o controle inadequado dos níveis de PA e o consumo moderado/alto de álcool. É importante ressaltar, porém, que somente 24 idosos relataram consumo moderado/alto de álcool, o que pode não ter sido suficiente para evidenciar diferenças nas análises realizadas.

De fato, vários relatos já demonstraram que o consumo regular e moderado de álcool está associado a uma diminuição no risco geral de doença cardiovascular. Esta diminuição é devida aos efeitos benéficos do vinho nas lipoproteínas e nos fatores de coagulação. No entanto, é importante destacar que o consumo frequente de álcool não tem efeito positivo nos valores da PA, mas está associado ao aumento da hipertensão3030 INSERM Collective Expertise Centre. INSERM Collective Expert Reports [Internet]. Paris: Institut national de la santé et de la recherche médicale; 2000-. Alcohol: Health effects. 2001 [acesso em 29 jun. 2020]. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK7116/
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Em relação ao tabagismo, estudo de Rajati et al.3131 Rajati F, Hamzeh B, Pasdar Y, Safari R, Moradinazar M, Shakiba E, et al. Prevalence, awareness, treatment, and control of hypertension and their determinants: Results from the first cohort of non-communicable diseases in a Kurdish settlement. Sci Rep. 2019;9(12409):1-10. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41598-019-48232-y também encontraram associação estatisticamente significativa entre tabagismo (ex-fumantes) e PA não controlada. As evidências mostram que a relação entre tabagismo e hipertensão está mais relacionada ao tempo de fumar e ao consumo de cigarros ao longo da vida do que ser fumante atual3232 Thuy AB, Blizzard L, Schmidt MD, Luc PH, Granger RH, Dwyer T. The association between smoking and hypertension in a population-based sample of Vietnamese men. J Hypertens. 2010;28(2):245-50. Disponível em: https://journals.lww.com/jhypertension/Abstract/2010/02000/The_association_between_smoking_and_hypertension.8.aspx. No nosso estudo, a maior prevalência de PA não controlada entre os idosos ex-fumantes em relação aos fumantes pode ser explicada pelo fato destes idosos terem sido orientados a adotar um estilo de vida mais saudável. Por orientação médica, devido aos prejuízos causados pelo tabagismo, o grupo de ex-fumantes pode ter abandonado o hábito de fumar em função do tratamento de hipertensão. Assim, casos prevalentes de PA não controlada pararam de fumar após orientação médica, o que configura uma causalidade reversa.

No presente estudo, a perda da significância estatística nas associações da PA não controlada com o sexo, o consumo de álcool e o tabagismo após a inclusão da variável adesão ao tratamento no modelo de regressão reforça a importância desta variável para o desfecho. A associação estatisticamente significativa entre a baixa adesão à medicação anti-hipertensiva e a PA não controlada é consistente com estimativas encontradas em outros estudos3333 Santana BS, Rodrigues BS, Stival MM, Volpe CRG. Hipertensão arterial em idosos acompanhados na atenção primária: perfil e fatores associados. Esc Anna Nery. 2019;23(2): e20180322. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2018-0322. Essa congruência está em conformidade com a literatura, onde ressalta-se que uma boa adesão à medicação anti-hipertensiva é essencial para controlar a hipertensão e reduzir a PA3434 Bell K, Twiggs J, Olin BR, Date IR. Hypertension: the silent killer: updated JNC-8 guideline recommendations [Internet]. Alabama: Alabama Pharmacy Association; 2015 [acesso em 12 jun. 2018]. https://cdn.ymaws.com/www.aparx.org/resource/resmgr/CEs/CE_Hypertension_The_Silent_K.pdf
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Um achado importante neste estudo é que a maioria dos participantes referiram que necessitam comprar os medicamentos anti-hipertensivos. Nos casos em que os medicamentos não estão disponíveis na rede do SUS, os pacientes precisam obtê-los por meio de outras fontes, o que exige recursos financeiros para pagamento direto por esses medicamentos e aumenta ainda mais a possibilidade de não adesão em virtude da baixa renda.

Sabe-se ainda que os idosos com menos recursos financeiros, intelectuais e sociais encaram a velhice com dificuldades nas atividades diárias, com conformismo e como sendo uma fase associada a perdas, o que também pode justificar a não adesão ao tratamento, já que este requer comprometimento e entendimento por parte da pessoa doente3535 Pereira JK, Giacomin KC, Firmo JOA. A funcionalidade e incapacidade na velhice: ficar ou não ficar quieto. Cad Saúde Pública. 2015;31(7):1451-9. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00046014.

A força deste estudo está na investigação de fatores sociodemográficos, econômicos e clínicos, incluindo avaliação da adesão ao tratamento medicamentoso que permitem abordar uma maior variabilidade de fatores associados à PA não controlada e, assim, subsidiar os profissionais de saúde para melhor manejo e controle da doença. Além disso, as medidas da pressão arterial foram obtidas por mensuração direta, realizada no domicilio dos participantes, por uma equipe de entrevistadores treinados, aspectos que contribuem para a qualidade e maior confiabilidade dos dados.

As limitações do estudo incluem seu desenho transversal que não permite estabelecer relações de causa e efeito, como também a possibilidade de viés de falsa resposta ao coletar dados socioeconômicos e de estilo de vida, como a renda por domicílio, o consumo de álcool, fumo e atividade física. Outra limitação relaciona-se ao fato de que o estudo foi realizado com uma amostra específica de idosos hipertensos, em sua maioria com baixa escolaridade e renda, atendida na atenção básica da região centro sul do estado do Piauí, que pode limitar a generalização dos resultados. Além disso, outros fatores importantes de relevância para o controle da PA, como inércia terapêutica e hipertensão resistente, não foram avaliados no presente estudo.

CONCLUSÃO

Em conclusão, destaca-se que dentre os fatores sociodemográficos, comportamentais e relacionados à adesão ao tratamento, nossos resultados mostram que há uma forte associação entre PA não controlada e baixa adesão ao tratamento medicamentoso.

Esses resultados enfatizam a necessidade de intervenções eficientes da ESF para melhor controle da PA em pessoas idosas hipertensas. No âmbito da atenção básica, estratégias para o manejo adequado da hipertensão, o que inclui a realização de ações de prevenção e monitoramento, bem como o melhor gerenciamento da doença, com planos de tratamento ajustados e apropriados a cada indivíduo, são essenciais para a obtenção dos benefícios do tratamento e redução de danos e complicações à saúde.

Os dados trazem implicações em vários aspectos importantes a serem abordadas em estudos futuros no sentido de compreender os fatores associados ao controle inadequado de PA nessa população. Assim, o estudo traz contribuições que podem subsidiar o aprimoramento de estratégias para acompanhamento da hipertensão e, portanto, a atenção adequada à saúde da pessoa idosa. A realização de pesquisas futuras para investigação de fatores de risco para PA não controlada em hipertensos, considerando uma abordagem específica por idade é fundamental para esclarecer muitos dos desafios relacionados à saúde pública, uma vez que a hipertensão é um importante contribuinte para a carga global de doenças.

  • Não houve financiamento para a execução desse trabalho.

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Editado por

Editado por: Yan Nogueira Leite de Freitas

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Fev 2021
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    13 Jul 2020
  • Aceito
    03 Dez 2020
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