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Estudo bibliométrico da produção científica da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia entre 2014 e 2019

Resumo

Objetivo

Descrever e analisar o perfil das publicações da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia (RBGG) entre 2014 e 2019.

Método

Trata-se de um estudo bibliométrico da produção científica da RBGG, durante o período de janeiro de 2014 a dezembro de 2019. A coleta de dados foi realizada por quatro pesquisadoras independentes, previamente treinadas e orientadas para a uniformização desse processo. Os dados coletados foram dispostos numa planilha no Microsoft Excel® e analisados no programa Stata versão 10.0. As variáveis analisadas foram organizadas em quatro eixos: identificação da publicação; tipo de estudo; autores; e processo editorial.

Resultados

Publicou-se um total de 504 estudos de 2014 a 2019, destes, 75% são artigos originais e 13,49% de revisão, 95,4% dos autores eram de nacionalidade brasileira e as instituições de afiliação eram majoritariamente do Sudeste (41,8%) e Sul (28,68%). A abordagem quantitativa foi predominante (70,5%) e as temáticas que se destacaram foram saúde pública (33,1%), doenças (19,9%) e assistência em saúde (19,4%). O tempo de aprovação apresentou uma redução média de quatro meses e o de publicação três meses.

Conclusão

Houve um aumento no número de publicações durante o período analisado, com destaque para artigos originais e estudos quantitativos. A diversidade de temas revela a tendência mais abrangente, para além daquelas centradas na doença, e mais para processos biopsicossociais e comportamentais, conforme verificado nos estudos em saúde pública. O processo editorial tem se mostrado célere com redução expressiva no tempo entre o recebimento e a publicação, e aumento no quantitativo de aprovação dos artigos recebidos.

Palavras-Chave:
Publicações científicas e técnicas; Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia; Bibliometria; Envelhecimento

Abstract

Objective

To describe and analyze the profile of publications of the Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia (RBGG) from 2014 to 2019.

Method

This is a bibliometric study of the scientific production of RBGG, during the period from January 2014 to December 2019. Data collection was performed by four independent researchers, previously trained and oriented to standardize this process. The collected data were arranged in a spreadsheet in Microsoft Excel® and analyzed using the Stata version 10.0 program. The analyzed variables were organized into four axes: Publication identification; Kind of study; Authors; and Editorial process.

Results

A total of 504 studies were published from 2014 to 2019, of which 75% are original articles and 13.49% reviews, 95.4% of the authors were Brazilian nationals and affiliation institutions were mostly in the Southeast (41.8%) and South (28.68%). The quantitative approach (70.5%) was predominant and the themes that stood out were public health (33.1%), diseases (19.9%), and health care (19.4%). The approval time showed a reduction lasted an average of four months and the publication three months.

Conclusion

There was an increase in the number of publications during the analyzed period, with emphasis on original articles and quantitative studies. The diversity of themes reveals the most common trend, beyond those centered on the disease, and more towards biopsychosocial and behavioral processes, as verified in studies in public health. The editorial process was rapid with a significant reduction in the time between receipt and publication, and an increase in the amount of approval of the articles received.

Keywords
Scientific and Technical Publications; Brazilian Journal of Geriatrics and Gerontology; Bibliometry; Aging

INTRODUÇÃO

As publicações científicas têm se destacado cada vez mais no mundo acadêmico. Na área relacionada ao processo de envelhecimento, os pesquisadores buscam responder às lacunas existentes na mudança do perfil dessa população, bem como aos fatores que estão associados à morbidade, mortalidade e qualidade de vida dos idosos11 Bezerra FC, Almeida MI, Nóbrega-Therrien SM. Estudos sobre envelhecimento no Brasil: revisão bibliográfica. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2012;15(1):155-67..

Nesta direção, em 1998, a Universidade Aberta da Terceira Idade, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UnATI-UERJ), Rio de Janeiro, Brasil, iniciou seu projeto editorial com uma série de Textos Sobre Envelhecimento. O primeiro número tinha como objetivo trazer informações relevantes para a comunidade acadêmica sobre o envelhecimento e os idosos no Brasil22 Textos sobre Envelhecimento. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Universidade Aberta da Terceira Idade. Ano 1, Nº. 1, 1998. Continuado como Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia.. O referido número trouxe como temática central a saúde e qualidade de vida de pessoas idosas, ressaltando condições de vida e fatores relacionados a um processo de envelhecimento mais autônomo e independente. Foram oito anos divulgando produções científicas na área de Geriatria e Gerontologia. No ano de 2005, os Textos Sobre Envelhecimento tiveram seu último volume publicado, o qual consistia em três números que abordaram diferentes temáticas no contexto do envelhecimento humano22 Textos sobre Envelhecimento. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Universidade Aberta da Terceira Idade. Ano 1, Nº. 1, 1998. Continuado como Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia..

Posteriormente, em 2006, a Textos Sobre Envelhecimento foi reestruturada, sob a denominação de Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia (RBGG), que atualmente é considerada a revista de maior qualificação na área de envelhecimento, em território brasileiro. Com a RBGG, o intuito foi promover uma política de acesso livre e amplo ao conhecimento que permita uma maior divulgação internacional da produção científica brasileira e latino-americana na área33 Veras RP. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia [editorial]. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2006;9(1):1..

Atualmente, a revista está indexada nas seguintes fontes: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Cabell´s Directory of Publishing Opportunities, Directory of Open Access Journals (DOAJ), Free Medical Journals, Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal (LATINDEX), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências Sociais (LILACS), Red Revistas Científicas América (Redalyc), Open Access Digital Library, Ubc Library Journals, ampliando consideravelmente a divulgação dos estudos publicados44 Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Universidade Aberta da Terceira Idade; 2006 - . Disponível em: https://www.rbgg.com.br/.
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. No que diz respeito à qualificação, de acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em sua avaliação 2019/2020, a RBGG está classificada como Qualis A4, ressaltando sua importância na divulgação científica na área de Geriatria e Gerontologia44 Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Universidade Aberta da Terceira Idade; 2006 - . Disponível em: https://www.rbgg.com.br/.
https://www.rbgg.com.br/...
. Com relação ao Índice h5, métrica referente às publicações dos últimos cinco anos, a RBGG possui um h5 de 30 e a Mediana h5, que corresponde à média de citações para os artigos que compõem seu índice h5, de 41. Considerando a métrica citada, a RBGG ocupa um lugar de destaque, pois, dentre os principais periódicos publicados em português, ela ocupa a 14a posição (https://scholar.google.com/citations?view_op=top_venues&hl=pt-BR&vq=pt).

A ascendente relevância da revista evidenciou a necessidade de compilar informações sobre suas publicações, as temáticas mais abordadas no contexto da Geriatria e Gerontologia, as Instituições com maior quantitativo de autores que publicam nesta revista, considerando a região e estado do país, além de informações editoriais e das principais características dos autores que se dedicam ao estudo do envelhecimento. Nesse sentido, os estudos bibliométricos possibilitam quantificar a produção e a comunicação científica escrita, ressaltando a produtividade de autores55 Costa ICP, Sampaio RS, Souza FAC, Dias TKC, Costa BHS, Chaves ECL. Produção científica em periódicos online sobre o novo coronavírus (COVID-19): pesquisa bibliométrica. Texto Contexto Enferm. 2020;29:e20200235.. Por meio da bibliometria é possível acompanhar o desenvolvimento de áreas científicas e, além de avaliar a produtividade de autores, permite realizar estudos de citações, palavras-chave, ano de publicação, origem dos trabalhos, entre outros66 Araújo CAA. Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Em Questão. 2006;12(1):11-32..

Um estudo bibliométrico anterior avaliou o perfil das publicações da RBGG no período de 2006 a 201377 Jerez-Roig J, Guedes MBOG, Silva JMD, Lima KC. Análise da produção científica da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia: uma revisão bibliométrica. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(3):659-71., e verificou que houve um aumento continuado no número de trabalhos recebidos e publicados na revista durante todo o período. Também se observou o aumento do tempo para publicação entre 2006 e 2011, seguido por uma estabilidade até 2013, e as temáticas mais comuns foram aquelas referentes aos aspectos psicológicos do envelhecimento, atividade física e nutrição. Entretanto, considerando as mudanças substanciais no processo editorial, indexação em novas bases de dados e o tempo decorrido desde a análise do referido estudo bibliométrico, há a necessidade de um novo estudo nessa temática a fim de sistematizar e atualizar o perfil da revista com relação à descrição das publicações, tipos de estudo publicados, características de autoria e processo editorial, em um período mais recente, identificando mudanças e continuidades neste sentido. Dessa forma, este estudo se propôs a descrever e analisar o perfil das publicações da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia (RBGG) no período de 2014 a 2019.

MÉTODO

Trata-se de um estudo bibliométrico da produção científica da RBGG, durante o período de janeiro de 2014 a dezembro de 2019. Considerando o caráter atípico do ano de 2020 devido a pandemia causada pelo Sars-Cov-2, onde a publicação dos volumes da produção cientifica foi atrasada, não houve tempo hábil para que fossem inseridas pesquisas publicadas em 2020. Os artigos elencados foram todos os publicados na revista e disponibilizados no seu site44 Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Universidade Aberta da Terceira Idade; 2006 - . Disponível em: https://www.rbgg.com.br/.
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e na web da Scielo88 Scientific Electronic Library Online: Scielo Brazil [Internet]. São Paulo: SCIELO; 2020 - [acesso 2020 out 31]. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issues&pid=1809-9823&lng=en&nrm=iso.
https://www.scielo.br/scielo.php?script=...
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Os critérios de inclusão foram: artigos originais, artigos temáticos, de revisão, e relatos de casos, publicados na RBGG, no período de tempo em questão. Foram excluídas as publicações que, de alguma forma, remetiam à expressão de opiniões, reflexões e interpretações, tais como cartas ao editor, editorial, artigos de atualização e entrevista; ou que tratassem de estudos em curso, como comunicações breves. Os volumes foram agrupados seguindo a divisão de 2014 a 2016 e de 2017 a 2019, por haver uma semelhança no quantitativo de volumes publicados (três) pela revista entre os períodos em questão. Entre 2014 e 2016 foram publicados 14 números, entre 2017 e 2019 foram 18, totalizando 32 números, distribuídos em seis volumes elencados em 504 publicações.

Esse total de publicações foi utilizado para realizar a descrição da variável tipo de publicação, porém, para a análise das demais variáveis, as produções científicas que se encaixaram nos critérios de exclusão foram desconsideradas, perfazendo um total de 468 publicações analisadas.

A coleta de dados foi realizada por quatro pesquisadoras independentes, previamente treinadas e orientadas, de forma que todas coletaram os dados conforme os critérios de inclusão e exclusão estipulados, a fim de garantir a uniformização desse processo. Para tanto, considerando o período de análise deste estudo (2014 a 2019), foi realizado um sorteio para a definição dos anos e volumes que cada pesquisadora iria sistematizar previamente e os dados coletados foram inseridos em uma planilha do Microsoft Excel®, elaborada pela equipe em questão. Após essa primeira estruturação do banco de dados, cada pesquisadora realizou a análise dos dados referentes aos períodos que não haviam sistematizado. Em caso de dúvidas ou discordâncias, foi acionado o pesquisador coordenador do trabalho para dirimi-las.

As variáveis analisadas foram organizadas em quatro eixos: identificação da publicação; tipo de estudo; autores; e processo editorial. O primeiro eixo teve sua análise permitida através da leitura dos resumos, na qual foram identificadas as variáveis número, ano, volume e tipo de publicação.

O segundo eixo foi identificado através da leitura dos resumos e artigos por completo, na qual foram extraídas as informações quanto às variáveis: abordagem metodológica (quantitativa, qualitativa ou mista) e desenho do estudo (transversal; longitudinal; revisão; outros desenhos); quantitativo da amostra; temática da pesquisa (classificação dos artigos em sete temáticas correspondentes aos termos de grandes categorias dos Descritores de Ciências da Saúde99 Descritores em Ciências da Saúde: DeCS [Internet]. São Paulo: BIREME. 2017 [acesso 2020 out 31]. Disponível em: http://decs.bvsalud.org.
http://decs.bvsalud.org...
, por ser essa terminologia uma forma de buscar artigos reconhecidamente utilizada para a pesquisa em saúde); financiamento do estudo; número total de referências bibliográficas e as anteriores aos cinco anos de publicação do artigo.

O eixo “autores” possuía as variáveis: quantitativo de autores, nacionalidade, formação, quantitativo de instituições as quais os autores são afiliados e sua correspondente região geográfica. Além disso, foram coletados os dados do autor principal: formação, sexo, nacionalidade, instituição e sua correspondente região geográfica e estado da federação. As informações relativas à formação e nacionalidade dos autores foram extraídas da Plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br/) e do Open Researcher and Contributor ID (ORCID; ), de maneira que aqueles cuja informação não foi encontrada foram classificados como não identificado.

O processo editorial contemplou as variáveis: quantitativo de artigos recebidos, aprovados e rejeitados; tempo de aprovação e tempo de publicação. Após o contato da equipe pesquisadora com um dos responsáveis pelo processo editorial da revista, houve a disponibilização dos dados referentes as três primeiras variáveis elencadas. As demais foram extraídas através da leitura dos artigos publicados no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2019.

No intuito de subsidiar informações quanto à difusão científica das publicações, através do Google acadêmico (https://scholar.google.com.br/?hl=pt), foi identificado o número de citações de cada artigo até o período de realização da análise (setembro de 2020), a partir do qual foi elaborada uma listagem dos estudos mais citados.

Após o preenchimento das planilhas do Microsoft Excel®, no modelo pré-estabelecido, todas foram consolidadas em um único banco de dados, analisadas no programa Stata versão 10.0, e, posteriormente, houve a sistematização das prevalências das variáveis, apresentadas nos formatos de tabelas e figuras.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A RBGG publicou 504 estudos, os quais 250 foram no período de 2014 a 2016 e 254 de 2017 a 2019, com uma predominância de publicações na forma de artigos originais (75%); 13,49% tratam-se de artigos de revisão; 6,35% são editoriais; 2,78% artigos temáticos; 0,79% relatos de casos; 0,6% de artigos de atualização; 0,6% são comunicações breves e com uma porcentagem igual a 0,2%, entrevistas e cartas ao editor.

Após aplicar os critérios de exclusão, resultaram 468 publicações, correspondendo a 92,86% de todas as publicações da RBGG, sendo 232 de 2014 a 2016 e 236 de 2017 a 2019. Essas publicações se distribuem entre seis números da revista, num total de 32 volumes. Verificou-se que 81,22% (380) são artigos originais, 14,96% (70) artigos de revisão, 2,99% (14) artigos temáticos, 0,86% (quatro) relatos de casos. Dessa forma, verifica-se o aumento no número de artigos publicados na RBGG, comparando-se com uma revisão bibliométrica deste mesmo periódico que analisou o período de 2006 a 2013, e incluiu um total de 366 artigos77 Jerez-Roig J, Guedes MBOG, Silva JMD, Lima KC. Análise da produção científica da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia: uma revisão bibliométrica. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(3):659-71..

O campo de pesquisas envolvendo pessoas idosas foi contemplado em outras revisões bibliométricas recentes, tanto na saúde, como em outras áreas do conhecimento1010 Duarte MCS, Costa SFG, Morais GSN, França JRFS, Fernandes MA, Lopes MEL. Produção científica sobre a pessoa idosa em cuidados paliativos: estudo bibliométrico. Rev Pesqui. 2015;7(3):3093-3109.

11 Paula Jr. NF, Santos SMA. Estudo bibliométrico do estado da arte do evento queda em idoso. Rev Enferm Atenção Saúde. 2015;4(1):97-108.

12 Souza M, Barros ALR, Senra LX. Idosos vítimas de violência: uma análise bibliométrica e sistemática. Rev Cient Faminas. 2016;10(3):75-92.

13 Rodrigues LKV, Pernambuco L. Produção científica sobre disfagia orofaríngea em idosos nos periódicos brasileiros: uma análise bibliométrica. Distúrb Comum. 2017;29(3):529-38.

14 Wingerter DG, Azevedo UN, Marcaccini AM, Alves MSCF, Ferreira MAF, Moura LKB. Produção científica sobre quedas e óbitos em idosos: uma análise bibliométrica. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2018;21(3):320-9.

15 Sousa MSC, Sousa DN. Estratégias de ensino-aprendizagem de língua estrangeira no contexto da gerontologia. Humanidad Inovação. 2019;6(9):268-77.
-1616 Firmo JOA, Peixoto SV, Souza GA, Loyola Filho AI. Evolução das publicações em saúde do idoso na Revista Ciência & Saúde Coletiva. Ciênc Saúde Colet. 2020;25(12):4853-62., o que demonstra um interesse atual da comunidade acadêmica em conhecer o perfil das publicações nesse segmento. A inegável importância da ascendência de publicações reside na possibilidade de translação do conhecimento para o aperfeiçoamento da prática profissional, permitindo a ampliação no cuidado à população idosa e o combate a condições de saúde que comprometam a higidez desse grupo populacional1717 Oelke ND, Lima MADS, Acosta AM. Translação do conhecimento: traduzindo pesquisa para uso na prática e na formulação de políticas. Rev Gaúcha Enferm. 2015;36(3):113-7.,1818 Sá GGM, Silva FL, Santos AMR, Nôleto JS, Gouveia MTO, Nogueira LT. Tecnologias desenvolvidas para a educação em saúde de idosos na comunidade: revisão integrativa da literatura. Rev Latinoam Enferm. 2019;27:e3186..

Dentre os autores de publicações, no período de 2014 a 2016 verificou-se que houve 896 autores distintos, que predominantemente são brasileiros (95,4%). As instituições que eram afiliados são da Região Sudeste (41,18%) e Sul (28,68%), e a maioria tinham as formações em Fisioterapia (25,11%), Medicina (14,51%) e Enfermagem (11,61%).

No período de 2017 a 2019, houve 867 autores distintos e as características predominantes foram semelhantes às verificadas no período anterior, sendo 96,77% brasileiros. Com relação à localização das Instituições de afiliação dos autores, houve redução nas localizadas no Sudeste para 39,68% e as do Sul para 24,45% e ainda assim, essas duas Regiões continuaram sendo destaques com maior participação no volume de produções, assim como observado em outros estudos77 Jerez-Roig J, Guedes MBOG, Silva JMD, Lima KC. Análise da produção científica da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia: uma revisão bibliométrica. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(3):659-71.,1616 Firmo JOA, Peixoto SV, Souza GA, Loyola Filho AI. Evolução das publicações em saúde do idoso na Revista Ciência & Saúde Coletiva. Ciênc Saúde Colet. 2020;25(12):4853-62.. A formação em Enfermagem foi a mais prevalente (29,87%), seguida de Fisioterapia (15,46%) e Medicina (13,03%).

Características similares foram observadas na revisão bibliométrica anterior, publicada na RBGG, com relação à nacionalidade dos autores e as respectivas regiões do país com maior destaque77 Jerez-Roig J, Guedes MBOG, Silva JMD, Lima KC. Análise da produção científica da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia: uma revisão bibliométrica. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(3):659-71.. No mesmo estudo, observa-se uma ascensão de publicações com autores enfermeiros, também identificada nesta análise. Esse fato pode estar relacionado ao fortalecimento de grupos de pesquisa em Geriatria e Gerontologia no meio acadêmico, particularmente na Enfermagem1919 Kletemberg DF, Padilha MI, Gonçalves LHT, Borenstein MS, Alvarez AM, Ferreira AC. A construção histórica do conhecimento da enfermagem gerontológica no Brasil. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2010;14(4):787-96.,2020 Medeiros KKAS, Costa GMC, Coura AS, Araújo AKF, Celina SDM. Perfil bibliométrico da produção científica (inter) nacional da Enfermagem Gerontogeriátrica. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(2):425-38., e o alinhamento destes com a Agenda de Prioridades de Pesquisa do Ministério da Saúde, que tem como um dos eixos prioritários a saúde do idoso2121 Akerman M, Fischer A. Agenda Nacional de Prioridades na Pesquisa em Saúde no Brasil (ANPPS): foco na subagenda 18– Promoção da Saúde. Saúde Soc. 2014;23(1):180-90..

Os resultados referentes ao número de autores e número de instituições, e os relativos ao autor principal (sexo, formação e nacionalidade; região das instituições de afiliação) são apresentados na Tabela 1. Dentre tais variáveis, duas foram apresentadas considerando o quantitativo de sua frequência, durante o período de 2014 a 2019: a “formação” na qual constam aquelas com frequência maior que 12 e a “instituição de afiliação” que possui oito ou mais publicações. Enquanto a nacionalidade foi categorizada de forma a dicotomizar a autoria entre brasileira e estrangeira (Argentina, Chilena, Colombina, Peruana e Portuguesa).

Tabela 1
Análise descritiva das variáveis referentes ao autor principal dos artigos publicados na RBGG entre 2014 e 2019. Natal, RN, 2021.

De acordo com a Tabela 1, verifica-se que a predominância do quantitativo de autores por artigo tem se mantido entre quatro e seis, com uma considerável redução no percentual, referente a sete autores ou mais, de 10,8% para 0,4%. Em ambos os períodos analisados, há uma predominância de autores do sexo feminino, correspondente a 78,9%, de 2014 a 2016 e 70%, de 2017 a 2019. Houve a manutenção de uma substancial prevalência de autores principais brasileiros, com um aumento no período de 2017 a 2019 em relação ao período anterior de, aproximadamente, 4%; enquanto as graduações em Enfermagem e Fisioterapia representam a formação predominante entre os autores principais, perfazendo um percentual representativo de 39,7% no primeiro período em questão e 50,3% entre 2017 e 2019.

Malta et al.,2222 Malta DC, Silva AG, Cardoso LSM, Andrade FMD, Sá ACMGN, Prates EJS, et al. Doenças crônicas não transmissíveis na Revista Ciência & Saúde Coletiva: um estudo bibliométrico. Ciênc Saúde Colet. 2020;25(12):4757-69. em estudo bibliométrico sobre as Doenças Crônicas Não Transmissíveis, identificaram perfil semelhantes de autores e suas instituições. A predominância de mulheres entre os autores principais evidencia avanços quanto a inclusão de gênero, no entanto, ainda há substanciais retrocessos nesse processo inclusivo, visto que, apesar dessa ascendente protagonização do sexo feminino na produção científica, as mulheres ainda são as que possuem menores incentivos, como bolsa de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)2323 Valentova JV, Otta E, Silva ML, McElligott AG. Underrepresentation of women in the senior levels of Brazilian science. Peer J. 2017;5:e4000..

A predominância de um maior quantitativo de autores, corroborado em outros estudos bibliométricos com idosos e temáticas afins2222 Malta DC, Silva AG, Cardoso LSM, Andrade FMD, Sá ACMGN, Prates EJS, et al. Doenças crônicas não transmissíveis na Revista Ciência & Saúde Coletiva: um estudo bibliométrico. Ciênc Saúde Colet. 2020;25(12):4757-69.,2424 Rebellato C, Hayashi MCPI. Participação social do idoso: estudo bibliométrico da produção científica recente (2010-2013). RECIIS. 2014;8(3):264-87., evidencia o caráter significativo que uma coautoria tem na produção científica, por permitir a integração de diversos saberes e habilidades que subsidiam uma intensa colaboração científica, a qual é de intensa relevância mediante a complexidade das temáticas analisadas.

No âmbito institucional, verificou-se que as publicações possuem autores de uma ou duas instituições diferentes, dentre as quais destacam-se, no primeiro período a USP (5,6%), UFRN (3,9%) e UFMG (3%) e no segundo, permanecem as duas primeiras com relevante crescimento percentual na Universidade de Campinas de 3,4%, e Universidade de Passo Fundo, cujo percentual dobrou (2,6% para 5,2%). Assim, é possível inferir que há uma maior prevalência de publicações pelas regiões Sudeste, Sul e Nordeste, nesta ordem de prevalência, devido a uma maior produção por autores vinculados a Instituições de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, e Rio Grande do Norte, com destaque para o crescimento na produção daquelas que se localizam no Distrito Federal, de 1,7% para 6,4%.

A vinculação dos autores a instituições de ensino superior públicas, em sua maioria, tem sido observada em outros estudos bibliométricos,1616 Firmo JOA, Peixoto SV, Souza GA, Loyola Filho AI. Evolução das publicações em saúde do idoso na Revista Ciência & Saúde Coletiva. Ciênc Saúde Colet. 2020;25(12):4853-62.,2222 Malta DC, Silva AG, Cardoso LSM, Andrade FMD, Sá ACMGN, Prates EJS, et al. Doenças crônicas não transmissíveis na Revista Ciência & Saúde Coletiva: um estudo bibliométrico. Ciênc Saúde Colet. 2020;25(12):4757-69. e evidencia a importância social desse segmento na produção científica e realidade vigente, visto que o avanço da ciência e tecnologia, principalmente em saúde, tem potencial capacidade de promover mudanças na vida e saúde das pessoas. Dessa forma, verifica-se que é fundamental que haja incentivo e investimento na educação pública, em discordância com as restrições de financiamento que tem sido observadas na Educação, ciência e tecnologia, ampliando grupos de pesquisa e fortalecendo cada vez mais a produção científica sobre a saúde do idoso2222 Malta DC, Silva AG, Cardoso LSM, Andrade FMD, Sá ACMGN, Prates EJS, et al. Doenças crônicas não transmissíveis na Revista Ciência & Saúde Coletiva: um estudo bibliométrico. Ciênc Saúde Colet. 2020;25(12):4757-69..

Na Tabela 2, verifica-se que os artigos em questão apresentam uma maior prevalência de temáticas relacionadas à Saúde Pública, doenças e assistência em saúde, com uma predominante abordagem quantitativa. Porém, destaca-se o aumento de quase 7% de estudos qualitativos entre os períodos analisados; uma predominância das pesquisas publicadas simultaneamente em português e inglês (99,6%) entre 2017 e 2019; e daquelas que não tiveram financiamento (77,6%). Entre os períodos em questão, há uma inversão na predominância de publicações, inicialmente predominam os estudos cujas referências não eram atualizadas, e entre 2017 e 2019 os artigos apresentam um percentual de 66,5% das referências utilizadas publicadas nos últimos 5 anos.

Tabela 2
Análise descritiva das variáveis referentes aos artigos publicados na RBGG entre 2014 e 2019. Natal, RN, 2021.

O crescimento da produção cientifica relacionadas a saúde pública e doenças na população idosa tem intensa relação com a priorização, na agenda mundial e nacional, a partir da primeira década de 2000, de ações de promoção, prevenção e monitoramento de doenças crônicas não transmissíveis. Estas têm fomentado o desenvolvimento de ações e estudos que subsidiam mudanças de paradigmas e impulsionam uma melhor qualidade de vida para os brasileiros2222 Malta DC, Silva AG, Cardoso LSM, Andrade FMD, Sá ACMGN, Prates EJS, et al. Doenças crônicas não transmissíveis na Revista Ciência & Saúde Coletiva: um estudo bibliométrico. Ciênc Saúde Colet. 2020;25(12):4757-69..

No que concerne às temáticas em Geriatria e Gerontologia na RBGG, a diversidade de temas e de áreas disciplinares, no estudo em tela, revelam a tendência mais abrangente das pesquisas na contemporaneidade, para além daquelas centradas na doença, e mais para processos biopsicossociais e comportamentais, refletindo a mesma direção dos estudos na saúde pública1616 Firmo JOA, Peixoto SV, Souza GA, Loyola Filho AI. Evolução das publicações em saúde do idoso na Revista Ciência & Saúde Coletiva. Ciênc Saúde Colet. 2020;25(12):4853-62..

O predomínio de estudos quantitativos, no campo do envelhecimento, tem sido observado em outras publicações2525 Barros MBA, Golbaum M. Desafios do envelhecimento em contexto de desigualdade social [Editorial]. Rev Saúde Pública. 2018;52(Supl. 2):1.,2626 Pagotto V, Bachion MM, Silveira EA. Autoavaliação da saúde por idosos brasileiros: revisão sistemática da literatura. Rev Panam Salud Publica. 2013;33(4):302-10., o que põe em destaque o compromisso de estudos epidemiológicos com a promoção da saúde e a análise de seus determinantes nas coletividades humanas2727 Last JM. A dictionary of epidemiology. New York: Oxford University Press; 1995.. Apesar da presente pesquisa demonstrar um discreto aumento na publicação de pesquisa qualitativas, ainda há uma considerável discrepância entre publicações de estudos qualitativos e quantitativos, conforme observado em outros estudos2828 Taquette SR, Minayo MC. Análise de estudos qualitativos conduzidos por médicos publicados em periódicos científicos brasileiros entre 2004 e 2013. Physis. 2016;26(2):417-34., o que demonstra a importância de que haja uma reflexão sobre a dificuldade relatada por pesquisadores em publicar estudos com esse delineamento em alguns periódicos.

O considerável aumento de publicações, simultaneamente, em português e inglês (48,7%) amplia a visibilidade deste periódico, no âmbito internacional, uma vez que o inglês é considerado o idioma universal na comunidade científica e demonstra o caráter precursor da RBGG na internacionalização do conhecimento produzido no Brasil2727 Last JM. A dictionary of epidemiology. New York: Oxford University Press; 1995..

No que se refere às temáticas dos artigos mais citados, três deles têm como assunto aspectos sobre quedas em idosos, sendo duas revisões de literatura, somando um total de 175 citações nesse tema, que tem sido amplamente publicado nos últimos anos2929 Souza LHR, Brandão JCS, Fernandes AKC, Cardoso BLC. Queda em idosos e fatores de risco associados. Rev Atenção Saúde. 2017;15(54):55-60.

30 Amorim JSC, Souza MAN, Mambrini JVM, Lima-Costa MFF, Peixoto SV. Prevalência de queda grave e fatores associados em idosos brasileiros: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Ciênc Saúde Colet. 2021;26(1):185-96.
-3131 Fhon JRS, Rodrigues RAP. Queda e fatores demográficos e clínicos no idoso: estudo de seguimento. Enferm Glob. 2021;(61):148-58.. Ademais, o tempo de publicação pode ter sido um fator importante para os artigos mais citados, visto que datam de 2014 a 2016.

A publicação com mais citações é um estudo de caso com fontes de dados primários e secundários, desenvolvido por pesquisadores do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, da Fundação Oswaldo Cruz, em Pernambuco, o qual traz reflexões acerca dos desafios do planejamento das políticas públicas para o envelhecimento populacional. O grande alcance de citações deve-se à atualidade das indagações apresentadas no estudo, relacionadas ao envelhecimento da sociedade que precisa de políticas sociais que garantam uma melhor assistência em saúde.

A abrangência da temática em torno das políticas públicas e fatores socioeconômicos associados ao envelhecimento populacional estão em evidência no meio científico por se tratar de temas emergentes que precisam ser debatidos em todos os âmbitos da saúde2929 Souza LHR, Brandão JCS, Fernandes AKC, Cardoso BLC. Queda em idosos e fatores de risco associados. Rev Atenção Saúde. 2017;15(54):55-60.

30 Amorim JSC, Souza MAN, Mambrini JVM, Lima-Costa MFF, Peixoto SV. Prevalência de queda grave e fatores associados em idosos brasileiros: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Ciênc Saúde Colet. 2021;26(1):185-96.

31 Fhon JRS, Rodrigues RAP. Queda e fatores demográficos e clínicos no idoso: estudo de seguimento. Enferm Glob. 2021;(61):148-58.
-3232 Melo LA, Ferreira LMBM, Santos MM, Lima KC. Fatores socioeconômicos, demográficos e regionais associados ao envelhecimento populacional. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2017;20(4):493-501..

Tabela 3
Ranking de artigos com maior número de citações na RBGG de 2014 a 2019. Natal, RN, 2021.

No campo editorial, verificou-se avanços substanciais, tanto no tempo para aprovação de 2014 (10,52±2,73 meses) para 2019 (6,52±2,03 meses), quanto no tempo de publicação nesse mesmo período, correspondendo, respectivamente, a 5,29 (±1,71) meses e 2,52 (±1,64) meses, o que evidencia uma redução média do tempo para aprovação de quatro meses e de publicação de aproximadamente três meses, conforme Figura 1.

Figura 1
Tendência do tempo de aprovação, publicação e total1 (em meses) de manuscritos na RBGG, durante o período 2014-2019. Natal, RN, 2021.

Ao comparar esses resultados com o estudo realizado em 2014, é ainda mais evidente a redução do tempo77 Jerez-Roig J, Guedes MBOG, Silva JMD, Lima KC. Análise da produção científica da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia: uma revisão bibliométrica. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(3):659-71.. Entre 2006 e 2013, o tempo médio entre a aprovação e publicação era de 16 meses e agora, corresponde a sete meses, havendo uma redução do tempo de 56,25% em relação ao anterior77 Jerez-Roig J, Guedes MBOG, Silva JMD, Lima KC. Análise da produção científica da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia: uma revisão bibliométrica. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(3):659-71.. A celeridade na resposta editorial traz benefício tanto para revista, que alcança maior versatilidade e favorece uma melhora dos seus índices bibliométricos relacionados aos fatores de impacto, quanto para comunidade acadêmica que obtém retorno rápido para divulgação da produção científica e difusão do conhecimento77 Jerez-Roig J, Guedes MBOG, Silva JMD, Lima KC. Análise da produção científica da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia: uma revisão bibliométrica. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(3):659-71.,3333 Hohendorffi JV, Sousa DA, Pereira AS, Koller SH. Nas “filas de espera”: tempo entre submissão e aceitação de manuscritos em periódicos brasileiros de psicologia. Temas Psicol. 2016;24(4):1329-41..

A Figura 2, por sua vez, evidencia que do período inicial da análise (2014) ao final (2019) houve um crescimento no quantitativo de estudos recebidos (73,3%), aprovados (112,1%) e rejeitados (75,6%), apesar da estabilização no número de recebidos de 2018 a 2019 e redução nos rejeitados de 2017 a 2018.

Figura 2
Tendências do número de artigos recebidos, aprovados e rejeitados entre os anos de 2014-2019. Natal, RN, 2021.

Os dados apontam que o índice de aprovação é superior ao de rejeitados, isso indica que, embora a revista estabeleça critérios rigorosos quanto ao padrão avaliativo durante o processo editorial, a taxa de crescimento de aprovação sobre o de rejeição, no período de 2014 a 2019, é 1,48. A estabilidade quanto ao número de artigos recebidos, observada entre 2018 e 2019, pode ser considerada dentro do padrão de normalidade, visto que se mantém em um nível superior quando comparada aos anos anteriores77 Jerez-Roig J, Guedes MBOG, Silva JMD, Lima KC. Análise da produção científica da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia: uma revisão bibliométrica. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(3):659-71..

Firmo et al.1616 Firmo JOA, Peixoto SV, Souza GA, Loyola Filho AI. Evolução das publicações em saúde do idoso na Revista Ciência & Saúde Coletiva. Ciênc Saúde Colet. 2020;25(12):4853-62. evidenciaram um perfil ascendente no quantitativo de publicações relacionados a saúde do idoso na Revista Ciência e Saúde Coletiva, conforme verificado na RBGG, demonstrando a ampliação da relevância dessa temática na comunidade cientifica brasileira. Destaca-se que a RBGG, como revista especializada em geriatria e gerontologia, tem assumido relevante significância no processo de disseminação do conhecimento científico e contribuído substancialmente para o aprofundamento das questões concernentes ao envelhecimento humano.

Os indicadores observados por este estudo, que favoreceram a expansão da RBGG, estão relacionados a redução no tempo da resposta inicial, tempo de aprovação, da publicação e ao incremento no quantitativo de artigos aprovados. O baixo índice de estudos qualitativos, apesar de o acréscimo identificado por este estudo, pode indicar limitações na abrangência de métodos, quando comparado aos demais estudos. Sugere-se a realização de eventos associados à RBGG de forma periódica como o I Congresso da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia realizado em 2018, por trazer visibilidade do escopo da revista à comunidade científica; e uma maior regularidade na chamada pública para números especiais que envolvam a comunidade científica, de forma a favorecer uma maior produção na temática de geriatria e gerontologia. A internacionalização da RBGG pode ser desenvolvida mediante parcerias internacionais com pesquisadores, associações e instituições de ensino agregadas a cooperação e compartilhamento da ciência para área do envelhecimento.

CONCLUSÕES

Depreende-se que houve um aumento no número de publicações durante o período analisado, com destaque para artigos originais, estudos quantitativos. Esses estudos são atribuídos às temáticas de saúde pública com abrangência na promoção da saúde e análise dos determinantes sociais nas coletividades humanas. A produção científica é desenvolvida no âmbito nacional, predominantemente, por profissionais do sexo feminino dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia e Medicina vinculados às universidades públicas nas regiões Sudeste e Sul.

O processo editorial tem se mostrado célere com redução expressiva no tempo entre o recebimento e a publicação, e aumento no quantitativo de aprovação dos artigos recebidos. A RBGG se mantém em ascendência na disseminação do conhecimento científico, o que tem cooperado substancialmente para o aprofundamento das questões concernentes ao envelhecimento humano.

Ressalva-se que é preciso haver incentivo para publicação de estudos realizados nas Regiões Norte e Nordeste, bem como para estudos qualitativos. É necessário investimento financeiro que subsidie o desenvolvimento da educação pública, que tem contribuído significativamente para o avanço científico na área da Geriatria e Gerontologia do país, em consonância com a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e a representação demográfica desse grupo populacional.

  • Não houve financiamento para a execução deste trabalho.

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Editado por

Editado por: Daniel Gomes da Silva Machado

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Out 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    03 Maio 2021
  • Aceito
    16 Set 2021
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