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"Vá para casa, seu idoso!" Ageísmo na pandemia da covid-19: netnografia na plataforma Youtube™

Resumo

Objetivo

Analisar as repercussões do ageísmo direcionado a pessoas idosas durante a covid-19, por meio dos conteúdos disponíveis na plataforma Youtube™.

Método

Estudo netnográfico, exploratório e qualitativo, cujos dados foram coletados em vídeos na plataforma Youtube™; foi realizada análise temática de conteúdo de Bardin e os elementos foram discutidos à luz da Teoria do Estigma.

Resultados

Três categorias explicam as repercussões do fenômeno investigado: expressões do ageísmo pré-existentes à pandemia, com expressões de exclusão, desconsideração e desrespeito; expressões de ageísmo durante a pandemia a partir do rótulo de grupo de risco que fortalece os estereótipos de doentes e incapazes; e sentimentos e atitudes da pessoa idosa frente às repercussões do ageísmo, que levaram a repercussões nas interações sociais, no estilo de vida e na saúde das pessoas idosas.

Conclusões

As repercussões podem ocasionar sequelas de ordem física, cognitiva, social e psíquica, e o combate aos seus impactos parte da esfera educativa para um pacto social que permita uma convivência respeitosa e empática entre as gerações.

Palavras-Chave:
Etarismo; Idoso; Pandemias; Covid-19; Uso da internet

Abstract

Objective

To analyze the repercussions of ageism directed at older people during covid-19, through the content available on the Youtube™ platform.

Method

Netnographic, exploratory and qualitative study, whose data were collected in videos on the Youtube™ platform; a thematic analysis of Bardin's content was performed and the elements were discussed in the light of the Theory of Stigma.

Results

Three categories explain the repercussions of the investigated phenomenon: expressions of ageism pre-existing to the pandemic, with expressions of exclusion, disregard and disrespect; expressions of ageism during the pandemic from the risk group label that strengthens stereotypes of sick and incapable people; and feelings and attitudes of the older people towards the repercussions of ageism, which led to repercussions on social interactions, lifestyle and health of older people.

Conclusions

The repercussions can cause physical, cognitive, social and psychic sequelae, and the fight against its impacts starts from the educational sphere towards a social pact that allows a respectful and empathetic coexistence between generations.

Keywords
Ageism; Older people; Pandemics; covid-19; Internet use

INTRODUÇÃO

As primeiras vítimas da covid-19 foram pessoas mais velhas, o que suscitou distinção na forma de tratá-las e evidenciou o ageísmo presente nas sociedades. O ageísmo11 Fraser S, Lagacé M, Bongué B, Ndeye N, Guyot J, Bechard L, et al. Ageism and COVID-19: What does our society’s response say about us?. Age and ageing. 2020; 49(5):692-695. Disponível em: 10.1093/ageing/afaa097. se manifesta quando um grupo etário se dirige a outro, pautando-se em estereótipos criados para discriminar pessoas a partir de sua idade cronológica22 Silva MF, Silva DSM, Bacurau AGM, Francisco PMSB, Assumpção D, Neri AL, et al. Ageísmo contra idosos no contexto da pandemia da COVID-19: uma revisão integrativa. Rev Saude Púb. 2021; 55:1-14. Disponível em: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2021055003082.
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seja pelos aspectos ideológicos — a partir de características atribuídas a um grupo etário — ou práticos/comportamentais — por meio de julgamentos, crenças e atitudes.

No cenário da pandemia, esse fenômeno tornou-se evidente no tratamento dispensado às pessoas idosas, maiores de 60 anos, na associação a estereótipos/imagens negativas e deterioração das capacidades físicas e cognitivas/comportamentais33 Bravo-Segal S, Villar F. La representación de los mayores en los medios durante la pandemia COVID-19: ¿hacia un refuerzo del edadismo?. Rev Esp de Geriatr Gerontol. 2020; 55(5):266–271. Disponível em: 10.1016/j.regg.2020.06.002.. Procedimentos de prevenção foram utilizados para justificar atitudes de depreciação e discriminação/estigmatização das pessoas idosas44 Baldassarre A, Giorgi G, Alessio F, Lulli LG, Arcangeli G, Mucci N. Stigma and Discrimination (SAD) at the Time of the SARS-CoV-2 Pandemic. Int J Environ Res Public Health. 2020 Aug 31;17(17):6341. Disponível em: 10.3390/ijerph17176341.,55 Lichtenstein B. From “Coffin Dodger” to “Boomer Remover”: Outbreaks of ageism in three countries with divergent approaches to coronavirus control. J Gerontol B Psychol Sci Soc Sci. 2021;76(4):e206-e212. Disponível em: https://doi.org/10.1093%2Fgeronb%2Fgbaa102.
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, sendo importante ressaltar que o estigma é uma marca/impressão que se carrega ao longo da vida, estabelecida pela sociedade para categorizar as pessoas e os atributos considerados como comuns e naturais para os membros de cada uma dessas categorias66 Goffman E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980. 158 p..

O estigma que permeia a velhice/envelhecimento foi impulsionado durante a pandemia, quando atitudes preconceituosas fizeram algumas pessoas pensarem que a pandemia era um “problema das pessoas idosas” e apenas essas deveriam estar em isolamento social77 Araujo PO, Freitas RA, Duarte ED, Cares LJ, Rodríguez KA, Guerra V, et al. ‘O outro’ da pandemia da COVID-19: ageísmo contra pessoas idosas em jornais do Brasil e do Chile. Saúde em Debate 2022; 46:613-629. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-1104202213402I.
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, uma vez que a velhice é associada a gasto econômico, fardo social e símbolo de improdutividade88 Moratelli V. O idadismo no contexto da pandemia da covid-19: como o preconceito etário se tornou evidente no Brasil. Revista Desenvolvimento Social 2021; 27(1). Disponível em: https://doi.org/10.46551/issn2179-6807v27n1p9-29.
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. Esse estigma surge, também, como consequência da não efetivação das leis que protegem e garantem os direitos das pessoas idosas brasileiras99 Castro BR, Silva GO, Cardoso AV, Rocha LS, Chariglione IPFS. A expressão do idadismo em tempos de COVID-19: Uma reflexão teórica. Kairós Gerontologia, 2020;3(8). Disponível em: https://revistas.pucsp.br/kairos/article/view/51568..

Tal problemática desconsiderou um histórico de surtos epidêmicos que ocorreram ao longo dos séculos e mostraram que as melhores medidas preventivas para o avanço de patógenos altamente contagiosos foram a vacinação, a quarentena e o lockdown 1010 Hester RJ, Willians OD. “The somatic-security industrial complex: theorizing the political economy of informationalized biology”. Review of International Political Economy. 2000; 27(1):98-124. Disponível em: https://doi.org/10.1080/09692290.2019.1625801.
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de toda a população, não apenas grupos de risco.

Durante o distanciamento social, foi necessário buscar meios que servissem como ponte entre as pessoas e os novos conhecimentos que surgiam a respeito da doença, bem como alcançar formas de socialização durante o distanciamento. Para isso, foi possível a utilização da internet, que apesar de possuir aspectos negativos em seu uso, como o consumo de conteúdo inverídico e o excesso de tempo frente à tela, que causam preocupações, repercussões no bem-estar, exaustão e alteração no sono, tem grande importância para agilizar a comunicação e disseminar informações. As redes sociais são os métodos de escolha para postagem de atividades comuns, sobretudo a plataforma Youtube™, pela facilidade em compartilhar vídeos capazes de expressar opiniões, transmitir conhecimentos, propagar notícias e ser utilizada como fonte de informação sobre assuntos relacionados à saúde1111 Carvalho ES, Vale PRLF, Pinto KA, Ferreira SL. Conteúdos relacionados a profissionais de enfermagem durante a pandemia de COVID-19 na plataforma Youtube™. Rev Bras de Enf. 2021; 44(suppl 1). Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0581.
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.

Diante disso, vídeos da plataforma Youtube™ ganharam repercussão e visibilidade nacional, suscitando debates relevantes e reforçando a importância deste estudo, sobretudo pela demonstração do ageísmo, a partir de situações narradas, e sua repercussão para a população idosa. Além disso, é importante demonstrar como essas narrativas se relacionam com a Teoria do Estigma66 Goffman E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980. 158 p., com vistas ao fortalecimento do combate ao problema.

Nesse contexto, o objetivo deste artigo foi analisar as repercussões do ageísmo direcionado a pessoas idosas durante a covid-19, através dos conteúdos disponíveis na plataforma Youtube™.

MÉTODO

Estudo exploratório de abordagem qualitativa netnográfica desenvolvido com base nos critérios de rigorosidade metodológica do checklist COREQ, que tem sido usado com frequência para abordagens etnográficas aplicadas ao estudo de culturas e comunidades online dentro de pesquisas de consumo e marketing. A netnografia se distingue de outros tipos de pesquisa qualitativa na internet por apresentar, em um único termo, um grupo de diretrizes para realização da etnografia mediada por computador e sua integração com outras formas de pesquisa cultural1212 Kozinetz R. Realizando pesquisa etnográfica online. Porto Alegre: Editora Penso, 2014..

O sítio de compartilhamento de vídeos “YouTube™” tem como endereço virtual: www.youtube.com. Esta investigação não foi submetida à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa por se tratar da utilização de dados de acesso público, como estabelecido pelas normas éticas da própria plataforma, bem como pela Resolução 510/2016 do Conselho de Saúde do Brasil1313 Brasil. Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisa em ciências humanas e sociais cujos procedimentos metodológicos envolvam a utilização de dados diretamente obtidos com os participantes ou de informações identificáveis ou que possam acarretar riscos maiores do que os existentes na vida cotidiana. Conselho Nacional de Saúde, 2016. e pela Lei Federal 12527/20111414 Brasil. Lei nº 12.527 de 18 de novembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações. Diário Oficial da União, 2011..

Os vídeos foram buscados a partir dos seguintes critérios de inclusão: terem sido postados a partir de 20 de março de 2020 (início da pandemia) até maio de 2021 (início da vacinação das pessoas idosas); abordarem conteúdo referente ao ageísmo e à covid-19; estarem disponíveis nos idiomas português, inglês ou espanhol; terem sido apresentados por pessoas idosas, sejam elas narrando vivências próprias e/ou de terceiros.

Foram excluídos os vídeos com dificuldades de reprodução, com conteúdo duplicado ou de caráter duvidoso (verificando o canal da notícia e seu conteúdo quanto à veracidade e confiabilidade, dando preferência a canais oficiais e de pesquisadores que apresentassem referências científicas), assim como aqueles que não continham conteúdos referentes às repercussões do ageísmo na pandemia da covid-19.

A seleção e coleta de dados aconteceu no mês de fevereiro de 2022 por meio das palavras-chave: ageísmo; ageísmo na pandemia; ageísmo na covid-19; preconceito contra idosos na pandemia; preconceito de idade na pandemia; discriminação de idade; estereótipo; gerontofobia; velhismo; etarismo; velhofobia; idosismo; estigma; preconceito; e seus correspondentes em inglês e espanhol. Essas palavras-chave foram combinadas criando as expressões: “ageísmo pandemia”; “ageísmo covid-19”; “preconceito contra idosos na pandemia”; “preconceito de idade na pandemia”; “gerontofobia pandemia; etarismo pandemia”; “velhofobia pandemia”; “idosismo pandemia”; “violência idoso pandemia”; “ageism pandemic”; “old age pandemic”; “gerontophobia pandemic”; “ageism covid-19”; “edadismo pandemia”; “discriminación por edad pandemia e discriminación por edad covid-19”.

O processo de busca e seleção dos conteúdos foi realizado por uma pesquisadora e está detalhado na Figura 1. As informações do corpus final dos vídeos foram organizadas em uma tabela no Microsoft Excel e identificadas por título, link de acesso, canal e data de postagem e duração (Quadro 1).

Figura 1
Fluxograma do processo de busca e seleção dos vídeos. Feira de Santana, Bahia, Brasil, 2022.
Quadro 1
Caracterizaçãodosvídeos relacionados às repercussões do ageísmo durante a covid-19 na plataforma Youtube™. Feira de Santana, Bahia, Brasil, 2022.

A análise dos dados foi norteada por um estudo aprofundado dos vídeos, onde se buscou entender os relatos narrados de forma individual através da análise temática de conteúdo de Bardin1515 Bardin L. Análise de conteúdo: edição revista e ampliada. São Paulo: Edições, 2016., que tem como foco qualificar as experiências do sujeito, assim como suas percepções sobre um objeto e seus fenômenos, propiciando a descoberta de processos sociais ainda pouco conhecidos sobre grupos específicos e a adoção de novas abordagens, além da revisão e criação de novos conceitos e categorias durante a investigação1515 Bardin L. Análise de conteúdo: edição revista e ampliada. São Paulo: Edições, 2016..

Na pré-análise, foram eleitos os materiais a serem utilizados e as palavras-chave, buscados os vídeos e selecionado o material. Ao assistir a todos os vídeos, foi possível conhecer o conteúdo de cada um deles, obter as primeiras impressões e constituir o corpus do estudo de relevância para a pesquisa a partir dos critérios de inclusão e exclusão.

Para exploração do material, todo conteúdo dos vídeos foi transcrito para o formato texto em arquivo Word. Em seguida, foi realizada a leitura do material e corrigidos possíveis erros. Vídeos em inglês e espanhol foram traduzidos. Posteriormente, o material digitado foi lido exaustivamente e foi feita a codificação dos conteúdos através do recorte das unidades de registro referentes ao tema das repercussões do ageísmo na pandemia da covid-19. Essa fase foi validada por duas pesquisadoras, doutora e mestra, com expertise na temática e no estudo da Teoria do Estigma66 Goffman E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980. 158 p..

Para a interpretação do material, as unidades de registro foram agrupadas por semelhanças e diferenças gerando a categorização, cuja interpretação foi realizada a partir da Teoria do Estigma de Goffman66 Goffman E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980. 158 p., que discute como a sociedade estabelece meios para categorizar as pessoas e os atributos considerados comuns e naturais para os membros dessas categorias — como determinadas marcas ou características que estigmatizam os sujeitos —, e como atributos depreciativos podem fazer os sujeitos reagirem ou aceitarem as condições que lhes são impostas como “normais” ou “anormais”. Tal teoria ajuda a identificar características centrais das situações da vida das pessoas estigmatizadas e como elas afetam a identidade social e pessoal.

Cada vídeo foi identificado com um número de um a nove, e cada trecho relevante para a pesquisa foi identificado com as iniciais da pessoa que se expressou no vídeo, sendo a expressão Sem Identificação (SI) usada para uma pessoa cujo nome não foi revelado.

RESULTADOS

Os vídeos selecionados estão caracterizados no Quadro 1, a partir das categorias: expressões do ageísmo pré-existentes à pandemia; expressões de ageísmo durante a pandemia; e sentimentos e atitudes da pessoa idosa frente as repercussões do ageísmo.

A análise dos dados revelou conteúdos relacionados ao ageísmo culturalmente aceitos, ainda que velados, direcionados às pessoas idosas mesmo antes da pandemia (Quadro 2).

Quadro 2
Fragmentos das repercussões do ageísmo pré-existentes à pandemia na plataforma Youtube™. Feira de Santana, Bahia, Brasil, 2022.
Quadro 3
Fragmentos das repercussões do ageísmo durante a pandemia na plataforma Youtube™. Feira de Santana, Bahia, Brasil, 2022.

O conteúdo dos vídeos apresentou achados que demonstram o ageísmo no período pré-pandemia e a adição posterior de novos elementos ageístas, fortalecidos a partir das crises sanitária, política, socioeconômica e cultural.

As repercussões do ageísmo geraram sentimentos e revelaram atitudes de preconceito e discriminação vivenciadas pela população idosa (Quadro 4).

Quadro 4
Fragmentos dos sentimentos e atitudes das pessoas idosas frente ao ageísmo na plataforma Youtube™. Feira de Santana, Bahia, Brasil, 2022.

DISCUSSÃO

Os achados de caráter netnográfico permitiram averiguar a configuração da manifestação ageísta que estigmatiza as pessoas idosas, mediante exclusão dessa população dos espaços de aprendizagem digital, desconsideração dos modos de ser pessoa idosa, e desrespeito ao direito de terem acesso ao transporte público. Destarte, a rotulação e o estereótipo de “doente”, “débil”, “oneroso”, “improdutivo”, “descartável”, contribuíram para os maus tratos/violências, marcação como “sujeito de risco”, desrespeito ao direito da prioridade na vacinação e a deflagração de sentimentos negativos e atitudes de enfrentamento à problemática do ageísmo.

O estabelecimento de atributos normativos para categorizar pessoas naquilo que se considera comum e natural imputa em estranhamento e deterioração da identidade social1010 Hester RJ, Willians OD. “The somatic-security industrial complex: theorizing the political economy of informationalized biology”. Review of International Political Economy. 2000; 27(1):98-124. Disponível em: https://doi.org/10.1080/09692290.2019.1625801.
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, tornando-a “diferente”. A instalação desses atributos normativos pode reverter-se em estigma: o que é negativo sobre o status moral de uma pessoa em relação à outra. Tal determinação normativa impõe categorias sociais de enquadramento/encaixes forçados, permeados por estereótipos acerca da pessoa idosa, que implica em preconceito/discriminação. A exclusão derivada do estigma surpreendeu homens diagnosticados com covid-19, marcados por privilégios de classe e gênero, pouco habituados a serem rebaixados nas interações quando comparados a outros grupos1616 Souza AR, Cerqueira SSB, Santana TS, Suto CSS, Almeida ES, Brito LS, et. al. Estigma experimentado por homens com covd-19. Rev. Bras. Enferm. 2022; 75:e20210038. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2021-0038.
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.

Atitudes de exclusão podem ser concretizadas contra as pessoas idosas, revertendo-se em ageísmo1717 Organização pan-americana da saúde. Relatório mundial sobre o idadismo. 2022. Washington, D.C.:Organização Pan-Americana da Saúde; 2022. Disponível em: https://doi.org/10.37774/9789275724453.
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. Neste sentido, expressões estereotipadas acerca das percepções que se tem sobre outras pessoas com base na idade são agravadas pela intersecção de marcadores sociais de discriminação ao longo da vida: quando a pessoa estigmatizada passa a ter as mesmas crenças sobre sua identidade que aquelas de quem a estigmatiza.

Visando evitar experiências e sentimentos negativos relacionados à deterioração da imagem social, muitas pessoas idosas estigmatizadas podem assumir comportamentos/atitudes/práticas antecipadamente para responder e/ou criar barreiras e se defender do ageísmo através do retraimento, isolamento social ou até agressividade. Diante disso, é imprescindível realizar ações que promovam o autocuidado das pessoas idosas a fim de evitar déficits biopsicossociais1818 Muniz VO, Braga LCA, Araújo PO, Santana PCC, Pereira GS, Souza AR, et. al. Déficit no autocuidado entre homens idosos no curso da pandemia de covid-19: as implicações à enfermagem. Rev. Bras. Enferm. 2022;75:e20210933. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2021-0933pt
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; estratégias interinstitucionais destinadas a advogar e apoiar a população idosa a conhecer, reconhecer e estabelecer medidas eficazes de enfrentamento ao ageísmo e suas repercussões.

A ausência de respostas e/ou estratégias de enfrentamento eficazes inclui não somente aquelas que podem ser tomadas por quem sofre a estigmatização, mas aquelas que poderiam ser realizadas por todo o aparato de dispositivos públicos, o que faz com que muitas pessoas idosas ignorem as suas próprias vontades, se despersonalizem e abdiquem de seus direitos, favorecendo o crescimento do preconceito de idade como prática inadequada, mas comum. Não obstante, notou-se a perda da esperança, do sentido/propósito na vida, da imposição das marcas de assexualidade, adoecimento mental e suicídio, por julgarem-se inapropriadas para viver em coletividade na fase da velhice44 Baldassarre A, Giorgi G, Alessio F, Lulli LG, Arcangeli G, Mucci N. Stigma and Discrimination (SAD) at the Time of the SARS-CoV-2 Pandemic. Int J Environ Res Public Health. 2020 Aug 31;17(17):6341. Disponível em: 10.3390/ijerph17176341..

A rotulação da pessoa idosa na pandemia da covid-19 configurou um outro achado significativo em nosso estudo. Ressalta-se que a rotulação ageísta imputa a ideia de ser “incapaz”, favorece a discriminação1919 Santos MD, Silva MF, Velloza LA, Pompeu JE. Falta de acessibilidade no transporte público e inadequação de calçadas: efeitos na participação social de pessoas idosas com limitações funcionais. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2017; 20:161-174. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1981-22562017020.160090.
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, limita as oportunidades e repercute em sentimento de indignação diante da “impossibilidade” de aprender a usar a tecnologia, especialmente, no período de maior isolamento social e lockdown, mesmo tendo capacidade intelectual para tal e sendo evidenciado um forte avanço no número de pessoas idosas com acesso à internet, principalmente em relação ao uso dos smartphones 2020 Confederação Nacional Dirigentes Lojistas. Pesquisa uso de tecnologias e impactos da pandemia na terceira idade. 2021. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://uploads.onsize.com.br/cndl/varejosa/2021/03/15164312/Apresentac%CC%A7a%CC%83o-Uso-da-tecnologia-e-impactos-da-pandemia.pdf.
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Outro achado importante diz respeito às imagens e atitudes depreciativas da vida na velhice, que constituem o pilar de sustentação do ageísmo44 Baldassarre A, Giorgi G, Alessio F, Lulli LG, Arcangeli G, Mucci N. Stigma and Discrimination (SAD) at the Time of the SARS-CoV-2 Pandemic. Int J Environ Res Public Health. 2020 Aug 31;17(17):6341. Disponível em: 10.3390/ijerph17176341. e manifestam-se através de expressões de “doentes” e “onerosos” ao sistema de saúde, o que evidencia um grave problema social instalado, que pode colocar em risco a vida da população idosa, como visto em países como a Espanha e a Itália, que estabeleceram medidas genocidas contra as pessoas idosas em instituições asilares2121 Araújo PO, Freitas MYGF, Carvalho ESS, Peixoto TM, Servo ML, Silva LS, et al Institutionalized elderly: vulnerabilities and strategies to cope with Covid-19 in Brazil. Investigación y Educación en Enfermería. 2021; 39(1): e07. Disponível em: https://doi.org/10.17533/udea.iee.v39n1e07.
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Em alguns países, protocolos usaram explicitamente a idade como critério para a alocação e não alocação de tratamento, com limite etário para acesso à terapia intensiva e uso de ventiladores2222 Ayalon L. There is nothing new under the sun: ageism and intergenerational tension in the age of the COVID-19 outbreak. Int Psychogeriatr. 2020 Oct;32(10):1221-1224. https:// doi.org/10.1017/S1041610220000575.
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. O estabelecimento de critérios puramente etários fortalece rótulos prejudiciais à saúde, que comprometem diretamente o acesso aos serviços de saúde e interfere na qualidade da assistência à saúde2323 Forti P, Maioli F, Magni E, Ragazzoni L, Piperno R, Zoli M, et al. Risk of exclusion from stroke rehabilitation in the oldest old. Arch Physic Med and Rehab. 2018; 99(3):477-483. Disponível em: 10.1016/j.apmr.2017.08.469.. Essa má prática, mediante a tomada de decisão sobre manter ou não a vida que está respirando com a ajuda de um ventilador mecânico, na ocupação de um leito de Unidade de Terapia Intensiva, segue sendo perversa e ceifa muitas vidas, pois leva em conta, principalmente, a idade do sujeito1717 Organização pan-americana da saúde. Relatório mundial sobre o idadismo. 2022. Washington, D.C.:Organização Pan-Americana da Saúde; 2022. Disponível em: https://doi.org/10.37774/9789275724453.
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. Restrições baseadas apenas na idade cronológica reforçam a discriminação e reduzem a vida humana a números arbitrários, que desconsideram valores e escolhas. Destarte, apesar das recomendações éticas objetivarem protocolos mais justos de alocação de recursos, ainda é fundamental educar profissionais de saúde para reconhecer o ageísmo institucional2424 Soares TS, Conradi-Perini C, Macedo CPL, Ribeiro URVCO, Covid-19 e ageísmo: avaliação ética da distribuição de recursos em saúde. Rev. Bioét. 2021;29(2):242-50. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1983-80422021292461
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A negligência no cuidado e a ocorrência da violência física/psicológica em espaços de proteção, como por exemplo, as Instituições de Longa Permanência (ILPI), não ficaram ilesas de sofrer com o ageísmo. Tanto gestores quanto profissionais que atuam nesses espaços conseguem perceber a configuração da violência em algumas situações particulares: (1) violência antes da institucionalização, razão motivadora do abrigamento; (2) institucionalização como ato de violência, quando a família desconsidera a autonomia da pessoa idosa sobre desejo de ir ou não para instituição (ausência de qualquer assistência/atenção) ou quando abandona a pessoa idosa; e (3) ausência/limitação de políticas públicas, falta das ações do Estado, pouca efetivação das legislações existentes2525 Poltronieri BC, Souza ER de, Ribeiro AP. Violência no cuidado em instituições de longa permanência para idosos no Rio de Janeiro: percepções de gestores e profissionais. Saude soc. 2019;28(2). Disponivel em: https://doi.org/10.1590/S0104-12902019180202.
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Diante disso, a população idosa institucionalizada que já sofria com os efeitos do isolamento e da negligência social2626 Araújo PO, Guimarães MYSF, Carvalho ESS, Peixoto TM, Silva MLS, Santana LS, Silva JMS, Moura JCV. Idosos institucionalizados: vulnerabilidades e estratégias de enfrentamento à COVID-19 em Brasil. Educ. Enferm. 2021;39(1). Disponível em: https://doi.org/10.17533/udea.iee.v39n1e07
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viu-se vítima da discriminação, através do discurso midiático que revelava falas excludentes, de não aceitação social, provocadora de vergonha da identidade, auto-ódio, autodepreciação e autoisolamento1010 Hester RJ, Willians OD. “The somatic-security industrial complex: theorizing the political economy of informationalized biology”. Review of International Political Economy. 2000; 27(1):98-124. Disponível em: https://doi.org/10.1080/09692290.2019.1625801.
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Se por um lado havia uma narrativa de que a população idosa era a mais acometida pela covid-1933 Bravo-Segal S, Villar F. La representación de los mayores en los medios durante la pandemia COVID-19: ¿hacia un refuerzo del edadismo?. Rev Esp de Geriatr Gerontol. 2020; 55(5):266–271. Disponível em: 10.1016/j.regg.2020.06.002., por outro, havia a representação do “sujeito vulnerável”, “perigoso” e “descartável”, passando a ser o “outro” da pandemia. Neste sentido, as pessoas idosas seriam às únicas capazes de morrer pela doença ou de transmiti-la, ideia que se perpetuou por um longo período de disseminação da doença44 Baldassarre A, Giorgi G, Alessio F, Lulli LG, Arcangeli G, Mucci N. Stigma and Discrimination (SAD) at the Time of the SARS-CoV-2 Pandemic. Int J Environ Res Public Health. 2020 Aug 31;17(17):6341. Disponível em: 10.3390/ijerph17176341.. Como consequência, observou-se ausência de prioridade nos investimentos na saúde dessas pessoas44 Baldassarre A, Giorgi G, Alessio F, Lulli LG, Arcangeli G, Mucci N. Stigma and Discrimination (SAD) at the Time of the SARS-CoV-2 Pandemic. Int J Environ Res Public Health. 2020 Aug 31;17(17):6341. Disponível em: 10.3390/ijerph17176341., o que levou ao cerceamento do direito e da oportunidade da população idosa de se beneficiar de medidas terapêuticas.

Neste sentido, é urgente a inserção dos princípios da geriatria/gerontologia como estratégia de enfrentamento do ageísmo: avaliação clínica-funcional; implementação de cuidados individualizados às pessoas idosas/famílias; combate ao estigma da velhice, do envelhecimento e o ageísmo2727 Cesari M, Proietti M. COVID-19 in Italy: ageism and decision making in a pandemic. J Am Med Dir Assoc, 2020; 21(5):576-577. Disponível em: https://doi.org/10.1016%2Fj.jamda.2020.03.025.
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; e investimento no letramento em saúde mental para se reconhecer distúrbios específicos e sofrimento psíquico e buscar ajuda profissional2828 Moreira WC, Souza AR, Cardoso RSS, Queiroz AM, Oliveira MAF, Sequeira CAC. Covid-19 no Brasil: existem diferenças no letramento em saúde mental entre homens jovens e idosos?. Rev. Latino-Am. Enferm. 2022:30:e3603. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1518-8345.5651.3603.
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Combater o ageísmo envolve direcionar o cuidado às pessoas idosas nas suas necessidades de saúde física, mental e social; avaliar as especificidades do sujeito, seu contexto, autonomia e independência, cumprimento de direitos e deveres e, principalmente, respeito às individualidades, limitações e potencialidades de cada sujeito. Significa ainda estabelecer um pacto social de educação como pilar de reconexão, respeito e empatia intergeracional.

As contribuições deste estudo para geriatria/gerontologia são: evidenciar a necessidade de difundir os conhecimentos sobre o ageísmo, as repercussões e formas de combate a esse fenômeno que, embora antigo, foi originalmente evidenciado em 1969 pelo psiquiatra e gerontólogo Butler2929 Butler RN. Age-ism: Another form of bigotry. The Gerontologist. 1969 [acesso em 2022 jul 17]; 9(4):243-246. Disponível em: https://academic.oup.com/gerontologist/article-abstract/9/4_Part_1/243/569551? redirectedFrom=fulltext&login=false., e potencializado durante a pandemia da covid-19. Além disso, suscita o desenvolvimento/implementação de políticas públicas focais, capazes de incluir a pessoa idosa e respeitar seus direitos.

As limitações do estudo são: busca dos vídeos em apenas uma plataforma; e o recorte temporal, já que, pelo fato de a pandemia não ter acabado até a finalização deste estudo, outros vídeos continuam sendo publicados na plataforma. Para o aprofundamento desses fenômenos, fazem-se necessários estudos futuros, a partir de dados primários, que escutem as pessoas idosas a respeito das repercussões do ageísmo.

As implicações para a prática geriátrico-gerontológica residem em: reconhecimento das situações de ageísmo e estigma que circundam as relações sociais; adoção de posturas autovigilantes para evitar a ocorrência de consequências deletérias; remediação de situações traumáticas, inclusive pós-pandêmicas.

Assim, as pessoas idosas vão em busca do bem-estar de forma ativa, para continuarem suas vidas da melhor forma possível, com troca de conhecimentos e experiências, atividades diversas que ajudam financeiramente, relaxam e auxiliam na ressignificação da vida, conforme se veem como sujeitos capazes, com autoestima elevada e afeição pessoal3030 Volz PM, Bruck NRV, Saes MO, Nunes BP, Duro SMS, et al. A inclusão social pelo trabalho no processo de minimização do estigma social pela doença. Saúde e Sociedade, 2015; 24(3):877-886. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-12902015130040.
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CONCLUSÕES

As repercussões do ageísmo direcionadas às pessoas idosas envolvem as esferas sociais geradas a partir do isolamento social como medida de contenção da pandemia; sentimentos de inutilidade e autodepreciação; o descumprimento dos direitos das pessoas idosas pelas instituições; conflitos geracionais entre idosos e jovens; repercussões no estilo de vida, já que deixam de realizar suas atividades comuns de vida diária por se sentirem incapazes e pelo esforço em usar cada vez mais a tecnologia enquanto meio de comunicação; e repercussões na saúde, pois as pessoas idosas são vítimas de negligência e imprudência dentro das instituições de saúde. Essas repercussões podem ocasionar sequelas de ordem física, cognitiva, social e psíquica, cujo tempo de permanência e desdobramentos necessitam de futuras investigações.

As demandas trazidas por este estudo afirmam a necessidade da desconstrução da ideia que envelhecer é um processo penoso e de sobrevivência, da necessidade de maior inclusão socioprofissional e midiática dos conteúdos apropriados, com foco na educação em saúde para o aumento do letramento digital. Também é essencial ensinar medidas de enfrentamento para que as pessoas idosas saibam manejar situações preconceituosas.

Profissionais gerontólogos precisam atuar através de uma clínica ampliada, com foco na terapêutica das repercussões psicossociais frente ao estigma social e a discriminação, que foram potencializados ao longo da pandemia, através do emprego de compaixão, empatia e solidariedade.

  • Financiamento da pesquisa: Pró Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação da Universidade Estadual de Feira de Santana (PPPG-UEFS) através do Programa de Apoio à Pós-Graduação (Proap) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (Capes)

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Editado por

Editado por: Yan Nogueira Leite de Freitas

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Ago 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    06 Mar 2023
  • Aceito
    24 Maio 2023
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