Vacinação contra covid-19 em pessoas idosas: informações veiculadas pela mídia jornalística

Resumo

Objetivo

Avaliar o conteúdo midiático produzido acerca da vacinação contra a covid-19 direcionada à pessoa idosa no Brasil.

Método

Trata-se de uma pesquisa documental a partir da análise de 19 matérias veiculadas pelos jornais Estadão, Folha de S. Paulo, O Globo e GAÚCHAZH, publicadas entre dezembro de 2020 e setembro de 2021. Os dados foram submetidos ao software Iramuteq, analisados pela Classificação Hierárquica Descendente (CHD) e interpretados por Análise de Conteúdo.

Resultados

O corpus originou cinco classes temáticas. Nestas, verifica-se a difusão das informações sobre a vacinação contra a covid-19 para idosos como uma medida necessária à saúde dessa população, o que justifica a intensa veiculação de notícias acerca da campanha vacinal. As matérias evidenciaram a organização das políticas de imunização, bem como os benefícios da mesma para o referido público, sobretudo àqueles que se encontravam institucionalizados. Além disso, a vacina emergiu como protagonista na luta para conter a disseminação do coronavírus, aumentando a proteção dos residentes das instituições de longa permanência para idosos e, inegavelmente, diminuindo a mortalidade dos mais velhos.

Conclusão

Os achados salientam a indispensabilidade de fomentar políticas para promoção da saúde pelos meios de comunicação mais diversos, permitindo o acesso a informações em saúde por todos os públicos e reforçando a urgência de práticas coletivas de cuidado ofertadas às pessoas idosas, incluindo àquelas residentes em instituições.

Palavras-Chave:
Covid-19; Idoso; Mídias Jornalísticas; Vacina; Promoção da saúde; Instituição de Longa Permanência para Idosos

Abstract

Objective

To evaluate the media content produced about vaccination against covid-19 aimed at the older population in Brazil.

Method

A desk research study based on the analysis of 19 articles published by the newspapers Estadão, Folha de S. Paulo, O Globo and GAÚCHAZH between December 2020 and September 2021. The data were processed by the Iramuteq software, analyzed using Descending Hierarchical Classification (DHC) and interpreted by Content Analysis.

Results

The corpus yielded five thematic classes. These classes revealed the dissemination of information about vaccination against covid-19 for older people as a necessary measure for the health of this population, justifying the intense reporting of news on the vaccination campaign. The articles highlighted the organization of immunization policies, as well as their benefits for the older population, especially institutionalized individuals. In addition, the vaccine emerged as a key element in the fight to contain the spread of the coronavirus, increasing the protection of older residents of long-term care facilities and, undeniably, reducing the mortality of this population.

Conclusion

The findings highlight the importance of disseminating health promotion policies across a wide variety of communication channels, allowing access to health information by all audiences and reinforcing the urgency of collective care practices offered to older people, including those residing in institutions.

Keywords
Covid-19; Older people; News Media; Vaccine; Health promotion; Long-Term Care Facility for the Elderly

INTRODUÇÃO

A covid-19 é uma doença infecciosa, de alta transmissibilidade, causada pelo vírus SARS-CoV-2. Cerca de 3 meses desde que os primeiros casos foram relatados em dezembro de 2019 em Wuhan, na China, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a situação como sendo pandêmica¹,². Tornou-se, assim, o maior desequilíbrio mundial de saúde dos últimos 100 anos³,⁴.

Desse modo, medidas de distanciamento social e proteção individual foram implantadas ao redor do mundo, além da higiene das mãos e etiqueta respiratória. Os esforços massivos de autoridades para a efetivação de políticas públicas e sanitárias e, consequentemente, a prevenção de novos surtos buscaram evitar os altos índices de mortalidade ocasionados⁵.

No ano de 2020, os longevos representaram aproximadamente 53% dos óbitos ocasionados pela doença no Brasil, logo se caracterizando como um dos grupos mais frágeis para a enfermidade⁶,⁷. Considerando que o envelhecimento é um processo natural que ocasiona diversas mudanças biopsicossociais no indivíduo, potencializam as chances de este desenvolver doenças crônicas e/ou declínio funcional. Tais fatores, diante da doença do coronavírus, atuam como risco potencial em tal população⁷,⁸.

No que tange aos residentes de instituições de longa permanência para idosos (ILPI), a situação ocasionada pela doença do coronavírus pareceu ainda mais perigosa. Os residentes, em sua maioria, apresentam comorbidades crônicas, aumentando a sua fragilidade e, consequentemente, as chances de quadros graves⁸,⁹.

Nesse âmbito, a busca por tratamento e vacina contra a covid-19 figuraram como alternativas para vencer a pandemia¹⁰. Embora o desenvolvimento de imunobiológicos demande tempo, buscou-se garantir a sua eficácia e efetividade num intervalo mínimo¹¹.

Desde a aprovação pelas agências internacionais, a vacinação contra a covid-19 tem merecido destaque, sendo os imunos ofertados de forma gratuita para os cidadãos brasileiros⁵. Tornou-se a principal ferramenta para o combate do novo vírus, bem como apresenta potencial para mudar a dinâmica observada, diminuindo o número de casos graves e internações, possibilitando proteção efetiva⁶,¹⁰.

Inicialmente, os grupos prioritários foram profissionais da saúde, povos indígenas e pessoas acima de 60 anos institucionalizadas¹². Ao longo do tempo, a logística do plano de operacionalização da vacinação foi adaptada de acordo com as necessidades de cada localidade, permitindo a intensificação das medidas vacinais¹³. Corroborando com as ações de biossegurança nas ILPI, a imunização ocorreu de forma que o deslocamento e exposição a riscos fossem minimizados, sendo a aplicação realizada nos próprios recintos¹⁴,¹⁵.

Evidências sobre o impacto da vacina em nível populacional estão se acumulando. Os meios de comunicação apontam mudanças na dinâmica da pandemia, divulgadas pelos órgãos governamentais ao redor do mundo, que incluem a diminuição do número de casos e internações entre idosos e demais grupos populacionais. Entretanto, deve-se enfatizar e comunicar ao público a necessidade de adesão ao esquema recomendado de doses de vacinas contra a covid-19, auxiliando na proteção em massa¹⁶.

Nesse contexto, destaca-se a preocupação com as informações perpassadas na mídia acerca da imunização de idosos. Embora tenham sido documentados grandes feitos da vacinação, ainda se percebe forte correlação entre o número de mortes por covid-19 em pessoas que vivem na comunidade e os residentes de casas de repouso, destacando a importância da transmissão comunitária, apesar de todas as medidas para proteger os moradores de tais instituições¹⁷.

Desde o início da pandemia, inúmeras reportagens foram difundidas em veículos de comunicação jornalística sobre o tema. Diante desse cenário, buscou-se conhecer melhor o que vinha sendo difundido sobre a vacinação contra a covid-19 em publicações nacionais. As campanhas de vacinação em massa, incentivadas pela mídia, permitiram a modificação do cenário brasileiro, quiçá mundial, com diminuição da morbimortalidade pelo coronavírus. Tal fato denota a influência de abordagens jornalísticas no senso comum, que acabou por fortalecer a adesão aos imunos. Nessa conjuntura, o presente artigo se propõe a avaliar o conteúdo midiático produzido acerca da vacinação contra a covid-19 direcionada à pessoa idosa no Brasil.

MÉTODO

Tratou-se de uma pesquisa documental, de caráter descritivo e exploratório, realizada mediante a coleta de notícias disponíveis na internet, utilizando como fonte de dados reportagens publicadas nos jornais Estadão, Folha de S. Paulo, O Globo e GAÚCHAZH.

Segundo informações do Instituto Verificador de Circulação (IVC Brasil) para os anos de 2020/2021, estes foram os jornais brasileiros de maior interesse geral, levando-se em consideração o seu grau de circulação e o número de tiragem diária, motivo pelo qual foram escolhidos como fontes de busca no presente estudo. O IVC Brasil é uma entidade nacional responsável pela auditoria multiplataforma de mídia. Objetiva fornecer dados sobre comunicação, circulação, eventos e outros, interligando números de diversas audiências às agências do setor¹⁸.

Como instrumento, utilizou-se do recurso de busca oferecido pelo sítio dos portais desses jornais, sob condição de assinatura do serviço de cada um deles, uma vez que o acesso ao acervo era limitado para não assinantes. Desse modo, as expressões “vacinação em idosos” e “covid-19” foram selecionadas como descritores, considerando o período de busca de dezembro de 2020 a setembro de 2021. O recorte temporal foi necessário, tendo em vista o vasto número de textos jornalísticos sobre adolescentes e jovens, os quais passaram a ser foco prioritário de ações vacinais. Foram incluídas as reportagens ou notícias em colunas que tratassem do assunto e estivessem disponibilizadas online integralmente. Excluiu-se todo o material que abordasse o tema com outro público ou intuito, ou ainda que não se tratassem de textos jornalísticos, como propagandas e anúncios.

As notícias foram selecionadas de acordo com o título, lidas e sistematizadas em planilha digital, contendo as seguintes informações: jornal, data de publicação, título, tipo, link para acesso à matéria e temática. Para o processamento dos dados, elaborou-se o corpus de análise a partir das matérias selecionadas, construído em arquivo único de texto o qual abarcava a íntegra das matérias escolhidas.

O tratamento do banco de dados foi realizado por meio do software gratuito IRAMUTEQ (Interface de R pour analyses Multidimensionelles de Textes et de Questionnaires), que permite a realização de análises estatísticas sobre corpus textuais e tabelas indivíduos/palavras, organizando e evidenciando os elementos considerados mais expressivos¹⁹.

Nesse estudo, utilizou-se o método da Classificação Hierárquica Descendente – CHD, pelo qual os segmentos de texto são classificados em função dos seus respectivos vocabulários. A partir de matrizes, cruzando segmentos de textos e palavra, obtém-se uma classificação estável e definitiva, demonstrando as classes e organizando os dados em um dendrograma¹⁹. Prosseguiu-se com a análise do conteúdo, que possibilitou a inferência e interpretação dos resultados.

O relatório gerado pelo IRAMUTEQ classificou como relevante 73,41% do material. Para garantir um resultado fidedigno, é aceitável a classificação de, pelo menos, 70% das unidades textuais¹⁹. A partir da análise dos dados levantados, foi produzido o agrupamento das palavras, o qual será apresentado por meio de um dendrograma.

RESULTADOS

A pesquisa resultou em 190 notícias. Destas, foram selecionadas 19, que se adequavam aos critérios de inclusão. A maior parte foi publicada no jornal Estadão (42%). No que se refere ao tipo de notícia, observou-se uma maior quantidade de publicações do tipo reportagem em relação à coluna. Esses achados estão descritos na Tabela 1.

Tabela 1
Frequência das notícias sobre vacinação contra a covid-19 para pessoas idosas, segundo o jornal. João Pessoa/PB, 2022.

Notícias selecionadas por jornal			Tipo e n° de Notícias
O Globo	6 (32%)	Coluna Reportagem	2 4
Estadão	8 (42%)	Coluna Reportagem	3 5
Folha de São Paulo	1 (5%)	Coluna Reportagem	0 5
GaúchaZH	4 (21%)	Coluna Reportagem	0 4

• Fonte: elaborado pelas autoras.

A análise do corpus textual verificou 13.262 ocorrências de palavras, sendo 3061 formas distintas. O corpus foi dividido em 361 unidades de contexto elementares (UCE) e, destas, 265 (73,41% do total de palavras) foram equiparadas por meio da CHD dos segmentos textuais, indicando o grau de afinidade semântica das classes resultantes.

O corpus foi dividido torno de dois grandes eixos distintos: Organização das políticas de vacinação contra a covid-19, que concentrou 54% do conteúdo total de UCE analisadas; e Benefícios da vacinação para residentes de ILPI, o qual agrupou 46% do conteúdo analisado. A Figura 1 apresenta as cinco classes oriundas das partições do corpus.

Figura 1
Dendrograma com eixos temáticos da vacinação para pessoas idosas em mídias jornalísticas. João Pessoa (PB), 2022.

Classe 3: Diretrizes iniciais para a vacinação

Nessa classe, as matérias enfatizam o início da vacinação no Brasil e no mundo, discutindo a distribuição das vacinas à população, bem como a logística para determinar os grupos prioritários a receberem o imunizante contra a covid-19, conforme demonstram os trechos a seguir:

“O Reino Unido começou a vacinação em 8 de dezembro, após aprovar a vacina da Pfizer. Cerca de 400 mil idosos e profissionais de saúde fazem parte da campanha inicial; idosos em instituições de longa permanência e funcionários são prioridade” (Estadão, 14/12/2020).

“Cada estado estabeleceu um plano de vacinação. Pelas regras do Rio de Janeiro, apenas profissionais de saúde e idosos de alguns asilos podem tomar as pouco mais de 480 mil doses de imunizantes neste primeiro momento” (Folha de São Paulo, 22/01/2021).

As notícias retratam, ainda, como os municípios, estados e o governo federal brasileiro, além da experiência de países europeus, sistematizaram o início da campanha da referida vacina. Além disso, denotam que os longevos residentes em instituições, grupo de alta vulnerabilidade para covid-19, foram priorizados logo de início nas distintas localidades.

Os profissionais de saúde, incluindo os que exerciam suas atividades laborais em ILPI, também foram priorizados devido à necessidade de cuidados e proteção aos residentes desses locais.

Classe 5: Organização da campanha de vacina

Observou-se que o panorama global das campanhas de vacinação contra a covid-19 foi bastante pontuado na mídia jornalística. Desse modo, a classe 5 aponta o planejamento e trâmites legais que ocorreram para a aquisição das vacinas e disponibilização à sociedade. No caso do Brasil, o SUS (Sistema Único de Saúde) possibilitou que a imunização ocorresse nos mais variados lugares do território nacional.

“O Brasil é referência mundial em programas de imunização em larga escala e possui um sistema público de saúde, o SUS, que tem possibilidades de chegar a cantos remotos de um país com território continental” (Estadão, 14/12/2020).

“Nesse período, a vacina já pode ter poupado a vida de até 58 mil habitantes com 60 anos ou mais, conforme apontam projeções elaboradas pelo epidemiologista Marcelo Gomes” (O Globo, 18/07/2021).

A mídia também pontuou a necessidade de investir na imunização em massa, já que os estudos ao redor do mundo demonstravam que o início da vacinação proporcionou cenários favoráveis à população, especialmente pessoas idosas, com a redução de hospitalizações e de casos graves. A organização das campanhas no Brasil e em outros países necessitou de investimentos financeiros em grande escala. Em contrapartida, evitou mortes e reduziu os custos com internações prolongadas.

Classe 4: Consequências de ações tardias de imunização

As matérias selecionadas nesta classe se remetem às consequências propiciadas pela morosidade para o início da vacinação em diversos países. Esse fato resultou na piora da situação pandêmica, crescente número de hospitalizações e alto índice de mortalidade.

“Os dados da pandemia na Flórida mais esparsos desde que o estado encerrou a emergência contra covid-19 revelam apenas informações limitadas sobre quem está morrendo. Os hospitais disseram que mais de 90% de seus pacientes não foram vacinados” (Estadão, 30/08/2020).

“Caso a vacinação não tivesse iniciado, o Rio de Janeiro poderia estar hoje às voltas com picos diários de mais de 350 mortes, enquanto a média móvel de mortes dos últimos 7 dias se encontra abaixo da marca de 120 notificações” (O Globo, 18/07/2021).

Percebe-se através dos trechos que adotar uma postura preventiva por meio de ações de imunização pode evitar consequências negativas para pessoas idosas e outros grupos populacionais. A mídia destaca, inclusive, que condutas tardias logram grande entrave à promoção da saúde, impedindo a execução de intervenções que garantam bem-estar, contrapondo-se aos resultados positivos verificados em localidades nas quais a vacinação ocorreu de maneira precoce.

Classe 2: Vacinação nas ILPI

A classe 2 constitui-se como a maior de todas as classes, compondo o segundo eixo de análise, tratando diretamente no que tange às vacinas contra a covid-19 para os residentes de ILPI. Verifica-se que o início da vacinação nas ILPI de todo o mundo tornou-se prioridade devido aos seus residentes representarem grande preocupação pelos altos índices de infecções, transmissibilidade e acometimentos graves.

“A imunização será feita com cinco fases: na primeira, serão vacinados 650 mil idosos em ILPI; na segunda, pessoas com mais de 75 anos e mais de 65 anos com comorbidades” (Estadão, 14/12/2020).

“São 90 idosos e 120 trabalhadores de ILPI. Significa literalmente a vida, porque eles não são grupo de risco, mas sim um grupo de altíssimo risco. Eles estão confinados há 10 meses” (GaúchaZH, 19/01/2021).

A fragilidade de pessoas idosas residentes em instituições de longa permanência ocorre por diversos fatores, tornando-os prioridade dentre todas as prioridades. O processo de envelhecimento, algumas comorbidades, imunossenescência e o convívio próximo com outros longevos atuam negativamente na saúde destes, o que demanda cuidados estritos diante de uma pandemia de tal magnitude.

Classe 1: Conquistas oriundas da imunização

A classe 1 exprime os benefícios que vacinação contra a covid-19 proporcionou aos residentes em ILPI. Embora toda a população tenha sofrido os impactos provocados pela pandemia, seja a nível econômico, físico, mental e social, pessoas idosas desenvolveram sintomas mais graves da doença, especialmente aquelas institucionalizadas.

“Após quase um ano sem abraços e beijos da família e dos amigos, essa turma que já passou dos 60, 70 anos pode receber a primeira dose” (O Globo, 16/01/2021).

“Estamos muito felizes por ter saído depois de um ano e 10 dias, já era hora! É uma injeção de vitalidade, de ilusão, de otimismo tremendo” (Estadão, 25/02/2021b).

Como pode ser visto, após o início da vacinação, visitas familiares e momentos de interação entre os idosos, que haviam sido suspensos para evitar contaminação e surtos locais puderam ser retomados, modificando o cenário de insegurança, solidão e medo frequentemente encontrado. Tais ideias remetem ao panorama vivenciado por longevos que se já encontravam longe das suas famílias, sem direito ao convívio e interação com os demais moradores de abrigos para os mesmos.

De acordo com a Classificação Hierárquica Descendente, por meio da relação entre as classes (Figura 1), as notícias acerca da vacinação contra a covid-19 demonstraram que a sua realização em massa é defendida pelas mídias jornalísticas como uma solução para a conjuntura imposta pela doença, ocasionando diversos benefícios para a população em geral e, especialmente, aos residentes das ILPI, permitindo a melhoria da qualidade de vida.

O conteúdo midiático produzido acerca da vacinação contra a covid-19 direcionada à pessoa idosa no Brasil é construído e perpassado por meio de uma rede de informações, influenciando positivamente na adesão à vacinação, pois mesmo que a pessoa idosa saiba da sua importância, muitas vezes depende de terceiros para que o ato de ser vacinado se consolide, denotando ainda mais a necessidade de a mídia tratar do assunto amplamente.

DISCUSSÃO

O sentido produzido nas matérias analisadas acerca da vacinação contra a covid-19 traz à tona as ideias que tratam sobre a organização das políticas para implementação da vacina no Brasil e os principais benefícios para idosos. No que tange a ação do referido imunobiológico, sua administração foi realizada com o intuito de diminuir o risco de gravidade da infecção, merecendo destaque em todos os jornais consultados.

Os resultados do presente estudo sugerem que o conteúdo das notícias retrata a vacina como medida eficaz contra a doença do coronavírus. A logística para a distribuição da mesma figurou como importante fator, pois garantiu que a população, incluindo localidades remotas, tivessem acesso ao imuno através do SUS. Desse modo, um plano de operacionalização para o início da vacinação, conforme destacou a Classe 3, foi essencial.

Experiências vacinais são tidas como umas das estratégias de intervenção em saúde mais eficazes e bem-sucedidas para a população no combate às doenças infecciosas. É possível entender que a sua implementação, atrelada a outras perspectivas que visam a proteção à saúde, se constitui como elemento promissor para mitigar a disseminação da covid-19²⁰.

Sendo assim, denota-se que os feitos experienciados através da vacinação influenciam positivamente na dissociação da doença à morte. Considerando que as vacinas podem prevenir desfechos graves e hospitalizações, modificando o status quo de pandemia para o de endemia, é necessário que os órgãos de saúde pública tracem medidas estratégicas para que toda a população seja vacinada, objetivando a imunidade máxima a nível global²¹,²².

Sobre tais condições, o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a covid-19 encontra desafios em seu percurso, como a disponibilidade de dados populacionais atualizados, já que o último censo realizado no país ocorreu há 12 anos²³,²⁴. Isso demanda maiores esforços das unidades federativas e municípios, uma vez que dificulta o gerenciamento da população já vacinada e/ou que ainda necessita de imunização.

Dessa forma, a estratégia mais eficaz para estruturar campanhas de saúde baseou-se no uso de abordagens de microplanejamento, que consiste em um conjunto de ações estratégicas e métodos que congregam informações locais, análise de logística, instrumentos de monitoramento e bases de dados populacionais²³-²⁵. Através dele, mapeou-se a população-alvo e as ações mais diligentes para o alcance dos grupos prioritários²⁶,²⁷.

Vale destacar que a vacinação contra a covid-19 pode requerer diferentes estratégias devido à oferta de fabricantes diversos, faixa etária e grupos, bem como a realidade de cada localidade²⁷. Mesmo assim, considerando o seu potencial para conter doenças infectocontagiosas, é imprescindível a estruturação de campanhas tão logo os imunos estejam disponíveis²⁸.

A busca pela estruturação e organização de campanhas de vacina tem como intuito a otimização do processo vacinal, conferindo imunidade à população o mais rápido possível e impedindo que as moléstias continuem a se disseminar. Nesse interim, a classe 5 destaca o contexto do planejamento brasileiro.

Não se pode negar que países mais ricos, especialmente a China e o Japão, utilizaram fortemente da tecnologia para auxiliar na realização de cadastros e verificação de vacinados, garantindo maior segurança e cumprimento dos protocolos preconizados²⁹. Isso contribui para que os mesmos sejam cumpridos e as metas alcançadas em menor espaço de tempo.

Diversos estudos apontam que após o início da campanha de vacinação, houve redução considerável de infecções pelo vírus, internações e mortalidade¹³,¹⁵,¹⁶. Há de se ponderar, no entanto, que as mesmas não só diminuem o número de casos, mas possibilitam a restauração das atividades socioeconômicas³⁰. Países com maiores economias tiveram campanhas de vacinação mais efetivas, com alta cobertura da população adulta, o que proporcionou relaxamento nas restrições e o retorno de atividades antecipadamente³¹.

Nesse sentido, um dos aspectos fundamentais para o sucesso da imunização em massa é a informação. A população necessita conhecer os seus benefícios para que possa fazer adesão à mesma³². Aqueles países que não adotaram medidas efetivas para imunização contra covid-19, incluindo à educação em saúde, acabaram por sofrer consequências negativas devido as ações tardias, conforme exposto pela classe 4.

A limitada adesão de países da América do Sul, no que tange a medidas eficazes para o combate do vírus, favoreceu a este, com taxas de transmissão e mortalidade mantendo-se crescentes ao longo dos meses³³. Esse assunto foi recorrente nas matérias, evidenciando que o enfrentamento à covid-19 ocorreu de maneira particular em diferentes localidades.

Sobre tal aspecto, no Brasil, não houve padronização e nem integração entre municípios e estados, o que contribuiu para variações na tomada de decisões e, consequentemente, das divergências no número de casos e de mortes em todo o território nacional, não impedindo que os índices de contaminação continuassem crescendo³³. Além disso, riscos como o constante aumento de hospitalizações e mortes, somada a dificuldade de combater variantes do novo coronavírus, geram custos cada vez maiores ao setor saúde e demais¹³.

Destaca-se que a tomadas de decisão tardias, que não seguiram as diretrizes recomendadas pela OMS, assim como a adoção de políticas de saúde ineficientes, acarretam em consequências não somente à população local, mas também comprometem a imunidade geral, podendo causar surtos localizados ou em populações específicas³³.

Nessa conjuntura, no início da pandemia, mais precisamente durante a primeira onda da covid-19, as ILPI de todo o mundo foram os locais mais atingidos por surtos da doença³³. A ausência de planos de ação e políticas públicas direcionadas à situação contribuiu para que milhares dos residentes nesses locais adoecessem gravemente e/ou viessem a óbito. As notícias que tratam desse aspecto foram dispostas na Classe 2, evidenciando que a principal responsável pela significativa mudança do cenário vigente foi a vacinação.

Após o início das campanhas vacinais, observa-se na população idosa a retomada do otimismo e da rotina, que aos poucos foi sendo recuperada dentro do que foi chamado “novo normal”³⁴. Desse modo, é inegável que a pandemia reforçou as preocupações com ambientes que abrigam pessoas idosas, incluindo as ILPI, em razão desses espaços congregarem geralmente pessoas mais fragilizadas. Isso requer a necessidade de atualização científica constante, fundamentando ações direcionadas à prevenção da contaminação por SARS-CoV-2, possibilitando o seu enfrentamento e mantendo o respeito à pessoa idosa, cuidadores, familiares e aos trabalhadores¹⁴.

Estudos comprovam o impacto positivo da imunização¹⁵,¹⁶. Apenas uma dose da vacina contra a covid-19 em moradores das ILPI resultou na redução entre 40-50% das infecções, enquanto o esquema completo apresenta proteção de 80 a 90%. No que tange aos casos graves, foi observada a diminuição de 95% na admissão hospitalar e 97% no risco de mortalidade³⁵.

O potencial da proteção, principalmente para os indivíduos mais fragilizados, resgatou também a esperança e possibilidade de interação social, como retratado nas notícias que compõem a Classe 1. Considerando que estes passaram a pandemia de maneira demasiadamente solitária, as incertezas diante do novo vírus, além do medo, vão sendo superados a partir da imunização.

Não obstante, residentes idosos das ILPI, de certa forma, já se encontram isolados do convívio social, mantendo contato apenas com outros moradores, funcionários e familiares que os visitem regularmente. Com a pandemia, as notícias confirmam que o distanciamento foi ainda mais potencializado; somente após a aplicação de duas doses da vacina é que as medidas de isolamento e distanciamento social foram afrouxadas, retomando o contato seguro, o que simboliza, para muitos, o retorno à vida.

Desse modo, é possível considerar a influência dos meios de comunicação na escolha de assuntos a serem discutidos socialmente. De um lado, foram noticiadas as dificuldades enfrentadas por pessoas idosas mais fragilizadas, bem como as políticas de saúde para organização da campanha de vacina, que enfrentou alguma resistência de governos e população, enfraquecendo o seu planejamento; de outro, os benefícios conquistados por locais que implementaram as campanhas previamente foram utilizados para justificar a necessidade ímpar da adoção de tais ações, denotando as vantagens da sua concretização.

Não obstante, a veiculação das informações através da mídia jornalística contribuiu para a construção da imagem da vacina enquanto fundamental para a manutenção da saúde na sociedade, ampliando o conhecimento sobre a mesma e, inegavelmente, influenciando na escolha pela imunização.

Como limitações do estudo, aponta-se a utilização de texto escrito, apenas, uma vez que o repertório de imagens das notícias não foi objeto de análise, além do viés temporal da informação.

CONCLUSÃO

O estudo evidenciou como a mídia jornalística repercutiu o início da vacinação contra a covid-19, além das medidas adotadas e os seus impactos para a população. Os resultados ora apresentados indicam que a campanha vacinal foi extensamente noticiada, com matérias que exploravam como pessoas idosas encontravam-se em prejuízo quando não vacinados, além do ganho gerado pela aplicação de vacinas.

Nesta perspectiva, ações dirigidas à população idosa em geral e aos residentes de ILPI, grupo prioritário para recebimento das vacinas desde o início, indicam que o fenômeno global pandêmico reforçou a necessidade de um cuidado gerontológico qualificado, reacendendo a indispensabilidade de ressignificar as ações de atenção ao longevo.

Outrossim, as notícias apontaram como consequências pelo início tardio da vacinação a alta morbimortalidade, além de outros entraves sofridos pela população como um todo. Dessa forma, observa-se a vacina contra a covid-19 como protagonista na luta para conter a disseminação do vírus, proporcionando esperança de melhores momentos para a população idosa diante da ocasião particular vivida mundialmente.

Destarte, compreender o panorama abarcado sobre o tema ao longo do período da vacinação contra a covid-19 possibilita a reflexão sobre a proposição de tais medidas para a saúde, o que refletirá na qualidade da assistência, satisfação com os serviços prestados, redução de casos e prevenção da doença.

• Não houve financiamento para a execução desse trabalho.

REFERÊNCIAS

• ¹
  Ide, T. COVID-19 and armed conflict. World Development 2021; 140: 105-355.
• ²
  Garcia, LP, Duarte, E. Intervenções não farmacológicas para o enfrentamento à epidemia da COVID-19 no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2020; 29(2): 2020-2022.
• ³
  Souza, JB, Madureira, VSF, Friestino, JKO, Tombini, LHT, Tomasi, YT, Konrad, AZ. Repercussões da COVID-19 e as possibilidades para promover saúde: reflexões com estudantes de enfermagem. Revista Enfermagem UERJ 2021; 29: e60256.
• ⁴
  Souza, A, Abreu, MC, Oliveira-Júnior, JF, Fernandes, WA, Aristone, F, Souza, DM et al. Generalized models and the impacts of population density on COVID-19 transmission. J. Health NPEPS 2021; 6(2): 1-23.
• ⁵
  Bal, R, Graaff, B, Bovenkamp, HV, Wallenburg, I. Practicing Corona – Towards a research agenda of health policies. Health Policy 2020; 124(7): 671-673.
• ⁶
  Ruiz, CAA, Albino, ZR, Becerra, PS, Victoria, JH, Colmenares, FMR, Huacani, ER, et al. Effects of vaccination against COVID-19 on the emotional health of Peruvian older adults. medRxiv 2022.
• ⁷
  Souto, EP, Kabad, J. Hesitação vacinal e os desafios para enfrentamento da pandemia de COVID-19 em idosos no Brasil. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia 2021; 23(5):e210032.
• ⁸
  Danis, K, Fonteneau, L, Georges, S, Daniau, C, Bernard-Stoecklin, S, Domegan, L, et al. High impact of COVID-19 in long-term care facilities, suggestion for monitoring in the EU/EEA, May 2020. Eurosurveillance 2020; 25(22): 2000956.
• ⁹
  Crotty, F, Watson, R, Lim, WK. Nurses homes: the titanic of cruise ships – will residential aged care facilities survive the COVID-19 pandemic? Internal Medicine Journal 2020; 50(9): 1033-1036.
• ¹⁰
  Dey, SK, Rahman, M, Siddiqi, UR, Howlader, A, Tushar, A, Qazi, A. Global landscape of COVID-19 vaccination progress: insight from an exploratory data analysis. Human vacines & immunotherapeutics 2022; 1-10.
• ¹¹
  Saif, LJ. Vaccines for covid-19: perspectives, prospects, and challenges based on candidate SARS, MERS, and animal coronavirus vaccines. European Medical Journal, London, mar. 2020.
• ¹²
  Brasil, Ministério da Saúde. PLANO NACIONAL DE OPERACIONALIZAÇÃO DA VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19. Brasília, DF, 2021.
• ¹³
  Domingues, CMAS. Desafios para a realização da campanha de vacinação contra a COVID-19 no Brasil. Cadernos de Saúde Pública 2021, 37(1): e00344620.
• ¹⁴
  Hammerschmidt, KSA. Organização das práticas em ILPI: ações para idosos saudáveis, suspeitos e confirmados com COVID-19. In: Santana, RF. Enfermagem gerontológica no cuidado do idoso em tempos da COVID 19. 2.ed.rev. Brasília, DF: ABEn; 2020.
• ¹⁵
  Tregoning, JS. Progress of the COVID-19 vaccine effort: viruses, vaccines and variants versus efficacy, effectiveness and escape. Nature, 2021, 21: 626-636.
• ¹⁶
  Shilo, S, Rossman, H, Segal, E. Signals of hope: gauging the impact of a rapid national vaccination campaign. Nature, 2021, 21: 198-199.
• ¹⁷
  Comas-Herrera, A, et al. International data on deaths attributed to COVID-19 among people living in care homes. The LTCcovid International Living report, 2022.
• ¹⁸
  IVC BRASIL, Instituto Verificador de Circulação. Disponível em: <http://www.ivc.org.br>. Acesso: 07 de maio de 2022.
  » http://www.ivc.org.br
• ¹⁹
  Camargo, BV, Justo, AM. IRAMUTEQ: um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em Psicologia 2013; 21(2): 513-518.
• ²⁰
  Ayele, AD, Ayenew, NT, Tenaw, LA, Kassa, BG, Yehuala, ED, Aychew, EW, et al. Acceptance of COVID-19 vaccine and associated factors among health professionals working in Hospitals of South Gondar Zone, Northwest Ethiopia. Human Vaccines & Immunotherapeutics 2020; 17(21): 4925-4933.
• ²¹
  Sadeghi, S, Kalantari, Y, Shokri, S, Fallahpour, M, Nafisi, N, Goodarzi, A. Immunologic response, Efficacy, and Safety of Vaccines Against COVID-19 Infection in Children and Adolescents Aged 2- 21 years old: A Systematic Review. medRxiv 2022.
• ²²
  Duarte, N, Yanes-Lane, M, Arora, RK, Bobrovitz, N, Liu, M, Bego, MG, et al. Adapting Serosurveys for the SARS-CoV-2 Vaccine Era. Open fórum infectious diseases 2022; 9(2): 1-4.
• ²³
  Rocha, TAH, Boitrago, GM, Mônica, RB, Almeida DG, Silva, NC, Silva, DM, et al. Plano nacional de vacinação contra a COVID-19: uso de inteligência artificial espacial para superação de desafios. Ciência & Saúde Coletiva 2021; 26: 1885-1898.
• ²⁴
  Duarte, EC, Barreto, SM. Transição demográfica e epidemiológica: a epidemiologia e serviços de saúde revisita e atualiza o tema. Epidemiol e Serv Saude 2012; 21(4):529-532
• ²⁵
  King, MH, Martodipoero, S. Health microplanning in the developing countries: a systems approach to appropriate technology. International Journal of Health Services 1978; 8(4): 653-664.
• ²⁶
  Ministério da Saúde. Plano nacional de operacionalização da vacinação contra a covid-19. 6° ed. Brasília, 2021.
• ²⁷
  Lana, RM, Freitas, LP, Codeço, CT, Pacheco, AG, Carvalho, LMF, Villela, DAM, et al. Identificação de grupos prioritários para a vacinação contra COVID-19 no Brasil. Cadernos de Saúde Pública 2021; 37(10): e00049821.
• ²⁸
  Conti, AA. Vaccination through time: from the first smallpox vaccine to current vaccination campaigns against the COVID-19 pandemic. Acta Bio Medica: Atenei Parmensis 2021; 92 suppl 6: e2021453.
• ²⁹
  Tsheten, T, Tenzin, P, Clements , ACA, Gray, DJ, Ugyel, L, Wangdi, K. The COVID-19 vaccination campaign in Bhutan: strategy and enablers. Infectious diseases of poverty 2022; 11(1): 1-4.
• ³⁰
  World Health Organization. Revising global indicative wastage rates: a WHO initiative for better planning and forecasting of vaccine supply needs." Concept Note 2019 (2019): 1-6.
• ³¹
  Moore, S, Hill, EM, Dyson, L, Tildesley, MJ, Keeling, MJ. Tem impacts of increased global vaccine sharing on the COVID-19 pandemic; a retrospective modelling study. medRxiv 2022.
• ³²
  Bonanni, P, Angelillo, IF, Villani, A, Biasci, P, Scotti, S, Russo, R. Maintain and increase vaccination coverage in children, adolescents, adults and elderly people: Let’s avoid adding epidemics to the pandemic Appeal from the Board of the Vaccination Calendar for Life in Italy: Maintain and increase coverage also by re-organizing vaccination services and reassuring the population. Vaccine 2021; 38(8): 1187-1189.
• ³³
  Lins, R, Silva, G. Regimes políticos e respostas à covid-19: um olhar sobre a américa do sul. Revista Espirales 2021.
• ³⁴
  Colino, RM, Miguel, AM, Argentina, F. Marqués, MB, Jiménez, BC, Hernández, PL, et al. Evolución de la covid-19 en las residencias de personas mayores desde la segunda ola hasta la vacunación. Descripción de un programa de coordinación entre atención primaria, geriatría y salud pública. Revista Española de Salud Pública 2021; 95(1): 1-11.
• ³⁵
  Cabezas, C, Coma, E, Fernandez, NM, Li, X, Marcos, MM, Fina, F, et al. Associations of BNT162b2 vaccination with SARS-CoV-2 infection and hospital admission and death with covid-19 in nursing homes and healthcare workers in Catalonia: prospective cohort study. Bmj 2021; 374(1868).

Editado por

Editado por: Yan Nogueira Leite de Freitas

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  21 Ago 2023
• Data do Fascículo
  2023

Histórico

• Recebido
  07 Jan 2023
• Aceito
  17 Maio 2023