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Panorama das internações por covid-19 entre pessoas idosas residentes em Minas Gerais, Brasil

Resumo

Objetivo

caracterizar as internações por covid-19, no período de março de 2020 a março de 2022, entre pessoas idosas residentes em Minas Gerais, Brasil, segundo distribuição geográfica, dados sociodemográficos, clínicos e epidemiológicos e de atendimento.

Método

estudo quantitativo e descritivo realizado com dados sociodemográficos, clínicos, epidemiológicos e de atendimento, do Banco de Dados de Síndrome Respiratória Aguda Grave - incluindo dados da covid-19. Foram consideradas 102.029 internações por covid-19 em pessoas idosas

Resultados

em 196 dos 853 municípios de Minas Gerais, a incidência foi elevada (3.098 a 8.916 casos por 100.000 habitantes). Houve predomínio de internações em pessoas idosas do sexo masculino (50,7%), entre 60├70 anos (39,0%), pardas (41,6%), com 1ª a 5ª série (17,6%) e que apresentavam fatores de risco/comorbidade (54,0%), dispneia e saturação de oxigênio <95% (72,8%, cada). Referente aos dados de atendimento, uma parcela necessitou de internação em UTI (34,0%), suporte ventilatório não invasivo (54,1%) e apresentou Raio-X com infiltrado intersticial (20,4%). Embora a cura tenha sido o desfecho mais frequente (55,6%), destaca-se que 41,8% das pessoas idosas foram a óbito.

Conclusão

o estudo mostrou que existem áreas de Minas Gerais com maior número de casos, que precisam ser monitoradas, fornecendo ênfase na atenção aos subgrupos de pessoas idosas do sexo masculino, mais jovens, pardas, com menor escolaridade e fatores de risco/comorbidades, além daqueles com sinais e sintomas indicativos de gravidade clínica.

Palavras-Chave:
Idoso; Covid-19; Hospitalização; Sistemas de Informação em Saúde

Abstract

Objective

To characterize hospitalizations for covid-19 among aged individuals residing in Minas Gerais, Brazil, from March 2020 to March 2022, with a focus on geographical distribution, sociodemographic, clinical, epidemiological, and care data.

Method

This quantitative and descriptive study used sociodemographic, clinical, epidemiological, and care data from the Severe Acute Respiratory Syndrome Database, including covid-19-related data. A total of 102,029 hospitalizations of aged individuals for covid-19 were analyzed for descriptive purposes and mapping the incidence by municipality and macro-region.

Results

High incidence was observed in 196 of the 853 municipalities in Minas Gerais, ranging from 3,098 to 8,916 cases per 100,000 inhabitants. Hospitalizations were predominantly male (50.7%), aged 60-70 years (39.0%), of mixed race (41.6%), with 1st to 5th grade education (17.6%), and presenting risk factors or comorbidities (54.0%). Common symptoms included dyspnea and oxygen saturation below 95% (72.8% each). Regarding care data, a portion of patients required intensive care unit admission (34.0%), non-invasive ventilatory support (54.1%), and presented interstitial infiltrates in chest X-rays (20.4%). Although most cases resulted in recovery (55.6%), it is noteworthy that 41.8% of hospitalized aged individuals died.

Conclusion

This study highlights the existence of areas in Minas Gerais with a higher incidence of covid-19 cases that require ongoing monitoring, with a focus on the care of subgroups of aged individuals who are male, younger, of mixed race, have lower educational attainment, and have risk factors or comorbidities. Additionally, special attention is needed for aged individuals with signs and symptoms indicative of clinical severity.

Keywords
Aged; covid-19; Hospitalization; Health Information Systems

INTRODUÇÃO

Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia da covid-19, um cenário de ameaça à saúde pública mundial, marcado pela rápida disseminação da doença, dificuldade de controle do vírus, demanda elevada por serviços assistenciais e repercussões socioeconômicas11 World Health Organization. WHO Director-General’s opening remarks at the media briefing on COVID-19 - 2020 March 11 [Internet]. World Health Organization. 2020 [acesso em 22 de janeiro de 2022]. Disponível em: https://www.who.int/director-general/speeches/detail/who-director-general-s-opening-remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19---11-march-2020
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No Brasil, a detecção do primeiro caso confirmado de covid-19 ocorreu no dia 26 de fevereiro de 202022 Brasil. Boletim Epidemiológico Especial Doença pelo Coronavírus COVID-19 - Semana Epidemiológica 32 (02 a 08/08) de 2022 [Internet]. Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 26 de novembro de 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/boletins-epidemiologicos/boletim-epidemiologico-covid-19-no-26.pdf
https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavir...
. Considerando o contexto temporal e geográfico da presente pesquisa, a região Sudeste apresentou o maior número de casos confirmados e o estado de Minas Gerais registrou as maiores taxas de incidência e mortalidade, na semana epidemiológica 10 (de 06 a 12 de março de 2022)33 Brasil. Boletim Epidemiológico Especial Doença pelo Coronavírus COVID-19 - Semana Epidemiológica 10 (06 a 12/03) de 2022 [Internet]. Ministério da Saúde, Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública; 2022 [acesso em 23 de janeiro de 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/covid-19/2022/boletim-epidemiologico-no-104-boletim-coe-coronavirus.pdf/view
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A infecção respiratória aguda pelo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a covid-19, é caracterizada, principalmente, pela elevada capacidade de transmissão que ocorre por meio de contato direto, exposição a gotículas ou a partículas e aerossóis respiratórios44 Brasil. Guia de Vigilância Epidemiológica. Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional pela Doença pelo Coronavírus 2019 – Covid-19 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [acesso em 16 de outubro de 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/coronavirus/guia-de-vigilancia-epidemiologica-covid-19_2021.pdf/view
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,55 World Health Organization. Clinical management of COVID-19: Living guideline, 13 January 2023 [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2023 [acesso em 17 de junho de 2023]. Disponível em: https://www.who.int/publications-detail-redirect/WHO-2019-nCoV-clinical-2023.1
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. Entre os pacientes infectados, a manifestação clínica inclui casos assintomáticos, leves, moderados, graves e críticos44 Brasil. Guia de Vigilância Epidemiológica. Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional pela Doença pelo Coronavírus 2019 – Covid-19 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [acesso em 16 de outubro de 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/coronavirus/guia-de-vigilancia-epidemiologica-covid-19_2021.pdf/view
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,55 World Health Organization. Clinical management of COVID-19: Living guideline, 13 January 2023 [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2023 [acesso em 17 de junho de 2023]. Disponível em: https://www.who.int/publications-detail-redirect/WHO-2019-nCoV-clinical-2023.1
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. De acordo com a gravidade clínica da doença, existem casos que necessitam de internação hospitalar55 World Health Organization. Clinical management of COVID-19: Living guideline, 13 January 2023 [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2023 [acesso em 17 de junho de 2023]. Disponível em: https://www.who.int/publications-detail-redirect/WHO-2019-nCoV-clinical-2023.1
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Fatores associados à internação hospitalar em pacientes com covid-19 são reportados na literatura científica, dos quais se destaca a idade avançada66 Petrilli CM, Jones SA, Yang J, Rajagopalan H, O’Donnell L, Chernyak Y, et al. Factors associated with hospital admission and critical illness among 5279 people with coronavirus disease 2019 in New York City: prospective cohort study. BMJ. 2020;369:m1966.,77 Starke KR, Reissig D, Petereit-Haack G, Schmauder S, Nienhaus A, Seidler A. The isolated effect of age on the risk of COVID-19 severe outcomes: a systematic review with meta-analysis. BMJ Glob Health. 2021;6(12):e006434.. Pessoas idosas apresentam particularidades, como as alterações fisiológicas do processo de envelhecimento e a presença de doenças crônicas que explicam a gravidade clínica88 Nikolich-Zugich J, Knox KS, Rios CT, Natt B, Bhattacharya D, Fain MJ. SARS-CoV-2 and COVID-19 in older adults: what we may expect regarding pathogenesis, immune responses, and outcomes. GeroScience. 2020;42(2):505–14. e, consequentemente, a maior ocorrência de internações hospitalares por covid-19 nesse público66 Petrilli CM, Jones SA, Yang J, Rajagopalan H, O’Donnell L, Chernyak Y, et al. Factors associated with hospital admission and critical illness among 5279 people with coronavirus disease 2019 in New York City: prospective cohort study. BMJ. 2020;369:m1966.,99 Tavares DMS, Oliveira NGN, Diniz-Rezende MA, Bitencourt GR, Silva MB, Bolina AF. Conhecimento científico sobre infecções pelo novo coronavírus no idoso: scoping review. Rev Bras Enferm. 2021;74(Suppl 1):e20200938..

Estudos prévios mostram que entre as pessoas idosas internadas por covid-19, existe um predomínio de características sociodemográficas, como o sexo masculino1010 Antunes FA, Favero AP, Scherer JS, Berlese DB, Bueno ALM. Perfil epidemiológico da síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 em idosos. Recien. 2023;13(41):3–12.1414 Ulugerger Avci G, Bektan Kanat B, Suzan V, Can G, Korkmazer B, Karaali R, et al. Clinical outcomes of geriatric patients with COVID-19: review of one-year data. Aging Clin Exp Res. 2022;34(2):465–74. e a faixa etária mais jovem1010 Antunes FA, Favero AP, Scherer JS, Berlese DB, Bueno ALM. Perfil epidemiológico da síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 em idosos. Recien. 2023;13(41):3–12.,1212 Nascimento MM. Clinical characteristics of 1544 Brazilians aged 60 years and over with laboratory evidence for SARS-CoV-2. Arch Gerontol Geriatr. 2021;96:104462.,1515 Zerah L, Baudouin É, Pépin M, Mary M, Krypciak S, Bianco C, et al. Clinical Characteristics and Outcomes of 821 Older Patients With SARS-Cov-2 Infection Admitted to Acute Care Geriatric Wards: A Multicenter Retrospective Cohort Study. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2021;76(3):e4–12.. Referente ao perfil clínico, alguns dos sinais e sintomas frequentemente relatados são febre1212 Nascimento MM. Clinical characteristics of 1544 Brazilians aged 60 years and over with laboratory evidence for SARS-CoV-2. Arch Gerontol Geriatr. 2021;96:104462.,1313 Paula AS, Hammerschmidt KSA, Lenardt MH, Fugaça NPA, Souza AO, Lachouski L. Desfechos clínicos dos idosos hospitalizados com COVID-19. Res, Soc Dev. 2022;11(2):e24811225622., tosse1212 Nascimento MM. Clinical characteristics of 1544 Brazilians aged 60 years and over with laboratory evidence for SARS-CoV-2. Arch Gerontol Geriatr. 2021;96:104462.,1313 Paula AS, Hammerschmidt KSA, Lenardt MH, Fugaça NPA, Souza AO, Lachouski L. Desfechos clínicos dos idosos hospitalizados com COVID-19. Res, Soc Dev. 2022;11(2):e24811225622., dispneia1212 Nascimento MM. Clinical characteristics of 1544 Brazilians aged 60 years and over with laboratory evidence for SARS-CoV-2. Arch Gerontol Geriatr. 2021;96:104462.,1313 Paula AS, Hammerschmidt KSA, Lenardt MH, Fugaça NPA, Souza AO, Lachouski L. Desfechos clínicos dos idosos hospitalizados com COVID-19. Res, Soc Dev. 2022;11(2):e24811225622. e saturação de oxigênio <95%1212 Nascimento MM. Clinical characteristics of 1544 Brazilians aged 60 years and over with laboratory evidence for SARS-CoV-2. Arch Gerontol Geriatr. 2021;96:104462.,1313 Paula AS, Hammerschmidt KSA, Lenardt MH, Fugaça NPA, Souza AO, Lachouski L. Desfechos clínicos dos idosos hospitalizados com COVID-19. Res, Soc Dev. 2022;11(2):e24811225622., além de manifestações atípicas, que podem dificultar a abordagem e o tratamento88 Nikolich-Zugich J, Knox KS, Rios CT, Natt B, Bhattacharya D, Fain MJ. SARS-CoV-2 and COVID-19 in older adults: what we may expect regarding pathogenesis, immune responses, and outcomes. GeroScience. 2020;42(2):505–14..

Revisão sistemática com metanálise evidenciou que as pessoas idosas incluídas nos estudos tinham pelo menos uma comorbidade1616 Singhal S, Kumar P, Singh S, Saha S, Dey AB. Clinical features and outcomes of COVID-19 in older adults: a systematic review and meta-analysis. BMC Geriatr.2021;21(321):1–9.. Pesquisas mostraram que 88,8%1313 Paula AS, Hammerschmidt KSA, Lenardt MH, Fugaça NPA, Souza AO, Lachouski L. Desfechos clínicos dos idosos hospitalizados com COVID-19. Res, Soc Dev. 2022;11(2):e24811225622. e 89,5%1414 Ulugerger Avci G, Bektan Kanat B, Suzan V, Can G, Korkmazer B, Karaali R, et al. Clinical outcomes of geriatric patients with COVID-19: review of one-year data. Aging Clin Exp Res. 2022;34(2):465–74. das pessoas idosas internadas por covid-19 relataram comorbidades, sendo as mais comuns a hipertensão arterial sistêmica, o diabetes mellitus e as doenças cardiovasculares1212 Nascimento MM. Clinical characteristics of 1544 Brazilians aged 60 years and over with laboratory evidence for SARS-CoV-2. Arch Gerontol Geriatr. 2021;96:104462.,1313 Paula AS, Hammerschmidt KSA, Lenardt MH, Fugaça NPA, Souza AO, Lachouski L. Desfechos clínicos dos idosos hospitalizados com COVID-19. Res, Soc Dev. 2022;11(2):e24811225622..

A presença de alterações em exames laboratoriais1111 Becerra-Muñoz VM, Núñez-Gil IJ, Eid CM, García Aguado M, Romero R, Huang J, et al. Clinical profile and predictors of in-hospital mortality among older patients hospitalised for COVID-19. Age Ageing. 2021;50(2):326–34.,1414 Ulugerger Avci G, Bektan Kanat B, Suzan V, Can G, Korkmazer B, Karaali R, et al. Clinical outcomes of geriatric patients with COVID-19: review of one-year data. Aging Clin Exp Res. 2022;34(2):465–74.,1717 Palich R, Wakim Y, Itani O, Paccoud O, Boussouar S, Lévy-Soussan M, et al. Clinical, biological and radiological features, 4-week outcomes and prognostic factors in COVID-19 elderly inpatients. Infect Dis Now. 2021;51(4):368–73. e de imagem1111 Becerra-Muñoz VM, Núñez-Gil IJ, Eid CM, García Aguado M, Romero R, Huang J, et al. Clinical profile and predictors of in-hospital mortality among older patients hospitalised for COVID-19. Age Ageing. 2021;50(2):326–34.1515 Zerah L, Baudouin É, Pépin M, Mary M, Krypciak S, Bianco C, et al. Clinical Characteristics and Outcomes of 821 Older Patients With SARS-Cov-2 Infection Admitted to Acute Care Geriatric Wards: A Multicenter Retrospective Cohort Study. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2021;76(3):e4–12., além de desfechos adversos, como a demanda por suporte ventilatório1010 Antunes FA, Favero AP, Scherer JS, Berlese DB, Bueno ALM. Perfil epidemiológico da síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 em idosos. Recien. 2023;13(41):3–12.1313 Paula AS, Hammerschmidt KSA, Lenardt MH, Fugaça NPA, Souza AO, Lachouski L. Desfechos clínicos dos idosos hospitalizados com COVID-19. Res, Soc Dev. 2022;11(2):e24811225622. e óbito1111 Becerra-Muñoz VM, Núñez-Gil IJ, Eid CM, García Aguado M, Romero R, Huang J, et al. Clinical profile and predictors of in-hospital mortality among older patients hospitalised for COVID-19. Age Ageing. 2021;50(2):326–34.,1414 Ulugerger Avci G, Bektan Kanat B, Suzan V, Can G, Korkmazer B, Karaali R, et al. Clinical outcomes of geriatric patients with COVID-19: review of one-year data. Aging Clin Exp Res. 2022;34(2):465–74., também são características identificadas em uma parcela das pessoas idosas internadas com a doença.

Considerando que as pessoas idosas apresentam peculiaridades fisiológicas e clínicas88 Nikolich-Zugich J, Knox KS, Rios CT, Natt B, Bhattacharya D, Fain MJ. SARS-CoV-2 and COVID-19 in older adults: what we may expect regarding pathogenesis, immune responses, and outcomes. GeroScience. 2020;42(2):505–14. e que o Brasil é um país heterogêneo geograficamente, com áreas mais suscetíveis à doença1818 Albuquerque MV, Ribeiro LHL. Desigualdade, situação geográfica e sentidos da ação na pandemia da COVID-19 no Brasil. Cad Saúde Pública.2021;36:e00208720., verifica-se a necessidade de identificar as principais características das internações nesse público, que podem ser utilizadas para redefinir ações que já são executadas no contexto dos serviços de saúde.

Apesar da existência de pesquisas que identificaram as características das internações por covid-19 em pessoas idosas1010 Antunes FA, Favero AP, Scherer JS, Berlese DB, Bueno ALM. Perfil epidemiológico da síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 em idosos. Recien. 2023;13(41):3–12.1515 Zerah L, Baudouin É, Pépin M, Mary M, Krypciak S, Bianco C, et al. Clinical Characteristics and Outcomes of 821 Older Patients With SARS-Cov-2 Infection Admitted to Acute Care Geriatric Wards: A Multicenter Retrospective Cohort Study. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2021;76(3):e4–12., o conhecimento ainda precisa ser ampliado em Minas Gerais, um dos estados com maiores índice de envelhecimento1919 Ministério da Saúde. TabNet Win32 3.0: População Residente - Estudo de Estimativas Populacionais por Município, Idade e Sexo 2000-2021 - Brasil [Internet]. DATASUS Tecnologia da Informação a Serviço do SUS. 2021 [acesso em 18 de junho de 2023]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?ibge/cnv/popsvsbr.def
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e registros de casos da doença2020 Brasil. Painel Coronavírus [Internet]. Coronavírus Brasil. 2023 [acesso em 26 de novembro de 2022]. Disponível em: https://covid.saude.gov.br/
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.

Assim, o presente estudo objetivou caracterizar as internações por covid-19, no período de março de 2020 a março de 2022, entre pessoas idosas residentes em Minas Gerais, Brasil, segundo distribuição geográfica, dados sociodemográficos, clínicos, epidemiológicos e de atendimento.

MÉTODO

Trata-se de um estudo quantitativo e descritivo realizado com dados epidemiológicos sobre casos de covid-19 entre pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, hospitalizadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), em Minas Gerais, Brasil. O estado em questão possui 853 municípios e é dividido em 14 macrorregiões de saúde e 66 microrregiões2121 Minas Gerais. Geografia [Internet]. mg.gov.br. 2021 [acesso em 25 de novembro de 2022]. Disponível em: https://www.mg.gov.br/pagina/geografia
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Os dados da presente pesquisa foram obtidos por meio da Ficha de Registro Individual – Casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave Hospitalizado (SRAG-HOSPITALIZADO), no Banco de Dados de Síndrome Respiratória Aguda Grave - incluindo dados da covid-19, no site open DATASUS. Essas informações fazem parte do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), sistema oficial de registro dos casos e óbitos da doença2222 Brasil. OPENDATASUS [Internet]. 2023 [acesso em 16 de junho de 2023]. Disponível em: https://opendatasus.saude.gov.br/
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. Considerou-se como critério de inclusão as notificações confirmadas de covid-19 na Ficha de Registro Individual – SRAG-HOSPITALIZADO, referentes ao estado de Minas Gerais, de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.

Foram utilizados dados das notificações registradas a partir de 09 de março de 2020 (data da primeira notificação de covid-19 em pessoa idosa de Minas Gerais no banco de dados) até 08 de março de 2022, conforme os registros: a) SRAG 2020 (https://opendatasus.saude.gov.br/dataset/srag-2020/resource/06c835a6-cf33-448a-aeb1-9dbc34065fea): criado em 15/01/22 e última atualização considerada em 05/09/2022; b) SRAG 2021 (https://opendatasus.saude.gov.br/dataset/srag-2021-e-2022): criado em 14/01/22 e última atualização considerada em 07/09/22; c) SRAG 2022 (https://opendatasus.saude.gov.br/dataset/srag-2021-e-2022): criado em 26/01/22, e última atualização considerada em 07/09/22.

No período de 09 de março de 2020 a 08 de março de 2022 foram notificados 3.886.818 casos SRAG; destes 2.109.458 foram confirmados como covid-19, sendo 212.275 casos em Minas Gerais, filtrados pelo município de residência. Desses, 108.248 casos referiam-se a pessoas idosas hospitalizadas, sendo excluídos 6.219 por estarem fora do período estabelecido para coleta, totalizando 102.029 notificações para o estudo.

Primeiramente, realizou-se a análise da distribuição geográfica dos casos acumulados de covid-19 entre pessoas idosas hospitalizadas por SRAG, em Minas Gerais durante o período de interesse. A incidência desses casos foi agregada por municípios e, para o cálculo da taxa por 100.000 habitantes, levou-se em consideração a população idosa (com >60 anos de idade) estimada para o ano de 20192323 Fundação Oswaldo Cruz. Sistema de Indicadores de Saúde e Acompanhamento de Políticas do Idoso (SISAP-Idoso) [Internet]. SISAP IDOSO. Rio de Janeiro; 2011 [acesso em 18 de junho de 2023]. Disponível em: https://sisapidoso.icict.fiocruz.br/
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. A fim de agrupar essa distribuição, adotou-se o método de classificação baseado em quebras naturais2424 Chen J, Yang ST, Li HW, Zhang B, Lv JR. Research on geographical environment unit division based on the method of natural breaks (Jenks). ISPRS Archives. 2013;XL-4-W3:47–50.. Ainda, examinou-se a distribuição das incidências municipais no contexto das 14 macrorregiões de saúde existentes no estado.

Para prosseguir com as análises descritivas foram coletados os seguintes dados de interesse nas fichas de registro individual:

a) Sociodemográficos: sexo (feminino; masculino; ignorado), idade categorizada em faixas etárias (60├70 anos; 70├80 anos; 80 anos ou mais), cor/raça da pele autorreferida (branca; preta; amarela; parda; indígena; ignorado); escolaridade (sem escolaridade/analfabeto; 1ª a 5ª série; 6ª a 9ª série; 1º ao 3º ano; superior; não se aplica; ignorado);

b) Clínicos e epidemiológicos: sinais e sintomas (sim; não; ignorado); se possui sinais e sintomas, qual(is) (febre; tosse; dor de garganta; dispneia; desconforto respiratório; saturação de oxigênio <95%; diarreia; vômito; dor abdominal; fadiga; perda do olfato; perda do paladar; outros); possui fatores de risco/comorbidades (sim; não; ignorado); se sim, qual(is) (puérpera; Síndrome de Down; doença cardiovascular crônica; doença hematológica crônica; doença hepática crônica; asma; diabetes mellitus; doença neurológica crônica; outra pneumopatia crônica; imunodeficiência/imunodepressão; doença renal crônica; obesidade/IMC; outras);

c) De atendimento: data da notificação; Raio-X de tórax (normal; infiltrado intersticial; consolidação; misto; outro; não realizado; ignorado); internado em UTI (sim; não; ignorado); uso de suporte ventilatório (sim, invasivo; sim, não invasivo; não; ignorado) e evolução do caso (óbito; alta).

As variáveis selecionadas foram submetidas à análise descritiva, por meio de frequências absoluta e relativa. A análise da qualidade das informações do banco de dados seguiu os critérios propostos pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, sendo considerado: excelente quando há menos de 5% de informações incompletas, bom de 5% a 10%, regular de 10% a 20%, ruim de 20% a 50% e muito ruim de 50% ou mais2525 Romero DE, Cunha CB. Avaliação da qualidade das variáveis sócio-econômicas e demográficas dos óbitos de crianças menores de um ano registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade do Brasil (1996/2001). Cad Saúde Pública.2006;22(3):673–81.. A completude dos dados sociodemográficos foi excelente2525 Romero DE, Cunha CB. Avaliação da qualidade das variáveis sócio-econômicas e demográficas dos óbitos de crianças menores de um ano registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade do Brasil (1996/2001). Cad Saúde Pública.2006;22(3):673–81., exceto a escolaridade, que apresentou 61,1% dos dados ignorados/em branco. Entre os dados clínicos e epidemiológicos, predominaram as classificações regular e ruim2525 Romero DE, Cunha CB. Avaliação da qualidade das variáveis sócio-econômicas e demográficas dos óbitos de crianças menores de um ano registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade do Brasil (1996/2001). Cad Saúde Pública.2006;22(3):673–81. para os sinais e sintomas e fatores de risco/comorbidades, respectivamente. Referente aos dados de atendimento, variou de excelente a ruim2525 Romero DE, Cunha CB. Avaliação da qualidade das variáveis sócio-econômicas e demográficas dos óbitos de crianças menores de um ano registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade do Brasil (1996/2001). Cad Saúde Pública.2006;22(3):673–81..

O projeto dispensou a apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, pois utilizou dados de uma planilha de acesso público.

DISPONIBILIDADE DE DADOS

Todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo está disponível mediante solicitação ao autor correspondente, Flavia Aparecida Dias Marmo.

RESULTADOS

A análise da distribuição geográfica dos casos acumulados de internação por covid-19 em pessoas idosas revelou variação das incidências em Minas Gerais. Observou-se uma concentração de incidências mais elevadas na região central e sul de Minas Gerais, com variação de 3.098 a 8.916 casos por 100.000 habitantes. Essa faixa de incidência representa aproximadamente 23% dos municípios do estado (Figura 1).

Figura 1
Incidência de casos acumulados por 100.000 habitantes, de covid-19 entre pessoas idosas hospitalizadas por (N=102.029). Minas Gerais, 2020-2022.

No contexto das macrorregiões, a análise da distribuição das incidências revela que, em termos proporcionais ao número de municípios, as menores incidências ocorreram nas macrorregiões Norte, Nordeste, Jequitinhonha e Centro Sul. Por outro lado, as maiores incidências proporcionais aos municípios foram observadas nas macrorregiões do Vale do Aço, Triângulo Norte, Leste e Triângulo Sul, respectivamente, como mostra a Figura 2.

Figura 2
Distribuição da incidência de casos acumulados por 100.000 habitantes, de covid-19 entre pessoas idosas hospitalizadas por SRAG segundo Macrorregião de Saúde (N=102.029). Minas Gerais, 2020-2022.

Com relação às características sociodemográficas, entre os casos de covid-19 em pessoas idosas hospitalizadas por SRAG em Minas Gerais, houve predomínio do sexo masculino, na faixa etária de 60├70 anos, pardos e com escolaridade de 1ª a 5ª série (Tabela 1).

Tabela 1
Distribuição das variáveis sociodemográficas entre os casos de covid-19 em pessoas idosas hospitalizadas por SRAG (N=102.029). Minas Gerais, 2020-2022.

A Tabela 2 mostra que os sinais e sintomas que mais se destacaram entre os casos de covid-19 em pessoas idosas hospitalizadas por SRAG em Minas Gerais foram a dispneia e saturação de oxigênio <95%, seguida por tosse, desconforto respiratório e febre. A manifestação menos relatada foi a dor abdominal.

Tabela 2
Distribuição dos sinais e sintomas entre os casos de covid-19 em pessoas idosas hospitalizadas por SRAG (N=102.029). Minas Gerais, 2020-2022.

Destaca-se que 54,0% dos casos de covid-19 em pessoas idosas hospitalizadas por SRAG em Minas Gerais apresentaram algum tipo de fator de risco/comorbidade, sendo as mais frequentes a doença cardiovascular crônica e o diabetes mellitus. A Tabela 3 detalha os fatores de risco/comorbidades identificados nas fichas de registro individual.

Tabela 3
Distribuição dos fatores de risco/comorbidades entre os casos de covid-19 em pessoas idosas hospitalizadas por SRAG (N=102.029). Minas Gerais, 2020-2022.

Referente aos dados de atendimento, verificou-se que 34,0% das pessoas idosas necessitaram de internação em UTI, 2,6% dos casos foram ignorados e 6,8% estavam em branco. A maioria utilizou suporte ventilatório, sendo o tipo não invasivo o mais predominante (54,1%); destaca-se que 4,2% constavam como ignorado e 7,6%, em branco. Quanto à realização de exames, 32,7% não realizou Raio-X, porém, entre aqueles que foram submetidos, 20,4% apresentaram infiltrado intersticial; 10,6% constavam como ignorados e 24,7% em branco. Do total de casos, 55,6% evoluíram para cura, 41,8% foram a óbito; apenas 0,6% eram ignorados e 2,0% em branco.

DISCUSSÃO

O presente estudo identificou o panorama das internações por covid-19, entre pessoas idosas residentes em Minas Gerais, segundo distribuição geográfica, dados sociodemográficos, clínicos e epidemiológicos e de atendimento.

As macrorregiões com menor incidência de casos acumulados de covid-19 em pessoas idosas hospitalizadas por SRAG, em Minas Gerais, coincidem com as últimas áreas a notificarem casos no início da pandemia, pois estão distantes do principal centro da rede urbana mineira2626 Coura-Vital W, Cardoso DT, Ker FTO, Magalhães FC, Bezerra JMT, Viegas AM, et al. Spatiotemporal dynamics and risk estimates of COVID-19 epidemic in Minas Gerais State: analysis of an expanding process. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 2021;63:e21., a exemplo das macrorregiões Norte, Nordeste e Jequitinhonha. Nessas regiões há menor desenvolvimento humano2727 Rodrigues LPD, Cunha FS, Aguiar CC. Evolução do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) no estado de Minas Gerais. Rev Ciênc Din. 2020;18(2):41–65., o que implica em menor proporção de pessoas idosas, devido a menor expectativa de vida. No presente estudo, as maiores incidências detectadas na porção Sul, Sudeste e Oeste do estado contém municípios mais populosos, rede urbana mais integrada aos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, maior adensamento populacional e que apresentaram maior número de casos desde o início da pandemia2828 Batella W, Miyazaki VK. Relações entre rede urbana e Covid-19 em Minas Gerais. Hygeia. 2020;(Edição Especial: COVID-19):102–10.,2929 Ferreira RV, Martines MR, Toppa RH, Assunção LM, Desjardins MR, Delmelle E. Utilizing prospective space-time scan statistics to discover the dynamics of coronavirus disease 2019 clusters in the State of São Paulo, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop.2022;55:e0607., favorecidas por transmissões intraurbanas2626 Coura-Vital W, Cardoso DT, Ker FTO, Magalhães FC, Bezerra JMT, Viegas AM, et al. Spatiotemporal dynamics and risk estimates of COVID-19 epidemic in Minas Gerais State: analysis of an expanding process. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 2021;63:e21.. Essas características podem ter contribuído para o acometimento da população em geral, incluindo as pessoas idosas.

Com base nos dados coletados nas fichas de registro individual, verificou-se percentuais próximos de casos notificados entre os sexos, porém, foi marginalmente maior em homens, condizente com estudos prévios1010 Antunes FA, Favero AP, Scherer JS, Berlese DB, Bueno ALM. Perfil epidemiológico da síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 em idosos. Recien. 2023;13(41):3–12.1414 Ulugerger Avci G, Bektan Kanat B, Suzan V, Can G, Korkmazer B, Karaali R, et al. Clinical outcomes of geriatric patients with COVID-19: review of one-year data. Aging Clin Exp Res. 2022;34(2):465–74.. A maior susceptibilidade do sexo masculino à infecção pelo novo coronavírus pode ser explicada por diferenças genéticas e imunológicas, que conferem menor resistência à doença, além de questões comportamentais, como a adoção de um estilo de vida não saudável e menor adesão quanto às medidas preventivas3030 Bwire GM. Coronavirus: why men are more vulnerable to Covid-19 than women? SN Compr Clin Med.2020;2(7):874–6..

Em relação à faixa etária, verificou-se o acometimento das pessoas idosas mais jovens, similar a outros estudos1010 Antunes FA, Favero AP, Scherer JS, Berlese DB, Bueno ALM. Perfil epidemiológico da síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 em idosos. Recien. 2023;13(41):3–12.,1212 Nascimento MM. Clinical characteristics of 1544 Brazilians aged 60 years and over with laboratory evidence for SARS-CoV-2. Arch Gerontol Geriatr. 2021;96:104462.,1515 Zerah L, Baudouin É, Pépin M, Mary M, Krypciak S, Bianco C, et al. Clinical Characteristics and Outcomes of 821 Older Patients With SARS-Cov-2 Infection Admitted to Acute Care Geriatric Wards: A Multicenter Retrospective Cohort Study. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2021;76(3):e4–12., o que pode ser explicado pela necessidade que algumas pessoas idosas tiveram em continuar no mercado de trabalho para manutenção da renda familiar, durante a pandemia3131 Vicerra PMM. Disparity between knowledge and practice regarding COVID-19 in Thailand: A cross-sectional study of older adults. PLoS One. 2021;16(10):e0259154.. Dessa forma, embora seja um grupo de risco66 Petrilli CM, Jones SA, Yang J, Rajagopalan H, O’Donnell L, Chernyak Y, et al. Factors associated with hospital admission and critical illness among 5279 people with coronavirus disease 2019 in New York City: prospective cohort study. BMJ. 2020;369:m1966.,1616 Singhal S, Kumar P, Singh S, Saha S, Dey AB. Clinical features and outcomes of COVID-19 in older adults: a systematic review and meta-analysis. BMC Geriatr.2021;21(321):1–9. compreende-se que algumas pessoas idosas precisaram sair de casa para atividades laborais, ficando mais expostas à doença3131 Vicerra PMM. Disparity between knowledge and practice regarding COVID-19 in Thailand: A cross-sectional study of older adults. PLoS One. 2021;16(10):e0259154..

Em relação à cor/raça da pele autorreferida, indivíduos pardos e brancos se destacaram nos registros, com percentuais muito próximos. Estudo com pacientes do Equador, Alemanha, Itália e Espanha encontrou predomínio da raça branca ou caucasiana1111 Becerra-Muñoz VM, Núñez-Gil IJ, Eid CM, García Aguado M, Romero R, Huang J, et al. Clinical profile and predictors of in-hospital mortality among older patients hospitalised for COVID-19. Age Ageing. 2021;50(2):326–34.. Em pesquisa brasileira, maioria era branca e parda1010 Antunes FA, Favero AP, Scherer JS, Berlese DB, Bueno ALM. Perfil epidemiológico da síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 em idosos. Recien. 2023;13(41):3–12., o que corrobora com o resultado encontrado. Alguns estudos não contemplam as informações sobre cor/raça, sendo mais frequente a abordagem de dados clínicos1111 Becerra-Muñoz VM, Núñez-Gil IJ, Eid CM, García Aguado M, Romero R, Huang J, et al. Clinical profile and predictors of in-hospital mortality among older patients hospitalised for COVID-19. Age Ageing. 2021;50(2):326–34.,1313 Paula AS, Hammerschmidt KSA, Lenardt MH, Fugaça NPA, Souza AO, Lachouski L. Desfechos clínicos dos idosos hospitalizados com COVID-19. Res, Soc Dev. 2022;11(2):e24811225622.1515 Zerah L, Baudouin É, Pépin M, Mary M, Krypciak S, Bianco C, et al. Clinical Characteristics and Outcomes of 821 Older Patients With SARS-Cov-2 Infection Admitted to Acute Care Geriatric Wards: A Multicenter Retrospective Cohort Study. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2021;76(3):e4–12..

Os dados sobre a escolaridade mostram que a maioria das pessoas idosas possuía o primeiro ciclo do ensino fundamental (1ª a 5ª série), semelhante a estudo que descreveu o perfil epidemiológico da SRAG no Brasil1010 Antunes FA, Favero AP, Scherer JS, Berlese DB, Bueno ALM. Perfil epidemiológico da síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 em idosos. Recien. 2023;13(41):3–12.. Na Tailândia, a maior escolaridade estava associada não somente ao aumento dos níveis de conhecimento, mas também à adoção de comportamentos preventivos em relação à doença3131 Vicerra PMM. Disparity between knowledge and practice regarding COVID-19 in Thailand: A cross-sectional study of older adults. PLoS One. 2021;16(10):e0259154.. De forma semelhante, a baixa escolaridade se associou ao menor conhecimento sobre as medidas preventivas da covid-19 entre pessoas idosas de um município no interior de Minas Gerais3232 Tavares DMS, Oliveira NGN, Marchiori GF, Guimarães MSF, Santana LPM. Idosos que moram sozinhos: conhecimento e medidas preventivas frente ao novo coronavírus. Rev Lat Am Enfermagem. 2020;28:e3383.. Essas informações sugerem que níveis mais elevados de escolaridade podem auxiliar o indivíduo na capacidade de avaliação das informações recebidas e direcionar atitudes frente à prevenção de resultados negativos3131 Vicerra PMM. Disparity between knowledge and practice regarding COVID-19 in Thailand: A cross-sectional study of older adults. PLoS One. 2021;16(10):e0259154., como a infecção pelo novo coronavírus.

Foi demonstrado que os principais sinais e sintomas registrados entre as pessoas idosas do atual estudo foram: dispneia, saturação de oxigênio <95%, tosse e desconforto respiratório, além da febre. Tais achados são sustentados por estudo realizado no Brasil que também encontrou predomínio das mesmas características1212 Nascimento MM. Clinical characteristics of 1544 Brazilians aged 60 years and over with laboratory evidence for SARS-CoV-2. Arch Gerontol Geriatr. 2021;96:104462.. De forma semelhante, outras pesquisas encontraram dispneia, febre e tosse1111 Becerra-Muñoz VM, Núñez-Gil IJ, Eid CM, García Aguado M, Romero R, Huang J, et al. Clinical profile and predictors of in-hospital mortality among older patients hospitalised for COVID-19. Age Ageing. 2021;50(2):326–34.,1313 Paula AS, Hammerschmidt KSA, Lenardt MH, Fugaça NPA, Souza AO, Lachouski L. Desfechos clínicos dos idosos hospitalizados com COVID-19. Res, Soc Dev. 2022;11(2):e24811225622.1515 Zerah L, Baudouin É, Pépin M, Mary M, Krypciak S, Bianco C, et al. Clinical Characteristics and Outcomes of 821 Older Patients With SARS-Cov-2 Infection Admitted to Acute Care Geriatric Wards: A Multicenter Retrospective Cohort Study. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2021;76(3):e4–12.,1717 Palich R, Wakim Y, Itani O, Paccoud O, Boussouar S, Lévy-Soussan M, et al. Clinical, biological and radiological features, 4-week outcomes and prognostic factors in COVID-19 elderly inpatients. Infect Dis Now. 2021;51(4):368–73.. Os sinais e sintomas respiratórios mais frequentes caracterizam casos graves da doença; além da tosse e febre, presente em casos leves a moderados44 Brasil. Guia de Vigilância Epidemiológica. Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional pela Doença pelo Coronavírus 2019 – Covid-19 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [acesso em 16 de outubro de 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/coronavirus/guia-de-vigilancia-epidemiologica-covid-19_2021.pdf/view
https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-...
,55 World Health Organization. Clinical management of COVID-19: Living guideline, 13 January 2023 [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2023 [acesso em 17 de junho de 2023]. Disponível em: https://www.who.int/publications-detail-redirect/WHO-2019-nCoV-clinical-2023.1
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. Ressalta-se que a pessoa idosa, geralmente, apresenta resposta imune menos coordenada e mais lenta, o que pode aumentar a suscetibilidade à covid-1988 Nikolich-Zugich J, Knox KS, Rios CT, Natt B, Bhattacharya D, Fain MJ. SARS-CoV-2 and COVID-19 in older adults: what we may expect regarding pathogenesis, immune responses, and outcomes. GeroScience. 2020;42(2):505–14.. Nesse cenário, enfatiza-se o monitoramento das pessoas idosas e suas manifestações clínicas, com objetivo de proporcionar terapêuticas adequadas e evitar desfechos negativos.

Referente à presença de fatores de risco/comorbidade, estudos mostram que as comorbidades em pessoas idosas internadas por covid-19 são frequentes, com destaque para as doenças cardiovasculares e o diabetes mellitus1212 Nascimento MM. Clinical characteristics of 1544 Brazilians aged 60 years and over with laboratory evidence for SARS-CoV-2. Arch Gerontol Geriatr. 2021;96:104462.,1313 Paula AS, Hammerschmidt KSA, Lenardt MH, Fugaça NPA, Souza AO, Lachouski L. Desfechos clínicos dos idosos hospitalizados com COVID-19. Res, Soc Dev. 2022;11(2):e24811225622., semelhante aos achados da presente pesquisa. Em razão das alterações fisiológicas que ocorrem com o processo de envelhecimento humano e comprometem o sistema imunológico, e a presença de doenças crônicas, a população idosa está mais suscetível às formas graves da covid-1988 Nikolich-Zugich J, Knox KS, Rios CT, Natt B, Bhattacharya D, Fain MJ. SARS-CoV-2 and COVID-19 in older adults: what we may expect regarding pathogenesis, immune responses, and outcomes. GeroScience. 2020;42(2):505–14., com consequente necessidade de internação hospitalar.

Quanto às características de atendimento, a necessidade de suporte ventilatório foi encontrada em outros estudos estudos1010 Antunes FA, Favero AP, Scherer JS, Berlese DB, Bueno ALM. Perfil epidemiológico da síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 em idosos. Recien. 2023;13(41):3–12.,1212 Nascimento MM. Clinical characteristics of 1544 Brazilians aged 60 years and over with laboratory evidence for SARS-CoV-2. Arch Gerontol Geriatr. 2021;96:104462.1414 Ulugerger Avci G, Bektan Kanat B, Suzan V, Can G, Korkmazer B, Karaali R, et al. Clinical outcomes of geriatric patients with COVID-19: review of one-year data. Aging Clin Exp Res. 2022;34(2):465–74.. De forma semelhante, uma scoping review identificou maior proporção de pessoas idosas que precisaram ser internadas em UTI, quando comparada à de jovens99 Tavares DMS, Oliveira NGN, Diniz-Rezende MA, Bitencourt GR, Silva MB, Bolina AF. Conhecimento científico sobre infecções pelo novo coronavírus no idoso: scoping review. Rev Bras Enferm. 2021;74(Suppl 1):e20200938.. Alguns dos sinais e sintomas mais frequentes no presente estudo, como dispneia, saturação de oxigênio <95% e desconforto respiratório condizem com casos graves da covid-1944 Brasil. Guia de Vigilância Epidemiológica. Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional pela Doença pelo Coronavírus 2019 – Covid-19 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [acesso em 16 de outubro de 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/coronavirus/guia-de-vigilancia-epidemiologica-covid-19_2021.pdf/view
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, o que pode explicar a necessidade de suporte ventilatório e internação em UTI. Dessa forma, é necessário continuar priorizando a disseminação de informações sobre medidas preventivas da covid-19 em pessoas idosas, além de fortalecer ações que possam beneficiar a melhora clínica em casos positivos, minimizando a ocorrência de desfechos adversos, em todos os espaços de atenção à saúde.

Em relação aos exames, entre as pessoas idosas que foram submetidas ao Raio-x, o infiltrado intersticial foi o achado mais frequente. Estudos anteriores que analisaram casos de covid-19 em pessoas idosas identificaram os infiltrados pulmonares bilaterais, como o achado radiológico mais comum, corroborando os resultados da presente pesquisa1616 Singhal S, Kumar P, Singh S, Saha S, Dey AB. Clinical features and outcomes of COVID-19 in older adults: a systematic review and meta-analysis. BMC Geriatr.2021;21(321):1–9.,3333 Águila-Gordo D, Martínez-del Río J, Mazoteras-Muñoz V, Negreira-Caamaño M, Nieto-Sandoval Martín de la Sierra P, Piqueras-Flores J. Mortalidad y factores pronósticos asociados en pacientes ancianos y muy ancianos hospitalizados con infección respiratoria COVID-19. Rev Esp Geriatr Gerontol.2021;56(5):259–67.. Independentemente do tipo, as pessoas idosas apresentaram alguma alteração no exame radiológico1111 Becerra-Muñoz VM, Núñez-Gil IJ, Eid CM, García Aguado M, Romero R, Huang J, et al. Clinical profile and predictors of in-hospital mortality among older patients hospitalised for COVID-19. Age Ageing. 2021;50(2):326–34.,1212 Nascimento MM. Clinical characteristics of 1544 Brazilians aged 60 years and over with laboratory evidence for SARS-CoV-2. Arch Gerontol Geriatr. 2021;96:104462.,1616 Singhal S, Kumar P, Singh S, Saha S, Dey AB. Clinical features and outcomes of COVID-19 in older adults: a systematic review and meta-analysis. BMC Geriatr.2021;21(321):1–9.,3333 Águila-Gordo D, Martínez-del Río J, Mazoteras-Muñoz V, Negreira-Caamaño M, Nieto-Sandoval Martín de la Sierra P, Piqueras-Flores J. Mortalidad y factores pronósticos asociados en pacientes ancianos y muy ancianos hospitalizados con infección respiratoria COVID-19. Rev Esp Geriatr Gerontol.2021;56(5):259–67., o que reforça o papel dos exames de imagem e as manifestações clínicas44 Brasil. Guia de Vigilância Epidemiológica. Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional pela Doença pelo Coronavírus 2019 – Covid-19 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [acesso em 16 de outubro de 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/coronavirus/guia-de-vigilancia-epidemiologica-covid-19_2021.pdf/view
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,55 World Health Organization. Clinical management of COVID-19: Living guideline, 13 January 2023 [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2023 [acesso em 17 de junho de 2023]. Disponível em: https://www.who.int/publications-detail-redirect/WHO-2019-nCoV-clinical-2023.1
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para o direcionamento do diagnóstico e a adoção de terapêuticas para o tratamento da doença.

Do total de casos analisados, houve predomínio de indivíduos que evoluíram para cura, o que condiz com estudos anteriores1313 Paula AS, Hammerschmidt KSA, Lenardt MH, Fugaça NPA, Souza AO, Lachouski L. Desfechos clínicos dos idosos hospitalizados com COVID-19. Res, Soc Dev. 2022;11(2):e24811225622.,1414 Ulugerger Avci G, Bektan Kanat B, Suzan V, Can G, Korkmazer B, Karaali R, et al. Clinical outcomes of geriatric patients with COVID-19: review of one-year data. Aging Clin Exp Res. 2022;34(2):465–74.. Apesar das frequentes formas respiratórias graves e fatores de risco, pessoas idosas hospitalizadas por covid-19 sobrevivem à infecção1717 Palich R, Wakim Y, Itani O, Paccoud O, Boussouar S, Lévy-Soussan M, et al. Clinical, biological and radiological features, 4-week outcomes and prognostic factors in COVID-19 elderly inpatients. Infect Dis Now. 2021;51(4):368–73.. Destaca-se que desde o início da pandemia da covid-19, a idade avançada tem sido apontada como fator de risco para desfechos negativos99 Tavares DMS, Oliveira NGN, Diniz-Rezende MA, Bitencourt GR, Silva MB, Bolina AF. Conhecimento científico sobre infecções pelo novo coronavírus no idoso: scoping review. Rev Bras Enferm. 2021;74(Suppl 1):e20200938.,3434 Bonanad C, García-Blas S, Tarazona-Santabalbina F, Sanchis J, Bertomeu-González V, Fácila L, et al. The effect of age on mortality in patients with COVID-19: a meta-analysis with 611,583 subjects. J Am Med Dir Assoc. 2020;21(7):915–8., porém, verifica-se que uma parcela de casos pode ter evoluído para cura, possivelmente, devido ao desenvolvimento de terapêuticas e vacinas, que mostraram resultados positivos sobre a gravidade dos casos e taxas de mortalidade44 Brasil. Guia de Vigilância Epidemiológica. Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional pela Doença pelo Coronavírus 2019 – Covid-19 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [acesso em 16 de outubro de 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/coronavirus/guia-de-vigilancia-epidemiologica-covid-19_2021.pdf/view
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Ao utilizar dados secundários oriundos de um banco de acesso público de abrangência nacional, o atual estudo apresenta como potencialidade o maior alcance do público idoso, além da rapidez na divulgação de resultados que podem ser utilizados para subsidiar novas pesquisas e ações voltadas para a atenção e o cuidado da pessoa idosa com covid-19. Entretanto, como limitação, pode-se apontar os casos subnotificados e a incompletude dos dados, o que pode comprometer a exatidão e a qualidade das informações. Acrescenta-se que, outras informações de interesse para o público idoso não puderam ser coletadas, por não constarem na ficha de registro individual, como aspectos relacionados à fragilidade, estado funcional e cognição, além de hábitos de vida, como a prática de atividade física, etilismo, tabagismo e alimentação.

CONCLUSÃO

O presente estudo permitiu caracterizar os casos de covid-19 em pessoas idosas hospitalizadas por SRAG, em Minas Gerais. Foi demonstrado que as macrorregiões localizadas nas porções mais populosas do estado (Sul, Sudeste e Oeste) apresentaram as maiores incidências de casos. Entre as características sociodemográficas houve predomínio de pessoas idosas do sexo masculino, entre 60-70 anos, pardas, com escolaridade da 1ª a 5ª série. O perfil clínico e epidemiológico mostrou que os sinais e sintomas mais frequentes foram dispneia, saturação de oxigênio <95%, tosse, desconforto respiratório e febre. Fatores de risco/comorbidades foram relatados, com destaque para a doença cardiovascular crônica e o diabetes mellitus. Referente aos dados de atendimento, uma parcela necessitou de internação em UTI, a maioria fez uso de suporte ventilatório, principalmente o tipo não invasivo, e entre os que fizeram o exame de Raio-X, o achado mais comum foi o infiltrado intersticial. Embora a cura tenha sido o desfecho mais frequente, destaca-se que ainda assim, o óbito foi presente em aproximadamente 42 em cada 100 pessoas idosas.

Apesar do aperfeiçoamento constante de tratamentos e desenvolvimento das vacinas, verificou-se que algumas características são frequentes, o que indica a necessidade de direcionamento de ações e pesquisas futuras em áreas geograficamente mais acometidas, com ênfase não somente para o grupo de risco representado pelas pessoas idosas, mas também nos subgrupos, como os mais jovens, homens, pardos, de baixa escolaridade, com comorbidades/fatores de risco e que apresentam manifestação clínica condizente com casos graves. Além disso, os achados podem favorecer a reflexão sobre a atenção dispensada a esta população nos serviços de saúde, bem como o fortalecimento de políticas públicas para redefinir prioridades no cuidado à pessoa idosa e no manejo da doença.

  • Financiamento da pesquisa: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Nº do processo: APQ-01172-21.

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Editado por

Editado por: Yan Nogueira Leite de Freitas

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Dez 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    21 Jun 2023
  • Aceito
    03 Out 2023
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