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Resposta cardiorrespiratória e gasto energético em exercício na máxima fase estável de lactato

Cardiorespiratory response and energy expenditure during exercise at maximal lactate steady state

Resumos

A resposta cardiorrespiratória durante exercícios submáximos, na intensidade da máxima fase estável de lactato (MFELint) até a exaustão, tem sido pouco investigada. O objetivo deste estudo foi investigar a resposta do consumo de oxigênio (VO2), frequência cardíaca (FC) e pulso de oxigênio (pulso O2) em exercício realizado na MFELint até a exaustão, e comparar o gasto energético (GE) estimado pelo VO2 e pela FC. Doze sujeitos treinados realizaram um protocolo incremental em cicloergômetro para determinar parâmetros máximos e submáximos do metabolismo aeróbio. Posteriormente, foram realizados 2 a 4 testes de 30 min com carga constante para identificar a MFELint. Finalmente, os sujeitos realizaram um teste até a exaustão na MFELint. Os parâmetros cardiorrespiratórios foram medidos continuamente durante todos os testes. No teste de exaustão, as respostas fisiológicas foram comparadas entre seis momentos relativos do tempo de exaustão (TTE). O TTE médio foi 55,1±10,2 min. O pulso de O2 apresentou reduções significativas ao longo do tempo, atingindo, no momento da exaustão, um valor ~ 9% inferior comparado ao início do exercício. Este fato ocorreu pelo aumento da FC ao longo do tempo de forma desproporcional ao aumento do VO2, resultando em diferenças significantes entre os GE estimados. Portanto, em exercício realizado na MFELint até a exaustão, parece existir uma perda gradual da eficiência cardiorrespiratória, evidenciada pela redução do pulso O2. Assim, a relação direta entre VO2 e FC com a carga de trabalho é alterada ao longo do exercício, conduzindo a erros de estimativa do GE a partir dos valores da FC.

Ciclismo; Exercício submáximo; Fadiga; Pulso de oxigênio


There has been little research regarding cardiorespiratory responses during submaximal exercise at the maximal lactate steady state intensity (MLSSint) until exhaustion. The objective of this study was to investigate the responses of oxygen consumption (VO2), heart rate (HR) and oxygen pulse (O2 pulse) during exercise to exhaustion at MLSSint, and to compare energy expenditure (EE) estimated by VO2 and HR. Twelve trained athletes followed an incremental protocol on a cycle ergometer to determine maximal and submaximal parameters of aerobic metabolism. On subsequent occasions they performed 2 to 4 30-minute tests with constant load to identify MLSSint. Finally, they underwent a test to exhaustion at MLSSint. Cardiorespiratory parameters were measured continuously during all tests. During the test to exhaustion, physiological responses were compared for six points in time calculated as percentages of the time to exhaustion (TTE). Mean TTE was 55.1±10.2 min. Oxygen pulse presented significant reduction over time, decreasing to a value 9% lower than baseline at the exhaustion point. This fact was the result of increases in HR over time that was disproportional to the increase in VO2, resulting in significant differences between EE estimates. Therefore, there appears to be a gradual loss of cardiorespiratory efficiency during exercise to exhaustion at MLSSint that is shown by the reduction in O2 pulse. The direct relationship between VO2 and HR with workload presents variations over the course of exercise, leading to errors when EE is estimated using HR.

Cycling; Fatigue; Oxygen pulse; Submaximal exercise


INTRODUÇÃO

A compreensão das respostas cardiorrespiratórias e metabólicas durante exercício realizado em diferentes domínios de intensidades é considerada essencial para a prescrição do exercício aeróbio de longa duração (> 30 minutos) e elaboração de modelos experimentais11. Mendes TT, Fonseca TR, Ramos GP, Wilke CF, Cabido CE, De Barros CL, et al. Six weeks of aerobic training improves VO2max and MLSS but does not improve the time to fatigue at the MLSS. Eur J Appl Physiol 2013;113(4):965-73.. Nesta perspectiva, um dos principais índices fisiológicos que está associado ao desempenho do exercício aeróbio é a intensidade referente à máxima fase estável de lactato (MFELint), representada pela maior intensidade de exercício na qual ocorre o máximo equilíbrio entre a taxa de liberação e remoção do lactato sanguíneo22. Baron B, Noakes TD, Dekerle J, Moullan F, Robin S, Matran R, et al. Why does exercise terminate at the maximal lactate steady state intensity? Br J Sports Med 2008;42(10):528-33.. Esta intensidade representa um interessante modelo para estudar respostas fisiológicas durante exercícios prolongados, já que está situada no limite entre os domínios de intensidade pesado e severo22. Baron B, Noakes TD, Dekerle J, Moullan F, Robin S, Matran R, et al. Why does exercise terminate at the maximal lactate steady state intensity? Br J Sports Med 2008;42(10):528-33. , 33. Baron B, Dekerle J, Robin S, Neviere R, Dupont L, Matran R, et al. Maximal lactate steady state does not correspond to a complete physiological steady state. Int J Sports Med 2003;24(8):582-7..

O comportamento do consumo de oxigênio (VO2) e da frequência cardíaca (FC) em exercício realizado na MFELint vem recebendo ampla atenção em diversos estudos na comunidade científica22. Baron B, Noakes TD, Dekerle J, Moullan F, Robin S, Matran R, et al. Why does exercise terminate at the maximal lactate steady state intensity? Br J Sports Med 2008;42(10):528-33.

3. Baron B, Dekerle J, Robin S, Neviere R, Dupont L, Matran R, et al. Maximal lactate steady state does not correspond to a complete physiological steady state. Int J Sports Med 2003;24(8):582-7.
- 44. Lajoie C, Laurencelle L, Trudeau F. Physiological responses to cycling for 60 minutes at maximal lactate steady state. Can J Appl Physiol 2000;25(4):250-61.. No entanto, é possível notar, ainda, a ausência de informações suficientes na literatura em relação às respostas do pulso de oxigênio (pulso de O2, mL.b- 11. Mendes TT, Fonseca TR, Ramos GP, Wilke CF, Cabido CE, De Barros CL, et al. Six weeks of aerobic training improves VO2max and MLSS but does not improve the time to fatigue at the MLSS. Eur J Appl Physiol 2013;113(4):965-73.) durante exercício na MFELint. O pulso de O2 é caracterizado pelo quociente do VO2 pela FC, sendo comumente utilizado para predição do volume sistólico (VS), visto que ambas variáveis são significantemente correlacionadas55. Whipp BJ, Higgenbotham MB, Cobb FC. Estimating exercise stroke volume from asymptotic oxygen pulse in humans. J Appl Physiol 1996;81(6):2674-9. , 66. Bhambhani Y, Norris S, Bell G. Prediction of stroke volume from oxygen pulse measurements in untrained and trained men. Can J Appl Physiol 1994;19(1):49-59.. Considerando que durante exercícios realizados na MFELint o VO2 permanece estável e a FC aumenta progressivamente22. Baron B, Noakes TD, Dekerle J, Moullan F, Robin S, Matran R, et al. Why does exercise terminate at the maximal lactate steady state intensity? Br J Sports Med 2008;42(10):528-33. , 33. Baron B, Dekerle J, Robin S, Neviere R, Dupont L, Matran R, et al. Maximal lactate steady state does not correspond to a complete physiological steady state. Int J Sports Med 2003;24(8):582-7., as reduções do pulso de O2 podem evidenciar a ocorrência do drift cardiovascular, caracterizado pelo aumento da FC paralelo ao declínio do VS, e de maneira indireta, um comprometimento na eficiência cardiorrespiratória (i.e. redução na fração de ejeção ventricular)77. Wingo JE, Lafrenz AJ, Ganio MS, Edwards GL. Cardiovascular Drift Is Related to Reduced Maximal Oxygen Uptake during Heat Stress. Med Sci Sports Exerc 2005;37(2):248-55. , 88. Fritzsche RG, Switzer TW, Hodgkinson BJ, Coyle EF. Stroke volume decline during prolonged exercise is influenced by the increase in heart rate. J Appl Physiol 1999;86(3):799-805., justificando, assim, a avaliação deste parâmetro cardiovascular durante exercícios de longa duração.

Além do mais, a FC tem sido utilizada para monitorar a intensidade de exercício9 e, consequentemente, estimar o gasto energético (GE), visto que é assumida uma relação linear entre os valores de FC e VO2 1010. Hiilloskorpi HK, Pasanen ME, Fogelholm MG, Laukkanen RM, Mänttäri AT. Use of heart rate to predict energy expenditure from low to high activity levels. Int JSports Med 2003;24(5):332-6.. Entretanto, em exercícios de longa duração esta relação não permanece constante1111. Ganio MS, Wingo JE, Carroll CE, Thomas MK, Cureton KJ. Fluid ingestion attenuates the decline in VO2peak associated with cardiovascular drift. Med Sci Sports Exerc 2006;38(5):901-9., podendo incorrer em erros de estimativa do GE quando somente a FC é utilizada. Portanto, o objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas cardiorrespiratórias (VO2, FC e pulso de O2) durante exercício realizado na MFELint até a exaustão voluntária, utilizando o ciclismo como modo de exercício. O segundo objetivo foi comparar o GE estimado por meio de diferentes equações que consideram o VO2 ou apenas a FC.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Participantes

Doze ciclistas treinados, do sexo masculino, participaram deste estudo (29,2 ± 5,3 anos; 176,5 ± 5,9 cm; 76,2 ± 6,8 kg). Os participantes tinham, no mínimo, dois anos de experiência com o treinamento e competições de ciclismo em nível regional e estadual (mountain bike e ciclismo de estrada) e treinavam de cinco a seis dias por semana com um volume de treinamento semanal entre 320-360 km.

Todos os procedimentos adotados foram aprovados pelo Comitê de Ètica de Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (protocolo 056/2009). Além disso, todos os participantes eram informados dos riscos e benefícios, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido e foram familiarizados com os procedimentos do experimento.

Procedimento experimental e materiais utilizados

Os participantes foram instruídos a chegarem ao laboratório, descansados, hidratados, alimentados e pelos menos, com 3 h de antecedência e que evitassem o consumo de bebidas cafeinadas, assim como a realização de exercícios físicos intensos nas 48 h antecedentes aos testes. O protocolo experimental completo foi realizado em até três semanas, com um intervalo mínimo de 48 h entre os testes, e cada participante foi avaliado no mesmo horário do dia com variação de, no máximo, 2 h em relação ao primeiro teste com a finalidade de minimizar a interferência das variações biológicas1212. Carter H, Jones AM, Maxwell NS, Doust JH. The effect of interdian and diurnal variation on oxygen uptake kinetics during treadmill running. J Sports Sci 2002;20(11):901-9.. Todos os testes foram realizados em ambiente climatizado na temperatura média de 24,5±2,3ºC e umidade relativa entre 55-60%.

Inicialmente, os participantes realizaram um teste incremental máximo para determinar o limiar anaeróbio (LAn) e os valores máximos de VO2 (VO2max), FC (FCmax), pulso de O2 (pulso de O2max) e potência máxima obtida no teste (Pmax). O LAn foi determinado como a intensidade de exercício correspondente a concentração fixa de lactato sanguíneo ([La]) de 3,5 mmol.l-1, sendo, posteriormente, utilizada como a intensidade do primeiro teste para determinar a MFELint13. As amostras de sangue (25 µL) para análise da [La] foram coletadas do lóbulo da orelha por meio do capilar heparinizado, armazenadas em microtúbulos de polietileno com tampa (tipo Eppendorf), contendo uma solução de concentração conhecida (50 µL de Fluoreto de Sódio). A leitura foi realizada pelo analisador eletroquímico (YSI 2700 STAT, Yellow Springs, Ohio, USA), o qual foi calibrado automaticamente a cada 5 amostras com uma solução padrão de L-Lactate de 0,50g.L.

O VO2 e a ventilação (VE) foram mensurados a cada respiração durante o teste incremental e o teste de exaustão (TTE) (Quark PFTergo, COSMED, Roma, Itália). O analisador de gases foi calibrado imediatamente antes de cada teste conforme as instruções do fabricante. A FC foi monitorada constantemente por meio de um cardiofrequencímetro conectado ao analisador de gases. O pulso de O2 foi calculado como o quociente do VO2 pela FC durante o protocolo incremental e o TTE. Para todos os testes, foi utilizado um cicloergômetro de frenagem eletromagnética (Ergofit 167 Cycle, Pirmasens, Alemanha). A cadência preferida (± 5 rpm) de cada participante, que variou de 75 a 90 rpm entre os atletas, foi utilizada em todos os testes e permaneceu constante durante todo o procedimento.

Protocolo Incremental Máximo

O teste incremental máximo iniciou a 105 W e aumentou 35 W, a cada 3 min, até a exaustão voluntária14, sendo que cada participante foi verbalmente encorajado a alcançar o máximo esforço. Os valores de VO2 e FC foram reduzidos às médias de 15 s, sendo que o VO2max e FCmax foram considerados como o maior valor. O teste foi considerado máximo quando dois ou mais critérios fossem encontrados: quociente respiratório > 1,10; platô de VO2; [La] > 8 mmol.L-1 e/ou 90% da FCmax predita pela idade15. As amostras sanguíneas foram coletadas ao final de cada estágio do protocolo para a mensuração da [La]. A Pmax foi determinada conforme a equação: Pmax(W) = carga do último estágio completado (W) + [t (s)/duração do estágio (s) * incremento de carga (W); onde "t" foi o tempo do estágio incompleto16.

Protocolo para determinação da MFELint

Após o teste incremental, foram realizados dois a quatro testes submáximos de carga constante, em dias distintos, com duração de 30 min, para identificar a MFELint. As coletas para mensuração das [La] foram realizadas no 10º e 30º min da avaliação. Sendo assim, a MFELint foi a maior intensidade que pôde ser mantida com um aumento na [La] menor que 1 mmol.L-1 nos últimos 20 min do teste1313. Heck H, Mader A, Hess G, Mucke S, Muller R, Holmann W. Justification of the 4mmol/l lactate threshold. Int J Sports Med 1985;6(3):117-30. , 1717. Beneke R. Methodological aspects of maximal lactate steady state-implications for performance testing. Eur J Appl Physiol 2003;89(1):95-9.. A concentração de lactato sanguíneo correspondente à MFELint(MFEL[La]) foi o valor médio entre a coleta do 10º e 30º min.

Caso no primeiro teste de carga constante ocorresse estabilização ou diminuição dos valores de [La], os testes subsequentes seriam realizados com acréscimo de 5% na carga, em dias distintos, até que a estabilidade da [La] não fosse mais mantida. Em contrapartida, se ocorresse um aumento na [La] e/ou não pudesse ser completado devido à exaustão, os testes subsequentes seriam realizados com uma redução da carga (5%). Além disso, em todos os testes para identificação da MFELint foi realizado um aquecimento, com 5 min de duração, a 50% da Pmax.

Protocolo para determinação do VO2, FC e pulso de O2 no TTE na MFELint

Todos os avaliados realizaram um TTE na MFELint previamente determinada. O critério utilizado para a exaustão foi quando os participantes saíssem da cadência preferida (± 5 rpm) pela segunda vez ou parassem de pedalar18. Após os 30 min iniciais, a cada 10 min, foi dado aos sujeitos 100 mL de água. Para a ingestão de água, a máscara do analisador de gases foi retirada por um período máximo de 30 s e, posteriormente, recolocada. O VO2, FC e pulso de O2 foram mensurados continuamente durante o TTE. No entanto, como os tempos de exaustão (min) foram diferentes para os 12 participantes, as variáveis foram expressas e analisadas como percentuais do tempo de exaustão entre 10% e 100% (t10%, t20%, t40%, t60%, t80% e t100%). Foi adotado o valor médio da variável no último minuto em cada percentual do tempo de exaustão. Todas as análises foram realizadas por um único avaliador experiente.

Para caracterizar o aumento percentual das variáveis fisiológicas ao longo do TTE, foi utilizado como referência o t10%, visando excluir os ajustes cardiopulmonares iniciais que ocorrem na transição repouso-exercício.

Determinação do Gasto Energético (GE)

No TTE na MFELint, foram obtidas três diferentes estimativas de GE, sendo duas a partir de valores de VO2 e uma por meio da FC, assumindo a relação linear entre a FC e o VO2. Assim, o GE foi calculado nos mesmos momentos relativos (%) ao tempo de exaustão, como descrito acima.

O GE1 foi obtido a partir dos valores brutos obtidos diretamente do software do analisador de gases (Cosmed(r), Quark PFTergo) durante a realização do TTE, sendo calculado pelo produto entre o VO2 absoluto e o equivalente calórico referente ao quociente respiratório do último minuto em cada percentual de tempo do TTE. Este método (GE1) foi utilizado como referência para estimativa do GE no presente estudo por considerar a relação entre o custo energético (kcal) e a razão do volume de CO2 produzido pelo VO2. Já o GE2 foi obtido assumindo o equivalente metabólico (MET) disponibilizado pelo mesmo aparelho (Quark PFTergo), a partir da seguinte fórmula: GE = MET * massa corporal/6019. O número de MET foi calculado assumindo que o VO2 igual a 3,5 mL.kg- 11. Mendes TT, Fonseca TR, Ramos GP, Wilke CF, Cabido CE, De Barros CL, et al. Six weeks of aerobic training improves VO2max and MLSS but does not improve the time to fatigue at the MLSS. Eur J Appl Physiol 2013;113(4):965-73..min- 11. Mendes TT, Fonseca TR, Ramos GP, Wilke CF, Cabido CE, De Barros CL, et al. Six weeks of aerobic training improves VO2max and MLSS but does not improve the time to fatigue at the MLSS. Eur J Appl Physiol 2013;113(4):965-73. corresponde a 1 MET.

Por último, para obtenção do GE3 calculou-se, primeiramente, o GE durante o protocolo incremental máximo por meio do produto entre o VO2 e o equivalente calórico correspondente ao quociente respiratório do final de cada estágio. Posteriormente, foi realizada uma relação linear entre os valores de FC e GE, gerando as equações individuais de regressão para estimar o GE a partir dos valores de FC durante a realização do TTE na MFELint20.

Análise Estatística

Estatística descritiva é apresentada como média ± desvio-padrão. O teste Shapiro-Wilk foi realizado para verificar a normalidade dos dados. A ANOVA one-way com medidas repetidas foi usada para verificar as mudanças em cada variável (FC, VO2, pulso de O2, GE médio e total) durante os percentuais de tempo do TTE. A ANOVA two-way com medidas repetidas foi utilizada para comparar os diferentes métodos para estimar o GE e as mudanças desta variável ao longo do TTE. Ambas as análises de variância foram complementadas pelo post hoc de Bonferroni. A análise de correlação linear de Pearson foi utilizada para verificar a relação entre o VO2 e a FC ao longo do protocolo do TTE.

Considerando o GE total obtido por cada método, foi calculado o erro ± 95% dos limites de concordância de acordo com o proposto por Bland e Altman2121. Atkinson G, Nevill AM. Statistical methods for assessing measurement error (reliability) in variables relevant to sports medicine. Sports Med 1998;26(4):217-38., a fim de detectar a variabilidade intraindividual. Para tal análise, o GE1 foi considerado como método de referência.

Em todas as análises foi adotado um nível de significância de 5%. Para o tratamento estatístico, foi utilizado o aplicativo GraphPad Prism (v. 5.0 GraphPad Prism Software Inc, San Diego, CA).

RESULTADOS

As variáveis fisiológicas obtidas no teste incremental, no protocolo de determinação da MFELint e o tempo de exaustão são apresentados na tabela 1.

Tabela 1
Respostas fisiológicas durante o teste incremental máximo e durante o protocolo da MFELint.

A Tabela 2 apresenta o comportamento da FC, VO2 e pulso de O2 durante o TTE proposto neste estudo. Houve um aumento progressivo de 13,3% ao final do TTE (t100%) para a FC, enquanto o VO2 estabilizou-se a partir do t20%. Consequentemente, observou-se diferença significativa nos valores do pulso de O2 a partir do t60% comparado ao t10%, atingindo uma redução média de 8,9% no momento de exaustão. Para a FC, verificaram-se diferenças significativas a partir do t20% em comparação ao t10%. Por outro lado, o VO2 apresentou apenas um aumento significativo entre o t10% e t80%. Ainda que o VO2 e FC apresentaram comportamentos diferentes, verificou-se uma alta correlação (r=0,87; p<0,05) entre os valores destas duas variáveis durante o TTE.

Tabela 2
Valores médios ± DP do comportamento das variáveis fisiológicas (FC, VO2 e pulso de O2) e dos percentuais de mudança (Δ) de cada variável, em diferentes momentos relativos do TTE.

Os valores de GE expressos a partir da estimativa de diferentes métodos estão apresentados na Figura 1. Observa-se um aumento significativo nos valores de GE2 entre os momentos t10% e t80%, enquanto o GE3 apresentou um aumento significativo entre o início e final do teste (15,4 vs. 19,4 kcal.min- 11. Mendes TT, Fonseca TR, Ramos GP, Wilke CF, Cabido CE, De Barros CL, et al. Six weeks of aerobic training improves VO2max and MLSS but does not improve the time to fatigue at the MLSS. Eur J Appl Physiol 2013;113(4):965-73., respectivamente). Por outro lado, o GE1 não sofreu variações durante o TTE. Analisando o GE obtido entre os diferentes métodos utilizados, o GE3foi subestimado e superestimado no momento t10% e t100% do TTE, respectivamente, quando comparado aos métodos que consideram o VO2. No entanto, o GE médio (G1= 17,2 ± 1,7; G2= 16,8 ± 1,6; G3=17,4 ± 2,7 kcal.min- 11. Mendes TT, Fonseca TR, Ramos GP, Wilke CF, Cabido CE, De Barros CL, et al. Six weeks of aerobic training improves VO2max and MLSS but does not improve the time to fatigue at the MLSS. Eur J Appl Physiol 2013;113(4):965-73.) e total (G1= 958,5 ± 191,6, G2= 940,3 ± 191,0 e G3= 966,1 ± 207,6 kcal) calculados para cada método não apresentaram diferença significativa. Adicionalmente, a análise de concordância (erro ± 95% limite de concordância) para o GE total foi de 2,0 ± 1,7% (GE1 e GE2; Figura 2A) e 0,5 ± 25,6% (GE1 e GE3; Figura 2B).

Figura 1
Comparação do gasto energético (GE) entre os três métodos para cada percentual do tempo de exaustão. Nota: GE1 - Gasto energético por meio da análise do software Cosmed(r); GE2 - Gasto energético por meio do equivalente metabólico (MET); GE3 - Gasto energético por meio da frequência cardíaca. * p < 0,05 em relação ao t10% do GE1 e GE2; † p < 0,05 em relação ao t100% do GE1 e GE2; + p < 0,05 em relação ao t80% do GE2; ‡ p < 0,05 em relação ao t40%, t60%, t80% e t100% do GE3; // p < 0,05 em relação ao t80% e t100% do GE3; § p < 0,05 em relação ao t100% do GE3.

Figura 2
Análise de concordância de Bland-Altman entre GE1-GE2 (painel A) e GE1-GE3 (painel B). Nota: GE1 - Gasto energético por meio da análise do software Cosmed(r); GE2 - Gasto energético por meio do equivalente metabólico (MET); GE3 - Gasto energético por meio da frequência cardíaca

DISCUSSÃO

O principal achado deste estudo foi que há uma redução significante do pulso de O2, acompanhada pelo aumento progressivo da FC (~ 13%) durante exercício realizado na MFELint até a exaustão. Além disso, o aumento da FC pode superestimar o GE em alguns momentos do exercício de longa duração, especialmente próximos à exaustão.

Alguns estudos têm encontrado uma estabilidade do VO2 durante a realização de exercícios na MFELint2,3. Diferentemente, no presente estudo, foi observado um aumento significativo do VO2 entre t10% e t80% (46,4 vs. 48,7 mL.kg- 11. Mendes TT, Fonseca TR, Ramos GP, Wilke CF, Cabido CE, De Barros CL, et al. Six weeks of aerobic training improves VO2max and MLSS but does not improve the time to fatigue at the MLSS. Eur J Appl Physiol 2013;113(4):965-73..min- 11. Mendes TT, Fonseca TR, Ramos GP, Wilke CF, Cabido CE, De Barros CL, et al. Six weeks of aerobic training improves VO2max and MLSS but does not improve the time to fatigue at the MLSS. Eur J Appl Physiol 2013;113(4):965-73., respectivamente) durante o protocolo até a exaustão. Esse achado é similar aos resultados observados por Barbosa et al.2222. Barbosa LF, De Souza MR, Pelarigo JG, Caritá RAC, Caputo F, Denadai BS, et al. Máxima fase estável de lactato sanguíneo e o limite superior do domínio pesado em ciclistas treinados. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 2009; 11(3):320-5 e Lajoie et al.44. Lajoie C, Laurencelle L, Trudeau F. Physiological responses to cycling for 60 minutes at maximal lactate steady state. Can J Appl Physiol 2000;25(4):250-61. que também constataram aumento no valor de VO2 entre o início e o final do exercício, em atletas treinados, durante 30 e 60 min de ciclismo na MFELint, respectivamente. No entanto no presente estudo os valores de VO2 no momento da exaustão (t100%) não apresentaram diferenças com o inicio do exercício (t10%), sugerindo que a diferença encontrada possa ser meramente um viés estatístico.

Os estudos realizados na MFELint têm mostrado variações significativas de outras variáveis fisiológicas, dentre as quais, a FC, que aumenta continuamente22. Baron B, Noakes TD, Dekerle J, Moullan F, Robin S, Matran R, et al. Why does exercise terminate at the maximal lactate steady state intensity? Br J Sports Med 2008;42(10):528-33. , 33. Baron B, Dekerle J, Robin S, Neviere R, Dupont L, Matran R, et al. Maximal lactate steady state does not correspond to a complete physiological steady state. Int J Sports Med 2003;24(8):582-7.. A resposta da FC ao longo do protocolo do TTE em nosso estudo, caracterizada por um aumento significativo de 13,3%, vem sendo também relatada por outros estudos22. Baron B, Noakes TD, Dekerle J, Moullan F, Robin S, Matran R, et al. Why does exercise terminate at the maximal lactate steady state intensity? Br J Sports Med 2008;42(10):528-33. , 44. Lajoie C, Laurencelle L, Trudeau F. Physiological responses to cycling for 60 minutes at maximal lactate steady state. Can J Appl Physiol 2000;25(4):250-61. , 88. Fritzsche RG, Switzer TW, Hodgkinson BJ, Coyle EF. Stroke volume decline during prolonged exercise is influenced by the increase in heart rate. J Appl Physiol 1999;86(3):799-805.. Esta elevação pode ser explicada pela maior ativação do sistema nervoso simpático e aumento nas concentrações de catecolaminas na corrente sanguínea33. Baron B, Dekerle J, Robin S, Neviere R, Dupont L, Matran R, et al. Maximal lactate steady state does not correspond to a complete physiological steady state. Int J Sports Med 2003;24(8):582-7., como também pelo aumento progressivo no recrutamento de unidades motoras via comando central e/ou feedback muscular88. Fritzsche RG, Switzer TW, Hodgkinson BJ, Coyle EF. Stroke volume decline during prolonged exercise is influenced by the increase in heart rate. J Appl Physiol 1999;86(3):799-805.. Em condições de hipertermia e desidratação, a FC aumenta suficientemente para prevenir reduções significativas no débito cardíaco2323. Gonzáles-Alonso J, Mora-Rodríguez R, Below PR, Coyle EF. Dehydration markedly impairs cardiovascular function in hyperthermic endurance athletes during exercise. J Appl Physiol 1997;82(4):1229-36.. Desse modo, o aumento da FC durante exercícios prolongados, associado a uma redução do VS, é caracterizado classicamente como driftcardiovascular88. Fritzsche RG, Switzer TW, Hodgkinson BJ, Coyle EF. Stroke volume decline during prolonged exercise is influenced by the increase in heart rate. J Appl Physiol 1999;86(3):799-805. , 2424. Coyle EF, Gonzalez-Alonso J. Cardiovascular Drift during Prolonged Exercise: New perspectives. Exerc Sport Sci Rev 2001;29(2):88-92. , 2525. Lafrenz AJ, Wingo JE, Ganio MS, Cureton KJ. Effect of ambient temperature on cardiovascular drift and maximal oxygen uptake. Med Sci Sports Exerc 2008;40(6):1065-71..

A ausência de estabilidade dos valores da FC observada neste estudo acarretou uma redução progressiva e significativa no pulso de O2. Bhambhani et al.66. Bhambhani Y, Norris S, Bell G. Prediction of stroke volume from oxygen pulse measurements in untrained and trained men. Can J Appl Physiol 1994;19(1):49-59. demonstraram a validade do pulso de O2 para predição do VS durante exercícios submáximos no ciclismo, em homens treinados, ao encontrar forte correlação (r = 0,84) entre pulso de O2 e o VS (obtido a partir do quociente entre o débito cardíaco e a FC). A partir disso, pode-se inferir que as quedas do pulso de O2 sejam um reflexo da redução progressiva do VS, o que caracterizaria a existência do drift cardiovascular e, consequentemente, sinalizaria uma redução na fração de ejeção ventricular.

Recentes estudos1111. Ganio MS, Wingo JE, Carroll CE, Thomas MK, Cureton KJ. Fluid ingestion attenuates the decline in VO2peak associated with cardiovascular drift. Med Sci Sports Exerc 2006;38(5):901-9. , 2525. Lafrenz AJ, Wingo JE, Ganio MS, Cureton KJ. Effect of ambient temperature on cardiovascular drift and maximal oxygen uptake. Med Sci Sports Exerc 2008;40(6):1065-71. realizados em ciclistas treinados durante exercício de intensidade submáxima com medidas indiretas de débito cardíaco e VS podem reforçar os achados do presente estudo. Lafrenz et al.2525. Lafrenz AJ, Wingo JE, Ganio MS, Cureton KJ. Effect of ambient temperature on cardiovascular drift and maximal oxygen uptake. Med Sci Sports Exerc 2008;40(6):1065-71. observaram que o drift cardiovascular, refletido pelas mudanças na FC e VS, foi significativo sob diferentes condições experimentais (temperatura ambiente 22ºC vs. 35ºC) durante 45 min de exercício. No entanto, a magnitude do drift cardiovascular foi maior na temperatura ambiental mais elevada. Adicionalmente, Ganio et al.1111. Ganio MS, Wingo JE, Carroll CE, Thomas MK, Cureton KJ. Fluid ingestion attenuates the decline in VO2peak associated with cardiovascular drift. Med Sci Sports Exerc 2006;38(5):901-9. durante 120 min de exercício (temperatura ambiente 30ºC), com e sem a ingestão de fluidos (contendo eletrólitos-carboidratos), observaram significativos aumento da FC e redução do pulso de O2 na 1ª hora de exercício sem a ingestão de fluidos. Já na 2ª hora de exercício, constataram uma redução expressiva do VS, além da ampliação das variações anteriores. Diferentemente, quando houve a ingestão de fluidos, a magnitude do drift cardiovascular foi atenuada e o pulso de O2 permaneceu estável. Como as condições climáticas e experimentais são diferentes, é necessário ter cautela ao comparar os resultados similares entre os estudos. Porém, ainda assim, a casual explicação para a redução do pulso de O2 em nosso estudo pode estar relacionada à reposição hídrica de apenas ~300 mL de água não ser a quantidade adequada para prevenir o processo de desidratação. Assim, a recomendação para atender as necessidades hídricas é de aproximadamente 300-500 mL de água pré-exercício e 800-1600 mL.h- 11. Mendes TT, Fonseca TR, Ramos GP, Wilke CF, Cabido CE, De Barros CL, et al. Six weeks of aerobic training improves VO2max and MLSS but does not improve the time to fatigue at the MLSS. Eur J Appl Physiol 2013;113(4):965-73. de solução com 6% a 8% de carboidrato durante as atividades de endurance com duração entre 1-3 h2626. Gisolfi CV, Duchman SM. Guidelines for optimal replacement beverages for different athletic events. Med Sci Sports Exerc 1992;24(6):679-87..

O gasto energético (GE) tem sido estimado em diferentes modos de exercício, assumindo uma relação linear entre o VO2, a FC e a demanda metabólica aeróbia10. Essa mesma relação de linearidade foi observada no presente estudo (r=0,87), apesar do aumento desproporcional da FC em relação ao VO2 durante o protocolo do TTE. O American College of Sports Medicine (ACSM) sugere diferentes equações para estimativas do VO2 e, desta forma, obter o GE durante diferentes modos de exercício. Para Londeree et al.2727. Londeree BR, Moffitt-Gerstenberger J, Padfield JA, Lottmann D. Oxygen consumption of cycle ergometry is nonlinearly related to work rate and pedal rate. Med Sci Sports Exerc 1997;29(6):775-80. estas equações tendem a subestimar os valores do VO2 na prática de ciclismo, consequentemente, interferindo na estimativa do GE. Para nosso conhecimento, este é o primeiro estudo a comparar o GE estimado por meio de diferentes métodos que consideram apenas o VO2 e, também, os valores da FC durante exercícios realizados na MFELint até a exaustão voluntária.

Embora na prática de exercícios físicos seja relativamente incomum realizar atividades com carga constante, o modelo de exercício deste estudo mostrou que para o GE médio e total não foram observadas diferenças entre as estimativas obtidas diretamente por meio do VO2, e a estimativa obtida a partir da FC. Entretanto, o cálculo dos limites de concordância evidenciou que o GE3 total (estimado a partir da FC) pode variar ± 25,6% comparado ao GE1, sugerindo grande variabilidade intraindividual. Esses achados mostram que os valores do GE total baseado na FC podem apresentar individualmente um erro de estimativa expressivo (± 25,6%) em relação ao método de referência (GE1). Resultados similares foram relatados por Li et al.2828. Li R, Deurenberg P, Hautvast JGAP. A critical evaluation of heart rate monitoring to assess energy expenditure in individuals. Am J Clin Nutr 1993;58(5):602-7., que observaram ampla variação interindividual (14,1 a 17,6%) e intraindividual (10,6 a 20,4%) na estimativa do gasto energético a partir da FC para diferentes atividades da vida diária.

Adicionalmente, no presente estudo, a estimativa do GE3 foi subestimada no início (t10%) e superestimada no final (t100%) do TTE comparada ao GE1 e GE2 (Figura 1). Neste sentido, o comportamento progressivo da FC durante o exercício realizado na MFELint coloca em questionamento a precisão dos cardiofrequencímetros recomendados para estimar o custo energético das atividades realizadas durante os programas de exercícios físicos para atletas ou indivíduos ativos2727. Londeree BR, Moffitt-Gerstenberger J, Padfield JA, Lottmann D. Oxygen consumption of cycle ergometry is nonlinearly related to work rate and pedal rate. Med Sci Sports Exerc 1997;29(6):775-80.. Salienta-se a importância da realização de novos estudos na área de treinamento esportivo sobre a validade das respostas do pulso de O2 para avaliação da fração de ejeção ventricular e sua relação com a fadiga em eventos de longa duração.

Por fim, algumas limitações metodológicas devem ser notadas. Primeiramente, não foi possível realizar a medida direta do VS durante o protocolo de TTE proposto. Segundo, o nível de desidratação dos atletas durante o TTE não foi avaliado, limitando, em parte, a justificativa a respeito do mecanismo fisiológico que explique o aumento da FC e consequente redução do pulso de O2.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que, durante exercícios realizados na MFELint até a exaustão, a FC não apresenta estabilidade, resultando em uma diminuição progressiva do pulso de O2. Assim, a relação direta entre VO2 e FC com a carga de trabalho é alterada ao longo do exercício, conduzindo a erros de estimativa do GE (± 25,6%) a partir dos valores da FC em relação ao método de referência (GE1). Sugere-se cautela ao utilizar a FC como critério para estimar o GE em exercícios de longa duração de carga constante.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2014

Histórico

  • Recebido
    26 Mar 2013
  • Revisado
    22 Abr 2013
  • Aceito
    23 Ago 2013
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