Acessibilidade / Reportar erro

ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DO ESTRATO DE REGENERAÇÃO E VEGETAÇÃO ASSOCIADA DE DIFERENTES ESTÁDIOS SUCESSIONAIS NO LESTE DO PARANÁ1 1 Parte da Dissertação de mestrado do primeiro autor apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (PR).

STRUCTURE AND COMPOSITION OF THE REGENERATION STRATUM AND ASSOCIATED VEGETATION OF DIFFERENT SUCCESSION STAGES IN EAST OF PARANÁ STATE

RESUMO

Nas últimas décadas, as atividades antrópicas têm gerado o declínio geral da biodiversidade dos diferentes biomas e para compreender os impactos na comunidade vegetal é necessário analisar o potencial regenerativo das florestas. O estudo da composição e estrutura florística da guilda de plântulas em diferentes estádios sucessionais e condições históricas descreve os padrões de substituição das espécies e auxilia no processo de compreensão da dinâmica florestal. O objetivo do trabalho foi comparar florística e estruturalmente o estrato de regeneração e da vegetação associada em dois estádios sucessionais de duas áreas com históricos de uso distintos no Município de Campina Grande do Sul, PR. As plântulas foram coletadas em dois fragmentos de floresta secundária nos estádios secundários inicial e intermediário com históricos de uso de corte raso e seletivo, respectivamente. Cento e sessenta parcelas de 0,16 m² foram demarcadas, onde todos os indivíduos entre 10 - 50 cm de altura foram coletados, identificados em herbário e separados em dois grupos para a análise fitossociológica: plântulas e espécies associadas. As espécies também foram classificadas quanto ao seu hábito, modo de dispersão e classe sucessional, e a similaridade florística entre as áreas foi estabelecida pelos índices de Sorensen, Bray & Curtis e Morisita-Horn. A análise geral indicou uma possível influência do histórico de uso e dos estádios sucessionais no estrato de regeneração e da vegetação associada. A análise dos índices de similaridade mostrou um gradiente de regeneração, sendo que o estádio intermediário da área com corte raso é semelhante ao estádio inicial da área com corte seletivo.

Palavras-chave:
estádio sucessional; histórico de uso; plântulas; regeneração

ABSTRACT

In recent decades, the human activities caused the overall decline in biodiversity and, to understand the impacts on plant communities, it is necessary to analyze the regenerative potential of the forest. Studies on the floristic composition and the structure of the guild of seedlings in different succession stages and historical conditions can describe the patterns of species replacement and help understand the forest dynamics. Thus, the objective of this study was to compare floristic and structural layer of the regeneration and associated vegetation in two succession stages of two areas with different historical uses located in the city of Campina Grande do Sul, in Paraná state. Seedlings were collected in two fragments of the secondary forest at the initial and at the intermediate stages, with historical use of clear and selective cuts, respectively. One-hundred and six plots of 0,16 m² were delimited and all individual plants with up to 10 - 50 cm high were collected, identified, quantified and divided into two groups: seedlings of tree species and species associated for the phytosociological analysis. The species were also classified according to their habits, dispersion mode and succession stages and the floristic similarity between areas was established by Sorensen’s, Bray & Curtis’ and Morisita-Horn’s indices. The analysis suggests a possible influence of historical use and the successional stages of regeneration and the associated vegetation. The analysis of similarity indicates a gradient of regeneration, in which the intermediate stage of the clear cut area is similar to the early stage of the selective cutting area.

Keywords:
historical use; seedlings; succession stages; regeneration

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • APG. An update of the Angiosperm phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Annals of the Botanical Journal of the Linnean Society, Londres, v. 141, p. 399-436, 2003.
  • BAIDER, C.; TABARELLI, M.; MANTOVANI, W. The soil seed bank during Atlantic Forest regeneration in southeast Brazil. Revista Brasileira de Biologia, São Carlos, v. 61, p. 35-44, 2001.
  • BENÍTEZ-MALVIDO, J.; MARTÍNEZ-RAMOS, M. Impact of forest fragmentation on understory plant species richness in Amazonia. Conservation Biology, Vermont, v. 17, p.389-400, 2003.
  • BENÍTEZ-MALVIDO, J. Impact of forest fragmentation on seedling abundance in a tropical rain forest. Conservation Biology , Vermont, v. 12, p. 380-389, 1998.
  • BUDOWSKI, G. The distinction between old secondary and climax species in tropical central american lowland forests. Tropical Ecology, v. 11, p. 44-48, 1970.
  • CERSÓSIMO, L.F. Variações espaciais e temporais no estabelecimento de plântulas em floresta secundária em São Paulo. 1993. 195 p. Dissertação (Mestrado Instituto de Biociências) - Universidade de São Paulo, São Paulo. 1993.
  • CHIARELLO, A.G. Effects of fragmentation of the Atlantic forest on mammal communities in southeastern Brazil. Biological Conservation, Londres, v. 89, p. 71-82, 1999.
  • CONAMA. Resolução Nº. 010 - Estabelece os parâmetros básicos para análise dos estágios de sucessão de Floresta Atlântica. Diário Oficial da União, 01 de novembro de 1993.
  • DENSLOW, J.S. The effect of understory palms and cyclanths on the growth and survival of Inga seedlings. Biotropica, v. 23, n. 3, p. 225-234, 1991.
  • DE WALT, S.J.; MALIAKAL, S.K.; DENSLOW, J.S. Changes in vegetation structure and composition along a tropical forest chrono sequence: implications for wildlife. Forest Ecology Management, v. 182, p. 139-151, 2003.
  • EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2ª edição. Brasília: Embrapa, 2006. 306 p.
  • FARWIG, N.; BOHNING-GAESE, K.; BLEHER, B. Enhanced seed dispersal of Prunus africana in fragmented and disturbed forests? Oecologia, v. 147, p. 238-252, 2006.
  • GANDOLFI, S.; JOLY, C.A.; RODRIGUES, R.R. Permeability - impermeability: canopy trees as biodiversity filters. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 64, n. 4, p. 433-438, 2007.
  • HARPER, J.L. Population biology of plants. Londres: Academic Press, 1977. 892 p.
  • IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro, 1992. 92 p.
  • INSTITUTO TECNOLÓGICO SIMEPAR. Almanaque climático. Disponível em: Disponível em: <http://www.simepar.br> Acesso em 14 de julho de 2008.
    » <http://www.simepar.br>
  • IVANAUSKAS, N.M.; RODRIGUES, R.R.; NAVE, A.A. Fitossociologia de um remanescente de floresta estacional semidecidual em Itatinga- SP, para fins de restauração de áreas degradadas. Árvore, Viçosa, v. 26, n. 1, p. 43-57, 2002.
  • JANZEN, D.H. The future of tropical ecology. Annual Review of Ecology and Systematics, v. 17, p. 305-324, 1986.
  • KELLMAN, M. Geographic patterning in tropical weed communities and early secondary successions. Biotropica , v. 12, p. 34-39, 1980.
  • LARSEN, T.H.; WILLIAMS, N.M.; KREMEN, C. Extinction order and altered community structure rapidly disrupt ecosystem functioning. Ecology Letters, v. 8, p.538-547, 2005.
  • LAURENCE, W.F. et al. Rainforest fragmentation kills big trees. Nature, v. 404, p. 836, 2000.
  • LIEBSCH, D.; MARQUES, M.C.M.; GOLDENBERG, R. How long does the Atlantic Forest take to recover after a disturbance? Changes in species composition and ecological features during secondary succession. Biological Conservation , Londres, v. 141, p.1717-1725, 2008.
  • LIEBSCH, D.; ACRA, L.A. Riqueza de espécies de sub-bosque de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista em Tijucas do Sul, PR. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 14, n. 1, p. 67-76, 2004.
  • LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 2ª edição, v.2. Nova Odessa: Editora Plantarum, 2002. 384 p.
  • LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 3ª edição, v.1. Nova Odessa: Editora Plantarum , 2000. 352 p.
  • MAACK, R. Geografia física do Estado do Paraná. Curitiba: IBPT, 1968. 350 p.
  • MAGURRAN, A.E. Ecological diversity and its measurement. Princeton: Princeton University Press, 1988. 179 p.
  • MARTINS, S.V.; RODRIGUES, R.R. Gap-phase regeneration in a semideciduos mesophytic forest, South-eastern Brazil. Plant Ecology, v. 160, p. 1-12, 2002.
  • MELO, F.P.L. et al. Recrutamento e estabelecimento de plântulas. In: FERREIRA, A.G.; BORGHETTI, F. Germinação do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed, 2004. 237-250 p.
  • MENDES, S. Comparação entre os estratos arbóreo e de regeneração na mata de galeria da Estação Ecológica do Panga. 2002. 77 p. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais), Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia. 2002.
  • MONTGOMERY, R.A.; CHAZDON, R.L. Light gradient partitioning by tropical tree seedlings in the absence of canopy gaps. Oecologia , v. 131, p. 165-174, 2002.
  • MUELLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: John Wiley & Sons, 1974. 574 p.
  • NAVE, A.G. Banco de sementes autóctone e alóctone, resgate de plantas e plantio de vegetação nativa na fazenda Intermontes, município de Ribeirão Grande, SP. 2005. 218 p. Tese (Doutorado em Recursos Florestais), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - USP, Piracicaba. 2005.
  • NUNES, Y.R.F. et al. Variações da fisionomia, diversidade e composição de guildas da comunidade arbórea em um fragmento de Floresta Semidecidual em Lavras-MG. Acta Botânica Brasilica, v. 17, n. 2, p. 213-229, 2003.
  • NYKVIST, N. Regrowth of secondary vegetation after the “Borneo fire” of 1982-1983. Journal of Tropical, v. 12, p. 307-312, 1996.
  • OLIVEIRA, R.J.; MANTOVANI, W.; MELO, M.M.R.F. Estrutura do componente arbustivo-arbóreo da Floresta Atlântica de encosta, Peruíbe-SP. Acta Botânica Brasílica, v. 15, n. 3, p. 391-412, 2001.
  • OLIVEIRA-FILHO, A.T.; FONTES, M.A.L. Patterns of floristic differentiation among Atlantic Forests in southeastern Brazil and the influence of climate. Biotropica , v. 32, n. 4b, p. 793-810, 2000.
  • OLIVEIRA, Y. M. M.; ROTTA, E. Levantamento da estrutura horizontal de uma mata de Araucária do primeiro planalto paranaense. Boletim de Pesquisa Florestal, Curitiba, v. 4, p. 1-46, 1982.
  • PESSOA, S.V.A.; GUEDES-BRUNI, R.R.; BRUNO, C.K. Composição florística e estrutura do componente arbustivo-arbóreo de um trecho secundário de floresta montana na Reserva Ecológica de Macaé de Cima. In: DE LIMA H.C.; GUEDES-BRUNI R.R. Serra de Macaé de Cima: diversidade florística e conservação em Mata Atlântica. Jardim Botânico: Rio de Janeiro. 1997. 147-168 p.
  • REGINATO, M.; GOLDENBERG, R. Análise florística, estrutural e fitogeográfica da vegetação em região de transição entre as Florestas Ombrófilas Mista e Densa Montana, Piraquara, Paraná, Brasil. Hoehnea, São Paulo, v. 34, n. 3, p. 349-364, 2007.
  • SCUDELLER, V.V.; MARTINS, F.R.; SHEPHERD, G.J. Distribution and abundance of arboreal species in the Atlantic ombrophilous dense forest in Southeastern Brazil. Plant Ecology , v. 152, p. 185-199, 2001.
  • SHEPHERD, G. J. FITOPAC 1.6.4, Departamento de Botânica, UNICAMP, 2006.
  • SILVA, F.C. Composição florística e estrutura fitossociológica da Floresta Tropical Ombrófila da encosta atlântica no município de Morretes - Estado do Paraná. Acta Biológica Paranaense, Curitiba, v. 23, p. 1-54, 1994.
  • TABARELLI, M.; PERES, C.A. Abiotic and vertebrate seed dispersal in the Brazilian Atlantic forest: implications for forest regeneration. Biological Conservation , Londres, v. 106, p. 165-176, 2002.
  • TABARELLI, M.; MANTOVANI, W. A regeneração de uma floresta tropical Montana após corte e queima (São Paulo-Brasil). Revista Brasileira de Biologia , São Carlos, v.59, n.2, p.239-250, 1999.
  • TABARELLI, M.; VILLANI, J.P.; MANTOVANI, W. Estudo comparativo da vegetação de dois trechos de floresta secundária no núcleo Santa Virgínia, Parque Estadual da Serra do Mar, SP. Revista do Instituto Florestal, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 1-11, 1994.
  • VAN DER PIJL, P. Principles of dispersal in higher plants. Berlim: Springer-Verlag, 1982. 213 p.
  • 1
    Parte da Dissertação de mestrado do primeiro autor apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (PR).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2011
Universidade Federal de Santa Maria Av. Roraima, 1.000, 97105-900 Santa Maria RS Brasil, Tel. : (55 55)3220-8444 r.37, Fax: (55 55)3220-8444 r.22 - Santa Maria - RS - Brazil
E-mail: cienciaflorestal@ufsm.br