Acessibilidade / Reportar erro

FLORÍSTICA E ESTRUTURA DO COMPONENTE ARBÓREO E ANÁLISE AMBIENTAL DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA ALTO-MONTANA NO MUNICÍPIO DE PAINEL, SC

FLORISTIC COMPOSITION AND STRUCTURE OF THE TREE COMPONENT AND ENVIRONMENTAL ANALYSIS OF A FRAGMENT OF A HIGHLAND ARAUCARIA FOREST IN THE MUNICIPALITY OF PAINEL, SANTA CATARINA STATE

RESUMO

A Floresta Ombrófila Mista Alto-Montana é uma formação pouco estudada que ocorre em altitudes acima de 1.000 m. Os objetivos deste estudo foram conhecer os padrões florísticos e estruturais do componente arbóreo de um fragmento desta floresta na região do Planalto Sul Catarinense e determinar as variáveis ambientais que influenciam esses padrões. O levantamento da composição florística e estrutural e a coleta das variáveis ambientais foram conduzidos em 50 parcelas de 200 m2. Nelas, todos os indivíduos arbóreos com CAP (circunferência medida a altura do peito) ≥ 15,7 cm foram medidos (CAP e altura) e identificados. Foram coletadas, em cada parcela, variáveis ambientais relacionadas às características químicas e físicas dos solos, topográficas e de cobertura do dossel. Foram calculados os parâmetros fitossociológicos e a estrutura diamétrica da comunidade e das populações com valor de importância (VI) acima de 5 %. A similaridade florístico-estrutural entre as parcelas foi analisada pela NMDS (Nonmetric Multidimensional Scaling) e os vetores das variáveis ambientais significativas (p < 0,05) foram plotados a posteriori. Foram identificadas 50 espécies arbóreas distribuídas em 33 gêneros e 20 famílias botânicas. As espécies com maior VI foram: Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze (17,32 %), Myrceugenia euosma (O.Berg) D.Legrand (15,24 %) e Acca sellowiana (O.Berg) Burret (7,84 %). A estrutura diamétrica de toda a comunidade e das populações estudadas (exceto Dicksonia sellowiana Hook.) teve distribuição próxima ao "J invertido". A análise NMDS demonstrou maior porcentagem de argila nas parcelas com maior densidade de Araucaria angustifolia e menor porcentagem, nas parcelas com maior densidade de Dicksonia sellowiana, Inga lentiscifolia Benth. e Ocotea pulchella Mart. As parcelas de maior declividade tiveram maior densidade de Drimys brasiliensis Miers e aquelas de menor declividade, maior cota e maior cobertura do dossel, tiveram maior ocorrência de Drimys angustifolia Miers, Prunus myrtifolia (L.) Urb., Calyptranthes concinna DC. e Myrceugenia oxysepala (Burret) D.Legrand & Kausel.

Palavras-chave:
floresta nebular; floresta de araucária; NMDS

ABSTRACT

The highland Araucaria Forest is a little-studied forest formation, occurring in altitudes above 1,000 m. The objectives of this study were to understand the structural and floristic patterns of the tree component of a remaining of this forest in the southern plateau region of Santa Catarina State and to determine the environmental variables that influence these patterns. The tree component survey and the environmental data collection were conducted in 50 plots of 200 m2. Within these plots, all living trees with circumference at breast height (CBH) ≥ 15,7 cm were measured (CBH and height) and identified. In each plot, environmental variables related to soils physical and chemical traits, topography and canopy cover were collected. Phytosociological parameters and the diameter structure (whole tree community and tree populations with the importance value above 5 %) were calculated. The floristic-structural similarities among plots were analyzed by NMDS (Nonmetric Multidimensional Scaling) and vectors of environmental variables (p < 0.05) were plotted a posteriori. A total of 50 tree species were identified, distributed in 33 genera and 20 families. The species with the highest VI were Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze (17.32 %), Myrceugenia euosma (O. Berg) D. Legrand (15.24 %) and Acca sellowiana (O. Berg) Burret (7.84 % ). The diameter structure of the whole community and of the study populations (except Dicksonia sellowiana Hook.) showed a distribution close to the "inverted J". The NMDS analysis showed a higher percentage of clay in the plots with the highest density of Acca sellowiana and lowest percentage in the plots with high density of Dicksonia sellowiana, Inga lentiscifolia Benth. and Ocotea pulchella Mart. Plots with higher declivity had a higher density of Drimys brasiliensis Miers and those of lower declivity, higher elevation and greater canopy closure, had a higher occurrence of Drimys angustifolia Miers, Prunus myrtifolia (L.) Urb, Calyptranthes concinna DC. and Myrceugenia oxysepala (Burret) D. Legrand & Kausel.

Keywords:
nebular forest; Araucaria Forest; NMDS

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • APG III. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 161, n. 2, p. 105-121. 2009.
  • BABWETEERA, F.; BROWN, N. Can remnant frugivore species effectively disperse tree seeds in secondary tropical rain forests? Biodiversity and Conservation, v. 18, n. 6, p. 1611-1627. 2009.
  • BROWER, J. E.; ZAR, J. H. Field and laboratory methods for general ecology. Duduque: W.M.C. Brow Publishers. 1984. 84 p.
  • BUDKE, J. C. et alRelatioships between tree component structure, topography and soils of a riverside forest, Rio Botucaraí, Southern Brazil. Plant Ecology, v. 189, p. 189-200. 2007.
  • CARVALHO, D. A. et alVariações florísticas e estruturais do componente arbóreo de uma floresta ombrófila alto-montana às margens do rio Grande, Bocaina de Minas, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 19, n. 1, p. 91-109, 2005.
  • EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análises de solo. 2. ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA. 1997. 212 p.
  • EMBRAPA. Embrapa Solos. Solos do Estado de Santa Catarina Rio de Janeiro: EMBRAPA . 2004. 721 p. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 46).
  • ESPÍRITO-SANTO, E. D. B. et al. Variáveis ambientais e a distribuição de espécies arbóreas em um remanescente de floresta estacional montana em Lavras, MG. Acta botanica brasílica, v. 16, n. 3, p. 331-351. 2002.
  • FALKENBERG, D. Matinhas nebulares e vegetação rupícola dos Aparados da Serra Geral (SC/RS), sul do Brasil. 2003. 558f. Tese (Doutorado em Biologia Vegetal) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.
  • GOMES, M. et al. Classificação das áreas de recarga do sistema Aquífero Guarani no Brasil em domínios pedomorfoagroclimáticos - subsídio aos estudos de avaliação de risco de contaminação das águas subterrâneas. Revista do Departamento de Geografia, v. 18, p. 67-74. 2006.
  • HELTSHE, J. F.; FORRESTER, N. E. Estimating species richness using the jackknife procedure. Biometrics, v. 39, p. 1-12. 1983.
  • IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1992. 92 p. (Série: Manuais técnicos em geociências n.1).
  • JARENKOW, J. A.; BAPTISTA, L. R. M. Composição florística e estrutura da mata com araucária na Estação Ecológica de Aracuri, Esmeralda, Rio Grande do Sul. Napaea, Porto Alegre, v. 3, p. 9-18. 1987.
  • KLAUBERG, C. et al. Florística e estrutura de um fragmento de Floresta Ombrófla Mista no Planalto Catarinense. Biotemas, v. 23, n. 1, p. 35-47. 2010.
  • KLEIN, R. M. Mapa fitogeográfico de Santa Catarina. In: REITZ, R. Flora Ilustrada de Santa Catarina. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues. 1978. 24 p.
  • KOEHLER, A. et al. Floresta Ombrófila Densa Altomontana: aspectos florísticos e estruturais de diferentes trechos da serra do mar. Ciência Florestal, v. 12, n. 2, p. 27-39. 2002.
  • LEMMON, P. A spherical densiometer for estimating forest overstory density. Forest Science, v. 2, n. 4, p. 314-320. 1956.
  • MANTOVANI, M. Caracterização de populações naturais de Xaxim (Dicksonia sellowiana (Presl.) Hooker), em diferentes condições edafo-climáticas no Estado de Santa Catarina. 2004. 105f. Dissertação (Mestrado em Recursos Genéticos Vegetais) -Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
  • MEDRI, P. et al. Comparação de parâmetros bióticos e abióticos entre fragmento de floresta secundária e reflorestamento de Araucaria angustifolia (Bertol.) O. Kuntze. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, v. 30, n. 2, p. 185-194. 2009.
  • MINCHIN, P. R. An evaluation of relative robustness of techniques for ecological ordinations. Vegetatio, v. 71, p. 145-156. 1987.
  • MULLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and of vegetation ecology. New York: John Wiley & Sons. 1974. 547p.
  • NASCIMENTO, A. R. T. et al. Estrutura e padrões de distribuição espacial de espécies arbóreas em uma amostra de Floresta Ombrófila Mista em Nova Prata, RS. Ciência Florestal , Santa Maria, v. 11, n. 1, p. 105-119. 2001.
  • OKSANEN, J. et al. Vegan: community ecology package. R Package version, v.1, p. 8. World Agroforestry Centre: Kenya, 2009.
  • OKSANEN, J. Multivariate Analysis of Ecological Communities in R: vegan tutorial. Oklahoma: State University. 2010. 43p.
  • OLIVEIRA FILHO, A. T. et al. Differenciation of streamside and upland vegetation in an area of montane semideciduous Forest in southeastern Brasil. Flora, v. 189, p. 1-19. 1994.
  • R DEVELOPMENT CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, 2008. Disponível em: <Disponível em: http://www.R-project.org > Acesso em: 18 de fevereiro de 2009.
    » http://www.R-project.org
  • RODRIGUES, L. A. et al. Efeitos de solos e topografia sobre a distribuição de espécies arbóreas em um fragmento de floresta estacional semidcidual, em Luminarias, MG. Revista Árvore, v. 31, n. 1, p. 25-35. 2007.
  • SANTA CATARINA. Secretaria de Estado de Coordenação Geral e Planejamento. Subsecretaria de Estudos Geográficos e Estatísticos. Atlas Escolar de Santa Catarina. Rio de Janeiro: Aerofoto Cruzeiro, 1986. 36 p.
  • SEHNEM, A. Ciateáceas. In: REITZ, R. Flora Ilustrada de Santa Catarina. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues . 1978. 114 p.
  • SGROTT, E. Fitossociologia da zona ripária no Estado de Santa Catarina. In: SEMINÁRIO DE HIDROLOGIA FLORESTAL: ZONAS RIPÁRIAS, 1., 2003, Alfredo Wagner. Anais... Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2003. p. 14-39.
  • SOUZA, C. G. Manual técnico de pedologia. Rio de Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística , 2007. 104 p. (Série: Manuais Técnicos em Geociências v.4).
  • SOUZA, V. C.; LORENZI, H. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2005. 640 p.
  • TEIXEIRA, A.; ASSIS, M. A. Relação entre heterogeneidade ambiental e distribuição de espécies em uma floresta paludosa no Município de Cristais Paulistas, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica , v. 23, n. 3, p. 843-853. 2009.
  • TRYON, R. M.; STOLZE, R. G. Pteridophyta of Peru. Part I. Ophioglossaceae - Cyatheaceae. Fieldiana Botany N. S., v. 20, p. 1-145. 1989.
  • WEBSTER, G. L. The panorama of Neotropical cloud forests. In: NEOTROPICAL MONTANE FOREST BIODIVERSITYAND CONSERVATION SYMPOSIUM, 1995, New York. Proceedings... Davis: University of California, 1995. p. 53-77.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2013
Universidade Federal de Santa Maria Av. Roraima, 1.000, 97105-900 Santa Maria RS Brasil, Tel. : (55 55)3220-8444 r.37, Fax: (55 55)3220-8444 r.22 - Santa Maria - RS - Brazil
E-mail: cienciaflorestal@ufsm.br