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LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DO ESTRATO ARBÓREO DE TRÊS FRAGMENTOS DE FLORESTA CILIAR COMO SUBSÍDIO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO DO RIO CEDRO, MONTES CLAROS - MG

FLORISTIC SURVEY OF ARBOREAL STRATUM OF THREE FRAGMENTS OF RIPARIAN FOREST AS A SUBSIDY TO 'RIO CEDRO' VEGETATION RECOMPOSITION IN MONTES CLAROS - MG

RESUMO:

Os objetivos deste estudo foram conhecer a composição florística de três fragmentos de floresta ciliar do Rio Cedro, Montes Claros - MG e selecionar espécies para serem utilizadas na recomposição. Realizou-se o levantamento florístico, análise de similaridade e a classificação sucessional. Foram amostrados 356 indivíduos em três fragmentos, sendo: 99 no 1º, 117 no 2º e 140 no 3º com um total de 53 espécies, duas não identificadas, 46 gêneros e 22 famílias. O 1º Fragmento apresentou a maior riqueza florística: 28 espécies, seguida pelo 2º com 26 e o 3º com 25. As famílias com maior número de indivíduos foram Fabaceae (111), Malvaceae (50), Arecaceae (45) e Anacardiaceae (32). A Fabaceae foi a família com maior número de espécies representas. Das análises, obteve-se um índice de similaridade de Sørensen para os Fragmentos: 1 e 2, 52,8%, 2 e 3, 40% e 1 e 3 33,3%. Os valores maiores de riquezas de espécies pioneiras e secundárias iniciais caracterizam uma fase de transição da floresta pioneira, típica de estágio sucessional médio. Os fragmentos apresentam características da floresta estacional decidual, encontrando-se perturbados. Para a recomposição da floresta ciliar propôs-se a seleção de espécies de diferentes grupos ecológicos.

Palavras-chave:
floresta ciliar; composição florística; conservação

ABSTRACT

The objectives of this study were to know the floristic composition of three fragments of riparian forest from Rio Cedro, Montes Claros, Minas Gerais state and select species to be used in its recomposition. It was done a floristic survey, similarity analysis and sucessional classification of species. We sampled 356 individuals in three fragments, and: 99 at the 1st one, 117 at the 2nd one and 140 at the 3rd one with a total of 53 species, 2 unidentified, 46 genera and 22 families. The majority floristic wealth was found at the 1st fragment: 28 species, then at the 2rd one with 26 last at the 3nd with 25. The families with the highest number of individuals were Fabaceae (111), Malvaceae (50), Arecaceae (45), Anacardiaceae (32). The Fabaceae family showed the greatest number of species represented. By the tests, Sorensen's similarity rate was obtained for the fragments: 1 and 2, 52.8%, 2 and 3, 40% and 1 and 3 33.3%. The greatest wealth of pioneering species and secondary ones characterize an initial phase of transition from forest pioneering, typical of sucessional medium probation and show characteristics of seasonal decidual forest. The fragments studied are disrupted. In order to the recomposition of the riparian forest, a selection of species to be used in its recomposition and the combination of different ecological groups are proposed.

Keywords:
riparian forest; floristic composition; conservation

INTRODUÇÃO

O Estado de Minas Gerais apresenta riqueza de formações vegetais, constituindo um complexo mosaico, devido as suas diversas condições geológicas, topográficas e climáticas (MELLO-BARRETO, 1942MELLO-BARRETO, H. L. Regiões Fitogeográficas de Minas Gerais. Rio de Janeiro: IBGE, 1942. p. 14-28 (Boletim Geográfico, 14). e COSTA et al., 1998COSTA, C. M. R. et al. Biodiversidade em Minas Gerais: um Atlas para sua conservação. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 1998. 94p. ). Entre estas formações, estão presentes o cerrado e a caatinga com suas várias fitofisionomias (SANO e ALMEIDA, 1998SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. Cerrado: ambiente e flora . Planaltina: EMBRAPA/Cerrados , 1998. 556p.). Atualmente, sua cobertura vegetal está drasticamente reduzida a remanescentes esparsos. Estudo realizado pelo CETEC (1993CETEC Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais. Desenvolvimento de metodologia para recuperação do revestimento florístico natural em áreas de proteção das captações de água da COPASA na Região Metropolitana de Belo HorizonteBelo Horizonte: SAT/CETEC, 1993. 83p. (Relatório técnico).) concluiu que, atualmente, a área ocupada pelas florestas nativas não chega a 2% do território mineiro. O processo de ocupação desordenado de sua vegetação tem provocado crescente perda de diversidade biológica (OLIVEIRA-FILHO e MACHADO, 1993OLIVEIRA-FILHO, A.T.; MACHADO, J. N. M. Composição Florística de uma floresta semidecídua montana, na Serra de São José, Tiradentes, Minas Gerais. Acta Botanica Brasilica , Brasília, v. 7, n. 2, p. 71-88, 1993.).

As florestas ciliares também foram extremamente degradadas no estado (VILELA et al., 1994VILELA, E. A. et al. Fitossociologia e fisionomia de mata semidecídua margeando o reservatório de Camargos em Itutinga, Minas Gerais. Ciência e Prática, Lavras, v. 18, n. 4, p. 415-424, 1994.). Essas formações vegetais são sistemas particularmente frágeis em face dos impactos promovidos pelo homem, localizam-se em áreas onde, comumente, ocorrem os solos mais férteis e úmidos. Por isso, estas áreas são tão propensas a derrubadas, dando lugar às atividades agrícolas, colocando em risco a diversidade das faunas aquática e silvestre (BOTELHO e DAVIDE, 2002BOTELHO, S. A.; DAVIDE, A. C. Métodos silviculturais para recuperação de nascentes e recomposição de matas ciliares. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS, 5., 2002, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte, 2002, p. 123-145.; OLIVEIRA-FILHO et al., 1994OLIVEIRA-FILHO, A.T. et al. Estrutura fitossociologica e variáveis ambientais em um trecho de mata ciliar do córrego dos Vilas Boas, Reserva Biológica do Poço Bonito, Lavras (MG). Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 67-85, 1994.; VAN DEN BERG, 1995VAN DEN BERG, E. Estudo florístico e fitossociológico de uma floresta ripária em Itutinga MG, e análise das correlações entre variáveis ambientais e a distribuição das espécies de porte arbóreo-arbustivo. 1995. 73f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) Universidade Federal de Lavras, Lavras, 1995.). Do ponto de vista ecológico, as florestas ciliares se destacam pela riqueza de espécies (FELFILI et al., 2001FELFILI, J. M. et al. Desenvolvimento inicial de espécies de Mata de Galeria. In: RIBEIRO, J. F.; FONSECA, C. E. L.; SOUSA-SILVA, J. C. Cerrado: caracterização e recuperação de matas de galeria. Planaltina: EMBRAPA/Cerrados, 2001. p. 779-811.) sendo consideradas como corredores ecológicos para a movimentação da fauna e para a dispersão vegetal, exercendo importante papel na proteção de recursos hídricos (LIMA e ZAKIA, 2000LIMA, W. P.; ZAKIA, M. J. B. Hidrologia de matas ciliares. In: RODRIGUES, R. R.; LEITÃO FILHO, H. F. (eds.). Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo: EDUSP, 2000. p. 33-44.).

O conhecimento da composição florística das florestas ciliares é um pré-requisito importante para projetos de recomposição da cobertura vegetal de áreas marginais a rios, córregos e nascentes (SILVA et al., 1995SILVA, F. C. et al. Composição florística e fitossociologia do componente arbóreo das florestas ciliares da bacia do Rio Tibagi. 3. Fazenda Bom Sucesso, Município de Sapopema, PR. Acta Botanica Brasílica , Brasília, v. 9, n. 2, p. 289-302. 1995.); entretanto, estudos sobre a ecologia desse ecossistema são ainda escassos no Norte de Minas Gerais, de acordo com Santos e Vieira (2005SANTOS, R. M.; VIEIRA, F. A. Estrutura e florística de um trecho de mata ciliar do rio Carinhanha no extremo Norte de Minas Gerais, Brasil. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal, v. 5, p. 1-13. 2005.), a vegetação desta região possui características peculiares e ainda é muito pouco estudada.

O Norte de Minas Gerais, especificamente a região de Montes Claros, está inserido em uma área de transição entre os domínios do Cerrado e da Caatinga (SANO e ALMEIDA, 1998SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. Cerrado: ambiente e flora . Planaltina: EMBRAPA/Cerrados , 1998. 556p.). Em graus distintos, nota-se a dominância de uma formação sobre a outra, dando origem a fitofisionomias bem distintas, considerando o porte dos indivíduos e a composição das espécies (SANTOS et al., 2007SANTOS, R. M. et al. Florística e estrutura de uma floresta estacional decidual, no Parque Municipal da Sapucaia, Montes Claros (MG). Cerne, Lavras, v. 13, n. 3, p. 248-256, 2007.). Entre as fitofisionomias encontradas nesses ecótonos, uma das mais características é a mata seca, referida na classificação do IBGE, como Floresta Estacional Decidual (VELOSO et al., 1991VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE , 1991.123p.), vegetação que possui estrutura e composição florística muito variadas (PEDRALLI, 1997PEDRALLI, G. Florestas secas sobre afloramento de calcário em Minas Gerais: Florística e fisionomias. Revista BIOS, Cadernos do departamento de Ciências Biológicas da PUC Minas, Belo Horizonte, v. 5, p. 81-88, 1997.).

Adicionalmente às "matas secas", nessa região ocorrem as florestas ciliares, que, de acordo com Ribeiro e Walter (1998RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. As matas de galeria no contexto do bioma Cerrado. In: SANO, S.M.; ALMEIDA, S. P. Cerrado: ambiente e flora . Planaltina: EMBRAPA/Cerrados , 1998. p. 89-166.), são perenifólias e floristicamente similares à mata seca, sendo a transição entre estas praticamente imperceptível na região, diferenciando-se pela estrutura, que em geral é mais densa e mais alta e pela associação ao curso de água.

As evidências apontadas com relação à importância biológica e necessidade de conservação destas formações, não são suficientes para sua preservação. A vegetação ciliar do Rio Cedro sofre com a derrubada e a queima para atividades de plantio e para formação de pastagens, como consequência estas áreas estão reduzidas a fragmentos esparsos, com intenso grau de antropização. O que torna crítico esse fato é a carência de pesquisa sobre esse ecossistema. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo determinar a composição florística de três fragmentos de floresta ciliar do Rio Cedro, importante como subsídio à seleção de espécies para sua recomposição ciliar, fazendo parte integrante do Projeto Mãe D'Água: Revitalização da Bacia do Rio Cedro em Montes Claros, MG.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

O Rio Cedro tem nascente em Montes Claros, Norte de Minas Gerais (Figura 1), possui área total de 55,14Km2 e é o maior afluente do Rio Vieira, tributário do Rio Verde Grande, este por sua vez, integra a bacia do Rio São Francisco. Fisionomicamente, a região está incluída na transição dos domínios do Cerrado e da Caatinga, apresentando como fisionomia predominante na área de estudo a Floresta Estacional Decidual (RIZZINI, 1997RIZZINI, C. T. Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e florísticos. 2. ed. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural, 1997. 747p. ; NUNES et al., 2005NUNES, Y. R. F. et al. Atividades Fenológicas de Guazuma ulmifolia Lam (Malvaceae) em uma Floresta Estacional Decidual no Norte de Minas Gerais. Lundiana, Belo Horizonte, v. 6, n. 2, p. 99-105, 2005.). O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é o Aw: tropical de savana, inverno seco e verão chuvoso, com temperatura média anual de 24,1 °C e precipitação média anual variando de 1.000 a 1.100 mm (SANTOS et al., 2007).

Composição Florística

Para o estudo do perfil florístico do Rio Cedro, foram selecionados três trechos consecutivos de floresta ciliar, denominados: Fragmento 1, coordenadas 23K 060538480 8154572 UTM, com área de 0,3ha; Fragmento 2, coordenadas 23K 0607155 8158284 UTM, com 3,3ha e Fragmento 3, coordenadas 23K 618278 8157226 UTM, com 1,2ha. Os fragmentos escolhidos foram os que apresentaram melhor estado de conservação. O levantamento das espécies foi realizado no período de setembro e novembro de 2007, utilizando o método do Caminhamento; método expedito para levantamentos florísticos (FILGUEIRAS et al., 1994FILGUEIRAS, T. S. et al. Caminhamento - um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Cadernos de Geociências IBGE, Rio de Janeiro, v. 12, n. 4, p. 39 43, 1994.), que consiste basicamente na descrição sumária da vegetação da área a ser amostrada, listando-se as espécies.

FIGURA 1:
Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Cedro, Montes Claros - MG.
FIGURE 1:
‘Cedro’ River watershed management, Montes Claros - MG state.

A identificação da vegetação arbórea nas áreas ciliares processou-se por caminhadas aleatórias nas margens direita e esquerda de cada fragmento, com duração de 1 hora cada. Foram anotadas todas as espécies, pertencentes a indivíduos arbóreos com DAP (diâmetro a altura do peito igual ou superior a 10 cm). A identificação das espécies deu-se através da consulta a especialistas e à bibliografia especializada. A delimitação das famílias segue o Sistema de Classificação do APG (2003APG (Angiosperm Phylogeny Group) II. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society, Londres, v. 141, p. 399-436, 2003.), Angiosperm Phylogeny Group II.

Classificação ecofisiológica

As espécies foram distribuídas em três grupos sucessionais: pioneiras, secundárias iniciais e secundárias tardias, tomando-se por base os trabalhos realizados por Gandolfi et al. (1995GANDOLFI, S. et al. Levantamento florístico e caráter sucessional das espécies arbustivo arbóreas de uma floresta mesófila semidecidua no município de Guarulhos, SP. Revista Brasileira de Biologia, Rio de Janeiro, v. 55, n. 4, p. 753-767,1995.), Paula et al. (2004PAULA A. P. et al. Sucessão ecológica da vegetação arbórea em uma Floresta Estacional Semidecidual, Viçosa, MG, Brasil. Acta Botanica Brasílica, Brasília, v. 18, n. 3, p. 407-423, 2004.) e Tabarelli e Mantovani (1997TABARELLI, M.; MANTOVANI, W. Colonização de Clareiras naturais na floresta atlântica no sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica , São Paulo, v. 20, n.1, p. 57-66, 1997.) além de observações no campo sobre o comportamento das espécies, já que a classificação deve se adaptar à realidade local. As espécies que não são citadas na literatura consultada estão sem classificação.

Análise de Similaridade

Para quantificar a similaridade florística entre os três fragmentos e, entre o presente estudo e outros levantamentos florísticos realizados no estado de Minas Gerais, foi utilizado o índice de similaridade de Sørensen (MUELLER-DOMBOIS e ELLENBERG, 1974MUELLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: John Wiley & Sons, 1974. 547p.) por meio da seguinte expressão: IS = (2C/A+B) X 100, em que: C = números de espécies comuns às duas comunidades confrontadas; A = número total de espécies na comunidade A e B = número total de espécies na comunidade B.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Composição Florística

Foi amostrado um total de 356 indivíduos em três fragmentos, sendo: 99 no 1º Fragmento, 117 no 2º Fragmento e 140 no 3º Fragmento, sendo este último o que apresentou uma maior abundância de indivíduos. No levantamento florístico dos fragmentos foram identificados um total de 53 espécies, sendo duas espécies de Fabaceae não identificadas, e 46 gêneros de 22 famílias. A maior riqueza florística foi encontrada no 1° Fragmento, com 28 espécies, seguido pelo 2° Fragmento com 26 e o 3° Fragmento com 25 espécies (Tabela 1). As famílias que apresentaram maior número de indivíduos foram: Fabaceae (111), Malvaceae (50), Arecaceae (45) e Anacardiaceae (32). Fabaceae contribuiu com 18 espécies, seguida por Anacardiaceae com três, Malvaceae com dois, e Arecaceae com uma espécie. Essas quatro famílias correspondem a 66,8 % das espécies identificadas, enquanto que as outras 18 famílias dividem as 33,2% restantes (Figura 2).

TABELA 1:
Número de indivíduos e grupo ecológico das espécies amostradas nos três fragmentos de floresta ciliar do Rio Cedro, Montes Claros MG.
TABLE 1
Numbers of individuals and ecological group of sampled species of three fragments of the riparian forest from ‘Cedro River’, Montes Claros - MG state.

FIGURA 2:
Famílias com maior número de indivíduos amostrados no levantamento florístico em três fragmentos de floresta ciliar do Rio Cedro, Montes Claros - MG.
FIGURE 2:
Families with highest number of individuals as shown in the three fragments of the riparian forest from ‘Cedro’ River floristic survey, Montes Claros - MG state.

Fabaceae foi a família mais representativa floristicamente e amplamente distribuída pelos três fragmentos. Estes mesmos resultados têm sido encontrados em estudos florísticos em áreas de floresta ciliar do Brasil Central (VAN DEN BERG e OLIVEIRA-FILHO, 2000VAN DEN BERG, E.; OLIVEIRA FILHO, A. T. Composição florística e fitossociologia de uma Floresta Estacional Semidecidual Montana em Itutinga, MG, e comparação com outras áreas. Revista Brasileira de Botânica , São Paulo, v. 22, n. 3, p. 231-253, 2000.; AZEVEDO et al., 2008AZEVEDO, I. F. P. et al. Composição Florística da Comunidade Arbórea de um trecho da mata ciliar do Rio Pandeiros, Norte de Minas. In: SIMPOSIO NACIONAL CERRADO, 9., Brasília. 2008. AnaisBrasília: Parla Mundi. 2008.; MEYER et al., 2004MEYER, S. T. et al. Composição Florística da Vegetação arbórea de um trecho de floresta de galeria do Parque Estadual do Rola-Moça na Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica , Brasília, v. 18, n. 4, p. 701-709, 2004.) demonstrando a grande distribuição e poder adaptativo desta família a diversos tipos de solo e clima. Fabaceae desempenha importante papel ecológico em ecossistemas ciliares, e sua presença marcante no perfil florístico do Rio Cedro, demonstra que a comunidade vegetal, não foge ao padrão característico das florestas ciliares da região sudeste. A abundância expressiva e a ampla distribuição da família Fabaceae, pela sua capacidade de fixação do nitrogênio atmosférico, favorecem o processo de sucessão e o surgimento de espécies mais exigentes, apresentando potencial para implantação como facilitadora da sucessão (CARPANEZZI, 2005CARPANEZZI, A. A. Fundamentos para a reabilitação de ecossistemas florestais. In: GALVÃO, A. P. M.; PORFÍRIO-DA-SILVA, V. (Orgs.) Restauração Florestal: Fundamentos e Estudos de Caso. Colombo: EMBRAPA/Florestas, 2005. p. 27-45.) e, portanto, tem importante papel na recomposição da vegetação do Rio Cedro.

As espécies mais abundantes no 1° Fragmento foram Enterolobium contortisiliquum (22) e Guazuma ulmifolia (18), no 2° Fragmento foram mais abundantes a Guazuma ulmifolia (20), Myracrodruon urundeuva (17) e no 3° Fragmento as espécies mais abundantes foram Acrocomia aculeata (38) e Guazuma ulmifolia (10).

Arecaceae esteve amplamente distribuída nos três fragmentos, constituindo a família com abundância de indivíduos representados por uma única espécie, Acrocomia aculeata, demonstrando se tratar de um caso de dominância, em especial no 3º Fragmento que obteve a maior número de indivíduos desta espécie. O predomínio em número desta espécie na comunidade é tido por Richards (1952RICHARDS, P. W. Tropical rain forest. Cambridge: Cambridge Univ. Press, 1952. 450p.) como dominância ecológica, fato de ocorrência comum em florestas tropicais.

Motta et al. (2002MOTTA, P. E. F. et al. Ocorrência da macaúba em Minas Gerais: relação com atributos climáticos, pedológicos e vegetacionais. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v. 37, n. 7, p. 1023-1031, jul. 2002.) associam o avanço das espécies de palmeiras nas áreas onde as atividades antrópicas foram realizadas no passado e hoje foram abandonadas, como por exemplo, áreas de pastagens. E ainda, Lorenzi (1992LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 1 ed. Nova Odessa: Editora Plantarum, 1992. 352p.) ressalta a ocorrência preferencial de Acrocomia aculeata em vales e encostas como ocorre no 3º Fragmento, onde a floresta ciliar se situa em uma depressão, circundada por área de pastagem.

As espécies Myracrodruon urundeuva, Anadenanthera colubrina, Schinopsis brasiliensis e Guazuma ulmifolia estiveram representadas nos fragmentos, e são, de acordo com Pedralli (1997PEDRALLI, G. Florestas secas sobre afloramento de calcário em Minas Gerais: Florística e fisionomias. Revista BIOS, Cadernos do departamento de Ciências Biológicas da PUC Minas, Belo Horizonte, v. 5, p. 81-88, 1997.) e Mendonça et al. (1998MENDONÇA, R. C. et al. Flora vascular do Cerrado. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA/Cerrados, 1998. p. 47-86.), espécies típicas da Floresta Estacional Decidual, que é a formação vegetal adjacente à floresta ciliar do Rio Cedro. De acordo com Ribeiro e Walter (1998RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. As matas de galeria no contexto do bioma Cerrado. In: SANO, S.M.; ALMEIDA, S. P. Cerrado: ambiente e flora . Planaltina: EMBRAPA/Cerrados , 1998. p. 89-166.), uma importante peculiaridade das florestas ciliares é a sua interface com as formações vegetais vizinhas, as quais em geral contribuem para a sua riqueza florística. A influência da Floresta Estacional Decidual na composição florística da vegetação ciliar também foi constatada por Santos e Vieira (2006SANTOS, R. M.; VIEIRA, F. A. Similaridade Florística entre Formações de Mata Seca e Mata de Galeria no Parque Municipal da Sapucaia, Montes Claros, MG. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal , v. 4, n. 7, 2006.) em área próxima ao Rio Cedro. No estudo, os pesquisadores identificaram a ocorrência destas mesmas espécies, demonstrando a influência desta fitofisionomia na formação e heterogeneidade destes ecossistemas.

Além de espécies típicas da floresta estacional decidual, ocorreram também nos fragmentos, as espécies características de floresta ciliar: Inga sessilis (Vell.) Mart., Celtis iguanaea (Jacquin) Sargent, Talisia esculenta (St. Hil.) Radlk., Croton urucurana Baill.e Cecropia pachystachya Trec. citadas na literatura com ocorrência relacionada a cursos d'água ou em áreas de elevado teor de umidade (MENDONÇA et al., 1998MENDONÇA, R. C. et al. Flora vascular do Cerrado. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA/Cerrados, 1998. p. 47-86. e PINTO e OLIVEIRA-FILHO, 1999PINTO, J. R. R.; OLIVEIRA-FILHO, A.T. Perfil florístico e estrutura de uma floresta de vale no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil. Revista Brasileira de Botânica , São Paulo, v. 22, n. 1, p. 53-67, 1999. e LORENZI, 2000LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil . 2 ed. Nova Odessa: Editora Plantarum , 2000. 352p. ).

Grupos Ecofisiológicos

No que concerne aos grupos ecofisiológicos, do total de 53 espécies encontradas nos três fragmentos, 12 espécies foram classificadas como pioneiras, 15 como secundárias iniciais e oito como secundárias tardias. As demais espécies amostradas não tiveram sua classificação encontrada na literatura consultada (Tabela 1).

As espécies pioneiras Acrocomia aculeata, Guazuma ulmifolia e as secundárias iniciais Enterolobium contortisiliquum e Myracrodruon urundeuva foram dominantes, presentes nos três fragmentos, representando as espécies com maior abundância de indivíduos. A presença marcante no perfil florístico do Rio Cedro, indica que estas espécies, são mais adaptadas ao ambiente e de acordo com Felfili et al. (2002FELFILI, J. M. et al. Composição florística e fitossociológica do cerrado sentido restrito no município de Água Boa-MT. Acta Botanica Brasilica, Brasília, v. 16, n. 1, p. 103-112, 2002. ), apresentam maior sucesso em explorar os recursos deste habitat, em relação às demais. Lorenzi (1992LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 1 ed. Nova Odessa: Editora Plantarum, 1992. 352p.) salienta o pioneirismo da espécie Acrocomia aculeata (Arecaceae) em formações secundárias. E ainda, Lorenzi (2000) cita que Enterolobium contortisiliquum e Guazuma ulmifolia são espécies características de estágios mais adiantados da sucessão secundária. Bertoni e Dickfeldt (2007BERTONI, J. E. A.; DICKFELDT, E. P. Plantio de Myracrodruon urundeuva Fr. All. (aroeira) em área alterada de floresta: Desenvolvimento das mudas e restauração florestal. Revista do Instituto Florestal, São Paulo, v. 19, n. 1, p. 31-38, 2007. ) citam Myracrodruon urundeuva como espécie secundária e normalmente presente em áreas antropizadas, como nos fragmentos estudados.

Do total de indivíduos, houve uma maior abundância de espécies pioneiras (40,2%) e secundárias iniciais (36,8%), indicando uma fase de transição da floresta pioneira, graças às novas condições ecológicas, especialmente o sombreamento, favorecendo o estabelecimento de espécies secundárias tardias. A abundância destas espécies da fase inicial da sucessão caracteriza, de acordo com Carpanezzi (2005CARPANEZZI, A. A. Fundamentos para a reabilitação de ecossistemas florestais. In: GALVÃO, A. P. M.; PORFÍRIO-DA-SILVA, V. (Orgs.) Restauração Florestal: Fundamentos e Estudos de Caso. Colombo: EMBRAPA/Florestas, 2005. p. 27-45.), um típico modelo de facilitação ecológica permitindo a ocupação de espécies mais exigentes.

Foi observada em campo, a existência de grande número de clareiras e de irregularidades no dossel da floresta sugerindo, de acordo com Pinto e Oliveira-Filho (1999PINTO, J. R. R.; OLIVEIRA-FILHO, A.T. Perfil florístico e estrutura de uma floresta de vale no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil. Revista Brasileira de Botânica , São Paulo, v. 22, n. 1, p. 53-67, 1999.), tratar-se de comunidades com altos valores de recomposição turnover ou dinâmica processual. Esses valores de recomposição são comumente influenciados por altas taxas de distúrbios naturais como a formação de clareiras por queda das árvores, o que certamente pode incrementar a concentração de novos indivíduos na floresta ciliar do Rio Cedro. De acordo com Coraiola e Netto (2003CORAIOLA, M.; NETTO, S. P. Análise da Estrutura Horizontal e uma Floresta Estacional Semidecidual localizada no Município de Cássia - MG. Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, São José dos Pinhais, v. 1, n. 2, p. 11-19, 2003.), as clareiras forneceram sítios para as espécies de crescimento rápido, como as pioneiras, consideradas provável "oportunistas de clareira" que ocupam rapidamente as aberturas naturais. Estas espécies encontraram nestes ambientes condições favoráveis para seu estabelecimento e desenvolvimento até o dossel em virtude dessas situações.

Os fragmentos estudados encontram-se perturbados em decorrência do processo de antropização. Foi observado nestes locais, o corte de árvores e a presença de bovinos e equinos. A retirada de espécies arbóreas contribui para a fragmentação florestal sujeitando estes ambientes ao efeito de borda, que, de acordo com Pinto et al. (2005PINTO, L. V. A. et al. Estudo da vegetação como subsídios para propostas de recuperação das nascentes da bacia hidrográfica do ribeirão Santa Cruz, Lavras, MG. Revista Árvore, Viçosa, v. 29, n. 5, p.775-793. 2005.), pode ter influência na distribuição das espécies. A influência antrópica na floresta ciliar do Rio Cedro causa redução de tamanho dos fragmentos e fornece condições favoráveis ao estabelecimento de espécies tolerantes nestes ambientes, o que explica a predominância de espécies do grupo ecofisiológico das pioneiras e secundárias iniciais nos três fragmentos.

Análise da Similaridade

Quanto à análise de similaridade florística, os fragmentos mais semelhantes foram respectivamente: Fragmentos 1 e 2 com um índice de similaridade de Sørensen de 49%; Fragmentos 2 e 3 com 39,2 %; e Fragmentos 1 e 3 com 33,3%. A proximidade geográfica pode ser o fator determinante na maior similaridade encontrada entre os Fragmentos 1 e 2, os quais se encontram a uma menor distância entre si, em relação ao 3º Fragmento. E ainda, a semelhança florística entre estes fragmentos pode ser explicada pelo fato destas áreas ocorrerem em uma mesma região, com uma distância de 6 km entre os Fragmentos 1 e 2 e 18 km entre o Fragmentos 1 e 3, portanto, com altitudes e climas semelhantes (VAN DEN BERG e OLIVEIRA-FILHO, 2000VAN DEN BERG, E.; OLIVEIRA FILHO, A. T. Composição florística e fitossociologia de uma Floresta Estacional Semidecidual Montana em Itutinga, MG, e comparação com outras áreas. Revista Brasileira de Botânica , São Paulo, v. 22, n. 3, p. 231-253, 2000.).

Comparando-se as espécies amostradas no presente estudo com outros levantamentos em florestas ciliares do estado de Minas Gerais, observa-se que os Índices de Similaridade de Sørensen variaram entre 4,7% e 48,4% (Tabela 2).

Os índices de similaridade encontrados foram relativamente baixos em estudos de Vilela et al. (2000VILELA, E. A. et al. Caracterização estrutural de floresta ripária do Alto Rio Grande, em Madre de Deus de Minas, MG. Cerne , Lavras, v. 6, n. 2, p. 41-54, 2000.) em floresta ciliar inserida na Floresta Estacional Semidecidual (4,7%) e em Meyer et al. (2004MEYER, S. T. et al. Composição Florística da Vegetação arbórea de um trecho de floresta de galeria do Parque Estadual do Rola-Moça na Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica , Brasília, v. 18, n. 4, p. 701-709, 2004.) realizado na Serra do Cipó (13%). Valores intermediários foram encontrados em estudo de Azevedo et al. (2008AZEVEDO, I. F. P. et al. Composição Florística da Comunidade Arbórea de um trecho da mata ciliar do Rio Pandeiros, Norte de Minas. In: SIMPOSIO NACIONAL CERRADO, 9., Brasília. 2008. AnaisBrasília: Parla Mundi. 2008.) em um trecho de floresta ciliar inserida em área de transição entre o bioma cerrado e caatinga (22,9%). De maneira geral, os baixos índices de similaridade encontrados entre estas áreas refletem as diferenças fitogeográficas abrangidas nos estudos, solos e clima distintos. Soma-se, ainda, o fato das florestas ciliares, geralmente, apresentarem altos índices de diversidade, o que muitas vezes é influenciado pela vegetação adjacente (OLIVEIRAFILHO et al., 1994).

TABELA 2:
Similaridade florística entre os fragmentos de floresta ciliar do Rio Cedro, Montes Claros, MG, e algumas florestas ciliares de Minas Gerais. N = número total de espécies encontradas; NC = número de espécies comuns; IS = índice de similaridade de Sørensen.
TABLE 2
Floristic similarity between the fragments of the riparian forest fom ‘Cedro’ River, Montes Claros, MG state, and some riparian forests from Minas Gerais state. N = total number of identified species; NC = number of common species; IS = Sørensen’s similarity index.

As formações estudadas por Santos e Vieira (2006SANTOS, R. M.; VIEIRA, F. A. Similaridade Florística entre Formações de Mata Seca e Mata de Galeria no Parque Municipal da Sapucaia, Montes Claros, MG. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal , v. 4, n. 7, 2006.) obtiveram valores maiores de similaridade com a floresta ciliar do Rio Cedro (48,4%). Segundo Matteucci e Colma (1982MATTEUCCI, S. D.; COLMA, A. Metodología para el estudio de la vegetación. Washington: Secretaria General de la Organización de los Estados Americanos. 1982.), valores acima de 25% indicam similaridade florística, o que leva a supor certa uniformidade em relação a estas áreas, que recebem influência da floresta estacional decidual. Provavelmente, as semelhanças encontradas para essas florestas podem ser devido à proximidade geográfica destas áreas, condição de clima e características edáficas semelhantes, bem como à influência do domínio vegetacional em que estão inseridas.

Espécies Indicadas para a Recomposição da Floresta Ciliar

As espécies selecionadas para a recomposição da floresta ciliar do Rio Cedro, Montes Claros-MG foram aquelas identificadas no levantamento florístico, de acordo com a recomendação de Barbosa e Martins (2007BARBOSA, L. M.; MARTINS, S. E. Espécies arbóreas nativas: indicação por região e ecossistema do Estado de São Paulo. São Paulo: Instituto de Botânica. Disponível em: Disponível em: http://www.ibot.sp.gov.br/especie_arborea/especies_arboreas.html . Acesso em: 30 julho 2007.
http://www.ibot.sp.gov.br/especie_arbore...
), priorizando espécies do próprio ecossistema, garantindo assim a conservação da diversidade regional. Foram indicadas as espécies mais abundantes e ainda aquelas com ampla distribuição pelos fragmentos, considerando que a presença de uma espécie num determinado ambiente, indica a sua adaptação às condições locais, dando preferência para as espécies atrativas da fauna, que, de acordo com Andrade (2003ANDRADE, M. A. Arvores zoocóricas como núcleos de atração de avifauna e dispersão de sementes. 2003. 91f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2003.), são importantes na manutenção de interações ecológicas dentro do ecossistema.

As espécies a serem utilizadas na recomposição do Rio Cedro serão aquelas de diferentes grupos sucessionais, que darão suporte para a restauração da função ecológica da floresta ciliar. Estas espécies foram agrupadas de acordo com sua preferência de solos bem drenados, ou solos úmidos/encharcados, segundo metodologia descrita por Pinto et al. (2005PINTO, L. V. A. et al. Estudo da vegetação como subsídios para propostas de recuperação das nascentes da bacia hidrográfica do ribeirão Santa Cruz, Lavras, MG. Revista Árvore, Viçosa, v. 29, n. 5, p.775-793. 2005.) e observações em campo (Tabela 3).

TABELA 3:
Relação de espécies com potencial para utilização na recomposição do Rio Cedro, Montes Claros, MG.
TABLE 3
List of species with potential to be used in ‘Cedro’ River restoration, Montes Claros, MG state.

CONCLUSÕES

Os fragmentos de floresta ciliar do Rio Cedro têm contribuição de espécies da Floresta Estacional Decídua, demonstrado a grande influência desta formação vegetal limítrofe na composição florística.

Os fragmentos estudados encontram-se perturbados em decorrência dos processos de antropização e em estágio sucessional médio, com dominância de espécies pioneiras e secundárias iniciais.

Todas as espécies levantadas no presente estudo são potenciais para a recomposição ciliar, entretanto, recomenda-se que sejam utilizadas principalmente espécies mais adaptadas às condições dos sítios locais.

Os Fragmentos 1 e 2 possuem maior similaridade florística. A proximidade geográfica, as condições de clima e altitudes semelhantes podem ser o fator determinante na maior similaridade encontrada.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2014

Histórico

  • Recebido
    09 Abr 2010
  • Aceito
    11 Set 2012
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