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FERTILIDADE DO SOLO E SUBSTÂNCIAS HÚMICAS EM ÁREA DE CAVA DE EXTRAÇÃO DE ARGILA REVEGETADA COM EUCALIPTO E LEGUMINOSAS NO NORTE FLUMINENSE

SOIL FERTILITY AND HUMIC SUBSTANCES IN AN AREA OF CLAY EXTRACTION REVEGETATED WITH EUCALYPT AND LEGUMES IN THE NORTH OF RIO DE JANEIRO STATE

RESUMO

A revegetação de áreas de extração de argila com eucalipto e leguminosas pode favorecer a melhoria dos atributos químicos do solo. O objetivo do trabalho foi avaliar a influência de plantios puros e consorciados de leguminosas e eucalipto na fertilidade do solo e nos teores de carbono orgânico total e das substâncias húmicas, em uma cava de extração de argila no Norte Fluminense. O solo original da área da cava em estudo é um Cambissolo Háplico Sódico gleico, no qual a camada superficial (espessura de 20 cm, aproximadamente), com maiores teores de matéria orgânica, foi retirada e devolvida ao fundo da cava após a extração da argila. A cava foi nivelada mecanicamente e mantida sob pousio durante dois anos. A revegetação foi realizada com as espécies Eucalyptus camaldulensis (Euc), Acacia mangium (Ac) eSesbania virgata (Sesb), em plantios puros e consorciados. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com sete tratamentos (plantios puros de Euc, Ac e Sesb; plantios consorciados de Euc + Ac, Euc + Sesb, Ac + Sesb; e área degradada com vegetação espontânea (ADVE)) e três repetições. Aos 48 meses após implantação dos sistemas foram coletadas amostras de solo na camada de 0,00 a 0,05 m, em que se avaliaram algumas variáveis da fertilidade do solo (pH em água, P, K+; Ca+2, Mg+2, Na+, Al+3, H+Al), carbono orgânico total (COT), nitrogênio (N) e quantificado o carbono das substâncias húmicas em carbono da humina (C-HUM), carbono da fração ácido húmico (C-FAH) e ácido fúlvico (C-FAF). Observou-se que todos os plantios promoveram aumentos nos teores Ca, Mg, P, K, N, COT, C-HUM, C-FAH e C-FAF em relação à ADVE. A revegetação de áreas de cava de extração de argila no Norte Fluminense com plantios puros ou consorciados de eucalipto e leguminosas, acarreta em melhorias da fertilidade do solo e dos teores de carbono e nitrogênio totais do solo e do carbono das substâncias húmicas. Aos quatro anos após a revegetação, os sistemas mais indicados, de uma forma geral, para acarretar em aumentos dos teores de COT, N total, Mg, soma de bases e capacidade de troca catiônica, destaca-se o plantio de acácia, dentre os plantios puros, e o plantio de eucalipto + sesbânia, dentre os plantios consorciados. Além disso, o consórcio eucalipto + sesbânia, apresentou um dos maiores teores C da fração humina.

Palavras-chave:
bases trocáveis; carbono orgânico; recuperação

ABSTRACT

The revegetation of areas of clay extraction with eucalypt and legumes can promote the improvement of soil chemical atributtes. The aim of this study was to evaluate the influence of pure plantations and intercropping of legumes and eucalypt on soil fertility and the content of total organic carbon and humic substances, in a mining digging clay in North Fluminense. The original soil dig area under study is a Inceptsol where the surface layer (thickness of 20 cm approximately), with higher concentrations of organic matter was removed and returned to the bottom of the dig after the extraction of clay. The dig was leveled mechanically and kept under fallow for two years. Revegetation was performed with the species Eucalyptus camaldulensis (Euc),Acacia mangium (Ac) and Sesbania virgata(Sesb), in pure and intercropped. The experimental design was a randomized block design with seven treatments (pure stands of Euc, Ac and Sesb; Intercropping of Euc + Ac + Euc Sesb, Ac + Sesb, and degraded area with natural vegetation (DANV)) and three replications. At 48 months after implantation of the systems were sampled soil layer from 0.00 to 0.05 m, which evaluated some variables of soil fertility (pH, P, K+, Ca+2, Mg+2, Na+, Al+3, H + Al), total organic carbon (TOC), nitrogen (N) and quantified the carbon of humic substances in the humin carbon (C-HUM), humic acid carbon (C-FAH ) and fulvic acid (C-FAF). It was observed that all stands promoted increases in the concentration Ca, Mg, P, K, N, TOC, HUM C-C-C-FAF and HAF relative to DANV. The revegetation of areas of mining digging clay in North Fluminense pure stands or mixed with eucalypt and legumes, leads to improvements in soil fertility and carbon and total soil nitrogen and carbon of humic substances. At four years after revegetation systems are indicated, in general, to result in increases in TOC, total N, Mg, sum of bases and cation exchange capacity, there is the planting of acacia plantations among pure, and the planting of eucalypt + sesbania, among Intercropping. In addition, the consortium eucalypt + sesbania, presented one of the highest levels of C humin fraction.

Keywords:
exchangeable cations; organic carbon; recuperation

INTRODUÇÃO

A extração de argila pela indústria ceramista no Norte Fluminense é uma atividade de grande importância socioeconômica para a região com geração de aproximadamente 5.000 empregos diretos e uma produção diária estimada de cerca de 5.000.000 de peças (RAMOS et al., 2003RAMOS, I. S. et al. Dimensionamento da indústria cerâmica em Campos dos Goytacazes, RJ. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CERÂMICA, 47., 2003, João Pessoa. Anais... São Paulo : TECART, 2003. 1 CD-ROM.; SCHIAVO, 2005SCHIAVO, J. A. Revegetação de áreas degradadas pela extração de argila, com espécies micorrizadas de Acacia mangium, Sesbania virgata e Eucalyptus camaldulensis2005.Tese 117 p. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2005.; RODRIGUES et al., 2006RODRIGUES, L. A. et al. Revegetação de áreas degradadas pela extração de argila no Norte do estado do Rio de Janeiro. Revista Perspectivas, Brasília, v. 5, p. 88-105, 2006 ). Embora exerça importante papel econômico, essa atividade tem causado degradação ambiental em grande escala na região Norte Fluminense (SANTIAGO, 2005SANTIAGO, A. R. Eucalipto em plantios puros e consorciados com sesbania na reabilitação de cavas de extração de argila. 2005. 77 p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF Campos dos Goytacazes, RJ, 2005.; SCHIAVO et al., 2007SCHIAVO, J. A ; CANELLAS, L. P ; MARTINS, M. A. Revegetação de cava de extração de argila com Acacia mangium. I- Atributos químicos do solo, ácidos fúlvicos e húmicos., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 31, p. 1153-1162, 2007a. a).

No município de Campos dos Goytacazes - RJ, área de maior concentração de indústrias de cerâmicas, estima-se uma retirada diária de aproximadamente 7.000 m3de solo, promovendo a degradação de uma área em torno de 3.500 m2dia-1 (RAMOS et al., 2003RAMOS, I. S. et al. Dimensionamento da indústria cerâmica em Campos dos Goytacazes, RJ. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CERÂMICA, 47., 2003, João Pessoa. Anais... São Paulo : TECART, 2003. 1 CD-ROM.; SCHIAVO, 2005SCHIAVO, J. A. Revegetação de áreas degradadas pela extração de argila, com espécies micorrizadas de Acacia mangium, Sesbania virgata e Eucalyptus camaldulensis2005.Tese 117 p. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2005.). Quando se trata de extração de argila mecanizada, a camada superficial (com maior conteúdo de matéria orgânica) é retirada e estocada. Após a retirada da argila, essa camada superficial é devolvida para o fundo da cava. Assim, grandes cavas de extração de argila são formadas, resultando na degradação da paisagem (SCHIAVO et al., 2007SCHIAVO, J. A ; CANELLAS, L. P ; MARTINS, M. A. Revegetação de cava de extração de argila com Acacia mangium. I- Atributos químicos do solo, ácidos fúlvicos e húmicos., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 31, p. 1153-1162, 2007a. a).

Em alguns casos, após algum tempo de abandono da área (que pode variar de meses até décadas), inicia-se o processo de sucessão natural com gramíneas espontâneas que são imediatamente utilizadas para o pastoreio, o que aumenta de forma exponencial a degradação da área, reduzindo a capacidade de resiliência do local (RODRIGUES et al., 2006RODRIGUES, L. A. et al. Revegetação de áreas degradadas pela extração de argila no Norte do estado do Rio de Janeiro. Revista Perspectivas, Brasília, v. 5, p. 88-105, 2006 ). A recuperação dessas áreas envolve, normalmente, um alto custo operacional (AUMOND e BALISTIERI, 1997AUMOND, J. J.; BALISTIERI, P. R. M. N. Custos de reabilitação ambiental na mineração de matérias primas cerâmicas. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS3,1997, Ouro Preto. Anais... Viçosa. ; CAMPOS, 1997CAMPOS, J. B. Efeitos sócio-econômicos e ambientais das indústrias ceramistas 4 e das atividades de extração de argila (Barreiros)em áreas de preservação ambiental: O caso da região de Maringá. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS3., Ouro Preto, 1997. Anais...Viçosa: Folha Florestal, 1997. p. 535-543.), devido à utilização de máquinas para aplainar a superfície da cava, reposição da camada superficial do solo e adubação para, a partir daí, ser iniciado o processo de revegetação da área (RODRIGUES et al., 2006RODRIGUES, L. A. et al. Revegetação de áreas degradadas pela extração de argila no Norte do estado do Rio de Janeiro. Revista Perspectivas, Brasília, v. 5, p. 88-105, 2006 ).

A seleção de espécies adaptadas às condições adversas e capazes de melhorar o solo é fundamental para o sucesso do processo de mitigação dos efeitos negativos em áreas resultantes do processo de extração de argila. O plantio de espécies perenes, especialmente espécies arbóreas, pode resultar em melhoria dos atributos químicos, físicos e biológicos do solo (MENDONÇA et al., 2008MENDONÇA, A. V. R. et al. Atributos edáficos de cavas de extração de argila após cultivos puros e consorciados de Eucalyptus spp. eMimosa caesalpiniifolia Benth (Sabiá) e quantificação da poda de sabiá. Floresta, Curitiba, v. 38, p. 431-443, 2008a.a,bMENDONÇA, A.V. R. et al. Desempenho de quatro deEucalyptus spp em plantios puros e consorciados com sabiá (Mimosa caesalpiniifolia Benth) em cava de extração de argila. Revista Árvore , Viçosa, v. 32, p. 395-405, 2008b.). Um dos processos mais viáveis do ponto de vista econômico para recuperação das cavas é a revegetação com espécies leguminosas (SCHIAVO et al., 2010SCHIAVO, J. A ; MARTINS, M. A.; RODRIGUES, L. A. . Crescimento de mudas de Acacia mangium, Sesbania virgata e Eucalyptus camaldulensis, inoculadas com fungos micorrízicos, em casa-de-vegetação e em cava-de-extração de argila. Acta Scientiarum. Agronomy, Maringá, v. 32, p. 171-178, 2010.), que inoculadas com os microrganismos simbiontes (rizóbio e fungos micorrízicos arbusculares), conseguem se estabelecer nessas áreas (FRANCO e FARIA, 1997FRANCO, A. A.; FARIA, S. M. The contribution of N2-fixing tree legumes to land reclamation and sustainability in the tropics. Soil Biology Biochemistry, Oxford, v. 9, n. 516, p. 897-903, 1997.). A utilização de leguminosas fixadoras de N de rápido crescimento tem como finalidade aumentar a disponibilidade de N e acelerar a ciclagem de nutrientes (FORRESTER et al., 2004FORRESTER, D. I.; BAUHUS, J.; KHANNA, P. K. Growth dynamics in a mixed-species plantation of Eucalyptus globulus andAcacia mearnsii., Forest Ecology and Management Amsterdam, v. 193, n. 1-2, p. 81-95, 2004.; FORRESTER et al., 2005FORRESTER, D. I.; BAUHUS, J.; COWIE, A. L. On the success and failure of mixed species tree plantations: lessons learned from a model system of Eucalyptus globulus and Acacia mearnsiiForest Ecology and Management, Amsterdam, v. 209, n. 1-2, p. 147-155, 2005.), podendo também promover o aumento do estoque de carbono no solo, bem como melhorar seus atributos químicos (VEZZANI et al., 2001VEZZANI, F. M.; TEDESCO, M. J.; BARROS, N. F. Alterações dos nutrientes no solo e plantas em consórcio de Eucalipto e Acácia negra., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 25, n.1 , p. 225-231, 2001.; GARAY et al., 2003GARAY, I. et al. Comparação da matéria orgânica e de outros atributos do solo entre as plantações de Acacia mangium eEucalyptus grandis., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 27, n. 4, p. 705-712, 2003.; SCHIAVO, 2005SCHIAVO, J. A. Revegetação de áreas degradadas pela extração de argila, com espécies micorrizadas de Acacia mangium, Sesbania virgata e Eucalyptus camaldulensis2005.Tese 117 p. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2005.; MENDONÇA et al., 2008MENDONÇA, A. V. R. et al. Atributos edáficos de cavas de extração de argila após cultivos puros e consorciados de Eucalyptus spp. eMimosa caesalpiniifolia Benth (Sabiá) e quantificação da poda de sabiá. Floresta, Curitiba, v. 38, p. 431-443, 2008a.a) e favorecer a formação de substâncias húmicas no solo (SCHIAVO et al., 2009SCHIAVO, J. A. et al. Recovery of degraded areas revegeted withAcacia mangium and Eucalyptus with special reference to organic matter humification., Scientia Agricola Piracicaba, v. 66, p. 353-360, 2009.).

A leguminosa Sesbania virgata (Cav.) Pers. vem sendo destacada como de grande importância na recuperação de cavas de extração de argila, pela sua frequência de ocorrência, capacidade de se associar a bactérias fixadoras de N2atmosférico, e pelo bom estabelecimento e crescimento nesse tipo de ambiente (SÂMOR, 1999; SCHIAVO, 2005SCHIAVO, J. A. Revegetação de áreas degradadas pela extração de argila, com espécies micorrizadas de Acacia mangium, Sesbania virgata e Eucalyptus camaldulensis2005.Tese 117 p. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2005.; COUTINHO et al., 2006). Já a leguminosa arbórea Acacia mangium Willd tem se destacado pela rusticidade, pela adaptabilidade às condições adversas de solo e clima, pelo rápido crescimento e pela elevada produção de biomassa e serapilheira rica em nitrogênio, devido à fixação biológica quando em associação com rizóbio (ANDRADE et al., 2000ANDRADE, A. G..; COSTA, G. S.; FARIA, S. M. Deposição e decomposição da serapilheira em povoamentos de Mimosa caesalpiniifolia, Acacia mangium e Acacia holosericea com quatro anos de idade em Planossolo., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 24, p. 777-785, 2000.; GALIANA et al., 2002GALIANA, A. et al. Nitrogen fixation estimated by the 15N natural abundance method in Acacia mangium Willd. inoculated withBradyrhizobium sp. and grown in silvicultural conditions., Soil Biology Biochemistry Oxford., v. 34, p. 351-262, 2002.). Essas características das leguminosas assumem grande importância em se tratando da dinâmica da matéria orgânica, bem como dos atributos químicos e físicos do solo (SCHIAVO et al., 2007SCHIAVO, J. A ; CANELLAS, L. P ; MARTINS, M. A. Revegetação de cava de extração de argila com Acacia mangium. I- Atributos químicos do solo, ácidos fúlvicos e húmicos., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 31, p. 1153-1162, 2007a. a,bSCHIAVO, J. A et al. Revegetação de cava de extração de argila comAcacia mangium. II- Caracterização química da humina., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 31, p. 1163-1171, 2007b. ).

De acordo com Schiavo et al. (2010SCHIAVO, J. A ; MARTINS, M. A.; RODRIGUES, L. A. . Crescimento de mudas de Acacia mangium, Sesbania virgata e Eucalyptus camaldulensis, inoculadas com fungos micorrízicos, em casa-de-vegetação e em cava-de-extração de argila. Acta Scientiarum. Agronomy, Maringá, v. 32, p. 171-178, 2010.), em áreas de extração de argila, ocorre uma resistência, por parte dos ceramistas, ao plantio de leguminosas, tendo em vista, a repressão dos órgãos ambientais ao corte das espécies para o uso da madeira. Assim, o plantio de eucalipto tem tido preferência, uma vez que sua madeira é retirada normalmente (sem repressão) para que possa ser utilizada como combustível no processo de fabricação das cerâmicas. Contudo, de acordo com esses mesmos autores, o desenvolvimento do eucalipto não tem sido satisfatório em comparação a plantios comerciais em outros Estados. Dessa forma, tem sido sugerido o plantio consorciado dessas espécies com as leguminosas (SCHIAVO, 2005SCHIAVO, J. A. Revegetação de áreas degradadas pela extração de argila, com espécies micorrizadas de Acacia mangium, Sesbania virgata e Eucalyptus camaldulensis2005.Tese 117 p. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2005.; COUTINHO et al., 2006, MENDONÇA et al., 2008MENDONÇA, A. V. R. et al. Atributos edáficos de cavas de extração de argila após cultivos puros e consorciados de Eucalyptus spp. eMimosa caesalpiniifolia Benth (Sabiá) e quantificação da poda de sabiá. Floresta, Curitiba, v. 38, p. 431-443, 2008a.a,bMENDONÇA, A.V. R. et al. Desempenho de quatro deEucalyptus spp em plantios puros e consorciados com sabiá (Mimosa caesalpiniifolia Benth) em cava de extração de argila. Revista Árvore , Viçosa, v. 32, p. 395-405, 2008b.), que além de contribuírem para uma melhor nutrição e produção de biomassa do eucalipto (RODRIGUES et al., 2003; FORRESTER 2004FORRESTER, D. I.; BAUHUS, J.; KHANNA, P. K. Growth dynamics in a mixed-species plantation of Eucalyptus globulus andAcacia mearnsii., Forest Ecology and Management Amsterdam, v. 193, n. 1-2, p. 81-95, 2004.; 2006), podem promover melhorias na qualidade do solo (MENDONÇA et al., 2008MENDONÇA, A. V. R. et al. Atributos edáficos de cavas de extração de argila após cultivos puros e consorciados de Eucalyptus spp. eMimosa caesalpiniifolia Benth (Sabiá) e quantificação da poda de sabiá. Floresta, Curitiba, v. 38, p. 431-443, 2008a.a; SILVA et al., 2012SILVA, C. F. et al. Fungos micorrízicos arbusculares e proteína do solo relacionada à glomalina em área degradada por extração de argila e revegetada com eucalipto e acácia., Ciência Florestal Santa Maria, v. 22, p.749-761, 2012.).

Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar a influência de plantios puros e consorciados de leguminosas e eucalipto na fertilidade do solo e nos teores de carbono orgânico total e das substâncias húmicas, em uma cava de extração de argila no Norte Fluminense.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado em uma cava de extração de argila pertencente à cerâmica Stilbe Ltda., localizada no distrito de Poço Gordo (21º50'28,5"S; 41º14'31,4"W), município de Campos dos Goytacazes - RJ, região Norte Fluminense. O clima da região é classificado, de acordo com Köppen, como Aw, tropical quente e úmido, com período seco no inverno e chuvoso no verão, e com precipitação anual em torno de 1.020 mm. As médias de temperatura e precipitação da área em estudo, registradas no período de maio de 2006 a junho de 2007 foram de, respectivamente, 24,1oC e 86,6 mm.

O solo original da área da cava em estudo é um Cambissolo Háplico Sódico gleico, com profundidade de aproximadamente 3 m, do qual a camada superficial (Horizonte A) (espessura de 20 cm, aproximadamente), com maiores teores de matéria orgânica (19,65 g kg-1) (SCHIAVO, 2005SCHIAVO, J. A. Revegetação de áreas degradadas pela extração de argila, com espécies micorrizadas de Acacia mangium, Sesbania virgata e Eucalyptus camaldulensis2005.Tese 117 p. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2005.) foi retirada e devolvida ao fundo da cava após a extração da argila (agosto de 2000). A cava foi nivelada mecanicamente e mantida sob pousio durante dois anos, surgindo como vegetação espontânea a braquiária (Brachiaria mutica (Forsk.) Stapf.) (SCHIAVO, 2005SCHIAVO, J. A. Revegetação de áreas degradadas pela extração de argila, com espécies micorrizadas de Acacia mangium, Sesbania virgata e Eucalyptus camaldulensis2005.Tese 117 p. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2005.). Após o período de pousio, em agosto de 2002, realizou-se o preparo da área com uma aração e duas gradagens (exceto as parcelas do tratamento "área degradada com vegetação espontânea"- ADVE). A cava foi revegetada com Eucalyptus camaldulensisDehn, Acacia mangium Willd e Sesbania virgata (Cav.) Pers. (SCHIAVO, 2005SCHIAVO, J. A. Revegetação de áreas degradadas pela extração de argila, com espécies micorrizadas de Acacia mangium, Sesbania virgata e Eucalyptus camaldulensis2005.Tese 117 p. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2005.), utilizando-se um espaçamento de dois metros entre plantas e três metros entre linhas (2 m x 3 m). Realizou-se uma adubação nas covas (exceto na ADVE) com fosfato de rocha de Araxá (composição: 25,9% Ca, 11,6% P total, 5,9% P disponível), sendo a dose de 100 mg/cova.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com sete tratamentos e três repetições, sendo os tratamentos: monocultivos de Eucalyptus camaldulensis, Acacia mangium e Sesbania virgata; consórcio deEucalyptus camaldulensis + Acacia mangium;Eucalyptus camaldulensis + Sesbania virgata; Acacia mangium + Sesbania virgata; e área degradada com vegetação espontânea (ADVE) (predomínio de Brachiaria mutica). Nos tratamentos consorciados, as linhas foram alternadas com o plantio das espécies. Entre os plantios foram alocadas duas linhas de plantas de Eucalyptus camaldulensis que constituíram a bordadura. A parcela experimental foi constituída por 16 plantas.

As espécies, em fase de produção de mudas, foram inoculadas com fungos micorrízicos arbusculares (FMAs) (Glomus macrocarpum, Glomus etunicatum e Entrophospora colombiana) isolados de uma área de extração de argila, pertencente à cerâmica Caco Manga Ltda., localizada no distrito de Ururaí, no município de Campos dos Goytacazes - RJ. O isolado, pertencente ao banco de inóculo do Laboratório de Solos da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), foi multiplicado em plantas de Brachiaria bryzantha em mistura de solo mais areia na proporção de 1:2 (v:v). Além dos FMAs, as leguminosas foram inoculadas (na semente) com estirpes específicas de rizóbio, sendo BR 3609, BR 6009 para Acacia mangium e BR 5401 para Sesbania virgata. Tais estirpes foram provenientes da Embrapa Agrobiologia, Seropédica - RJ.

Decorridos quatro anos da implantação das parcelas, em setembro de 2006, foram coletadas, na camada de 0,00-0,05 m, amostras de terra para avaliação dos atributos químicos. Foram coletadas em cada parcela 10 amostras simples, que misturadas, resultaram em uma amostra composta por parcela. Estas foram secas ao ar, destorroadas e passadas em peneira com malha de 2 mm, para obtenção da terra fina seca ao ar (TFSA). As análises químicas foram realizadas de acordo com Embrapa (1997), sendo avaliados o pH em água; P disponível e K+; Na+, Ca+2 e Mg+2 trocáveis. O nitrogênio foi determinado automaticamente via combustão seca (CHN/S ANALYSER-PERKYN ELMER modelo PE 2400-II). Também foi calculada a soma de bases (SB) trocáveis e a capacidade troca catiônica (CTC efetiva).

A quantificação do carbono orgânico total (COT) foi realizada segundo Yeomans e Bremmer (1988YEOMANS, J. C.; BREMMER, J. M. A rapid and precise method for routine determination of organic carbon in soil. Communication in Soil Science Plant Analysis, Amsterdam, v. 19, p. 1467-1476, 1988.). Para a realização do fracionamento químico da matéria orgânica do solo (MOS), no qual se quantificou o carbono das frações humina (C-HUM), ácidos húmicos (C-FAH) e ácidos fúlvicos (C-FAF), foram procedidas as análises de acordo com o método proposto pela Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas (IHSS) (SWIFT, 1996), com adaptações propostas por Benites et al. (2003BENITES, V. M.; MADARI, B.; MACHADO, P. L. O. A. Extração e fracionamento quantitativo de substâncias húmicas do solo: um procedimento simplificado e de baixo custo. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2003. 7 p. (Embrapa Solos. Comunicado Técnico, 16). ). Pesou-se uma massa de solo igual a 1,0 g, submetendo-se ao contato com 20 mL de NaOH 0,1 mol L-1 por 24 horas. A separação entre o extrato alcalino (EA = C-FAF + C-FAH) e o resíduo (C-HUM) foi feita por centrifugação a 7800 rpm por 30 minutos. Seguiu-se mais uma lavagem com a solução 20 mL de NaOH 0,1 mol L-1 e centrifugação. Posteriormente, reuniram-se os dois extratos obtidos após as centrifugações, resultando em volume final de aproximadamente 40 mL. O resíduo foi retirado dos tubos da centrífuga, acondicionados em placa de petri e secos a 65°C (secagem completa). O pH do EA foi ajustado a 1,0 (±0,1) com H2SO4 20%, seguido de decantação por 18 horas em geladeira. O precipitado (C-FAH) foi separado da fração solúvel (C-FAF) por filtragem e ambos os volumes aferidos a 50 mL, com água destilada.

A quantificação do carbono orgânico nas frações C-FAF e C-FAH foi feita usando-se alíquotas de 5,0 mL de extrato, 1,0 mL de dicromato de potássio 0,042 mol L-1 e 5,0 mL de H2SO4 concentrado, em bloco digestor a 150°C (30 min) e titulação com sulfato ferroso amoniacal 0,0125 mol L-1. No resíduo seco em estufa, foi determinado o C-HUM, adicionando-se 5,0 mL de dicromato de potássio 0,1667 mol L-1 e 10,0 mL de H2SO4 concentrado, em bloco digestor a 150°C (30 min) e titulação com sulfato ferroso amoniacal 0,25 mol L-1 e indicador ferroin (YEOMANS e BREMNER, 1988YEOMANS, J. C.; BREMMER, J. M. A rapid and precise method for routine determination of organic carbon in soil. Communication in Soil Science Plant Analysis, Amsterdam, v. 19, p. 1467-1476, 1988.).

Os dados provenientes das análises químicas das amostras foram avaliados quanto à homocedastia, pelo teste de Cochran (SNEDECOR e COCHRAN, 1989SNEDECOR, W.; COCHRAN, W. G.. Statistical methods. 8nd ed. Ames: Iowa State University Press, 1989. 502 p.), e distribuição normal dos resíduos, pelo teste de Lilliefors (CAMPOS, 1979CAMPOS, H. Estatística experimental não paramétrica. 3. ed. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 1979. 373 p.). Posteriormente, foram submetidos à análise de variância e ao teste t (LSD) a 5% de probabilidade. As relações entre os atributos edáficos foram determinadas por análise de correlação de Pearson. Estes testes e análises foram realizados com o auxílio dos programas estatísticos SAEG-5.0 e SISVAR-5.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Fertilidade do solo

Ao se compararem as características químicas das áreas sob os plantios e a ADVE, verificou-se que houve alterações significativas da fertilidade do solo (Tabela 1). Padrão semelhante foi observado por Batista (2006BATISTA, Q. R. Qualidade química e biológica de uma área degradada pela extração de argila, revegetada com Eucalyptus spp. e sabiá em plantios puros e consorciados. 2006. 45 f. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2006.), Paulucio (2007PAULUCIO, V. O. Qualidade química e biológica de área degradada pela extração de argila, revegetada com eucalipto e leguminosas inoculados com micorrizas. 2007. 106 p. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense 2007Darcy Ribeiro -UENF, Campos dos Goytacazes, 2007.) e Mendonça et al. (2008MENDONÇA, A. V. R. et al. Atributos edáficos de cavas de extração de argila após cultivos puros e consorciados de Eucalyptus spp. eMimosa caesalpiniifolia Benth (Sabiá) e quantificação da poda de sabiá. Floresta, Curitiba, v. 38, p. 431-443, 2008a.a), em plantios puros e consorciados de leguminosas e eucalipto, em cava de extração argila, cujo solos, antes da exploração, eram Cambissolos Háplicos Gleicos sódicos.

Tabela 1
Caracterização química da camada 0,00-0,05 m do solo de cava de extração de argila com vegetação espontânea (ADVE) e revegetada com Eucalyptus camaldulensis (Euc),Acacia mangium (Ac) e Sesbania virgata (Ses) em plantios puros e consorciados.
Table 1
Chemical characterization of the 0,00-0,05 m soil layer from an area of clay mining under spontaneous vegetation (ADVE) and revegetated with Eucalyptus camaldulensis(Euc), Acacia mangium (Ac) and Sesbania virgata (Ses) in pure and mixed stands

Os valores de pH variaram de 4,88 (plantio com acácia) a 6,82 (ADVE). Todos os plantios, à exceção do plantio puro de eucalipto, promoveram uma redução nos valores de pH, em relação à ADVE (Tabela 1). Mishra et al. (2003MISHRA, A.; SHARMA, S. D.; KHAN, G. H. Improvement in physical and chemical properties of sodic soil by 3, 6 and 9 years old plantations ofEucalyptus tereticornis: Biorejuvenation of sodic soil., Forest Ecology and Management Amsterdam, v. 184, p. 115-124, 2003.) observaram decréscimo no valor de pH do solo (solo salino) sob plantio puro deEucalyptus tereticornis aos três, seis e nove anos de idade, enquanto Leite (2001LEITE, F. P. Relações nutricionais e alterações de características químicas de solo da Região do Vale do Rio Doce pelo cultivo do eucalipto. 2001. 72 p. Tese. (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2001. ) verificou valores mais baixos de pH em áreas de plantios de eucalipto, em relação ao de pastagem. Por outro lado, Batista (2006BATISTA, Q. R. Qualidade química e biológica de uma área degradada pela extração de argila, revegetada com Eucalyptus spp. e sabiá em plantios puros e consorciados. 2006. 45 f. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2006.) eMendonça et al. (2008MENDONÇA, A. V. R. et al. Atributos edáficos de cavas de extração de argila após cultivos puros e consorciados de Eucalyptus spp. eMimosa caesalpiniifolia Benth (Sabiá) e quantificação da poda de sabiá. Floresta, Curitiba, v. 38, p. 431-443, 2008a.) observaram aumento no valor de pH, após 24 e 36 meses, respectivamente, em resposta a plantios puros e consorciados de Mimosa caesalpiniifolia(sabiá) e Eucalyptus spp, em cava de extração de argila. Resultados similares foram observados por Santiago (2005SANTIAGO, A. R. Eucalipto em plantios puros e consorciados com sesbania na reabilitação de cavas de extração de argila. 2005. 77 p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF Campos dos Goytacazes, RJ, 2005.) para plantios consorciados de sesbânia comEucalyptus robusta e de sesbânia com Eucalyptus tereticornis, após um ano de plantio, nesse mesmo tipo de ambiente.

Avaliando as características químicas de uma área em recuperação com plantios deAcacia mangium e Eucalyptus pellita, aos oito anos de idade, Franco et al. (1995FRANCO, A. A. et al. Uso de leguminosas florestais noduladas e micorrizadas como agentes de recuperação e manutenção da vida do solo: um modelo tecnológico. In: ESTEVES, F., ed. Oecologia Brasiliensisestrutura, funcionamento e manejo de ecossistemas. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995. p.459-467.) encontraram valores de pH menores no plantio da leguminosa em relação ao do eucalipto. Este padrão foi atribuído à capacidade da leguminosa em se associar com bactérias fixadoras de N2 atmosférico, o que faz com que ocorra uma maior extrusão de prótons e uma consequente redução do pH. Fato que pode explicar os menores valores de pH, observado neste estudo, nos solos sob os plantios com as leguminosas em relação ao plantio puro de eucalipto.

Para os teores de Al+3 verificou-se que somente o plantio puro de eucalipto não promoveu a redução do conteúdo desse elemento quando comparado à área ADVE (Tabela 1). Os valores de Al+3 encontrados foram muito baixos, o que confirma a baixa presença de acidez trocável. Estes dados são corroborados pelos de Mendonça (2006MENDONÇA, A. V. R. Reabilitação de cavas de extração de argila e tolerância de espécies florestais a salinidade. 2006. 120 f. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2006.) em plantios puros e consorciados de Eucalyptus spp. e sabiá, em cava de extração de argila no Norte Fluminense. Por outro lado, no que tange à acidez potencial (H+Al), os plantios proporcionaram um aumento, em relação à ADVE. Em estudo realizado em área degradada pela extração de bauxita, em Porto Trombetas (PA), após quatro anos de revegetação com a espécie Acacia holosericea, foi observado que a maior concentração de matéria orgânica do solo resultou em maiores valores de H+Al (OLIVEIRA et al., 2000OLIVEIRA, D. M. F. et al. Estudo da contribuição da cobertura vegetal sobre a recuperação de solo degradado pela extração de Bauxita em porto Trombetas-PA. In: SIMPÓSIO NACIONAL RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS, 4., 2000, Blumenau. Anais... Blumenau: Fundação Universidade Regional de Blumenau, 2000. ). No presente estudo foi observada correlação positiva e significativa entre os teores de COT e a acidez potencial do solo (r = 0,74, P = 0,03).

Em relação aos teores de P e K, verificou-se que todos os plantios promoveram aumentos destes elementos em relação à ADVE, chegando a ser observado um aumento de 350% nos teores de P na área de plantio puro de eucalipto e aumentos de 200% de K na área de plantio consorciado de eucalipto e acácia (Tabela 1). Esses resultados podem ser decorrentes da associação dos fungos micorrízicos arbusculares (FMAs) com o sistema radicular das espécies avaliadas, favorecendo a exploração dos nutrientes em maiores profundidades. Dessa forma, com a decomposição e ciclagem dos nutrientes contidos na serapilheira (Euc + Ac = 11,4; Ac = 8,3; Ac + Ses = 6,9; Euc = 6,3; Ses + Euc = 5,9 e Ses = 3,5 Mg ha-1 ano-1, respectivamente, segundo Silva (2009SILVA, C. F. Atributos químicos e biológicos em cavas de extração de argila revegetadas com eucalipto e leguminosas. 2009. 172 f. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, 2009.)), parte dos nutrientes absorvidos são devolvidos ao solo. Os maiores teores de K encontrados no tratamento Euc + Ac estão associados à maior deposição de serapilheira neste tratamento em relação aos demais. Para o P, os maiores teores encontrados no eucalipto podem ser decorrentes do efeito benéfico das micorrizas na aquisição do P, pois, segundo Grove et al. (1996GROVE, T. S.; THOMSON, B. D.; ALAJZUK, N. Nutritional physiology ofEucalyptus: uptake, distribution and utilization. In: ATTIWILL, P. M.; ADAMS, M. A. (eds.) Nutrition of Eucalyptus. Australia, 1996. p. 77-108. ), o P é limitado em florestas de eucalipto. Em relação à ADVE, os menores valores de P e K, podem ser em função da menor abundância total e diversidade de espécies da fauna do solo, bem como pela menor diversidade dos FMAs encontrados na ADVE em comparação aos demais tratamentos (SILVA et al., 2010SILVA, C. F. et al. Land degraded by clay extraction reforested withAcacia mangium: Soil fauna as reabilitation indicator. In: ZDRULI, P.; PAGLIAI, M.; KAPUR, S. ; FAZ CANO, ANGEL. (Org.). Land Degradation and Desertification: Assessment, Mitigation and Remediation: Springer, 2010, v. 1, p. 619-626.; SILVA et al., 2012SILVA, C. F. et al. Fungos micorrízicos arbusculares e proteína do solo relacionada à glomalina em área degradada por extração de argila e revegetada com eucalipto e acácia., Ciência Florestal Santa Maria, v. 22, p.749-761, 2012.; SILVA et al., 2013SILVA, C. F. et al. Fungos micorrízicos arbusculares e proteína do solo relacionada à glomalina em área degradada por extração de argila e revegetada com eucalipto e acácia., Ciência Florestal Santa Maria, v. 22, p.749-761, 2012.).

Batista (2006BATISTA, Q. R. Qualidade química e biológica de uma área degradada pela extração de argila, revegetada com Eucalyptus spp. e sabiá em plantios puros e consorciados. 2006. 45 f. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2006.) observou que plantios puros e consorciados de diferentes espécies de eucalipto e sabiá, em cava de extração de argila, proporcionaram aumentos significativos nos teores de P e de K no solo, quando comparados à área com vegetação espontânea. Entre os plantios foram observados menores teores de K no solo naqueles sob plantio de sesbânia (puro e consorciado) (Tabela 1).

Para os teores de Ca e o Mg, assim como indiretamente para os valores de soma de bases (SB), foram observadas diferenças significativas, tanto entre os plantios, quanto entre estes e a ADVE (Tabela 1). No caso do Ca, os maiores valores foram verificados nas áreas dos plantios consorciados de eucalipto com acácia e de acácia com sesbânia, e os menores na ADVE (Tabela 1). Em relação ao Mg, o plantio consorciado de acácia + sesbânia apresentou menor teor em relação à maioria dos plantios, sendo semelhante apenas ao plantio puro do eucalipto. Todos os plantios promoveram incrementos nos teores desse elemento quando comparados à ADVE (Tabela 1).

De maneira geral, os sistemas consorciados favorecem maior aporte de Ca ao solo (exceção Euc+Ses) quando comparado com os sistemas puros. Esse padrão pode ser decorrente da qualidade da serapilheira e do aumento da diversidade da fauna do solo e dos FMAs (SILVA, 2009SILVA, C. F. Atributos químicos e biológicos em cavas de extração de argila revegetadas com eucalipto e leguminosas. 2009. 172 f. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, 2009.). Para o Mg, o consórcio com somente leguminosas está acarretando no maior uso do Mg pelas leguminosas em comparação aos demais sistemas consorciados e puros. SegundoBarros et al. (1986BARROS, N. F. et al. Classificação nutricional de sítios florestais - Descrição de uma metodologia. Revista Árvore, v. 10, n. 2, p. 112-120, 1986. ), a eficiência do uso de um nutriente pela planta aumenta à medida que esse nutriente diminui no solo. Silva (2009SILVA, C. F. Atributos químicos e biológicos em cavas de extração de argila revegetadas com eucalipto e leguminosas. 2009. 172 f. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, 2009.) encontrou maior eficiência no uso do Mg no consórcio de Ac + Ses em comparação aos demais tratamentos. Em relação à ADVE, os menores teores de Ca e Mg podem estar associados às diferenças na quantidade de serapilheira aportada ao solo, bem como a menor abundância total e diversidade de espécies da fauna do solo, o que provavelmente reduz as taxas de decomposição e consequente liberação dos nutrientes para o solo.

Em relação ao Na, observou-se uma redução nos teores no solo sob a maioria dos plantios, em comparação à área com vegetação espontânea. Os consórcios de eucalipto com acácia e acácia + sesbânia foram aqueles que apresentaram os menores valores (Tabela 1). Mendonça et al. (2008MENDONÇA, A. V. R. et al. Atributos edáficos de cavas de extração de argila após cultivos puros e consorciados de Eucalyptus spp. eMimosa caesalpiniifolia Benth (Sabiá) e quantificação da poda de sabiá. Floresta, Curitiba, v. 38, p. 431-443, 2008a.) observaram redução nos teores de Na em plantios puros de Eucalyptus tereticornis e de sabiá. Os menores teores encontrados nas áreas de plantio podem ser decorrentes de uma maior lixiviação de íons, devido à melhoria da agregação do solo proporcionado pelas raízes ou ainda, do acúmulo de Na pelas plantas (MISHRA et al., 2003MISHRA, A.; SHARMA, S. D.; KHAN, G. H. Improvement in physical and chemical properties of sodic soil by 3, 6 and 9 years old plantations ofEucalyptus tereticornis: Biorejuvenation of sodic soil., Forest Ecology and Management Amsterdam, v. 184, p. 115-124, 2003.).

Quanto à SB, a área ADVE foi inferior em relação aos plantios. Enquanto entre os plantios só houve diferença entre o consórcio de eucalipto + acácia e de acácia + sesbânia, tendo este último plantio apresentado os menores valores (Tabela 1). As diferenças encontradas são decorrentes dos maiores teores de Ca no tratamento Euc + Ac e menores de Mg no consórcio com leguminosas. Assim, verifica-se que o consórcio do eucalipto com uma leguminosa é mais vantajoso do que somente com leguminosas para o aumento das bases trocáveis em áreas de recuperação de cavas de extração de argila. Gama-Rodrigues et al. (2008) observaram valores estatisticamente iguais em relação à SB, em solos sob Corymbia citriodora e Acacia auriculiformis, no Norte do Estado do Rio de Janeiro. EnquantoGaray et al. (2003GARAY, I. et al. Comparação da matéria orgânica e de outros atributos do solo entre as plantações de Acacia mangium eEucalyptus grandis., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 27, n. 4, p. 705-712, 2003.) detectaram valores mais baixos em solos sob plantio de Eucalyptus grandisem relação ao plantio de Acacia mangium.

A capacidade de troca catiônica (CTC) variou tanto entre os plantios, quanto entre estes e a ADVE. Maiores valores foram encontrados nos plantios consorciados de eucalipto + acácia e, no monocultivo de acácia, em relação aos demais. Todos os plantios promoveram aumentos significativos na CTC, em relação à ADVE (Tabela 1). Em estudo realizado no Norte do Estado do Rio de Janeiro, Gama-Rodrigues et al. (2008) observaram um decréscimo na CTC do solo sob plantio de Acacia auriculiformisem relação à área de pasto e capoeira. Santiago (2005SANTIAGO, A. R. Eucalipto em plantios puros e consorciados com sesbania na reabilitação de cavas de extração de argila. 2005. 77 p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF Campos dos Goytacazes, RJ, 2005.), em plantios puros e consorciados de eucalipto com sesbânia, em cava de extração de argila, detectou redução da CTC na maioria dos tratamentos, em relação à área anteriormente ao plantio, enquanto Mendonça (2006MENDONÇA, A. V. R. Reabilitação de cavas de extração de argila e tolerância de espécies florestais a salinidade. 2006. 120 f. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2006.) não observou alterações significativas para este atributo. A CTC dos solos nesse estudo foi significativamente correlacionada com o COT do solo (r=0,79; P=0,02). Esse padrão pode ser devido à predominância de argilominerais de baixa atividade, nos quais a fração orgânica contribui com a maior proporção de cargas negativas, confirmando os relatos de Araújo et al. (2007ARAÚJO, R. GOEDERT, W. J.; LACERDA, M. P. C. Qualidade de um solo sob diferentes usos e sob cerrado nativo., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 31, p. 1099-1108, 2007.) e Silva e Resck (1997SILVA, J. E.; RESCK, D. V. S.; Matéria orgânica do solo In: VARGAS, M.A.T.; HUNGRIA, M. (Ed.). Biologia dos solos dos cerrados. Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1997. p. 465-524.). De acordo com Silva et al. (2007)SILVA, R. C. et al. Alterações nas propriedades químicas e físicas de um Chernossolo com diferentes coberturas vegetais., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 31, p. 101-107, 2007., a CTC representa o poder de retenção (adsorção) de cátions, favorecendo a manutenção da fertilidade por um período prolongado de tempo.

A contribuição da vegetação em relação aos nutrientes no solo deve ser considerada, principalmente, quando as espécies florestais são submetidas à exploração (MAFRA et al., 2008MAFRA, Á. L. et al. Carbono orgânico e atributos químicos do solo em áreas florestais., Revista Árvore Viçosa, v. 32, p. 217-224, 2008). Esse é o caso da área em estudo, na qual as árvores de eucalipto e acácia, futuramente, serão submetidas a cortes, para posterior utilização da madeira como lenha, para produção de cerâmica. Essa consideração é importante, visto que, além dos nutrientes, o carbono também é removido, o que pode influenciar nos teores de matéria orgânica do solo. Assim, em caso de remoção, inclusive, dos resíduos florestais, cuidados extras devem ser tomados no planejamento do manejo florestal, no que se refere à garantia das condições da fertilidade, principalmente, em ambientes com baixa reserva de nutrientes, assegurando-se, desta forma, o desenvolvimento vegetal e a produtividade da floresta (CHAVES e CORRÊA, 2005CHAVES, R. Q.; CORRÊA, G. F. Macronutrientes no sistema solo-Pinus caribaea Morelet em plantios apresentando amarelecimento das acículas e morte de plantas., Revista Árvore Viçosa, v. 29, p. 691-700, 2005.; MAFRA et al., 2008).

Carbono orgânico e nitrogênio total do solo

Os teores de COT do solo variaram de 11,92 a 34,41 g kg-1, sendo o menor valor encontrado na ADVE e o maior, na área de consórcio de eucalipto + sesbânia (Tabela 2). Todos os sistemas de plantio proporcionaram um aumento nos teores de COT no solo quando comparado à ADVE. Esses aumentos foram de 65%, 104%, 115%, 132%, 145% e 189% respectivamente, para os plantios de eucalipto + acácia, sesbânia, acácia, eucalipto, acácia + sesbânia e eucalipto + sesbânia (Tabela 2). A adição de material orgânico proveniente principalmente da serapilheira é responsável pelo acúmulo de carbono na camada superficial do solo, à medida que a mesma vai sendo decomposta e humificada (MAFRA et al., 2008MAFRA, Á. L. et al. Carbono orgânico e atributos químicos do solo em áreas florestais., Revista Árvore Viçosa, v. 32, p. 217-224, 2008). A contribuição destes plantios (do presente estudo) com serapilheira, aos quatro anos de idade, para o acúmulo de matéria orgânica no solo variou de 3,5 a 11,4 Mg ha-1 de matéria seca ao ano (SILVA, 2009SILVA, C. F. Atributos químicos e biológicos em cavas de extração de argila revegetadas com eucalipto e leguminosas. 2009. 172 f. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, 2009.). Mendonça et al. (2008MENDONÇA, A. V. R. et al. Atributos edáficos de cavas de extração de argila após cultivos puros e consorciados de Eucalyptus spp. eMimosa caesalpiniifolia Benth (Sabiá) e quantificação da poda de sabiá. Floresta, Curitiba, v. 38, p. 431-443, 2008a.) avaliando as características químicas de substrato de cava de extração de argila, antes e após 24 meses de revegetação com plantio puro deMimosa caesalpiniifolia Benth e consorciado comEucalyptus robusta e Eucalyptus camaldulensis, também observaram aumento no teor de COT do solo. Estes autores destacaram que nem todos os plantios proporcionaram aumentos no teor de COT do solo como, por exemplo, plantios consorciados de sabiá com Eucalyptus tereticornis ou com Eucalyptus pellita. Supõe-se no referido trabalho que a serapilheira formada por estas duas associações apresentou maior taxa de decomposição em relação às combinações de sabiá com Eucalyptus robusta eEucalyptus camaldulensis, resultando, desta forma, em menor acúmulo de COT no solo.

Tabela 2
Teores de carbono orgânico total (COT), nitrogênio total (N total) e relação carbono:nitrogênio (Relação C:N), na camada de 0,00-0,05 m de solo de cava de extração de argila com vegetação espontânea (ADVE) e revegetada com Eucalyptus camaldulensis (Euc), Acacia mangium (Ac) e Sesbania virgata(Ses) em plantios puros e consorciados.
Table 2
Total organic carbon (TOC), total nitrogen (N total) and relation carbon: nitrogen (Relation C: N) in the 0,00-0,05 m soil from an area of clay mining under spontaneous vegetation (ADVE) and revegetated with Eucalyptus camaldulensis(Euc), Acacia mangium (Ac) andSesbania virgata (Ses) in pure and mixed plantings

Entre os plantios puros avaliados, a área de plantio de eucalipto apresentou maiores teores de COT quando comparada com a área de plantio de sesbânia, enquanto na área com acácia observaram-se teores de COT estatisticamente iguais aos das áreas com plantios de eucalipto e sesbânia (Tabela 2). Na área com plantio de eucalipto verificou-se aumento no conteúdo COT em torno de 13,34% em relação à área com plantio de sesbânia. Essa diferença pode estar relacionada com a maior produção de biomassa pelo eucalipto em relação à sesbânia (6,3 Mg ha-1 e 3,5 Mg ha-1 respectivamente) (SILVA, 2009SILVA, C. F. Atributos químicos e biológicos em cavas de extração de argila revegetadas com eucalipto e leguminosas. 2009. 172 f. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, 2009.), bem como pela taxa de decomposição de serapilheira. Paulucio (2007PAULUCIO, V. O. Qualidade química e biológica de área degradada pela extração de argila, revegetada com eucalipto e leguminosas inoculados com micorrizas. 2007. 106 p. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense 2007Darcy Ribeiro -UENF, Campos dos Goytacazes, 2007.) avaliando a velocidade de decomposição do material vegetal de cada tratamento, nesse mesmo experimento, 26 meses após o plantio, observou que o material foliar de eucalipto (k=0,0018) apresentou menor velocidade de decomposição em relação ao da sesbânia (k=0,0025). Este padrão pode explicar os maiores teores de COT sob plantio de eucalipto, visto que, de acordo com Gama- Rodrigues et al. (1999), geralmente, em solos com similar composição granulométrica, uma serapilheira mais facilmente decomponível resultará em menor acúmulo de carbono, que outra com substâncias mais resistentes à decomposição. Variações nos teores de carbono orgânico sob diferentes coberturas vegetais têm sido observadas por outros autores em áreas de mineração (CARNEIRO et al. 2008CARNEIRO, M. A. C. et al. Carbono orgânico, nitrogênio total, biomassa e atividade microbiana do solo em duas cronosseqüências de reabilitação após a mineração de bauxita., Revista Brasileira de Ciência do Solo v. 32, p. 621-632, 2008.; MAFRA et al., 2008MAFRA, Á. L. et al. Carbono orgânico e atributos químicos do solo em áreas florestais., Revista Árvore Viçosa, v. 32, p. 217-224, 2008).

Entre os plantios consorciados, o maior teor de COT foi observado na área com eucalipto + sesbânia, seguido de acácia + sesbânia e por fim, eucalipto + acácia (Tabela 2). Nessas áreas, segundoSilva (2009SILVA, C. F. Atributos químicos e biológicos em cavas de extração de argila revegetadas com eucalipto e leguminosas. 2009. 172 f. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, 2009.), a contribuição da serapilheira foi de 5,9; 6,9 e 11,4 Mg ha-1 ano-1, respectivamente. Vale ressaltar que o plantio consorciado de acácia + eucalipto, embora tenha apresentado maior taxa de deposição de serapilheira (11,4 Mg ha-1 ano-1), foi o plantio no qual se observou, dentre todos os demais avaliados (puros e consorciados), o menor conteúdo de COT (Tabela 2). Assim, menores teores de COT neste plantio podem estar relacionados à qualidade do material vegetal (menor relação C/N) (PAULUCIO, 2007PAULUCIO, V. O. Qualidade química e biológica de área degradada pela extração de argila, revegetada com eucalipto e leguminosas inoculados com micorrizas. 2007. 106 p. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense 2007Darcy Ribeiro -UENF, Campos dos Goytacazes, 2007.) depositado ao solo, associado a uma melhor atividade microbiana. De acordo com Stevenson (1982STEVENSON, F. J. Humus chemistry, genesis, composition, reactionNew York : John. Wiley & Sons, 1982. 443 p.), o conteúdo de COT no solo não se deve somente à quantidade de resíduos adicionados, mas também à atividade microbiana. Assim, menores teores deste elemento no solo, podem ser atribuídos possivelmente ao aumento da atividade microbiana, causada por melhores condições de aeração, temperatura mais elevada e alternância mais frequente de umedecimento e secagem, propiciados pela maior deposição de material vegetal ao solo.

No tocante à influência do tipo de cultivo nos teores de COT, com ênfase na sesbânia, observou-se que quando em plantio puro, o sistema acumula menos COT no solo em comparação ao consórcio com a acácia e com o eucalipto (Tabela 2). Este padrão pode estar relacionado tanto à menor quantidade de serapilheira depositada pelo plantio puro (3,5 Mg ha-1 ano-1) (SILVA, 2009SILVA, C. F. Atributos químicos e biológicos em cavas de extração de argila revegetadas com eucalipto e leguminosas. 2009. 172 f. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, 2009.), quanto à taxa de decomposição. Segundo Paulucio (2007PAULUCIO, V. O. Qualidade química e biológica de área degradada pela extração de argila, revegetada com eucalipto e leguminosas inoculados com micorrizas. 2007. 106 p. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense 2007Darcy Ribeiro -UENF, Campos dos Goytacazes, 2007.), na mesma área de estudo, aos 26 meses de idade, observaram-se maiores taxas de decomposição da serapilheira foliar de sesbânia em plantio puro, do que quando em consórcio com a acácia e com o eucalipto.

Os maiores teores de COT nos plantios puros e consorciados em detrimento a área testemunha (ADVE) (Tabela 2) indicam que o plantio de espécies arbóreas é eficiente em um primeiro aspecto da reabilitação, que segundo Moraes et al. (2008MORAES, L. F. D. et al. Características do solo na restauração de áreas degradadas na reserva biológica de Poço das Antas, RJ. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 18, p. 193-206, 2008.) é a melhoria da qualidade do solo. Essa etapa é de suma importância para que o processo sucessional tenha condições de se estabelecer.

Para os teores de N total observaram-se que os plantios puros e consorciados promoveram aumentos no conteúdo de N de 200%, 280%, 250%, 180%, 260%, 220%, respectivamente para os plantios de eucalipto, acácia, sesbânia, eucalipto + acácia, eucalipto + sesbânia e acácia + sesbânia, em relação à ADVE (Tabela 2).

Quando se comparam os teores de N entre os plantios, observou-se que o plantio puro de acácia apresentou valores significativamente maiores que o plantio puro de eucalipto e os plantios consorciados de acácia + eucalipto e acácia + sesbânia (Tabela 2). Considerando que as leguminosas são espécies fixadoras de N2 atmosférico, essas podem ter contribuído para uma maior adição desse elemento ao solo. Além disso, em solos de baixa fertilidade, mas com cobertura vegetal rica em N, como as leguminosas, espera-se uma menor quantidade de N imobilizado pela biomassa microbiana, pois este elemento estará em quantidade suficiente para atender à atividade metabólica dos microrganismos e ao processo de decomposição da matéria orgânica (GAMA-RODRIGUES et al., 1997GAMA-RODRIGUES, E. F.; GAMA-RODRIGUES, A. C.; BARROS, N. F. Biomassa microbiana de carbono e de nitrogênio de solos sob diferentes coberturas vegetais., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 21, p. 361-365, 1997.).

Maior teor de N total em áreas com plantio das leguminosas bracatinga (Mimosa scabrella) e feijão guandu (Cajanus cajan) foi observado por Carneiro et al. (2008CARNEIRO, M. A. C. et al. Carbono orgânico, nitrogênio total, biomassa e atividade microbiana do solo em duas cronosseqüências de reabilitação após a mineração de bauxita., Revista Brasileira de Ciência do Solo v. 32, p. 621-632, 2008.) quando compararam essas áreas com plantios de eucalipto, em áreas de mineração de bauxita. Em plantios de reabilitação em áreas de mineração de bauxita, Ward (2000WARD, S. C. Soil development on rehabilitated bauxite mines in south-west Australia. Australian Journal Soil Research, Victoria, v. 38, p. 453-464, 2000.) observou que a utilização de leguminosas, como a bracatinga, aumentou o teor de N total após nove anos de idade, sendo adicionados por meio de resíduos vegetais, 300 kg ha-1 ano-1 de N, enquanto em área próxima reabilitada com eucalipto, a adição de N foi em torno de 63 kg ha-1 ano-1. No presente estudo, quantidades menores de N foram adicionadas pelos plantios, sendo que os valores variaram de 35,06 (plantio puro de eucalipto) a 77,19 kg ha-1 ano-1 de N (consórcio de acácia + eucalipto) (SILVA, 2009SILVA, C. F. Atributos químicos e biológicos em cavas de extração de argila revegetadas com eucalipto e leguminosas. 2009. 172 f. Tese. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, 2009.).

Os valores da relação C:N para as áreas amostradas nesse estudo variaram entre 23,83 a 13,92, sendo observados maiores valores para a ADVE e menores na área com plantio de sesbânia. Entre os demais plantios não foram verificadas diferenças significativas (Tabela 2). De acordo com Moreira e Siqueira (2002MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e bioquímica do solo. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2002. 625 p. ), a relação C:N é considerada estabilizada quando seus valores estão situados entre 8:1 e 12:1. No presente estudo, as relações encontram-se acima deste intervalo, o que pode significar que a qualidade dos resíduos está proporcionando imobilização de matéria orgânica.

É importante ressaltar que incrementos de N, seja por fixação biológica (leguminosas) ou adubação nitrogenada, favorecem o acúmulo de carbono no solo (BAYER e MIELNICZUK, 1997BAYER, C.; MIELNICZUK, J. Nitrogênio total de um solo submetido a diferentes métodos de preparo e sistemas de cultura., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 21, p. 235-239, 1997.; URQUIAGA et al., 2005URQUIAGA, S. et al. Manejo de sistemas agrícolas para o seqüestro de carbono no solo. In: AQUINO, A. M.; ASSIS, R. L. (Org.). Conhecimentos e Técnicas Avançadas para o Estudo dos Processos da Biota no Sistema Solo-Planta. Brasília: Embrapa, 2005. p. 257-273.). Segundo Pillon et al. (2004PILLON, C. N.; MIELNICZUK, J.; MARTIN NETO, L. Ciclagem da matéria orgânica em sistemas agrícolas. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2004. 27 p.), a incorporação de material vegetal em maiores profundidades no perfil do solo pelas raízes constitui-se em estratégia importante para melhoria da qualidade do solo em subsuperfície e para o acúmulo de carbono no solo. E, para este acúmulo de carbono, certamente o N exerce papel preponderante, pois não ocorre aumento de carbono no solo se a quantidade de N for limitante à produtividade biológica (URQUIAGA et al., 2005URQUIAGA, S. et al. Manejo de sistemas agrícolas para o seqüestro de carbono no solo. In: AQUINO, A. M.; ASSIS, R. L. (Org.). Conhecimentos e Técnicas Avançadas para o Estudo dos Processos da Biota no Sistema Solo-Planta. Brasília: Embrapa, 2005. p. 257-273.). Dessa forma, verifica-se que na ADVE os menores valores de N passam a ser limitantes para a atividade biológica (corroborando com a menor abundância total e diversidade de espécies da fauna do solo e de FMAs, neste mesmo experimento, conforme Silva et al. (2010SILVA, C. F. et al. Land degraded by clay extraction reforested withAcacia mangium: Soil fauna as reabilitation indicator. In: ZDRULI, P.; PAGLIAI, M.; KAPUR, S. ; FAZ CANO, ANGEL. (Org.). Land Degradation and Desertification: Assessment, Mitigation and Remediation: Springer, 2010, v. 1, p. 619-626.), Silva et al. (2012)SILVA, C. F. et al. Fungos micorrízicos arbusculares e proteína do solo relacionada à glomalina em área degradada por extração de argila e revegetada com eucalipto e acácia., Ciência Florestal Santa Maria, v. 22, p.749-761, 2012. e Silva et al. 2013SILVA, C. F. et al. Influência do sistema de plantio sobre características dendrométricas e fauna edáfica em área degradada pela extração de argila., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v.37; p. 1742-1751, 2013.), não acarretando em maiores aumentos aumentos do carbono se comparado aos demais tratamentos que apresentaram três vezes mais N que a ADVE (Tabela 2).

Carbono das substâncias húmicas do solo

Todas as frações húmicas (ácidos fúlvicos, ácidos húmicos e humina) apresentaram maiores teores nos plantios puros e consorciados quando comparados à ADVE (Tabela 3). Este padrão é corroborado pelos maiores teores de COT encontrados nessas áreas (Tabela 2), demonstrando o efeito positivo do aporte de matéria orgânica ao solo via deposição de serapilheira para posterior formação das substâncias húmicas. Com a decomposição da serapilheira têm sido observadas alterações nas frações humificadas da MOS (CANELLAS et al., 2004CANELLAS, L. P. et al. Organic matter quality in a soil cultivated with perennial herbaceous legumes. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 61, p. 53-61, 2004.; SCHIAVO, 2005SCHIAVO, J. A. Revegetação de áreas degradadas pela extração de argila, com espécies micorrizadas de Acacia mangium, Sesbania virgata e Eucalyptus camaldulensis2005.Tese 117 p. (Doutorado em Produção Vegetal) - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, 2005.).

Tabela 3
Carbono das frações ácidos fúlvicos, ácidos húmicos, humina e relações entre o carbono das substâncias húmicas na camada de 0,00-0,05 m de solo de cava de extração de argila com vegetação espontânea (ADVE) e revegetada com Eucalyptus camaldulensis (Euc), Acacia mangium (Ac) e Sesbania virgata(Ses) em plantios puros e consorciados.
Table 3
Carbon of fulvic acid, humic acids, humin and relations between the carbon of humic substances in the 0,00-0,05 m soil natural vegetation (ADVE) and revegetated withEucalyptus camaldulensis (Euc),Acacia mangium (Ac) and Sesbania virgata (Ses) in pure and mixed plantings

Como todos os sistemas propiciaram aumentos de carbono das substâncias húmicas, a revegetação dessas áreas de extração de argila com leguminosas e eucalipto acarretará na recuperação das mesmas, principalmente no tocante aos atributos edáficos. Segundo Stevenson (1994STEVENSON, F. J. Humus chemistry; genesis, composition, reactions. New York: John Wiley & Sons, 1994. 496 p.), as substâncias húmicas são responsáveis por diversos efeitos no solo, sendo destacado seu papel em solos tropicais e subtropicais altamente intemperizados devido à importância no fornecimento de nutrientes às culturas, na retenção de cátions, na complexação de elementos tóxicos e de micronutrientes, na estabilidade dos agregados, na infiltração e retenção de água, na aeração e na atividade e diversidade microbiana, constituindo assim, um componente fundamental da sua capacidade produtiva.

Entre os plantios puros, para o C da fração ácidos fúlvicos (C-FAF) e o C da fração ácidos húmicos (C-FAH) verificaram-se maiores teores na área com acácia, e para o C da humina (C-HUM), na área com eucalipto. Já para os plantios consorciados, os maiores teores de C-FAF foram encontrados nas áreas de eucalipto + acácia e eucalipto + sesbânia, e para o C-FAH e C-HUM, na área com eucalipto + sesbânia, e acácia + sesbânia para C-HUM (Tabela 3). Essas diferenças, observadas entre os sistemas de plantios puros e consorciados, demonstram que o carbono das substâncias húmicas (Tabela 3), assim como o COT (Tabela 2), para as condições do presente estudo, são eficientes para identificar modificações decorrentes dos sistemas utilizados nas áreas de cava de extração de argila, principalmente quando comparados com a ADVE. Resultados semelhantes a esses são relatados por Loss et al. (2010LOSS, A. et al. Quantificação do carbono das substâncias húmicas em diferentes sistemas de uso do solo e épocas de avaliação. Bragantia, v. 69, p. 53-62, 2010.), nos quais os autores quantificaram o carbono das substâncias húmicas de um Argissolo Vermelho-Amarelo em sistemas orgânicos de produção com diferentes coberturas vegetais e, concluíram que o fracionamento químico da MOS é uma ferramenta útil para identificar mudanças provenientes de sistemas de uso do solo e estações do ano sob manejo orgânico.

O maior percentual de carbono foi observado na fração humina, seguido da fração ácido húmico e ácidos fúlvicos, em todos os sistemas avaliados, tendo todos eles apresentado valores da relação C-EA:C-HUM, menores que 1 (Tabela 3), ou seja, um predomínio da fração humina sobre as demais frações (C-FAF e C-FAH). Esses resultados estão em consonância com os observados por Fontana et al. (2006FONTANA, A. et al. Atributos de fertilidade e frações húmicas de um Latossolo Vermelho no Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, n. 5, p. 847-853, maio 2006.) eMoraes et al. (2008MORAES, L. F. D. et al. Características do solo na restauração de áreas degradadas na reserva biológica de Poço das Antas, RJ. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 18, p. 193-206, 2008.) ao avaliarem essa relação em diferentes classes de solos (Latossolo Vermelho, Neossolos Flúvicos e Argissolos). Leite et al. (2003LEITE, L. F. C. et al. Estoques totais de carbono orgânico e seus compartimentos em argissolo sob floresta e sob milho cultivado com adubação mineral e orgânica., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 27, p. 821-832, 2003.) verificaram percentuais da fração humina, em Argissolo, que variaram de 50 a 60%, enquanto Loss et al. (2010LOSS, A. et al. Quantificação do carbono das substâncias húmicas em diferentes sistemas de uso do solo e épocas de avaliação. Bragantia, v. 69, p. 53-62, 2010.) detectaram percentuais de 65 a 71%. Nesse estudo, valores mais elevados foram observados (57 a 80%) (Tabela 3). O fato de essa fração apresentar maior percentagem de carbono em relação às demais pode estar relacionado à menor estabilidade das frações C-FAF e C-FAH, o que faz com que estas possam ser submetidas a processos de movimentação no perfil, polimerização, ou mineralização, diminuindo sua composição percentual no solo (LEITE et al., 2003LEITE, L. F. C. et al. Estoques totais de carbono orgânico e seus compartimentos em argissolo sob floresta e sob milho cultivado com adubação mineral e orgânica., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 27, p. 821-832, 2003.; FONTANA et al., 2006FONTANA, A. et al. Atributos de fertilidade e frações húmicas de um Latossolo Vermelho no Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, n. 5, p. 847-853, maio 2006.).Barreto et al. (2008BARRETO, A. C. et al. Fracionamento químico e físico do carbono orgânico total em um solo de mata submetido a diferentes usos., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 32, p. 1471-1478, 2008.), em Latossolo, observaram aumentos do C-FAF com a profundidade, assim como Souza e Melo (2003SOUZA, W. J. O.; MELO, W. J. Matéria orgânica em um Latossolo submetido a diferentes sistemas de produção de milho., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 27, p. 1113-1122, 2003.) e Passos et al. (2008PASSOS, R. R. et al. Substâncias húmicas, atividade microbiana e carbono orgânico lábil em agregados de um latossolo vermelho distrófico sob duas coberturas vegetais., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 31, p. 1119-1129, 2008.).

O acúmulo de humina no solo, além dos fatores citados acima, também pode estar relacionado ao tamanho da molécula (FONTANA et al. 2006FONTANA, A. et al. Atributos de fertilidade e frações húmicas de um Latossolo Vermelho no Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, n. 5, p. 847-853, maio 2006.), bem como à sua insolubilidade e resistência à decomposição, ocasionada pela ligação estável existente entre esse componente e a parte mineral do solo (LONGO e ESPÍNDOLA, 2000LONGO R. M.; ESPÍNDOLA, C. R. C-orgânico, N-total e substâncias húmicas sob influência da introdução de pastagens (Brachiariasp.) em áreas de cerrado e floresta amazônica., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 24, p. 723-729, 2000.). De acordo com Souza e Melo (2003SOUZA, W. J. O.; MELO, W. J. Matéria orgânica em um Latossolo submetido a diferentes sistemas de produção de milho., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 27, p. 1113-1122, 2003.), o maior valor de C na fração humina pode promover uma maior retenção de umidade, melhorias na agregação do solo e maior retenção de cátions. Tal como observado por Pinheiro et al. (2003PINHEIRO, E. F. M. et al. Matéria orgânica em Latossolo Vermelho submetido a diferentes sistemas de manejo e cobertura do solo. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v. 9, p. 53-56. 2003.) e Loss et al. (2010LOSS, A. et al. Quantificação do carbono das substâncias húmicas em diferentes sistemas de uso do solo e épocas de avaliação. Bragantia, v. 69, p. 53-62, 2010.), em Latossolo Vermelho e Argissolo Vermelho-Amarelo, respectivamente, os teores de C da fração humina, no presente trabalho, acompanham a variação do conteúdo de COT do solo (r = 0,97, P = 0,0001).

Para os valores da relação C-FAH/C-FAF foram maiores as áreas de plantios florestais quando comparadas à ADVE, demonstrando a maior proporção de C-FAH nos sistemas de plantios (Tabela 3). Entre os sistemas de plantio, os maiores valores foram encontrados nas áreas com eucalipto e acácia + sesbânia, sendo verificado nesses sistemas o dobro da proporção de C-FAH em detrimento ao C-FAF (Tabela 3). Os menores valores de C-FAH/C-FAF na ADVE (predomínio de gramíneas) indicam que nesse sistema existe maior concentração de C-FAF em relação ao C-FAH. Este padrão é decorrente da intensa adição de COT ao solo por meio da renovação do sistema radicular das gramíneas, favorecendo a decomposição constante da matéria orgânica e, consequentemente, acarretando em maiores teores de carbono da fração mais facilmente biodegradável (BARRETO et al., 2008BARRETO, A. C. et al. Fracionamento químico e físico do carbono orgânico total em um solo de mata submetido a diferentes usos., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 32, p. 1471-1478, 2008.).

O conteúdo relativo de cada fração da matéria orgânica humificada pode ser usado como indicativo da qualidade do húmus do solo (MACCALLISTER e CHIEN, 2000MACCALLISTER, D. L.; CHIEN, W.L. Organic carbon quantity and forms as influenced by tillage and cropping sequence. Comunications in Soil Science and Plant Analysis, v. 31, p. 465-479, 2000. ). De acordo com Kononova (1966KONONOVA, M. M. Soil organic matter. 2nd ed. Oxford: Pergamon Press, 1966.), a relação C-FAH/C-FAF varia de acordo com a fertilidade dos solos, sendo normalmente maior que 1,5 naqueles naturalmente mais férteis, e menor que a unidade nos mais intemperizados. Em condições favoráveis de pH, saturação por bases e drenagem, o aumento do conteúdo do C-FAH é devido ao incremento da atividade microbiana, que promove a síntese de substâncias húmicas mais condensadas (ORLOV, 1998ORLOV, D. S. Organic substances of russian soils. European Journal of Soil Science, Oxford, v. 31, p. 946-953, 1998.), ou seja, maior proporção de C-FAH em detrimento ao C-FAF (LEITE et al., 2003LEITE, L. F. C. et al. Estoques totais de carbono orgânico e seus compartimentos em argissolo sob floresta e sob milho cultivado com adubação mineral e orgânica., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 27, p. 821-832, 2003.; LOSS et al., 2010LOSS, A. et al. Quantificação do carbono das substâncias húmicas em diferentes sistemas de uso do solo e épocas de avaliação. Bragantia, v. 69, p. 53-62, 2010.). Este padrão pode ser observado nas áreas com plantios puros e consorciados, com exceção da área de eucalipto + acácia, que apresentou relação menor que a unidade. Os sistemas com valores da relação C-FAH/C-FAF maiores que a unidade indicam a presença de material orgânico mais estável, com consequente aumento do grau de humificação. Dessa forma, tem-se a melhoria da qualidade do solo mesmo em condições favoráveis para rápida mineralização, possivelmente, em razão da maior atividade biológica, promovendo a síntese de substâncias mais condensadas (CANELLAS et al., 2001CANELLAS, L. P. et al. Distribuição da matéria orgânica e características de ácidos húmicos em solos com adição de resíduos de origem urbana. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 36, p. 1529-1538, 2001.).

Segundo Barreto et al. (2008BARRETO, A. C. et al. Fracionamento químico e físico do carbono orgânico total em um solo de mata submetido a diferentes usos., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 32, p. 1471-1478, 2008.), a presença de maiores valores de C na fração ácidos húmicos indica um estádio mais avançado de estabilização da matéria orgânica, justificável pela maior relação C:N nos ácidos fúlvicos quando comparado aos ácidos húmicos, demonstrando maior teor de N nas frações mais estáveis das substâncias húmicas do solo (SOUZA e MELO 2003SOUZA, W. J. O.; MELO, W. J. Matéria orgânica em um Latossolo submetido a diferentes sistemas de produção de milho., Revista Brasileira de Ciência do Solo Viçosa, v. 27, p. 1113-1122, 2003.).

CONCLUSÕES

A revegetação de áreas de cava de extração de argila no Norte Fluminense com plantios puros ou consorciados de eucalipto e leguminosas, acarreta em melhorias da fertilidade do solo e dos teores de carbono e nitrogênio totais do solo e do carbono das substâncias húmicas. Aos quatro anos após a revegetação, os sistemas mais indicados, de uma forma geral, para acarretar em aumentos dos teores de COT, N total, Mg, soma de bases e capacidade de troca catiônica, destaca-se o plantio de acácia, dentre os plantios puros, e o plantio de eucalipto + sesbânia, dentre os plantios consorciados. Adicionalmente o consórcio eucalipto + sesbânia, apresentou um dos maiores teores C da fração humina.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2015

Histórico

  • Recebido
    15 Dez 2010
  • Aceito
    20 Nov 2013
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