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Quintais agroflorestais na Amazônia Central: caracterização, importância social e agrobiodiversidade

Homegardens in the Central Amazon: characterization, social importance and agrobiodiversity

Resumo

O objetivo do presente estudo foi descrever as principais características dos quintais agroflorestais da Amazônia Central, assim como avaliar a importância social e a contribuição desses agroecossistemas para a conservação da agrobiodiversidade. Foram amostrados 334 quintais localizados em 14 municípios do Pará, Brasil. Os proprietários ou responsáveis foram entrevistados para a coleta de dados sobre o histórico, usos e práticas de manejo dos quintais. Os quintais da Amazônia Central são manejados de baixa a média intensidade com o uso de insumos internos e os principais critérios de seleção plantas estão relacionados aos seus potenciais de uso, formação de sombra e longevidade das espécies. Além da produção de alimentos para consumo familiar, os quintais desempenham funções estéticas, sociais, recreativas e religiosas. Os quintais agroflorestais da Amazônia Central desempenham importante papel na conservação da agrobiodiversidade.

Palavras-chave:
Agrobiodiversidade; Agroecossistema; Agroflorestal

Abstract

The objective of the present study was to describe the main characteristics of homegardens in Central Amazon, as well as to evaluate the social importance and contribution of these agroecosystems to the conservation of agrobiodiversity. Three hundred and thirty-four (334) homegardens in 14 municipalities in the state of Pará were sampled, Brazil. The owners or those responsible for the homegardens were interviewed for the collection of history, uses and management of these homegardens. The homegardens of Central Amazon are managed from low to medium intensity with the use of internal inputs and the main criteria for selecting plants are related to their potential use, shade formation and longevity of the species. In addition to the production of food for family consumption, homegardens have aesthetic, social, recreational and religious functions. The homegardens in Central Amazon have an important role in the conservation of agrobiodiversity.

Keywords:
Agrobiodiversity; Agroecosystem; Agroforestry

Introdução

Os quintais agroflorestais são sistemas tradicionais de uso da terra que reúnem diferentes espécies de plantas e animais localizados próximos às moradias humanas (CULTRERA et al., 2012CULTRERA, M.; AMOROZO, M. C. M.; FERREIRA, F. C. Agricultura urbana e conservação da agrobiodiversidade: um estudo de caso em Mato Grosso, Brasil. Sitientibus, série Ciências Biológicas, Feira de Santana, v.12, n.2, 323-332, 2012.). A quantidade de plantas com uso múltiplo existentes nos quintais (PEREIRA e FIGUEIREDO NETO, 2015PEREIRA, P. V. M; FIGUEIREDO-NETO, L. F. Conservação de espécies florestais: um estudo em quintais agroflorestais no município de Cáceres-MT. Electronic Journal of Management, Education and Environmental Technology (REGET), v.19, n.3, p.783-793, 2015.; ALEMU, 2016ALEMU, M. M. Indigenous Agroforestry Practices in Southern Ethiopia: The Case of Lante, Arba Minch. Open Access Library Journal, v.3, n.1, p.1-12, 2016.; MWAVU et al., 2016MWAVU, E. N. et al. Agrobiodiversity of homegardens in a commercial sugarcane cultivation land matrix in Uganda. International Journal of Biodiversity Science, Ecosystem Services & Management , v.12, n.3, 191-201, 2016. ) aliada às colheitas em diferentes épocas do ano (MAROYI, 2013MAROYI, A. Use and management of homegarden plants in Zvishavane district, Zimbabwe. Tropical Ecology, Winchelsea, v.54, n.2, p. 191-203, 2013.) contribuem para o fornecimento diversificado de produtos durante todo o ano e em muitas ocasiões promovem o sustento de famílias com poucos recursos financeiros (GALLUZZI et al., 2010GALLUZZI, G.; EYZAGUIRRE, P.; NEGRI, V. Home Gardens: Neglected Hotspots of Agro-biodiversity and Cultural Diversity. Biodiversity Conservation, v.19, p.3635-3654, 2010. ).

A agrobiodiversidade contida nos quintais contribui tanto para a produção de alimentos para o consumo doméstico (FRISON et al., 2011FRISON, E. A.; CHERFAS, J.; HODGKIN, T. Agricultural Biodiversity Is Essential for a Sustainable Improvement in Food and Nutrition Security. Sustainability, Basel, v.3, p.238-253, 2011.) quanto com a renda extra por meio da venda do excedente (GALLUZZI et al., 2010GALLUZZI, G.; EYZAGUIRRE, P.; NEGRI, V. Home Gardens: Neglected Hotspots of Agro-biodiversity and Cultural Diversity. Biodiversity Conservation, v.19, p.3635-3654, 2010. ). Além da função produtiva, os quintais desempenham outras funções, as sociais, por exemplo, que também contribuem para o bem-estar das pessoas (ALEMU, 2016ALEMU, M. M. Indigenous Agroforestry Practices in Southern Ethiopia: The Case of Lante, Arba Minch. Open Access Library Journal, v.3, n.1, p.1-12, 2016.). Apesar da importância, pouca atenção é dada para as funções sociais desempenhadas pelos quintais (LOPE-ALZINA e HOWARD, 2012LOPE-ALZINA, D. G.; HOWARD, P. L. The structure, composition, and functions of homegardens: Focus on the Yucatán Peninsula. Etnoecológica, v.9, n.1, 17-41, 2012. ). Portanto, os quintais não se resumem a sistemas agrícolas, eles possuem uma íntima relação com o conhecimento ecológico local, sendo considerados como refúgios bioculturais (CALVET-MIR et al., 2016CALVET-MIR, L. et al. The Transmission of Home Garden Knowledge: Safeguarding Biocultural Diversity and Enhancing Social-Ecological Resilience. Society & Natural Resources, v.29, n.5, p.556-571, 2016.). Esses conhecimentos tradicionais são importantes por gerar informações básicas para futuras estratégias de conservação (PEREIRA e ALMEIDA, 2011PEREIRA, B. M.; ALMEIDA, M. G. O quintal Kalunga como lugar e espaço de saberes. Revista GeoNordeste, Aracaju, v.2, p.47-64, 2011.; IDOHOU et al., 2014IDOHOU, R. et al. Biodiversity conservation in home gardens: traditional knowledge, use patterns and implications for management. Journal of Biodiversity Science, Ecosystem Services & Management, v.10, n.2, p.89-100, 2014.). Contudo, o papel da cultura ecológica tradicional é geralmente esquecido e subestimado (XU, 2015XU, Z. Conservation of biodiversity and cultural diversity are two sides of a coin: Xishuangbanna Dai’s ecological culture as an example. Biodiversity Science, v.23, n.1, p.126-130, 2015.).

A manutenção do conhecimento ecológico local é indispensável para preservar a diversidade biocultural em quintais agroflorestais, deste modo, esses agroecossistemas e os conhecimentos ecológicos locais são indissociáveis (CALVET-MIR et al., 2016CALVET-MIR, L. et al. The Transmission of Home Garden Knowledge: Safeguarding Biocultural Diversity and Enhancing Social-Ecological Resilience. Society & Natural Resources, v.29, n.5, p.556-571, 2016.). Daí a importância da manutenção, bem como o incentivo às novas gerações para a conservação desses conhecimentos (AWORINDE et al., 2013AWORINDE, D. O. et al. Assessment of plants grown and maintained in home gardens in Odeda area Southwestern Nigeria. Journal of Horticulture and Forestry, v.5, p.2, 29-36, 2013.). Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo descrever as principais características dos quintais agroflorestais da Amazônia Central, bem como avaliar sua importância social e a contribuição desses agroecossistemas para a conservação da agrobiodiversidade.

Material e método

O estudo foi realizado em 334 quintais agroflorestais em 73 comunidades da Amazônia Central, situadas em zonas rurais (245) e urbanas (89) de 14 municípios do Oeste do Pará (Figura 1): Alenquer (12), Almerim (4), Aveiro (15), Belterra (50), Curuá (7), Juruti (3), Mojuí dos Campos (7), Monte Alegre (4), Óbidos (5), Oriximiná (101), Prainha (11), Porto de Moz (11), Santarém (101) e Terra Santa (3), contemplando as regiões hidrográficas: Baixo Amazonas, Calha Norte, Tapajós e Xingu (PARÁ, 2012PARÁ. Política de Recursos Hídricos do Estado do Pará, Belém: Secretaria de Estado de Meio Ambiente. 2012.).

Figura 1
Localização dos 14 municípios do estado do Pará, na Amazônia Central, onde os 334 quintais agroflorestais foram avaliados
Figure 1
Locations of 14 municipalities of the state of Pará, in Central Amazon, where 334 homegardens were inventoried

Os quintais foram selecionados pela técnica não probabilística de amostragem por conveniência, em função das dificuldades de acesso e permissão dos proprietários, perfazendo 39,7 ha de área amostral. O proprietário ou responsável de cada quintal avaliado assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que assegurava o anonimato, a privacidade e o direito de desistir a qualquer momento da pesquisa.

No estudo dos quintais, registrou-se a localização, histórico/cronologia, idade, práticas de manejo e outros usos, critérios de seleção das espécies vegetais e espécies de animais criados. Realizou-se o levantamento florístico das espécies consideradas úteis pelos entrevistados, em cada quintal. A grande maioria das espécies registradas é de uso comum, fato que facilitou a identificação dos indivíduos no local pelo reconhecimento das suas características morfológicas. A nomenclatura científica foi conferida utilizando as bases de dados do MOBOT (MOBOT, 2011MOBOT, Missouri Garden W3 tropicos. <Disponível em: http://www.mobot.mobot.org >. (Acesso em: 15/11/2011). 2011.
http://www.mobot.mobot.org...
) e o sistema de classificação adotado foi o APG IV (APG IV, 2016APG IV. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, London, v.181, p.1-20, 2016.). As espécies de plantas foram classificadas de acordo com a forma de crescimento (árvores, arbustos, ervas, lianas e epífitas) e uso principal (alimentícia, medicinal, madeireira, ornamental, artesanal), segundo informações dos proprietários e da literatura (SHANLEY e MEDINA, 2005SHANLEY, P.; MEDINA, G. (eds). Frutíferas e plantas úteis na vida amazônica. Belém: CIFOR/IMAZON, 2005. 300p.).

A relação entre idade dos quintais e principais motivações dos responsáveis pelos quintais em cultivar as espécies, foi avaliada por meio de comparações realizadas pelo teste Kolmogorov-Smirnov para as comparações pareadas. As análises foram realizadas no Programa Systat 12.0 (Systat software versão 12.0).

Resultados e discussão

A maioria dos quintais agroflorestais avaliados situam-se aos fundos das moradias (86%), poucos estavam ao lado (10%) ou na frente das mesmas (4%). A localização dos quintais agroflorestais aos fundos das residências é comum em outras áreas da Amazônia Central (MARTINS et al., 2012MARTINS, W. M. O. et al. Agrobiodiversidade nos quintais e roçados ribeirinhos na comunidade boca do Môa-Acre. Biotemas, Florianópolis, v.25, n.3, p.111-120, 2012.; WINKLERPRINS, 2002WINKLERPRINS, A. M. G. A. House-lot gardens in Santarém, Pará, Brazil: linking rural with urban. Urban Ecosystems, v.6, n.1-2, 43-65, 2002.) e sua proximidade com as residências facilita o acesso às plantas utilizadas diariamente (GBEDOMON et al., 2015GBEDOMON, R. C. et al. Factors affecting home gardens ownership, diversity and structure: a case study from Benin. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v.11, p.56-72, 2015.).

A maior parte dos quintais rurais (75%) foram originários de roças enriquecidas gradativamente com espécies arbóreas e arbustivas alimentícias. Aproximadamente 15% dos entrevistados informaram que aproveitaram a capoeira (vegetação secundária antiga) próxima da residência para dar início aos seus quintais e que por meio da capina e desbastes seletivos, processo conhecido regionalmente como bosqueamento, permitiram a permanência de alguns indivíduos de espécies arbóreas originários da vegetação natural. Os demais entrevistados não souberam informar.

No caso dos quintais urbanos, a maioria (60%) dos entrevistados não teve condições de fornecer informações sobre o histórico dos seus quintais. Essas situações ocorreram, geralmente, quando os proprietários adquiriram a propriedade com o quintal já estabelecido. Os demais entrevistados das zonas urbanas afirmam que a formação dos quintais foi realizada por meio da introdução gradativa de espécies, especialmente de alimentícias, ornamentais e medicinais. Os informantes que mais detalharam sobre o histórico dos quintais foram os que participaram do seu processo de formação, o que na Amazônia é bastante comum, uma vez que esses espaços geralmente são herdados (CARDOZO et al., 2015CARDOZO, E. G. et al. Species richness increases income in agroforestry systems of eastern Amazonia. Agroforestry Systems, Chennai, v. 89, p.901-916, 2015.).

O aproveitamento de roçados, manejo da vegetação mais antiga e seleção de espécies, na sua maioria espécies alimentícias, é comum na formação dos quintais agroflorestais, como já apontado por outros autores (PEREIRA et al., 2006PEREIRA, K. J. C. et al. Saber tradicional, agricultura e transformação da paisagem na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, Amazonas. Uakari, Belém, v.2, n.1, p.9-26. 2006.; LOPE-ALZINA; HOWARD, 2012LOPE-ALZINA, D. G.; HOWARD, P. L. The structure, composition, and functions of homegardens: Focus on the Yucatán Peninsula. Etnoecológica, v.9, n.1, 17-41, 2012. ). Os critérios de seleção das espécies incluíam o potencial de uso, formação de sombra e longevidade. Após esses procedimentos, as áreas foram enriquecidas de forma gradativa, principalmente com espécies alimentícias. Outro fator que foi levado em consideração durante a seleção das plantas foi a longevidade das espécies, sendo que espécies arbóreas de ciclo de vida curto são evitadas, pois podem provocar danos à casa, ao galinheiro, à casa de farinha, dentre outros imóveis.

Os tipos de usos das espécies constituem o principal critério para sua escolha, sendo que as espécies de usos múltiplos são preferidas pelos gestores dos quintais (BATISTA; BARBOSA, 2014BATISTA, D. L.; BARBOSA, R. I. Agrobiodiversidade urbana: composição florística, riqueza e diversidade de plantas nos quintais de Boa Vista, Roraima. Revista Brasileira de Agroecologia, Porto Alegre, v.9, n.2, p.130-150, 2014.; SIVIERO et al., 2014SIVIERO, A. et al. Plantas ornamentais em quintais urbanos de Rio Branco, Brasil. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciênc. hum., Belém, v.9, n.3, p.797-813, 2014.; MIRANDA et al., 2016MIRANDA, T. G. et al. O uso de plantas em quintais urbanos no bairro da Francilândia no município de Abaetetuba, PA. Scientia Plena, Aracaju, v.12, n.6, p.1-18, 2016.). Plantas que agregam o fornecimento de alimento à prestação de serviços (sombra, por exemplo) possuem grande interesse por parte dos mantenedores (PEREIRA et al., 2010PEREIRA, C. N. et al. Caracterização de quintais agroflorestais no Projeto de Assentamento Belo Horizonte I, São Domingos do Araguaia, Pará. Revista Agroecossistemas, Belém, v.2, n.1, p.73-81, 2010.; FREITAS et al., 2015FREITAS, A. V. L. et al. Diversidade e usos de plantas medicinais nos quintais da comunidade de São João da Várzea em Mossoró, RN. Revista Brasileira Plantas Medicinais, Botucatu, v.17, n. 4 (supl. 2), p.845-856, 2015.; AWORINDE et al., 2013AWORINDE, D. O. et al. Assessment of plants grown and maintained in home gardens in Odeda area Southwestern Nigeria. Journal of Horticulture and Forestry, v.5, p.2, 29-36, 2013.).

Além dos aspectos produtivos, os quintais agroflorestais desempenham outras funções, destacando-se as atividades de recreação e lazer (80,92%), seguidas das esportivas (13,43%), religiosas (2,47%), domésticas (1,41%), paisagísticas e de jardinagem (1,41%) e escolares (0,35%).

Vale ressaltar que na Amazônia Central, as finalidades da produção dos quintais modificam-se com o passar do tempo. O consumo familiar é predominante nos quintais mais novos, enquanto que nos quintais mais antigos, o foco já não é somente para o consumo próprio (Figura 2), ou seja, após garantir as principais demandas de consumo familiar, os gestores passam a comercializar o excedente visando à renda extra.

Figura 2
Relação entre idade e principais finalidades da produção de quintais agroflorestais da Amazônia Central, Brasil
Figure 2
Relationship between age and main purposes of production of agroforestry yards in Central Amazon, Brazil

Em que: Letras indicam medianas significativamente diferentes no teste Kolmogorov-Smirnov (p <0,01). Linhas representam mediana, primeiro e terceiro quartis, barras em T os limites (inferior e superior), asteriscos (*) os valores discrepantes (outliers) e os pontos (º) outliers extremos (valores três vezes maiores que a altura da caixa).

Where: Letters indicate significantly different medians in the Kolmogorov-Smirnov test (p <0.01). Lines represent median, first and third quartiles, T-bars the limits (lower and upper), asterisks (*) the outliers and the extremes (º) outliers (values three times the height of the box).

As várias funções dos quintais já foram observadas em outros estudos realizados na Amazônia (WINKLERPRINS; SOUZA, 2005WINKLERPRINS, A. M. G. A.; SOUZA, P. S. Surviving the city: urban home gardens and the economy of affection in the Brazilian Amazon. Journal of Latin American Geography, Austin, v.4, n.1, p.107-126, 2005.; SIVIERO et al., 2014SIVIERO, A. et al. Plantas ornamentais em quintais urbanos de Rio Branco, Brasil. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciênc. hum., Belém, v.9, n.3, p.797-813, 2014.; LOBATO et al., 2016LOBATO, G. D. J. M. et al. Condições térmico-hídricas e percepções de conforto ambiental em quintais urbanos de Abaetetuba, Pará, Brasil. Raega-O Espaço Geográfico em Análise, Curitiba, v.38, p.243-266, 2016.; MIRANDA et al., 2016MIRANDA, T. G. et al. O uso de plantas em quintais urbanos no bairro da Francilândia no município de Abaetetuba, PA. Scientia Plena, Aracaju, v.12, n.6, p.1-18, 2016.) e confirmam o papel dos quintais como espaço de socialização (MAROYI, 2013MAROYI, A. Use and management of homegarden plants in Zvishavane district, Zimbabwe. Tropical Ecology, Winchelsea, v.54, n.2, p. 191-203, 2013.; NASCIMENTO; GUERRA, 2014NASCIMENTO, E. C.; GUERRA, G. A. D. Quintais multifuncionais: a diversidade de práticas produtivas e alimentares desenvolvidas pelas famílias da comunidade quilombola do Baixo Acaraqui, Abaetetuba, Pará. Revista IDeAS, Seropédica, v.8, n.2, p.7-40, 2014.; MAMEDE et al., 2015MAMEDE, J. S. S et al. Os quintais e as manifestações culturais da comunidade São Gonçalo Beira Rio, Cuiabá-MT. Biodiversidade, Rondonópolis, v.14, n.1, p.168-182, 2015.). Na Índia, por exemplo, a diversidade de quintais foi associada significativamente ao bem-estar de populações locais (ZORONDO-RODRÍGUEZ, et al., 2016ZORONDO-RODRÍGUEZ, F. et al. Contribution of natural and economic capital to subjective well-being: empirical evidence from a small-scale society in kodagu (karnataka), india. Social Indicators Research, v.127, n.2, p.919-937, 2016.).

Os quintais são manejados de baixa a média intensidade e quase que exclusivamente com a utilização de insumos internos à propriedade. Dentre as principais práticas de manejo utilizadas nesses quintais estão a poda, a limpeza seletiva (capina e desbaste) e adubação orgânica. A incorporação de matéria orgânica no solo oriunda da limpeza do quintal colabora com a independência do uso de insumos externos no manejo desses quintais. A não utilização de insumos externos é comum em outros quintais agroflorestais (CARNEIRO et al., 2013CARNEIRO, M. G. R. et al. Quintais produtivos: contribuição à segurança alimentar e ao desenvolvimento sustentável local na perspectiva da agricultura familiar (O caso do assentamento Alegre, município de Quixeramobim/CE). Revista Brasileira de Agroecologia , Porto Alegre, v.8, n.2, p.135-147, 2013.; SIVIERO et al., 2014SIVIERO, A. et al. Plantas ornamentais em quintais urbanos de Rio Branco, Brasil. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciênc. hum., Belém, v.9, n.3, p.797-813, 2014.; CARDOZO et al., 2015CARDOZO, E. G. et al. Species richness increases income in agroforestry systems of eastern Amazonia. Agroforestry Systems, Chennai, v. 89, p.901-916, 2015.; PEREIRA; FIGUEIREDO NETO, 2015PEREIRA, P. V. M; FIGUEIREDO-NETO, L. F. Conservação de espécies florestais: um estudo em quintais agroflorestais no município de Cáceres-MT. Electronic Journal of Management, Education and Environmental Technology (REGET), v.19, n.3, p.783-793, 2015.). Por abrigarem espécies com diferentes hábitos e ciclos de vidas em diversos estados de domesticação, diversificadas práticas de cultivo e manejo são utilizadas nesses agroecossistemas (GALLUZZI et al., 2010GALLUZZI, G.; EYZAGUIRRE, P.; NEGRI, V. Home Gardens: Neglected Hotspots of Agro-biodiversity and Cultural Diversity. Biodiversity Conservation, v.19, p.3635-3654, 2010. ). As práticas de manejo das espécies arbóreas, como a poda periódica, são utilizadas principalmente para aumentar a produção de frutos (CARDOZO et al., 2015CARDOZO, E. G. et al. Species richness increases income in agroforestry systems of eastern Amazonia. Agroforestry Systems, Chennai, v. 89, p.901-916, 2015.; MADALCHO; TEFERA, 2016MADALCHO, A. B.; TEFERA, M. T. Management of Traditional Agroforestry Practices in Gununo Watershed in Wolaita Zone, Ethiopia. Forest Research, v.5, n.1, p.1-6, 2016.).

Sobre a composição florística, foram registradas 252 espécies de plantas, distribuídas em 75 famílias (Tabela 1). A riqueza florística variou de 2 a 41 espécies, com média de 15 espécies/quintal. As famílias botânicas com maior riqueza de espécies foram Fabaceae e Lamiaceae, com 14 espécies cada uma, seguidas de Asteraceae (13 espécies), Arecaceae (10) e Euphorbiaceae (9), Malvaceae (9) e Rutaceae (9). Os gêneros com maior número de espécies foram Citrus (8 espécies), Justicia (5), Ocimum (4), Capsicum (4) e Annona (4). A maior parte das plantas tinham como uso principal a alimentação (41,1%). As espécies usadas para fins medicinais ocuparam a segunda posição com 29,8%, seguida das ornamentais (23,5%), madeireiras (4,5%) e artesanais (1,2%). As espécies herbáceas para fins alimentícios ou medicinais geralmente são cultivadas em canteiros feitos diretamente no chão do quintal ou em canteiros suspensos, denominados, regionalmente, de “jiraus”. É muito comum nesses espaços o uso de telas ou cercas para proteger as plantas do ataque de pragas ou outros animais.

Tabela 1
Nome científico, frequência relativa, nome comum, forma de vida, uso principal, das espécies vegetais encontradas nos 334 quintais agroflorestais da Amazônia Central
Table 1
Scientific name, relative frequency, common name, life forms, main use, of plant species found in the 334 homegardens of Central Amazon

A grande maioria das espécies é arbórea (62,6%), seguida das herbáceas (33,2%), arbustivas (2,6%), lianas (1,4%) e epífitas (0,2%). A escolha pelas espécies arbóreas, em especial as frutíferas, está relacionada ao fornecimento de alimentos, à resistência destas espécies às adversidades climáticas e ao microclima favorável proporcionado por elas para o desenvolvimento de outras funções desempenhadas pelos quintais (FREITAS et al., 2015FREITAS, A. V. L. et al. Diversidade e usos de plantas medicinais nos quintais da comunidade de São João da Várzea em Mossoró, RN. Revista Brasileira Plantas Medicinais, Botucatu, v.17, n. 4 (supl. 2), p.845-856, 2015.), como as de recreação, por exemplo.

Os quintais avaliados, na sua maioria, são formados por três estratos verticais: a) o estrato inferior, que agrupa plantas herbáceas e mudas de espécies arbóreas e arbustivas; b) o estrato médio, composto pelos indivíduos adultos dos arbustos e juvenis de espécies arbóreas e; c) estrato superior, formado pelos adultos das espécies arbóreas que compõem o dossel e alguns indivíduos emergentes. Os estratos inferior e médio constituem um sub-bosque aberto, pois são intensivamente manejados por podas, capinas e desbastes seletivos. As plantas epífitas e lianas, geralmente, encontram-se associadas aos indivíduos adultos e por tanto no estrato superior. A estratificação é reflexo do próprio caráter multifuncional desses agroecossistemas domésticos. A presença de diferentes espécies vegetais e animais ocupando os diversos estratos resultam na exploração de nichos diversificados e evidencia a complexidade desses agroecossistemas (GALLUZZI et al., 2010GALLUZZI, G.; EYZAGUIRRE, P.; NEGRI, V. Home Gardens: Neglected Hotspots of Agro-biodiversity and Cultural Diversity. Biodiversity Conservation, v.19, p.3635-3654, 2010. ; FRISON et al., 2011FRISON, E. A.; CHERFAS, J.; HODGKIN, T. Agricultural Biodiversity Is Essential for a Sustainable Improvement in Food and Nutrition Security. Sustainability, Basel, v.3, p.238-253, 2011.; CULTRERA et al., 2012CULTRERA, M.; AMOROZO, M. C. M.; FERREIRA, F. C. Agricultura urbana e conservação da agrobiodiversidade: um estudo de caso em Mato Grosso, Brasil. Sitientibus, série Ciências Biológicas, Feira de Santana, v.12, n.2, 323-332, 2012.; MWAVU et al., 2016MWAVU, E. N. et al. Agrobiodiversity of homegardens in a commercial sugarcane cultivation land matrix in Uganda. International Journal of Biodiversity Science, Ecosystem Services & Management , v.12, n.3, 191-201, 2016. ).

As espécies mais frequentes nos quintais foram Mangifera indica, Citrus sinensis, Cocos nucifera, Psidium guajava, Theobroma grandiflorum (Tabela 1). Essas espécies, além de servirem como fonte de alimentação suplementar fornecem oportunidades de geração de renda; por isso são muito comuns nos quintais amazônicos (MARTINS et al., 2012MARTINS, W. M. O. et al. Agrobiodiversidade nos quintais e roçados ribeirinhos na comunidade boca do Môa-Acre. Biotemas, Florianópolis, v.25, n.3, p.111-120, 2012.; BATISTA; BARBOSA, 2014BATISTA, D. L.; BARBOSA, R. I. Agrobiodiversidade urbana: composição florística, riqueza e diversidade de plantas nos quintais de Boa Vista, Roraima. Revista Brasileira de Agroecologia, Porto Alegre, v.9, n.2, p.130-150, 2014.; QUARESMA et al., 2015QUARESMA, A. P. et al. Composição florística e faunística de quintais agroflorestais da agricultura familiar no nordeste paraense. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, Pombal, v.10, n.5, p.76-84, 2015.; CARDOZO et al., 2015CARDOZO, E. G. et al. Species richness increases income in agroforestry systems of eastern Amazonia. Agroforestry Systems, Chennai, v. 89, p.901-916, 2015.; MIRANDA et al., 2016MIRANDA, T. G. et al. O uso de plantas em quintais urbanos no bairro da Francilândia no município de Abaetetuba, PA. Scientia Plena, Aracaju, v.12, n.6, p.1-18, 2016.). A grande maioria (90%) das espécies vegetais apresentou baixa frequência (< 20% dos quintais inventariados); destacam-se entre essas as 82 espécies (32%) que ocorreram em apenas um ou dois quintais (Tabela 1).

Mudanças gradativas de formas de manejo tradicionais para gestões modernas já foram identificadas em quintais na Índia que, de forma gradual, perderam suas características tradicionais (PEYRE et al., 2006PEYRE, A. G.; WIERSUM, K. F.; BONGERS, F. Dynamics of homegarden structure and function in Kerala, India. Agroforestry Systems , Chennai, v.66, n.2, p.101-115, 2016). O manejo intensivo, a produção voltada para a comercialização, o foco nas culturas de rendimento e o aumento do uso de insumos externos foram algumas práticas modernas adotadas pelos indianos. Essa conversão diminuiu as reservas de carbono orgânico e de nitrogênio total do solo o que pode levar à degradação da sua fertilidade e futuras implicações climáticas globais e nos meios de subsistência locais (KIM et al., 2015KIM, D. G. et al. Conversion of home garden agroforestry to crop fields reduced soil carbon and nitrogen stocks in Southern Ethiopia. Agroforestry Systems , Chennai, v.90, n.2, p.251-264, 2015.). Assim, o processo de modernização nos quintais não só acarreta a diminuição na riqueza de espécies por meio da homogeneização florística devido ao foco nas culturas de rendimento (PEYRE et al., 2006PEYRE, A. G.; WIERSUM, K. F.; BONGERS, F. Dynamics of homegarden structure and function in Kerala, India. Agroforestry Systems , Chennai, v.66, n.2, p.101-115, 2016) como também contribui com a perda de culturas alimentares da agricultura de subsistência (MWAVU et al., 2016MWAVU, E. N. et al. Agrobiodiversity of homegardens in a commercial sugarcane cultivation land matrix in Uganda. International Journal of Biodiversity Science, Ecosystem Services & Management , v.12, n.3, 191-201, 2016. ) e coloca em risco a existência desses próprios agroecossistemas domésticos (IDOHOU et al., 2014IDOHOU, R. et al. Biodiversity conservation in home gardens: traditional knowledge, use patterns and implications for management. Journal of Biodiversity Science, Ecosystem Services & Management, v.10, n.2, p.89-100, 2014.). Felizmente isso ainda não ocorre na Amazônia Central, mas esses modelos de modernização servem de alerta e devem ser evitados com a finalidade da conservação da agrobiodiversidade.

Cerca de 40% dos quintais agroflorestais possuíam algum tipo de criação. Em quintais localizados em zonas rurais, a frequência de criações (90%) foi maior do que nos quintais urbanos (15%). Os animais mais frequentes foram Gallus gallus domesticus (galinha) presente em todos os quintais com criações, seguidas de Cairina moshata (pato) (16,5%), Sus scrofa domesticus (porco) (7,6%), Numida meleagris (picote) (3,85%), Cereopsis novaehollandiae (ganso) (2,5%) e Meleagris gallopavo (peru) (1,26%). A criação de abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae) também foi registrada, porém, com pouca frequência nos quintais (2,5%). Na Amazônia, a criação de animais é muito comum por proporcionar o suprimento de proteína animal na alimentação das famílias (CASTRO et al., 2009CASTRO, A. P. D. et al. Os sistemas agroflorestais como alternativa de sustentabilidade em ecossistemas de várzea no Amazonas. Acta Amazonica, Manaus, v.39, n.2, p.279-288, 2009.; NASCIMENTO e GUERRA, 2014NASCIMENTO, E. C.; GUERRA, G. A. D. Quintais multifuncionais: a diversidade de práticas produtivas e alimentares desenvolvidas pelas famílias da comunidade quilombola do Baixo Acaraqui, Abaetetuba, Pará. Revista IDeAS, Seropédica, v.8, n.2, p.7-40, 2014.; MIRANDA et al., 2016MIRANDA, T. G. et al. O uso de plantas em quintais urbanos no bairro da Francilândia no município de Abaetetuba, PA. Scientia Plena, Aracaju, v.12, n.6, p.1-18, 2016.). No caso dos quintais avaliados, a criação está concentrada em animais de pequeno porte, principalmente aves, provavelmente devido ao menor espaço que precisam e pela facilidade no manejo. Além disso, a produção de ovos para o consumo familiar e venda pode ser mais um atrativo para a criação desses animais.

Conclusão

Os quintais agroflorestais da Amazônia Central desempenham importantes papéis sociais, como a produção de alimentos para consumo familiar, principal motivação para a adoção desses agroecossistemas. Esses espaços fazem parte do cotidiano e da dinâmica de muitas famílias da Amazônia, contribuindo no fortalecimento das relações interpessoais, manutenção de tradições e costumes que são fortemente atrelados ao uso da agrobiodiversidade.

Os quintais avaliados são agroecossistemas de expressiva riqueza florística e faunística, com espécies vegetais que ocupam diferentes estratos. Isso confirma a relevância dos papéis desempenhados por esses ambientes para conservação da agrobiodiversidade.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Fev 2020
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2019

Histórico

  • Recebido
    07 Nov 2017
  • Aceito
    22 Ago 2019
  • Publicado
    10 Dez 2019
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