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"Caminho da fé": reflexões sobre lazer e ambiência

"Caminho da fé": reflections on leisure and environment

Resumos

Este estudo, de natureza qualitativa, objetivou investigar atitudes capazes de fomentar comportamentos pró-ambientais, durante uma caminhada. Escolheu-se o "Caminho da Fé", com 425 km entre Tambaú e Aparecida/SP, o qual atrai turistas, esportistas e fiéis. Após revisão bibliográfica sobre a temática, foi feita uma pesquisa exploratória, com uma amostra aleatória, de sete adultos, de ambos os sexos, utilizando um questionário misto e a Escala de Thompson e Barton de ecocentrismo e antropocentrismo, aplicado nos locais de parada, por três vezes: no início, no meio e ao final do trajeto. A análise qualitativa foi feita por meio da técnica de "Análise de Conteúdo Temático", com os dados apresentados percentualmente, para ilustrar. Concluiu-se que, embora os estímulos tenham cessado; sua intensidade, quantidade e qualidade desencadearam processos de reflexão, que associados às variações ambientais, físicas e sociais; a pré-disposição ao diálogo e a identificação simbólica, colaboraram para que os participantes percebessem transições de valores e novas possibilidades de condução e sentidos para suas vidas.

Lazer; Caminhada; Comportamento; Ambiente


This study, of qualitative nature, it aimed to investigate attitudes capable to foment pro-environmental behaviour, during one walked. The "Caminho da Fé" was chosen, with 425 km-itinerary trail between Tambaú and Aparecida/SP, which attracts tourists, physical activities performers and religious persons. After a literature review on the thematic one, was made an exploratory research, with a random sample, of seven adults, of both sexes, using a mixed questionnaire and "Thompson e Barton's Scale of Ecocentrism and Anthropocentrism", applied in the stop places, or three times: at the beginning, in the middle of the way and at the end of the itinerary. The qualitative analysis was made by the use of "Thematic Content Analysis", with results also presented in a percentile way, to illustrate. As conclusion, it is inferred that, even the stimulation has ceased with the ending of the hike, the intensity, amount and quality of the experience had stimulated reflection processes, associated to variations on physical and social environmental conditions, the predispose to the dialogue and the symbolic identification, at which, had collaborated so that the participants had been able to perceive possibilities of conduction and transitions of values and new senses for their lives.

Leisure; Hike; Behavior; Environment


ARTIGO ORIGINAL

"Caminho da fé": reflexões sobre lazer e ambiência

"Caminho da fé": reflections on leisure and environment

Jaqueline Costa Castilho MoreiraI,II; Gisele Maria SchwartzI

IInstituto de Biociências. UNESP - Univ Estadual Paulista, Campus de Rio Claro, Departamento de Educação Física, LEL, Rio Claro, SP, Brasil

IIFaculdade de Ciências e Letras. UNESP - Univ Estadual Paulista, Campus de Araraquara, Departamento de Ciências da Educação, Araraquara, SP, Brasil

Endereço Endereço: Jaqueline Costa Castilho Moreira R. Comendador Alfaya Rodrigues, 437- ap. 12 Santos SP Brasil 11025-153 Tel/fax: (13) 3301-9162 e-mail: ackycastilho@uol.com.br

RESUMO

Este estudo, de natureza qualitativa, objetivou investigar atitudes capazes de fomentar comportamentos pró-ambientais, durante uma caminhada. Escolheu-se o "Caminho da Fé", com 425 km entre Tambaú e Aparecida/SP, o qual atrai turistas, esportistas e fiéis. Após revisão bibliográfica sobre a temática, foi feita uma pesquisa exploratória, com uma amostra aleatória, de sete adultos, de ambos os sexos, utilizando um questionário misto e a Escala de Thompson e Barton de ecocentrismo e antropocentrismo, aplicado nos locais de parada, por três vezes: no início, no meio e ao final do trajeto. A análise qualitativa foi feita por meio da técnica de "Análise de Conteúdo Temático", com os dados apresentados percentualmente, para ilustrar. Concluiu-se que, embora os estímulos tenham cessado; sua intensidade, quantidade e qualidade desencadearam processos de reflexão, que associados às variações ambientais, físicas e sociais; a pré-disposição ao diálogo e a identificação simbólica, colaboraram para que os participantes percebessem transições de valores e novas possibilidades de condução e sentidos para suas vidas.

Palavras-chave: Lazer. Caminhada. Comportamento. Ambiente.

ABSTRACT

This study, of qualitative nature, it aimed to investigate attitudes capable to foment pro-environmental behaviour, during one walked. The "Caminho da Fé" was chosen, with 425 km-itinerary trail between Tambaú and Aparecida/SP, which attracts tourists, physical activities performers and religious persons. After a literature review on the thematic one, was made an exploratory research, with a random sample, of seven adults, of both sexes, using a mixed questionnaire and "Thompson e Barton's Scale of Ecocentrism and Anthropocentrism", applied in the stop places, or three times: at the beginning, in the middle of the way and at the end of the itinerary. The qualitative analysis was made by the use of "Thematic Content Analysis", with results also presented in a percentile way, to illustrate. As conclusion, it is inferred that, even the stimulation has ceased with the ending of the hike, the intensity, amount and quality of the experience had stimulated reflection processes, associated to variations on physical and social environmental conditions, the predispose to the dialogue and the symbolic identification, at which, had collaborated so that the participants had been able to perceive possibilities of conduction and transitions of values and new senses for their lives.

Key Words: Leisure. Hike. Behavior. Environment.

Introdução

As inquietações geradas pelas culturas de massa e tecnológica, associadas ao estresse ambiental deste século, são capazes de motivar, no ser humano contemporâneo, uma busca por novas possibilidades de usufruto do seu tempo disponível.

Ofertadas em atividades do âmbito do lazer, muitas opções visam a resgatar, não só as sensações e as percepções construídas a partir de uma corporeidade urbana, mas também, permitem auto-reflexão e questionamento profundos sobre as formas com que o ser humano se relaciona com o meio a que está exposto e interage sistematicamente.

No Brasil, a partir da década de 1990, houve uma intensificação da demanda por opções no contexto do lazer que possibilitassem a intensificação de vivências emocionalmente mais significativas. Dessa forma, surgiu o interesse pelas atividades físicas de aventura na natureza (AFAN), em especial as caminhadas.

Proporcionalmente a esse aumento, cresceu também a preocupação com a saturação dos locais de prática, as condições estruturais e de sustentabilidade para manutenção dessas atividades, como também, a necessidade da conscientização de preservação desses ambientes e sistemas.

Essa conscientização se refletiu na produção acadêmica de estudiosos preocupados na disseminação de atitudes e condutas preservacionistas, nas mais diversas áreas do conhecimento, cada qual contribuindo de sua maneira, para incentivar a sustentabilidade no usufruto do ambiente natural. Nesse sentido, também a área do lazer tem prestado sua contribuição, promovendo reflexões acerca da maneira como suas variadas dimensões colaboram para a demanda crescente de vivências de experiências corporais, que aproximam o ser humano aos ambientes naturais.

Potencializadas tanto pelas possibilidades hedônicas que representam, como pela oportunidade de criação de laços afetivos e de desenvolvimento de relacionamentos sociais e culturais menos fugazes; essas práticas são capazes de estimular a apreensão de valores e ressignificações. Mas, em que medida estas práticas permitem um repensar sobre as atitudes, comportamentos e representações adotados para com o ambiente, em seus níveis físico e social? Essas e outras inquietações perpassaram o interesse deste estudo, de natureza qualitativa, o qual teve por objetivo investigar as atitudes capazes de fomentar comportamentos pró-ambientais, durante uma atividade física extenuante, representada por uma caminhada longa.

Caminhadas e caminhos

O termo "caminhada" vem passando por uma evolução conceitual, deixando de ser apenas uma mera forma de locomoção humana (BETRÁN, 2003). Acompanhada de novas simbologias e outros conflitos, tornou-se, também, uma atividade física com grande número de adeptos, tanto no âmbito esportivo, como no âmbito do lazer. Suas principais vertentes são: o trekking (caminhada rústica) e o pedestrianismo (jogging).

O trekking é um dos esportes de convivência com a natureza dos mais acessíveis e que abarca grande parte dos pacotes de ecoturismo (BITTENCOURT e AMORIN, 2005), por não exigir preparo específico e poder ser praticado por qualquer pessoa de diferentes faixas etárias, não oferecendo grandes riscos.

Betrán (2003) classificou o trekking como uma atividade física de aventura na natureza (AFAN), de modalidade suave, por não provocar impactos ambientais importantes. O autor também evidencia seu caráter ativo e passivo, pois o participante contempla, discute, frui e observa a natureza.

O trekking é caracterizado por um certo grau de incerteza, por depender dos fenômenos metereológicos e das condições de relevo; envolvendo as dimensões emocionais (suas condutas ascéticas e as sensações, que variam entre prazer e descanso, com perspectiva de eliminação de riscos, por meio do uso dos recursos biotecnológicos). As AFAN permitem grande variedade de práticas com valorização ambiental, que vão desde a preocupação quanto ao impacto ecológico, intensidade, duração da atividade, estação do ano, momento do dia, vulnerabilidade das espécies animais e vegetais, assim como o comportamento ambiental dos participantes; além de proporcionar dinâmicas em ambientes sociais variados, de individuais à colaboração e acompanhamento de equipes.

Colabora para o crescimento dessas modalidades, a diversidade geográfica e climática brasileiras, e que, segundo Bittencourt e Amorin (2005, p. 455), "embora sem registros oficiais", remetem a uma ordem de 7.000 praticantes regulares.

As caminhadas em trilhas, de caráter educativo, têm curta extensão, mas são planejadas para que, em um curto espaço de tempo, seja possível o conhecimento da fauna, flora, geologia, geografia, dos processos biológicos, das relações ecológicas, do meio ambiente e sua proteção, de forma bastante intensa. A caminhada em trilha interpretativa é planejada para que os recursos naturais ali dispostos sejam traduzidos para os visitantes, com o propósito de que suas percepções sejam estimuladas e que, com isso, questionem, experimentem, sintam e descubram os vários sentidos e significados ao tema exposto (GHILLAUMON, 1977).

Já o pedestrianismo tem-se feito presente ao longo da História, sendo seus registros mais antigos, as caminhadas bucólicas inglesas do século XVIII (TEIXEIRA et al, 2006). Na França, como em outros países da Europa, também foi um hábito bastante apreciado desde o século XIX. Essa modalidade consiste em realizar grandes marchas a pé (da caminhada à corrida), acima de dois quilômetros, de modo livre e assistemático, em caminhos e terrenos abertos, urbanos, que podem ser desde praças, logradouros públicos, estradas a rodovias.

Os passeios pedestres situam-se no limiar entre o desporto e o turismo, sendo que sua prática, ao mesmo tempo em que tem um caráter ativo, representado pelo caminho a percorrer, possui, também, um caráter passivo, no qual o praticante desfruta da natureza que o rodeia (contemplando, descansando, sem pressa de chegar ao fim). Na maior parte dos casos, as caminhadas não exigem grande aprendizagem nem técnicas especiais. Podem ser praticadas por pessoas em todas as faixas etárias. Não requerem equipamento sofisticado, material técnico, conhecimentos prévios de cartografia ou orientação. No entanto, para determinados tipos de percursos, torna-se importante a presença de um guia mais experiente e conhecedor do trajeto.

A distinção entre o pedestrianismo e outras atividades similares é que essa modalidade se utiliza de marcas e códigos internacionalmente conhecidos e aceitos. Os percursos pedestres podem ser de grande rota (GR), com extensão superior a 30 km e dois dias de jornada ou mais, sinalizados a branco e vermelho e de pequena rota (PR), com até um dia de jornada e não mais de 30 km, sinalizados a amarelo e vermelho. O pedestrianismo ganhou impulso na década de setenta, com as pesquisas do médico norte-americano Kenneth Cooper e a difusão do "Teste de Cooper", massificando-se amplamente (WEBRUN, 2006).

No Brasil, embora existam registros do pedestrianismo desde 1910 (SANTOS, 2005), sabe-se que aqui, ele é praticado desde datas bastante anteriores à assinalada. Para esse autor, as caminhadas religiosas são exemplos bem peculiares de pedestrianismo no âmbito do lazer.

Também conhecidas como peregrinações, reúnem pessoas de todas as idades e classes sociais que percorrendo antigos traçados, motivados por espírito cristão, misticismo, busca interior, respostas rumo ao sagrado ou aventura realizam romarias a lugares santos como forma de devoção, algumas até milenares (FERREIRA, 1986).

Apesar da afirmação de Tabanez et al (1997, p. 89) acerca das "oportunidades de reflexão sobre valores, indispensáveis a mudanças comportamentais que estejam em equilíbrio com a conservação dos recursos naturais", presentes, tanto no trekking, quando no pedestrianismo, as "caminhadas religiosas" evocam outros objetivos, até mesmo, arquivos afetivos, nem um pouco relacionados com os descritos anteriormente.

Para Beni (1997), os peregrinos são turistas potenciais, os quais, ao se deslocarem a centros religiosos motivados pela fé em distintas crenças, utilizam-se de equipamentos e serviços com estrutura de gastos semelhantes a outros turistas. O autor ressalta que a variável permanência está intimamente ligada ao tempo de duração das cerimônias, ritos, celebrações religiosas e, até mesmo, romarias, denominando-o como turismo religioso.

Richena (2005) e Nabo Filho (2005) admitem que são necessários: preparo físico anterior, equipamentos e check-up geral, antes de uma peregrinação religiosa com duração de vários dias, comparando as distâncias percorridas às estabelecidas em ultramaratonas.

No Brasil, o maior exemplo de peregrinação está relacionado ao deslocamento realizado por fiéis em direção ao santuário localizado na cidade de Aparecida (SP). Denominadas por Santos (2005) como "Caminhadas à Aparecida", elas existem desde o século XVI, sendo esse roteiro o mais difundido e antigo. Durante vários anos, homens e mulheres, muitas vezes sem preparação física adequada, sem equipamentos, alimentação ou água de boa qualidade e, até mesmo, sem trilhas traçadas, percorreram distâncias acima de 45 km por dia, quer com claridade ou com escuridão, para cumprir suas promessas, fazer pedidos e agradecer por graças recebidas.

Apesar de esses percursos serem realizados a pé desde o final do século XVI, as peregrinações a Aparecida/SP só foram reconhecidas como "caminhadas" recentemente, sendo incluídas no Atlas do Esporte (SANTOS, 2005). São apontados como motivos para essa convalidação: a evolução do conceito de "caminhada", seu reconhecimento como uma atividade física, não só do âmbito esportivo regular, mas, agora também, do contexto do lazer, aos processos de "turistificação" pelos quais passam atualmente algumas trilhas brasileiras e ao grande envolvimento das populações do entorno do santuário.

O trajeto mais bem estruturado para Aparecida é o "Caminho da Fé"; um percurso misto de trekking e pedestrianismo recreativo (os espanhóis chamam de senderismo). Para sua concretização, o projeto "Caminho da Fé" contou com a adesão de prefeituras, igreja católica, fundações, sindicatos, empresas, rede hoteleira e organizações não governamentais, com intuito de organizar e oferecer uma infra-estrutura receptiva, montada nos principais pontos de parada credenciados para acomodação e confirmação da passagem pelo local, assim como pontos de apoio e orientação nas estradas vicinais de terra, trilhas por bosques, pastagens e asfalto, até a chegada ao pólo receptor.

São atraídos para este tipo de atividade do âmbito do lazer um público variado, desde peregrinos e turistas, até praticantes de AFAN, que percorrem os 425 km do "Caminho da Fé", a pé, a cavalo ou de bicicleta. Considerado um percurso de pedestrianismo, os participantes caminham de 20 a 30 km diários, o que leva, iniciando em Tambaú, entre 14 a 21 dias para se chegar a Aparecida. O percurso é caracterizado como uma caminhada longa, de nível regular a médio, com possibilidades de contemplação de algumas porções do bioma formado pela fauna e flora da Floresta Ombrófila da Mantiqueira, além de sua estreita relação com a devoção nacional de Nossa Sra. Aparecida.

O "Caminho da Fé", realizado neste estudo, iniciou-se em Tambaú, passando por Casa Branca, Vargem Grande do Sul, São Roque da Fartura, Águas da Prata, Andradas, Inconfidentes, Borda da Mata, Tocos do Mogi, Estiva, Consolação, Paraisópolis, São Bento do Sapucaí, Sapucaí Mirim, Santo Antônio do Pinhal, Pindamonhangaba, Roseira até Aparecida. Como o "Caminho da Fé" não é uma rota estática e pretende tornar-se um percurso em termos de distância, análogo ao caminho espanhol (Santiago de Compostella); após 2006 (data da pesquisa), foram incorporados novos prolongamentos à rota, assim como, substituídos alguns trechos.

Essas atividades tendem a focalizar atitudes e comportamentos importantes, envolvidos, tanto na decisão de início, quanto em todo o planejamento e execução do trajeto, os quais, ainda não foram devidamente explorados nos estudos que já focalizaram essa temática.

Atitudes

Coelho, Gouveia, Maja e Milfont (2006) relataram que muitas pesquisas têm sido feitas, especialmente na área da Psicologia Ambiental, na tentativa de buscar explicações para as relações entre as atitudes e os comportamentos favoráveis ao ambiente. Entretanto, muito, ainda, há para se compreender sobre estas relações, especialmente quando o foco recai sobre esses elementos bastante complexos.

Na literatura específica, sugere-se como atitude, "a prontidão da psique para agir ou reagir numa certa direção" (JUNG, citado em CAMPBELL, 1986, p. 60). Ter certa atitude significa estar direcionado a priori, e em prontidão para algo ou alguma situação definida, presente ou não na consciência. Campbell (1986) complementa que têm sido realizadas várias tentativas para mensurar as atitudes, no entanto, elas recebem muitas críticas, por medirem mais a opinião do que a atitude.

Do ponto de vista da temática ambiental, os estudos que abarcavam as atitudes ambientais evidenciavam o uso, sem distinção aparente, de várias denominações, as quais, às vezes, interligavam-se e, outras vezes, eram usadas como sinônimo. Schultz et al (2004) apontaram como exemplos dessas denominações os conceitos de "consciência ambiental" (pessoas que possuem convicções afetivas/empáticas acerca dos problemas ambientais), de "atitude ambiental" (pessoas que possuem suas próprias convicções afetivas ou empáticas, seus próprios valores, que têm intenções comportamentais e que são firmes com relação às temáticas e às atividades ambientais) e de "ecological worldview" (aqui traduzido como visão ecológica de mundo, sendo aquelas que acreditam na relação harmônica entre as pessoas e a natureza).

Atualmente, as "atitudes ambientais" são sugeridas como "as percepções ou convicções relativas ao ambiente físico, inclusive fatores que afetam sua qualidade" (AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION, 2001, p. 89), e adjetivadas como favoráveis ou desfavoráveis em relação ao ambiente em si ou a um de seus problemas.

Para Coelho, Gouvêa, Maja e Milfont (2006) as atitudes ambientais podem estar relacionadas a experiências subjetivas e aprendidas. Estas, no olhar dos autores representam um repertório de crenças relacionadas ao ambiente.

Este estudo optou por utilizar as nomenclaturas e conceitos de atitude ambiental cunhados por Thompson e Barton (1994): "atitude ecocêntrica" e "atitude antropocêntrica". Ambas são expressões positivas de atitudes a favor do ambiente, com o interesse de preservar os recursos, no entanto, a principal diferença entre elas é a razão que leva as pessoas a manter essas atitudes ambientalistas. "Os antropocentristas" têm uma visão utilitarista, defendem a preservação dos recursos naturais e da saúde do ecossistema, mas mantêm a atitude conservacionista e a suportam em função do conforto, do acúmulo de riqueza, da qualidade de vida e da sua saúde.

Já "os ecocentristas" vêem a natureza importante por si só, independente da economia ou do estilo de vida. Estes possuem uma dimensão espiritual e valores intrínsecos, que refletem suas experiências na natureza e seus sentimentos sobre a composição harmônica dos ecossistemas. Eles concordam com os antropocentristas sobre a preservação ambiental direcionada à saúde e à qualidade de vida, mas discordam nas razões para se manter as atitudes pró-ambientais.

Os ecocentristas não percebem o pró-ambientalismo como um valor, mas como uma dimensão que transcende habilidade, capacidade de gerenciar os recursos naturais e seus próprios desejos psicológicos. Seus conceitos fundamentam-se na colaboração e na manutenção das atitudes preservacionistas, mesmo que envolvam algum desconforto, inconveniência ou gastos que possam reduzir sua qualidade de vida material (THOMPSON e BARTON, 1994). Reforçam essa conceituação Pinheiro et al (2005, p.01), ao afirmarem que: "enquanto o primeiro valoriza a natureza por seu valor intrínseco, o segundo leva em conta os benefícios materiais e vantagens, proporcionados pelo cuidado ambiental para os seres humanos".

A distinção entre antropocentrismo e ecocentrismo não é nova. Essas duas atitudes são análogas aos pontos de vista filosóficos discutidos em Stokols (1990). Para este autor, os instrumentalistas se assemelham aos antropocentristas, já que o ambiente é uma forma de se atingir metas. Já os espiritualistas, se assemelham aos ecocentristas, por julgarem que o ambiente deve ser um contexto de desenvolvimento espiritual humano, com valores independentes de sua contribuição para se atingir metas humanas.

Thompson e Barton (1994) colocam na mesma categoria os ecocentristas e os espiritualistas, porque ambos julgam o ambiente, também, como um contexto moral e de enriquecimento espiritual. Mas, todos esses aspectos da atitude estão intrinsecamente ligados à forma de expressão e das intervenções geradas em relação ao ambiente. Mas, de que maneira essas atitudes efetivamente representam elementos que podem assessorar o comportamento pró-ambiental? Esta inquietação mobilizou o desenvolvimento da pesquisa exploratória descrita a seguir.

Método

O estudo teve uma natureza qualitativa, por entender que este método se adequa ao estudo das variáveis envolvidas, tendo sido elaborado a partir da união entre pesquisa bibliográfica e pesquisa exploratória.

Participantes

A pesquisa exploratória foi realizada no início do ano de 2006, com a amostra pesquisada in loco nos momentos das vivências na trilha. Podendo-se, com isso, captar as atitudes capazes de fomentar comportamentos pró-ambientais, durante uma caminhada.

Como acontece com as AFAN, pequenos grupos de praticantes, que não têm elos comuns de amizade, são formados na hora da prática. Essa possibilidade é ampliada por tratar-se, também, de uma espécie de ritual de passagem ou de romaria, que desperta empatia e certa camaradagem, tanto nas pessoas da trilha, como das comunidades presentes no caminho. A possibilidade de formar pequenos grupamentos é grande, além de ser recomendada pelos administradores do "Caminho da Fé", em seus folhetos, na internet, pelo Departamento de Turismo em Tambaú e nas pousadas.

Esses grupamentos, formados nos pontos onde se pode obter a credencial e o "mapinha" do trajeto (Tambáu, Águas da Prata, Andradas e Ouro Fino) e outros, previamente constituídos por amigos e familiares, ou, ainda, as equipes geradas por afinidades durante as conversas nas paradas, compuseram os elementos da amostra, com os quais foram desenvolvidas as investigações.

Com essa compreensão, foram selecionados, aleatoriamente, como participantes desse estudo, sete pessoas adultas (com faixa etária acima de 18 anos), de ambos os sexos, de perfil socioeconômico-cultural aleatório, adeptos às experiências vivenciadas em ambiente natural, quer seja como praticantes de AFAN (bikers, trekkers e off-roads), ou como turistas ou romeiros, e que, no momento dessa investigação, deslocavam-se a pé de um dos pontos onde pode ser obtida a credencial à Aparecida e que se dispuseram, voluntariamente, a participar desta etapa da pesquisa.

Os indivíduos foram contatados no momento em que se informavam ou pegavam a credencial no quiosque do Departamento de Turismo em Tambaú, solicitando-se a anuência dos mesmos para a participação na pesquisa; bem como, foi apresentando o termo de consentimento livre e esclarecido, e prestadas elucidações sobre os termos de divulgação dos resultados em reuniões científicas e artigos.

A amostra foi caracterizada por cinco homens e duas mulheres, de origem urbana, provenientes de cidades paulistas de médio e grande portes.

Com relação à faixa etária, dois participantes tinham entre "17 e 22", dois tinham entre "45 e 50", um tinha "37", o outro "40" e o último "55" anos. Na amostra não havia participantes com faixa etária entre "23 e 32" ou "acima de 56" anos.

A pesquisa seguiu rigorosamente os procedimentos éticos para estudos com seres humanos, tendo sido previamente aprovada pelo comitê de ética em pesquisa, do Instituto de Biociências, da UNESP- Campus de Rio Claro.

O Questionário Misto Trifásico (QMT)

Richardson (1989) aponta que os questionários utilizados como formas de investigação conseguem descrever adequadamente as características, beneficiando a análise a ser feita e medir determinadas variáveis de um grupo, permitindo observar as peculiaridades individuais e sociais.

O questionário misto usado nesta investigação, conforme suas características, combinou perguntas abertas e fechadas. O instrumento foi denominado "trifásico", porque sua aplicação se realizou em três fases da caminhada, durante a permanência dos participantes em locais de parada. Explicitam-se como razões para aplicação do questionário dessa forma (investigação inicial, durante e ao final da prática), as necessárias adaptações fisiológicas e psicológicas dos participantes, que acompanham as atividades dessa natureza.

Este estudo não aborda investigações sobre as adaptações metabólicas, fisiológicas e psicológicas dos participantes, em função da aleatoriedade da amostra e da despreocupação da pesquisa em evidenciar quais sujeitos são treinados fisicamente para a caminhada e quais a estão realizando simplesmente pela fé. Entretanto, houve necessidade de se levar em consideração, de forma molar, que essas adaptações tivessem colaborado no desenvolvimento de um processo de estresse e de capacidade de resposta do sujeito. Esta afirmação é decorrente do fato de que o cansaço e a inadequação biofísica e psicológica podem afetar o rendimento em quaisquer atividades físicas (WEINBERG, GOULD, 2001).

No caso da Caminhada da Fé, os participantes estavam expostos a uma variação de altitude entre 1.550 metros (Serra do Pico do Gavião, região do ponto mais alto da Serra da Mantiqueira) e 542 metros (Aparecida/SP), o que envolve caminhar por aclives e declives. Durante todo o percurso (como acontece no trecho Tocos do Mogi a Bom Repouso, que tem uma variação de 1.050 metros de altitude, para 1.410 metros, numa distância de apenas 16 km), as alterações dos ritmos circadianos ficam por conta das mudanças de hábitos alimentares (horários e cardápios), hábitos excretores e hábitos quanto à vigília e o repouso, ou, ainda, à prática de uma atividade física, mesmo que num nível bastante moderado, mas num tempo prolongado.

Foram acompanhadas essas três fases sugeridas por Costa (1983): "fase de euforia, reorganização e aclimatação" e o tempo de adaptação ao exercício, indicados por Willmore e Costill (1994), que previu a aplicação do questionário no primeiro dia, entre o quarto e o sétimo e no último dia.

Análise

Para examinar os dados obtidos com o questionário, optou-se pela "Análise de Conteúdo Temático", a qual, Bardin (1977, p. 38) define como "um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdos das mensagens". Esse autor ainda destaca a importância da articulação entre a simples interpretação da mensagem dos sujeitos com os fatores que determinaram essas respostas deduzidas logicamente, procurando se estabelecer uma correspondência entre as estruturas semânticas e as estruturas psicológicas ou sociológicas.

Nessa perspectiva, as categorias usadas devem se apresentar claras e explicitamente definidas.

Com base na freqüência das respostas obtidas foi feita uma categorização em duas etapas: a primeira, por meio de um inventário e a segunda, por meio de uma classificação. A partir do tratamento dos resultados dessa classificação, foram realizadas inferências e interpretações, que foram apresentados de maneira percentual como ilustração, por meio da "Tabela 1".

Resultados e Discussão

A pergunta: "Esta caminhada pode ajudar, está ajudando, ou ajudou os participantes a pensarem na preservação do ambiente?", repetida em três fases, foi destinada ao entendimento de como a caminhada colaborou nas reflexões sobre a preservação ambiental. Os sujeitos deveriam assinalar com um "X" se concordavam ou não com a afirmação, para, posteriormente, explicarem de forma aberta, suas razões.

Vale ressaltar que o termo "preservação" foi utilizado de forma coloquial; embora existam diferenças e contradições entre os conceitos relacionados em dicionários da língua portuguesa e nos dicionários específicos de ecologia e meio ambiente.

Verificou-se que, em todas as fases da aplicação do QMT (Questionário Misto Trifásico), os sujeitos que não se preocupavam com as distinções entre o vocabulário em sua definição geral ou específica da área ambiental, foram unânimes na concordância de que a caminhada colaborou para reflexões sobre a preservação ambiental.

Na segunda parte da pergunta, os caminhantes utilizaram verbos para explicar suas convicções sobre esse tema, dentre eles: Observar; contatar diretamente; refletir/meditar/pensar; estar cercado/estar dentro; perceber; criticar; opinar; cuidar; conscientizar; ver; sentir; valorizar/dar importância; preservar/cuidar; relatar; entender; conhecer melhor; "auto-melhorar" (neologismo criado por um dos sujeitos).

É necessário observar a diferenciação entre "o ajudar a pensar" disposto na pergunta, com a quantidade de verbos utilizados nas respostas pelos sujeitos, já que verbos são palavras que sugerem ação (FERREIRA, 1986) e, até mesmo, o desejo de intervenção, na medida do possível.

Retornado a Thompson e Barton (1994), os quais alertam para a grande dificuldade de se manter regras conservacionistas, já que as pessoas não agem ou não se comportam de acordo com suas atitudes; essa diferenciação entre o "ajudar a pensar" e os verbos devolvidos como resposta indicam uma intenção, uma tendência, mas que não necessariamente se traduzirá numa ação, em um comportamento. Este aspecto corrobora a teoria da dissonância cognitiva apontada por Festinger (1975) e permeada nas reflexões de Schwartz (1997).

A tabulação geral de todas as fases das respostas permitiu uma divisão das opiniões em três grandes grupos: temas ambientais, questões ambientais e percepção de processos. Os "temas ambientais" são os assuntos normalmente encontrados na literatura (desmatamento, degradação, lixo, etc).

As "questões ambientais" foram divididas em dilema ecológico e questão socioambiental. O dilema ecológico foi denominado como um conjunto de situações de temática ambiental, com resoluções difíceis e/ou penosas, em que se opta pelo desenvolvimento com seus benefícios e malefícios, ou pelo retrocesso/retorno ao estado primitivo com suas conseqüências favoráveis e desfavoráveis.

Esse tema pode ser pensado em termos individuais dentro dos microssistemas, ou, de forma mais abrangente, envolvendo os macrossistemas (econômicos e as culturas). A afirmação de Schultz et al (2004), ao assinalarem que a tendência de rejeição tem aumentado em relação ao estilo de vida consumista, nos países ricos, estando relacionados a comportamentos individuais mais positivos associados ao ambiente, pode ser um exemplo disto. A questão socioambiental está relacionada à reflexão sobre as desigualdades sociais ocultas no discurso ecológico.

A "percepção de processos" pressupõe que um conteúdo é algo construído numa sucessão de estados e mudanças, num seguimento, numa marcha (FERREIRA, 1986). Sendo assim, em 76,6% apareceram os grandes "temas ambientais", dentre eles, o desmatamento, o qual apareceu em 26,09%; a beleza cênica e a degradação, em 17,39% cada; lixo, em 13,04%; água e saúde ambiental, em 8,70% cada; consciência dos peregrinos, em 6,52% e extração de areia, em 2,17%.

Com 16,67% dos votos, foram citadas as "questões ecológicas'. Nesse item, os dilemas ecológicos representaram 60% das respostas e a questão socioambiental 40% das mesmas. Com 6,67%, foram evidenciados "aspectos da alteração ambiental, ocorrendo no próprio 'Caminho da Fé'", percebidos principalmente antes do início da caminhada.

Antes de começar a caminhada, o maior percentual relacionava-se com as alterações do meio, percebidas em 23,09% das respostas. Como todos os participantes eram urbanos e haviam chegado ao destino inicial (local de obtenção da credencial) por meio de ônibus, a viagem até o local de credencial já havia proporcionado a visão de uma transição entre os ambientes degradados das grandes cidades e o ambiente rural da trilha, o que foi ilustrado pelas falas de dois sujeitos: "...quero observar as alterações do meio ambiente e relatar passo a passo o percurso" ou ainda, "...mesmo antes de iniciar a caminhada é possível passar por ambiente urbanos degradados e ambientes rurais preservados".

O segundo maior percentual foi para o dilema ecológico, a beleza cênica e a degradação, com 15,37% cada um e, empatados com 7,70%, os temas relacionados ao desmatamento, à água, à saúde e ambiente e às questões socioambientais.

Com relação ao dilema ecológico, os resultados puderam ser reforçados por intermédio de alguns dos discursos dos participantes sobre o assunto, com aparência de discurso romântico (RODRIGUES, 1979), no qual as palavras tempo, produção e cultura estão articuladas de forma contraposta, como, por exemplo, nessa afirmação: "...longe da população e da sociedade é que se dá importância para a natureza"; ou ainda: "A observação e o contato de perto e "devagar" com a natureza permite observá-la melhor – da janela do carro é distante... é fugaz",em um discurso de tom mais contemporâneo.

Nos comentários que seguem é possível observar a disposição de reflexão dos sujeitos, encadeando noções de tempo e espaço: "A observação e a reflexão seguem a velocidade da caminhada. Há tempo suficiente para pensar e observar", ou ainda, em afirmação proferida por outro caminhante: "O contato direto, na velocidade dos passos, contribui para a observação mais acurada e com tempo para reflexão sobre a preservação".

A relevância de se pinçar esses trechos de diálogos está em mostrar que, ao longo do caminho, os sujeitos tinham questionamentos, conflitos, dilemas, interiorizavam e refletiam sobre isso. Desse modo, as alterações que estavam acontecendo com eles não eram somente do âmbito dos estados de ânimo, mas do "corpo" como um todo.

A beleza cênica colocada com o mesmo percentual da degradação, ambas incluídas no grande grupo dos temas ambientais, também refletia o dilema dos participantes: "A trilha colabora para a percepção do grau de degradação... Mesmo com tanto verde, a degradação é perceptível". Esse resultado é também apontado por Loureiro (2000), o qual afirma que a noção de crise e de ameaça à sobrevivência, aliada ao distanciamento entre teoria social e questão ambiental, facilitou a passagem de um ambientalismo "romântico ingênuo", que sacralizava a natureza, para a consolidação de uma nova versão, mais pragmática e utilitarista.

Durante a caminhada, o desmatamento foi o principal aspecto das reflexões ambientais, aparecendo em 29,16% das respostas; o lixo ocupou o segundo lugar, em 25%; em 16,67%, os participantes destacaram a beleza cênica; em 12,50% a degradação; em 8,33% a saúde e o ambiente e, em 4,17% cada, a extração de areia, juntamente com o dilema ecológico: tempo, produção e natureza. Interessante ilustrar como os participantes percebiam o desmatamento: "... muito verde... mas muitas áreas devastadas foram transformadas em pastos. Falta mata ciliar... Temcorte irregular de madeira. Roça nas matas... Falta mata nos morros".

As observações dos participantes têm sentido porque o intenso uso da terra, ocorrido após o século XIX principalmente pela monocultura cafeeira, provocou, por um lado, o contínuo desmatamento e, por outro, o desenvolvimento econômico do Estado e do País, como afirmam Wanderley et al (2007).

O tema "Lixo" aparece sob três ângulos diferenciados. Um deles é gerado pelo próprio município que faz parte do caminho. O segundo, de pouca expressividade, é ocasionado pelos caminhantes que realizam a trilha e, em último ângulo, o "lixo" de grande volume, com conseqüências bastante graves e que apenas é gerado nos locais de romaria, ou seja, no município onde se inicia o percurso (Tambaú/SP) e ao final (Aparecida/SP), proveniente do deslocamento de massas turísticas, denominadas aqui como trânsito de romeiros.

O lixo gerado pelas cidades é o resultado das diretrizes adotadas pela política pública, específica de cada comunidade. Entretanto, os municípios que fazem parte do trajeto, deveriam tornar efetiva a expectativa de um desenvolvimento sustentável local por meio do turismo, pois da mesma forma que o recurso natural, o entorno e os serviços básicos de abastecimento merecem manutenção, restauração e melhoria para a própria população, esta também é uma condição básica para o fluxo turístico (PEARCE,1981; KRIPPENDORF,1989).

Tanto essa afirmação é verdadeira que, São Bento do Sapucaí e Sapucaí Mirim, foram excluídas do trajeto do "Caminho da Fé", ao final de 2006, em função da degradação ambiental. Não é só lixo que é gerado pelas AFAN. Várias de suas práticas, principalmente as que utilizam motores, no caso do "Caminho da Fé", os veículos off-roads (4 x 4; motos e gaiolas), produzem alto impacto ecológico, como a destruição da vegetação, agressão à fauna silvestre, incêndios, lixo, erosão, colocando em risco ecossistemas frágeis.

A ausência de indicadores de capacidade de carga que um atrativo turístico natural como uma trilha pode suportar sem sofrer alterações deixou de ser uma preocupação somente para os receptores, mas passou a ser uma outra condição para o fluxo de turistas, além do cuidado da comunidade com seu próprio município. No "Caminho da Fé", existe uma pressão social por parte dos próprios caminhantes na preservação ambiental. Isso pode ser ilustrado por meio da seguinte citação de um dos participantes: "A degradação da natureza é mal vista pelos moradores da região e pelos peregrinos".

Corral-Verdugo e Pinheiro (1999) acrescentam que, independentemente do perfil do público, algumas ações das variáveis situacionais podem interferir no comportamento pró-ambiental. São citadas: a pressão social para cuidar do ambiente, os arranjos planejados para que a conservação seja mais conveniente para os sujeitos e o efeito dos lembretes (prompts ou "bilhetinhos") no comportamento de cuidado dos recursos naturais. Em relação ao caminho, os peregrinos, não raro, guardavam seus guardanapos e plásticos de barra de cereal na mochila; havia certo monitoramento silencioso entre os participantes.

O deslocamento de massas turísticas provoca um impacto negativo no ambiente e entorno, em função da inadequação da capacidade de suporte do local receptivo. Em relação ao "Caminho da Fé", isso foi notado em dois momentos, durante a estada em Tambaú e na chegada a Aparecida. Em Tambaú, neste estudo tomado como marco inicial do percurso, tem-se a figura do Padre Donizette, cuja fama de milagres difundiu-se atraindo romarias de pessoas à cidade, procurando restabelecimento e esperança (AZEVEDO, 2003).

No ano de 1955, o lixo dos romeiros era queimado em frente à Igreja Matriz e a Prefeitura Municipal da época dispunha apenas de doze varredores de rua. Essa situação foi modificada e, atualmente, as romarias em finais de semana continuam acontecendo, mas houve uma adequação da infra-estrutura da cidade para recebê-las.

Em Aparecida/SP, ponto final do "Caminho da Fé", durante o ano todo, a cidade recebe romarias de até 1.500 pessoas, utilizando vários meios de transporte (ônibus fretados, cavalos, motos), além do fluxo de sete milhões de veículos ao ano, provenientes de todas as regiões do Brasil, o que ocasiona um inchaço urbano (SANTUÁRIO, 2005).

Essa população flutuante convive com a população efetiva da cidade de aproximadamente 35 mil habitantes em uma área de 121 km2 (APARECIDA, 2005), sendo que, no dia 12 de outubro, durante a Festa de Nossa Senhora da Aparecida, são reunidos mais de 100 mil fiéis no Santuário (MARQUES SILVA, 2005).

Sendo assim, há a preocupação pública e privada em absorver, não só o comportamento de consumo e gastos desse público, mas, também, o impacto estrutural que essas demandas sazonais exigem, no que tange à disponibilidade de instalações, hospedagens, saneamento e limpeza pública, tráfego (desde o fechamento de ruas que circundam as festas ao controle do trânsito de carros, motos, ônibus de excursão e de linha, cavalos), ao oferecimento de equipamentos e serviços, tanto de saúde (ambulâncias e plantão de funcionários para o atendimento de eventuais ocorrências), como turísticos (patrocinando, promovendo e divulgando os shows). Porém, ocorreram alterações ambientais importantes na cidade e em seu entorno, afetando as condições de vida humana, dentre elas, contaminação de rios por esgoto doméstico, deslizamento de encostas, doenças endêmicas, presença de vetores e esgoto a céu aberto (BRASIL, 2002).

Embora o desenvolvimento permitido pela tecnologia potencialize grandes avanços e possibilite construir mecanismos que tornem mais fáceis os deslocamentos e a vida da maioria das pessoas, para a resolução da equação desenvolvimento e sustentabilidade, o ser humano não pode ser eximido de sua responsabilidade, pois suas ações, mesmo que aparentemente irrelevantes, são capazes de causar danos consideráveis ao ambiente.

Portanto, fica evidente a relevância da conscientização, para que se venha interferir em menor escala no meio, sem interromper os ciclos naturais, não só em momentos de prática de atividades na natureza, mas também, em todos os seus contatos e experiências com o meio, agindo com ele e não contra ele, alerta Marinho (2001).

Ao final da caminhada o "desmatamento" permaneceu com percentual mais alto (16,67%). Posteriormente, apareceram todos empatados com 12,50%: a "água", a "preservação do caminho", a "conscientização dos peregrinos, o "dilema ecológico" e a "questão socioambiental". Depois vieram "beleza cênica", "saúde e ambiente", com 8,33% cada uma delas, e, encerrando, a "extração de areia" e o "dilema ecológico", com 4,17%.

Todos os outros itens já foram discutidos anteriormente, por esse motivo será dada atenção especial nesse momento à água potável, a qual, durante o "Caminho da Fé", se transformou também em uma questão socioambiental, a partir do momento em que deveria ser um recurso disponível básico e de qualidade, em qualquer lugar, para todas as pessoas.

No caso do "Caminho da Fé", a água tem a conotação de sobrevivência e está diretamente relacionada às questões ambientais urbanas. Os comentários dos participantes sobre a água refletem essa preocupação. Um dos sujeitos salientou a "...falta tratamento de água e esgoto"; enquanto outro participante comentou: " ...Você percebe que não é nada sem um simples copo d'água. NAAAADAHH!", ou ainda na fala de um terceiro participante: "...a gente começa a dar valor as coisas mínimas, como um copo de água". As três declarações se referiam à dificuldade de água potável em alguns trechos do caminho e no receio de beber a água das bicas, que poderiam estar contaminadas, considerando a virose de que alguns dos participantes foram acometidos durante o trajeto por esse motivo.

Acreditando ilustrar como a caminhada colaborou com a reflexão sobre a preservação ambiental, será relatada uma curiosidade acontecida no final do percurso. Três sujeitos que percorreram o caminho em dias alternados criticaram seriamente o mesmo lixão a céu aberto com um matadouro irregular próximo, na periferia de Sapucaí-Mirim/MG. Um desses sujeitos, penalizado pelas crianças recolhendo o lixo, fez o seguinte depoimento sobre o quê aprendeu com o "Caminho da Fé": "...conhecer melhor as necessidades das comunidades dependentes da natureza".

Colabora com as reflexões, o enunciado de Loureiro (2000, p. 32):

a simples percepção e sensibilização para a problemática ambiental não expressa aumento de consciência, o que faz com que se retome o argumento sobre cidadania: a consciência ecológica, para ser ecológica, precisa ser crítica.

O incômodo causado pela situação socioambiental das crianças que vivem do lixão gerou imagens e críticas, não só desses participantes, mas de tantos outros que realizaram o caminho. No entanto, isso não lhes melhorou a vida, apenas a cidade foi retirada do trajeto, o que não garante mudanças.

Considerações Finais

Com base nas respostas a mesma pergunta, realizada em três momentos diferentes da caminhada, conseguiu-se perceber que os estados emocionais estiveram presentes durante a atividade, sendo indiretamente responsáveis por reflexões importantes. Houve internalização de alguns valores e o desenvolvimento de atitudes mais positivas em relação ao meio ambiente.

Infere-se, com isso, a possibilidade de atitudes elaboradas a partir da presença e participação em atividades de aventura no contexto do lazer na natureza serem catalisadoras do comportamento pró-ambiental. Estes resultados evidenciam a premência de novos estudos, levando em consideração as subjetividades envolvendo a participação humana na natureza.

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Recebido em: 10 de fevereiro de 2009.

Aceito em: 03 de abril de 2009.

Esse artigo foi apresentado em Sessão Temática no VI Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana e XII Simpósio Paulista de Educação Física, realizado pelo Departamento de Educação Física do IB/UNESP Rio Claro, SP de 30/4 a 03/5 de 2009.

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Abr 2012
    • Data do Fascículo
      Set 2010

    Histórico

    • Aceito
      03 Abr 2009
    • Recebido
      10 Fev 2009
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