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O livro didático na Educação Física escolar: a visão dos professores

The textbook in school Physical Education: a vision of teachers

Resumos

Atualmente, o livro didático vem sendo reconhecido, por parcela significativa dos estudiosos da educação, como um material relevante ao processo de escolarização. No campo da Educação Física a produção e estudo do livro didático permanecem praticamente negligenciados. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar a aplicabilidade de um livro didático da modalidade basquetebol, construído especificamente para esse estudo, junto a cinco professores de Educação Física. A metodologia utilizada foi de natureza qualitativa, tendo a entrevista semi-estruturada como instrumento de coleta de dados. Os resultados apontaram que os professores estabeleceram uma relação crítica frente ao livro didático de basquetebol e indicaram vantagens e desvantagens de sua utilização no contexto escolar.

Livro didático; Educação Física escolar; Processo ensino


Nowadays, textbook has been recognized, to a significant portion of education experts, as a relevant material to education process. In the field of Physical Education the textbook's production and study became practically neglectful. The objective of this study was to evaluate the applicability of a basketball textbook, built specifically for this study, with five teachers of Physical Education. The methodology used was qualitative, the interview was a data collection instrument. The results pointed that teachers established a critical relationship against the textbook of basketball and they pointed advantages and disadvantages for its use in school context.

Textbook; School Physical Education; Process teaching


ARTIGO ORIGINAL

O livro didático na Educação Física escolar: a visão dos professores

The textbook in school Physical Education: a vision of teachers

Heitor de Andrade RodriguesI; Suraya Cristina DaridoII

IFaculdades Integradas Claretianas, Rio Claro, SP, Brasil

IIInstituto de Biociências. UNESP - Univ Estadual Paulista... Campus de Rio Claro, Departamento de Educação Física, Rio Claro, SP, Brasil

Endereço Endereço: Heitor de Andrade Rodrigues Rua das Margaridas 1220 Jd. Flórida Franca SP Brasil 14403-274 Telefone: (19) 9199.9932 e-mail: triheitor@yahoo.com.br

RESUMO

Atualmente, o livro didático vem sendo reconhecido, por parcela significativa dos estudiosos da educação, como um material relevante ao processo de escolarização. No campo da Educação Física a produção e estudo do livro didático permanecem praticamente negligenciados. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar a aplicabilidade de um livro didático da modalidade basquetebol, construído especificamente para esse estudo, junto a cinco professores de Educação Física. A metodologia utilizada foi de natureza qualitativa, tendo a entrevista semi-estruturada como instrumento de coleta de dados. Os resultados apontaram que os professores estabeleceram uma relação crítica frente ao livro didático de basquetebol e indicaram vantagens e desvantagens de sua utilização no contexto escolar.

Palavras Chave: Livro didático. Educação Física escolar. Processo ensino/aprendizagem.

ABSTRACT

Nowadays, textbook has been recognized, to a significant portion of education experts, as a relevant material to education process. In the field of Physical Education the textbook's production and study became practically neglectful. The objective of this study was to evaluate the applicability of a basketball textbook, built specifically for this study, with five teachers of Physical Education. The methodology used was qualitative, the interview was a data collection instrument. The results pointed that teachers established a critical relationship against the textbook of basketball and they pointed advantages and disadvantages for its use in school context.

Words Key: Textbook. School Physical Education. Process teaching/learning.

Introdução

Atualmente, o livro didático vem sendo reconhecido, por parcela significativa dos estudiosos da educação, como um material relevante ao processo de escolarização. No campo amplo da Educação o estudo do livro didático tem despertado bastante interesse, e nas últimas décadas houve um crescimento considerável das discussões sobre esse assunto (CHOPPIN, 2004; BITTENCOURT, 2004).

No caso específico da Educação Física a produção e estudo do livro didático permanecem praticamente negligenciados. A ausência de estudos sobre o livro didático na Educação Física dificulta análises mais abrangentes quanto aos desdobramentos desse instrumento no ambiente escolar.

Nos últimos anos, com as transformações ocorridas no âmbito da Educação Física, principalmente após a década 1980, os professores foram instigados a trabalhar com propostas renovadoras1 1 Consideramos tendências renovadoras aquelas propostas que tentaram superar a visão biológica da Educação Física na escola, viabilizando novos olhares para a área, tais como a crítico-emanciapatório de Elenor Kunz, a cultural de Jocimar Daólio, a crítico-superador de Soares et al. e a sistêmico/fenomenológica de Mauro Betti, assim como propõe Bracht (1999) e Darido (2003). no ambiente escolar.

Dentre as diversas reflexões, chama a atenção as propostas de diversificação dos conteúdos, ou seja, os professores devem ser capazes de superar o desenvolvimento restrito de conteúdos tradicionais, tais como os quatro esportes coletivos, avançando com o desenvolvimento organizado das diversas manifestações corporais que compõe o universo da cultura corporal, que perpassam as questões do corpo e do movimento, dentre elas, destaque para a ginástica, a dança, a capoeira, as lutas, os jogos e brincadeiras, entre outros conteúdos deixados em segundo plano ao longo da história da Educação Física na escola (SOARES et al. 1992; BRASIL, 1998).

Outra proposta bastante recorrente, indicada frequentemente por professores e pesquisadores, é o desenvolvimento de conteúdos teóricos2 2 Bracht (1986), Betti (1994) e Darido e Rangel (2005) são exemplos de autores que estabelecem discussões sobre a importância das aulas de Educação Física não se pautarem apenas no substrato corporal, mas em conjunto com essa dimensão tratar de forma intencional as informações e os conhecimentos inerentes às práticas corporais. nas aulas desse componente curricular. Nesse sentido, já não basta o desenvolvimento da prática pela prática, sendo indispensável que os alunos reconheçam os motivos pelos quais estão praticando as manifestações corporais, para tanto os professores são convidados a trabalhar com conceitos ou conhecimentos sobre as diferentes práticas corporais. Ainda em relação à superação do meramente saber fazer nas aulas de Educação Física, considera-se essencial que os alunos aprendam a se relacionar no âmbito das práticas, assim propõe-se o desenvolvimento de conteúdos atitudinais, baseados principalmente em normas, valores e atitudes (ZABALA, 1998).

Por outro lado, os professores vêm enfrentando inúmeras dificuldades na efetivação desse tipo de trabalho, dentre os inúmeros empecilhos que limitam o trabalho dos professores destaca-se o número reduzido de materiais didáticos que possam dar suporte às práticas pedagógicas orientadas pelos princípios citados acima.

Apenas recentemente é que algumas redes públicas de ensino iniciaram a elaboração e utilização de livros didáticos na Educação Física. Portanto, considera-se oportuno a Educação Física inserir-se no âmbito das discussões sobre o livro didático, o que em nosso entendimento pode contribuir significativamente com o trabalho docente e com a qualidade das aulas.

Assim, o objetivo da presente pesquisa foi elaborar um livro didático do conteúdo basquetebol e avaliar as possibilidades desse material junto a cinco professores de Educação Física.

Revisão de Literatura

O que é livro didático?

A utilização do livro didático é assunto bastante polêmico e recebe críticas principalmente sobre seu caráter ideológico. Apesar disso, tem sido considerado um instrumento relevante ao processo de escolarização (BITTENCOURT, 2004).

Em uma aproximação inicial a definição de livro didático não traz grande dificuldade. Na compreensão de Batista (2000):

Trata-se desse tipo de material que faz parte de nosso cotidiano: que é adquirido, em geral, no início do ano, em livrarias e papelarias quase sempre lotadas; que vai sendo utilizado à medida que avança o ano escolar e que, com alguma sorte, poderá ser reutilizado por outro usuário no ano seguinte. Seria, afinal, aquele livro ou impresso empregado pela escola, para desenvolvimento de um processo de ensino ou de formação (BATISTA, 2000, p. 534).

Para Munakata (2000) trata-se de um livro que por inúmeras vezes é transportado de casa para escola e da escola para casa. Um tipo de livro raramente lido completamente, da primeira à última página. Livro que envolve uma gama diversificada de práticas, fato que indica uma relação de uso e não somente de leitura.

Choppin (2004) considera que a definição do termo "livro didático" não é tarefa tão simples como pode parecer e que a delimitação desse conceito apresenta-se como um empecilho às pesquisas com esse material. Em sua análise, em diversas línguas, o livro didático é designado de inúmeras maneiras e nem sempre é possível explicitar as características dessas denominações, por outro lado, a utilização de uma mesma palavra nem sempre se refere ao mesmo objeto.

Entendemos o livro didático como um material intimamente ligado ao processo de ensino-aprendizagem, ou seja, elaborado e produzido com a intenção de auxiliar as necessidades de planejamento, intervenção e avaliação do professor, bem como de contribuir para as aprendizagens dos alunos.

Para as finalidades desse estudo consideramos livro didático o conjunto dos manuscritos produzidos para o professor e para o aluno. O conteúdo do livro do professor e do aluno será idêntico ou semelhante, mas as características de cada um deles serão distintas. O livro do professor traz a discussão do conteúdo de forma aprofundada, com textos para fundamentação de informações e conceitos, bem como a indicação de princípios no encaminhamento das atividades. Já no livro do aluno o conteúdo é apresentado de maneira mais dinâmica e a ênfase é dada na resolução de problemas e exercícios.

Corroborando a idéia de que o livro didático pressupõe um material ou materiais destinados a professores e alunos, Munakata (2000) afirma que ler/usar o livro didático implica ao menos dois leitores permanentes (professor e aluno), sendo essa relação estrutural no livro didático, já que a ausência de um ou de outro descaracterizaria o material.

Críticas e possibilidades dos livros didáticos

Entre os críticos fervorosos do uso do livro didático, Silva (1988) apresenta inúmeros aspectos que segundo ele "empurram" os professores a utilizar esses materiais. Dentre eles, as péssimas condições materiais da escola, falta de livros, laboratórios e equipamentos; as condições de trabalho, obrigando a uma vida de correria e improvisações; pouca flexibilidade dos programas oficiais; e as estratégias de marketing aplicadas pelas editoras.

Silva (1996) ainda destaca que o livro didático é a insubstituível "muleta" dos professores, material sem os quais não conseguem caminhar. Afirma que a perda da dignidade do professor brasileiro contrapõe-se a crescente lucratividade das editoras de livro didático e que o apego cego aos livros demonstra a perda da autonomia no ato de ensinar. Nesse sentido, Silva (1996) apresenta algumas consequências do uso indiscriminado do livro didático, dentre elas, pontua a inversão da relação interativa do aluno com o professor, para uma relação unilateral do aluno e as atividades e exercícios propostos no livro. Critica enfaticamente a compreensão do livro como ponto de partida e chegada do conhecimento, ditando de forma inequívoca os conteúdos a serem desenvolvidos em cada componente curricular.

Importante perceber que as críticas de Silva (1988; 1996) são em relação às condições de trabalho que levam os professores a adoção do livro didático, bem como ao uso que os professores fazem desse material. Parece ingênuo culpabilizar o livro didático por todas as mazelas da Educação brasileira, além disso, em nossa compreensão o professor preparado para trabalhar com o livro didático tem condições claras de identificar possíveis incoerências do material, podendo com isso modificar a forma de abordagem ou mesmo descartar seu uso.

Zabala (1998) apresenta algumas críticas recorrentes ao livro didático e em seguida as rebate atentando para o papel do professor. Na análise desse autor, pelas características de sua estrutura, os livros didáticos tratam os conteúdos de forma unidirecional, sem que haja diversificação das idéias desenvolvidas. Transmitem com frequência os conhecimentos de maneira acabada e dogmática, não havendo possibilidade de questionamento.

No que diz respeito à metodologia em que estão pautados, os livros didáticos fomentam a atitude passiva, limitando a curiosidade dos alunos. Não favorecem propostas baseadas na realidade, nem mesmo incentivam a comparação entre a realidade e o ensino escolar, impedindo uma formação crítica (ZABALA, 1998). Além disso, não respeitam o ritmo de aprendizagem dos alunos, seus interesses e expectativas, conduzindo a uniformização do ensino.

Apesar das críticas que podem ser feitas aos livros didáticos, Zabala (1998) afirma que isso não exclui a possibilidade de existência e uso de materiais que não cometam os erros dos livros convencionais. Nesse sentido, o papel do professor frente a esses materiais será fundamental. Deverá ser capaz de apresentar aos alunos não apenas as idéias contidas no livro, mas também as de outros materiais, com pontos de vista divergentes, levando o aluno a refletir sobre a complexidade do tema trabalhado.

Outro aspecto a ser considerado é a proposta pedagógica da escola, o livro didático deve estar a serviço dos objetivos, conteúdos, metodologias e avaliações adotadas pelo professor em consonância com o planejamento da escola. Será um equívoco inverter essa relação, na qual o livro didático passa a ditar os objetivos a serem buscados pela comunidade escolar.

O professor também deve estar atento ao comportamento e atitude dos alunos, promovendo constantemente o debate e reflexão de problemas que se aproximam da realidade dos educandos, favorecendo o protagonismo e minimizando a acomodação e a passividade.

Ainda sim, as informações dos livros didáticos devem ser necessariamente complementadas com a apresentação de outros materiais, tais como vídeos, imagens, filmes, propagandas e revistas, estratégias que incentivem uma visão abrangente e diversificada do assunto trabalhado.

O estudo e construção do livro didático perpassam por discussões polêmicas sobre os desdobramentos e consequências desse material na escolarização dos alunos. Apesar das inúmeras críticas, acreditamos que o livro didático pode de fato colaborar com o trabalho docente, com a promoção das aprendizagens dos alunos e com fortalecimento da importância da Educação Física na escola.

Livro didático no contexto da Educação Física

No conjunto da Educação Básica, diversos componentes curriculares compõem o currículo escolar, sendo que a maioria deles possui livros didáticos, os quais são anualmente submetidos ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Nesse contexto, surge o questionamento: Como fica a disciplina de Educação Física no levante das discussões sobre o livro didático? Por que até o momento nenhum livro de Educação Física foi submetido ao PNLD?

Na Educação Física, pouco tem sido discutido a respeito do livro didático e seus desdobramentos no ambiente escolar. Ramos (2005) em reflexão sobre a natureza da pesquisa no campo da Educação Física escolar, apresenta temáticas que necessitam ser mais bem exploradas e indica uma carência de estudos que viabilizem novos olhares para três temas fundamentais: a escola, o aluno e a formação/atuação do professor. No que diz respeito às pesquisas relacionadas ao aluno e ao professor alerta para a lacuna de investigações sobre a produção e utilização de livros didáticos.

Os demais componentes curriculares contam com um número elevado de livros didáticos. Para se ter uma idéia no levantamento realizado pelo LIVRES3 3 Trata-se de um grupo de pesquisa que passou a organizar a produção do livro didático no Brasil, mais especificamente na Biblioteca da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. , de 1990 até 2007 foram publicados 653 livros didáticos de história e 698 de português, já em relação à Educação Física nenhum livro foi catalogado nesse período. E como afirma Choppin (2004) "é necessário também prestar atenção àquilo que eles silenciam, pois se o livro didático é um espelho, pode ser também uma tela" (CHOPPIN, 2004, p.557).

Alguns fatores contribuem para compreendermos essa negligência na Educação Física e são comuns aos enfrentados no campo amplo da educação, como a condenação total do livro didático em nome de uma vertente crítica. Além disso, fatores específicos dessa área do conhecimento contribuem na configuração dessa realidade.

Uma dessas razões refere-se ao fato de que historicamente a Educação Física esteve atrelada a uma tradição do saber fazer, da realização dos movimentos, da vivência e experimentação das brincadeiras, dos jogos e dos esportes, tais características tornaram difícil estruturar esse material, assim como conceber sua aceitação junto aos docentes e mesmo ao mercado editorial.

Outro fator também contribuiu para as restrições ao livro didático na Educação Física. O redirecionamento do pensar a respeito do objeto de estudo desse componente curricular na escola, ocorreu a partir dos anos 1980, no mesmo período em que a produção de livro didático era intensamente criticada. Essas críticas podem ter afastado os docentes, ou boa parte deles, da construção e reflexão desses materiais (DARIDO et al., 2010).

Um dos únicos livros didáticos na área de Educação Física é o bastante difundido Trabalho Dirigido de Educação Física, de Teixeira (1983). O material destinado ao Ensino Fundamental apresenta exemplos de atividades distribuídas em diversos planos de aulas dos conteúdos de ginástica, jogos, esportes coletivos etc. O livro foi disseminado entre os professores da Educação Básica, embora tivesse sido elaborado para os alunos. (DARIDO et al., 2010)

Em meio à ausência de discussões sobre o livro didático em aulas de Educação Física, algumas medidas isoladas vêm sendo tomadas quanto à elaboração desses materiais. Recentemente o Estado de São Paulo4 4 http://www.rededosaber.sp.gov.br/ , o Estado do Paraná5 5 http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/livrodidatico e o Município de Belo Horizonte6 6 http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.asp identificaram a necessidade de oferecer aos professores materiais que possam servir de apoio às aulas e iniciaram a elaboração e divulgação de materiais didáticos dessa disciplina.

No Estado de São Paulo um grupo reduzido de professores foi convidado para elaborar o livro didático de Educação Física. No ano de 2008 foi lançado o livro didático destinado aos professores, já no ano de 2009 foi lançado o livro didático dos alunos, com autoria de outro grupo de professores. Tal proposta teve grande repercussão entre os professores, recebendo elogios quanto aos conteúdos veiculados e críticas quanto à política de elaboração, distribuição e implementação do material (LADEIRA, 2008).

O livro didático público do Paraná (2007) tem características diferenciadas dos demais livros didáticos publicados no país, uma vez que teve como meta constituir-se em um material produzido pelos próprios professores da rede pública de Ensino Médio e distribuído gratuitamente. De acordo com os autores da obra, o livro didático de Educação Física representa um momento histórico, pois pela primeira vez, é construído um material que subsidia a prática docente, trazendo reflexões sobre diversos aspectos que compõem o corpo teórico-prático da área (PARANÁ, 2007, p.10).

Outro aspecto que nos chama atenção é que as redes particulares de ensino, tais como, Positivo, COC, Anglo e Objetivo também vem elaborando apostilas com vistas ao promissor mercado das redes públicas municipais de ensino7 7 Em levantamento realizado pelo Jornal Estado de São Paulo (13/04/2008) cerca de 150 municípios do estado de São Paulo adotaram os sistemas particulares de ensino na Educação Infantil e Ensino Fundamental. No Brasil são 300 os municípios incluídos nessa estatística, sendo 690 mil alunos de escolas públicas utilizando os materiais, os quais são obtidos por meio de recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). .

Portanto, deixar de produzir livros didáticos de Educação Física ou deixar de realizar pesquisas sobre esse material não garante que outros materiais não sejam elaborados e consequentemente utilizados pelos professores.

Assim, considera-se oportuno a Educação Física inserir-se nas discussões do livro didático e com isso compreender melhor os desdobramentos de seu uso em aulas desse componente curricular.

Metodologia

A metodologia utilizada é de natureza qualitativa. Na análise de Triviños (1987) as pesquisas com enfoque qualitativo surgem em contraposição à atitude tradicional positivista de aplicar aos estudos das ciências humanas os mesmos princípios e métodos das ciências naturais.

Na visão de Ludke e André (1986), com a evolução dos estudos na área educacional, percebeu-se que poucos fenômenos nessa área podem ser submetidos à abordagem analítica, típica das pesquisas experimentais, pois em Educação as coisas acontecem de maneira inextrincável e não é possível isolar as variáveis envolvidas.

Na concepção de Demo (1995) são quatro os gêneros de pesquisa no campo das ciências sociais, dentre elas, cita a possibilidade da pesquisa teórica, que em sua análise dedica-se ao estudo de teorias, formulação de referências ou mesmo a elaboração de conceitos. Baseado nessa diferenciação, na primeira fase desse estudo, debruçou-se sobre a formulação de uma proposta teórica, especificamente na elaboração de um livro didático de basquetebol para o professor e outro para o aluno.

Com o livro didático em mãos elencou-se alguns critérios para escolha dos sujeitos, dessa maneira os participantes deveriam ser professores do componente curricular Educação Física que ministrassem aulas para turmas de 6º e/ ou 7º ano, que fossem efetivos no cargo e que demonstrassem interesse em participar do estudo.

Em conversas com outros docentes de Educação Física e em algumas participações em congressos da área, estabeleceu-se contatos com cerca de dez professores da Educação Básica, dentre eles chegou-se a cinco professores que se enquadraram nos critérios adotados e demonstraram disponibilidade em participar da pesquisa. Todos os participantes integram a Diretoria de Ensino de Limeira (SP), sendo que quatro professores trabalham nesse mesmo município e um deles trabalha na cidade de Rio Claro (SP).

Na segunda fase da pesquisa optou-se por uma investigação de caráter exploratório. Ludke e André (1986) indicam que a fase exploratória de um estudo é caracterizada por um delineamento mais claro da pesquisa, nos quais questões essenciais e pontos críticos podem ser explicitados, repensados ou abandonados.

Nessa fase da investigação os professores realizaram a leitura e análise do livro didático de basquetebol e em seguida foram entrevistados individualmente. Para apreensão dos dados utilizou-se entrevista semi-estruturada que permitiu partir de um roteiro básico de questões, aprofundando e esclarecendo as informações que se julgou necessário, ou seja, caso as respostas fossem insuficientes aos propósitos do estudo o pesquisador pode explorar melhor as questões com a intenção de obter informações mais detalhadas.

Nossa intenção com o roteiro de questões foi avaliar a aplicabilidade do livro didático de basquetebol, investigando como o professor visualiza esse material em sua prática pedagógica.

Abaixo segue o roteiro de questões utilizado como suporte às entrevistas.

1- Quais foram suas impressões iniciais sobre o livro didático de basquetebol? 2- Quando você vai dar aulas de esporte na escola, você utiliza algum livro? Qual? 3- Você sente a necessidade de algum material prévio ou utiliza outros recursos para planejar, aplicar e avaliar as aulas? 4- Em sua opinião, o livro didático de basquetebol poderia dificultar seu trabalho? De que forma? 5- Em sua opinião, o livro didático de basquetebol poderia colaborar com seu trabalho? De que forma? 6- Como você utilizaria o livro didático de basquetebol? 7- Qual das atividades você considerou mais interessante? Por quê? 8- Qual das atividades você não usaria? Por quê? 9- O que você achou do encadeamento dos temas e das atividades dentro dos temas? 10- Como você acha que pode ser as respostas dos alunos frente ao livro?

Válido ressaltar que a entrevista representa um dos instrumentos básicos para coleta de dados na pesquisa qualitativa. Para Ludke e André (1986) a boa entrevista exige alguns cuidados do entrevistador, em primeiro lugar a garantia de sigilo e respeito pelos entrevistados. Importante também, criar um ambiente de confiança, sendo capaz de estimular o fluxo natural de informações e manter-se atento para ouvir com paciência. Alertam ainda, para importância de registrar as expressões orais com gravações diretas e anotações de expressões não verbais, tais como, entonações, hesitações, alterações de ritmo, entre outros aspectos.

No primeiro contato com o instrumento de coleta de dados realizou-se, com uma professora colaboradora, uma entrevista "piloto" com a intenção exclusiva de testar o instrumento de coleta, tentando identificar a clareza na exposição dos objetivos do estudo, além de afastar possíveis inadequações quanto ao roteiro básico de questões.

Esse estudo foi desenvolvido com o consentimento dos indivíduos envolvidos e para tanto os participantes foram esclarecidos sobre os riscos e o direito de desistir a qualquer momento. Além disso, obteve-se a aprovação de seus propósitos e procedimentos por parte do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Biociências da UNESP de Rio Claro (CEP nº 34/2009, protocolo nº 4701).

Resultados e Discussão

Na parte inicial, mais especificamente nos dois primeiros itens, apresentou-se o resultado final da primeira etapa da pesquisa que foi a elaboração do livro didático de basquetebol e na sequência procedeu-se aos resultados obtidos a partir das entrevistas com os professores.

O livro didático de basquetebol

Para avaliar a visão dos professores quanto ao livro didático em aulas de Educação Física seria necessário selecionar algum material com essas características.

Optou-se pela elaboração de um material específico para a presente pesquisa, chegando assim a um livro didático de basquetebol destinado ao professor e ao aluno do 6º e 7º ano do Ensino Fundamental.

A opção por esse nível de ensino foi por considerar que boa parte dos professores de Educação Física inicia o ensino dos esportes a partir dessa faixa etária.

A escolha pelo basquetebol se deu por conta de nossas experiências como professores desse esporte na iniciação e também na universidade, fato que nos garantiu apenas a princípio certa convicção na seleção e escolha dos conteúdos, já que não existia estudo que nos desse suporte a organização do livro didático.

Nesse sentido, o processo de elaboração do livro didático de basquetebol foi bastante inquietante, pois foi necessário fazer escolhas, já que não se obteve na literatura respostas a questionamentos importantes na estruturação de um livro didático, como por exemplo: O que o aluno, ao longo dos anos de escolarização, deve saber sobre basquetebol? Ou mesmo, o que é essencial o aluno do 6º ou 7º ano saber sobre basquetebol?

Apesar das dúvidas, após algumas reflexões pautadas em experiências, estudos e leituras chegou-se à seguinte configuração do livro didático de basquetebol.

Primeiramente, elencou-se quatro grandes temas (Tabela 1): "Basquetebol: compreendendo o jogo", "Basquetebol e suas transformações", "Basquetebol: a dinâmica do jogo e os fundamentos básicos" e "Basquetebol e Diversidade". Dentro de cada tema desenvolveu-se alguns sub-temas com intenção de detalhar e aprofundar os temas centrais.

Nos primeiros sub-temas preocupou-se em apresentar o esporte aos alunos de modo que se familiarizassem com os espaços de prática, as regras e com a dinâmica do jogo, nesse sentido propôs-se os seguintes temas: "Os espaços do basquetebol", "A dinâmica do jogo" e "As regras do jogo".

A maior preocupação, no primeiro tema, era que o aluno se identificasse com o basquetebol, ou seja, tivesse prazer em conhecer e vivenciar o esporte, afastando possibilidades de repudiar ou resistir à sua prática logo no início das aulas. No segundo grande tema explorou-se dois sub-temas relacionados à história do basquetebol tratando de sua criação e de algumas transformações, são eles: "Os primórdios do basquetebol" e "Transformações do jogo".

A história do basquetebol foi colocada como um segundo tema, já que em um primeiro contato com o esporte talvez houvesse dificuldades com a aceitação desse conteúdo. Isso não quer dizer que a história do basquetebol seja um assunto menos importante, de fato acredita-se na relevância de contextualizar a criação e as transformações pelas quais passou o basquetebol ao longo do tempo.

Após o conhecimento dos aspectos elementares do jogo, bem como da atribuição de sentido aos aspectos históricos, considerou-se oportuno aprofundar os conhecimentos específicos do jogo, nesse sentido chegou-se a um terceiro tema no qual o aluno pudesse se aprimorar no conhecimento e vivência do esporte, para tanto se elaborou dois sub-temas: "Do jogo ao esporte" e "Aprimorando o jogo".

Finalizando a proposta, deu-se maior ênfase ao tema da diversidade no basquetebol, atentando para dois grupos sociais que enfrentam certas dificuldades de acesso ao esporte, dentre eles, destacou-se dois sub-temas: "Basquetebol sobre cadeira de rodas" e "Mulheres no basquetebol".

Nesse momento o leitor deve estar refletindo sobre uma série de temáticas que poderia fazer parte do livro didático, mas que foram desconsideradas na presente proposta, um exemplo bastante evidente é ausência do basquete de rua (street basketball) e a discussão da importância dos negros na consolidação desse estilo de jogar basquetebol.

Na verdade, ao longo do planejamento e construção do livro didático de basquetebol optou-se por determinados temas que se considerou importante em uma primeira aproximação com o esporte, por outro lado, para que o material não ficasse muito extenso alguns temas significativos deixaram de ser explorados.

Ainda sim, é importante esclarecer que a presente proposta é apenas uma entre várias possíveis, em nenhum momento houve a pretensão de considerá-la um modelo a ser seguido, mesmo porque existem outros princípios que podem influir na escolha e seleção dos conteúdos vide as indicações de Soares et al. (1992), tais como a relevância social, a contemporaneidade, provisoriedade do conhecimento, entre outros princípios.

A descrição dos conteúdos que foram selecionados para o livro didático de basquetebol facilita o entendimento da concepção de Educação Física expressa no material, contudo para uma compreensão mais detalhada parece relevante acrescentar o exemplo de um sub-tema.

Livro didático de basquetebol: o exemplo de um tema

O tema descrito abaixo compõe o livro didático do professor.

Tema 4 - Basquetebol e Diversidade

Sub-tema 1 - Basquetebol em cadeira de rodas

Objetivo do tema

Apresentar aos alunos o basquetebol sobre rodas, bem como vivenciar algumas limitações enfrentadas pelos jogadores dessa modalidade.

Curiosidade

O basquetebol sobre rodas foi a primeira modalidade Para-Olímpica a ser praticada no Brasil, sua introdução deu-se por volta de 1957.

Atividade1 – Jogando Sentado.

Objetivo do Jogo

Simular as dificuldades enfrentadas pelos jogadores do basquetebol em cadeira de rodas.

Procedimento e divisão das equipes

O grupo deve ser dividido em duas equipes de 10 pessoas, sendo que metade da equipe permanece em pé e metade deve posicionar sentada em alguma região da quadra.

Regras

1- Os jogadores que estão em pé podem dar no máximo dois dribles com a bola, mas não poderão se deslocar sem a sua posse.

2- Os jogadores sentados podem se deslocar com o auxílio dos braços e pernas (arrastando) quando estiverem sem a bola, mas quando a recebem não poderão se deslocar com sua posse, assim devem realizar o passe ou o arremesso.

3- Só é permitido o arremesso aos alunos que estiverem sentados.

Variação do Jogo

Todos os alunos jogando sentados

Discussão da Atividade

Questão 1: Quais foram as limitações enfrentadas durante o jogo? Essas limitações são semelhantes as que os cadeirantes enfrentam?

Questão 2: No basquetebol sobre cadeira de rodas a cesta é mantida a 3,05 metros do chão, assim como, no basquetebol convencional. Quais foram as dificuldades encontradas no movimento de arremesso sentado? Imagine você em uma cadeira de rodas em movimento, o arremesso seria mais fácil ou mais difícil de ser executado?

Questão 3: Inúmeras pessoas com traumas medulares desejam praticar o basquetebol sobre rodas, mas poucas pessoas têm acesso a essa prática. Enumere algumas dificuldades enfrentadas pelas pessoas que desejam realizar essa modalidade.

Observação da discussão: As dificuldades encontradas pelos jogadores dessa modalidade vão do acesso a quadras com adaptações dos espaços ao acesso de materiais adaptados como as cadeiras de rodas que chegam a custar R$ 4,000,00 reais e necessitam de manutenção constante.

Questão: Quais medidas poderiam ser tomadas para facilitar o acesso de cadeirantes à prática do basquetebol sobre rodas?

Atividade 3 – Conhecendo Outros Esportes em Cadeira de Rodas?

Objetivo da atividade

Associar o nome do esporte sobre cadeira de rodas com sua respectiva imagem.

1- Basquetebol em Cadeira de Rodas

2- Tênis em Cadeira de Rodas

3- Tênis de Mesa em Cadeira de Rodas

4- Atletismo em Cadeira de Rodas

5- Esgrima em Cadeira de Rodas

Sub-tema 2 - Mulheres no basquetebol

Objetivo do tema

Outro assunto que não poderíamos deixar em branco quando o tema é o basquetebol é a discussão sobre o espaço ocupado pelas mulheres.

Texto para o professor

Basquetebol: o espaço das mulheres

As mulheres que se aventuram pela prática do basquetebol não enfrentam apenas as dificuldades próprias do jogo, além disso, enfrentam também o preconceito.

O basquetebol é bastante difundido entre os homens, fato que imprime nesse esporte características da cultura masculina, conduzindo a uma falsa impressão de que é eminentemente masculino. É comum ouvir comentários de que os movimentos do basquetebol são muito masculinizados, discurso bastante comum entre aqueles que só assistem jogos masculinos.

Com isso, as mulheres que ignoram tal entendimento reducionista do esporte enfrentam barreiras como críticas à forma de jogar e mais grave ainda as meninas sofrem comentários quanto a orientação sexual.

Todos esses fatores colaboram na configuração de uma realidade que dificulta a difusão do basquetebol feminino.

Em primeiro lugar as meninas não são encorajadas a praticar e a conhecer o esporte, existindo poucas categorias de base formadas exclusivamente por meninas. Outro agravante é o baixo incentivo aos campeonatos femininos, deixados em segundo plano obtendo pouca atenção da mídia e investimentos insuficiente a sua divulgação.

Mesmo nessas condições o basquetebol feminino brasileiro reina entre os quatro melhores do mundo, tendo ficado em 4º lugar no último Mundial (Brasil, 2006) e 4º lugar na última Olimpíada (Atenas, 2004)

Curiosidade

No Pan-Americano de Havana (Cuba, 1991) a seleção brasileira feminina chegou a final do torneio e enfrentou as donas da casa que haviam ganhado brilhantemente da seleção americana na semifinal. Na véspera do jogo, Fidel Castro tentou desestabilizar a equipe brasileira dizendo que sabia como marcar as jogadoras Paula e Hortência. No dia da partida Fidel compareceu ao ginásio e disse a seguinte frase à técnica brasileira Maria Helena Cardoso: "Lo siento, pero hoy aquí gana Cuba.". Apesar da pressão psicológica do ditador Cubano, as atletas brasileiras venceram por 97 a 76.

Atividade 1 – Livro: "Saudades do Basquete"

Objetivo da atividade

Tentando discutir um pouco esse assunto com os alunos, apresentaremos um pequeno resumo do livro de Thalia Kalkipsakis intitulado "Saudades do Basquete". Livro sobre a história de uma garota que abandona o basquetebol após ser chamada de menino.

Procedimento da atividade

A leitura do livro juntamente com os alunos é uma experiência rica para discussões, mas caso isso não seja possível leia um resumo e posteriormente apresente algumas questões.

Discussão da atividade

Questão: Vocês conhecem alguma história parecida com a de Angie? Seus pais permitem vocês participarem de qualquer atividade? Por exemplo, as meninas jogarem futebol e os meninos praticarem a dança.

Questão: A menina que joga basquetebol deixa de ser menina? E o menino que dança deixa de ser menino?

Questão: O esporte tem o poder de mudar a orientação sexual das pessoas?

O livro didático de basquetebol: a visão dos professores

Na realização das entrevistas, partiu-se do roteiro básico de questões o que permitiu aos professores expressar opiniões, ideias, e questionamentos sobre o livro didático de basquetebol. Para análise dos dados descritos abaixo, realizou-se o cruzamento das informações obtidas nas entrevistas e os dados da revisão da literatura. A partir desse cruzamento foi possível delinear categorias que representam os temas significativos e recorrentes nas falas dos professores. Dentre as categorias, destaca-se: a necessidade de livros didáticos no cotidiano escolar e limitações e vantagens do livro didático de basquetebol.

A necessidade de livros didáticos no cotidiano escolar

Identificou-se no decorrer das entrevistas que os professores utilizam poucos livros para planejar suas aulas e estabelecem uma relação bastante crítica quanto à necessidade de livros didáticos no cotidiano pedagógico.

Quando questionados sobre a utilização de materiais prévios para o planejamento das aulas, percebe-se que na maioria dos casos, há pouca preocupação ou pouca tradição no encaminhamento dessa tarefa com o apoio de livros. Dos cinco professores entrevistados quatro apresentaram pouquíssimos livros que lhes dão suporte ao ministrarem as aulas e apontam recorrer, principalmente, à internet e a experiência de outros colegas.

Apenas um dos professores aponta convicção quanto à utilização de livros para planejar suas aulas, no sentido de compreender essa realidade é possível levantar algumas hipóteses. Primeiramente, devido ao número reduzido de livros que se aproximam das necessidades reais dos professores, já que a maioria deles, publicados na área, não são produzidos com finalidades didáticas. Uma segunda hipótese, que os professores não têm tempo suficiente para estudar e planejar. Ou ainda, que as aulas dos professores estejam baseadas em suas experiências anteriores, nesse sentido reproduzem e adaptam aquilo que aprenderam ou vivenciaram com outros professores, quando ainda eram alunos.

Tardif e Raymond (2000) estudiosos dos saberes profissionais dos professores, mais especificamente, os saberes mobilizados e empregados na prática cotidiana, podem colaborar para o entendimento dessa realidade. Na compreensão dos autores o termo "saber" em sentido amplo engloba os conhecimentos, as competências, as habilidades e as atitudes dos docentes. Afirmam com propriedade que o saber profissional dos professores está na confluência entre várias fontes de saberes provenientes da história de vida individual, da sociedade, da instituição escolar, dos outros atores educativos, dos lugares da formação etc. A idéia defendida pelos autores é de que a prática profissional dos professores é bastante influenciada por saberes oriundos da socialização anterior à preparação profissional formal.

Quanto a esse assunto afirmam: "[...] uma boa parte do que os professores sabem sobre o ensino, sobre os papéis do professor e sobre como ensinar provém de sua própria história de vida, principalmente de sua socialização enquanto alunos" (TARDIF e RAYMOND, p. 216, 2000).

Mas como fica o livro didático na configuração dos saberes profissionais? Se considerarmos apenas as influências dos saberes pré-profissionais na construção do saber-ensinar dos professores, provavelmente, o papel do livro didático será bastante limitado no processo de aprendizagem e incorporação dos saberes profissionais, uma vez que livros didáticos de Educação Física não foram utilizados nas aulas dos atuais professores. Mas Tardif e Raymond (2000) indicam que as experiências de trabalho também poderão ser responsáveis na construção dos saberes dos professores. Assim, é possível incluir o estudo, a leitura e a utilização do livro didático pelo professor em seu cotidiano.

Quanto a isso parece imprescindível considerar o uso das novas tecnologias, em especial a utilização de sites na internet que disponibilizam materiais didáticos on-line para os professores. A Secretaria Estadual do Paraná, por exemplo, disponibiliza publicamente conteúdos interativos sobre diferentes temas da Educação Física.

De fato, compreender os motivos que justificam o uso reduzido de livros para planejamento das aulas não é tarefa fácil, mas em algumas falas dos professores é possível perceber que a ausência de materiais adequados à realidade escolar é uma das justificativas. Três professores afirmam sentir falta de um material mais organizado, mais próximo da realidade das aulas e que seja adequado às necessidades do trabalho docente, tais como uma linguagem mais apropriada a compreensão dos alunos, de fácil manuseio, nas palavras dos professores um material mais prático.

[...] sinto a necessidade de livros mais práticos, de sites direcionados, em que haja um grupo de pesquisadores e pessoas que apresentem atividades para que eu entre no site e possa ter uma fonte de idéias para poder adaptar. Sinto falta de um material mais organizado. (Professor 4)

Ainda sobre a necessidade do livro didático o Professor 3 acha importante possuir e utilizar materiais para planejar suas aulas, mas em seu entendimento o uso de materiais para suprir lacunas no planejamento não é algo vital.

[...] eu vejo que é muito importante você ter um material de apoio, livro didático, uma reportagem, um livro de regras, vejo isso como necessário. Mas é vital? Não acredito que seja vital, mas ajudaria muito. Como disse em minha fala inicial muitos professores dependem disso hoje. (Professor 3).

O Professor 1, por exemplo, considera que a necessidade de materiais para planejamento existe, mas o que considera realmente essencial é o estudo e as trocas entre professores. "Eu sinto muita necessidade de troca entre os professores, tais como as orientações técnicas da Diretoria, com reuniões e discussões" (Professor 1).

Concluindo sua leitura sobre as necessidades do trabalho docente o Professor 1 afirma que o que realmente falta é estudo, representado principalmente, nas oportunidades de compartilhar o trabalho escolar, conhecer outras experiências e participar de eventos científicos.

Percebemos na fala dos professores que a possibilidade de disponibilizar materiais com finalidades didáticas é algo que pode colaborar com o trabalho docente, entretanto, um deles salienta que não se trata de uma necessidade vital, ou seja, o material de fato ajudaria, mas sua ausência não traz grandes prejuízos à prática docente. E por fim, o professor 1 afirma que mais do que materiais didáticos os professores necessitam de oportunidades de estudar e compartilhar experiências.

Cassab e Martins (2008) analisando os critérios adotados para seleção e escolha do livro didático de ciências, identificam professores submetidos, controlados pelo livro didático, mas percebem também aqueles que problematizam a importância desses materiais e demonstram não estarem subjugados ao livro.

O mesmo parece acontecer com os professores de Educação Física analisados, já que não estabelecem uma relação passiva frente ao livro didático de basquetebol, ao contrário, analisam esse material rigorosamente levando em conta seu cotidiano escolar e as exigências do trabalho docente. Da mesma forma, apesar das críticas, os professores não se colocam radicalmente contra o livro didático.

Limitações e vantagens do livro didático de basquetebol

Ao longo das conversas e discussões os professores apontaram aspectos positivos e negativos do livro didático de basquetebol e de que forma o livro didático poderia colaborar e/ou dificultar o trabalho docente.

O primeiro aspecto negativo apontado pela maioria dos professores foi o grande volume de discussões propostas no livro didático de basquetebol. Três professores consideraram que existe um número elevado de debates ao longo dos temas e que seria muito trabalhoso desenvolvê-los. Acreditam ser muito difícil realizar tanta discussão, primeiro porque o tempo de aula é muito restrito e os alunos têm expectativas em realizar a prática e em segundo lugar apontam o problema da indisciplina, além de destacar a tradição do "saber fazer" da área como um agravante.

Fiquei bastante preocupado com o excesso de debate, é desgastante. O ano passado eu tinha 16 salas e fazer isso com todas elas compensa, mas pode ser que o professor não aguente ao longo do processo. Por que a discussão gera muitos conflitos, é preciso brigar com os alunos para realizar. (Professor 1).

Um dos professores também reclama do volume de discussões, mas aponta como alternativa o desenvolvimento das discussões na parte inicial das aulas.

O que eu acho que não funciona muito são as discussões após as práticas, isso porque eles estão muito excitados, o tempo de aula é curto, além do fato de que eles se irritam com a interrupção da prática. A euforia que a prática proporciona dificulta a concentração e a atenção na atividade de discussão (Professor 4).

Pensar um livro didático para Educação Física exige também considerar a tradição de conteúdos que acompanha a realidade desse componente curricular. Assim como apresentam Darido e Rangel (2005), a Educação Física na escola priorizou ao longo da história os conteúdos em sua dimensão procedimental, o "saber fazer" e não o saber sobre a cultura corporal e como se relacionar no âmbito dessa cultura.

Em pesquisa com sete professores de Educação Física com pós-graduação, Darido (2003) identificou que apesar dos professores mencionarem a importância dos conhecimentos teóricos (conteúdos com predominância conceitual) no desenvolvimento das aulas, pouco foi observado pela pesquisadora.

Assim como apresenta Darido (2003), compreende-se as dificuldades dos professores no encaminhamento das discussões propostas pelo livro didático de basquetebol, mas não poderíamos deixar de apresentá-las sob pena de nos tornarmos reféns da tradição, mesmo porque uma das funções do livro didático de basquetebol é oferecer subsídios aos professores no desenvolvimento de conceitos, procedimentos e atitudes.

Nesse sentido, apresentou-se no livro didático de basquetebol diversas opções de vivências, práticas e discussões, mas a escolha por uma ou outra forma de abordar o conteúdo é decisão exclusiva do professor frente aos problemas enfrentados.

Em relação às dificuldades que o livro didático de basquetebol poderia proporcionar ao trabalho docente os professores foram unânimes em destacar que se ele tivesse que ser seguido na íntegra, do início ao fim, sem adaptações, isso caracterizaria uma grande limitação.

"Se eu tivesse que seguir aula por aula sim. Mas sabendo que posso adaptar e descartar o que quiser, acho que me ajudaria" (Professor 4).

Ladeira et al. (2008), em pesquisa sobre a nova proposta curricular e os livros didáticos da rede pública estadual paulista, identificaram reclamações semelhantes as que identificou-se no presente estudo.

Os 16 professores entrevistados apresentaram críticas quanto a política de execução da proposta. No relato de alguns deles não houve uma capacitação prévia para utilização dos livros didáticos e há por parte da coordenação pedagógica das escolas uma cobrança pela aplicação irrestrita do material (LADEIRA et al., 2008).

Na presente pesquisa compreende-se o livro didático como um material curricular flexível, aberto às decisões do professor. Evidentemente, apresenta uma sequência de temas e atividades, mas diferente das conhecidas apostilas esse é um material que deve permitir a escolha, a adaptação, o descarte etc. A concepção de livro didático, de forma alguma, atende a definição de material fechado e de sequência rígida, na verdade trata-se de um instrumento auxiliar do trabalho docente e da aprendizagem dos alunos e não um referencial único.

O professor 3 destaca que em sua realidade o livro didático não traria nenhuma dificuldade, mas pontua que ao professor acostumado a não planejar as aulas, sem o hábito de realizar leituras e desatualizado quanto à concepção de Educação Física proposta no livro didático de basquetebol, esse sim teria dificuldades em aceitar e também em utilizar o livro. Na compreensão do Professor 3 o livro didático de basquetebol pode se tornar um empecilho ao trabalho do professor acomodado, já que os alunos podem questioná-lo sobre o que está sendo ensinado. No caso do professor "rola bola", isso realmente pode acontecer, já que os alunos poderão confrontar o conteúdo do livro didático com o conteúdo das aulas.

Ainda sobre aspectos negativos do livro didático, o Professor 1 faz um questionamento relacionando o livro didático de basquetebol com as condições de trabalho na escola.

[...] o livro não é ruim. Ele sofre o mesmo problema, da apostila do Estado. O que está ruim é a escola, é a situação de debate na escola. Eu tenho 40 alunos por turma e duas aulas por semana, como eles sabem que tem super pouco espaço para prática eles não aceitam o uso do tempo de outra forma. Não é ruim ele aprender sobre a história do basquete, sobre as curiosidades. A dificuldade está na escola e não no livro, na estrutura da escola, no número de aluno, na falta de materiais (Professor 1).

É possível depreender da fala do Professor 1 a existência de problemas urgentes no cotidiano escolar, tais como, a número excessivo de alunos por turma, a indisciplina, a falta de apoio da direção, a pouca integração entre os professores, aspectos que dificultam o desenvolvimento das aulas e obviamente a utilização do livro didático.

Concorda-se com o professor no sentido de apontar as limitações do livro didático frente a uma realidade tão conturbada, mesmo assim, sem deixar de considerar os problemas enumerados acreditamos no potencial de colaboração do livro didático, mesmo em uma realidade tão complexa.

De fato, melhorar as condições de trabalho na escola exige medidas e soluções plurais, que vão da formação inicial às políticas públicas de incentivo à docência. Consideramos o livro didático uma dessas possibilidades e não a única, sendo assim, um material com função específica de auxiliar o docente e o aluno no processo de ensino aprendizagem.

No que diz respeito aos aspectos positivos do livro didático de basquetebol, os professores apresentam inúmeras vantagens que esse material poderia proporcionar ao trabalho docente.

Os professores acreditam que o livro didático pode ser um instrumento para guiar o trabalho, já que apresenta o conteúdo de forma organizada, independentemente da concepção adotada, demonstra uma sequência que pode ajudar na condução do trabalho.

O Professor 1 destaca que apesar de conhecer o basquetebol e há bastante tempo trabalhar com esse conteúdo, ainda tem uma série de dúvidas e que encontrou no livro didático uma fonte de atualização de conceitos e também de procedimentos pedagógicos.

Mas sabe que muita coisa eu tenho dúvida com relação as regras, até mesmo as informações relativas à história. Eu não fiz basquete na Universidade, mas jogo e assisto e além disso eu gosto. O material pode ajudar bastante nas atualizações das informações sobre o esporte (Professor 1).

Evidencia-se na fala do Professor 1 a possibilidade do livro didático ser uma fonte privilegiada de atualização do professor, mas para que cumpra tal função o livro didático necessitará de uma revisão periódica, no sentido de adequá-lo as transformações do esporte e do conhecimento que gira em torno do seu ensino-aprendizagem.

Ainda sobre a possibilidade de o livro didático ser uma fonte de atualização, na análise do Professor 3 o material desempenharia um papel fundamental frente aos professores desatualizados. Para ele um livro didático, afinado às atuais propostas de Educação Física que fogem ao modelo tradicional, é um instrumento importante na transformação de professores formados em uma perspectiva esportivista.

Apesar de bastante discutível, se o livro didático basquetebol seria realmente capaz de transformar práticas pedagógicas já sedimentadas, quem sabe os livros didáticos pudessem causar, ao menos, a curiosidade, o interesse, o desconforto, o incômodo, um primeiro passo em direção à mudança.

O Professor 4 apresenta uma vantagem ligada a possibilidade de utilizar o livro didático de basquetebol com os alunos. Em sua opinião ter disponíveis textos e imagens a todos os alunos é algo que permite até a avaliação conceitual de determinados conteúdos. "Me ajudaria até a ter um material pronto para os alunos colocarem no caderno, o que me possibilitaria fazer uma avaliação em relação às regras" (Professor 4).

Cassab e Martins (2008) investigando os significados atribuídos por professores de ciências na escolha do livro didático apontam que o imaginário desses docentes sobre as características de seus alunos é um aspecto bastante relevante na seleção e escolha do livro didático. Os professores, considerando seus alunos carentes de certas habilidades, adotam como critérios de seleção do livro didático a linguagem e os aspectos visuais veiculados nesses materiais.

O mesmo parece acontecer com os professores participantes de nosso estudo, já que em inúmeros momentos da entrevista fazem menção às características de seus alunos para avaliar o livro didático de basquetebol. "Pensando nos meus alunos acho que eles gostariam muito. Acho que eles gostariam mais de trabalhar com o livro, do que eu passando as informações sem disponibilizar do livro" (Professor 5).

Os professores também vislumbram pontos positivos relacionados aos aspectos mais gerais de um livro didático, elencam vantagens que extrapolam a especificidade do livro didático de basquetebol, mas que seriam comuns a qualquer livro didático.

O professor 4, por exemplo, discutindo suas impressões na leitura do livro didático de basquetebol expressa que em sua escola, somente ele ministra aulas de Educação Física e em diversos momentos se sente perdido por não ter outro professor da área para compartilhar e discutir o trabalho. Quando teve a oportunidade de ler o livro didático de basquetebol percebeu a possibilidade de avaliar seu próprio trabalho, no sentido de que o que ele faz também vem sendo feito por outras pessoas, como se isso indicasse que o trabalho está no caminho certo.

Essa indagação do Professor 4 sobre a avaliação de sua prática, nos faz recorrer às propostas de Schon (1995) para a formação de professores como profissionais reflexivos. Na compreensão do autor o professor aprende fazendo e refletindo sobre suas ações práticas. Para tanto propõe três momentos distintos: o conhecimento na ação; a reflexão na ação; e a reflexão sobre a ação. No que diz respeito à reflexão sobre a ação Rangel et al. (2005) afirmam que esse momento ocorre após a aula, quando o professor passa a refletir sobre os acontecimentos da aula, suas decisões, o que deu certo, o que deu errado, o que precisa ser repensado etc.

Podemos assim considerar o livro didático de basquetebol como um elemento a colaborar com a reflexão sobre as ações do Professor 4. E por que não vislumbrar a possibilidade do livro didático ser utilizado no conhecimento da ação e na reflexão na ação, auxiliando o professor na tarefa de ressignificar sua prática.

Nesse sentido, entende-se que o professor preparado para trabalhar com o livro didático tem condições claras de identificar possíveis incoerências do material, podendo com isso modificar a forma de abordagem ou mesmo descartar seu uso. Ou de outro modo, se compreendem ou vislumbram boas idéias, podem utilizá-las em suas aulas.

Considerações Finais

O estudo e discussão do livro didático no campo da Educação, ainda é assunto bastante polêmico, nesse sentido, identificamos posturas contrárias ao seu uso em situações de ensino-aprendizagem na escola (SILVA, 1988; 1996) e posturas a favor do uso e estudo mais aprofundado do livro didático no ambiente escolar (LAJOLO, 1996; ZABALA, 1998; BATISTA, 2000; MUNAKATA, 2000; 2003; BITTENCOURT, 2004; CHOPPIN, 2004).

Na análise de Bittencourt (2004), apesar das inúmeras críticas que podem ser endereçadas ao livro didático, ele vem sendo considerado um instrumento indispensável ao processo de escolarização.

Um primeiro aspecto interessante da avaliação do livro didático de basquetebol por parte dos professores foi à identificação e aceitação do material, os professores demonstraram interesse pela possibilidade de possuir um livro didático de apoio ao trabalho docente e enumeraram uma série de vantagens e desvantagens de sua utilização.

Apontam, por exemplo, que o livro didático pode colaborar com a condução das aulas, já que possui uma sequência organizada de conteúdos. A possibilidade de atualização dos professores defasados e o aprofundamento de conceitos e procedimentos pedagógicos por aqueles que compreendem a proposta é mais um ponto positivo. Apontam como aspecto relevante as possibilidades do livro didático destinado ao aluno, material que por possuir imagens, textos e exercícios pode ser amplamente utilizado. Por fim, indicam ainda a possibilidade do livro didático apresentar-se como um elemento a compor a prática reflexiva do professor.

Por outro lado, consideram como desvantagem ou aspecto que pode dificultar a utilização do livro didático de basquetebol o elevado volume de discussões e debates propostos. Indicam a desvantagem que o material poderia trazer se não permitisse a adaptação, ou seja, um livro didático fechado dificultaria o trabalho docente. Apontam ainda, que o livro didático é um empecilho ao professor acomodado. Por fim, demonstram dificuldades de utilização do livro didático em um contexto conturbado, marcado pela falta de apoio e a indisciplina dos alunos.

Interessante perceber, como é complexa a avaliação e relação que os professores estabelecem com o livro didático, o que fica evidente, em nossa análise, é que em hipótese alguma os professores demonstram passividade frente ao material, apesar de se identificarem com ele não o compreendem como um material ideal ou perfeito.

Ao contrário, são bastante críticos em relação às vantagens e desvantagens que o livro pode proporcionar em suas práticas pedagógicas.

A prática pedagógica em Educação Física vem exigindo dos professores um trabalho cada vez mais intenso de estudo e pesquisa sobre as novas propostas para esse componente curricular, dentre elas, destacamos a diversificação dos conteúdos, o desenvolvimento de conteúdos conceituais e atitudinais, a co-educação, os temas transversais, o planejamento participativo, a construção do projeto político pedagógico, entre outras propostas.

Por outro lado, os professores interessado nesse tipo de trabalho não encontram materiais didáticos adequados a suas realidades, nesse sentido, apontamos o livro didático como uma das possibilidades de contribuir com o trabalho dos professores, bem como, com as aprendizagens dos alunos e com a melhoria na qualidade das aulas de Educação Física na escola.

Recebido em: 2 de fevereiro de 2010.

Aceito em: 15 de setembro de 2010.

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  • Endereço:

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    Franca SP Brasil 14403-274
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    e-mail:
  • 1
    Consideramos tendências renovadoras aquelas propostas que tentaram superar a visão biológica da Educação Física na escola, viabilizando novos olhares para a área, tais como a crítico-emanciapatório de Elenor Kunz, a cultural de Jocimar Daólio, a crítico-superador de Soares et al. e a sistêmico/fenomenológica de Mauro Betti, assim como propõe
    Bracht (1999) e
    Darido (2003).
  • 2
    Bracht (1986),
    Betti (1994) e
    Darido e Rangel (2005) são exemplos de autores que estabelecem discussões sobre a importância das aulas de Educação Física não se pautarem apenas no substrato corporal, mas em conjunto com essa dimensão tratar de forma intencional as informações e os conhecimentos inerentes às práticas corporais.
  • 3
    Trata-se de um grupo de pesquisa que passou a organizar a produção do livro didático no Brasil, mais especificamente na Biblioteca da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.
  • 4
  • 5
  • 6
  • 7
    Em levantamento realizado pelo Jornal Estado de São Paulo (13/04/2008) cerca de 150 municípios do estado de São Paulo adotaram os sistemas particulares de ensino na Educação Infantil e Ensino Fundamental. No Brasil são 300 os municípios incluídos nessa estatística, sendo 690 mil alunos de escolas públicas utilizando os materiais, os quais são obtidos por meio de recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      12 Maio 2011
    • Data do Fascículo
      Mar 2011

    Histórico

    • Recebido
      02 Fev 2010
    • Aceito
      15 Set 2010
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