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A influência do sistema de avaliação Qualis na produção de conhecimento científico: algumas reflexões sobre a Educação Física

Qualis system influence on the production of scientific knowledge: some reflections on Physical Education

Resumos

Nosso objetivo foi analisar os principais pontos de debates sobre o impacto do sistema de avaliação da pós-graduação na produção intelectual em Educação Física a partir de artigos disseminados em periódicos da área entre 2006 e 2009. Adotamos a abordagem qualitativa, especificamente a análise documental de artigos publicados nos últimos três anos. Analisamos o conteúdo de sete artigos em duas categorias de análise: (a) aspectos do sistema de avaliação Qualis e (b) reflexões sobre a influência deste sistema de avaliação na produção de conhecimento em Educação Física. Consideramos que os critérios utilizados para avaliar a produção científica na Educação Física precisam considerar a utilização de diferentes referenciais teórico-metodológicos, implicando a necessidade de se reconhecer que a disseminação do conhecimento produzido poderá ser realizada em veículos de comunicação diferentes.

Qualis; Produção de conhecimento; Educação Física


Our purpose was to analyze the main debate points on the impact of the post-graduation evaluation system on the intellectual output in Physical Education, based on articles available in periodicals of the area between 2006 and 2009. The qualitative approach was adopted, specifically the documental analysis of articles published in the last three years. The content of seven articles was analyzed in two categories: (a) Qualis-CAPES evaluation system aspects and (b) reflections on the influence of this evaluation system on the production of knowledge in Physical Education. It was observed that the criteria used for evaluating the scientific output in Physical Education need to consider the use of different theoretical-methodological frameworks, which implies the necessity of admitting that the dissemination of the produced knowledge can be carried out in different communication media.

Qualis; Knowledge production; Physical Education


ARTIGO ORIGINAL

A influência do sistema de avaliação Qualis na produção de conhecimento científico: algumas reflexões sobre a Educação Física1 1 Agradecemos a colaboração do aluno Felipe Nakamura, Iniciação Científica da Fundação Araucária, pela leitura e sugestões para o artigo.

Qualis system influence on the production of scientific knowledge: some reflections on Physical Education

Camila MarchlewskiI; Priscilla Maia da SilvaII; Jeane Barcelos SorianoIII

ICentro de Educação Física e Esporte da UEL, PIBIC/CNPq-UEL, Londrina, PR, Brasil

IIMestre do PPG Associado em Educação Física UEL-UEM, Londrina, PR, Brasil

IIIDEF do Centro de Educação Física e Esporte e Coordenadora do GEIPEF da UEL, Londrina, PR, Brasil

Endereço Endereço: Jeane Barcelos Soriano Centro de Educação Física e Esporte - UEL Caixa Postal 6001 Londrina PR Brasil 86051-990 Telefone: (43) 3371.4238 E-mail: soriano@sercomtel.com.br jeane@uel.br

RESUMO

Nosso objetivo foi analisar os principais pontos de debates sobre o impacto do sistema de avaliação da pós-graduação na produção intelectual em Educação Física a partir de artigos disseminados em periódicos da área entre 2006 e 2009. Adotamos a abordagem qualitativa, especificamente a análise documental de artigos publicados nos últimos três anos. Analisamos o conteúdo de sete artigos em duas categorias de análise: (a) aspectos do sistema de avaliação Qualis e (b) reflexões sobre a influência deste sistema de avaliação na produção de conhecimento em Educação Física. Consideramos que os critérios utilizados para avaliar a produção científica na Educação Física precisam considerar a utilização de diferentes referenciais teórico-metodológicos, implicando a necessidade de se reconhecer que a disseminação do conhecimento produzido poderá ser realizada em veículos de comunicação diferentes.

Palavras-chave:Qualis. Produção de conhecimento. Educação Física.

ABSTRACT

Our purpose was to analyze the main debate points on the impact of the post-graduation evaluation system on the intellectual output in Physical Education, based on articles available in periodicals of the area between 2006 and 2009. The qualitative approach was adopted, specifically the documental analysis of articles published in the last three years. The content of seven articles was analyzed in two categories: (a) Qualis-CAPES evaluation system aspects and (b) reflections on the influence of this evaluation system on the production of knowledge in Physical Education. It was observed that the criteria used for evaluating the scientific output in Physical Education need to consider the use of different theoretical-methodological frameworks, which implies the necessity of admitting that the dissemination of the produced knowledge can be carried out in different communication media.

Key Words: Qualis. Knowledge production. Physical Education.

Introdução

O desenvolvimento científico pode ser visto como o principal fator que permite impulsionar o crescimento econômico, social e político de um país. Nesta perspectiva, as instituições de ensino superior têm uma participação fundamental nesse processo, uma vez que o seu papel, além da formação de profissionais para o campo de atuação, cabe também a possibilidade de formar pesquisadores e docentes. Particularmente, esses dois últimos aspectos podem, por decorrência, garantir um potencial de produção de conhecimento e de formação de recursos humanos profissionais que contribuirão para o desenvolvimento de uma nação.

No Brasil, as principais instituições que têm um envolvimento direto com a pesquisa são as universidades, por meio dos programas stricto-sensu. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é a instituição responsável pela avaliação dos cursos de pós-graduação e pela elaboração do Qualis, que é referência para avaliação da produção científica nacional. Os dados que servem de fonte para compor o Qualis são obtidos por meio da avaliação dos cursos de mestrado e doutorado. Esse instrumento orienta a comunidade universitária a buscar um padrão de excelência para os cursos stricto-sensu. Além disso, os resultados da avaliação podem ser utilizados para criar políticas para a área de pós-graduação e para dimensionar as ações de fomento (CAPES, 2009a).

Nos últimos anos, as políticas que orientam os programas stricto-sensu em Educação Física vêm direcionando seu funcionamento e avaliação visando o crescimento da pós-graduação, especificamente adotando como referência para a expansão do sistema a inserção internacional (BRASIL, 2001, 2004; COSTA, 2009; KOKUBUN, 2003).

Para a avaliação de conceito dos programas de pós-graduação são analisados os seguintes critérios: avaliação da proposta do programa, corpo docente, corpo discente, teses e dissertações, produção intelectual (formato de artigos) e inserção social. Esses critérios compõem a Ficha de Avaliação da área 212 2 A área 21 é composta pelas áreas: Educação Física, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional ( COMISSÃO DE ÁREA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA, FONOAUDIOLOGIA E TERAPIA OCUPACIONAL , 2009). e esta é elaborada seguindo a proposta da Grande Área das Ciências da Saúde, que recomendou para o triênio 2007-2009, uma proporção de aproximadamente 30% para a avaliação do corpo discente, incluindo a produção de teses e dissertações, e 40% para a produção intelectual do programa, somando um total de 70% destinado à avaliação da produção científica (COSTA, 2008).

Mesmo quando se tem como foco da avaliação as dissertações e teses, compreendemos que os seus resultados globais ou parciais, quando disseminados, necessariamente, acabam impactando no quesito "produção intelectual". Por sua vez, em função do aprimoramento do sistema Qualis na classificação e estratificação dos veículos de disseminação, no caso, de periódicos, o que temos é uma predominância do artigo como o indicador mais valorizado para avaliação do desempenho dos programas.

Os periódicos científicos possuem fonte bibliográfica de referência, ou seja, as bases indexadoras, que conforme descrito pela área 21 no triênio 2007-2009 e, segundo a Capes, possibilitam maior visibilidade e facilitam o acesso à produção científica da área (COMISSÃO DE ÁREA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA, FONOAUDIOLOGIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 2009).

Muitos pesquisadores acreditam que a inserção de revistas, em algumas bases consideradas de maior prestígio, representa um indicativo de qualidade de um periódico e, consequentemente, dos artigos publicados, tornando a competição entre autores, editores e instituições financiadoras de pesquisa mais disputada (COIMBRA JR, 1999). Segundo Mugnaini (2006), o Institute for Scientific Information (ISI), fundado em 1958 por Eugene Garfield, reúne as bases de indexação mais conhecidas internacionalmente, como a Science Citation Index (SCI) e a Social Sciences Citation Index (SSCI). A classificação dos periódicos que compõem as bases do ISI é realizada pelo Journal of Citation Report (JCR), criado em 1975, e que se baseia no número de citações dos artigos da revista para calcular seu impacto, estabelecendo assim o fator de impacto "j" (VILHENA; CRESTANA, 2002; PINTO; ANDRADE, 1999). Além desse, outro índice que também utiliza a citação, mas para identificar a frequência de citação dos artigos de um autor, ficou conhecido como índice "h", que foi proposto em 2005 (HIRSCH, 2005).

Cabe ressaltar que existem limitações nos sistemas de citação empregados para determinar o fator de impacto "j" e o índice "h". Como a quantidade de citações é utilizada como principal parâmetro, outros fatores que podem influenciar o pesquisador a citar, não são levados em consideração. Por exemplo, esse sistema não distingue a citação da autocitação (CASTIEL; SANZ-VALERO, 2007) ou, como Pinto e Andrade (1999) mencionaram, existem "artigos com erros conceituais ou com erros de interpretação dos resultados experimentais [que] são muito citados por serem contestados cientificamente" (p.451, termo acrescido).

Ainda assim, no sistema de avaliação da produção científica brasileira, há na combinação desses indicadores e várias bases de indexação a composição de uma estratificação dos periódicos nos 8 niveis conhecidos: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C, que se constitui no Qualis (CAPES, 2009b).

Outra forma de disseminação do conhecimento é a produção de livros e capítulos. Mesmo com a ausência de um sistema avaliativo consolidado, a partir de 2006 o comitê da área 21 reconheceu, juntamente com os artigos, os livros e os capítulos como tipos de produção, incorporando-os na avaliação dos programas de pós-graduação. Todavia, a avaliação dos livros e capítulos ainda se encontra em fase experimental (COMISSÃO DE ÁREA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA, FONOAUDIOLOGIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 2007).

As iniciativas para avaliação dos livros e capítulos podem ser consideradas um avanço em direção ao reconhecimento da diversidade de pesquisas produzidas pela área, visto que as discussões sobre pós-graduação e produção de conhecimento na Educação Física vêm ocorrendo há alguns anos (AMADIO, 2003; KROEFF; NAHAS, 2003; LOVISOLO, 2003; KOKUBUN, 2003; 2004; BETTI et al., 2004).

Ao buscarmos compreender os aspectos que constituem o funcionamento do Qualis, pudemos apreender as possíveis contribuições e limitações de um sistema de avaliação, que se propõe a avaliar a produção científica nacional, junto aos programas de pós-graduação. Esse mapeamento possibilitou algumas reflexões sobre o impacto do sistema de avaliação no processo de construção do conhecimento na pós-graduação stricto-sensu em Educação Física, além permitir futuras discussões sobre os valores que orientam as práticas de pesquisa e as consequências para a área.

Acreditamos que a quantificação da produção científica priorizada pelo sistema de avaliação pode influenciar nas ações dos sujeitos, que direcionam suas práticas para investigações que permitem um acúmulo de capital científico, buscando reconhecimento e prestígio no meio científico sem, necessariamente, se preocupar com a aplicação ou desdobramentos de sua produção.

Assim, estabelecemos como objetivo analisar os principais pontos de debates sobre o impacto do sistema de avaliação da pós-graduação na produção intelectual em Educação Física a partir de artigos disseminados em periódicos da área entre 2006 e 2009.

Encaminhamento Metodológico

Para investigar as discussões sobre o impacto do sistema de avaliação dos periódicos (Qualis) na maneira como os pesquisadores conduzem suas pesquisas em Educação Física, adotamos a abordagem qualitativa, visto que se preocupa "com o significado dos fenômenos e processos sociais, levando em consideração as motivações, crenças, valores, representações sociais, que permeiam a rede de relações sociais" (PÁDUA, 1996, p.31, grifo da autora).

Para coleta de informações realizamos um levantamento documental de acordo com o tema: o sistema de avaliação Qualis e seu impacto na produção de conhecimento em Educação Física. Este tipo de levantamento é realizado pela busca de documentos que conduzem às informações consideradas autênticas (LAVILLE; DIONNE, 1999; PÁDUA, 1996).

Para realizar o levantamento documental foi utilizado o próprio sistema Qualis, por disponibilizar uma lista com a classificação dos periódicos e por ser o instrumento oficial para a avaliação da produção de artigos, de maneira geral e na Educação Física (CAPES, 2009b).

Selecionamos os periódicos nacionais em Educação Física que estavam na classificação do Qualis e, após essa etapa, escolhemos os periódicos inseridos no estrato intermediário B2, pois identificamos que as revistas nacionais que, possivelmente, apresentariam artigos relacionados com a temática proposta, estavam indexadas nesse estrato no período da coleta de dados, que ocorreu em junho de 2009.

A etapa seguinte foi a seleção dos periódicos próprios da Educação Física, publicados no Brasil, que tivesse seu acervo disponibilizado eletronicamente (online) e que trouxessem artigos com os seguintes conteúdos: (a) o sistema de avaliação Qualis e (b) influência do sistema de avaliação Qualis na produção de conhecimento em Educação Física.

Ao final dessa fase, utilizamos o sistema de busca de cada periódico por meio das palavras-chave: avaliação, sistema de avaliação, produção de conhecimento, produção científica, pesquisa, e Educação Física. De acordo com Luna (1999), Laville e Dionne (1999) e Thomas e Nelson (2002), o critério de seleção com palavras-chave é o mais indicado para a procura e escolha dos documentos em bases informatizadas.

A partir desses critérios, foram escolhidos os artigos publicados entre maio de 2006 e maio de 2009, pois mesmo sendo difícil determinar um período específico para retroceder no tempo durante o levantamento documental, é possível aproximar-se de um período de acordo com a temática da pesquisa (LUNA, 1999).

Das sete revistas selecionadas: Movimento (Porto Alegre), Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, Revista da Educação Física/UEM, Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano e Motriz, somente uma não possuía o sistema de busca por palavras-chave. Como alternativa, observamos nas edições da revista publicadas entre maio de 2006 e maio de 2009, a relação dos títulos com as palavras-chave mencionadas anteriormente.

Realizamos a consulta ao conteúdo na seguinte ordem: leitura do título, do resumo do artigo e se comprovasse a ligação destes com o objetivo do estudo, era feita a leitura do texto completo para analisar os principais pontos de debates junto à literatura sobre o impacto do sistema de avaliação Qualis na produção intelectual em Educação Física. Após este processo, foram selecionados sete artigos que apresentavam relação com o tema (LUNA, 1999).

Para o tratamento dos dados, utilizamos a técnica de análise de conteúdo, visto que possibilita "[...] a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção [...]" (BARDIN, 1977, p.42), junto às comunicações analisadas.

O conteúdo não necessariamente, apresenta de maneira explícita todos os significados presentes nas mensagens e esta técnica pode auxiliar a revelar elementos contidos nas informações coletadas que não se mostram de forma clara.

Alguns passos foram percorridos para a realização da técnica de análise de conteúdo, como: realização da leitura flutuante dos artigos, escolha dos documentos, definição das categorias a priori e a análise do corpus para identificar o que seria relevante, de acordo com o objetivo do estudo (BARDIN,1977). As informações foram organizadas em categorias estabelecidas a priori, a saber: (a) aspectos do sistema de avaliação Qualis e (b) reflexões sobre o sistema de avaliação na produção de conhecimento em Educação Física.

Análise e Discussão dos Resultados

Procuraremos destacar os principais aspectos sobre o sistema de avaliação Qualis e sua influência no campo de produção de conhecimento científico na Educação Física encontrados nos sete artigos dos seguintes autores: Carvalho e Manoel (2006; 2007); Pimentel et al. (2008); Lovisolo (2007); Tani (2007); Daolio (2007) e Sacardo (2007). Estes artigos foram selecionados por apresentarem, em seu conteúdo, discussões relevantes sobre dois aspectos, simultaneamente, a saber: (a) o sistema de avaliação Qualis e (b) influência do sistema de avaliação Qualis na produção de conhecimento em Educação Física.

a) Categoria: aspectos do sistema de avaliação Qualis

Um ponto que foi discutido pelos autores é com relação aos critérios utilizados pelas ciências exatas e biológicas, em um instrumento que avalia a produção de todas as áreas de conhecimento. Os critérios que são considerados importantes para estas áreas, como a publicação em periódicos científicos e os índices de impacto, não se ajustariam a outras áreas.

Para Daolio (2007), os critérios de avaliação da produção científica vêm considerando a velocidade de produção do conhecimento, o que poderia não contemplar todas as formas de fazer pesquisa. Segundo o autor, a característica de produção das ciências humanas e sociais é a lentidão no processo de construção da pesquisa, devido à sua especificidade metodológica e de compreensão do fenômeno investigado, o que leva o livro e o capítulo a ser o tipo de produção mais frequente nestas áreas de conhecimento. Pimentel et al. (2008) também mencionaram que "a atual avaliação institucionalizada não dá conta de apreciar essa diversidade" (p.30). Além disso, Carvalho e Manoel (2006) lembraram que existem bases de dados de livros, mas que não são reconhecidas no mapa da produção científica internacional, ao contrário do que acontece com bases indexadoras de periódicos.

Em outro artigo, Carvalho e Manoel (2007) colocaram que a pesquisa produzida nas ciências sociais apresentaria grandes diferenças em relação ao processo de construção e divulgação do conhecimento utilizado nas ciências naturais, "fazendo que haja incomensurabilidade entre critérios de qualidade de uma ciência e de outra" (p.66), até mesmo quando se avalia somente o artigo. Para os autores, a construção de indicadores deveria considerar toda a diversidade da produção intelectual e tentar abrangê-la, para que a simplificação não acarrete em visões estreitas da produção.

No artigo publicado em 2006, Carvalho e Manoel também mencionaram que nem todas as revistas que estão na base de dados do ISI são, necessariamente, mais qualificadas, uma vez que os maiores fatores de impacto ou os mais citados são apenas um pequeno número (aproximadamente 5%) dos periódicos. Para eles, se o uso dos indicadores, "de um lado, melhoram o nível de agregação do conhecimento, de outro podem ocultar diferenças importantes e misturar produções diversas e incomparáveis entre áreas e subáreas" (CARVALHO; MANOEL, 2006, p.205, grifo dos autores). Assim, utilizar o fator de impacto em um sistema de avaliação da produção científica, mesmo que seja apenas para avaliar o artigo, só é coerente a sua comparação se for restrita a um conjunto de periódicos de uma mesma subárea científica (MUGNAINI, 2006).

O sistema de citações é o indicador atualmente utilizado para definir o fator de impacto de um periódico. Sobre este sistema, Carvalho e Manoel (2006) apontaram que seria necessário analisar o contexto e o conteúdo das citações. Do mesmo modo, Lovisolo (2007) chamou a atenção para possíveis estratégias que podem ser empregadas pelos pesquisadores:

Isto é, cite e recite um autor famoso e seus colaboradores – quanto puder sem cair no ridículo –, realize a mesma pesquisa com pequenas mudanças e chegue a resultados compatíveis com os seus que meio caminho de publicação em periódico indexado e de alto impacto estará percorrido. Podemos, portanto, jogar fora a originalidade para apostarmos na publicação quase garantida (LOVISOLO, 2007, p.31).

As estratégias mencionadas pelos autores analisados representam uma "culture of cheating3 3 O termo " culture of cheating", expressa claramente uma cultura da trapaça existente no contexto científico ( DePAUW, 2009). ", como foi chamada por Callahan (2004, apud DePAUW, 2009, p.53). Sokal e Brickmont (2006) complementaram com a lista de práticas empregadas para facilitar a publicação em periódicos internacionais, como o uso de jargões para ornamentar as produções textuais, contribuindo com uma multiplicação de artigos com terminologias que, muitas vezes, os próprios autores não compreendem. Pinto e Andrade (1999) e Gorenstein (2003) citaram o desmembramento de uma pesquisa em um conjunto de trabalhos, o que levaria a um aumento numérico da produção de artigos, prática que foi chamada por Castiel e Sanz-Valero (2007) de "ciência-salame". Os autores também relataram outros recursos como a autocitação e a autoria presenteada (escambo autoral), que significa "meu nome no teu artigo, teu nome no meu artigo" (CASTIEL; SANZ-VALERO, 2007, p.3042). Busatto Filho (2002) ainda complementa que essa prática, também conhecida como "autoria honorária" (p.28), é decorrência da grande importância dada à quantificação da produção científica, já que vem sendo considerada como estratégia para a busca do reconhecimento acadêmico. Além disso, durante a análise no artigo de Lovisolo (2007), encontramos uma menção sobre a troca de assinatura, no qual expressou como seria a regra "é dando que se recebe" (p.31).

Macias-Chapula (1998) colocou que esses meios podem ser mais bem compreendidos pela ideia de mainstream, que significa tendência dominante do meio científico, que poderia influenciar os autores a publicarem e citarem dentro desta tendência. Assim, os periódicos de maior prestígio, geralmente os internacionais, se enquadrariam no mainstream. Os autores, para conseguirem publicar, buscariam citar artigos destas revistas, não porque poderiam colaborar para uma discussão sobre o tema pesquisado, mas porque passaria uma ideia de contribuição destes artigos para a construção do seu próprio trabalho.

Também podemos mencionar como limitação do sistema de citações, o caso dos artigos com erros conceituais e de interpretação dos dados que, por serem contestados cientificamente, são bastante citados (PINTO; ANDRADE, 1999). Logo, a citação pode ser influenciada por diversos fatores e regida por normas que precisam ser mais bem investigadas, pois existe a necessidade de "um completo entendimento desse fenômeno, uma vez que os autores não citam da mesma forma" (MACIAS-CHAPULA, 1998, p.138). Portanto, é questionável o uso da citação como indicador para determinar o fator de impacto.

Outro ponto abordado pelos autores foi sobre a estratificação, no Qualis, em periódicos internacionais e nacionais. Embora Tani (2007) tenha mencionado que a comunidade científica entende que a publicação em revistas do exterior representa maior qualidade, Carvalho e Manoel (2006) apontaram que as áreas das ciências humanas e sociais vêm publicando a maioria dos seus trabalhos em periódicos que não se preocupam com as bases de dados do ISI, mas com a veiculação do que é produzido em revistas nacionais, proporcionando a leitura por muitos estudantes, acadêmicos e profissionais brasileiros. Da mesma forma, Pimentel et al. (2008) lembraram que, para as comunidades locais e regionais, são necessários estudos que tratem das especificidades nacionais para trazerem maiores contribuições. Segundo Sacardo (2007), a disseminação em periódicos nacionais, pelo menos inicialmente, apresenta impacto maior "na realidade e no interesse do próprio país" (p.82) e com isso seria preciso investir na indexação internacional dos periódicos nacionais para melhorarem sua qualidade, conforme colocado por Tani (2007).

O assunto abordado por esses autores remete ao que Mugnaini (2006) discorreu sobre a publicação nacional e internacional, mencionando que os critérios de avaliação Qualis atribuem um maior valor para periódicos indexados nas bases de dados do ISI e com maior fator de impacto, o que desestimularia a publicação em revistas nacionais. Para Andrade e Galembeck (2009), as produções científicas publicadas em periódicos brasileiros são significativas para a sociedade na qual se fazem presentes, mesmo que a inserção internacional seja um ponto importante para o desenvolvimento da própria área, especificamente no que diz respeito ao prestígio e reconhecimento. Segundo os autores, no campo da produção de conhecimento científico, é a visibilidade que distingue os periódicos e não o impacto social ou a qualidade da produção. Pinto e Cunha (2008) estendem o conceito de internacionalização para além da perspectiva de disseminação da produção nacional em periódicos internacionais ao colocarem que, a internacionalização "depende antes de tudo de revistas científicas brasileiras de qualidade e com capacidade para atrair artigos científicos de pesquisadores do exterior" (p.2225).

Sobre a avaliação dos periódicos científicos, Carvalho e Manoel (2006) mencionaram que, a fim de atender aos critérios bibliométricos, os editores se preocupam em normatizarem seus periódicos sem levar em consideração "se nesse processo a qualidade e a diversidade acadêmica da produção estão contempladas" (p.208-209). Eles afirmaram que o sistema de avaliação possui problemas conceituais e metodológicos, constituindo-se somente um indicador de primeira aproximação na avaliação de uma determinada atividade científica, refletindo apenas resultados parciais. Além do mais, Lovisolo (2007) colocou que a avaliação e a classificação hierarquizada das revistas dependem dos processos de indexação que empresas especializadas realizam para estimar o impacto dos artigos publicados.

A preocupação com a normatização de periódicos abordada pelos autores leva à discussão sobre o que Waters (2006) chamou de "indústria de publicações acadêmicas" (p.42). As exigências de qualidade não orientariam o trabalho de aceitação pelos editores, mas sim o comércio das assinaturas de periódicos científicos. Desse modo, a tendência atual são as publicações deixarem de atender a propósitos científicos e se transformarem em produtos de mercado (WATERS, 2006; PINTO; ANDRADE, 1999; GORENSTEIN, 2003).

Também é preciso levar em consideração o papel dos editores dos periódicos científicos, uma vez que eles se posicionam "nos bastidores, articulando, censurando e tomando decisões sobre o que ou a quem dar maior evidência e quais temáticas devem ser privilegiadas ao ser projetada a edição de um periódico" (SCHNEIDER et al., 2005, p.9).

Os grupos que defendem a publicação internacional procuram sustentar uma crença de que os temas publicados em periódicos de língua inglesa são os que mais interessam à comunidade mundial, deixando evidente o atendimento aos interesses dos maiores financiadores da pesquisa científica internacional, os países desenvolvidos (RODRIGUES, 2007). Logo, estes grupos que se enquadram no mainstream, e seguem garantindo autoridade e poder de continuar a controlar as regras objetivas que orientam o funcionamento do campo da produção de conhecimento científico nacional e internacional (BOURDIEU, 2004).

Para explicar o funcionamento do mercado da produção de artigos, como foi chamado por Pinto e Andrade (1999), recorremos ao trabalho de Andrade e Galembeck (2009) no qual explicaram que o uso do fator de impacto supervalorizou as atividades de conglomerados empresariais que lidam com bases de indexação de periódicos científicos, pois estas empresas "recebem a informação sem custo, utilizam a avaliação por pares, também sem custo, e comercializam a informação a preços cada vez mais elevados" (p.1). Segundo Castiel e Sanz-Valero (2007), o artigo passou a ser uma mercadoria disponível em periódicos, além do que foi transformado em uma espécie de capital simbólico dentro de um campo científico que vem se apresentando com características econométricas.

É esta lógica que vem norteando o contexto da editoração de periódicos científicos e que permite uma revista entrar em condições de concorrência por melhores preços de assinaturas de periódicos. Assim, aquelas com maiores fatores de impacto, mesmo apresentando um custo elevado para a sua aquisição, levariam instituições, como as universidades, a adquirirem suas assinaturas (PINTO; ANDRADE, 1999). Waters (2006) acrescentou ainda que esta lógica pode vir a direcionar as bibliotecas a destinar grande parte de seus recursos financeiros à assinatura de revistas científicas, restando pouca condição de investimento na aquisição de livros.

Os critérios utilizados para avaliar a produção científica das diversas áreas de conhecimento existentes precisam ser repensados, pois o conhecimento é construído de forma distinta em cada área e a propagação deste conhecimento é realizada em veículos de comunicação diferentes. Após levantarmos os principais aspectos do sistema de avaliação Qualis, analisamos também os principais pontos de debate levantados pelos autores sobre a influência do sistema Qualis na produção de conhecimento na área da Educação Física.

b) Categoria: reflexões sobre a influência do sistema de avaliação Qualis na produção de conhecimento em Educação Física

Em seus dois artigos, Carvalho e Manoel (2006, 2007) apontaram que, se levarmos em consideração os critérios atuais de avaliação da produção de conhecimento da Grande Área das Ciências da Saúde, na qual a Educação Física está inserida, apenas o artigo é avaliado. Para os autores, o livro consiste em um indicador de produção científica que precisa ser reconhecido pelo sistema de avaliação nacional da área.

Sacardo (2007) mencionou que existe uma tendência interdisciplinar como a ligação de alguns pesquisadores da Educação Física com a área da Educação, o que reflete em publicações características da Grande Área das Ciências Humanas, apresentando como principal meio de comunicação os livros. Pimentel et al. (2008) sugeriram que a avaliação do livro deveria acontecer por meio de uma comissão específica para realizar uma análise bibliográfica da área. Segundo os autores, também seria possível recorrer aos grupos de pesquisa, aos programas de pós-graduação, aos fóruns legitimados e às entidades científicas para ampliar as discussões.

O ponto abordado pelos autores analisados sobre a produção de livros e capítulos leva à necessidade de compreender que nas ciências humanas, pela característica teórica e metodológica, o conteúdo ficaria "prejudicado se restrito às poucas páginas permitidas nas revistas científicas" (BETTI et al., 2004, p.187). Assim, é importante a revisão dos critérios que avaliam a produção intelectual dos programas de pós-graduação, inserindo a avaliação de outros tipos de produção que, também, são meios de divulgação de conhecimento.

Em 2004, já havia indicativos de que estaria caminhando um estudo para a elaboração da Avaliação do Livro, o que poderia mostrar a valorização deste tipo de produção intelectual (KOKUBUN, 2004). Todavia, no Fórum Nacional de Pós-Graduação em Educação Física, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, realizado em São Paulo, em 2009, o então representante da área 21, Dirceu Costa, expôs que a Avaliação do Livro não seria implantado imediatamente. Segundo o representante, haveria a necessidade de mais discussões sobre o assunto, além de maior amadurecimento e experimentação do processo, como a criação de um documento padrão para avaliação da produção de livros (COSTA, 2009). As iniciativas podem ser notadas com a aprovação na 111ª Reunião do Conselho Técnico-Científico (CTC) da Capes, de um roteiro que norteará a classificação de livros, uma vez que em várias áreas de conhecimento, como na área das ciências humanas, esse tipo de produção é predominante. Esse documento foi elaborado para avaliar a produção no formato de livros e capítulos, especificamente, nos programas de pós-graduação stricto-sensu. Desse modo:

[...] avaliar a produção intelectual dos programas veiculada por meio de livros requer o desenvolvimento de critérios próprios e de novos instrumentos [...] sempre reconhecendo as limitações deste roteiro no seu atual estágio de elaboração (CAPES, 2009c, p.1-2).

Conforme identificado no artigo de Daolio (2007), o que agrava o embate entre áreas e subáreas é a "falta de consideração em relação à grande diversidade de pesquisas e de métodos de pesquisa em seu interior" (p.51). Para Carvalho e Manoel (2006) o Qualis impõe, pelas suas regras, uma adaptação ao seu modelo de avaliação conseguindo inibir a propagação da criatividade dos pesquisadores que não se ajustam as normas impostas pela tendência hegemônica das ciências naturais na produção de conhecimento na Educação Física.

Para Tani (2007), os pesquisadores das áreas humanas e sociais da Educação Física podem publicar em muitas revistas nacionais e internacionais, pois se alguém da área, que esteja envolvido com programa stricto-sensu, publicar somente um artigo em um desses periódicos, a revista científica já é incluída no Qualis. Ao mesmo tempo, o autor acrescentou que "se isso ainda não aconteceu, pode-se pensar em algumas alternativas explanatórias: o desconhecimento, a falta de iniciativa, a falta de interesse, a falta de coragem e ousadia, ou até mesmo a falta de competência" (TANI, 2007, p.12).

Porém, não podemos desconsiderar que existe uma indução, tacitamente tratada, da produção científica que não contempla a diversidade de pesquisas existentes na área. Do mesmo modo, Lovisolo (2007) mencionou que as pesquisas baseadas nas ciências sociais e humanas concorrem com a produção de artigos em revistas que abrangem toda a Educação Física, ao passo que as ciências exatas, biológicas e da saúde possuem periódicos especializados. Além disso, os artigos vinculados às áreas humanas e sociais concorrem em revistas de áreas especializadas e em grande parte das áreas-mãe, como a antropologia e a sociologia. Segundo o autor, é "difícil supor que os editores pressionados pela vontade geral de publicação deixem de fora um artigo gerado nas pós-graduações de antropologia, história ou sociologia para incluir os produzidos na área da Educação Física" (LOVISOLO, 2007, p.29).

A questão da avaliação de artigos nas diferentes áreas e subáreas leva ao que Pinto e Andrade (1999) colocaram sobre ter cautela ao utilizar um instrumento de avaliação da produção científica, baseado no fator de impacto para classificar periódicos de diversas áreas de conhecimento. Segundo os autores, o número de revistas varia de área para área. Logo, os artigos publicados em áreas que comportam grande quantidade de periódicos têm maiores chances de serem citados (maior fator de impacto) do que aqueles publicados em áreas que apresentam um menor número de revistas (menor fator de impacto).

Reforçando estas colocações, Barros (2006) expôs que o sistema de fator de impacto não permite comparações entre periódicos de diferentes áreas e, também, entre subáreas. Para o autor, os valores de impacto dos periódicos das áreas sofrem variações de acordo com o número de citações de seus periódicos, conforme explicitado também por Pinto e Andrade (1999). Com isso, é necessário "exercícios criativos de como proceder a avaliação da produção científica, indo além da absorção e replicação de critérios que, como já bem estabelecido, não são generalizáveis para todas as áreas do conhecimento" (COIMBRA JR., 2004, p.878).

Uma possível solução foi identificada no artigo de Tani (2007): o investimento em periódicos nacionais, buscando elevar seu nível de qualidade. O autor citou como exemplo, a área da Fisioterapia, que concentrou suas melhores publicações na Revista Brasileira de Fisioterapia. Podemos mencionar também a revista Química Nova, que é a terceira revista com o maior fator de impacto no JCR que não é publicada em inglês e o Journal of the Brazilian Chemical Society (JBCS), que vem buscando sua consolidação como principal revista da Química entre os países em desenvolvimento. Utilizando como estratégia atrair artigos de pesquisadores do exterior, a JBCS vem alcançando, desde 2006, um número maior de trabalhos de outras nações que são submetidos ao periódico do que a submissão de autores brasileiros (PINTO; CUNHA, 2008). Complementando a lista de exemplos, recentemente a Revista Movimento e a Revista Motriz, periódicos nacionais da área da Educação Física, conseguiram indexação nas bases de dados do ISI (REVISTA MOVIMENTO, 2009; REVISTA MOTRIZ, 2010).

Nesse sentido, Tani (2007) colocou que o ideal seria a área da Educação Física selecionar alguns periódicos e investir seus esforços na consolidação de revistas que concentrariam o que de melhor se produz na área. Além disso, o autor enfatizou que seria necessária uma entidade científica representativa da comunidade da área para a condução destes periódicos, que segundo ele, de fato não temos. Se observarmos os exemplos mencionados anteriormente, notamos que a Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Fisioterapia é responsável pela publicação da Revista Brasileira de Fisioterapia e os periódicos Journal of the Brazilian Chemical Society e Química Nova são de responsabilidade da Sociedade Brasileira de Química, não estando atreladas necessariamente a programas de pós-graduações.

Mesmo diante das fragilidades mencionadas sobre o sistema de avaliação atual, Tani (2007) afirmou que o Qualis pode ser considerado um dos mecanismos mais influentes no desenvolvimento acadêmico-científico da Educação Física brasileira, uma vez que é o instrumento que vem orientando muitos pesquisadores à publicarem seus trabalhos nos periódicos considerados mais qualificados, e pode vir a estimular a procura por parte das revistas em se indexarem nas melhores bases de dados.

O que vem acontecendo nos últimos anos é que, a forma como vem sendo conduzida a avaliação da Capes pode ter dificultado a produção de conhecimento em Educação Física direcionada para a criatividade e inovação. Em outras palavras, o "modo de funcionamento do sistema pode estar conduzindo ao abandono da 'originalidade' em favor da publicação em revistas internacionais, o que, em definitivo, é o que importa para o sistema de avaliação" (LOVISOLO, 2003, p.107-108).

Desse modo, o sistema de avaliação atual da produção de conhecimento científico no Brasil (Qualis), de maneira geral e, especificamente na Educação Física, considera o tipo de veículo de comunicação no formato de artigo como o meio de produção mais valorizado no contexto acadêmico-científico. Logo, o Qualis é empregado como uma estratégia de "[...] impor uma definição da ciência (isto é, a de limitação do campo dos problemas, dos métodos e das teorias que podem ser considerados científicos) que mais esteja de acordo com seus interesses específicos" (BOURDIEU, 1983, p.127).

Apesar disso, Daolio (2007), em seu artigo, ressalta que o pesquisador deve saber que sua pesquisa é para trazer uma maior contribuição para a área e socializar seu conhecimento, e não para atender aos critérios da Capes. O mérito acadêmico não pode se restringir somente a uma quantidade mínima de artigos que devem ser produzidos por um pesquisador, em um determinado período e nem a uma classificação de periódicos, pois segundo o autor "quem atribui mérito é a comunidade acadêmica e o conjunto de profissionais de uma determinada área e não as agências de fomento" (DAOLIO, 2007, p.58). Resta saber de que maneira esta ideia poderia nortear a avaliação da produção científica na Educação Física e, também, nas outras áreas de conhecimento.

Conclusão

A orientação acadêmico-científica precisa direcionar a produção de conhecimento para a reflexão das mudanças que acontecem no contexto social. Neste sentido, é necessário ampliar as discussões acerca da produção de conhecimento científico na Educação Física procurando, primeiramente, compreender os elementos específicos que compõem o processo de avaliação da produção científica nacional.

Procuramos através do encaminhamento metodológico empregado apreender os principais pontos de debates sobre o impacto do sistema de avaliação da pós-graduação na produção intelectual em Educação Física, discutidos em artigos disseminados em periódicos da área entre 2006 e 2009.

Os principais pontos de reflexão suscitados, junto aos artigos, nos remetem ao conhecido debate: a quantidade não necessariamente significa qualidade. Isso implica o reconhecimento de que os critérios utilizados para avaliar a produção científica na Educação Física precisam considerar o uso de diferentes referenciais teórico-metodológicos, concernindo a necessidade de se reconhecer que a disseminação do conhecimento produzido poderá ser realizada em veículos de comunicação diferentes. Portanto, é incoerente estabelecer critérios específicos de uma determinada área para avaliação de toda a produção da Educação Física.

Também seria importante investir no fortalecimento dos periódicos nacionais. No entanto, haveria a necessidade de realizar um levantamento das revistas científicas que os pesquisadores vinculados à Educação Física estão disseminando sua produção: em periódicos da própria área ou naqueles com maior fator de impacto.

Consideramos que o sistema de avaliação da produção científica pode influenciar nas ações dos sujeitos envolvidos com a pesquisa na Educação Física, direcionando suas práticas para investigações que possibilitem um acúmulo de capital científico, representado pela somatória de artigos publicados, procurando, principalmente o reconhecimento e o prestígio no meio acadêmico-científico, ignorando questões que emergem da sociedade e que precisam de uma atenção especial de toda a comunidade científica e daqueles envolvidos com a produção de conhecimento na Educação Física.

Recebido em: 11 de dezembro de 2009.

Aceito em: 14 de dezembro de 2010.

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    Telefone: (43) 3371.4238
    E-mail:
  • 1
    Agradecemos a colaboração do aluno Felipe Nakamura, Iniciação Científica da Fundação Araucária, pela leitura e sugestões para o artigo.
  • 2
    A área 21 é composta pelas áreas: Educação Física, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional (
    COMISSÃO DE ÁREA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA, FONOAUDIOLOGIA E TERAPIA OCUPACIONAL , 2009).
  • 3
    O termo "
    culture of cheating", expressa claramente uma cultura da trapaça existente no contexto científico (
    DePAUW, 2009).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      12 Maio 2011
    • Data do Fascículo
      Mar 2011

    Histórico

    • Recebido
      11 Dez 2009
    • Aceito
      14 Dez 2010
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