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Cinética do VO2 durante o exercício realizado na potência crítica em ciclistas e indivíduos não-treinados no ciclismo

VO2 Kinetics during exercise performed at critical power in cyclists and untrained individuals

Resumos

O objetivo foi analisar a cinética do consumo de oxigênio (VO2) na potência crítica (PC), em indivíduos com diferentes níveis de aptidão aeróbia no ciclismo. Seis ciclistas treinados (GT) e sete indivíduos não-treinados (GNT) realizaram os seguintes protocolos em cicloergômetro: (a) progressivo até a exaustão para determinação do VO2max e sua respectiva intensidade (IVO2max); (b) três testes em cargas constantes até a exaustão a 95-110%IVO2max para determinação da PC; e (c) um teste em carga constante até a exaustão a 100%PC. No exercício a 100%PC, o componente lento expresso em valor absoluto (GT: 342,4±165,8 ml.min-1 vs. GNT: 571,3±170,1 ml.min-1) e relativo ao aumento do VO2 em exercício (GT: 10,0±4,6% vs. GNT: 26,6±7,3%) foram menores para GT. O VO2 ao final do exercício (GT: 89,8±8,4%VO2max vs. GNT: 97,4±2,8%VO2max) foi significativamente menor no grupo GT (ρ = 0,045), sendo similar ao VO2max no grupo GNT. Portanto, o nível de aptidão aeróbia pode influenciar as respostas do VO2 ao exercício em PC.

Ciclistas; Aptidão aeróbia; Exercício pesado


The objective was to analyze the oxygen uptake (VO2) kinetics during exercise performed at critical power (CP) in subjects with different aerobic status in cycling. Six trained cyclists (GT) and seven non-trained subjects (GNT) underwent to the following protocols in cyclergometer: (a) incremental to exhaustion to determine VO2max and its respective workload (IVO2max); b) three square-wave tests to exhaustion at 95-110% IVO2max to determine CP, and; (c) one square-wave test to exhaustion at 100%CP. During the exercise at CP the slow component expressed as absolute value (GT: 342.4±165.8 ml.min-1 vs. GNT: 571.3±170.1 ml.min-1) and as the relative contribution to the increase of VO2 during exercise (GT: 10.0±4.6% vs. GNT: 26.6±7.3%) were lower for trained subjects. The VO2 at the end of the exercise at PC (GT: 89.8±8.4%VO2max vs. GNT: 97.4±2.8%VO2max) was significantly lower in GT (ρ = 0.045), and similar to VO2max in GNT. Therefore, the aerobic level might influence the VO2 responses to exercise at PC.

Cyclists; Aerobic fitness; Heavy exercise


ARTIGO ORIGINAL

Cinética do VO2 durante o exercício realizado na potência crítica em ciclistas e indivíduos não-treinados no ciclismo

VO2 Kinetics during exercise performed at critical power in cyclists and untrained individuals

Renato Aparecido Corrêa CaritáI; Camila Coelho GrecoI; Dalton Müller Pessôa FilhoI,II

IInstituto de Biociências, UNESP - Univ Estadual Paulista, Campus de Rio Claro, Departamento de Educação Física, Laboratório de Avaliação da Performance Humana, Rio Claro, SP, Brasil

IIFaculdade de Ciências, UNESP - Univ Estadual Paulista, Campus de Bauru, Departamento de Educação Física, Bauru, SP, Brasil

Endereço Endereço: Depto. Educação Física - IB/Unesp Camila Coelho Greco Avenida 24A, 1515 Bairro: Bela Vista Rio Claro SP Brasil 13506-900 Telefone: (19) 3526.4338 Fax: (19) 3526.4321 e-mail: grecocc@rc.unesp.br

RESUMO

O objetivo foi analisar a cinética do consumo de oxigênio (VO2) na potência crítica (PC), em indivíduos com diferentes níveis de aptidão aeróbia no ciclismo. Seis ciclistas treinados (GT) e sete indivíduos não-treinados (GNT) realizaram os seguintes protocolos em cicloergômetro: (a) progressivo até a exaustão para determinação do VO2max e sua respectiva intensidade (IVO2max); (b) três testes em cargas constantes até a exaustão a 95-110%IVO2max para determinação da PC; e (c) um teste em carga constante até a exaustão a 100%PC. No exercício a 100%PC, o componente lento expresso em valor absoluto (GT: 342,4±165,8 ml.min-1 vs. GNT: 571,3±170,1 ml.min-1) e relativo ao aumento do VO2 em exercício (GT: 10,0±4,6% vs. GNT: 26,6±7,3%) foram menores para GT. O VO2 ao final do exercício (GT: 89,8±8,4%VO2max vs. GNT: 97,4±2,8%VO2max) foi significativamente menor no grupo GT (ρ = 0,045), sendo similar ao VO2max no grupo GNT. Portanto, o nível de aptidão aeróbia pode influenciar as respostas do VO2 ao exercício em PC.

Palavras-chave: Ciclistas. Aptidão aeróbia. Exercício pesado.

ABSTRACT

The objective was to analyze the oxygen uptake (VO2) kinetics during exercise performed at critical power (CP) in subjects with different aerobic status in cycling. Six trained cyclists (GT) and seven non-trained subjects (GNT) underwent to the following protocols in cyclergometer: (a) incremental to exhaustion to determine VO2max and its respective workload (IVO2max); b) three square-wave tests to exhaustion at 95-110% IVO2max to determine CP, and; (c) one square-wave test to exhaustion at 100%CP. During the exercise at CP the slow component expressed as absolute value (GT: 342.4±165.8 ml.min-1 vs. GNT: 571.3±170.1 ml.min-1) and as the relative contribution to the increase of VO2 during exercise (GT: 10.0±4.6% vs. GNT: 26.6±7.3%) were lower for trained subjects. The VO2 at the end of the exercise at PC (GT: 89.8±8.4%VO2max vs. GNT: 97.4±2.8%VO2max) was significantly lower in GT (ρ = 0.045), and similar to VO2max in GNT. Therefore, the aerobic level might influence the VO2 responses to exercise at PC.

Keywords: Cyclists. Aerobic fitness. Heavy exercise.

Introdução

O exercício aeróbio pode ser realizado em diferentes domínios de intensidade, nos quais as respostas da concentração de lactato sanguíneo ([La]) e do consumo de oxigênio (VO2) apresentam comportamentos bem característicos (GAESSER; POOLE, 1996; CARTER et al., 2002; WHIPP et al., 2005; JONES; BURNLEY, 2009). No domínio moderado [i.e., abaixo do limiar de lactato (LL), ou de seu equivalente respiratório, o limiar ventilatório (LV)], há uma estabilidade na [La] próximo dos valores de repouso e o VO2 apresenta também uma estabilização após 2-3 min de exercício. Já no domínio pesado, que inclui as intensidades acima do LL, mas abaixo da potência crítica (PC), a [La] apresenta estabilidade em valores mais elevados do que no domínio moderado e o VO2 também se estabiliza, porém mais tardiamente (10-15 min) (POOLE et al., 1990; WHIPP et al., 2005), e em valores acima do predito pela relação VO2 x carga ((POOLE et al., 1988). No domínio severo, a [La] e o VO2 não apresentam estabilização e, se a duração do exercício for suficiente, o indivíduo atinge o VO2max ao final do exercício (CAPUTO; DENADAI, 2008).

Nos domínios pesado e severo, a estabilização do VO2 em valores acima do predito pela relação VO2vs. carga ocorre em função do componente lento do VO2 (VO2CL). Assim, o ganho nestas condições é maior do que o obtido no domínio moderado (i.e., 9-11 ml.O2.W-1) (HENSON et al., 1989; ROSTON et al., 1987). O CL é explicado principalmente por mecanismos intramusculares associados à aumentada demanda energética de fibras que já estão fadigadas, como também o recrutamento de fibras menos eficientes (Tipo IIb/IIx). O custo energético da participação de outros músculos, ventilação pulmonar e trabalho cardíaco também podem modificar o CL (JONES et al., 2011).

Entre os fatores que podem modificar o CL estão o exercício prévio (i.e., realizado nos domínios pesado ou severo) (BURNLEY et al., 2000; GERBINO et al., 1996; MACDONALD et al., 1997) e o treinamento aeróbio (CARTER et al., 2000; KRUSTRUP, 2004). Basicamente, fatores associados ao aumento da oferta (fluxo sanguíneo muscular) e utilização do O2 atividade de enzimas oxidativas podem contribuir para a atenuação do CL em indivíduos treinados aerobiamente (GRASSI et al., 2003). Para Jones et al. (2011), o aumento da densidade mitocondrial e a redução do déficit de O2 são fatores positivos para a aceleração da resposta primária do VO2 e redução do CL.

A tolerância ao exercício de alta intensidade e longa duração tem sido analisada empregando-se a PC, ou a velocidade crítica (VC) (corrida e a natação), como parâmetro de referência (BULL et al., 2000; DEKERLE et al., 2010; WAKAYOSHI et al., 1993). Este índice tem caracterizado, em diferentes estudos, a máxima taxa de utilização energética no músculo, que pode ser sustentada sem uma progressiva ativação das reservas anaeróbias (POOLE, 2009). A classificação da intensidade do exercício na PC (ou VC), enquanto esforço que pode ser mantido por tempo prolongado, ou indeterminado, sem provocar exaustão (VAUTIER et al., 1995), ou enquanto limítrofe entre os domínios pesado e severo (WHIPP et al., 2005) tem sido contestada, respectivamente, pela instabilidade de parâmetros fisiológicos (BRICKLEY et al., 2002) e pela variabilidade de até 18% dos valores de PC (ou VC) entre métodos de estimativa (BULL et al., 2000), com variações de respostas de 84 a 94%VO2max (LECLAIR et al., 2008; DE LUCAS et al., 2013) e tempos de exaustão igualmente variados (22 a 40 minutos) (SCARBOROUGH et al., 1991; DE LUCAS et al., 2013), em indivíduos treinados.

Assim, se a intensidade respectiva a PC (VC) em indivíduos não treinados tem sido situada em média (79%VO2max) abaixo daquela observada em indivíduos treinados (LECLAIR et al., 2008) e as informações sobre a cinética do VO2 nesta população ainda são inconclusivas, o objetivo do presente estudo foi analisar e comparar a cinética do VO2 e a tolerância ao exercício em indivíduos com diferentes níveis de condicionamento aeróbio, durante o exercício realizado na PC até a exaustão. O pressuposto que atletas de endurance apresentam uma maior capacidade de oferta (débito cardíaco) e utilização de O2 (capacidade oxidativa muscular), sustentam a hipótese que a cinética do VO2 poderá ser diferente (i.e., menor τ e amplitude do CL nos ciclistas) entre os ciclistas treinados e indivíduos não-treinados no ciclismo. No entanto, presume-se que o VO2max não será atingido ao final do exercício em nenhum dos grupos.

Métodos

Sujeitos

Participaram deste estudo sete indivíduos do gênero masculino, não treinados e não engajados em qualquer tipo de treinamento regular específico no ciclismo (GNT) (idade: 28,1 ± 3,8 anos; massa corporal: 78 ± 13 kg; estatura: 1,76 ± 0,1 cm) e seis ciclistas treinados do gênero masculino (GT) (idade: 26,7 ± 5,4 anos; massa corporal: 69 ± 4 kg; estatura: 1,75 ± 0,05 cm). Os ciclistas possuíam pelo menos três anos de experiência na modalidade e competiam regularmente em provas de nível regional e estadual, e treinavam entre seis a sete vezes por semana (volume médio = 430 ± 40 km). Todos os indivíduos foram informados sobre os procedimentos do experimento e suas implicações, assinando um termo de consentimento livre e esclarecido para participação deste estudo. O protocolo deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética Local em Pesquisa da Universidade (protocolo 094/2009).

Delineamento experimental

Foram realizados cinco testes em dias diferentes, dentro de um período de 2 a 3 semanas. Inicialmente os sujeitos realizaram um teste progressivo para determinação do LV, do VO2max e de suas respectivas intensidades (IVO2max e ILV). A seguir foram realizados três testes preditivos de carga constante nas intensidades de 95, 100 e 110% IVO2max em ordem aleatória para determinação da PC. Finalmente foi realizado um teste de carga constante até a exaustão voluntária na PC. Todos os testes foram realizados em dias diferentes, em laboratório com temperatura controlada (21 - 23º C) e no mesmo horário do dia (± 2h). Os indivíduos foram instruídos a não treinar exaustivamente no dia anterior ao da avaliação, não ingerir bebidas contendo cafeína e álcool nas 24 horas que antecederam aos testes e a comparecer alimentados e hidratados no dia do teste.

Protocolo incremental

Os sujeitos realizaram um teste incremental em um cicloergômetro de frenagem eletromagnética (Excalibur Sport, Lode, BV, Groningen, Holanda) para determinação do LV, ILV, VO2max e IVO2max com intensidade inicial de 35W (GNT) ou 105W (GT) com incrementos de 35W a cada 3 min até a exaustão voluntária, com frequência de pedalada mantida entre 70 e 90 rpm (CAPUTO; DENADAI, 2008). Ao final de cada estágio foi realizada uma coleta de sangue de 25 μL do lóbulo da orelha, que foram acondicionados em tubos Eppendorf contendo 50 μL NaF (1%), para dosagem da [La] (YSL, 2300 STAT, Yellow Springs, Ohio, EUA). Para a leitura das amostras, o equipamento foi calibrado com uma solução padrão de lactato a 5 mM, conforme sugerido pelo fabricante. O VO2 foi mensurado respiração a respiração durante todo o teste, a partir do gás expirado (QuarkPFTergo, Cosmed, Itália), sendo os dados suavizados e obtidas as médias de 15s. A calibração do sistema de análise das concentrações de O2 e CO2 foi realizada antes de cada teste, usando ar ambiente e um gás com concentrações conhecidas de O2 e CO2 de acordo com as instruções do fabricante. A turbina do analisador foi calibrada através de uma seringa de três litros. O VO2max foi considerado como sendo o maior valor das médias de 15s obtido durante o teste. O LV foi determinado conforme as recomendações de Davis et al. (1979) por inspeção visual das respostas dos parâmetros respiratórios VE/VCO2, VE/VO2, PETCO2 e PETO2, correspondente aos seguintes critérios: aumento na curva da relação VE/VO2 e na PETO2, sem alteração da relação VE/VCO2 e da PETCO2. O ponto de localização do LV foi detectado por dois observadores independentes. A IVO2max foi considerada como sendo a menor carga de exercício na qual ocorreu o VO2max (BILLAT et al., 1996); e a ILV, a carga correspondente ao estágio do teste progressivo correspondente ao LV.

Protocolo de carga constante para determinação da PC

Inicialmente, os indivíduos realizaram um aquecimento de 5 minutos na intensidade de 50% IVO2max e a seguir repousaram por 5 min no cicloergômetro. Posteriormente, a intensidade foi ajustada para 95%, 100% ou 110% IVO2max e os indivíduos pedalaram até a exaustão voluntária ou até que não pudessem manter a intensidade estipulada (cadência < 67 rpm). O tempo de exaustão (tlim) foi considerado como o tempo total de esforço mantido na PC e expresso em segundos (HILL, 1993; CAPUTO; DENADAI, 2008). Os valores individuais de potência e tlim obtidos durante os testes de carga constante foram ajustados a partir do modelo hiperbólico de 2 parâmetros (HILL, 1993) (Equação 1), para a determinação da PC.

tlim = CTA/(P – PC) (1)

onde: tlim = tempo máximo de exercício; CTA = capacidade de trabalho anaeróbio; P = potência externa gerada; PC = potência crítica. Para a realização desse ajuste foi utilizado o programa Origin 7.5 (Northampton, MA, USA).

Protocolo de carga constante na intensidade correspondente à PC

Inicialmente os indivíduos realizaram um aquecimento de 5 min a 50% da IVO2max, a seguir repousaram por 5 min no cicloergômetro e logo em seguida a intensidade foi ajustada em 100% PC e mantida até a exaustão voluntária, ou até que o indivíduo não pudesse manter a intensidade estipulada (cadência < 67 rpm) (HILL, 1993; CAPUTO; DENADAI, 2008). A [La] foi medida no 5º minuto e no final do teste. O VO2 e a frequência cardíaca (FC) foram medidos durante todo o teste. O grupo GNT também realizou um teste de carga constante até a exaustão a 105% PC. Este teste foi realizado por último, auxiliando na análise da ocorrência do efeito do treinamento neste grupo, pela comparação entre o VO2 obtido ao final do teste com o VO2max.

Modelagem da cinética do VO2

O VO2 obtido respiração a respiração durante o teste a 100% PC foi ajustado em relação ao tempo, no plano cartesiano. Em seguida, cada curva de resposta foi analisada manualmente para a exclusão de pontos extremos, que representam eventos fisiológicos não característicos da resposta do VO2 em exercício, que foram definidos como valores maiores que dois desvios-padrões da média local (4 - 5 respirações) (JONES; POOLE, 2005). Posteriormente, os dados foram interpolados para fornecer valores alinhados a cada segundo, para cada sujeito em sua transição (BURNLEY et al., 2001).

A descrição matemática da cinética do VO2 foi realizada empregando o modelo bi-exponencial (Equação 2), que forneceu a estimativa das amplitudes (A1 e A2), tempo de resposta (TD1 e TD2) e constantes de tempo (τ1 e τ2). O componente cardio-dinâmico inicial foi excluído da análise, eliminando-se os 20s iniciais da resposta ao exercício (OZYENER et al., 2001). A linha de base do VO2 foi definida como a média do VO2 medido durante 30s, em repouso e previamente ao início de cada transição.

onde "VO2b" é o VO2 de base, "A1" é a amplitude da resposta primária, "e" é o algarismo neperiano, "t" é o tempo do exercício, "TD1" é início da resposta da amplitude primária, "τ1" é a constante de tempo da elevação da resposta primária, "A2" é a amplitude da segunda exponencial, ou resposta tardia, do VO2, "TD2" é início da resposta tardia do VO2, "τ2" é a constante de tempo da elevação da resposta tardia do VO2.

A amplitude da fase I (A1'), ou componente "primário" da resposta foi calculada a partir da equação:

Dado que o valor da assíntota da fase II (A2) pode representar um valor maior do que aquele realmente alcançado no final do exercício, o valor do VO2 do componente exponencial lento (CL) ao final do exercício foi definido como (A2'):

onde "ED" é a duração total do exercício. As equações 2 e 3 são utilizadas para evitar que o valor da amplitude da primeira e segunda exponencial sejam maiores que aqueles observados após TD2 e ao final do exercício, respectivamente (OZYENER et al., 2001; PRINGLE et al., 2003). Outros parâmetros da cinética do VO2 quantificados foram: elevação do VO2 durante a transição, acima da linha de base (EEVO2), fração da EEVO2 atribuída ao CL (A2'%EEVO2), e elevação total do VO2 durante a transição (TotalVO2).

Análise estatística

Os dados estão expressos como média ± DP. A diferença estatística entre as médias dos grupos foi analisada pelo teste t de Student (bi-caudal, independente e de igual variância, que foi assumida após aplicação do algoritmo de Levene, associado ao teste t). A função bi-exponencial empregou o método dos quadrados mínimos residuais. O nível de significância foi fixado p ≤ 0,05. Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa estatístico SPSS 18.0.

Resultados

A Tabela 1 apresenta os valores médios ± DP das variáveis obtidas no teste incremental. O VO2max, IVO2max, LV e ILV foram significantemente maiores no grupo GT do que no GNT (p < 0,05). No entanto, os valores de FC e [La] ao final do teste foram similares entre os grupos (p > 0,05). A PC expressa em valor absoluto foi significantemente maior no grupo GT do que no GNT (p < 0,05). No entanto, a PC expressa em valor percentual da IVO2max foi similar entre os grupos (p > 0,05). A Figura 1 apresenta um exemplo da determinação da PC em um sujeito representativo do GT e do GNT. Os valores do coeficiente do ajuste (r2) da curva para GT (0,94 ± 0,09) e GNT (0,95 ± 0,04), bem como de Erro Padrão da Estimativa (EPE, GT = 11,9 ± 18,8W; GNT = 9,1 ± 7,6W) sugerem variância similar dos resultados entre os grupos. Tampouco houve diferença na PC, quando expressa em percentual da diferença entre LV e VO2max (%∆) (GT = 64,0 ± 9,83% e GNT = 68,5 ± 10,03% (p > 0,05).


A Tabela 2 apresenta os valores médios ± DP dos parâmetros temporais e de amplitude da cinética do VO2 no exercício realizado na PC, nos grupos GT e GNT. O GT apresentou início da resposta (TD1) e constante de tempo de ajuste (τ1) da resposta primária menores (p = 0,006 e p = 0,002, respectivamente) do que o GNT. A A1' foi significantemente maior no grupo GT (p = 0,001) em comparação com GNT. Não houve diferença entre os grupos quanto ao TD2 e ao τ2 (p > 0,05), mas sim quanto à A2' (p = 0,032) e a contribuição percentual desta para o incremento do VO2 no exercício (A2'%EEVO2) (p = 0,0003), que foram menores em GNT. O EEVO2 foi significantemente maior no grupo GT (p = 0,001). O TotalVO2 foi similar ao VO2max para o grupo GNT (p = 0,808) e menor do que o VO2max (p = 0,050) para o grupo GT. Ao ser analisada a resposta do VO2 a 105%PC, o grupo GNT apresentou um TotalVO2 (3058,2 ± 553,1 ml.min-1) também similar ao VO2max (p > 0,05), o que sugere que não houve efeito do treinamento em função dos testes neste grupo. O tLim a 100%PC foi similar para ambos os grupos (GT: 1177 ± 402s e GNT: 1400 ± 506s) (p > 0,05).

A Tabela 2 apresenta os valores médios ± DP dos parâmetros temporais e de amplitude da cinética do VO2 no exercício realizado na PC, nos grupos GT e GNT. O GT apresentou início da resposta (TD1) e constante de tempo de ajuste (τ1) da resposta primária menores (p = 0,006 e p = 0,002, respectivamente) do que o GNT. A A1' foi significantemente maior no grupo GT (p = 0,001) em comparação com GNT. Não houve diferença entre os grupos quanto ao TD2 e ao τ2 (p > 0,05), mas sim quanto à A2' (p = 0,032) e a contribuição percentual desta para o incremento do VO2 no exercício (A2'%EEVO2) (p = 0,0003), que foram menores em GNT. O EEVO2 foi significantemente maior no grupo GT (p = 0,001). O TotalVO2 foi similar ao VO2max para o grupo GNT (p = 0,808) e menor do que o VO2max (p = 0,050) para o grupo GT. Ao ser analisada a resposta do VO2 a 105%PC, o grupo GNT apresentou um TotalVO2 (3058,2 ± 553,1 ml.min-1) também similar ao VO2max (p > 0,05), o que sugere que não houve efeito do treinamento em função dos testes neste grupo. O tLim a 100%PC foi similar para ambos os grupos (GT: 1177 ± 402s e GNT: 1400 ± 506s) (p > 0,05).

Figura 2


Discussão

O principal achado deste estudo foi que ciclistas e indivíduos não-treinados no ciclismo apresentam diferentes respostas do VO2 durante o exercício realizado até a exaustão na PC. De maneira geral, os indivíduos treinados apresentaram resposta mais rápida na fase primária e menor CL, o que está em conformidade com outros estudos realizados em indivíduos treinados e não-treinados (KOPPO et al., 2004; CAPUTO; DENADAI, 2008; JONES; BURNLEY, 2009; JONES et al., 2011). Ao analisar o VO2 obtido ao final do teste realizado até a exaustão em 100% PC, os resultados sugerem que os grupos GT e GNT exercitaram-se nos domínios pesado (VO2 final menor do que o VO2max) e severo (VO2 final similar ao VO2max), respectivamente.

Ao se analisar as respostas apresentadas pelos voluntários no teste incremental, verifica-se que os grupos apresentam níveis de aptidão aeróbia (VO2max, IVO2max, LV e PC) diferentes para o ciclismo. A maior intensidade absoluta e relativa referente ao LV sugere que a amplitude do domínio moderado é maior em atletas de endurance. Este dado corrobora os estudos que verificaram uma significante sensibilidade dos índices submáximos associados à resposta do lactato sanguíneo ao treinamento aeróbio (BILLAT et al., 2004; PHILP et al., 2008). No entanto, apesar de alguns estudos terem verificado um aumento na PC após um período de treinamento aeróbio (GAESSER; POOLE, 1988; JENKINS; QUIGLEY, 1992; POOLE et al., 1990), este índice parece apresentar uma resposta diferente em valores relativos (i.e., %VO2max). No estudo realizado por Poole et al. (1990), os autores demonstraram não haver diferença na elevação do VO2 ao final do exercício na PC (79,0%VO2max antes e 79,1%VO2max após sete semanas de treinamento). Neste estudo, houve um aumento de 15% no VO2max, 15% na PC e 24% no LL. Portanto, a PC parece ser um índice menos sensível ao treinamento (PYNE et al., 2001; COYLE et al., 2005; PIERCE et al., 1990), provavelmente por ser influenciada por fatores associados à potência aeróbia (i.e., VO2max).

Ao se analisar os parâmetros da cinética do VO2 no exercício de carga constante, foram verificadas diferenças significativa entre os grupos em alguns parâmetros. No presente estudo, não apenas o τ1, como também o TD1, o CL, a A2'%EEVO2, o TotalVO2 e o %VO2max atingidos no exercício realizado na PC mostraram-se diferentes entre os grupos. Pringle et al. (2003) analisaram a cinética do VO2 no ciclismo a 50% da diferença entre o LL e o VO2max (50%∆) com sujeitos apresentando perfis diferentes de distribuição de fibras tipo I e tipo II. Esses autores observaram diferenças na constante de tempo (τ1) da resposta primária do VO2 (19,5s e 25,8s, respectivamente, entre os grupos com elevada e baixa distribuição de fibras I). Esses autores reportaram uma correlação significante entre o τ1 e o percentual de fibras tipo I (-0,68) e tipo II (0,69). Neste mesmo estudo, os autores verificaram que a contribuição do CL ao aumento do VO2 no exercício é menor (9%) e inversamente correlacionada (-0,74) à proporção de fibras I, porém esta é maior (16%) e correlacionada com a proporção de fibras IIa e IIb (ambas 0,60). Estes dados sugerem que a maior capacidade oxidativa muscular (i.e., maior proporção de fibras tipo I) pode estar relacionada à resposta mais rápida do VO2 no início do exercício, com maior ganho de amplitude do componente primário e menor CL durante o exercício pesado.

Em uma observação geral sobre a diferença na cinética do VO2 entre indivíduos com níveis variados de aptidão aeróbia, Koppo et al. (2004) e Pringle et al. (2003) enfatizaram que a resposta primária da cinética do VO2 é mais lenta em indivíduos não treinados e torna-se ainda mais lenta nesta população com o aumento da intensidade do exercício. A explicação para o ajuste mais lento da resposta do VO2 nos indivíduos não treinados pode estar na diferença de densidade mitocondrial e capilar, em relação aos indivíduos treinados, que pode modificar a relação entre o VO2 muscular e pulmonar, retardando o equilíbrio entre oferta e demanda de O2 no início da transição (GRASSI et al., 2003). O tipo de fibra recrutada para o exercício pode estar entre os responsáveis por esta diferença, uma vez que indivíduos não treinados tendem a recrutar um percentual maior de fibras tipo II, à medida que a intensidade progride, aumentando amplitude do CL, quando comparados aos indivíduos treinados, que recrutam uma maior fração de fibras I (PRINGLE et al., 2003; GRASSI et al., 2003; KOPPO et al., 2004).

A influência do treinamento sobre o CL é bem documentada. Womack et al. (1995) relataram o efeito de treinamento sobre o CL, observando uma redução de 220 ml.O2.min-1 no domínio pesado, após duas semanas de treinamento em bicicleta estacionária, com sessões entre 68% e 77%VO2pico. Para estes autores, é plausível associar a ocorrência de uma significativa porção do CL ao padrão de recrutamento das unidades motoras, sendo as alterações neuromusculares decorrentes do treinamento aeróbio responsável pela atenuação do CL. De fato, a manifestação do CL parece estar associada à redução da taxa P:O2 (maior custo de O2 na produção de ATP) e ao aumento da demanda de ATP (maior custo de ATP na geração de força), sendo esta última responsável por 88% da resposta do CL (JONES et al., 2008). A elevada distribuição intramuscular, ou a ativação precoce na transição repouso-exercício, de fibras do tipo II provocam estes dois processos, devido à menor densidade mitocondrial e menor inclinação da curva que relaciona força e velocidade de contração (JONES et al., 2008). Um dos mecanismos propostos para explicar a exaustão mais precoce com a manifestação do CL, é o recrutamento progressivo das fibras tipo II, que eleva a concentração de metabólitos e influencia os mecanismos de controle do consumo muscular de O2 (JONES et al., 2008).

Leclair et al. (2008) reportaram uma faixa de variação para a PC, em indivíduos treinados situando entre 84 e 92%VO2max e em indivíduos ativos entre 69 a 89%VO2max. Apesar de PC se apresentar (Tabela 1) em intensidade compatível àquela descrita na literatura, o VO2 alcançado durante o exercício realizado na PC, pelos sujeitos não-atletas, mostrou-se semelhante ao VO2max, tendo variado entre 91,5% a 100%VO2max, mas com seis dos setes sujeitos apresentando valores acima de 97%VO2max. Por esta tendência não ter sido evidenciada entre os indivíduos treinados (81,2% a 96,5%VO2max), sugere-se que os indivíduos não-treinados realizaram o exercício no domínio severo e os indivíduos treinados realizaram o exercício no domínio pesado. Ao considerarmos os parâmetros da cinética do VO2, observou-se uma maior contribuição absoluta e relativa do CL para o aumento do VO2 (VO2 final - VO2 de base) durante o exercício na PC nos indivíduos não treinados. Esse fato, associado ao menor valor do VO2max nestes indivíduos, em relação aos treinados, poderia explicar uma resposta do VO2 similar ao VO2max. Outra possível hipótese que explicaria a diferença na resposta do VO2 entre os grupos é a ocorrência de uma ligeira adaptação aeróbia no grupo GNT, como efeito das sessões de teste. Neste sentido, uma maior tolerância (maior tLim) seria observado ao realizarem o exercício na PC, bem como seria possível atingir um valor não diferente do VO2max inicial, caso o VO2max estivesse maior do que o inicial nesta etapa do protocolo experimental. No entanto, ao se analisar as respostas deste grupo a 105%PC (domínio severo) verificou-se um valor similar ao VO2max do teste incremental. Outras repostas fisiológicas a 105%PC, como lactato sanguíneo (11,3 ± 1,2 mmol.L-1), frequência cardíaca final (183 ± 8 bpm) e quociente respiratório (R= 1,09) mostraram-se similares aqueles obtidos ao final do teste incremental, onde se observou o VO2max. Portanto, esta diferente resposta do VO2 apresentada pelo grupo GNT não parece ter sido influenciada por uma melhora da aptidão aeróbia dos indivíduos.

Estudos prévios verificaram valores relativos ao VO2max proporcionalmente menores dos que o deste estudo. Poole et al. (1988) demonstraram que o exercício em cicloergômetro na PC conduziu indivíduos regularmente ativos a 79,4%VOmax. Neste estudo, os indivíduos tinham uma aptidão aeróbia (VO2max = 50,6 ml.kg-1.min-1) proporcionalmente maior do que os do presente estudo. Baron et al. (2005), ao analisarem indivíduos treinados (VO2max = 50,3 ml.kg-1.min-1) durante o exercício a 100%PC, observaram um aumento do VO2 a 90,5%VO2max no final do teste realizado até a exaustão, sendo considerada uma resposta característica do domínio pesado. O valor reportado por esses autores está muito próximo àquele observado no presente estudo para o grupo GT. Da mesma forma, de Lucas et al. (2013) verificaram em ciclistas treinados, um valor de 94%VO2max ao final do exercício realizado a 100%PC, que foi significantemente menor do que o VO2max e, assim, também considerado pelos autores como uma resposta no domínio pesado do exercício. A resposta mais rápida do VO2 no início do exercício e a menor amplitude do CL no exercício severo estão associadas à maior tolerância ao exercício (i.e., maior tempo de exaustão) (MURGATROYD et al., 2011). No entanto, nas condições de intensidade neste estudo, não houve diferença no tLim entre os grupos. Esta similaridade no tLim pode, em parte, ter ocorrido em função do baixo número de indivíduos em cada grupo, que pode ter levado ao erro tipo II. No entanto, ao se analisar os tLim de estudos realizados em indivíduos com diferentes níveis de aptidão aeróbia, verifica-se que, apesar da diferença em alguns parâmetros da cinética do VO2, o tLim em exercícios realizados no domínio severo foi similar entre os grupos (CAPUTO; DENADAI, 2008). Da mesma forma, o tLim verificado neste estudo é similar ao obtido em indivíduos treinados no ciclismo (BARON et al., 2005; DE LUCAS et al., 2013). Além do número reduzido de sujeitos em cada grupo experimental, outra limitação deste estudo foi a utilização de uma única transição para a análise dos parâmetros da cinética do VO2, em função do número elevado de testes realizados pelos voluntários, que pode influenciar a estimativa dos parâmetros da cinética do VO2 pelas flutuações dos dados respiração-a-respiração (LAMARRA et al., 1987). No entanto, os parâmetros de amplitude apresentam menor variabilidade que os parâmetros temporais da cinética do VO2 em situações de teste/re-teste (CARTER et al., 2002), o que reduz mas não elimina a limitação do presente estudo.

Com base nestes resultados, pode-se concluir que o nível de aptidão aeróbia parece não modificar a tolerância ao exercício realizado na PC, porém pode determinar diferentes respostas do VO2.

Agradecimentos: Os autores agradecem o apoio financeiro da Fapesp e CNPq.

Recebido em: 16 de abril de 2012.

Aceito em: 27 de abril de 2013.

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      24 Jun 2013
    • Data do Fascículo
      Jun 2013

    Histórico

    • Recebido
      16 Abr 2012
    • Aceito
      27 Abr 2013
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