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El hombre soy yo: dinâmicas familiares no contexto da imigração paraguaia ao Brasil, por PROFIT, Alena. (mestrado em Ciências Sociais) – Centro de Pesquisa e Pós-graduação sobre as Américas, Universidade de Brasília. Brasília: 2015, 131 f.

El hombre soy yo: family dynamics in the context of Paraguayan immigration to Brazil

PROFIT, Alena. El hombre soy yo: dinâmicas familiares no contexto da imigração paraguaia ao Brasil. 2015. Brasília, Universidade de Brasília: Dissertação (mestrado em Ciências Sociais) – Centro de Pesquisa e Pós-graduação sobre as Américas. 131

Na sua dissertação de mestrado, Alena Profit abordou as dinâmicas familiares em trajetórias migratórias entre o Paraguai e o Brasil. Seu ponto de partida foram as narrativas de homens paraguaios que moram no Brasil. Na análise, os dados empíricos dialogam com os conceitos de gênero, coabitação, redes migratórias e campo social transnacional. Para a autora, ditas dinâmicas são mutáveis e marcadas pelas relações de gênero. A sua densidade e fluidez redefinem pertencimentos e lugares de inserção familiar em contextos migratórios.

Segundo Profit (2015: 22), ditas trajetórias migratórias se inscrevem em dinâmicas de fluxos e refluxos, em suas escalas locais, regionais, nacionais e transnacionais. A profundidade histórica desses movimentos se articula mediante dinâmicas complexas e heterogêneas nos contextos de destino, nas regiões fronteiriças e em cidades como Curitiba, Rio de Janeiro e, principalmente, São Paulo. A partir dos dado soficiais destaca-se que a repercussão da imigração os transcende porque revelam “mobilidades geográficas que se expressam em termos quantitativos significativos” e afirmam “a relevância que a reflexão sobre migração ocupa no cenário paraguaio”.

Nesse estudo, a família e as relações de gênero são dimensões relevantes para compreender aspráticas que moldam as interações sociais em contextos migratórios. As relações sociais imediatas, sejam elas na esfera familiar, de amizade ou vizinhança, são profundamente marcadas pelos fluxos migratórios internos e internacionais. A intensificação dos fluxos migratórios nas últimas décadas, tornaram ainda mais complexas ditas as relações. Nesse contexto, posições e funções familiares são constantemente negociados e reavaliados. No entanto, a distribuição de funções parecera manter a lógica da predominância da mulher em tarefas atreladas ao domínio doméstico.

As relações familiares à distância, apesar das ambiguidades, se nutrem mediante a criação de vínculos em torno de projetos comuns. Na tessitura desses vínculos coloca-se em relevo a importância das remessas na sua lógica de mão dupla: desde o Brasil são enviados eletrodomésticos, brinquedos e dinheiro; desde o Paraguai retribui-se com envio de roupas, comidas típicas, terere, dentre outros. Assim, as estratégias de negociação de pertencimento familiar são atravessadas por continuidades e descontinuidades, proximidades e distâncias, implicando em adequações cotidianas. As narrativas dos homens entrevistados reafirmam que na hierarquia familiar, particularmente a posição do homem, exige-se a existência de residência fixa. Tal compreensão evidencia um imaginário no qual a coabitação, ‘viver no mesmo teto’, colocando-se como lugar privilegiado de negociação das responsabilidades familiares.

A dissertação de Alena Profit (2015: 172) também permite refletir sobre questões de método e gênero nos estudos migratórios. Dado que seus entrevistados falam guarani, buscou contornar as barreiras linguísticas apoiando-se nos serviços de um tradutor. No entanto, os paraguaios residentes no Brasil e os retornados insistiram em realizar as entrevistas em português. A autora relata também que seus entrevistados mostraram certo estranhamento diante da sua condição de “mulher estudando homens”. Segundo ela, no início mostraram-se receosos em conversar com uma mulher pesquisadora “sozinha, sem acompanhamento do marido”. Tais descobertas alertaram-na para assumir-se “como uma mulher em campo, eu não busquei uma pretensa neutralidade. Desde o início, assumi a posição de pesquisadora ‘sexuada’, incorporando esse fato nas minhas análises”.

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    Doutora em Ciências Sociais. Pesquisadora CSEM. Brasília-Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    jul/dec 2015
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