Acessibilidade / Reportar erro

Análise morfométrica das sub-bacias hidrográficas Perdizes e Fojo no município de Campos do Jordão, SP, Brasil

Morphometric analysis of sub-basins Fojo and Perdizes in the city of Campos do Jordão, SP, Brazil

Resumos

A Política de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo estabeleceu em 1991 o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIGRHI) e ao definir os princípios básicos para a gestão da água, adotou a bacia hidrográfica como unidade territorial para estudos, planejamento integrado para o desenvolvimento sustentável. O presente trabalho objetivou caracterizar a morfometria das sub-bacias hidrográficas Fojo e Perdizes, no município de Campos do Jordão, SP. A análise morfométrica envolveu a caracterização de parâmetros geométricos, do relevo, da rede de drenagem, e a análise do uso e ocupação do solo das sub-bacias. Na caracterização morfométrica foi encontrada para sub-bacia Perdizes a área de 12,70 km², o perímetro de 19,85 km e o comprimento do eixo da bacia de 6,86 km, enquanto para a sub-bacia Fojo, a área de drenagem encontrada foi de 13,97 km², o perímetro de 19,74 km e o comprimento do eixo da bacia de 6,94 km. Esses resultados indicam semelhanças entre as duas sub-bacias. O coeficiente de compacidade (Kc) encontrado, 1,56 para a sub-bacia Perdizes e 1,41 para a sub-bacia Fojo, associados aos respectivos fatores de forma, F= 0,27 e F = 0,29 indicam que estas sub-bacias, em condições normais de precipitação, são pouco suscetíveis a enchentes. O resultado desses índices é reforçado pelo índice de circularidade encontrado, IC = 0,41 para Perdizes e IC = 0,45 para Fojo, pois o afastamento da unidade indica que as sub-bacias não tendem à forma circular, ou seja, possuem forma mais alongada e, portanto, possuem menor concentração de deflúvio. Os resultados obtidos para o Coeficiente de manutenção (Cm) indicam que para manter cada metro de canal, são necessários 286,5 m² para Perdizes e 243,9 m² para Fojo. A análise do uso e ocupação do solo revelou que dos quatro tipos de coberturas vegetais existentes: a cobertura vegetal dominante nas duas sub-bacias é de Floresta com 649 ha (51,1%) na Perdizes e 608,8 ha (43,6%) na Fojo; a cobertura Reflorestamento aparece em segundo lugar, ocupa área muito semelhante nas duas sub-bacias, 218 ha (17,2%) na Perdizes e aproximadamente 214 ha (15,3%) na Fojo. Em termos de conservação, a sub-bacia Fojo apresenta-se melhor conservada, pois além de menor área urbanizada, apresenta ainda, maior área com cobertura do tipo campo e uma área de floresta apenas um pouco menor que da sub-bacia Perdizes.

drenagem; uso do solo; escoamento superficial; manejo de bacias


The State of São Paulo Water Resources Policy established, in 1991, the Integrated Water Resources Management System (SIGRHI) and defined the basic principles for water management, adopting the watershed as the basic unit for studies, integrated planning for sustainable development. This study characterized the morphology of sub-basins Fojo and Perdizes in the city of Campos do Jordão, SP. Morphometric analysis involved the characterization of geometric parameters, topography and drainage network, and the analysis of land use and land cover of the sub-basins. The morphometric characterization revealed that Perdizes sub-basin has an area of 12.70 km², a perimeter of 19.85 km, and a main channel length of 6.86 km, while Fojo sub-basin has a drainage area of 13.97 km², a perimeter of 19.74 km, and a main channel length of 6.94 km. These results indicate similarities between the two sub-basins. The compactness coefficient (Kc) for Perdizes was 1.56 and for Fojo 1.41. These values associated with the respective form factors, F = 0.27 and F = 0.29, indicate that these sub-basins, under a normal precipitation regime are not susceptible to flooding. The results of these indices are consisted with the circularity index (CI) found: CI = 0.41 for Perdizes and CI = 0.45 for Fojo, respectively. As CI values found are far from one, they indicate that these sub-basins tend to have a more elongated shape and, therefore, lower flow concentration tendency. The results obtained for the maintenance coefficient indicate that in order to maintain the flow of each channel meter, Perdizes sub-basin needs 286.5 m² and Fojo sub-basin needs 243.9 m². Land cover and land use analysis revealed that among the four existing vegetation cover types, Forest is dominant in both sub-basins with 649 ha (51.1%) in Perdizes, and 608.8 ha (43.6%) in Fojo; Reforestation cover ranks second with similar areas in both sub-basins, Perdizes with 218 ha (17.2%) and Fojo with approximately 214 ha (15.3%). In terms of conservation, Fojo sub-basin can be considered better conserved with a smaller urban area, larger rangeland natural coverage area, and only slightly smaller forest coverage area than Perdizes.

drainage; land use; runoff; watershed management


  • ALVES, J. M. P.; CASTRO, P. T. A. Influência de feições geológicas na morfologia da bacia do rio Tanque (MG) baseada no estudo de parâmetros morfométricos e análise de padrões de lineamentos. Revista Brasileira de Geociências, v. 33, n. 2, p. 117-127, 2003.
  • BELTRAME, A. V. Diagnóstico do meio ambiente físico de bacias hidrográficas: modelo de aplicação. Florianópolis: UFSC, 1994. 112 p.
  • CARDOSO, C. A.; DIAS, H. C. T.; SOARES, C. P. B.; MARTINS, S. M. Caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do rio Debossan, Nova Friburgo - RJ. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 30, n. 2, p. 241-248, 2006. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622006000200011
  • Comitê das bacias hidrográficas da Serra da Mantiqueira - CBH-SM. Relatório técnico preliminar zoneamento ambiental da unidade de gerenciamento de recursos hídricos - Mantiqueira (UGRHI 01). São Paulo, 2009. 143p.
  • CHRISTOFOLETTI, A. Análise morfométrica de bacias hidrográficas. Notícia Geomorfológica, v. 18, n. 9, p. 35-64, 1969.
  • CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia fluvial: o canal fluvial. São Paulo: Edgard Blücher, 1981. 313 p.
  • CURVELLO, R. T.; BATISTA, G. T.; TARGA. M. dos S. Estudo dos impactos da ocupação humana na microbacia do rio Batedor na serra da Mantiqueira no município de Cruzeiro, SP, Brasil. Revista Ambiente & Água, Taubaté, v. 3, n. 1, p. 91-107, 2008. http://dx.doi.org/10.4136/ambi-agua.45
  • FREITAS, R. O. Textura de drenagem e sua aplicação geomorfológica. Boletim Paulista de Geografia, v. 11, p. 53-57, 1952.
  • HORTON, R. E. Erosional development of streams and their drainage basins: hydrophysical approach to quantitative morphology. Geological Society of America Bulletin, v. 56, n. 3, p. 275-370, 1945. http://dx.doi.org/10.1130/0016-7606(1945)56[275:EDOSAT]2.0.CO;2
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Cidades: censo 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 21 nov. 2012.
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Mapa de solos do Brasil. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas/tematicos/mapas_murais/solos.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2008.
  • INSTITUTO DE PESQUISA TECNOLÓGICA - IPT. Relatório técnico sobre Campos do Jordão-SP. Relatório nº 64.399. São Paulo, 2003.
  • KOBIYAMA, M. Ruralização na gestão de recursos hídricos em área urbana. Revista OESP Construção, São Paulo, ano 5, n. 32, p. 112-117, 2000.
  • KRONKA, F. J. N.; NALON, M. A.; MATSUKUMA, M. M.; KANASHIRO, M. M.; YWANE, M. S. S.; LIMA, L. M. P. R.; et al. Monitoramento da vegetação natural e do reflorestamento no Estado de São Paulo. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 12., 16-21 abril 2005, Goiânia. Anais. .. São José dos Campos: INPE, 2005. p. 1569-1576. Disponível em: <http://marte.dpi.inpe.br/col/ltid.inpe.br/sbsr/2004/11.01.10.06/doc/1569.pdf>. Acesso em: mar. 2008.
  • LANA, C. E.; ALVES, J. M. de P.; CASTRO, P. T. A. Análise morfométrica da bacia do Rio do Tanque, MG - BRASIL. REM: Revista Escola de Minas, Ouro Preto, v. 54, n. 2, p. 121-126, 2001. http://dx.doi.org/10.1590/S0370-44672001000200008
  • LIMA, W. P. Princípios de hidrologia florestal para o manejo de bacias hidrográficas. Piracicaba: ESALQ, 1986. 242p.
  • LOLLO, J. A. O uso da técnica de avaliação do terreno no processo de elaboração do mapeamento geotécnico: sistematização e aplicação na quadrícula de Campinas. 1995. Tese (Doutorado em Geotecnia) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1995.
  • NUNES, F. G.; RIBEIRO, N. C.; FIORI, A. P. Propriedades morfométricas e aspectosfísicos da bacia hidrográfica do Rio Atuba: Curitiba-Paraná. In: Simpósio Nacional de Geomorfologia, 6., 2006, Goiânia. Artigos. .. Goiânia: UFG, 2006.
  • OLIVEIRA, J. B. Solos do estado de São Paulo: descrição das classes registradas no mapa pedológico. Campinas: Instituto Agronômico, 1999. 112p. (Boletim Científico, 45).
  • REATTO, A.; SPERA, S. T.; CORREIA, J. R.; MILHOMEM, A. S. Caracterização dos solos e sua associação com as fitofisionomias em uma bacia hidrográfica: aspectos pedológicos e químicos. Planaltina: Embrapa Cerrados, 1999. 23p. (Boletim de Pesquisa, 8)
  • SÃO PAULO (Estado). Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE. Banco de Dados Hidrometeorológicos do estado de São Paulo. Dados pluviométricos de Campos do Jordão. São Paulo, 1999. Disponível em: <http://www.sigrh.sp.gov.br/cgi-bin/bdhm2.exe/plu>. Acesso em: 18 dez. 2012.
  • SÃO PAULO (Estado). Política Estadual de Recursos Hídricos. Lei Nº 7663, de 30 de dezembro de 1991. São Paulo, 1991. 19p. Disponível em: <http://www.daee.sp.gov.br>. Acesso em: 04 jul. 2012.
  • SANTOS, A. M.; TARGA, M. S.; BATISTA, G. T.; DIAS, N. W. Florestamento compensatório com vistas à retenção de água no solo em bacias hidrográficas do município de Campos do Jordão, SP, Brasil. Revista Ambiente & Água, Taubaté, v. 6, n. 3, p. 110-126, 2011. http://dx.doi.org/10.4136/ambi-agua.490
  • SETZER, J. Atlas climático e ecológico do estado de São Paulo. [S.l.]: Comissão Interestadual da Bacia Paraná-Uruguai, 1966. 61p.
  • SCHUMM, S. A. Evolution of drainage systems and slopes in badlands at Perth Amboy, New Jersey. Geological Society of America Bulletin, v. 67, n. 5, p. 597- 646, 1956. http://dx.doi.org/10.1130/0016-7606(1956)67[597:EODSAS]2.0.CO;2
  • SILVA, L. G. T.; SILVA, B. N. R. da; RODRIGUES, T. E. Análise fisiográfica das várzeas do baixo Tocantins: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra. Belém, PA: EMBRAPA Amazônia Oriental, 2002. 34 p. (Documentos, 149).
  • STRAHLER, A. N. Hypsometric (area-altitude) analysis of erosional topography. Geological Society of America Bulletin, v. 63, n. 11, p. 1117-1142, 1952. http://dx.doi.org/10.1130/0016-7606(1952)63[1117:HAAOET]2.0.CO;2
  • TONELLO, K. C.; DIAS, H. C. T.; SOUZA, A. L.; RIBEIRO, C. A. A. S.; LEITE, F. P. Morfometria da bacia hidrográfica da Cachoeira das Pombas, Guanhães - MG. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 30, n. 5, 2006. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622006000500019
  • VILLELA, S. M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. São Paulo: Mc Graw-Hill do Brasil, 1975.
  • WISLER, C. D.; BRATER, E. F. Hidrologia. Rio de Janeiro: Livro Técnico, 1964. 484 p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Set 2014
  • Data do Fascículo
    Dez 2012
Instituto de Pesquisas Ambientais em Bacias Hidrográficas Instituto de Pesquisas Ambientais em Bacias Hidrográficas (IPABHi), Estrada Mun. Dr. José Luis Cembranelli, 5000, Taubaté, SP, Brasil, CEP 12081-010 - Taubaté - SP - Brazil
E-mail: ambi.agua@gmail.com