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UMA DESCRIÇÃO SISTÊMICO-FUNCIONAL DOS MARCADORES DISCURSIVOS AVALIATIVOS EM PORTUGUÊS BRASILEIRO: A GRAMÁTICA DAS PARTÍCULAS MODAIS

Resumos

Este artigo parte das descrições funcionais dos marcadores discursivos e delimita como objeto o subconjunto interpessoal destes, pertencente à orientação da avaliação – realizado pelas Partículas Modais em português brasileiro. Motivado pela organização gramatical da interação, este trabalho se pauta pelas abordagens do modelo funcionalista, em particular daquele de organização sistêmica, e objetiva descrever o sistema gramatical de VALIDAÇÃO, o qual é realizado pelas Partículas Modais que compõem parte dos marcadores discursivos interpessoais. Para tanto, analisou-se um corpus monolíngue compilado com base na tipologia da língua no contexto de cultura. As Partículas Modais foram descritas segundo sua manifestação na interação, buscando-se as relações sistêmicas da VALIDAÇÃO, incluindo a complementariedade com o MODO e a MODALIDADE. Os resultados indicam que a VALIDAÇÃO é uma continuidade do MODO, separando as Partículas Modais em classes distintas conforme as opções Imperativo e Indicativo. A VALIDAÇÃO é, ainda, complementar à MODALIDADE, relativa ao papel do falante.

Marcadores Discursivos Interpessoais Avaliativos; Partículas Modais; Sistema de VALIDAÇÃO; Descrição Sistêmico-Funcional do Português Brasileiro


This paper aims at describing interpersonal discourse markers in Brazilian Portuguese related to assessment orientation. More specifically, it offers a systemic functional description of the system of ASSESSMENT. In Brazilian Portuguese, ASSESSMENT is realized by Modal Particles. As a consequence, a description of Modal Particles is presented including their class organization and frequency along modes (spoken/written & monologue/dialogue) and text types. The method consists of a corpus compilation based on the language typology in the context of culture, and a trinocular analysis of Modal Particle functions: “from below” separating them out in terms of class and delicacy; “from roundabout”, in their interdependency to the interpersonal systems of MOOD and MODALITY; and “from above”, describing ASSESSMENT contributions to the unfolding of dialogue. Results suggest ASSESSMENT is a continuity to MOOD, consisting of more delicate MOOD options, and a complementarity to MODALITY, responding for the evaluation of speaker’s role and realizing part of ENGAGEMENT.

Interpersonal Discourse Markers; Modal Particles; System of ASSESSMENT; SFL Description of Brazilian Portuguese


Introdução

Este artigo tem como motivação principal apresentar uma leitura dos marcadores discursivos avaliativos do português brasileiro (PB) (CASTILHO, 1989CASTILHO, A. de. Para o estudo das unidades discursivas no português falado. In: CASTILHO, A. de. (Org.). Português culto falado no Brasil. Campinas: Ed. da UNICAMP, 1989. p.249-279.; RISSO; SILVA; URBANO, 1996RISSO, M.; SILVA, G.; URBANO, H. Marcadores discursivos: traços definidores. In: KOCH, I. (Org.). Gramática do português falado. Campinas: Ed. da UNICAMP, 1996. p.21-61.; URBANO, 1999URBANO, H. Aspectos basicamente interacionais dos marcadores discursivos. In: NEVES, M. Gramática do português falado. v.7. Campinas: Ed. da UNICAMP: FAPESP, 1999. p.195-258.; GÖRSKI et al., 200GORSKI, E. et al. Gramaticalização/discursivização de itens de base verbal: funções e formas concorrentes. In: SEMINÁRIO DO GRUPO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Anais... São Paulo, 2002. v.31.2; FREITAG, 2008FREITAG, R. M. K. Marcadores discursivos interacionais na fala de Itabaiana/SE. Revista do GELNE, v.10, n.1/2, p.21-32, 2008.) sob a ótica da teoria sistêmico-funcional (HALLIDAY, 2002HALLIDAY, M. On grammar. London: Continuum, 2002.). Para tanto, toma como objeto de investigação o sistema gramatical que organiza o subtipo avaliativo dos marcadores discursivos, denominado sistema de VALIDAÇÃO1 1 Adotando-se a notação sistêmica, os nomes de sistemas são grafados em caixa alta, funções gramaticais com inicial maiúscula, funções semânticas e classes com minúsculas. . Segundo a teoria sistêmico-funcional, o que caracteriza um marcador discursivo como avaliativo é precisamente a validação que o ouvinte faz sobre um argumento do falante (HALLIDAY; McDONALD, 2004HALLIDAY, M.; McDONALD, E. Metafuncional Profile of the Grammar of Chinese. In: CAFFAREL, A.; MARTIN, J.; MATTHIESSEN, C. (Ed.) Language Typology: A Functional Perspective. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2004.; MARTIN; WHITE, 2005MARTIN, J.; WHITE, P. The Language of Evaluation: appraisal in English. London: Palgrave, 2005.).

Os marcadores interpessoais textualizam a interação, e o subtipo avaliativo textualiza a negociação entre os interlocutores, em particular permitindo que o ‘papel-falante’ seja validado pelo ‘papel-ouvinte’ (MARTELOTTA; VOTRE; CEZÁRIO, 1996MARTELOTTA, M.; VOTRE; S., CEZÁRIO, M. Gramaticalização no português do Brasil: uma abordagem funcional. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.; MARTIN; WHITE, 2005MARTIN, J.; WHITE, P. The Language of Evaluation: appraisal in English. London: Palgrave, 2005.). Concentra-se aqui de maneira exclusiva nos marcadores cuja função é validar o papel do falante – os quais em PB, assim como em outras línguas, são realizados por Partículas Modais (PMs)2 2 Outras publicações (CAFFAREL; MARTIN; MATTHIESSEN, 2004) denominam estas Partículas também de Avaliativas, Finais, Interpessoais, Negociadoras, Oracionais ou Valorativas. Para a definição técnica do termo ‘partícula’ aqui empregado, conferirSeção 2 do presente trabalho. (CAFFAREL; MARTIN; MATTHIESSEN, 2004CAFFAREL, A.; MARTIN, J.; MATTHIESSEN, C. (Ed.) Language Typology: A Functional Perspective. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2004.).

A motivação reside em questões apontadas tanto por pesquisas anteriores da descrição do PB, quanto por descrições dos sistemas interpessoais. Apontam-se especificamente sobre o comportamento das PMs: (a) a contiguidade entre os diferentes tipos de marcadores e a dificuldade natural de separá-los categoricamente (RISSO; SILVA; URBANO, 1996RISSO, M.; SILVA, G.; URBANO, H. Marcadores discursivos: traços definidores. In: KOCH, I. (Org.). Gramática do português falado. Campinas: Ed. da UNICAMP, 1996. p.21-61.; MARTELOTTA; VOTRE; CEZÁRIO, 1996MARTELOTTA, M.; VOTRE; S., CEZÁRIO, M. Gramaticalização no português do Brasil: uma abordagem funcional. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.); (b) a relação entre os marcadores e os sistemas interpessoais da oração, em particular o MODO (URBANO, 1999URBANO, H. Aspectos basicamente interacionais dos marcadores discursivos. In: NEVES, M. Gramática do português falado. v.7. Campinas: Ed. da UNICAMP: FAPESP, 1999. p.195-258.); (c) a sistematização das diferentes classes de marcadores devido aos diferentes processos de gramaticalização dos quais são resultado (FREITAG, 2008FREITAG, R. M. K. Marcadores discursivos interacionais na fala de Itabaiana/SE. Revista do GELNE, v.10, n.1/2, p.21-32, 2008.); (d) a distribuição dos marcadores interpessoais entre a língua falada/escrita, e entre diferentes tipos de texto (CAFFAREL; MARTIN; MATTHIESSEN, 2004CAFFAREL, A.; MARTIN, J.; MATTHIESSEN, C. (Ed.) Language Typology: A Functional Perspective. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2004.; FREITAG, 2009FREITAG, R. M. K. Estratégias gramaticalizadas de interação na fala e na escrita: marcadores discursivos revisitados. ReVEL, v.7, n.13, p.1-2, 2009.); (e) a funcionalidade de marcadores predominantemente interpessoais no desenvolvimento do diálogo (MARTELOTTA; VOTRE; CEZÁRIO, 1996MARTELOTTA, M.; VOTRE; S., CEZÁRIO, M. Gramaticalização no português do Brasil: uma abordagem funcional. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.).

Balizado pela sistematização da língua em uso, nas “regularidades onde outras teorias veem apenas fatos” (MARTELOTTA; VOTRE; CEZÁRIO, 1996MARTELOTTA, M.; VOTRE; S., CEZÁRIO, M. Gramaticalização no português do Brasil: uma abordagem funcional. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996., p.106), este artigo tem como objetivo descrever, a partir do arcabouço teórico sistêmico-funcional, o sistema gramatical de VALIDAÇÃO em português brasileiro, realizado pelas Partículas Modais, que compõem parte do subconjunto interpessoal avaliativo dos marcadores discursivos.

Os marcadores discursivos na orientação da avaliação

Buscando integrar o estudo dos marcadores discursivos em PB à descrição sistêmico-funcional, esta seção localiza os marcadores na orientação da avaliação.

Em PB, os marcadores discursivos são caracterizados como itens linguísticos de diferentes ordens (em geral, palavras ou grupos) que realizam gramaticalmente operações de textualização, “amarrando o texto” (URBANO, 1999URBANO, H. Aspectos basicamente interacionais dos marcadores discursivos. In: NEVES, M. Gramática do português falado. v.7. Campinas: Ed. da UNICAMP: FAPESP, 1999. p.195-258.). Os marcadores discursivos interpessoais operam textualizando – “amarrando o texto” – na interação entre falante e ouvinte, convertendo-a em estrutura textual (MARCUSCHI, 1989MARCUSCHI, L. Marcadores conversacionais do português brasileiro: formas, posições e funções. In: CASTILHO, A. Português Culto falado no Brasil. Campinas: Ed. da UNICAMP, 1989. p.281-318.). O subtipo marcador discursivo interpessoal avaliativo, por sua vez, textualiza a parte da interação “entre turnos”, de forma que o ‘papel-falante’ possa ser negociado. Este subtipo de avaliação é denominado validação. É por este motivo que os marcadores aqui descritos pertencem ao subtipo avaliativo dos marcadores discursivos interpessoais, e o sistema que os organiza é denominado VALIDAÇÃO.

O subtipo dos marcadores discursivos interpessoais avaliativos é realizado em PB pelas PMs (né, tá, ó, ué, hein, tchê, ah é, uai sô, etc.). O EXEMPLO 1 ilustra o seu emprego.

EXEMPLO 1
3 3 Todos os exemplos foram retirados do corpus CALIBRA, a partir do qual o corpus da pesquisa foi compilado.

O subtipo avaliativo do marcador discursivo interpessoal contribui determinando fases ou episódios de negociação do texto. Isso porque está ligado ao processo de discursivização, uma vez que assume também funções voltadas para a orientação da interação (MARTELOTTA; VOTRE; CEZÁRIO, 1996MARTELOTTA, M.; VOTRE; S., CEZÁRIO, M. Gramaticalização no português do Brasil: uma abordagem funcional. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.). Este se caracteriza como “elemento de contato entre os interlocutores, pedindo aquiescência do ouvinte e/ou mantendo o fluxo conversacional” (FREITAG, 2008FREITAG, R. M. K. Marcadores discursivos interacionais na fala de Itabaiana/SE. Revista do GELNE, v.10, n.1/2, p.21-32, 2008., p.2).

Com relação ao uso nos diferentes tipos de texto, Martelotta, Votre e Cezário (1996)MARTELOTTA, M.; VOTRE; S., CEZÁRIO, M. Gramaticalização no português do Brasil: uma abordagem funcional. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996. e Urbano (1999)URBANO, H. Aspectos basicamente interacionais dos marcadores discursivos. In: NEVES, M. Gramática do português falado. v.7. Campinas: Ed. da UNICAMP: FAPESP, 1999. p.195-258. destacam a importância de se compreender a funcionalidade de marcadores discursivos interpessoais no desenvolvimento do texto – incluindo-se os avaliativos – em particular do diálogo. Uma vez que desempenham papel fundamental na textualização da interação, sua relevância é proporcional ao grau de interação. A sua distribuição tende a variar entre os modos falado/escrito da língua, e o tipo de texto (CAFFAREL; MARTIN; MATTHIESSEN, 2004CAFFAREL, A.; MARTIN, J.; MATTHIESSEN, C. (Ed.) Language Typology: A Functional Perspective. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2004.; FREITAG, 2009FREITAG, R. M. K. Estratégias gramaticalizadas de interação na fala e na escrita: marcadores discursivos revisitados. ReVEL, v.7, n.13, p.1-2, 2009.). O subtipo avaliativo aparece em textos com mais negociação e quantidade de turnos.

Diante dessa abordagem, aos marcadores discursivos interpessoais avaliativos pretende-se aqui (i) apresentar a disposição sistêmica das PMs no sistema de VALIDAÇÃO; (ii) localizar o sistema de VALIDAÇÃO na região interpessoal da gramática do PB, indicando suas relações com o MODO e a AVALIAÇÃO MODAL; (iii) indicar as formas pelas quais a VALIDAÇÃO contribui para o desempenho da negociação no PB; (iv) apontar a distribuição das PMs e assim a variação das funções da VALIDAÇÃO por tipo de texto.

Gramaticalização como realização gramatical e organização sistêmica

O comportamento dos marcadores discursivos na produção linguística está diretamente relacionado à variedade de formas gramaticais que os realiza, uma vez que os diferentes tipos de marcadores são gerados a partir de processos de gramaticalização distintos. Freitag (2008)FREITAG, R. M. K. Marcadores discursivos interacionais na fala de Itabaiana/SE. Revista do GELNE, v.10, n.1/2, p.21-32, 2008. aponta que a sistematização das classes de marcadores deve observar os diferentes processos de gramaticalização dos quais são resultado.

A descrição do subtipo avaliativo dos marcadores interpessoais – objeto de investigação deste artigo – se pauta pela maneira como se gramaticalizam as funções do sistema de VALIDAÇÃO na forma das PMs. Para compreender como acontece esse processo, é preciso antes que ele seja observado segundo o conceito de gramaticalização sistêmico-funcional.

A gramaticalização, desde o arcabouço sistêmico-funcional, implica na organização funcional como sistema de escolhas, conferindo maior peso ao eixo paradigmático. As funções do sistema são motivadas pelo uso, e por isso “funcionam” respondendo ao contexto de situação sócio-comunicativo (HALLIDAY, 2002HALLIDAY, M. On grammar. London: Continuum, 2002.). O conceito de gramaticalização se refere tanto ao processo formador estabelecido no contínuo léxico-gramática, como também à organização sistêmica das funções gramaticais responsáveis por realizar os significados – ou conteúdos semânticos (Figura 1).

FIGURA 1
– Perspectivas complementares da gramaticalização.

A relação entre os estratos linguísticos do conteúdo (semântica e gramática) determina como o conjunto dos significados da língua é realizado por um conjunto de relações formais entre as funções (HALLIDAY, 2002HALLIDAY, M. On grammar. London: Continuum, 2002.). As funções dos sistemas gramaticais, por sua vez, são realizadas pelos itens das ordens gramaticais (no caso dos marcadores discursivos, grupos e palavras; no caso do subconjunto avaliativo, as partículas). Dessa forma, tem-se, por exemplo, que os significados de [“amarrar o texto” à textualizar a interação à avaliar o papel dos interlocutores] são realizados pelo sistema de VALIDAÇÃO.

Os trabalhos de descrição dos marcadores discursivos em PB que se pautam pelas abordagens funcionalistas têm demonstrando a formação de marcadores discursivos a partir do contínuo léxico-gramática e a sua relação com os estratos superiores da semântica e do contexto. Rost Snichelotto e Gorski (2011)ROST SNICHELOTTO, C. A.; GÖRSKI, E. M. (Inter)subjetivização de marcadores discursivos de base verbal: instâncias de gramaticaliozação. Alfa: Revista de Linguística, São Paulo, v.55, p.423-455, 2011., por exemplo, mostram como os itens verbais ‘olha’ e ‘vê’ são gramaticalizados como marcadores discursivos, e como o processo é motivado pelo contexto comunicativo/pragmático.

A gramaticalização dos marcadores interpessoais avaliativos, por sua vez, é também compreendida como a forma de organização de funções gramaticais de validação do papel dos interlocutores que realizam as funções semânticas de tessitura (Figura 2).

FIGURA 2
– Gramaticalização como realização.

Do ponto de vista sistêmico-funcional, como o conceito de função implica na forma de organização da língua conforme o uso, as funções no estrato gramatical são geradas por um tipo especial de organização, denominado ‘gramaticalização’. A compreensão do processo de gramaticalização depende, por conseguinte, do conceito de funcionalidade gramatical.

A funcionalidade gramatical se associa tanto ao uso da língua em uma determinada situação comunicativa que integra parte de uma determinada sociedade e cultura, quanto à organização interna da língua (HALLIDAY, 2002HALLIDAY, M. On grammar. London: Continuum, 2002.). Deste segundo ponto de vista, o conceito de funcionalidade gramatical depende das relações formais entre os itens linguísticos. Essas relações determinam o valor (valeur) de cada item no conjunto do sistema. Assim, o conceito de função gramatical significa tanto o papel de um item linguístico na rede de relações do estrato da gramática, quanto a forma como esse item foi organizado na rede de um determinado sistema gramatical (MARTIN, 1992MARTIN, J. R. English text: system and structure. Philadelphia; Amsterdam: John Benjamins, 1992.).

Pesquisas anteriores mostram que alguns marcadores se concentram no grupo interpessoal, outros no grupo textual e outros ainda em região indeterminada (MARCUSCHI, 1989MARCUSCHI, L. Marcadores conversacionais do português brasileiro: formas, posições e funções. In: CASTILHO, A. Português Culto falado no Brasil. Campinas: Ed. da UNICAMP, 1989. p.281-318.; FREITAG, 2008FREITAG, R. M. K. Marcadores discursivos interacionais na fala de Itabaiana/SE. Revista do GELNE, v.10, n.1/2, p.21-32, 2008.). Do ponto de vista sistêmico-funcional, a descrição dos marcadores discursivos se identifica com o processo de gramaticalização. Este, por sua vez, deve compreender tanto (a) o estabelecimento das relações entre os itens gramaticais e os significados (em contexto) que realizam, quanto (b) a disposição das funções dos marcadores em redes de sistemas segundo o seu valeur – no caso específico dos marcadores interpessoais avaliativos, o sistema de VALIDAÇÃO (Figura 3).

FIGURA 3
– Gramaticalização como organização sistêmica.

Gramática interpessoal: os sistemas avaliação modal e validação

Sistemicamente, ‘diálogo’4 4 Diante do papel comunicativo da língua, qualquer texto é, do ponto de vista interpessoal, diálogo. Sistemicamente, a separação monólogo/diálogo se refere à organização textual, e não à interação. (HALLIDAY, 2002HALLIDAY, M. On grammar. London: Continuum, 2002.) é um termo técnico para determinar a estrutura semântica gerada pelos sistemas de interação. Assim, o diálogo é gerado pelo sistema de FUNÇÕES DISCURSIVAS, que realiza o papel dos interlocutores inicial/respondente (fornecer e demandar), e a “mercadoria” negociada: informação, na forma de proposições; ou bens-&-serviços, na forma de propostas. Os argumentos respondentes variam conforme o papel do interlocutor respondente e sua disposição de engajamento na negociação.

A gramática interpessoal apresenta um conjunto de recursos da relação entre interlocutores e as proposições ou propostas através do sistema de AVALIAÇÃO MODAL. As funções gramaticais deste sistema tomam parte no Negociador e realizam os significados de validade, probabilidade, hábito, obrigação, avaliação subjetiva (comentário) e polaridade.

Os recursos da gramática interpessoal que avaliam a interação (Figura 4) estendem-se por duas regiões da semântica interpessoal (MATTHIESSEN, 1995MATTHIESSEN, C. Lexicogrammatical cartography: English systems. Tokyo: International Language Science Publishers, 1995.). No ‘domínio da avaliação’, o falante avalia a própria proposição ou proposta (probabilidade, hábito, obrigação, etc.). Na ‘orientação da avaliação’, o falante expressa sua posição diante do argumento, ou demanda do ouvinte sua posição sobre este. No domínio da avaliação, o PB dispõe dos sistemas de AVALIAÇÃO MODAL e POLARIDADE – realizados por Adjuntos e Finitos Modais. Na orientação da avaliação, o PB dispõe de parte da AVALIAÇÃO MODAL, COMENTÁRIO e o sistema de VALIDAÇÃO (realizado pelas PMs).

FIGURA 4
– Dispersão dos recursos interpessoais.

A partir da análise de um corpus representativo da língua no contexto de cultura do PB, este artigo visa explorar mais detalhadamente a VALIDAÇÃO no que diz respeito tanto ao potencial de recursos possíveis, quanto à distribuição ao longo dos tipos de texto. Dessa forma, apresenta-se, na próxima seção, a metodologia da pesquisa.

Metodologia

A metodologia deste trabalho foi desenhada a partir de duas preocupações principais. (1) Basea-se em dados de língua produzida espontaneamente, observando técnicas metodológicas advindas da linguística de corpus. (2) Descreve a VALIDAÇÃO observando as técnicas metodológicas da linguística sistêmico-funcional (HALLIDAY, 2002HALLIDAY, M. On grammar. London: Continuum, 2002.).

Essas duas abordagens metodológicas se complementam neste trabalho e permitem que a metodologia seja divida nos seguintes passos: (a) coleta do corpus, (b) extração das formas linguísticas que realizam as funções de VALIDAÇÃO por meio de busca automática, (c) análise semi-automática das formas linguísticas encontradas no passo (b) para corrigir possíveis problemas da busca automática, (d) análise manual das formas e classificação segundo as funções da VALIDAÇÃO, e (e) análise sistêmica trinocular das funções da VALIDAÇÃO para gerar a rede do sistema e as frequências de ocorrência.

(a) ‘Coleta do corpus’. Foi compilado um corpus de cem mil itens, extraído do corpus CALIBRA – Catálogo da Língua Brasileira. O corpus foi compilado com base na tipologia da língua no contexto de cultura (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2013HALLIDAY, M.; MATTHIESSEN, C. An introduction to functional grammar. 4.ed. London: Edward Arnold, 2013.). Essa tipologia é definida pelas seguintes variáveis (Tabela 1). ‘Especialização’: especializado/não especializado, com orientação técnica de uma determinada área. ‘Papel da língua’: constitui a situação sócio-semiótica, ou apenas a auxilia. ‘Modo de produção’: produzido no modo escrito ou falado. ‘Modo de interação’: encena o tipo de interação dialógica/monológica. ‘Processo sócio-semiótico’: conforme a probabilidade de coocorrência das funções linguísticas, o texto pertence a um determinado tipo de texto.

Tabela 1
– A constituição do corpus de pesquisa

O corpus foi analisado levando-se em consideração as funções componentes do sistema de VALIDAÇÃO conforme o papel desempenhado pelas PMs, cumprindo-se as seguintes etapas.

(b) ‘Busca automática das realizações estruturais das funções gramaticais de interesse da pesquisa’. A análise automática foi realizada com o auxílio do software WordSmith Tools (SCOTT, 2007SCOTT, M. WordSmith Tools. Oxford: Oxford University Press, 2007.). Utilizando a ferramenta WordList, foi elaborada uma lista de palavras, a qual foi cotejada com os itens identificados como PMs, extraídos a partir das pesquisas: Martelotta, Votre e Cezário (1996MARTELOTTA, M.; VOTRE; S., CEZÁRIO, M. Gramaticalização no português do Brasil: uma abordagem funcional. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.) e Urbano (1999)URBANO, H. Aspectos basicamente interacionais dos marcadores discursivos. In: NEVES, M. Gramática do português falado. v.7. Campinas: Ed. da UNICAMP: FAPESP, 1999. p.195-258.. Assim, foi elaborada a lista dos itens encontrados no corpus que potencialmente são PMs. Após a identificação dos itens, adotou-se uma grafia única para as variantes. O critério para tanto foi tomar como norma a grafia mais frequente. Como resultante desta etapa obteve-se a lista: ah, ai, aí, aqui, bah, é, eh, hein, lá, né, nó, não, nu, ó, ôxe, pô, sô, tá, tchê, uai, ué, visse, vixe, viu.

(c) ‘Análise semiautomática das linhas de concordância resultantes da busca automática para as configurações gramaticais’. Utilizando a ferramenta Concord, foi feita busca pelos itens identificados como PMs, nos ambientes oracionais em que ocorrem. Dessas linhas foram selecionadas apenas as que apresentavam ocorrências de itens que realizam PMs. Como resultante obtiveram-se 435 linhas.

(d) ‘Análise manual das funções da VALIDAÇÃO’. Essa análise teve como objetivo buscar padrões que revelassem (a) a distinção entre as diferentes configurações que formam os ambientes interpessoais em que ocorrem as funções da VALIDAÇÃO e (b) a caracterização de cada função específica. Como forma de registrar cada função juntamente com seu número de ocorrências. Foi utilizado o software UAM CorpusTool (O’DONNELL, 2008O’DONNELL, M. The UAM CorpusTool: software for corpus annotation and exploration. In: BRETONES CALLEJAS, C. M. et al. (Ed.). Applied linguistics now: understanding language and mind. Almería: Universidad de Almería, 2008. p.1433-1447.). Assim, das 435 linhas de concordância, foram excluídas 121. Desta etapa, obtiveram-se 314 linhas de concordância, que foram analisadas de forma trinocular.

(e) ‘Análise trinocular’. Para contemplar tanto a relação entre os significados da orientação da avaliação e as funções dos sistemas de VALIDAÇÃO, buscou-se o respaldo metodológico na teoria de descrição sistêmico-funcional. Para precisar a localização dos marcadores discursivos na orientação da avaliação – portanto na região interpessoal – estes são examinados a partir de pontos de vista analítico-descritivos complementares (HALLIDAY, 2002HALLIDAY, M. On grammar. London: Continuum, 2002.).

No estrato gramatical, a análise trinocular se faz: (I) “de baixo” (da manifestação para a organização gramatical), observando como são realizados pelos elementos constituintes da estrutura. (II) “Ao redor” (nas relações funcionais), descrevendo as opções sistêmicas (oposição, delicadeza e valeur). (III) “De cima” (do significado para a organização gramatical), desde o contexto de situação, passando pela semântica, examinando os significados produzidos pelas funções gramaticais no desenvolvimento do texto.

A pergunta metodológica que guia esta descrição é: “qual é o sistema gramatical que dispõe as funções que realizam os significados de textualização interpessoal avaliativa e que, por sua vez, se veem realizadas pelas PMs?”. Esta, por sua vez, pode ser desdobrada segundo a visão trinocular. 1) DE BAIXO: quais os tipos de realização da VALIDAÇÃO? Em quais tipos de PMs se manifestam? As diferenças entre Partículas implicam em funções diferentes?

2) AO REDOR: como as funções da VALIDAÇÃO se relacionam no sistema? Quais as diferenças que lhes dão o seu valeur? Qual a relação entre esses sistemas e os outros sistemas interpessoais (MODO e AVALIAÇÃO MODAL)? 3) DE CIMA: quando no desenvolvimento da textualização interpessoal se vê manifesto o domínio da avaliação? Existem restrições no trabalho da VALIDAÇÃO por tipo de texto? Como os marcadores discursivos interpessoais avaliativos contribuem para o texto? (Figura 5).

FIGURA 5
– Visão Trinocular do objeto de pesquisa.

Validação: partículas modais abordadas “de baixo”

Devido ao fato de a VALIDAÇÃO ser realizada por PMs, esta seção apresenta esse sistema a partir da caracterização das Partículas, de forma trinocular. Primeiramente de baixo, categorizando a partícula como classe de palavra, e a forma como opera, dentro dos grupos, na estrutura da oração. Em seguida ao redor, apresentando como essa realiza as opções da VALIDAÇÃO, em particular na sua relação com o MODO. Por fim, de cima, identificando como contribui no desenvolvimento do diálogo. Descrito o potencial sistêmico, mostram-se como as opções se distribuem na língua a partir da análise de ocorrência no corpus.

Uma característica apontada por muitos autores é que, tradicionalmente, a Partícula é desconsiderada como classe. Franco (1991FRANCO, A. C. Descrição linguística das partículas modais no português e no alemão. Coimbra: Coimbra Editora, 1991., p.137) afirma que “esta (sub-)classe de palavras tem sido – como tal – até agora praticamente desconhecida dos gramáticos (e lexicógrafos)”. Assim, o que se observa é o tratamento das partículas de forma não sistemática entre os diferentes autores (FRANCO, 1991FRANCO, A. C. Descrição linguística das partículas modais no português e no alemão. Coimbra: Coimbra Editora, 1991.; WELKER, 1990WELKER, H. As partículas modais no alemão e no português e as equivalências de aber, eben, etwa e vielleicht. 1990. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Departamento de Linguística, Universidade de Brasília, Brasília, 1990.). Em geral, não há nas descrições do PB uma (sub-)classe de palavras que agrupe as partículas interpessoais. Em alguns casos, são classificadas como interjeições, advérbios ou conjunções.

Devido à falta sistemática de critérios para a definição e descrição das partículas interpessoais, eles variam entre os autores. Dentre aqueles que identificam PMs, elas não coincidem em número, função, ou mesmo quais são. Por exemplo, para Franco (1991FRANCO, A. C. Descrição linguística das partículas modais no português e no alemão. Coimbra: Coimbra Editora, 1991., p.143):

A constituição do grupo de partículas de realce [...] significou essencialmente uma prova de insatisfação e do reconhecimento, por parte dos gramáticos, de que não era completamente adequada a inclusão de certos lexemas na categoria dos advérbios ou noutra [...]. ela é como que a redescoberta ou o ressurgimento do que foram na língua latina as expletivae [...] é, pois, de uma área originalmente difusa, de contornos pouco bem delimitados, que considero que emergem, em última análise, o que chamo Partículas Modais do português.

Welker (1990)WELKER, H. As partículas modais no alemão e no português e as equivalências de aber, eben, etwa e vielleicht. 1990. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Departamento de Linguística, Universidade de Brasília, Brasília, 1990. coloca as partículas junto com outras classes de palavras invariáveis, e as caracteriza por oposição a elas. Assim, afirma que as partículas são inflexionáveis e invariáveis, caracterizando-se pela brevidade morfológica, e opõem-se a preposições, interjeições ou conjunções, apresentando alguma “redução semântica”.

Do ponto de vista sistêmico-funcional, a abordagem “de baixo” se refere à classe a qual pertencem na unidade da palavra na escala de ordens. A escala de ordens gramatical do PB é composta por quatro unidades hierárquicas: morfema ~ palavra ~ grupo/frase preposicional ~ oração (ou cláusula). Nessa escala, a classe é determinada pela função desempenhada pelos itens de uma ordem à qual tomam parte na composição. A classe é, por conseguinte, definida como um conjunto de itens semelhantes e mutuamente excludentes que opera na ordem superior (NEVES, 2000NEVES, M. Gramática de usos do português. São Paulo: Ed. da UNESP, 2000.; HALLIDAY, 2002HALLIDAY, M. On grammar. London: Continuum, 2002.).

Diante disso, a partícula é definida como uma classe de palavra gramatical em PB, uma vez que é composta por itens semelhantes, mutuamente excludentes e opera na ordem do grupo. Em PB, pode ter natureza textual, ideacional ou interpessoal (FREITAG, 2008FREITAG, R. M. K. Marcadores discursivos interacionais na fala de Itabaiana/SE. Revista do GELNE, v.10, n.1/2, p.21-32, 2008.). A separação das Partículas em classes distintas é dada pela sua relação com os outros tipos de sistema aos quais se associa.

As partículas textuais se associam ao sistema textual de TEMA, formando parte da função de Tema Textual operada por um grupo de partículas. As partículas ideacionais, ao sistema ideacional de ERGATIVIDADE, tomando parte no Tipo de Processo operada por um grupo verbal. As partículas interpessoais se associam a MODO e a AVALIAÇÃO MODAL, tomando parte no Elemento Negociador (Sujeito + Finito + Adjuntos + Partículas), operado por grupos nominal, adverbial, verbal e de partícula (Quadro 1).

Quadro 1
– Classes de Partícula em PB.

O exame “de baixo” revela que, as PMs constituem uma classe de palavras distinta, caracterizada pela invariabilidade morfológica e pela gramaticalização por redução fonológica. Estruturalmente, as PMs operam na ordem superior em grupos de partículas. No levantamento feito no corpus da pesquisa, os grupos de partícula podem conter até três elementos (ah é sô; ah tá viu). Contudo, a maioria são grupos de apenas um elemento. Os grupos tendem a aparecer no final da oração, uma vez que são as proposições ou propostas inteiras que se negociam. Contudo, não são raras as ocasiões em que se encontram em outras posições da oração, seguindo um elemento (Sujeito, Adjunto, etc.) que o falante negocia.

Em termos fonológicos, as PMs aparecem tipicamente no final de um grupo tonal. Mesmo quando o falante ainda está no meio da produção de uma oração, ele pode acrescentar o movimento tônico de final de oração através do emprego de uma Partícula (fazendo corresponder um movimento tônico a um grupo nominal, verbal, adverbial, etc., e não a uma oração). Dessa forma, acrescenta mais uma camada de significado ao argumento:

EXEMPLO 2

A avó da menina morava em G. L. quando eu conheci ela. Ela falou: “Ó, mas que-- eu estou feliz, viu , da minha neta estar namorando com seu filho. Gostei”. [ // 1 ˄ eu es/tou fe/liz /viu // 1 ˄ da minha /neta es/tar namo/rando com seu /filho // ]

Em termos fonológicos, a forma do Exemplo 1, com a Partícula, apresenta dois grupos tonais 1. Sendo este o movimento tônico das declarativas, o que se tem é uma declaração em termos semânticos e uma oração declarativa em termos gramaticais, mas, por assim dizer, com “força” de duas declarativas, em termos fonológicos.

Validação: partículas modais abordadas “ao redor”

Tendo em vista o comportamento funcional das PMs – a indicação do falante sobre seu grau de envolvimento na proposição ou proposta da oração – observa-se que o sistema é composto por opções alternativas que seguem o MODO. Considerando-se a orientação da negociação, o ambiente do MODO que as realiza e o lugar do falante, é possível delimitar as possibilidades de sua ocorrências. Assim, os tipos de partícula podem ser determinados a partir de um paradigma que segue o ambiente do MODO. Para tanto, tem-se, por um lado, os 4 ambientes possíveis de MODO: Declarativo, Interrogativo Polar, Interrogativo Elemental e Imperativo. Por outro lado, tem-se os 3 tipos de movimento da interação: Inicial, Respondente Esperado e Respondente Arbitrário. Dentro desse paradigma, encontram-se as possibilidade de funções para as PMs (Quadro 2).

Quadro 2
– Delimitação Funcional das PMs em PB.

Mediante o cotejo entre as variáveis do Quadro 3 e o corpus da pesquisa, buscou-se responder às perguntas metodológicas: “como as funções da VALIDAÇÃO se relacionam na rede dos sistemas? Quais as diferenças que lhes dão o seu valor? Qual a relação entre estes sistemas e os outros sistemas interpessoais?” Com isso, identificaram-se os padrões das PMs e, por conseguinte, a organização sistêmica da VALIDAÇÃO. Relacionando as ocorrências do corpus com o paradigma apresentado no Quadro 3, tem-se como resultado a realização das classes de PMs apresentadas no Quadro 3.

Quadro 3
– Funções da VALIDAÇÃO em PB

A seguir, apresentam-se de forma mais detalhada as classes de PMs, juntamente com exemplos.

Atenção: essa Partícula é a única que não se prende à determinação do tipo de MODO, podendo ser usada tanto com proposições, quanto com propostas. Sua função é requerer especial foco do ouvinte para ser validada.

EXEMPLO 3 à Ó, depois que eu falar com ele eu te conto o sonho.

EXEMPLO 4 àNão, isso é só pra quem não tem aquilo ali ó, entendeu?

Anuência: pede ao ouvinte que a proposição do falante possa se tornar parte do “conhecimento compartilhado”. Nesse caso, o ouvinte não precisa, necessariamente, concordar com a opinião do falante, mas apenas dar seu aval para que o falante permaneça no lugar de “avaliador da proposição”. Por exemplo:

EXEMPLO 5

No exemplo, uma das falantes (A) pede conselhos à outra falante (B). Assim, a função de (B) no texto é procurar controlar o comportamento da outra falante aconselhando-a, que, nesse caso específico, é sobre a sua conduta face ao relacionamento. Assim, o aval dado pela falante B, por meio da função de Anuência (realizada pela Partícula ‘né’) conduz o tipo de comportamento certo, segundo seu conselho, que se torna conhecimento compartilhado (B: né? à A: é).

Concordância: implica em que o falante peça ao ouvinte que compartilhe não apenas o conhecimento, mas também o valor apresentado pela proposição. Por exemplo:

EXEMPLO 6 à Não vai ficar bonito igual o outro não, ?

O contraste entre as funções de anuência e concordância revela a oposição entre essas funções (Quadro 4).

Quadro 4
– Contraste entre as funções de Anuência e Concordância

Insistência: conduz o ouvinte a validar a proposição de forma que seja respondida da forma esperada pelo ouvinte. Sua função é aumentar a chance de o ouvinte endossar a proposição, chegando sobre esta a mesma posição (valores e avaliação) do falante.

EXEMPLO 7

(A) Não deve de ser para ligar para elas.

(B) Eu acho que é sim, .

(A) É?

Conclusão: opera levando o ouvinte a endossar a proposição, pressupondo que valores e conhecimentos não precisariam ser negociados, de forma que não se questione a verdade (a mesma polaridade e avaliação do falante) da proposição.

EXEMPLO 8

(A) Ela não sabe lavar um copo!

(B) Ela não faz nada.

(A) Ela não sabe lavar um copo, .

Entendimento: necessita que o ouvinte não dê apenas anuência, mas negocie a motivação do falante para colocar esea proposição, e não outra, em negociação.

EXEMPLO 9

(A) Que vergonha! Vocês nunca mais voltam pro lado de lá, viu?

(B) Viu.

Confirmação: empregada quando o falante constrói uma proposição para que o movimento respondente seja esperado. Por isso, precisa que o ouvinte confirme. Esta pode acontecer tanto para declarativas quanto para interrogativas.

EXEMPLO 10 - Declarativa

(A) Nós vamos estudar a teoria do delito e nós vamos estudar... você grava as minhas aulas, é?

(B) Gravo.

EXEMPLO 11 - Interrogativa

(A) Foi uma infelicidade do médico de dizer que havia uma possibilidade de entupir as artérias e surgir uma bolha no meu cérebro.

(B) Mas o que que é? Uma possibilidade? Quer dizer que existe uma possibilidade, hein?

(C) Altíssima! Ele come muitas frituras.

Empatia: empregada em situações nas quais o falante requer do ouvinte a motivação interpessoal do falante para ter produzido tal proposição que, dessa forma, deve receber na negociação um argumento respondente esperado, ou a empatia do ouvinte.

EXEMPLO 12 à “O senhor tem mio aí pra vender?” Aí ele respondeu: “ ‘Mio’ eu não tenho não. Eu tenho‘milho’. Hmm, menino, mas aquilo me deixou enfezado um tanto, .

Exclamação: realiza alguma alteração no estado emocional do falante que, ao produzir uma proposição, sinaliza para o ouvinte essa alteração.

EXEMPLO 13 à Bah, aqui está tão confortável...

EXEMPLO 14 à Oxente, quem tá ligando pra isso?

Exortação: utilizada no contexto em que o falante necessita que o ouvinte (i) obedeça a um comando, ou (ii) forneça informação. Assim, incentiva o ouvinte a obedecer ou responder, aumentando, com isso, a probabilidade de sucesso da negociação. A exortação ainda pode significar um desafio para que o ouvinte responda ao argumento do falante.

EXEMPLO 15 Exortação para responder:

(A) Ah. Não, não é isso.

(B) Então o que é, tchê?

EXEMPLO 16 Exortação para obedecer:

Sobe logo nesse carro, tchê.

EXEMPLO 17 Desafio:

(A) Deus fez os outros primeiro e o gaúcho quando pegou a prática.

(B) Por isso é que tem tanto índio desajustado.

(A) Teu trabalho é curar esses desgarrado.

(B) E tu acha que eu tô pronto, tchê?

Atenuação: cumpre a função de atenuar a força dos comandos, aumentando, dessa maneira, a chance de a proposta ser obedecida ou aceita.

EXEMPLO 18 Atenuação para obedecer:

Não, espera , me dá uma faca .

EXEMPLO 19 Atenuação para aceitar:

Só a S. mesmo para dar esse acabamento no material dela, né gente?... Quer ver como é a aparência exterior? Vem aqui comigo olha como é que é o exterior.

A partir da separação das PMs em classes, e do paradigma de sua relação “ao” redor com o MODO, é possível construir uma rede sistêmica das relações entre as classes de Partículas, à qual denomina-se rede do sistema da VALIDAÇÃO (Figura 6).

Figura 6
– Relação complementar entre VALIDAÇÃO e AVALIAÇÃO MODAL.

Validação: partículas modais abordadas “de cima”

“De cima”, as Partículas Modais realizam significados do sistema de ENGAJAMENTO. Ao explicar as funções desse sistema, Martin e White (2005MARTIN, J.; WHITE, P. The Language of Evaluation: appraisal in English. London: Palgrave, 2005., p.95, tradução nossa) afirmam:

[...] quando o falante expressa seu próprio ponto de vista na avaliação, este não somente ‘fala o que pensa’, mas, ao mesmo tempo, convida seus interlocutores a endossar e compartilhar dos mesmos sentimentos, preferências ou regras dos quais falam. Portanto, a fala da avaliação procura, por meio do diálogo, alinhar o ouvinte ao grupo de falantes que compartilha os mesmos valores e crenças.5 5 [...] when speakers/writers announce their own attitudinal positions they not only self-expressively ‘speak their own mind’, but simultaneously invite others to endorse and to share with them the feelings, tastes or normative assessments they are announcing. Thus declarations of attitude are dialogically directed towards aligning the addressee into a community of shared value and belief.

Assim, as PMs promovem solidariedade entre os falantes. Cabe ao falante convidar o interlocutor a ‘endossar e compartilhar’, bem como estabelecer seu grau de envolvimento na fala. A implicação semântica da VALIDAÇÃO é que o falante não apenas valida o que está dizendo, mas dá espaço ao ouvinte para validar o seu papel de falante enquanto validador da proposição ou proposta que está dizendo. Dessa forma, a troca entre Partículas Modais contribui para a ‘verdade da interação’.

No EXEMPLO 21, é possível observar o funcionamento das PMs no discurso. O texto desse exemplo é uma entrevista, a qual apresenta uma interação entre um pesquisador (P) e o sujeito de um experimento (S). O experimento se trata de uma atividade de produção textual no computador. O pesquisador (P) faz perguntas sobre a forma como o sujeito (S) produziu seu texto.

EXEMPLO 20

No turno (3), P percebe que a última instrução do experimento não foi observada por S: “Você não voltou o texto pra cá”. P atribui a S a responsabilidade modal pela proposição que possui a polaridade negativa para ter cumprido todas as etapas. P acrescenta à proposição a Partícula de Anuência (né), requerendo do seu ouvinte que assinta o fato de que o próprio S não cumpriu a determinação. Contudo, S decide não dar anuência a P, uma vez que executou a tarefa. Com isso, o significado que P procurou transformar em conhecimento compartilhado (a verdade da interação) não obteve sucesso e, portanto, deixou de existir (é falso).

No turno (4), S não escolhe o movimento respondente arbitrário da Partícula de Anuência (né não; não), mas o respondente da declarativa afirmativa, retomando o Finito com polaridade invertida. S além de não validar o papel de P enquanto validador da proposição no turno (3) desconsidera a validação, negociando a responsabilidade modal e a polaridade.

Ao final, ainda acrescenta a Partícula de Insistência (ué), cuja função é levar o ouvinte a aumentar a chance de o ouvinte endossar a proposição, chegando sobre esta a mesma posição do falante “Voltei, ué”. A essa proposição seguem-se duas elaborando-a, “Eu colei. É o progra-- eu tenho certeza que eu colei.” Na primeira, S atribui a si próprio a responsabilidade modal, realizada pelo Sujeito e acrescenta ainda a metáfora de modalidade subjetiva “eu tenho certeza que”, com mais um significado a sua responsabilidade na proposição, que assim, se distancia mais do que P dissera em (3).

Com isso, a estratégia de S se provou bem sucedida, uma vez que P reexaminou a parte final do experimento e, no turno (5), apresenta um movimento respondente esperado à proposição de S em (4), realizada pela retomada do Finito (colocou) acrescida do Adjunto de Comentário (realmente), asseverando a proposição “não, realmente colou”. Esta é expandida na proposição seguinte, na qual P atribui responsabilidade modal pela não execução da última etapa da tarefa ao computador, realizado como Sujeito, “só que o programa não pôs”. Após o sucesso da negociação, S realiza em (6) uma nova proposição, na qual alega que o programa de computador já havia errado antes, em outro experimento, “aconteceu isso da outra vez também”. Ao fim, S acrescenta uma PM requisitando a anuência de P.

Em (7), P responde de forma esperada à proposição de S, dessa vez realizada alternativamente à retomada do Finito, pela retomada do Adjunto Circunstancial de Tempo (também). Da mesma maneira, P não somente aceita a proposição de S, como também valida seu papel de falante assentindo à proposição, realizada pela respondente esperada da Partícula de Anuência (é), “Também, é”.

Distribuição e variação das partículas modais

Estando descrito o comportamento gramatical da VALIDAÇÃO, identificou-se a ocorrência das PMs no corpus. A Tabela 2 mostra a distribuição entre as variantes: escrito (E) e falado (F); monólogo (M) e diálogo (D), e nos tipos de texto:

Tabela 2
– Distribuição das Partículas Modais no corpus da pesquisa.

A Tabela 2 mostra a contribuição das diferentes funções da VALIDAÇÃO para os tipos de texto. O processo sócio-semiótico compartilhar é o que apresenta o maior emprego de PMs. Por outro lado, o explicar apresenta a menor quantidade. Isso indica que no compartilhar é mais frequente a negociação do papel do falante, uma vez que a função dos tipos de texto do compartilhar no contexto de cultura é: apresentar e negociar valores, posicionamentos e ideias com o objetivo de pôr à prova a proximidade entre os interlocutores. Por outro lado, os tipos de texto pertencentes ao explicar, que possuem a função de transmitir conhecimento consolidado e validado pela comunidade, não necessitam de validar o papel do falante.

Para as outras variáveis, observam-se as ocorrências de 40 (monólogo) e 278 (diálogo). Isso se explica pela possibilidade de, nos diálogos, o ouvinte se tornar falante respondente, o que abre espaço para negociação do “papel-falante”. Nos monólogos, o menor emprego de PMs se explica porque o falante não necessita validar seu papel a cada proposição, uma vez que pela própria constituição do tipo de texto, o turno é sempre seu. Observa-se no contínuo escrito/falado a proporção de 26 para escrito e 292 para falado, indicando que nos textos falados verifica-se um trabalho mais significativo do sistema de VALIDAÇÃO. Quanto às funções da VALIDAÇÃO, tem-se a seguinte distribuição (Quadro 5).

Quadro 5
– Distribuição das PMs segundo a VALIDAÇÃO

O Quadro 5 mostra que o Modo Indicativo: Declarativo apresenta maior número de ocorrências de funções, indicando que as proposições (oferecer informação) são o tipo que mais necessita ser validado. Dentre essas, a função mais empregada é Anuência, responsável por pedir ao ouvinte que a proposição do falante possa se tornar parte do “conhecimento compartilhado”. Em seguida, o Modo Imperativo apresenta maior emprego de PMs para a função de Atenuação, cuja função é atenuar a força dos comandos, aumentando a chance de a proposta ser obedecida. Quanto ao movimento, poucas são as funções que apresentam respondente, indicando que, na maioria das vezes, a proposição é validada de outras formas que não por PMs – como por meio de obediência, aceite, ou simplesmente pela manutenção do turno pelo falante, sem ser interrompido (Figura 7).

FIGURA 7
– Frequência relativa das funções da VALIDAÇÃO

Conclusão

Baseando-se em questões relevantes apontadas por trabalhos anteriores (RISSO; SILVA; URBANO, 1996RISSO, M.; SILVA, G.; URBANO, H. Marcadores discursivos: traços definidores. In: KOCH, I. (Org.). Gramática do português falado. Campinas: Ed. da UNICAMP, 1996. p.21-61.; MARTELOTTA; VOTRE; CEZÁRIO, 1996MARTELOTTA, M.; VOTRE; S., CEZÁRIO, M. Gramaticalização no português do Brasil: uma abordagem funcional. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.; URBANO, 1999URBANO, H. Aspectos basicamente interacionais dos marcadores discursivos. In: NEVES, M. Gramática do português falado. v.7. Campinas: Ed. da UNICAMP: FAPESP, 1999. p.195-258.; FREITAG, 2009FREITAG, R. M. K. Estratégias gramaticalizadas de interação na fala e na escrita: marcadores discursivos revisitados. ReVEL, v.7, n.13, p.1-2, 2009.; 2008FREITAG, R. M. K. Marcadores discursivos interacionais na fala de Itabaiana/SE. Revista do GELNE, v.10, n.1/2, p.21-32, 2008.), esta pesquisa procurou contribuir com os estudos funcionais aplicados à descrição do subconjunto dos marcadores discursivos de caráter interpessoal que pertence à ‘orientação da avaliação’ em PB – realizados pelas PMs – apresentando uma descrição do sistema de VALIDAÇÃO.

Diante do equilíbrio no diálogo foi possível mostrar como as PMs regulam os papéis do falante e do ouvinte, em termos de validar o status de fornecer e demandar e, com isso, explicar sistemicamente o comportamento do subgrupo de marcadores discursivos realizados pelas PMs em PB.

Com relação à contiguidade entre os diferentes tipos de PMs e à dificuldade natural de separá-las categoricamente, foi aqui apresentado o sistema de VALIDAÇÃO, que mostrou como as diferentes funções do sistema podem ser separadas em categorias ±discretas segundo a relação de agnação e o princípio de delicadeza (detalhamento para a categorização ótima). Nessa descrição, incluem-se entre 5 e 6 níveis de delicadeza; por exemplo [+validação: discursivo: verificação: papel: neutro: anuência].

Na relação entre as PMs e os sistemas interpessoais da oração, e a sistematização das diferentes classes de Partículas devido aos diferentes processos de gramaticalização dos quais são resultado, mostrou-se a forma pela qual a VALIDAÇÃO é, por um lado, uma continuação mais delicada do sistema de MODO; e, por outro, um sistema de avaliação complementar à MODALIDADE. O fato de a VALIDAÇÃO dar continuação a diferentes funções do MODO, faz com que as PMs se separem em classes: a crescente delicadeza do Imperativo gera as opções de Exortação, Atenuação e Desafio; o Indicativo gera Anuência, Entendimento, Concordância, etc. Dado que a MODALIDADE avalia proposições e propostas, a VALIDAÇÃO a complementa avaliando o papel do falante. Por exemplo, uma proposição pode ser avaliada quanto à probabilidade e, de forma complementar, quanto ao papel do falante em ser avaliador da proposição por meio da probabilidade.

Quanto à distribuição das Partículas ao longo dos diferentes tipos de texto, para o corpus da presente pesquisa, observa-se maior frequência no emprego das Partículas para os processos compartilhar e recriar, e a menor frequência para explicar e capacitar. Os tipos dialógicos se destacam em relação aos monológicos, com razão 6,9 : 1 (278 e 40). Os tipos orais se destacam em relação aos escritos, com razão de 11,3 : 1 (292 e 26).

Por fim, para a funcionalidade de marcadores discursivos interpessoais no desenvolvimento do texto, em particular do diálogo, constatou-se que as PMs operam como parte dos argumentos iniciais que requerem argumentos respondentes; os argumentos respondentes são a repetição do argumento negociado pelo falante; as PMs constroem cadeias coesivas de argumentação ao longo do diálogo e acumulam significado interpessoal ao longo do texto; e realizam parte da avaliação do tipo de texto.

Dentro do escopo e dos objetivos da pesquisa, espera-se ter sido possível apontar como estes contribuem complementando os estudos abrangentes sobre os marcadores discursivos interpessoais em PB, oferecendo uma organização de suas diferentes manifestações, integrando as funções em uma mesma rede de significados gramaticais do sistema que, por sua vez, contribui para a formação do discurso nos diferentes tipos de texto.

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  • 1
    Adotando-se a notação sistêmica, os nomes de sistemas são grafados em caixa alta, funções gramaticais com inicial maiúscula, funções semânticas e classes com minúsculas.
  • 2
    Outras publicações (CAFFAREL; MARTIN; MATTHIESSEN, 2004CAFFAREL, A.; MARTIN, J.; MATTHIESSEN, C. (Ed.) Language Typology: A Functional Perspective. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2004.) denominam estas Partículas também de Avaliativas, Finais, Interpessoais, Negociadoras, Oracionais ou Valorativas. Para a definição técnica do termo ‘partícula’ aqui empregado, conferirSeção 2 do presente trabalho.
  • 3
    Todos os exemplos foram retirados do corpus CALIBRA, a partir do qual o corpus da pesquisa foi compilado.
  • 4
    Diante do papel comunicativo da língua, qualquer texto é, do ponto de vista interpessoal, diálogo. Sistemicamente, a separação monólogo/diálogo se refere à organização textual, e não à interação.
  • 5
    [...] when speakers/writers announce their own attitudinal positions they not only self-expressively ‘speak their own mind’, but simultaneously invite others to endorse and to share with them the feelings, tastes or normative assessments they are announcing. Thus declarations of attitude are dialogically directed towards aligning the addressee into a community of shared value and belief.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Aug 2015

Histórico

  • Recebido
    Fev 2014
  • Aceito
    Jun 2014
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