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RECONHECIMENTO DO VOCABULÁRIO DE JORNAIS POPULARES BRASILEIROS POR UM DICIONÁRIO COMPUTACIONAL DE ACESSO LIVRE

RESUMO

Relata-se um experimento de verificação da identificação de um universo de palavras do português popular escrito por duas versões de um dicionário computacional do português brasileiro (PB), DELAF PB 2004 e DELAF PB 2015. Esse dicionário computacional é gratuitamente acessível para ser utilizado em análises linguísticas do Português do Brasil e em outras pesquisas, o que justifica um estudo crítico. O universo vocabular provém do corpus PorPopular, composto por jornais populares, o Diário Gaúcho (DG) e o jornal baiano Massa ! (MA). Do DG, partiu-se de um conjunto de textos com 984.465 palavras ( tokens) , publicados em 2008, com ortografia desatualizada frente ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa adotado em 2009. Do MA, examinou-se um universo com 215.776 palavras ( tokens) , em publicações de 2012, 2014 e 2015, com todo o material na nova ortografia. A verificação envolveu: a) gerar listas de palavras diferentes empregadas em DG e MA; b) comparar essas listas com as listas de entradas das duas versões do DELAF PB; c) avaliar a cobertura desse vocabulário; d) propor modos de inclusão de itens não cobertos. Os resultados do trabalho mostraram, no DG, uma média de 19% de palavras diferentes ( types) desconhecidas pelos DELAF PB 2004 e 2015. No MA, essa média ficou em 13%. A versão do dicionário repercutiu ligeiramente sobre o desempenho do reconhecimento de itens.

Jornais populares; Léxico; Vocabulário; Dicionário computacional; Cobertura lexical; Reconhecimento de palavras; Português brasileiro

ABSTRACT

We report an experiment to check the identification of a set of words in popular written Portuguese with two versions of a computational dictionary of Brazilian Portuguese, DELAF PB 2004 and DELAF PB 2015. This dictionary is freely available for use in linguistic analyses of Brazilian Portuguese and other researches, which justifies critical study. The vocabulary comes from the PorPopular corpus, made of popular newspapers Diário Gaúcho (DG) and Massa ! (MA). From DG, we retained a set of texts with 984.465 words (tokens), published in 2008, with the spelling used before the Portuguese Language Orthographic Agreement adopted in 2009. From MA, we examined papers of 2012, 2014 e 2015, with 215.776 words (tokens), all with the new spelling. The checking involved: a) generating lists of words (types) occurring in DG and MA; b) comparing them with the entry lists of both versions of DELAF PB; c) assessing the coverage of this vocabulary; d) proposing ways of incorporating the items not covered. The results of the work show that an average of 19% of the types in DG were not found in DELAF PB 2004 or 2015. In MA, this average is 13%. Switching versions of the dictionary affected slightly the performance in recognizing the words.

Popular newspapers; Lexis; Vocabulary; NLP dictionary; Lexical coverage; Word recognition; Brazilian Portuguese

Introdução

O texto escrito de jornais populares do Brasil é ainda pouco estudado no âmbito dos estudos da linguagem e um tanto desprezado como fonte de dados para o desenvolvimento de recursos computacionais ou mesmo para alimentar os grandes corpora que representam o português atual. Por outro lado, esse tipo de fonte, considerado um novo e importante tipo de veículo de comunicação (AMARAL, 2006AMARAL, M. F. Jornalismo popular . São Paulo: Contexto, 2006 .), já tem gerado dados para algumas aplicações computacionais promissoras, associadas à descrição de usos do português, como vemos, por exemplo, no trabalho de Zilio (2015)ZILIO, L. Verblexpor: um recurso léxico com anotação de papéis semânticos para o português. 196 f. 2015. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2015.. Os diferentes jornais populares brasileiros também têm subsidiado estudos sobre novos formatos dos gêneros jornalísticos na área da Comunicação Social (TRISTÃO; MUSSE, 2013 TRISTÃO , M. B. ; MUSSE , C. F. O direito à informação e o (ainda restrito) espaço cidadão no Jornalismo Popular impresso . Intercom: Rev. Bras. Ciênc. Comun., São Paulo, v. 36 , n. 1 , p. 39 - 59 , 2013 . DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1809-58442013000100003.
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; SELIGMAN, 2008SELIGMAN, L. Jornais populares de qualidade - ética e sensacionalismo em um novo fenômeno no mercado de jornalismo impresso. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM JORNALISMO - SBPJor, 6., 2008, São Bernardo do Campo. SBPJOR - a construção do campo do jornalismo no Brasil . São Bernardo do Campo: Sociedade Brasileira de Pesquisa em Jornalismo, 2008. Disponível em: https://bjr.sbpjor.org.br/bjr/article/viewFile/199/198 . Acesso em: 23 jan. 2018 .
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), assim como, entre linguistas, têm servido como fonte para o abastecimento de materiais de ensino de português como língua materna ou estrangeira (FINATTO; PEREIRA, 2014 FINATTO , M. J. B ; PEREIRA , A. Frequências de verbos em corpora de jornais populares: dados para atividades ensino com os jornais “Diário Gaúcho” e o “The Sun” . Linguagem Estudos e Pesquisas, Catalão, v. 18 , n. 2 , p. 149-165, 2014. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/lep/article/view/39730/21165 . Acesso em: 30 jan. 2018 .
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) ou como objeto de estudos críticos de discurso (SOARES, 2017 SOARES , L. A. Análise do jornal popular super notícia sob enfoque crítico e multimodal . Alfa, São Paulo, v. 61 , n. 3 , p. 575 - 597 , 2017 .).

O vocabulário presente nesse novo tipo de jornal, entretanto, representa um desafio para a cobertura de dicionários computacionais. Também conhecidos como léxicos computacionais, esses dicionários são concebidos com o fim específico de serem consultados por sistemas informatizados, funcionando como partes de programas específicos (cf. ZAVAGLIA, 2006ZAVAGLIA, C. Extração de informações de definições de um dicionário convencional para a elaboração de uma base de conhecimento léxica: estratégias e procedimentos linguísticos. In: LONGO, B. N. de O.; DIAS DA SILVA, B. C. (Org.) A construção de dicionários e de bases de conhecimento lexical. Araraquara: Laboratório Editorial FCL/UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2006 . p. 209-234.). Dicionários ou léxicos computacionais, denominados em inglês NLP dictionaries (CHISHMAN, 2016 CHISHMAN , R . Convergências entre semântica de frames e lexicografia . Linguagem em (Dis)curso – LemD , Tubarão, v. 16 , n. 3 , p. 547 - 559 , set./dez. 2016 . Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ld/v16n3/1518-7632-ld-16-03-00547.pdf . Acesso em: 17 jan. 2018.
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), são os dicionários construídos especialmente para uso no processamento da linguagem e exigem a incorporação cuidadosa de toda uma série de dados de descrição linguística (cf. LAPORTE, 2013LAPORTE, E. Dictionaries for language processing: readability and organization of information. In: LAPORTE, E.; SMARSARO, A.; VALE, O. A. (org.) Dialogar é preciso: linguística para o processamento de línguas. Vitória: PPGEL/UFES, 2013 . p. 119-132.) para o seu bom funcionamento. Essas incorporações são processos de melhoria ao longo de diferentes edições ou versões desses dicionários. Entre diferentes dicionários computacionais, destacamos aqui o DELAF PB, gratuitamente acessível para ser utilizado em diferentes pesquisas, em Linguística e em Ciência da Computação, o que justifica um estudo crítico de suas diferentes versões.

Com essas prováveis lacunas em mente, no que se refere ao estudo do léxico de jornais populares do Brasil e a aplicações informatizadas que se dedicam ao tratamento do léxico escrito do português brasileiro, relatamos aqui um experimento de identificação das palavras 1 1 A noção “palavra”, no âmbito dos Estudos da Linguagem, é bastante controversa conforme já ensinou Biderman (1999,1998). O que seja uma “palavra” pode ser entendido de vários modos, daí haver as denominações “lexia”, “lexema”, “lema” ou “unidade/item lexical”, “vocábulo”, entre outras, para corresponder a diferentes facetas desse conceito. utilizadas nesse tipo de jornal, observando sua cobertura ou reconhecimento por duas versões de um dicionário computacional de acesso livre. Os jornais populares brasileiros que forneceram um universo de vocabulário para exame foram o Diário Gaúcho (DG) e o jornal baiano Massa! (MA). Os textos utilizados podem ser consultados, mediante palavras de busca, no site do Projeto PorPopular 2 2 Os textos que utilizamos neste experimento podem ser consultados via ferramenta “gerador de contextos” em: http://www.ufrgs.br/textecc/porlexbras/porpopular/experimente.php . Mais informações sobre esses veículos, seus textos e vocabulário mais frequente encontram-se em Amaral (2006)AMARAL, M. F. Jornalismo popular . São Paulo: Contexto, 2006 . e em Finatto (2012)FINATTO, M. J. B. Projeto PorPopular, frequência de verbos em português e no jornal popular popular brasileiro. In: ISQUERDO, A. N.; SEABRA, M. C. T. da C. (org.). As Ciências do Léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. Campo Grande: Ed. da UFMS, 2012 . v.6, p. 227-244.. Em Oliveira (2009)OLIVEIRA, M. R. A. R. Jornal Popular X Jornal Tradicional: análise léxico-gramatical da notícia a partir da Linguística de Corpus: um estudo de casos dos jornais cariocas “O Globo” e “O Dia”. Veredas: Revista de Estudos Linguísticos , Juiz de Fora, v. 13, n. 2, p. 07-19, 2009 ., encontram-se referências sobre jornais populares de outras regiões do Brasil.

Conforme já citado, o recurso linguístico selecionado para o nosso teste de reconhecimento de vocabulário dos jornais populares foi o DELAF PB, um dicionário computacional do português brasileiro (PB) do sistema UNITEX (PAUMIER, 2016PAUMIER, S. Unitex 3.1: user Manual. Paris: Université Paris-Est Marne-la-Vallée, 2016 .). Foram utilizadas duas versões desse dicionário, o DELAF PB 2004 (MUNIZ, 2004MUNIZ, M. C. M. A construção de recursos lingüístico-computacionais para o português do Brasil: o projeto de Unitex-PB. 2004. 92f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação e Matemática Computacional) - Instituto de Ciências Matemáticas de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2004. Disponível em: http://ladl.univ-mlv.fr/brasil/bibliografia/oto/DissMuniz2004.pdf . Acesso em: 22 jan. 2018 .
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) e o DELAF PB 2015 (VALE; BAPTISTA, 2015VALE, O. A.; BAPTISTA, J. Novo dicionário de formas flexionadas do Unitex-PB: avaliação da flexão verbal. In: STIL 2015; BRAZILIAN SYMPOSIUM IN INFORMATION AND HUMAN LANGUAGE TECHNOLOGY, 10., 2015, NATAL. Proceedings of the Conference . Natal: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2015. v. 1, p. 171-180.; CALCIA et al. , 2014CALCIA, N. P.; KUCINSKAS, A. B.; MUNIZ, M.; NUNES, M. G. V.; VALE, O. A . Révision et adaptation des dictionnaires et graphes de flexion d’Unitex-PB à la nouvelle orthographe du portugais . 2014. Trabalho apresentado no 3rd. UNITEX/GRAMLAB WORKSHOP, Tours, 2014.). Embora este léxico computacional ainda seja pouco utilizado por linguistas brasileiros, há, de longa data, publicações no Brasil sobre este recurso (MUNIZ, 2004MUNIZ, M. C. M. A construção de recursos lingüístico-computacionais para o português do Brasil: o projeto de Unitex-PB. 2004. 92f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação e Matemática Computacional) - Instituto de Ciências Matemáticas de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2004. Disponível em: http://ladl.univ-mlv.fr/brasil/bibliografia/oto/DissMuniz2004.pdf . Acesso em: 22 jan. 2018 .
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), como também sua aplicabilidade em diferentes pesquisas (como, por ex.: ALMEIDA; FERREIRA, 2007 ALMEIDA , M. L. L. ; FERREIRA , R. G. Ferramentas eletrônicas de busca e a pesquisa linguística: o caso do angulador “um tipo de” . Estudos Linguísticos , São Paulo , v. 35 , n. 1 , p. 188 - 196 , 2007 . Disponível em: http://www.gel.hospedagemdesites.ws/estudoslinguisticos/edicoes anteriores/4publica-estudos-2007/sistema06/20.PDF. Acesso em: 17 jan. 2018 .
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; VICENTINI, 2010VICENTINI, M. Construção de corpora de mensagens eletrônicas para conversão automática em fala. Língua, literatura e ensino , Campinas, v. 5, p. 229-237, out. 2010. Disponível em: http://revistas.iel.unicamp.br/index.php/lle/article/view/1151 . Acesso em: 28 jan. 2018.
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), sejam elas no âmbito do Processamento da Linguagem Natural (PLN) e/ou dos estudos de Linguística Aplicada, o que também justifica o seu exame neste trabalho. Além disso, vale frisar, seu acesso é gratuito e favorece, inclusive, adaptações e inserções pelos usuários, conforme suas necessidades.

Os dicionários DELAF PB, assim, são recursos colaborativamente construídos e atualizados. Têm sido bastante úteis em diferentes aplicações, especialmente em produtos de PLN. Um exemplo de aplicação muito recente e bem-sucedida no Brasil dos dicionários DELAF PB encontra-se no trabalho de Paiva, Barbosa, Faria e Martino (2017)PAIVA, F. A.; BARBOSA, P.; FARIA, P.; MARTINO, J. M. de. Towards machine translation from Brazilian Portuguese to libras: a corpus-based, morphosyntactic analysis In: EVERS, A.; NARDES, A.; BRANGEL, L.; FINATTO, M. J. B.; CHISHMAN, R. L. (org.). Caderno de Resumos do ELC-EBRALC 2017 . São Leopoldo: UNISINOS, 2017 . p.24-28. Disponível em: http://www.ufrgs.br/elc-ebralc2017/caderno-de-resumos/CadernodeResumos_ELC2017_16out17.pdf. Acesso em: 22 jan. 2018 .
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. A pesquisa premiada desses autores, tendo reunido linguistas e cientistas da Computação, produziu um tradutor automático do português escrito do Brasil para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) 3 3 Essa investigação e seu produto, que utilizaram o dicionário DELAF PB, foram reconhecidos como o melhor trabalho – categoria Mérito Científico, durante edição de 2017 do evento “Encontro de Linguística de Corpus e Escola Brasileira de Linguística Computacional” ( http://www.ufrgs.br/elc-ebralc2017 ). .

Com o dicionário DELAF PB nas suas versões de 2004 e 2015, quisemos também mensurar a sua atualização. Apenas a versão mais recente está preparada para lidar com a aplicação do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa . Os textos dos jornais populares que utilizamos foram produzidos antes (DG) e depois (MA) da nova ortografia. Assim, pudemos considerar também o impacto da presença de dois padrões de escrita sobre o desempenho do recurso computacional em foco.

Além do exposto até aqui, os intuitos gerais deste nosso trabalho são:

  1. difundir os jornais populares brasileiros como fonte de pesquisa sobre o léxico na modalidade escrita;

  2. contribuir com dados úteis para futuras ampliações e melhorias do dicionário DELAF PB.

Este texto, na sequência, traz: a) dados do corpus de jornais populares utilizado no experimento; b) uma revisão sobre os dicionários e sobre a operação de reconhecimento ou de identificação de palavras de um dado texto ou corpus ; c) as etapas do trabalho e seus resultados com comentários e uma visão geral dos resultados; d) uma caracterização do perfil majoritário dos itens desconhecidos pelos dicionários e uma ponderação sobre como seu desempenho poderia ser melhorado.

C orpus textual sob exame e amostras utilizadas

Do DG, utilizamos, como ponto de partida, apenas uma parte do acervo disponível no corpus PorPopular. Desse corpus DG, selecionamos um universo de textos publicados em 2008 que representa 984.465 tokens (total de ocorrências). Tem-se, assim, um corpus com quase um milhão de palavras, o que confere um tamanho relevante nesse tipo de estudo. Os textos sob exame na amostra para verificação do vocabulário do DG são de tipos variados e correspondem ao que está publicado nas edições completas do jornal diário, conforme o seu formato impresso. Têm-se notícias de tipo geral, colunas de horóscopo, colunas esportivas, editoria policial e assuntos variados. Outras partes do corpus DG já foram utilizadas em estudos anteriores (ZILIO, 2015ZILIO, L. Verblexpor: um recurso léxico com anotação de papéis semânticos para o português. 196 f. 2015. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2015.; FINATTO et al ., 2011FINATTO, M. J. B.; SCARTON, C.; ROCHA, A.; ALUÍSIO, S. M. Características do jornalismo popular: avaliação da inteligibilidade e auxílio à descrição do gênero. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA LINGUAGEM HUMANA, 8., 2011, Cuiabá. Anais do STIL 2011 . Cuiabá: Sociedade Brasileira de Computação, 2011. v. 1, p. 30-39.), para finalidades diversas.

Por outro lado, no corpus do jornal MA, partimos de um universo amostral menor e bem mais específico em termos de tipologias textuais: um conjunto de 724 textos composto apenas por notícias publicadas na versão on-line do jornal. Essas notícias tratam de temas variados 4 4 Esta é a “Amostra 2” do jornal Massa no corpus PorPopular. Disponível para download em – http://www.ufrgs.br/textecc/porlexbras/porpopular/caixaferramentas.php#dadosCorpus . Nosso ponto de partida no MA foi um conjunto de 215.776 tokens (total de ocorrências), empregados em textos publicados em 2012, 2014 e 2015.

Os textos do DG – de 2008 – conforme já citado, foram publicados antes da mais recente alteração ortográfica do português do Brasil. Mais detalhes sobre a repercussão dessa alteração, em termos quantitativos, sobre a variação ortográfica verificada em jornais, podem ser vistos em Flores e Finatto (2009)FLORES V.; FINATTO, M. J. B. Quantificação e argumento de autoridade no Acordo Ortográfico de 2009: aspectos enunciativos e estatísticos. In: MOREIRA, M. E.; SMITH, M. M.; BOCCHESE, J. da C. (org.). Novo acordo ortográfico da língua portuguesa: questões para além da escrita. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009 . p. 109-136.. Para uma visão, em termos gerais, dos impactos dessa alteração ortográfica, vale conferir a coletânea organizada por Moreira, Smith e Bocchese (2009)MOREIRA, M. E.; SMITH, M. M.; BOCCHESE, J. da C. (org.). Novo acordo ortográfico da língua portuguesa: questões para além da escrita. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009 ..

Como os textos do MA foram produzidos na vigência dessa última reforma ortográfica e os textos do DG não, tivemos de lidar com dois padrões de ortografia no nosso experimento. Assim, as palavras da amostra do DG de 2008 ainda trazem hífens, acentos e tremas (ex.: agüentar ), eliminados na amostra do MA (ex.: aguentar ). Essas diferenças nos levaram a utilizar duas versões dos dicionários, uma a cada padrão ortográfico. Entretanto, cabe frisar, o uso das diferentes versões do dicionário DELAF PB, de 2004 e de 2015, também serviu ao propósito da verificação da abrangência de atualização, em termos da cobertura/reconhecimento dos itens empregados nesses jornais populares, com e sem ortografia modificada.

Assim, realizamos a verificação com duas versões diferentes do dicionário: a versão DELAF PB 2004 (MUNIZ, 2004MUNIZ, M. C. M. A construção de recursos lingüístico-computacionais para o português do Brasil: o projeto de Unitex-PB. 2004. 92f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação e Matemática Computacional) - Instituto de Ciências Matemáticas de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2004. Disponível em: http://ladl.univ-mlv.fr/brasil/bibliografia/oto/DissMuniz2004.pdf . Acesso em: 22 jan. 2018 .
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) e a versão DELAF PB 2015 (VALE; BAPTISTA, 2015VALE, O. A.; BAPTISTA, J. Novo dicionário de formas flexionadas do Unitex-PB: avaliação da flexão verbal. In: STIL 2015; BRAZILIAN SYMPOSIUM IN INFORMATION AND HUMAN LANGUAGE TECHNOLOGY, 10., 2015, NATAL. Proceedings of the Conference . Natal: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2015. v. 1, p. 171-180.; CALCIA et al. , 2014CALCIA, N. P.; KUCINSKAS, A. B.; MUNIZ, M.; NUNES, M. G. V.; VALE, O. A . Révision et adaptation des dictionnaires et graphes de flexion d’Unitex-PB à la nouvelle orthographe du portugais . 2014. Trabalho apresentado no 3rd. UNITEX/GRAMLAB WORKSHOP, Tours, 2014.).

Os dicionários DELAF

O DELAF é, na verdade, um formato de dicionários computacionais que se originou de trabalhos realizados para a língua francesa pela equipe liderada pelo linguista Maurice Gross no “Laboratório de Automação Documental e Linguística” (LADL 5 5 Para maiores informações sobre o LADL, ver: http://infolingu.univ-mlv.fr/LADL/Historique.html ). Tais trabalhos foram, posteriormente, estendidos a outras línguas através da rede de laboratórios RELEX 6 6 Cf. http://unitexgramlab.org/pt/relex-network .

Os dicionários DELAF, assim, descrevem as palavras simples e também as palavras compostas de uma dada língua associando cada forma tanto a um lema quanto a uma série de códigos gramaticais, semânticos e flexionais.

Os dicionários DELAF foram elaborados por equipes de linguistas para várias línguas (francês, inglês, grego, italiano, espanhol, alemão, tailandês, coreano, polonês, norueguês, português, árabe, entre outras) e são utilizados hoje em projetos acadêmicos e industriais. Vários, entre eles o DELAF do francês e o do português do Brasil, são de acesso livre e atualizados colaborativamente.

Funcionamento dos dicionários no sistema UNITEX

O UNITEX é um analisador de corpus de acesso livre que permite processar textos em línguas naturais utilizando recursos linguísticos. Esses recursos apresentam-se na forma de dicionários computacionais no formato DELAF, de gramáticas e de tabelas de léxico-gramática integradas ao sistema. Alguns recursos linguísticos são distribuídos junto com o UNITEX e outros podem ser desenvolvidos por usuários. O sistema UNITEX, como um todo, é gratuitamente acessível e segue sendo utilizado para dar suporte a estudos sobre diferentes idiomas (PAJIĆ et al. , 2018), incluindo línguas antigas (KINDT, 2018KINDT, B. Processing tools for Greek and other languages of the Christian Middle East. Journal of Data Mining and Digital Humanities , Cedex, 2018. Special Issue on Computer-Aided Processing of Intertextuality in Ancient Languages. Disponível em: https://jdmdh.episciences.org/4184 . Acesso em: 27 jun. 2018.
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).

Conforme mostrou a síntese de Almeida e Ferreira (2007) ALMEIDA , M. L. L. ; FERREIRA , R. G. Ferramentas eletrônicas de busca e a pesquisa linguística: o caso do angulador “um tipo de” . Estudos Linguísticos , São Paulo , v. 35 , n. 1 , p. 188 - 196 , 2007 . Disponível em: http://www.gel.hospedagemdesites.ws/estudoslinguisticos/edicoes anteriores/4publica-estudos-2007/sistema06/20.PDF. Acesso em: 17 jan. 2018 .
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, o sistema UNITEX permite o processamento de qualquer conjunto de textos – para que sejam localizadas e categorizadas as expressões linguísticas que o integram. Essa localização ou identificação de expressões de um dado texto ou corpus funcionará “desde que tais expressões integrem o dicionário a ele acoplado” ou que o usuário as descreva numa fórmula de busca. O UNITEX permite que se identifiquem palavras por classes.

Uma vez selecionado um texto determinado, como os textos dos nossos jornais populares, o UNITEX propõe-se a pré-processá-lo. Esse pré-processamento consiste em aplicar ao texto as seguintes operações: normalização de separadores, segmentação em unidades lexicais, normalização de formas não ambíguas, segmentação em frases e, por fim, a aplicação dos dicionários computacionais presentes no computador. A presença desses dicionários constitui um diferencial do sistema UNITEX em relação a outras ferramentas usuais de busca por padrões de palavras em corpora , pois pode-se localizar amplas classes de palavras com padrões simples.

Quando se processa um dado corpus ou texto em uma dada língua, o funcionamento interno do UNITEX consiste na construção de um subconjunto dos dicionários que contém somente as formas presentes no corpus sob exame. Assim, por exemplo, a aplicação do dicionário DELAF sobre um texto como O time de Neymar corria atrás do prejuízo produzirá o seguinte subconjunto do dicionário de palavras simples:

atrás,.ADV

corria,correr.V:I1s

corria,correr.V:I3s

de,.PREP

do,.PREPXDET+Art+Def:ms

do,.PREPXPRO+Dem:ms

o,.DET+Art+Def:ms

o,.N:ms

o,.PRO+Dem:ms

o,ele.PRO+Pes:A3ms

prejuízo,.N:ms

time,.N:ms

O nome Neymar , sendo descrito em um dicionário de nomes próprios distinto do DELAF do português, será considerada uma ‘ palavra desconhecida’ .

A aplicação dos dicionários ao texto é realizada pelo sistema UNITEX com o seu programa denominado DICO e gera subconjuntos – “subdicionários” – assim denominados: palavras simples; palavras compostas; palavras desconhecidas . Neste trabalho, ocupamo-nos apenas do último grupo.

O sistema UNITEX tem uma segunda funcionalidade: permite que o próprio usuário insira em seus dicionários computacionais novas palavras e informações gramaticais, assim adaptando esses recursos para diferentes finalidades. Os dicionários computacionais do UNITEX utilizam o formalismo dos DELA (Dicionários Eletrônicos do LADL). Esse formalismo permite descrever as entradas lexicais simples e compostas de uma língua associando-lhes, de modo opcional, informações gramaticais, semânticas e flexionais. Distinguem-se, dentro desse formalismo, dois tipos de dicionários eletrônicos. O utilizado com maior frequência é o dicionário de formas flexionadas, no formato DELAF (DELA de formas Flexionadas). O segundo tipo é o dicionário de lemas, nos formatos DELAS (DELA de formas Simples) ou DELAC (DELA de formas Compostas), que gera os demais dicionários. Neste trabalho, nos ocuparemos apenas do DELAF. Uma entrada do DELAF PB tem a seguinte forma:

sambou, sambar.V:J3s

Nela, “sambou” é a forma encontrada no texto, “sambar” é o lema, “V” é a classe gramatical – no caso, um verbo – e “J3s” é o código flexional – no caso, uma forma da terceira pessoa do singular do pretérito perfeito. A lista completa dos códigos gramaticais e flexionais para o português do Brasil pode ser encontrada em Muniz (2004)MUNIZ, M. C. M. A construção de recursos lingüístico-computacionais para o português do Brasil: o projeto de Unitex-PB. 2004. 92f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação e Matemática Computacional) - Instituto de Ciências Matemáticas de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2004. Disponível em: http://ladl.univ-mlv.fr/brasil/bibliografia/oto/DissMuniz2004.pdf . Acesso em: 22 jan. 2018 .
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.

O sistema UNITEX, para o português do Brasil, traz integrados os seguintes dicionários computacionais, em duas versões:

− na versão 2005: a partir de um DELAS de 61.335 palavras, gerava-se um DELAF de 878.095 palavras flexionadas simples e 4.100 palavras compostas. Esses recursos foram criados a partir do léxico do ReGra – base do corretor ortográfico do sistema Word for Windows - para os substantivos, adjetivos e advérbios (MARTINS et al. , 1998 MARTINS , R. T. ; HASEGAWA , R. ; NUNES , M. D. G. V. ; MONTILHA , G. ; OLIVEIRA , O. N. Linguistic issues in the development of REGRA: a grammar checker for Brazilian Portuguese . Natural Language Engineering , Cambridge, v. 4 , n. 4 , p. 287 - 307 , 1998 .) e dos 102 modelos de flexão verbal de Vale (1990)VALE, O. A. Dictionnaire électronique des conjugaisons des verbes du portugais du Brésil. Paris: Université Paris 7, 1990 . (Rapport Technique du LADL, n.27)..

− na versão 2015: foram incorporadas as formas da nova ortografia resultante do Acordo Ortográfico de 1990. Foram introduzidas 7.900 novas entradas de formas simples (entre substantivos, adjetivos e advérbios) além das formas verbais enclíticas e mesoclíticas que não se encontravam na primeira versão. Com isso, o DELAF 2015 do português do Brasil conta hoje com 10.954.724 entradas, das quais 7.632.498 são formas distintas umas das outras.

Etapas do trabalho e resultados

O experimento de verificação, em linhas gerais, envolveu:

  1. gerar a lista de palavras diferentes ( types ) empregadas no jornal DG – sem proceder a qualquer alteração da grafia;

  2. gerar a lista de palavras do jornal MA;

  3. comparar essas listas com as listas de entradas das versões 2004 e 2015 do dicionário computacional DELAF PB;

  4. avaliar a cobertura das palavras - em termos de tokens (total de ocorrências) e de types (número de palavras distintas) - de cada amostra pelo DELAF PB, em cada versão do dicionário;

  5. propor modos de inclusão de itens não identificados pelos dicionários.

Nessas etapas, a verificação gerou duas listas de palavras desconhecidas pelo DELAF-PB de cada jornal (lista DG 04 , lista DG 15 , lista MA 04 e lista MA 15 ), com e sem a vigência da nova ortografia. Em seguida, a diferença entre maiúsculas e minúsculas foi ignorada.

Ao iniciar o processo de comparação, uma das primeiras constatações foi a de que o DELAF PB 2015 não continha a lista de abreviaturas e siglas – etiquetadas como ABREV (abreviaturas) e SIGL (siglas) – que constava na versão de 2004 do dicionário. Com efeito, durante a revisão efetuada por Calcia et al. (2014)CALCIA, N. P.; KUCINSKAS, A. B.; MUNIZ, M.; NUNES, M. G. V.; VALE, O. A . Révision et adaptation des dictionnaires et graphes de flexion d’Unitex-PB à la nouvelle orthographe du portugais . 2014. Trabalho apresentado no 3rd. UNITEX/GRAMLAB WORKSHOP, Tours, 2014., as formas das abreviaturas e siglas (como ABS ou ABNT no jornal DG, UFBA ou UFC no jornal MA), que não eram objeto de trabalho na atualização do dicionário, tinham sido separadas num dicionário distinto. Para padronizar as condições experimentais, as listas DG 15 e MA 15 foram geradas novamente, utilizando o DELAF PB 2015 junto com o dicionário de abreviações e siglas. No que segue, as estatísticas referentes ao DELAF PB 2015 são o resultado desta segunda geração.

Os Quadros 1 e 2 , a seguir, reproduzem partes de cada uma dessas listas. Destacamos os 30 primeiros itens desconhecidos pelos dicionários do UNITEX na letra U e, em seguida, os 30 primeiros itens iniciados pela letra A:

Quadro 1
– Amostra da lista de itens DG e MA desconhecidos no DELAF PB, iniciados pela letra U.
Quadro 2
– Amostra da lista de itens DG e MA desconhecidos no DELAF PB, iniciados por A.

Após a geração das listas de palavras desconhecidas pelos dicionários DELAF 2004 e 2015, desprezando-se a diferença maiúsculas/minúsculas, as listas de itens desconhecidos foram comparadas entre si. Os itens desconhecidos de cada lista foram estudados conforme exame de seu uso nos textos e levando em conta as informações registradas em dois dicionários convencionais do português do Brasil, o dicionário Aurélio (FERREIRA, 1999FERREIRA, A. B. de H. Dicionário Eletrônico Aurélio Século XXI . Versão 3.0. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: Lexikon Informática, 1999 . 1 CD-ROM.) e o Dicionário Houaiss (HOUAISS; VILLAR, 2009HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa . Elaborado pelo Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de. Dados da Língua Portuguesa S/C Ltda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009 .), e foram tentativamente agrupadas em categorias tais como:

(1) Erro de digitação (umchorão, ubandista);

(2) Grafia antiga (idéia);

(3) Nomes próprios (uilson, uanderson);

(4) Abreviações/siglas (abs, ufrrj);

(5) Expressões diversas/gírias/estrangeirismos (ulalá, university, united);

(6) Outros substantivos (umidificador);

(7) Outros (abadábraço, aboubacar).

Essas categorias, naturalmente, foram uma referência provisória e inicial para um enquadramento dos itens desconhecidos que se apresentavam nas listas e podem ser refinadas em trabalhos futuros. Há casos de palavras desconhecidas que podem ser classificadas como neologismos ou regionalismos, por exemplo. Há também aquelas que também são, ao mesmo tempo, um substantivo e um neologismo (cf. abelhocídio ). Praticamente não foram encontrados adjetivos ou verbos como itens desconhecidos, de modo que as categorias ‘verbo’ e ‘adjetivo’, nessa aproximação inicial, não foram propostas. Uma categorização multifatorial dos itens desconhecidos renderia, por si, um outro trabalho.

Resultados – visão geral e resumida

Sintetizamos, a seguir, no Quadro 3, os principais resultados obtidos nas duas amostras de jornais populares examinados. Esses resultados serão comentados na próxima seção.

Quadro 3
– Resultados obtidos no DG e no MA.

Considerações sobre os resultados obtidos – identificação do universo vocabular

O DELAF PB possui uma ampla cobertura lexical de jornais do século XX e de textos literários do século XIX (1,9% de types desconhecidos em A senhora de José de Alencar). Em comparação, as percentagens de types desconhecidos no quadro 3 (de 12% até 19%) são sensivelmente maiores. Portanto, o universo vocabular do tipo de jornal em foco pode ser visto, sim, como um empecilho importante para a identificação de palavras pelos dicionários DELAF-PB. Esse é um aspecto relevante para os pesquisadores do PB interessados na sua utilização futura.

Para que se possa contextualizar os resultados sintetizados na seção anterior, importa lembrar os fatores envolvidos no desempenho da identificação de itens do vocabulário dos jornais populares pelos dicionários DELAF PB:

  1. os itens do DG têm palavras na ortografia antiga – antes do Acordo;

  2. os itens do MA têm palavras na ortografia atual;

  3. apenas o DELAF PB 2015 está preparado para a nova ortografia;

  4. o DELAF PB 2004 não inclui a nova ortografia.

A lista de palavras distintas ( types ) empregadas no DG, em um universo de 53.966 itens diferentes, inclui 19,48% de itens desconhecidos pelo DELAF 2004 e 18,47% de itens não contemplados pelo DELAF 2015. Assim, observa-se uma pequena redução nesse percentual de palavras desconhecidas entre as duas versões do dicionário.

Salienta-se que há, nos itens do DG, um padrão antigo de ortografia. No entanto, o fato de que as grafias antigas, como “ agüentar ”, não constam mais no DELAF 2015 parece ter repercutido sobre o desempenho menos do que a inserção de palavras novas, como “ umidificador ”, e de formas verbais enclíticas, como “ abordá ” em “ abordá-lo ”. Assim, o percentual de palavras desconhecidas diminuiu.

No jornal MA, tivemos 22.414 formas diferentes, sendo 13,60% dos itens desconhecidos no DELAF 2004 contra 12,35% no DELAF 2015. Neste caso, a ortografia está apenas no formato atualizado. Novamente, a cobertura do texto pelo DELAF melhorou de 2004 para 2015. Desta vez, o efeito da adaptação do dicionário ao acordo ortográfico se adicionou ao efeito da inserção de palavras novas e formas enclíticas.

Conforme verificamos, tanto no corpus MA quanto no corpus DG, no dicionário DELAF de 2004 para o DELAF 2015, o desempenho melhorou ligeiramente no que se refere ao reconhecimento de itens oriundos do jornal popular. O reconhecimento de itens, de 2004 para 2015, ampliou-se, em média, em 1,13 ponto percentual em termos de types (palavras diferentes) reconhecidos.

Em termos de números de ocorrências ( tokens ), o vocabulário do DG mostra-se sensivelmente mais coberto (em média 96,4%) do que o vocabulário do jornal MA (em média 94,8%), com pouca repercussão da atualização do dicionário incidindo nesse processo. As razões para isso podem ser, naturalmente, de várias ordens. Entretanto, vale ponderar que o jornal MA é da região Nordeste do Brasil e o DG, da região Sul, o que pode repercutir sobre o perfil vocabular observado. Em termos de palavras distintas ( types ), a diferença de cobertura parece ser inversa, mas esta comparação não é significativa, por causa da diferença de tamanho das amostras: numa amostra maior, como a do jornal MA, estatísticas sobre o número de types levam a uma super-representação das palavras pouco repetidas, que têm menos chance de constar no dicionário.

De qualquer modo, o jornal popular mostra-se como uma fonte de pesquisa interessante e desafiadora. Entretanto, em diferentes corpora atuais do português do Brasil, encontram-se ainda, via de regra, apenas dados coletados de grandes jornais tradicionais, tais como, por exemplo, a Folha de S. Paulo (cf. ALUISIO; ALMEIDA, 2006ALUÍSIO, S. M.; ALMEIDA, G. M. B. O que é e como se constrói um corpus? lições aprendidas na compilação de vários corpora para a pesquisa linguística. Calidoscópio , São Leopoldo, v.4, n. 3, p. 155-177, set./dez. 2006 .).

Como vimos, para os dicionários DELAF PB, os jornais populares representam uma fonte, aparentemente, um tanto “estranha”. Assim, fica como ideia para um trabalho futuro contrastar esse percentual de palavras desconhecidas entre jornais populares e jornais tradicionais produzidos num mesmo período.

Outro fator interessante relacionado ao vocabulário desconhecido é a sua vinculação com uma temática potencialmente regionalista ou local (como o item ‘ cacetinho ’ no DG, equivalente sulista de “pão francês”) e com nomes próprios de criação recente (como o item ‘ Abadábraço ’do MA).

Na próxima seção, apresentamos, em linhas gerais, um perfil das palavras mais desconhecidas entre as duas versões dos dicionários, em diferentes categorias de palavras, a partir da amostra de itens aqui trazida. Em seguida, ponderamos como alguns itens desconhecidos poderiam ser incorporados ao dicionário DELAF PB 2015.

Perfil das palavras desconhecidas e opções para enriquecimento do DELAF PB 2015

Conforme já foi notado, o exame das listas de palavras dos nossos quadros demonstra que a versão de 2015 do DELAF PB obteve um modesto ganho de cobertura nesse tipo específico de jornal. Assim, a listagem das 30 primeiras palavras iniciadas por A é praticamente idêntica nas duas colunas que se referem ao corpus MA. Pode-se notar que existe algum vocabulário regional ( abadá , abaralhau - MA) e uma série de nomes próprios. Embora o DELAF PB contenha um bom número de nomes próprios ( Aldemário , Abramovich ) que normalmente não constariam de um dicionário convencional, há ainda um bom trabalho a ser feito no sentido de listar e caracterizar esses nomes próprios, sobretudo por conta de sua grande variação no Brasil (cf. Uanderson , Uellinton , Ueslei ).

Um exame mais apurado das listas demonstra também que a maioria dos itens não reconhecidos é de substantivos (no DG: abrigagem, abdômem, abelhocídio ), incluídos aí os nomes próprios ( Abelão ). Os dois únicos verbos identificados nas listas aqui apresentadas foram o verbo ‘ acessar ’, com diversas formas, e a forma ‘ abordá ’ do verbo ‘ abordar ’, uma das formas enclíticas não identificadas na versão de 2004 do DELAF PB ( abordá + lo ).

Outra questão diz respeito às abreviações e siglas presentes nos textos. Note-se que o domínio da construção de dicionários computacionais demanda um esforço especial, integrando linguistas e cientistas da Computação. A construção de recursos computacionais mais abrangentes, que incluam processos e fenômenos recorrentes do léxico do português atual é um desafio bastante complexo. Nessa direção, as abreviaturas/siglas/acrônimos e os nomes próprios constituem fenômenos recorrentes na língua escrita e já demandam trabalhos específicos para preservar e melhorar o funcionamento desses tipos de sistemas computacionais. Em trabalhos como Vale et al. (2008)VALE, O. A.; CANDIDO JUNIOR, A.; MUNIZ, M.; BENGTSON, C.; CUCATTO, L.; ALMEIDA, G. M. B.; BATISTA, A.; PARREIRA, M. C.; BIDERMAN, M. T. C; ALUÍSIO, S. M. Building a large dictionary of abbreviations for named entity recognition in Portuguese historical corpora. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON LANGUAGE RESOURCES AND EVALUATION; WORKSHOP LANGUAGE TECHNOLOGY FOR CULTURAL HERITAGE DATA, 2008, Marrakech. Proceedings [...]. Marrakech: [ s. n. ], 2008. p. 47-54., já se apontou essa necessidade para o tratamento para corpora históricos do português, o que pode ser estendido aos acervos da atualidade. De fato, a construção de dicionários computacionais específicos de abreviaturas, de siglas e de entidades nomeadas poderia ser um caminho adequado para tratar do problema que colocamos para o sistema UNITEX com os nossos jornais populares. Naturalmente, conforme podemos verificar nos seguintes trechos de duas notícias do nosso corpus , há muito mais a ser explorado:

TRECHO 1:

“A primeira delas é o lançamento do Abadábraço, um bloco que desfilará sem cordas, mas com os foliões. Desfilará sem cordas, mas com os foliões devidamente trajados com abadás. A proposta aqui é incluir. É ter mais pessoas brincando nas ruas e com direito a usar o seu abadá.”

TRECHO 2:

“Chaleira, César Oliveira & Rogério Melo, Bochincho, Os Quatro Gaudérios, Portal Gaúcho e Eco do Minuano & Bonitinho. Foi grande a integração entre as invernadas adulta e xiru na Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, em Novo Hamburgo, que comemorou 70 anos na noite de terça-feira.

Conclusão

O problema de pesquisa enfrentado neste trabalho foi, assim, a descrição e a ponderação sobre o desempenho de um dicionário computacional de ampla cobertura, gratuitamente acessível para ser utilizado na pesquisa sobre o português do Brasil e na indústria de processamento computacional de línguas.

O dicionário DELAF sob exame, ainda que extremamente importante para subsidiar diferentes tarefas linguísticas, poderia ser incrementado com a alimentação de corpora de jornais populares brasileiros. Afinal, conforme já mencionado, esse gênero jornalístico tem sido ainda pouco contemplado como fonte de dados para o estudo do português escrito culto. Tal “estranhamento” lexical, em termos de números de ocorrências ( tokens ) desconhecidas, mostra-se sensivelmente menor no vocabulário do jornal gaúcho (em média 96,4%) do que do baiano (em média 94,8%), fato que enseja um aprofundamento da pesquisa. Portanto, ao examinar o desempenho de diferentes versões do dicionário, frente ao tratamento do léxico de jornais populares brasileiros, demonstramos a validade de tomar ambos como objetos e como fontes de dados para pesquisas sobre a linguagem em que cooperam linguistas e cientistas da Computação.

AGRADECIMENTOS

Este estudo foi financiado em parte pela Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) no âmbito do Programa CAPES-STIC-AMSud (proj.047/14), pelo CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (bolsa PQ – proc. 305625/2016-0 e Auxílio APV proc. 453058/2015-9), e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (proc. 2016/24670-3).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Maio 2019
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2019

Histórico

  • Recebido
    23 Mar 2018
  • Aceito
    17 Jun 2018
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