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EDITORIAL

O segundo número do quinto ano da Trabalho, educação e saúde destaca os processos históricos de profissionalização na saúde, campo sobre o qual publica três artigos. Márcia Boen e Lúcia Emília Nuevo, no texto "Trabalho e formação profissional do atendente de consultório dentário e do técnico em higiene dental", indicam que os entraves na representação coletiva, a falta de prestígio social e a baixa credibilidade profissional permanecem após a formação no âmbito escolar, o que, por sua vez, aponta para o significado legitimador que a regulamentação desta categoria pode vir a assumir. O artigo "O agente comunitário de saúde no âmbito das políticas voltadas para a atenção básica: concepções do trabalho e da formação profissional", de Márcia Valéria Morosini, Anamaria Corbo e Cátia Guimarães, volta-se para os processos políticos incluindo o movimento organizado da categoria em questão as normatizações e a legislação referentes à profissionalização dos trabalhadores mencionados no título, destacando os desafios à implementação efetiva de sua formação técnica. Monica Vieira, no artigo "Trabalho, qualificação e a construção social de identidades profissionais nas organizações públicas de saúde", tem como objetivo analisar as mudanças contemporâneas no trabalho de um grupo ocupacional numeroso na saúde - os agentes administrativos , mostrando que a compreensão dos modos de ser trabalhador deve considerar múltiplas variáveis, como formação profissional, vínculo empregatício, setor de atuação profissional, tempo de atuação na área e formas de organização do trabalho.

No que tange especificamente à formação profissional em saúde, são apresentados dois textos. O relato "Projeto de extensão universitária: um espaço para formação profissional e promoção da saúde", de José Roberto da Silva Brêtas e Sônia Regina Pereira, aborda aspectos teóricos e práticos envolvidos em um projeto articulado de ensino, assistência e pesquisa desenvolvido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Atuando no campo da Promoção em Saúde, o projeto enfoca questões relacionadas ao corpo e à sexualidade, a partir de atividades educativas, envolvendo alunos dos cursos de graduação e pós-graduação dessa universidade, junto a jovens de escolas de ensino fundamental e médio do município de Embu (São Paulo). O artigo "Educação profissional em saúde: reflexões sobre a avaliação", de Denise Antunes de Azambuja Zocche, discute a avaliação por competência no ensino técnico em enfermagem, explorando seus desafios e suas proposições como estratégias para integrar os envolvidos no ensino-aprendizagem em saúde e para buscar a emancipação possível neste processo.

Este número publica também um estudo sobre a divisão do trabalho na saúde e seus impactos na organização dos trabalhadores. Em artigo intitulado "A divisão do trabalho no setor de saúde e a relação social de tensão entre trabalhadores e gestores", Arlene Ayala e Walter Ferreira de Oliveira analisam a gestão do trabalho no setor público de saúde no município de Joinville (Santa Catarina), nas unidades básicas do Sistema Único de Saúde (SUS). Os autores destacam o caráter fragmentado da organização do trabalho no setor, o domínio do conflito pela gestão, o controle pelas metas de produção e as formas de resistência.

O ensaio "Propaganda de medicamentos: como conciliar uso racional e a permanente necessidade de expandir mercado?", de Álvaro Nascimento, parte da seguinte questão: na utilização de medicamentos, até que ponto prevalece a exigência terapêutica e quando começa a pressão mercadológica - incluindo o papel da mídia? O ensaio discute, para além da eficácia das ações fiscalizadoras, o modelo regulador adotado no Brasil, incluindo a educação sanitária da população e a formação do médico.

A revista, no presente número, publica ainda a entrevista concedida por Tereza Ramos, reeleita no início de julho do corrente ano, para um mandato de três anos, presidente da Confederação Nacional de Agentes Comunitários de Saúde, e duas resenhas, sobre os livros Reflexões impertinentes: história e capitalismo contemporâneo, por André Silva Martins e Daniela Motta de Oliveira; e Educação, comunicação e tecnologia educacional: interfaces com o campo da saúde, por Valdir Castro.

Carla Martins

Angélica Fonseca

Isabel Brasil

Coordenação editorial

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Out 2012
  • Data do Fascículo
    Jul 2007
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