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CARTA DA EDITORA

Com avaliação A1 para Linguística e para Antropologia e Arqueologia, o Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas volta a ocupar a mais alta posição no Qualis – Periódicos. O conceito alcançado na completude de suas áreas de foco remete ao pleno reconhecimento da revista pela comunidade e lhe confere uma responsabilidade e um compromisso da mesma estatura. Há mais de ano o Boletim circula em versão exclusivamente eletrônica e recebe submissões online através da Plataforma ScholarOne. Desde então, o número de submissões cresceu e em 18 meses já foram processados mais de 200 itens. O trabalho não tem trégua, mas é com ele que se mantém a periodicidade e a qualidade das edições com as contribuições dos autores que, ao Boletim, confiam seus trabalhos e dos especialistas que avaliam os conteúdos. A todos os envolvidos nesse processo, se deve o agradecimento. Esforço recompensado e mais trabalho pela frente.

O dossiê “Ilustração arqueológica e etnográfica nas Américas” dá o tom desta edição. Organizado por Claudia Mattos Avolese, da UNICAMP, teve origem em evento realizado em Campinas, ainda em 2012. Na coletânea, os autores apresentam interpretações e representações do que, na América Latina, resultou em formas de se ver grupos humanos e de apresentá-los em instâncias diversas do poder que se constituía em tempos coloniais. As análises descortinam o quanto, em arte, muitos dos elementos se transformaram. Constitui-se o conjunto dos trabalhos ora publicados autêntica aula de história, com ênfase à arte, que hoje se pode apreciar em países onde reside o patrimônio estudado.

Ainda do campo da arqueologia, outros três artigos auxiliam a compreensão das formas de ocupação humana e sua complexa relação com o ambiente na América Latina. Em “Anchoring the landscape: human utilization of the Cerro Gavilán 2 rockshelter, Middle Orinoco, from the Early Holocene to the present”, Kay e Franz Scaramelli demonstram como o uso humano contínuo – traduzido em vestígios de moradia e lugar de rituais e evidenciado na superposição de pinturas rupestres – fixou o abrigo do Cerro Gavilán 2, moldando a paisagem, no estado de Bolívar, na vizinha Venezuela.

Oriundo do Cone Sul, “Estudios arqueofaunísticos en un contexto estratigráfico de las llanuras interiores de Entre Ríos: el sitio Laguna del Negro 1 (departamento Gualeguay, Argentina)”, de Laura Batourre e Eduardo Apolinaire, recupera informações, até agora, desconhecidas na planície da província de Entre Rios, no noroeste da Argentina. Os achados serão integrados a outros dados e permitirão o estabelecimento de modelo de aproveitamento de recursos faunísticos.

Propor um modelo da organização tecnológica da produção de cerâmica na Mendoza colonial é o objetivo dos autores de “La organización de la producción de cerámica colonial en la frontera sur del imperio español (Mendoza, Republica Argentina)”, María José Ots, Martina Manchado, Marina Cataldo e Sebastián Carosio. As evidências apontam para a característica complementar da cerâmica produzida em povoações e vinícolas no século XVII, por parte de mão de obra especializada indígena e africana.

Representante da Antropologia nesta edição, estudo desenvolvido na Amazônia equatoriana analisa o cultivo agrícola como forma de revelar as características socioculturais dos Waorani: “Cultivando las plantas y la sociedad waorani”. A liberdade de ação do grupo e a autonomia individual são parte da análise da autora Maria Gabriela Zurita-Benavides. Já na bioantropologia, Verlan Valle Gaspar Netto, em seu “Contributions to a historical review of biological anthropology in Brazil from the second half of the twentieth century”, fornece elementos para a história da área no país.

Incursões no rio Capim, no Pará e na capitania do Maranhão e do Piauí, são alvo de dois dos artigos da História. Claudio Ximenes e Alan Watrin Coelho, em “A descrição histórica, geográfica e etnográfica do rio Capim feita por João Barbosa Rodrigues”, discutem o legado do botânico sobre a Amazônia paraense no “[...] contexto político-científico brasileiro do século XIX, dominado pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.”.

“Vicente Jorge Dias Cabral: um naturalista na capitania do Maranhão e do Piauí”, de Marcelo Cheche Galves, evidencia como as revelações do naturalista o qualificaram para postos no estamento português no início do século XIX.

Do campo da História, dessa vez em território do Império Espanhol, Hilderman Cardona Rodas, da Colombia, discute “Colonialidad del poder y biopolítica etnoracial: Virreinato de Nueva Granada en el contexto de las Reformas Borbónicas”.

Museologia, Religião e Turismo encerram a seção de artigos. Como contribuição de María Gabriela Chaparro, “Los avatares de una colección en ámbitos municipales: el Museo Etnográfico Dámaso Arce (Olavarría, Argentina)” revela a situação das coleções arqueológicas do Museo localizado na província de Buenos Aires. Nele, a autora contextualiza o problema do ponto de vista histórico e legal, bem como ético, com vistas a dar visibilidade e a promover a salvaguarda dos acervos. Com temas do turismo, autorias de Portugal e Brasil concluem a seção de artigos. António Sérgio Araújo Almeida e Roque Pinto, em “Religiosidade e turismo: o primado da experiência”, discutem a relação entre religiosidade e turismo no contexto das celebrações da Semana Santa de Braga, em Portugal. “Empreendedorismo cultural e turismo: perspectivas para desenvolvimento das indústrias criativas no bairro da Madre Deus, São Luís (Maranhão, Brasil)”, de autoria de Conceição de Maria Belfort de Carvalho, Kláutenys Dellene Guedes Cutrim e Sarany Rodrigues da Costa, discute cultura e turismo pela veia do empreendedorismo em contexto urbano no Maranhão.

Na seção Memória, Helena Pinto Lima e Claudia M. Cunha apresentam, em “Reassessing museum archaeological collections: unprecedented osteological and ceramic data for the Sucuriju site in the Urubu River, Central Amazon, Brazil”, descobertas em material de pesquisas desenvolvidas por Mário Simões, entre os anos 1970 e 1980, no sítio Sucuriju, no rio Urubu, no Amazonas, e que compõem a coleção arqueológica do Museu Goeldi.

Confira ainda as seções de resenhas e teses.

Aproveite a leitura e até a próxima.

Jimena Felipe Beltrão
Editora Científica

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Aug 2017
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