Resumo
Certos predicados (nominais e verbais) podem ocorrer em construções que expressam estados mentais ou físicos em Canela. Nestas construções, com um ou dois argumentos, o experienciador é marcado formalmente pela posposição dativa mã: (i) [ExperienciadorDativo Predicado]; (ii) [ExperienciadorDativo Estímulo Predicado]. Neste artigo, apresento os diferentes tipos de predicados que podem ocorrer nas construções (i) e (ii): nomes e verbos monovalentes, bivalentes e trivalentes. Adicionalmente, identifico o padrão encontrado nessas construções e avalio a condição gramatical do sintagma dativo. Os testes sintáticos aplicados às construções incluem reflexivização, controle e apagamento nas orações coordenadas e subordinadas, e mudança de referência. As propriedades de comportamento e de controle exibidas pelo sintagma posposicional mostram que as construções (i) e (ii) compartilham muitas das características sintáticas das orações verbais. Considerando que as propriedades de comportamento e de controle são os requisitos para a categoria de sujeito, a conclusão é de que, nessas construções, o sintagma dativo comporta-se como o sujeito, não como um oblíquo. Tais evidências são suficientes para argumentar em favor da categoria gramatical do sujeito como morfologicamente heterogênea em Canela, mas que é unificada por seus comportamentos sintáticos.
Palavras-chave
Relações gramaticais; Sujeito; Argumento não prototípico
Abstract
A set of predicates (nominal and verbal) can occur in constructions that express mental or physical states in Canela. In these constructions, with one or two arguments, the experiencer is overtly marked by the dative postposition mã: (i) [ExperiencerDative Predicate]; (ii) [ExperiencerDative Stimulus Predicate]. In this paper, I present the different predicates that can occur in constructions (i) and (ii): nouns and monovalent, bivalent, and trivalent verbs. I also identify the pattern found in these constructions and evaluate the grammatical condition of the dative phrase. The syntactic tests applied to the constructions include reflexivization, control and deletion in coordinate and subordinate clauses, and switch-reference. The properties of behavior and control displayed by the dative postpositional phrase show that constructions (i) and (ii) share many of the syntactic characteristics of verbal sentences. Considering that the properties of behavior and control are the requirements for the category of subject, it can be concluded that in these constructions, the dative postpositional phrase is the subject, not an oblique. Such evidence is sufficient to argue in favor of the grammatical category of subject as a morphologically heterogeneous category in Canela, but at the same time is unified by its syntactic behaviors.
Keywords
Grammatical relations; Subject; Non-prototypical argument
INTRODUÇÃO
O Canela, falado por cerca de 3.000 indivíduos pertencentes aos povos Canela Apãniekrá e Canela Ramkokamekrá, compõe, junto com as variantes faladas pelos povos Krahô, Gavião Pykobjê, Krikatí, Gavião Parkatejê e Krẽjê, a língua Timbira (família Jê, tronco Macro-Jê) (Rodrigues, 1999RODRIGUES, Aryon D. Macro-Jê. In: DIXON, R. M. W.; AIKHENVALD, A. Y. (Ed.). The Amazonian Languages. Cambridge: Cambridge University Press, 1999. p. 165-206.). Como os dados aqui apresentados são todos da variante dialetal falada pelos povos Canela, evitarei o termo coletivo Timbira, em favor do termo individual Canela, uma vez que os outros dialetos Timbira podem apresentar diferenças importantes em relação ao padrão apresentado a seguir.
Em Castro Alves (2004)CASTRO ALVES, Flávia de. O Timbira falado pelos Canela Apãniekrá: uma contribuição aos estudos da morfossintaxe de uma língua Jê. 2004. 192 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004., uma série de predicados que condicionam a marcação não prototípica de A, S e P em Canela foram identificados. Posteriormente, o status gramatical desses argumentos, ainda que de maneira preliminar, foi investigado em Castro Alves (2008)CASTRO ALVES, Flávia de. Propriedades formais do sujeito em Canela. In: TELLES, Stella; PAULA, Aldir Santos de (Ed.). Topicalizando Macro-Jê. Recife: Néctar, 2008. p. 167-194.. O objetivo do presente artigo é discutir, de maneira mais sistemática, a marcação não prototípica de S e de A1 1 A marcação não canônica do sujeito tem sido investigada em línguas germânicas e, especialmente, em línguas escandinavas. Ver Eythórsson e Barðdal (2005) entre outros. Este artigo, ao trazer dados novos de uma língua cuja família ainda é pouco estudada, pretende contribuir com os estudos do diagnóstico do sujeito dativo enquanto questão geral, importante e desafiadora. .
O rótulo S representa o argumento central de um predicado intransitivo canônico, enquanto os rótulos A e P representam os dois argumentos centrais de um predicado transitivo canônico: A simboliza o argumento similar ao agente; P simboliza o argumento similar ao paciente (Comrie, 1978COMRIE, Bernard. Ergativity. In: LEHMANN, Winfred P. (Ed.). Syntactic typology: studies in the phenomenology of language. Austin: University of Texas Press, 1978. p. 329-394.). Quando S não é uma categoria unificada, uma cisão ocorre entre os argumentos centrais do predicado intransitivo canônico: alguns argumentos mais se parecem com agentes (SA), enquanto outros mais se parecem com pacientes (SP) (Comrie, 2013COMRIE, Bernard. Alignment of case marking of full noun phrases. In: DRYER, Matthew S.; HASPELMATH, Martin (Ed.). The world atlas of language structures online. Leipzig: Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology, 2013. Disponível em: <http://wals.info/chapter/98>. Acesso em: 20 fev. 2018.
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).
Para os argumentos da construção (ii) [ExperienciadorDativo Estímulo Predicado], que denota estados ou processos físicos ou psicológicos, usarei as noções adicionais Ex e St (experienciador e estímulo, respectivamente) ao invés de A e P, seguindo Croft (2001)CROFT, William. Radical construction grammar: syntactic theory in typological perspective. Oxford: Oxford University Press, 2001.. Para este autor, A e P referem-se apenas a agentes e a pacientes prototípicos (a principal classe de verbos de dois argumentos), e não se estendem a experienciadores e estímulos. Nessa mesma direção, também adotarei a noção de Ex, ao invés de S, para representar o único argumento da construção (i) [ExperienciadorDativo Predicado], uma vez que não se trata de predicado intransitivo prototípico. A justificativa para tal escolha encontra-se em Haspelmath (2011)HASPELMATH, Martin. On S, A, P, T, and R as comparative concepts for alignment typology. Linguistic Typology, Berlim, v. 15, n. 3, p. 535-567, Nov. 2011. DOI: https://doi.org/10.1515/LITY.2011.035.
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, segundo o qual não há razão para a tipologia não adicionar outros conceitos comparativos. Segundo Haspelmath (2011)HASPELMATH, Martin. On S, A, P, T, and R as comparative concepts for alignment typology. Linguistic Typology, Berlim, v. 15, n. 3, p. 535-567, Nov. 2011. DOI: https://doi.org/10.1515/LITY.2011.035.
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, ao começar a incorporar outros tipos de verbos antes negligenciados (como os experienciais, por exemplo), a tipologia ampliaria gradualmente seu alcance.
O artigo está organizado da seguinte maneira: ainda nesta introdução, identifico os predicados (verbais e nominais) que podem ocorrer nos dois tipos de construções (com um ou dois argumentos) e expressam estados mentais ou físicos na língua. Na primeira seção, uma descrição das propriedades do sujeito no Canela é apresentada: suas propriedades de codificação (concordância verbal, marcação de caso e ordem de constituintes) e comportamentais (controle e apagamento). Na segunda seção, é apresentado o sintagma posposicional dativo que realmente não é sujeito. Na terceira seção, é apresentado o sintagma posposicional dativo que é claramente o sujeito. Na quarta seção, apresento a construção de posse, cujo sintagma dativo exibe propriedades mistas de sujeito. Por último, as considerações finais são desenvolvidas.
Os predicados (nominais e verbais) que podem ocorrer nas construções (i) e (ii), as quais expressam estados mentais ou físicos em Canela, são apresentados no Quadro 1. Na primeira coluna do Quadro 1, constam os predicados nominais; na terceira, quarta e quinta colunas constam os predicadores verbais, mono, di e trivalente, respectivamente. A segunda coluna mostra quais predicados podem ocorrer na construção (i); enquanto a última exibe os predicados que podem ocorrer na construção (ii).
Os dados apresentados nos exemplos (1) evidenciam alguns dos predicados que constam do Quadro 1:
Em (1a), prãm ocorre em um sintagma verbal, o argumento interno de to=mõ. Já (1b) instancia a construção monoargumental (i), que expressa um estado físico, em que prãm ocorre como predicado. Por último, (1c) é um exemplo da construção biargumental (ii), que expressa a noção semântica de ‘querer’.
Os exemplos (2a) e (2b) mostram o verbo monovalente kĩn e seus argumentos internos ao sintagma verbal, argumento nominal (2a) e pronominal (2b). Já (2c) instancia a construção biargumental (ii), em que kĩn ocorre como o predicado que expressa a noção semântica de ‘gostar’.
Em (3a) e (3b) vê-se o verbo monovalente akry, que se relaciona na forma e na função com o nominal kry. Seus argumentos, internos ao sintagma verbal, são expressos por meio de um nominal em (3a) e de um pronominal em (3b). Já em (3c), akry ocorre causativizado. Por último, (3d) instancia a construção monoargumental (i) que expressa um estado físico, em que kry ocorre como predicado.
O exemplo (4a) exibe o verbo monovalente ỳn, que recebe o prefixo de 3a pessoa h-. O exemplo (4b) instancia a construção biargumental (ii), em que ỳn ocorre como predicado que expressa o significado de ‘gostar’. Neste caso, relacionado apenas ao paladar.
A seguir, (5a) é um exemplo de uma construção com o verbo divalente apê, enquanto (5b) instancia a construção biargumental (ii), em que apê ocorre como o predicado que expressa o significado de ‘ter pena de’ ou de ‘querer algo perto’.
Ainda em relação aos itens lexicais que constam do Quadro 1, os exemplos (6a) a (6c) exibem o nominal kre com diferentes tipos de argumento interno: um pronominal de 3a pessoa (referencial), outro nominal (uma das estratégias de formação de nomes compostos na língua) e um pronome não referencial de 3a pessoa, respectivamente:
As construções (6d) e (6e) são exemplos dos verbos àhkre (monovalente) e kre (divalente), relacionados na forma e na função com o nominal kre e com seus argumentos:
O verbo trivalente ahkre ocorre com o nominalizador de agente catê em (6f), enquanto (6g) apresenta uma oração identificacional, a qual consiste de um sujeito mais a posposição pê, que funciona como cópula, e o complemento expresso por ahkre=kêatre:
Para finalizar, o exemplo (6h) instancia a construção biargumental (ii), em que ahkrepej (literalmente: ahkre=pej ‘buraco (da orelha) bom’) ocorre como predicado que expressa o significado de saber:
Na próxima seção, as propriedades do sujeito no Canela são apresentadas com base na proposta de Keenan (1976)KEENAN, Edward. Towards a universal definition of 'subject'. In: LEE, Charles N. (Ed.). Subject and topic. New York: Academic Press, 1976. p. 303-334., que as divide em propriedades de codificação e comportamentais.
PROPRIEDADES DO SUJEITO EM CANELA
Começarei apresentando as propriedades de codificação do sujeito, que incluem concordância verbal, marcação de caso e ordem de constituintes.
PROPRIEDADES DE CODIFICAÇÃO
Concordância verbal
Com base na concordância verbal, o Canela distingue entre dois tipos lexicais de S. Isso significa que o único argumento de uma oração intransitiva é paralelo ou a A (o nominativo) ou a P (o absolutivo) (i.e. intransitividade cindida).
O Quadro 2 apresenta o conjunto das formas pronominais em Canela: uma série de pronomes independentes e de prefixos pronominais. A série de pronomes independentes codifica o argumento nominativo de uma oração, enquanto a série de prefixos pronominais codifica o absolutivo, o objeto da posposição e o possuidor (diretamente em nomes inalienáveis e por meio da posposição genitiva em nomes alienáveis).
A subclasse ativa de verbos intransitivos (ou intransitivos) tem SA paralelo a A: um argumento externo, não marcado, expresso por nominais ou pronominais independentes (7a e 7b).
A subclasse não ativa de verbos intransitivos (ou descritivos) tem SP paralelo a P: um argumento interno do sintagma verbal. Se o argumento é pronominal, o verbo leva o prefixo pessoal que identifica P ou SP (8a e 8b).
O passado recente condiciona o padrão ergativo na concordância verbal. Nessas construções, S não é uma categoria cindida. Os exemplos em (9) mostram o verbo3 3 Em relação à forma verbal, a principal característica morfológica que distingue o verbo das orações do sistema de intransitividade cindida do verbo das orações do sistema ergativo no passado recente é a oposição entre suas duas formas, finita e não finita (mõ (finita) versus mõr (não finita) ‘ir’; pupu (finita) versus pupun (não finita) ‘ver’). Esta propriedade não é compartilhada com os descritivos (a subclasse não ativa de verbos de um argumento que atribuem o absolutivo ao argumento S), os quais exibem a mesma forma em ambos os tipos de orações, muito embora haja algumas raríssimas exceções, como cato/cator ‘chegar’. exibindo um prefixo pessoal que identifica P ou S. Não há índice para A.
O Quadro 3 sistematiza as propriedades da codificação verbal em Canela.
Marcação de caso
O nominativo (S=A) é sempre um argumento não marcado, conforme os exemplos (10a) e (10b):
O enclítico ergativo te marca abertamente A no passado recente. A é expresso por um sintagma nominal em (11a) e por um prefixo pessoal em (11b):
P e S são codificados por prefixos pessoais em (11a) e (12a) e por nominais livres não marcados dentro do sintagma verbal em (11b) e (12b):
Há também a possibilidade de variação na marcação de caso no S, mas apenas nas construções que expressam passado recente e desde que um sintagma posposicional ocorra entre o erg e o verbo. Isso significa que o argumento S pode ser expresso apenas como um argumento interno do sintagma verbal (13a e 13b) ou por um prefixo pronominal correferente, marcado pela posposição ergativa no início da oração, e também apresentar concordância no verbo (13c e 13d).
No modo irrealis, o pronome nominativo codifica o sujeito (14a-14d). Na dúvida de qual argumento é o sujeito, o modo irrealis deixa isso claro.
O Quadro 4 sistematiza as propriedades da marcação de caso em Canela.
Ordem de constituintes
Em predicados de um único argumento SA e SP (na intransitividade cindida) e S (no alinhamento ergativo) sempre precedem V. SA é um argumento externo ao sintagma verbal, enquanto SP (e S, no passado recente) ocorre dentro do sintagma verbal, como mostram os exemplos (15a) a (15c):
Nos predicados de dois argumentos, A precede P, e ambos precedem V. P é um argumento interno do sintagma verbal, como evidenciam os exemplos (15d) e (15e).
O Quadro 5 sistematiza as propriedades da ordem de constituintes em Canela.
O Quadro 6 apresenta um sumário das propriedades de codificação do sujeito em Canela.
Além do sistema ergativo e da intransitividade cindida, a presença de auxiliares condiciona uma situação em que A e P mostram padrões claramente distintos (nominativo versus absolutivo). S é realizado duas vezes, uma vez paralelo a A (externo, não marcado; o nominativo) e, ao mesmo tempo, paralelo a P (interno, como um prefixo no verbo; o absolutivo). Em outras palavras, S é alinhado tanto com A como com P.
Os exemplos a seguir mostram A (16a) e S (16b) expressos por um pronome independente. Além disso, S exibe um padrão de concordância absolutivo, expresso por prefixo pessoal no verbo (16b). P é expresso por um SN (16a). Além dessas propriedades, o verbo ocorre sempre na forma não finita.
Por uma questão de espaço, esse sistema (descrito como nominativo-absolutivo em Castro Alves, 2004CASTRO ALVES, Flávia de. O Timbira falado pelos Canela Apãniekrá: uma contribuição aos estudos da morfossintaxe de uma língua Jê. 2004. 192 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004.) não é tratado neste artigo4 4 Para ilustração desse padrão, ver Castro Alves (2010) e Gildea e Castro Alves (2010, no prelo). .
A Figura 1 sumariza os três tipos de construções oracionais principais em Canela, diferenciadas pelo tratamento dado aos argumentos centrais A, S e P.
As propriedades do sujeito apresentadas a seguir referem-se às suas propriedades comportamentais, a saber: controle do reflexivo, controle e apagamento nas orações coordenadas e subordinadas e mudança de referência.
PROPRIEDADES COMPORTAMENTAIS
Controle do reflexivo
Na reflexivização, A controla o reflexivo (17a e 17b). Já SA e SP (na intransitividade cindida) e S (no alinhamento ergativo) não controlam o reflexivo porque na oração em que ocorrem só há lugar para um argumento (eles mesmos).
Controle e apagamento nas orações coordenadas e subordinadas
O sujeito da oração anterior controla o apagamento sob correferência na oração coordenada subsequente (18b):
No caso de o sujeito ocorrer marcado pelo caso ergativo na oração subsequente, o apagamento sob correferência não é categórico (exemplos 18a e 19):
S e SP (diferentemente de SA, de acordo com o exemplo 18b) não podem ser apagados sob correferência em uma oração coordenada (20). Isso acontece porque, nesses contextos, eles são argumentos internos do verbo:
As orações nos exemplos (21) e (22) são amostras do apagamento do sujeito (sob correferência) nas orações subordinadas. Em (21), a oração subordinada é análoga a P, enquanto que em (22) a posposição locativa nã é usada como subordinador:
Quando a oração subordinada funciona como o objeto da principal, o sujeito da oração principal controla o apagamento do sujeito na subordinada (21). Quando a oração subordinada é Loc, o objeto da oração principal controla o apagamento do sujeito na subordinada (22).
Também S em (23), assim como S em (20), não pode ser apagado sob correferência em uma oração subordinada porque, nesse contexto, é um argumento interno do verbo:
Mudança de referência
Na mudança de referência, duas estratégias são utilizadas: o morfema mã para a 3a pessoa no passado recente (24a) ou o pronome nominativo para todos os outros contextos (24b). É sempre o sujeito da oração anterior que controla a mudança de referência na oração subsequente. A conjunção pode ocorrer com o pronome nominativo, mas não de maneira categórica. Os parênteses indicam essa possibilidade (24b).
O Quadro 7 apresenta um sumário das propriedades comportamentais do sujeito em Canela.
Nas três seções subsequentes, identifico o padrão do sintagma dativo encontrado em diferentes construções e avalio sua respectiva condição gramatical.
DATIVO QUE REALMENTE NÃO É O SUJEITO
Os exemplos a seguir exibem os verbos ajkra ‘assustar’, cakôc ‘falar’ e cator ‘chegar’ em construções monovalentes. Em (25a), o intransitivo ajkra atribui o nominativo ao único argumento (SA), enquanto os descritivos cakôc e cator (26a e 27a) atribuem o absolutivo ao seu único argumento (SP). Como visto anteriormente, as construções sentenciais que expressam passado recente condicionam o padrão ergativo-absolutivo. Neste sistema de alinhamento, S é uma categoria unificada (exemplos (25b), (26b) e (27b)):
Os verbos ajkra, cakôc e cator podem também ocorrer em construções constituídas de dois sintagmas6 6 Essas orações são analisadas como intransitivas de acordo com a definição de Andrews (2007, p. 139), que considera que “An NP in an intransitive sentence that is receiving the treatment normally accorded to the single argument of a one-argument predicate will be said to have S function”. O autor não fala nada sobre o tratamento dado ao outro sintagma não S, como o SP dativo nos exemplos em (25c), (26c) e (27c). Neste artigo, ele é tratado como um oblíquo. , em que o sintagma posposicional, semanticamente o experienciador em (25c), o associativo em (26c) e a meta em (27c), é marcado pelo caso dativo:
A seguir, os testes de sujeito, descritos em termos das propriedades apresentadas na seção anterior, são aplicados a esses sintagmas. O objetivo é mostrar que o sintagma posposicional dativo nessas construções não é o sujeito. Começando pelas propriedades de codificação, os exemplos (25c), (26c) e (27c) demonstram que não há concordância verbal com o sintagma posposicional encabeçado pela posposição mã e que a marcação de caso é dativa.
Em relação à marcação de caso, quando as construções expressam passado recente, pode haver variação na marcação de caso no S, conforme os exemplos (13c) e (13d). Os exemplos (25d), (26d) e (27d) confirmam essa possibilidade e mostram que S é o argumento interno ao sintagma verbal (não o sintagma dativo).
A expressão do modo irrealis em (25e) e (26e) demonstra que o sintagma dativo nunca é nem substituído (ver exemplos 14a e 14c) nem correferencial ao pronome nominativo (ver exemplos 14b e 14d):
Com relação à ordem de constituintes, o sintagma dativo ocorre entre SA e V em (25e) e entre SP e sp-V em (26e). No passado recente, o sintagma dativo ocorre ou no início da construção – como nos exemplos (25c), (26c) e (27c) – ou entre erg e s-V – como nos exemplos (25d), (26d) e (27d) –, no caso de um sintagma posposicional ergativo correferente a S ocorrer no início da construção.
As propriedades de codificação do sintagma dativo que não é o sujeito estão sistematizadas em negrito no Quadro 8. As propriedades de codificação do sujeito também constam do Quadro 8, para contraste.
O sintagma dativo difere-se do sujeito nas seguintes propriedades: não apresenta variação da marcação de caso (nem para ergativo, nem para nominativo). Além disso, em relação à ordem de constituintes, o sintagma dativo ocorre alinhado com o sujeito apenas em (25c), (26c) e (27c).
Em relação às propriedades comportamentais, mais especificamente à reflexivização, é o prefixo verbal (ou seja, o sujeito), e não o dativo, que controla o reflexivo nos exemplos em (28):
Em relação ao apagamento sob correferência nas orações coordenadas, é também o prefixo verbal (ou seja, o sujeito), e não o dativo, que controla o apagamento do sujeito na oração subsequente (29):
Por último, também é o sujeito (expresso por meio do prefixo verbal), e não o dativo, que controla a mudança de referência, como evidenciam os exemplos (30a) e (30b):
As propriedades sintáticas do sintagma dativo que não é o sujeito estão sistematizadas em negrito no Quadro 9. As propriedades comportamentais do sujeito também constam do Quadro 9, para contraste.
Propriedades comportamentais do dativo que realmente não é o sujeito em Canela. Legenda: – = ausência de dados para testar essa propriedade.
O sintagma dativo descrito nesta seção se diferencia sintaticamente do sujeito em três (de quatro) propriedades. Uma vez que ele não passa na grande maioria dos testes de sujeito (codificação e controle) em Canela, não pode ser considerado como sujeito na língua.
Na próxima seção, é avaliado o sintagma dativo que ocorre nas instanciações das construções (i) e (ii), cujos predicados foram apresentados no Quadro 1.
DATIVO QUE É CLARAMENTE O SUJEITO
Começando pelas propriedades de codificação, os exemplos (1b) e (1c) (repetidos aqui por conveniência) mostram que o dativo não apresenta concordância verbal.
No entanto, tais construções podem apresentar variação na marcação de caso: ergativo, ao invés de dativo. Semanticamente, a oposição se dá em termos de um estado passageiro, como em (1b) e (1c), e um estado habitual, como nos exemplos (31a) e (31b).
Já o pronome nominativo, na expressão do modo irrealis, é correferente ao dativo:
É possível, no entanto, ocorrer uma variação no pronome nominativo, dependendo do valor de certeza. Por exemplo, 3a pessoa em lugar da 1a pessoa, como em (33). Em (32a) a (32d) a leitura é de uma expectativa, uma possibilidade, enquanto (33) indica uma certeza ou pelo menos uma forte chance de ser verdade:
O pronome nominativo, correferente no modo irrealis – como mostram os exemplos (32a) a (32d) –, pode ainda substituir o sintagma dativo (34):
A ordem dos constituintes é sempre rígida: (i) Ex Pred e (ii) Ex St Pred, como mostram os exemplos (31a) e (31b).
As propriedades de codificação do sintagma dativo que é o sujeito estão sistematizadas em negrito no Quadro 10. As propriedades de codificação do sujeito e do dativo que não é o sujeito também constam do Quadro 10, para contraste.
O Quadro 10 mostra que o sintagma dativo das construções (i) e (ii) compartilha muitas das propriedades de codificação do sujeito em Canela: pronome nominativo no modo irrealis, variação do caso ergativo e ordem dos constituintes.
Em relação às propriedades comportamentais, no que diz respeito à reflexivização, é o argumento dativo que controla o reflexivo nos exemplos (35a) e (35b):
Em relação ao apagamento sob correferência nas orações coordenadas, o argumento dativo da primeira oração controla o apagamento do sujeito na oração subsequente (36):
Como descrito na primeira seção, sobre as propriedades do sujeito em Canela, o sintagma ergativo na oração subsequente não é apagado categoricamente nas orações coordenadas, como mostra o exemplo (19). O mesmo acontece em (37a). Em (37b), o sujeito, por ser argumento interno do verbo, também não é apagado, como mostra o exemplo (20).
Os exemplos (38) e (39) apresentam orações subordinadas. Na oração subordinada análoga a St, Ex da oração principal controla o apagamento do sujeito da subordinada, conforme (38a) a (38c):
Em (39a) a (39c), em que a posposição locativa nã é usada como subordinador, St da oração principal controla o apagamento do sujeito da subordinada. A construção manipulativa em (39c) exibe a combinação do verbo to ‘fazer’ mais o predicado prãm ‘querer’ em uma construção serial.
Em resumo, quando a oração subordinada funciona como o objeto da principal, Ex – assim como o sujeito em (21) – da oração principal controla o apagamento do sujeito na subordinada, como mostram os exemplos (38a) a (38c). Quando a oração subordinada é Loc, St – assim como o objeto em (22) – da oração principal controla o apagamento do sujeito na subordinada, como se verifica nos exemplos (39a) a (39c).
Contudo, no caso de verbo intransitivo em oração subordinada, o sujeito, por se tratar de argumento interno do verbo, não pode ser apagado, como em (40a) e (40b) – assim como nas orações verbais, no exemplo (23).
Os exemplos (41a) a (41d) mostram que é o Ex que controla a mudança de referência:
As propriedades de controle e de apagamento do sintagma dativo que é o sujeito estão sistematizadas em negrito no Quadro 11. As propriedades comportamentais do sujeito e do dativo que não é o sujeito também constam do Quadro 11, para contraste.
Propriedades comportamentais do dativo que é claramente o sujeito em Canela. Legenda: – = ausência de dados para testar essa propriedade.
As propriedades comportamentais exibidas pelo dativo das construções (i) e (ii) mostram que ele compartilha muitas (se não todas, cf. Dativo (Cxn ii)) das características sintáticas do sujeito das orações verbais. Essas propriedades de comportamento e de controle, além das propriedades de codificação identificadas anteriormente, revelam que a análise mais adequada para o dativo nessas construções é como o sujeito, ao invés de um oblíquo.
Antes de passarmos para a próxima seção, uma última informação sobre as construções (i) e (ii) é necessária. Ainda que a negação não seja uma propriedade do sujeito em si, a simetria entre (42a) e (42b), esta última uma oração verbal, mostra que cupa ocorre como um verbo em (42a):
Por outro lado, um tipo diferente de negação ocorre em (42c), um predicado não verbal:
DATIVO COM PROPRIEDADES MISTAS DE SUJEITO: A CONSTRUÇÃO DE POSSE
Esta seção investiga de que maneira o dativo das construções de posse se relaciona (de maneira simétrica ou assimétrica) com o dativo das construções (i) e (ii) e com o sujeito das orações verbais.
Em (43a), a construção de posse exibe um sintagma dativo (que expressa o possuidor) e um sintagma nominal (que expressa o item possuído), nessa ordem. Nessa construção, o possuidor é sempre humano. O exemplo (44a), instanciação da construção (i), é repetido aqui para fins de comparação:
No entanto, algumas propriedades de codificação diferenciam a construção em (43a) da construção em (44a). Em primeiro lugar, a posposição mã da construção (43a) pode variar com a posposição pê Mal (43b). Essa variação não é encontrada nas instanciações da construção (i). O asterisco indica que (44b) não é uma oração encontrada em Canela.
De maneira oposta, a posposição mã do exemplo (44a) pode variar com a posposição te erg (44c). Esse tipo de contraste semântico (te estado habitual versus mã estado passageiro) não ocorre no exemplo (43a):
A negação do exemplo em (44a) também é diferente da negação do exemplo em (43a): nare em (44d), o mesmo marcador encontrado na negação das orações verbais, e inare ou hamnare, negação existencial, em (43d). Neste último, a posposição que ocorre é pê mal:
Importante reafirmar que a negação não é uma ‘propriedade de sujeito’ em si, mas a assimetria entre (43d) e (44d) mostra que prãm ocorre como um verbo na construção (i). Por outro lado, o diferente tipo de negação que ocorre em (43d) não é evidência de que o possuidor é não sujeito, mas mostra que ele é menos sujeito que o dativo da construção (i).
A última propriedade de codificação a ser comparada é a ocorrência do pronome nominativo na expressão do modo irrealis. A construção de posse em (43e) e a instanciação da construção (i) em (44e) apresentam padrões assimétricos. O pronome nominativo correferente em (44e) identifica o dativo como o sujeito da construção, enquanto em (43e) o resultado é oposto: a ausência de correferência entre o pronome nominativo e o dativo revela que o dativo não é o sujeito.
Em (43f) e (44f), embora o pronome nominativo de 3a pessoa ocorra nas duas construções, o contraste no valor de certeza só se aplica à construção (i). Por outro lado, (44f) poderia ser considerada, pelo menos como hipótese, como a construção-fonte para a construção, mais gramaticalizada, em (44e).
As propriedades de codificação do sintagma dativo na construção de posse estão sistematizadas em negrito no Quadro 12. As propriedades de codificação do sujeito, do dativo que realmente não é o sujeito e do dativo que claramente é o sujeito também constam do Quadro 12, para contraste.
Em termos de propriedades comportamentais, a construção de posse utiliza as mesmas estratégias encontradas para marcar a mudança de referência nas orações verbais: o morfema mã indicando mudança de sujeito de 3a pessoa no passado recente (45a); o pronome livre indicando a mudança de referência nos outros contextos (45b). Não há apagamento sob correferência na construção de posse (45c):
As propriedades comportamentais do sintagma dativo na construção de posse estão sistematizadas em negrito no Quadro 13. As propriedades do sujeito, do dativo que realmente não é o sujeito e do dativo que claramente é o sujeito, assim como a negação, também constam do Quadro 13, para contraste.
Mesmo que duas propriedades sejam contrárias à categorização do dativo da construção de posse como sujeito (a ausência de pronome nominativo correferente no modo irrealis e a variação para o caso malefactivo), duas outras propriedades (ordem de constituintes e a mudança de referência) sugerem ser um caso menos gramaticalizado de sujeito (em vez de um oblíquo).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como objetivo avaliar o status gramatical do sintagma dativo que ocorre nas construções (i) [ExperienciadorDativo Predicado] e (ii) [ExperienciadorDativo Estímulo Predicado], as quais expressam estados mentais ou físicos em Canela.
Na introdução, mostrei os diferentes tipos de predicados (nominais e verbais) que podem ocorrer nas construções (i) e (ii): nomes e verbos monovalentes, bivalentes e trivalentes. Na primeira seção, apresentei as propriedades de codificação e comportamentais do sujeito em Canela. Nas seções subsequentes, identifiquei o padrão do sintagma dativo encontrado em diferentes construções e avaliei sua respectiva condição gramatical.
As propriedades de codificação e de controle exibidas pelo dativo das construções (i) e (ii) mostram que ele compartilha muitas das características sintáticas do sujeito das orações verbais. Considerando que as propriedades de comportamento e de controle são os requisitos para a categoria de sujeito, pode-se dizer então que o dativo nas construções (i) e (ii) é o sujeito, não um oblíquo.
Tais evidências são suficientes para argumentar em favor da categoria gramatical de sujeito como morfologicamente heterogênea em Canela, mas que é unificada por seus comportamentos sintáticos.
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A marcação não canônica do sujeito tem sido investigada em línguas germânicas e, especialmente, em línguas escandinavas. Ver Eythórsson e Barðdal (2005)EYTHÓRSSON, Thórhallur; Barðdal, Jóhanna. Oblique subjects: a common germanic inheritance. Language, Baltimore, v. 81, n. 4, p. 824-881, Dec. 2005. entre outros. Este artigo, ao trazer dados novos de uma língua cuja família ainda é pouco estudada, pretende contribuir com os estudos do diagnóstico do sujeito dativo enquanto questão geral, importante e desafiadora.
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Os dados estão transcritos de acordo com a ortografia canela. Os símbolos ortográficos correspondem aos valores do alfabeto fonético internacional (international phonetic alphabet – IPA) com as seguintes exceções: e [ɛ], ê [e], à [ɜ], ỳ [ə], y [ɨ], ã [ə̃], o [ɔ], ô [o], c/qu [k], k [kh], g [ŋg], h em final de sílaba [ʔ], x [ʧ].
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Em relação à forma verbal, a principal característica morfológica que distingue o verbo das orações do sistema de intransitividade cindida do verbo das orações do sistema ergativo no passado recente é a oposição entre suas duas formas, finita e não finita (mõ (finita) versus mõr (não finita) ‘ir’; pupu (finita) versus pupun (não finita) ‘ver’). Esta propriedade não é compartilhada com os descritivos (a subclasse não ativa de verbos de um argumento que atribuem o absolutivo ao argumento S), os quais exibem a mesma forma em ambos os tipos de orações, muito embora haja algumas raríssimas exceções, como cato/cator ‘chegar’.
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Para ilustração desse padrão, ver Castro Alves (2010)CASTRO ALVES, Flávia de. Evolution of alignment in Timbira 1. International Journal of American Linguistics, Chicago, v. 76, n. 4, p. 439-475, Oct. 2010. DOI: https://doi.org/10.1086/658054.
https://doi.org/10.1086/658054... e Gildea e Castro Alves (2010GILDEA, Spike; CASTRO ALVES, Flávia de. Nominative-absolutive: counter-universal split ergativity in Jê and Cariban. In: GILDEA, Spike; QUEIXALÓS, Francesc (Ed.). Ergativity in Amazonia. Amsterdam: John Benjamins, 2010. p. 159-199. (Typological Studies in Language, 89)., no prelo)GILDEA, Spike; CASTRO ALVES, Flávia de. Reconstructing the source of nominative-absolutive alignment in two Amazonian language families. In: LUJÁN, Eugenio; Barðdal, Jóhanna; GILDEA, Spike (Ed.). Reconstructing syntax: cognates and directionality. Leiden: Brill Press. (Brill Series in Historical Linguistics). No prelo.. -
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A propriedade mostrada em (22) não consta do Quadro 7 porque se trata de uma propriedade do objeto em Canela. No entanto, é necessário que ela seja descrita neste momento porque será posteriormente retomada, na seção “Dativo que é claramente o sujeito”, para fins de contraste com o St.
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Essas orações são analisadas como intransitivas de acordo com a definição de Andrews (2007, p. 139)ANDREWS, Avery D. The major functions of the noun phrase. In: SHOPEN, Timothy (Org.). Language typology and syntactic description: clause structure. 2nd ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. v. 1, p. 132-223., que considera que “An NP in an intransitive sentence that is receiving the treatment normally accorded to the single argument of a one-argument predicate will be said to have S function”. O autor não fala nada sobre o tratamento dado ao outro sintagma não S, como o SP dativo nos exemplos em (25c), (26c) e (27c). Neste artigo, ele é tratado como um oblíquo.
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A propriedade mostrada nos exemplos (39b) e (39c) não consta do Quadro 11 porque se trata de uma propriedade do St. No entanto, é importante que ela seja descrita para fazer menção à sua simetria com a propriedade de controle e de apagamento do objeto, apresentada anteriormente, na seção “Propriedades do sujeito em Canela”.
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer ao Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, da Universidade de Brasília (IL/UnB), pela possibilidade de me dedicar integralmente às atividades de pesquisa (2017-2018, por meio de licença aperfeiçoamento). Sou grata também ao Departamento de Linguística da Universidade do Oregon, pela hospedagem acadêmica, em 2012-2013 e atualmente (2017-2018), e, em especial, ao meu supervisor, Spike Gildea. Obrigada também aos editores, revisores e à secretaria deste Boletim. Ao povo de Canela, minha eterna gratidão.
ABREVIATURAS
REFERÊNCIAS
- ANDREWS, Avery D. The major functions of the noun phrase. In: SHOPEN, Timothy (Org.). Language typology and syntactic description: clause structure. 2nd ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. v. 1, p. 132-223.
- CASTRO ALVES, Flávia de. Evolution of alignment in Timbira 1. International Journal of American Linguistics, Chicago, v. 76, n. 4, p. 439-475, Oct. 2010. DOI: https://doi.org/10.1086/658054.
» https://doi.org/10.1086/658054 - CASTRO ALVES, Flávia de. Propriedades formais do sujeito em Canela. In: TELLES, Stella; PAULA, Aldir Santos de (Ed.). Topicalizando Macro-Jê Recife: Néctar, 2008. p. 167-194.
- CASTRO ALVES, Flávia de. O Timbira falado pelos Canela Apãniekrá: uma contribuição aos estudos da morfossintaxe de uma língua Jê. 2004. 192 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004.
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
May-Aug 2018
Histórico
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Recebido
27 Mar 2018 -
Aceito
16 Jul 2018