Acessibilidade / Reportar erro

Registros arqueobotânicos em um sambaqui amazônico: utilização de microalgas (Diatomáceas, Bacillariophyta) como indicadoras de alterações ambientais

Archaeobotanical records in an Amazonian shell mound: microalgae (Diatomacea,Bacillariophyta) as indicators of environmental changes

Resumo

Os registros das condições existentes durante a formação dos sítios arqueológicos foram obtidos a partir de pesquisas interdisciplinares. Inseridas no campo da arqueobotânica, as diatomáceas são microalgas capazes de indicar as condições pretéritas. Quando presentes nos solos arqueológicos, podem indicar cursos d’água próximos ao sítio ou inferir condições paleoambientais. Este artigo apresenta pioneiramente o registro de diatomáceas em toda a coluna bioantracológica de um sambaqui. Nesse sentido, amostras do Sambaqui Porto da Mina (Quatipuru, Pará, Brasil) foram analisadas ao longo da coluna sedimentar. As diatomáceas encontradas reforçam a ideia da permanência dos grupos sambaquieiros no local de construção por pelo menos 210 anos. As inferências ecológicas obtidas apontam que o assentamento estava em um ambiente geograficamente diverso, com entrada de água doce, salobra e marinha. Assim, a inclusão da análise das diatomáceas no contexto arqueológico representa uma técnica adicional para os estudos de reconstrução ambiental.

Palavras-chave
Algas; Concheiros; Holoceno; Paleoecologia

Abstract

Records of the conditions during the formation of archaeological sites were obtained from interdisciplinary investigations. In archaeobotany, diatoms are microalgae that can depict these previous conditions; when present in archaeological soils, they indicate the presence of watercourses near the site or may permit inferences about paleoenvironmental conditions. This study is the first to describe the diatom record throughout the entire anthracological column of a shell mound. Samples from the Porto da Mina Shell Mound (Quatipuru, Pará, Brazil) were analyzed along the sedimentary column. The diatoms found in the mound reinforce the notion that groups have been associated with the shell mound at the site for at least 210 years. The ecological inferences indicate that the settlement was in a geographically diverse environment, with fresh, brackish, and marine water entering. The inclusion of diatom analysis in the archaeological context represents an additional technique for environmental reconstruction studies.

Keywords
Algae; Holocene; Paleoecology; Shell mound

INTRODUÇÃO

Sambaquis são sítios arqueológicos caracterizados pela deposição de sedimentos, resíduos vegetais, restos de animais, artefatos arqueológicos e sepultamentos. Os conteúdos, acumulados de maneira intencional, acarretam uma sequência complexa que revela a cronologia cultural temporal e, dessa forma, fornecem informações sobre o uso de recursos locais (DeBlasis et al., 1998Deblasis, P., Fish, S. K., Gaspar, M. D., & Fish, P. R. (1998). Some references for the discussion of complexity among the sambaquimoundbuilders from the southern shores of Brasil. Revista de Arqueología Americana, 15, 75-105.; Gaspar, 2000Gaspar, M. D. (2000). Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro (Coleção descobrindo o Brasil). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.; Lima et al., 2002Lima, H. N., Schaefer, C. E. G., Mello, J. W. V., Gilkes, R. J., & Ker, J. C. (2002). Pedogenesis and pre-columbian land use of “Terra Preta Anthrosolos” (“Indian black earth”) of western Amazonia. Geoderma, 110(1-2), 1-17. doi: https://doi.org/10.1016/S0016-7061(02)00141-6
https://doi.org/10.1016/S0016-7061(02)00...
; Scheel-Ybert et al., 2009Scheel-Ybert, R., Eggers, S., Wesolowski, V., Petronilho, C., Boyadjian, C. H., Gaspar, M. D., . . . Deblasis, P. (2009). Subsistence and lifeway of coastal Brazilian moundbuilders. In A. Capparelli, A. Chevalier & R. Piqué (Coords.), La alimentación en la América precolombina y colonial: una aproximación interdisciplinaria (Vol. 7, pp. 37-53). Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Cientificas.; Gaspar et al., 2013Gaspar, M. D., Klokler, D., & Biachini, G. F. (2013). Arqueologia estratégica: abordagens para o estudo da totalidade e construção de sítios monticulares. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 8(3), 517-533. doi: https://doi.org/10.1590/S1981-81222013000300003
https://doi.org/10.1590/S1981-8122201300...
; Villagran & Giannini, 2014Villagran, X. S., & Giannini, P. C. F. (2014). Shell mounds as environmental proxies on the southern coast of Brazil. The Holocene, 24(8), 1009-1016. doi: https://doi.org/10.1177/0959683614534743
https://doi.org/10.1177/0959683614534743...
; Coe et al., 2017Coe, H. H. G., Souza, R. C. C. L., Duarte, M. R., Ricardo, S. D. F., Machado, D. O. B. F., Macario, K. C. D., & Silva, E. P. (2017). Characterisation of phytoliths from the stratigraphic layers of the Sambaqui da Tarioba (Rio das Ostras, RJ, Brazil). Flora, 236/237, 1–8. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.flora.2017.09.007
https://doi.org/10.1016/j.flora.2017.09....
).

No Brasil, os sambaquis datam de 8.000 a 1.000 anos Antes do Presente (AP) e representam ambientes ocupados pelos grupos sociais pré-coloniais adaptados a ambientes costeiros e ribeirinhos em cenários deposicionais (DeBlasis et al., 1998Deblasis, P., Kneip, A., Scheel-Ybert, R., Gianinni, P. C. F., & Gaspar, M. D. (2007). Sambaquis e paisagem: dinâmica natural e arqueologia regional no litoral do sul do Brasil. Arqueologia Sul-Americana, 3(1), 29-61., 2007Denys, L. (1991). A check-list of the diatoms in the Holocene deposits of the Western Belgian coastal plain with a survey of their apparent ecological requirements: I. Introduction, ecological code and complete list (No. 246). Belgium. Recuperado de https://core.ac.uk/download/pdf/35118087.pdf
https://core.ac.uk/download/pdf/35118087...
; Gaspar, 2000Gaspar, M. D. (2000). Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro (Coleção descobrindo o Brasil). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.). De acordo com Macario et al. (2014)Macario, K. C. D., Souza, R. C. C. L., Trindade, D. C., Decco, J., Lima, T. A., Aguilera, O. A., . . . Silva, E. P. (2014). Chronological model of a Brazilian Holocene shellmound (Sambaqui da Tarioba, Rio de Janeiro, Brazil). Radiocarbon, 56(2), 489-499. doi: https://doi.org/10.2458/56.16954
https://doi.org/10.2458/56.16954...
, os sambaquis brasileiros estão localizados ao longo de 2.000 km da costa brasileira. Os mais estudados são os sambaquis situados nas regiões Sul e Sudeste (Wagner et al., 2011Wagner, G., Hilbert, K., Bandeira, D., Tenório, M. C., & Okumura, M. M. (2011). Sambaquis (shell mounds) of the Brazilian coast. Quaternary International, 239(1/2), 51-60. doi: https://doi.org/10.1016/j.quaint.2011.03.009
https://doi.org/10.1016/j.quaint.2011.03...
), e os menos documentados estão localizados no Pará (PA), Norte do Brasil (Silveira & Schaan, 2005Silveira, M. I., & Schaan, D. P. (2005). Onde a Amazônia encontra o mar: estudando os sambaquis do Pará. Revista de Arqueologia, 18(1), 67-79. doi: https://doi.org/10.24885/sab.v18i1.205
https://doi.org/10.24885/sab.v18i1.205...
).

Os sambaquis encontrados na costa Norte e Nordeste são considerados diferentes, quando comparados aos localizados no Sul e Sudeste do Brasil, quanto à sua configuração, principalmente em decorrência da existência de fragmentos cerâmicos em todos os níveis ou camadas estratigráficas (Lopes et al., 2018Lopes, P. R. C., Gaspar, M., & Gomes, D. M. C. (2018). O Sambaqui Porto da Mina e a cerâmica utilizada como material construtivo: um estudo de caso. Revista de Arqueologia, 31(1), 52-72. doi: https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521
https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521...
). Porém, é importante ressaltar que os pescadores-coletores do litoral das regiões Norte, Sudeste e Sul integram um único sistema sociocultural, sem prejuízo das especificidades regionais e temporais (Gaspar, 2000Gaspar, M. D. (2000). Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro (Coleção descobrindo o Brasil). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.).

A compreensão da formação desses sítios arqueológicos auxilia na elaboração de modelos de evolução ambiental e dos processos culturais dos grupos sociais que ocupavam as regiões costeiras, assim como da biodiversidade existente durante o Holoceno, através do estudo de organismos fósseis ou em processo de fossilização encontrados ao longo das camadas estratigráficas (Villagran & Giannini, 2014Villagran, X. S., & Giannini, P. C. F. (2014). Shell mounds as environmental proxies on the southern coast of Brazil. The Holocene, 24(8), 1009-1016. doi: https://doi.org/10.1177/0959683614534743
https://doi.org/10.1177/0959683614534743...
).

Foi necessário adotar metodologias e ferramentas de diferentes áreas, como das ciências arqueológicas, geológicas, antracológicas, geoquímicas, arqueofácies, paleoambientais e biológicas (e.g. Bissa et al., 2000Bissa, W. M., Ybert, J.-P., Catharino, E. L. M., & Kutner, M. (2000). Evolução Paleoambiental na Planície Costeira do Baixo Ribeira durante a ocupação Sambaquiera. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, (10), 89-102.; Gaspar, 2000Gaspar, M. D. (2000). Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro (Coleção descobrindo o Brasil). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.; Scheel-Ybert et al., 2009Scheel-Ybert, R., Eggers, S., Wesolowski, V., Petronilho, C., Boyadjian, C. H., Gaspar, M. D., . . . Deblasis, P. (2009). Subsistence and lifeway of coastal Brazilian moundbuilders. In A. Capparelli, A. Chevalier & R. Piqué (Coords.), La alimentación en la América precolombina y colonial: una aproximación interdisciplinaria (Vol. 7, pp. 37-53). Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Cientificas.; Villagran et al., 2009Villagran, X. S., Deblasis, P., & Giannini, P. C. F. (2009). Primeros estudios micromorfológicos em sambaquís brasileños (sitio Jabuticabeira II, Estado de Santa Catarina). Intersecciones en Antropología, 10(2), 359-364.; Souza et al., 2010Souza, R. C. C. L., Trindade, D. C., Decco, J., Lima, T. A., & Silva, E. (2010). Archaeozoology of marine mollusks from Sambaqui da Tarioba, Rio das Ostras, Rio de Janeiro, Brasil. Zoologia, 27(3), 363-371. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1984-46702010000300007
https://doi.org/10.1590/S1984-4670201000...
; Macario et al., 2014Macario, K. C. D., Souza, R. C. C. L., Trindade, D. C., Decco, J., Lima, T. A., Aguilera, O. A., . . . Silva, E. P. (2014). Chronological model of a Brazilian Holocene shellmound (Sambaqui da Tarioba, Rio de Janeiro, Brazil). Radiocarbon, 56(2), 489-499. doi: https://doi.org/10.2458/56.16954
https://doi.org/10.2458/56.16954...
; Villagran & Giannini, 2014Villagran, X. S., & Giannini, P. C. F. (2014). Shell mounds as environmental proxies on the southern coast of Brazil. The Holocene, 24(8), 1009-1016. doi: https://doi.org/10.1177/0959683614534743
https://doi.org/10.1177/0959683614534743...
; Beauclair et al., 2016Beauclair, M., Duarte, M. R., & Silva, E. P. (2016). Sambaquis (shell mounds) and mollusk diversity in the past history of Araruama Lagoon, Rio de Janeiro, Brazil. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 11(1), 47-59.; Coe et al., 2017Coe, H. H. G., Souza, R. C. C. L., Duarte, M. R., Ricardo, S. D. F., Machado, D. O. B. F., Macario, K. C. D., & Silva, E. P. (2017). Characterisation of phytoliths from the stratigraphic layers of the Sambaqui da Tarioba (Rio das Ostras, RJ, Brazil). Flora, 236/237, 1–8. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.flora.2017.09.007
https://doi.org/10.1016/j.flora.2017.09....
; Lopes et al., 2018Lopes, P. R. C., Gaspar, M., & Gomes, D. M. C. (2018). O Sambaqui Porto da Mina e a cerâmica utilizada como material construtivo: um estudo de caso. Revista de Arqueologia, 31(1), 52-72. doi: https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521
https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521...
).

Uma das relações mais tradicionais tem sido a abordagem interdisciplinar da arqueologia com as ciências biológicas (Grana, 2018Grana, L. (2018). La arqueología desde el microscopio: aportes interdisciplinarios de las diatomeas a las problemáticas arqueológicas. Revista del Museo de Antropología, 11(1), 35-48. doi: https://doi.org/10.31048/1852.4826.v11.n1.16902
https://doi.org/10.31048/1852.4826.v11.n...
). Entre as múltiplas afinidades dessas ciências, um dos campos mais desenvolvidos é o da arqueobotânica, cujos estudos estão concentrados nos vestígios de plantas, sejam eles madeiras, frutos, sementes, folhas, fibras, pólen, esporos, fitólitos ou algas (Figueiral & Willcox, 1999Figueiral, I., & Willcox, G. (1999). Archaeobotany: collecting and analytical techniques for sub-fossils. In T. P. Jones & N. P. Rowe (Eds.), Fossil plants and spores: modern techniques (pp. 290-294.). London: The Geological Society.; Celant et al., 2015Celant, A., Magri, D., & Stasolla, F. R. (2015). Collection of plant remains from archaeological contexts. In C. T. Y. Edward, C. Stasolla, M. J. Sumner & B. Q. Huang (Eds.), Plant Microtechniques and protocols (pp. 469-485). New York: Springer.). Embora as diatomáceas sejam amplamente utilizadas em estudos de paleoecologia (e.g. Battarbee, 1986Battarbee, R. W. (1986). Diatom analysis. In B. E. Berglund (Ed.), Handbook of Holocene palaeoecology and palaeohydrology (pp. 527-570). Chichester: John Wiley & Sons.; Vanlandigham, 2006Vanlandingham, S. L. (2006). Diatom evidence for autochthonous artifact deposition in the Valsequillo region, Puebla, Mexico during the Sangamonian (sensulato = 80,000 to ca. 220,000 yr BP) and Illinoian (220,000 to 430,000yr BP). Journal of Paleolimnology, 36, 101-116. doi: https://doi.org/10.1007/s10933-006-0008-4
https://doi.org/10.1007/s10933-006-0008-...
; Villagran et al., 2009Villagran, X. S., Deblasis, P., & Giannini, P. C. F. (2009). Primeros estudios micromorfológicos em sambaquís brasileños (sitio Jabuticabeira II, Estado de Santa Catarina). Intersecciones en Antropología, 10(2), 359-364.), pouco se sabe sobre a presença de microalgas em sambaquis.

As diatomáceas possuem parede celular composta de sílica polimerizada (SiO2nH2O) e apresentam alta resistência física e química, resistindo inclusive a ambientes sedimentares (Battarbee, 1986Battarbee, R. W. (1986). Diatom analysis. In B. E. Berglund (Ed.), Handbook of Holocene palaeoecology and palaeohydrology (pp. 527-570). Chichester: John Wiley & Sons.; Julius & Theriot, 2010Julius, M., & Theriot, E. (2010). The diatoms: a primer. In J. P. Smol & E. F. Stoermer (Eds.), The diatom: applications for the environmental and earth sciences (pp. 23-54). Cambridge: Cambridge University Press.), sendo excelentes indicadoras para estudos arqueológicos e paleoambientais.

Ecologicamente bem-sucedidas, as diatomáceas ocorrem em uma ampla gama de habitats e são importantes nos ciclos biogeoquímicos da atmosfera (Falkowski et al., 2000Falkowski, P., Scholes, R. J., Boyle, E., Canadell, J., Canfield, D., Elser, J., . . . Gruber, N. (2000). The global carbon cycle: a test of our knowledge of earth as a system. Science, 290(5490), 291-296.; Yool & Tyrell, 2003Yool, A., & Tyrrell, T. (2003). Role of diatoms in regulating the ocean’s silicon cycle. Global Biogeochemical Cycles, 7(4), 14-21. doi: https://doi.org/10.1029/2002GB002018
https://doi.org/10.1029/2002GB002018...
; Kociolek & Williams, 2015Kociolek, J. P., & Williams, D. M. (2015). How to define a diatom genus? Notes on the creation and recognition of taxa, and a call for revisionary studies of diatoms. Acta Botanica Croatica, 74(2), 195-210.). Além disso, essas microalgas, por sua ocorrência, capacidade de colonização e tolerâncias ambientais específicas, respondem rapidamente às mudanças ambientais, atuando, por isso, como eficazes indicadores biológicos em estudos de reconstrução e interpretação arqueológica (Round et al., 1990Round, F. E., Crawford, R. M., & Mann, D. G. (1990). The diatoms: biology and morphology of the genera. Cambridge: Cambridge University Press.; Lobo et al., 2002Lobo, E. A., Callegaro, V. L. M., & Bender, E. P. (2002). Utilização de algas diatomáceas epilíticas como indicadores da qualidade da água em rios e arroios da região hidrográfica do Guaíba, RS, Brasil. Santa Cruz do Sul: EDUNISC.; Grana et al., 2014Grana, L., Cohen, M. L., & Maidana, N. (2014). Methodological proposal to identify irrigation canals using diatom analyisis as a biomarker: Peñas Coloradas (Antofagasta de la Sierra, Southern Argentine Puna). In D. Kligmann & M. Morales (Eds.), Physical, Chemical and Biological Markers in Argentine Archaeology: Theory, Methods and Applications (pp. 73-86) (BAR International Series, 2678). Oxford: Archaeo Press.).

Recentemente, Grana (2018)Grana, L. (2018). La arqueología desde el microscopio: aportes interdisciplinarios de las diatomeas a las problemáticas arqueológicas. Revista del Museo de Antropología, 11(1), 35-48. doi: https://doi.org/10.31048/1852.4826.v11.n1.16902
https://doi.org/10.31048/1852.4826.v11.n...
avaliou os trabalhos que aplicaram a análise de diatomáceas em estudos arqueológicos, sintetizando as potencialidades e limitações dessas microalgas silicosas nas diferentes escalas temporais e espaciais. O levantamento realizado por essa autora representa um marco conceitual na relação das diatomáceas com a arqueologia, além de apontar medidas para garantir a qualidade das informações obtidas através dessas algas. A abordagem das diatomáceas nos contextos arqueológicos permite enriquecer os resultados, uma vez que, a partir dessas microalgas, é possível inferir as condições ambientais existentes na área de estudo (Battarbee, 1986Battarbee, R. W. (1986). Diatom analysis. In B. E. Berglund (Ed.), Handbook of Holocene palaeoecology and palaeohydrology (pp. 527-570). Chichester: John Wiley & Sons.; Round et al., 1990Round, F. E., Crawford, R. M., & Mann, D. G. (1990). The diatoms: biology and morphology of the genera. Cambridge: Cambridge University Press.; Julius & Theriot, 2010Julius, M., & Theriot, E. (2010). The diatoms: a primer. In J. P. Smol & E. F. Stoermer (Eds.), The diatom: applications for the environmental and earth sciences (pp. 23-54). Cambridge: Cambridge University Press.).

No Brasil, estudos utilizando as diatomáceas como indicadoras de mudanças paleoambientais podem ser encontrados tanto na região costeira (Medeanic et al., 2001Medeanic, S., Dillenburg, S., & Toldo, E. J. (2001). Registros palinológicos da transgressão marinha pós-glacial em sedimentos da Laguna dos Patos. In 8º Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário (Imbé), Recife.; Nascimento et al., 2003Nascimento, L. R., Sifeddine, A., Albuquerque, A. L. S., Torgan, L. C., & Gomes, D. F. (2003). Estudo da evolução paleohidrológica do Lago Caçó (MA-Brasil) nos últimos 20.000 anos inferido através das diatomáceas. In II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa, IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas, EDUNISC, Santa Cruz do Sul.; Saupe & Mosimann, 2003Saupe, A. C., & Mosimann, R. M. S. (2003). Diatomáceas (Bacillariophyta) preservadas nos sedimentos holocênicos da lagoa do Peri, Florianópolis, SC, Brasil. Ínsula, 32, 33-61.; Senna et al., 2005Senna, C. S. F., Ribeiro, F. C. P., & Paiva, R. S. (2005). Análise da riqueza, diversidade e equabilidade da diatomoflórula em sedimentos holocênicos da baía de Marapanim-Pa. In 56º Congresso Nacional de Botânica, Curitiba.; Medeanic & Torgan, 2006Medeanic, S., & Torgan, L. C. (2006). Silicoflagellate records in Holocene lagoon sediments in the south Brazil. In European Paleobotany-Palynology Conference, Prague.; Ribeiro et al., 2010Ribeiro, F. C. P., Senna, C. S. F. S., & Torgan, L. C. (2010). The use of diatoms for palaeohydrological and paleoenvironmental reconstructions of Itupanema Beach, Pará State, Amazon region, during the last millennium. Revista Brasileira de Paleontologia, 13(1), 21-32. doi: https://doi.org/10.4072/rbp.2010.1.03
https://doi.org/10.4072/rbp.2010.1.03...
; Santos-Fischer et al., 2016Santos-Fischer, C. B., Corrêa, I. C. S., Weschenfelder, J., Torgan, L. C., & Stone, J. R. (2016). Paleoenvironmental insights into the Quaternary evolution of the southern Brazilian coast based on fossil and modern diatom assemblages. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, 446, 108-124. doi: https://doi.org/10.1016/j.palaeo.2016.01.018
https://doi.org/10.1016/j.palaeo.2016.01...
) quanto em ambientes de água doce (Costa-Boddeker et al., 2012Costa-Boddeker, S., Bennion, H., Jesus, T. A., Albuquerque, A. L. S., Figueira, R. C. L., & Bicudo, D. C. (2012). Paleolimnologically inferred eutrophication of a shallow tropical urban reservoir, southeast Brazil. Journal of Paleolimnology, 48(4), 751-766.; Almeida & Bicudo, 2014Almeida, P. D., & Bicudo, D. C. (2014). Diatomáceas planctônicas e de sedimento superficial em represas de abastecimento da região metropolitana de São Paulo, SP, sudeste do Brasil. Hoehnea, 41(2), 187-207. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S2236-89062014000200004
https://doi.org/10.1590/S2236-8906201400...
; Ruwer et al., 2018Ruwer, D. T., Bernardes, M. C., & Rodrigues, L. (2018). Diatom responses to environmental changes in the Upper Paraná River floodplain (Brazil) during the last ~ 1000 years. Journal of Paleolimnology, 60(4), 543-551. doi: https://doi.org/10.1007/s10933-018-0039-7
https://doi.org/10.1007/s10933-018-0039-...
). No contexto das pesquisas arqueológicas, estudos envolvendo as diatomáceas como proxy são escassos (Bissa et al., 2000Bissa, W. M., Ybert, J.-P., Catharino, E. L. M., & Kutner, M. (2000). Evolução Paleoambiental na Planície Costeira do Baixo Ribeira durante a ocupação Sambaquiera. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, (10), 89-102.; Boyadjian et al., 2007Boyadjian, C. H. C., Eggers, S., & Reinhard, K. (2007). Dental wash: a problematic method for extracting microfossils from teeth. Journal of Archaeological Science, 34(10), 1622-1628. doi: https://doi.org/10.1016/j.jas.2006.12.012
https://doi.org/10.1016/j.jas.2006.12.01...
, 2016Boyadjian, C. H. C., Eggers, S., Reinhard, K. J., & Scheel-Ybert, R. (2016). Dieta no sambaqui Jabuticabeira-II (SC): consumo de plantas revelado por microvestígios provenientes de cálculo dentário. Cadernos do LEPAARQ, 13(25), 131-161.; Villagran et al., 2009Villagran, X. S., Deblasis, P., & Giannini, P. C. F. (2009). Primeros estudios micromorfológicos em sambaquís brasileños (sitio Jabuticabeira II, Estado de Santa Catarina). Intersecciones en Antropología, 10(2), 359-364.; Amaral et al., 2012Amaral, P. G. C., Gianinni, P. C. F., Sylvestre, F., & Pessenda, L. C. R. (2012). Paleoenvironmental reconstruction of a Late Quaternary lagoon system in southern Brazil (Jaguaruna region, Santa Catarina state) based on multi-proxy analysis. Journal of Quaternary Science, 27(2), 181-191. doi: https://doi.org/10.1002/jqs.1531
https://doi.org/10.1002/jqs.1531...
; Villagran & Giannini, 2014Villagran, X. S., & Giannini, P. C. F. (2014). Shell mounds as environmental proxies on the southern coast of Brazil. The Holocene, 24(8), 1009-1016. doi: https://doi.org/10.1177/0959683614534743
https://doi.org/10.1177/0959683614534743...
). No que tange o registro de diatomáceas em sítios arqueológicos no litoral do estado do Pará, essas informações são inexistentes.

Dessa forma, este artigo objetiva conhecer a biodiversidade das diatomáceas encontradas no Sambaqui Porto da Mina e utilizar os dados de autoecologia1 1 A autoecologia (Schröter, 1896) estuda as inter-relações de uma única espécie com seu meio, avaliando os diferentes fatores ecológicos que envolvem estas interações. para inferir as alterações ambientais ocorridas durante seu processo de construção e ocupação. Em um contexto maior, visa também auxiliar na compreensão da evolução paleoambiental ocorrida nos últimos 5.000 anos AP na costa norte amazônica.

MATERIAL E MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO

O município de Quatipuru está localizado no nordeste paraense (00º 53’ 49” S-47º 00’ 19” W) (Figura 1), possui relevo do tipo tabuleiros aplainados, com terraços e várzeas de maré, sedimentos argilo-orgânicos, com ocorrência dos solos hidromórficos argiloso e humoso (Souza-Filho & El-Robrini, 1996Souza-Filho, P. W. M., & El-Robrini, M. (1996). Morfologia, processos de sedimentação e litofácies dos ambientes morfosedimentares da Planície Costeira Bragantina - Nordeste do Pará (Brasil). Geonomos, 4(2), 1-16. doi: https://doi.org/10.18285/geonomos.v4i2.197
https://doi.org/10.18285/geonomos.v4i2.1...
; Souza-Filho et al., 2009Souza-Filho, P. W. M., Lessa, G., Cohen, M. C. L., Costa, F. R., & Lara, R. (2009). The subsiding macrotidal barrier estuarine system of the eastern Amazon coast, northern Brazil. In S. Dillenburg & P. Hesp (Eds.), Geology and geomorphology of Holocene coastal barriers of Brazil (pp. 347-375). New York: Springer-Verlag.). Os ecossistemas encontrados nessa área são variados, formados por uma extensa rede hidrográfica, com presença de manguezais, campos salinos, restinga, praias, várzea de maré e terra firme, sendo escolhida para a construção dos sambaquis (Senna et al., 2011Senna, C. S. F., Oliveira, D. S., & Absy, M. L. (2011). Composição, abundância e diversidade de tipos polínicos em paleoambientes holocênicos do estuário do rio Marapanim, estado do Pará. In A. C. Mendes, M. T. Prost & E. Castro (Eds.), Ecossistemas amazônicos: dinâmicas, impactos e valorização dos recursos naturais (pp. 79-97). Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi.; Lopes et al., 2018Lopes, P. R. C., Gaspar, M., & Gomes, D. M. C. (2018). O Sambaqui Porto da Mina e a cerâmica utilizada como material construtivo: um estudo de caso. Revista de Arqueologia, 31(1), 52-72. doi: https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521
https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521...
).

Figura 1
Localização do sítio arqueológico Sambaqui Porto da Mina, município de Quatipuru, região nordeste do Pará.

Entre os sambaquis localizados na região, encontra-se o Sambaqui Porto da Mina (PA: SA-5), originalmente recuperado por M. Simões (1981)Simões, M. F. (1981). Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Salgado (Pará). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Nova Série Antropologia, (78), 1-32. em um levantamento realizado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) para sítios da região do Salgado.

O Sambaqui Porto da Mina reflete o modelo de povoamento do litoral paraense, caracterizado por diferentes migrações oriundas do Noroeste e Norte da América do Sul (M. Simões, 1981Simões, M. F. (1981). Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Salgado (Pará). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Nova Série Antropologia, (78), 1-32.), sendo um dos representantes da Tradição da Fase Mina estabelecidas para a Amazônia oriental (Lopes et al., 2018Lopes, P. R. C., Gaspar, M., & Gomes, D. M. C. (2018). O Sambaqui Porto da Mina e a cerâmica utilizada como material construtivo: um estudo de caso. Revista de Arqueologia, 31(1), 52-72. doi: https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521
https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521...
).

A estratigrafia proposta para o sítio sugere quatro camadas de ocupação, cujas datações mais recentes (Lopes, 2016Lopes, P. R. C. (2016). Caracterização do modo de vida dos sambaquieiros que ocuparam o litoral paraense: Quatipuru, Pará, Brasil (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.) demonstram uma sequência cronológica para a ocupação do sítio da base para o topo, sendo que, na camada I, a datação é de 5.280 ± 30 anos AP; na camada II, de 5.200 ± 30 anos AP; na camada III, de 5.070 ± 30 anos AP; e, na camada IV, de 130.9 ± 03 pMC (Porcentagem de Carbono Moderno).

É importante frisar que, atualmente, o Sambaqui Porto da Mina se encontra afastado do litoral com a distância de 7 km em relação à sede municipal de Quatipuru, com acesso pela rodovia PA-446. O sítio localiza-se perto do igarapé Furo da Mina (M. Simões, 1970Simões, M. F. (1970). Relatório de pesquisa arqueológica na Região do Salgado (Projeto Salvamento). Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi., 1981Simões, M. F. (1981). Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Salgado (Pará). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Nova Série Antropologia, (78), 1-32.; Lopes, 2016Lopes, P. R. C. (2016). Caracterização do modo de vida dos sambaquieiros que ocuparam o litoral paraense: Quatipuru, Pará, Brasil (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.) e situa-se sobre substrato areno-argiloso, possuindo bordas recortadas, características de um sítio do tipo sambaqui.

RETIFICAÇÃO DE PERFIL ESTRATIGRÁFICO E MATERIALIDADES

As intervenções no Sambaqui Porto da Mina seguiram retificação em perfil estratigráfico com as seguintes dimensões de 200 cm x 400 cm x 280 cm (Figura 2), conforme descrito no trabalho de Lopes et al. (2018)Lopes, P. R. C., Gaspar, M., & Gomes, D. M. C. (2018). O Sambaqui Porto da Mina e a cerâmica utilizada como material construtivo: um estudo de caso. Revista de Arqueologia, 31(1), 52-72. doi: https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521
https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521...
. A coluna sedimentar foi seccionada a cada 10 cm para identificação das camadas e lentes estratigráficas. Com base na coloração observada no topo do sambaqui (0-10 cm), duas amostras foram selecionadas, de forma a abranger qualquer variação existente no perfil (Figura 3). Na coluna sedimentar, foram coletadas 28 amostras para análise de diatomáceas, sendo duas referentes à primeira camada, de 0-10 cm. O material coletado foi separado em malha de 2 mm na triagem individual das amostras. Com base na composição da coluna estratigráfica e na datação por 14C, foram identificadas quatro camadas de deposição, com as datações e os intervalos listados na Tabela 1.

Figura 2
Sambaqui Porto da Mina: vista geral das camadas estratigráficas na coluna bioarqueológica.
Figura 3
Camadas estratigráficas do Sambaqui Porto da Mina com identificação das quatro fácies encontradas durante o estudo.
Tabela 1
Caracterização das camadas estratigráficas identificadas no Sambaqui Porto da Mina, Quatipuru, Pará.

Neste artigo, denominamos a coluna sedimentar com o termo coluna bioantracológica, dada a presença de vestígios zoológicos (moluscos, artrópodes, peixes, mamíferos), botânicos (raízes, pólen, madeira), fúngicos, microbiológicos, de ossos humanos, manchas de carvão e, a partir das análises realizadas neste trabalho, também se verificou o registro de microalgas (diatomáceas). Assim, o termo bioantracológico abrange os componentes encontrados ao longo da construção do sambaqui.

PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS E PREPARAÇÃO DAS LÂMINAS

No total, foram selecionadas 28 amostras referentes a cada 10 cm do perfil, que foram preparadas seguindo o protocolo padrão para recuperação de diatomáceas de amostras de sedimento (Battarbee, 1984Battarbee, R. W. (1984). Diatom analysis. In S. A. Norton (Ed.), Proceedings of a Workshop in Palaeolimnological Studies of the History and Effects of Acidic Precipitation (p. 275). Rockland, Maine.). Para isso, pesou-se 0,5 g de material seco e, para a oxidação de matéria orgânica, foi utilizado H2O2 (37%); após o fim da reação, foi adicionado 1 ml de HCl (37%), para eliminar os carbonatos (European Committee for Standardization, 2003European Committee for Standardization. (ECS). (2003). Water quality: guidance standard for the routine sampling and pretreatment of benthic diatoms from rivers. Belgium. Recuperado de http://www.safrass.com/partners_area/BSI%20Benthic%20diatoms.pdf
http://www.safrass.com/partners_area/BSI...
). Em centrífuga, as amostras oxidadas foram tratadas com água deionizada a 1.200 RPM, por três minutos, até que a solução atingisse pH neutro.

As lâminas permanentes foram montadas utilizando-se 2 ml do material oxidado e o meio de inclusão utilizado foi o Naphrax (IR = 1,73). As imagens foram obtidas em aumento de 1.000×, por meio do microscópio binocular AxioImager A1, com sistema de captura de imagem. As imagens adquiridas foram padronizadas e as pranchas foram confeccionadas no programa CorelDraw X8®.

TAXONOMIA E ECOLOGIA DAS DIATOMÁCEAS

Para a identificação das espécies encontradas, foram obtidas medidas de comprimento, largura e densidade de estrias em 10 µm. A literatura utilizada para a identificação são referências para a América do Sul (Metzeltin & Lange-Bertalot, 1998Metzeltin, D., & Lange-Bertalot, H. (1998). Tropical diatoms of South America I, about 700 predominantly rarely known or new taxa representative of the neotropical flora. Iconographia Diatomologica, 5, 1-695., 2007Metzeltin, D., & Lange-Bertalot, H. (2007). Tropical diatoms of South America II, special remarks on biogeographic disjunction. Iconographia Diatomologica, 18, 1-876.; Metzeltin al., 2005Metzeltin, D., Lange-Bertalot, H., & García-Rodríguez, F. (2005). Diatoms of Uruguay compared with other taxa from South America and elsewhere. Iconographia Diatomologica, 15, 1-736.), a fim de evitar a adaptação taxonômica forçada (Tyler, 1996Tyler, P. A. (1996). Endemism in freshwater algae. Hydrobiologia, 336, 127-135. doi: https://doi.org/10.1007/BF00010826
https://doi.org/10.1007/BF00010826...
). Para espécies indefinidas ou não reportadas nesses trabalhos, foram consultadas as publicações de Krammer e Lange-Bertalot (1986Krammer, K., & Lange-Bertalot, H. (1986). Bacillariophyceae 1. Teil: Naviculaceae. In H. Ettl, J. Gerloff, H. Heynig & D. Mollenhauer (Eds.), Subwasserflora von Mitteleuropa 2/1 (pp. 1-876). Berlin: Gustav Fischer., 1988Krammer, K., & Lange-Bertalot, H. (1988). Epithemiaceae, Surirellaceae. In H. Ettl, J. Gerloff, H. Heynig & D. Mollenhauer (Eds.), Subwasserflora von Mitteleuropa 2/2 (pp. 1-612). Berlin: Gustav Fischer., 1991)Krammer, K., & Lange-Bertalot, H. (1991). Centrales, fragilariaceae, eunotiaceae. In H. Ettl, J. Gerloff, H. Heynig & D. Mollenhauer (Eds.), Subwasserflora von Mitteleuropa 2/3 (pp. 1-600). Stuttgart: Gustav Fischer.. As informações ecológicas foram obtidas através da revisão da literatura (Lowe, 1974Lowe, R. L. (1974). Environmental requirements and pollution tolerance of freshwater diatoms. Cincinnati, Ohio: Environmental Protection Agency.; Denys, 1991Denys, L. (1991). A check-list of the diatoms in the Holocene deposits of the Western Belgian coastal plain with a survey of their apparent ecological requirements: I. Introduction, ecological code and complete list (No. 246). Belgium. Recuperado de https://core.ac.uk/download/pdf/35118087.pdf
https://core.ac.uk/download/pdf/35118087...
; Van Dam et al., 1994Van Dam, H., Mertens, A., & Skindelam, J. (1994). A coded checklist and ecological indicator values of freshwaters diatoms from Netherlands. Netherland Journal of Aquatic Ecology, 28(1), 117-133. doi: https://doi.org/10.1007/BF02334251
https://doi.org/10.1007/BF02334251...
; Lobo et al., 1995Lobo, E. A., Katoh, K., & Aruga, Y. (1995). Response of epilithic diatom assemblages to water pollution in rivers in the Tokyo metropolitan area, Japan. Freshwater Biology, 34(1), 191-204. doi: https://doi.org/10.1111/j.1365-2427.1995.tb00435.x
https://doi.org/10.1111/j.1365-2427.1995...
, 1996Lobo, E. A., Callegaro, V. L. M., Schuler, S., Oliveira, M. A., Salomoni, S. E., & Asai, K. (1996). Pollution tolerant diatoms from rivers in the Jacuí Basin, Rio Grande do Sul, Brazil. Iheringia. Série Botânica, 47(1), 45-72.; Moro & Furstenberger, 1997Moro, R. S., & Furstenberger, C. (1997). Catálogo dos principais parâmetros ecológicos de diatomáceas não-marinhas. Ponta Grossa: Editora UEPG.).

O sistema de classificação adotado foi o de Medlin e Kaczmarska (2004)Medlin, L. K., & Kaczmarska, I. (2004). Evolution of the diatoms: V. Morphological and cytological support for the major clades and a taxonomic revision. Phycologia, 43(3), 245-270. doi: https://doi.org/10.2216/i0031-8884-43-3-245.1
https://doi.org/10.2216/i0031-8884-43-3-...
e Round et al. (1990)Round, F. E., Crawford, R. M., & Mann, D. G. (1990). The diatoms: biology and morphology of the genera. Cambridge: Cambridge University Press.. A riqueza (S) foi calculada considerando-se o número de espécies encontradas em cada nível estratigráfico. A frequência relativa de ocorrência foi calculada segundo Fonseca (2006)Fonseca, B. M. (2006). Diversidade fitoplanctônica como discriminador ambiental em dois reservatórios rasos com diferentes estados tróficos no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP (Tese de doutorado). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil., ou seja, refere-se ao número de amostras de dada espécie em relação ao número de níveis estratigráficos analisados. As categorias estabelecidas foram: rara = < 10%, comum = 10-50% e constante = > 50%.

Para avaliar a diversidade de espécies entre as quatro camadas da coluna bioantracológica, uma análise de componentes principais (PCA) foi performada, considerando-se a frequência de ocorrência dos táxons e as datações para cada camada. Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o pacote estatístico PAST 3.22 (Hammer et al., 2001Hammer, Ø., Harper, D. A. T., & Ryan, P. D. (2001). Past: paleontological statistics software package for education and data analysis. Palaeontologia Electronica, 4(1), 1-9.).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

ASSEMBLEIA DE DIATOMÁCEAS

A assembleia de diatomáceas encontradas no Sambaqui Porto da Mina esteve representada por 44 táxons, distribuídos em 32 gêneros. Na Tabela 2, estão listadas as características morfométricas, ecológicas, frequência de ocorrência e distribuição das espécies na coluna bioantracológica. A maioria das espécies foi categorizada como rara (66%), seguida das espécies comuns (30%); as enquadradas como constantes foram apenas Aulacoseira granulata (Ehrenberg) Simonsen e Pinnularia divergens var. mesoleptiformis Krammer e Metzeltin. Estas espécies foram encontradas em quase todos os níveis amostrados.

Aulacoseira granulata possui distribuição cosmopolita, hábito planctônico e ecologia relacionada a ambientes de água doce, com baixa condutividade, águas em regime de mistura e com condições de alto fluxo (Bicudo et al., 2016Bicudo, D. C., Tremarim, P. I., Almeida, P. D., Zorzal-Almeida, S., Wengrat, S., Faustino, S. B., . . . Morales, E. A. (2016). Ecology and distribution of Aulacoseira species (Bacillariophyta) from tropical reservoirs in Brazil. Diatom Research, 31(3), 199-215. doi: https://doi.org/10.1080/0269249X.2016.1227376
https://doi.org/10.1080/0269249X.2016.12...
). A espécie P. divergens var. mesoleptiformis está relacionada a ambientes com baixa condutividade, pH levemente ácido e ricos em matéria orgânica.

Tabela 2
Distribuição das diatomáceas encontradas nas camadas estratigráficas do Sambaqui Porto da Mina, Quatipuru, Pará. Legendas: C = comprimento; CA = canais alares; L = largura; E = densidade de estrias em 10 µm; D = diâmetro; A = altura.

A assembleia de diatomáceas encontradas no Sambaqui Porto da Mina esteve representada por espécies com valvas bem preservadas e por muitos fragmentos. Essa composição pode ser decorrente do processo de formação e manutenção do sítio arqueológico, onde as atividades de sepultamento, descarte de material e compactação das camadas promovem a ruptura das células. Na Figura 4, estão registrados os indivíduos inteiros encontrados ao longo da coluna. É possível observar que as espécies ocorrem em formas e tamanhos variados.

Figura 4
Diatomáceas encontradas no Sambaqui Porto da Mina: A) Coscinodiscopsis joneasiana; B) Aulacoseira granulata; C) A. herzogii; D) Discostella stelligera; E) Urosolenia delicatissima; F) Fragilaria spectra; G) Rimoneis sp.; H) Fragilariforma stevensonii; I) Actinella gessneri; J) A. pararobusta; K) Eunotia asterionelloides; L) E. sudetica; M) E. tenella; N) E. vanheurckii; O) Navicula neomundana; P) N. herbstiae; Q) Sellaphora renata; R) Stauroneis demerarae; S) Luticola hustedtii; T) Nupela metzeltinii; U) N. tenuistriata; V) Dimeregramma sp.; X) Surirella linearis var. elliptica. Escala: 10 µm.

O ótimo estado de preservação das valvas sem indícios de degradação química reflete a qualidade das diatomáceas como bioindicadoras, indicando também o bom estado de conservação do sítio arqueológico. As espécies encontradas permitem inferir que o ambiente está submetido a poucas interferências, dada a fragilidade das estruturas (Battarbee, 1986Battarbee, R. W. (1986). Diatom analysis. In B. E. Berglund (Ed.), Handbook of Holocene palaeoecology and palaeohydrology (pp. 527-570). Chichester: John Wiley & Sons.; Julius & Theriot, 2010Julius, M., & Theriot, E. (2010). The diatoms: a primer. In J. P. Smol & E. F. Stoermer (Eds.), The diatom: applications for the environmental and earth sciences (pp. 23-54). Cambridge: Cambridge University Press.).

A presença de indivíduos com diferentes tamanhos (5-120 µm) reflete a importância da análise do material não peneirado para inferir a biodiversidade das diatomáceas na coluna. Em estudo com sambaquis, Villagran et al. (2009)Villagran, X. S., Deblasis, P., & Giannini, P. C. F. (2009). Primeros estudios micromorfológicos em sambaquís brasileños (sitio Jabuticabeira II, Estado de Santa Catarina). Intersecciones en Antropología, 10(2), 359-364. relacionaram a presença de diatomáceas com a fração grossa do material mineral (100-200 µm). Entretanto, nossos resultados indicam que o peneiramento e/ou fracionamento do material arqueológico subestimam a real diversidade das diatomáceas. É importante considerar que as espécies apresentam variação de tamanho decorrente do seu ciclo de vida (Round et al., 1990Round, F. E., Crawford, R. M., & Mann, D. G. (1990). The diatoms: biology and morphology of the genera. Cambridge: Cambridge University Press.). A importância de analisar o material não peneirado também pode ser mensurada dada a diversidade de organismos encontrados como espículas de esponja, bactérias e fungos filamentosos e que normalmente não são observados.

Os maiores valores de densidade de diatomácea foram encontrados no intervalo 50-60 cm (camada IV) e a maior riqueza foi registrada no nível estratigráfico 100-110 cm (camada III) (Figura 5). A baixa densidade encontrada pode estar relacionada à quantidade de material utilizado (0,5 g) para a preparação das lâminas permanentes. Dessa forma, em estudos arqueológicos, sugerimos que seja selecionada uma quantidade maior de material.

Figura 5
Riqueza e densidade de valvas de diatomáceas encontradas no Sambaqui Porto da Mina, Quatipuru, Pará.

Os dados ecológicos das diatomáceas permitem inferir que o Sambaqui Porto da Mina recebia influência de água doce, salobra e marinha, sendo caracterizado como estuarino. Nos estuários amazônicos, a sazonalidade, a distribuição anual das chuvas, a evapotranspiração e o regime das marés contribuem decisivamente para a variação do teor de sais das águas estuarinas, ocasionando diferenças entre o período chuvoso e a estiagem (Berrêdo et al., 2008Berrêdo, J. F., Costa, M. L., Vilhena, M. P. S. P., & Santos, J. T. (2008). Mineralogia e geoquímica de sedimentos de manguezais da costa amazônica: o exemplo do estuário do rio Marapanim (Pará). Revista Brasileira Geociências, 38(1), 24-25.). A dinâmica fitoplanctônica é diretamente influenciada por essa variação na salinidade, sendo registradas diferenças na composição da comunidade em diferentes estuários da costa amazônica paraense (Paiva et al., 2006Paiva, R. S., Eskinazi-Leca, E., Passavante, J. Z. O., Silva-Cunha, M. G. G., & Melo, N. F. A. C. (2006). Considerações ecológicas sobre a fitoplâncton da Baía do Guajará e Foz do Rio Guamá (Pará, Brasil). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais, 1(2), 133-146.; Sousa et al., 2008Sousa, E. B., Costa, V. B., Pereira, L. C. C., & Costa, R. M. (2008). Microfitoplâncton de águas costeiras amazônicas: Ilha Canela (Bragança, PA, Brasil). Acta Botanica Brasilica, 22(3), 626-636. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062008000300004
https://doi.org/10.1590/S0102-3306200800...
, 2009Sousa, E. B., Costa, V. B., Pereira, L. C. C., & Costa, R. M. (2009). Variação temporal do fitoplâncton e dos parâmetros hidrológicos da zona de arrebentação da Ilha Canela (Bragança, PA, Brasil). Acta Botanica Brasilica, 23(4), 1084-1095. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062009000400018
https://doi.org/10.1590/S0102-3306200900...
; Matos et al., 2011Matos, J., Sodré, D., Costa, K., Pereira, L. C. C., & Costa, R. M. (2011). Spatial and temporal variation in the composition and biomass of phytoplankton in an Amazonian estuary [Special Issue]. Journal of Coastal Research, (64), 1525-1529.). As dinâmicas ambientais favorecem a alta diversidade desses ambientes.

INFERÊNCIAS PALEOECOLÓGICAS

A diversidade registrada na coluna bioantracológica do Sambaqui Porto da Mina pode ser explicada pelos eventos de alterações ambientais e/ou climáticas ocorridos durante o Quaternário. E são inferidas por meio de estudos sobre os processos sedimentares, como demonstrado através dos dados apresentados por Souza-Filho et al. (2009)Souza-Filho, P. W. M., Lessa, G., Cohen, M. C. L., Costa, F. R., & Lara, R. (2009). The subsiding macrotidal barrier estuarine system of the eastern Amazon coast, northern Brazil. In S. Dillenburg & P. Hesp (Eds.), Geology and geomorphology of Holocene coastal barriers of Brazil (pp. 347-375). New York: Springer-Verlag. para a região costeira do Pará.

Entre as variáveis que mais oscilaram durante as alterações climáticas, a temperatura possui suma importância para a manutenção do ambiente biótico (Drisdell et al., 2008Drisdell, W. S., Cappa, C. D., Smith, J. D., Saykally, R. J., & Cohen, R. C. (2008). Determination of the evaporation coefficient of D2O. Atmospheric Chemistry and Physics, 8(22), 6699-6706. doi: https://doi.org/10.5194/acp-8-6699-2008
https://doi.org/10.5194/acp-8-6699-2008...
). A elevação da concentração de oxigênio, observada durante o Holoceno, indica aumento da atividade fotossintética realizada pelos produtores primários, com destaque para a comunidade fitoplanctônica (Huber et al., 2011Huber, B., Macleod, K., Gröcke, D., & Kucera, M. (2011). Paleotemperature and paleosalinity inferences and chemostratigraphy across the Aptian/Albian boundary in the subtropical North Atlantic. Paleoceanography and Paleoclimatology, 26(4), 1-20. doi: https://doi.org/10.1029/2011PA002178
https://doi.org/10.1029/2011PA002178...
). Dessa maneira, existem, pelo menos, duas forçantes ambientais que agem ao longo do período de ocupação do sítio e, consequentemente, nas oscilações do nível do mar.

Em ambientes aquáticos costeiros, o aumento da produtividade primária está diretamente relacionado com a salinidade e, consequentemente, com o acréscimo dos consumidores secundários (Watson et al., 2009Watson, S.-A., Southgate, P. C., Tyler, P. A., & Peck, L. S. (2009). Early larval development of the Sydney Rock oyster Saccostrea glomerata under near-future predictions of CO2-driven ocean acidification. Journal of Shellfish Research, 28(3), 431-437. doi: http://dx.doi.org/10.2983/035.028.0302
https://doi.org/10.2983/035.028.0302...
), cujos vestígios são importantes elementos da composição e do conteúdo de sambaquis.

As diatomáceas com ecologia marcadamente marinha foram registradas a partir do nível estratigráfico 130-140 cm até o topo da coluna bioantracológica, influenciando diretamente a biodiversidade. A presença dessas espécies pode ser reflexo da transgressão máxima holocênica ocorrida em 5.100 AP para a região costeira do Pará.

Para esta região, diferentes momentos de oscilação entre regressão e transgressão do mar, principalmente nos últimos 2.000 anos AP, são registrados com maior tendência de progressão das áreas de mangue para o estuário, até provável restabelecimento destas áreas para o atual nível do mar (Cohen et al., 2005Cohen, M. C. L., Souza-Filho, P. W. M., Lara, R. J., Behling, H., & Angulo, R. J. (2005). A model of Holocene mangrove development and relative sea-level changes on the Bragança Peninsula (Northern Brazil). Wetlands Ecology and Management, 13(4), 433-443.; Souza-Filho et al., 2009Souza-Filho, P. W. M., Lessa, G., Cohen, M. C. L., Costa, F. R., & Lara, R. (2009). The subsiding macrotidal barrier estuarine system of the eastern Amazon coast, northern Brazil. In S. Dillenburg & P. Hesp (Eds.), Geology and geomorphology of Holocene coastal barriers of Brazil (pp. 347-375). New York: Springer-Verlag.). Tal afirmação é corroborada pelas amostras de diatomáceas recuperadas da coluna bioantracológica, indicando possíveis mudanças ambientais que produziram efeito na estrutura da comunidade biológica.

USO E OCUPAÇÃO DO LITORAL PARAENSE

Os grupos sambaquieiros se fixaram no território e estabeleceram relações socioculturais gradativamente construídas, superando as diversidades do ecossistema. Desta forma, a análise do território ocupado por estes grupos demonstra o potencial deles para a exploração dos ambientes que, como estratégia, realizavam construções em locais altos, como falésias, paleodunas e/ou ilhas-barreira (Lopes, 2016Lopes, P. R. C. (2016). Caracterização do modo de vida dos sambaquieiros que ocuparam o litoral paraense: Quatipuru, Pará, Brasil (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.).

Ainda que os grupos sambaquieiros não estejam mais presentes nos locais onde construíram os sambaquis, permanecem as suas evidências, por meio das formas do uso que faziam do território, com base nos testemunhos arqueológicos, na análise do macroambiente, além da cultura material.

Quanto ao processo construtivo e a formação do Sambaqui Porto da Mina, observou-se que os impactos acentuados pelas ações humanas e naturais dificultaram a sua interpretação, sendo imprescindível testar e adaptar a estratégia de pesquisa. Por exemplo, a vegetação predominante na área de estudo é o manguezal, porém há possibilidade de que, na época da construção dos sambaquis, esse ecossistema estivesse em processo de colonização e sucessão ecológica. Dessa forma, assume-se que o mar era uma das principais fontes de subsistência, além da floresta tropical, onde a coleta e a caça eram abundantes.

A pesquisa com grupos sambaquieiros definiu que os sambaquis eram frutos de trabalho social, implicando a existência de prováveis regras ou normas para as construções, onde cada sítio apresenta especificidades para a escolha do local de construção, dos materiais usados e do território a ser utilizado.

A cronologia para o início da ocupação dos grupos pescadores-coletores e das atividades de construções de alguns sambaquis espalhados pela Amazônia aponta para datações que correspondem a 5.570 ± 125 anos AP para o Sambaqui Uruá, a 5.280 ± 30 anos AP para o Porto da Mina e a 4.500 ± 90 anos AP para o Ponta de Pedras, todos localizados na costa norte paraense (M. Simões, 1981Simões, M. F. (1981). Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Salgado (Pará). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Nova Série Antropologia, (78), 1-32.; Roosevelt, 1995Roosevelt, A. C. (1995). Early pottery in the Amazon: twenty years of scholary obscurity. In W. K. Banrett & J. Hoopes (Eds.), The emergence of pattery: technology and innovation in ancient societies (pp. 115-131). Washington: Smithsonian Institution Press.; Lopes, 2016Lopes, P. R. C. (2016). Caracterização do modo de vida dos sambaquieiros que ocuparam o litoral paraense: Quatipuru, Pará, Brasil (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.); de 7.090 ± 80 anos AP para o Sambaqui Taperinha, construído no baixo Amazonas; e de 6.600 ± 1.400 anos AP para o Sambaqui Bacanga, estabelecido no litoral do Maranhão (Bandeira, 2008Bandeira, A. M. (2008). Ocupações humanas pré-históricas no litoral maranhense: um estudo arqueológico sobre o sambaqui do Bacanga na Ilha de São Luís – Maranhão (Dissertação de mestrado). Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.).

No que se refere a artefatos cerâmicos, o Sambaqui Porto da Mina está inserido na Tradição Mina (5.570 ± 125 anos AP), com ampla distribuição geográfica e temporal (M. Simões, 1981Simões, M. F. (1981). Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Salgado (Pará). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Nova Série Antropologia, (78), 1-32.; Meggers & Evans, 1961Meggers, B. J., & Evans, C. (1961). An experimental formulation of horizon styles in the tropical forest of South America. In S. Lothrop (Ed.), Essays in pre-columbian art and archaeology (pp. 372-388). Cambridge: Harvard University Press., 1985Meggers, B. J., & Evans, C. (1985). Um método cerâmico para o reconhecimento de comunidades pré-históricas. Instituto de Arqueologia Brasileira Boletim - Série Ensaios, 3, 8-30.). A presença da cerâmica Mina se sobressai nos sambaquis da região amazônica, sendo considerada um dos mais antigos registros dos grupos pescadores-coletores presentes na América (Lopes et al., 2018Lopes, P. R. C., Gaspar, M., & Gomes, D. M. C. (2018). O Sambaqui Porto da Mina e a cerâmica utilizada como material construtivo: um estudo de caso. Revista de Arqueologia, 31(1), 52-72. doi: https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521
https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521...
).

Este modelo estabelecido por M. Simões (1981)Simões, M. F. (1981). Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Salgado (Pará). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Nova Série Antropologia, (78), 1-32. constituiu as sequências cronológicas para o desenvolvimento cultural e temporal relacionado à ocupação humana pré-colombiana na Amazônia e, em especial, para a costa norte paraense. Com base na fabricação da cerâmica pelos grupos sambaquieiros, observa-se padrões semelhantes na região Nordeste do Brasil (M. Simões, 1981Simões, M. F. (1981). Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Salgado (Pará). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Nova Série Antropologia, (78), 1-32., 1973Simões, M. F. (1973). A pesquisa arqueológica na Amazônia Legal brasileira. Dédalo, 17/18, 11-23.), no litoral norte da Guiana (Meggers & Evans, 1960Meggers, B. J., & Evans, C. (1960). Archeological investigations in British Guiana. Washington: Bureau of American Ethnology.), no Equador, na Colômbia e na Venezuela, onde foram localizadas datações antigas para a América do Sul naquele momento (M. Simões, 1981Simões, M. F. (1981). Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Salgado (Pará). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Nova Série Antropologia, (78), 1-32.).

Ainda de acordo com M. Simões (1981)Simões, M. F. (1981). Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Salgado (Pará). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Nova Série Antropologia, (78), 1-32., as semelhanças nos padrões de assentamentos, de subsistência e da tipologia da cerâmica embasavam a proposição de uma só tradição, a Tradição Mina, caracterizada pela exploração dos recursos aquáticos para sua manutenção. Para o Sambaqui Porto da Mina, os padrões cerâmicos seriam cerâmica utilitária, com manufatura acordelada, antiplástico de conchas trituradas (M. Simões, 1981Simões, M. F. (1981). Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Salgado (Pará). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Nova Série Antropologia, (78), 1-32.; E. Oliveira & Silveira, 2016Oliveira, E. R., & Silveira, M. I. (2016). A cerâmica mina no estado do Pará: oleiras das águas salobras da Amazônia. In C. Barreto, H. P. Lima & C. J. Betancourt (Orgs.), Cerâmicas arqueológicas da Amazônia: rumo a uma nova síntese (pp. 125-146). Belém: IPHAN.; Lopes, 2016Lopes, P. R. C. (2016). Caracterização do modo de vida dos sambaquieiros que ocuparam o litoral paraense: Quatipuru, Pará, Brasil (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.) e, em menor proporção, areia, vasilhas pequenas, forma arredondada, base plana, borda direta, inclinada interna ou externamente ou, ainda, extrovertida; a decoração é o banho vermelho e inciso incipiente (Lopes, 2016Lopes, P. R. C. (2016). Caracterização do modo de vida dos sambaquieiros que ocuparam o litoral paraense: Quatipuru, Pará, Brasil (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.).

As pesquisas envolvendo a cerâmica manufaturada por grupos sambaquieiros contribuíram também para a interpretação a respeito do indicativo de sedentarismo e da continuidade da ocupação destes sítios, pois os avanços das pesquisas estabelecidas no Sul e Sudeste apontam para esse tipo de ocupação (Gaspar, 1998Gaspar, M. D. (1998). Considerations about the sambaquis of the brazilian coast. Antiquity, 72(227), 592-615., 1999Gaspar, M. D. (1999). Os ocupantes pré-históricos do litoral brasileiro. In M. C. Tenório (Org.), Pré-história da terra brasilis (pp. 159-169). Rio de Janeiro: UFRJ., 2000Gaspar, M. D. (2000). Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro (Coleção descobrindo o Brasil). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.; C. Simões, 2007Simões, C. B. (2007). O processo de formação dos sambaquis: uma leitura estratigráfica do Sítio Jaboticabeira II, SC (Dissertação de mestrado). Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.). Em contrapartida, para as análises dos sambaquis da Amazônia, persistia a classificação de sambaquis baseada em movimentações constantes (Hilbert, 1959Hilbert, P. P. (1959). Achados arqueológicos num sambaqui do baixo Amazonas (Publicação, No. 10). Belém: Instituto de Antropologia e Etnologia do Pará.; M. Simões, 1981Simões, M. F. (1981). Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Salgado (Pará). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Nova Série Antropologia, (78), 1-32.). E esse conceito modificou-se com as pesquisas no Sambaqui de Taperinha (Roosevelt, 1995Roosevelt, A. C. (1995). Early pottery in the Amazon: twenty years of scholary obscurity. In W. K. Banrett & J. Hoopes (Eds.), The emergence of pattery: technology and innovation in ancient societies (pp. 115-131). Washington: Smithsonian Institution Press., 1998Roosevelt, A. C. (1998). Arqueologia Amazônica. In M. C. Cunha (Org.), História dos índios no Brasil (pp. 53-86). São Paulo: Companhia das Letras. Recuperado de https://leiaufsc.files.wordpress.com/2013/03/5-3b-roosevelt-a-arqueologia-amazc3b4nica.pdf
https://leiaufsc.files.wordpress.com/201...
), aprofundando-se por meio de novas metodologias, como análise de perfil, da estratigrafia complexa, das coletas de materiais arqueológicos e das datações (Gaspar et al., 2013Gaspar, M. D., Klokler, D., & Biachini, G. F. (2013). Arqueologia estratégica: abordagens para o estudo da totalidade e construção de sítios monticulares. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 8(3), 517-533. doi: https://doi.org/10.1590/S1981-81222013000300003
https://doi.org/10.1590/S1981-8122201300...
; M. Oliveira et al., 2013Oliveira, M. D. B. G., Klokler, D., & Bianchini, G. F. (2013). Arqueologia estratégica: abordagens para o estudo da totalidade e construção de sítio monticulares. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 8(3), 517-533. doi: https://doi.org/10.1590/S1981-81222013000300003
https://doi.org/10.1590/S1981-8122201300...
).

A construção de sambaqui requer transporte de materiais provenientes das margens de rios, dos manguezais e das florestas. Assim, associar o estudo de diatomáceas aos vestígios arqueológicos pode contribuir para a explicação das estratégias utilizadas pelos grupos sociais frente às mudanças que ocorriam no meio ambiente, uma vez que esses organismos são comumente encontrados em rios, igarapés, lagos e estuários. Por terem preferências ecológicas bem definidas, possibilitam inferir as condições ambientais existentes durante o processo de formação dos sambaquis (Figura 6).

Figura 6
Análise de componentes principais usando dados de frequência de ocorrência de diatomáceas e datação das camadas da coluna bioarqueológica do Sambaqui Porto da Mina, Quatipuru, Pará.

No caso do Sambaqui Porto da Mina, a presença das diatomáceas foi frequente em todas as camadas da coluna bioantracológica. Associando os dados de frequência de ocorrência e as datações obtidas das camadas, a análise dos componentes principais (ACP) definiu três grupos distintos: grupo A = formado pelas camadas estratigráficas I e II; grupo B = formado pela camada III; e grupo C = formado pela camada IV. A maior parte da variação (59%) foi explicada pelo primeiro componente, enquanto o segundo foi responsável por 30,30% da variação.

A formação do grupo A inicia em 5.280 ± 30 anos AP e termina em 5.070 ± 30 anos AP, sendo possível inferir que durante 210 anos as diatomáceas foram transportadas a partir da mesma fonte. Assim, o indicativo de ocupação continuada a partir dos estudos de diatomáceas é mais consistente para o Sambaqui Porto da Mina, bem como a percepção acerca dos hábitos culturais é feita a partir dos vestígios faunísticos, de carvão, sementes, inclusive fragmentos de cerâmica e laterita, entre outros.

CONCLUSÃO

A análise de diatomáceas em pesquisas arqueológicas, ainda que incipiente, possui aplicações que permitem inferir variações ocorridas em escalas espaciais e temporais. A confiabilidade dos resultados obtidos com esses biomarcadores depende diretamente das técnicas utilizadas durante as etapas de coleta e de preparação do material em laboratório.

Considerando a variação populacional existente no ciclo de vida desses organismos, a análise de material não fracionado e/ou peneirado possibilitou o registro de organismos de diferentes tamanhos, abrangendo aqueles menores de 100 µm. A inclusão desses organismos na análise afeta os dados sobre a riqueza e a diversidade encontradas nos sítios arqueológicos. Em nossas análises, além da comunidade de diatomáceas, foram encontradas espículas de esponjas, bactérias não fotossintetizantes e fungos filamentosos, reforçando a necessidade de ampliar os estudos de arqueobotânica em sambaquis.

A uniformidade de espécies de diatomáceas encontradas nas camadas I e II reforça a ideia da permanência dos grupos sambaquieiros no local de construção por pelo menos 210 anos. As inferências ecológicas obtidas indicam que o local de assentamento estava em um ambiente geograficamente diverso, com influência de águas doce, salobra e marinha.

O registro de espécies marinhas ocorre a partir do nível 130 cm, indicando um sinal de transgressão marinha. Assim, em 5.070 ± 30 AP, os grupos sambaquieiros da área de estudo passaram a acessar ambientes aquáticos com teores de salinidade mais elevados. A diversidade de ambientes possibilitou ampliar a obtenção de recursos e interferiu diretamente na dieta desse grupo. O aumento de recursos permitiria que os grupos aumentassem sua resiliência e permanecessem no mesmo local por longos períodos.

A inclusão da análise da comunidade de diatomáceas em sambaquis representa uma ferramenta potencial para a compreensão da dinâmica existente no entorno dos assentamentos e permite enriquecer os dados através das informações autoecológicas e da origem desses biomarcadores.

  • 1
    A autoecologia (Schröter, 1896Schröter, C. (1896). Die Schwebe flora unserer Seen. (Das Phytoplankton). Neujahrsblatt der Naturforschenden Gesellschaft in Zurich, 99, 1-58.) estuda as inter-relações de uma única espécie com seu meio, avaliando os diferentes fatores ecológicos que envolvem estas interações.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e ao Programa de Capacitação Institucional (MPEG/MCTI) (processos 444338/2018-7 e 300678/2019-3). À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa de doutorado concedida a SMM (processo 1557766). Agradecem, ainda, ao Dr. Peter Mann de Toledo, pelo apoio inestimável e orientação. Agradecem, finalmente, aos dois revisores anônimos, pelas valiosas contribuições para a qualidade deste trabalho.

  • Almeida, P. D., Machado, S. M., Barros, B., Morales, E. A., Canto, P., Gaspar, M. D., Ruivo, M. L. P., & Berrêdo, J. F. (2020). Registros arqueobotânicos em um sambaqui amazônico: utilização de microalgas (Diatomáceas, Bacillariophyta) como indicadoras de alterações ambientais. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 15(3), e20190036. doi: 10.1590/2178-2547-BGOELDI-2019-0036

REFERÊNCIAS

  • Almeida, P. D., & Bicudo, D. C. (2014). Diatomáceas planctônicas e de sedimento superficial em represas de abastecimento da região metropolitana de São Paulo, SP, sudeste do Brasil. Hoehnea, 41(2), 187-207. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S2236-89062014000200004
    » https://doi.org/10.1590/S2236-89062014000200004
  • Amaral, P. G. C., Gianinni, P. C. F., Sylvestre, F., & Pessenda, L. C. R. (2012). Paleoenvironmental reconstruction of a Late Quaternary lagoon system in southern Brazil (Jaguaruna region, Santa Catarina state) based on multi-proxy analysis. Journal of Quaternary Science, 27(2), 181-191. doi: https://doi.org/10.1002/jqs.1531
    » https://doi.org/10.1002/jqs.1531
  • Bandeira, A. M. (2008). Ocupações humanas pré-históricas no litoral maranhense: um estudo arqueológico sobre o sambaqui do Bacanga na Ilha de São Luís – Maranhão (Dissertação de mestrado). Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
  • Battarbee, R. W. (1984). Diatom analysis. In S. A. Norton (Ed.), Proceedings of a Workshop in Palaeolimnological Studies of the History and Effects of Acidic Precipitation (p. 275). Rockland, Maine.
  • Battarbee, R. W. (1986). Diatom analysis. In B. E. Berglund (Ed.), Handbook of Holocene palaeoecology and palaeohydrology (pp. 527-570). Chichester: John Wiley & Sons.
  • Beauclair, M., Duarte, M. R., & Silva, E. P. (2016). Sambaquis (shell mounds) and mollusk diversity in the past history of Araruama Lagoon, Rio de Janeiro, Brazil. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 11(1), 47-59.
  • Berrêdo, J. F., Costa, M. L., Vilhena, M. P. S. P., & Santos, J. T. (2008). Mineralogia e geoquímica de sedimentos de manguezais da costa amazônica: o exemplo do estuário do rio Marapanim (Pará). Revista Brasileira Geociências, 38(1), 24-25.
  • Bicudo, D. C., Tremarim, P. I., Almeida, P. D., Zorzal-Almeida, S., Wengrat, S., Faustino, S. B., . . . Morales, E. A. (2016). Ecology and distribution of Aulacoseira species (Bacillariophyta) from tropical reservoirs in Brazil. Diatom Research, 31(3), 199-215. doi: https://doi.org/10.1080/0269249X.2016.1227376
    » https://doi.org/10.1080/0269249X.2016.1227376
  • Bissa, W. M., Ybert, J.-P., Catharino, E. L. M., & Kutner, M. (2000). Evolução Paleoambiental na Planície Costeira do Baixo Ribeira durante a ocupação Sambaquiera. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, (10), 89-102.
  • Boyadjian, C. H. C., Eggers, S., & Reinhard, K. (2007). Dental wash: a problematic method for extracting microfossils from teeth. Journal of Archaeological Science, 34(10), 1622-1628. doi: https://doi.org/10.1016/j.jas.2006.12.012
    » https://doi.org/10.1016/j.jas.2006.12.012
  • Boyadjian, C. H. C., Eggers, S., Reinhard, K. J., & Scheel-Ybert, R. (2016). Dieta no sambaqui Jabuticabeira-II (SC): consumo de plantas revelado por microvestígios provenientes de cálculo dentário. Cadernos do LEPAARQ, 13(25), 131-161.
  • Celant, A., Magri, D., & Stasolla, F. R. (2015). Collection of plant remains from archaeological contexts. In C. T. Y. Edward, C. Stasolla, M. J. Sumner & B. Q. Huang (Eds.), Plant Microtechniques and protocols (pp. 469-485). New York: Springer.
  • Coe, H. H. G., Souza, R. C. C. L., Duarte, M. R., Ricardo, S. D. F., Machado, D. O. B. F., Macario, K. C. D., & Silva, E. P. (2017). Characterisation of phytoliths from the stratigraphic layers of the Sambaqui da Tarioba (Rio das Ostras, RJ, Brazil). Flora, 236/237, 1–8. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.flora.2017.09.007
    » https://doi.org/10.1016/j.flora.2017.09.007
  • Cohen, M. C. L., Souza-Filho, P. W. M., Lara, R. J., Behling, H., & Angulo, R. J. (2005). A model of Holocene mangrove development and relative sea-level changes on the Bragança Peninsula (Northern Brazil). Wetlands Ecology and Management, 13(4), 433-443.
  • Costa-Boddeker, S., Bennion, H., Jesus, T. A., Albuquerque, A. L. S., Figueira, R. C. L., & Bicudo, D. C. (2012). Paleolimnologically inferred eutrophication of a shallow tropical urban reservoir, southeast Brazil. Journal of Paleolimnology, 48(4), 751-766.
  • Deblasis, P., Fish, S. K., Gaspar, M. D., & Fish, P. R. (1998). Some references for the discussion of complexity among the sambaquimoundbuilders from the southern shores of Brasil. Revista de Arqueología Americana, 15, 75-105.
  • Deblasis, P., Kneip, A., Scheel-Ybert, R., Gianinni, P. C. F., & Gaspar, M. D. (2007). Sambaquis e paisagem: dinâmica natural e arqueologia regional no litoral do sul do Brasil. Arqueologia Sul-Americana, 3(1), 29-61.
  • Denys, L. (1991). A check-list of the diatoms in the Holocene deposits of the Western Belgian coastal plain with a survey of their apparent ecological requirements: I. Introduction, ecological code and complete list (No. 246). Belgium. Recuperado de https://core.ac.uk/download/pdf/35118087.pdf
    » https://core.ac.uk/download/pdf/35118087.pdf
  • Drisdell, W. S., Cappa, C. D., Smith, J. D., Saykally, R. J., & Cohen, R. C. (2008). Determination of the evaporation coefficient of D2O. Atmospheric Chemistry and Physics, 8(22), 6699-6706. doi: https://doi.org/10.5194/acp-8-6699-2008
    » https://doi.org/10.5194/acp-8-6699-2008
  • European Committee for Standardization. (ECS). (2003). Water quality: guidance standard for the routine sampling and pretreatment of benthic diatoms from rivers Belgium. Recuperado de http://www.safrass.com/partners_area/BSI%20Benthic%20diatoms.pdf
    » http://www.safrass.com/partners_area/BSI%20Benthic%20diatoms.pdf
  • Falkowski, P., Scholes, R. J., Boyle, E., Canadell, J., Canfield, D., Elser, J., . . . Gruber, N. (2000). The global carbon cycle: a test of our knowledge of earth as a system. Science, 290(5490), 291-296.
  • Figueiral, I., & Willcox, G. (1999). Archaeobotany: collecting and analytical techniques for sub-fossils. In T. P. Jones & N. P. Rowe (Eds.), Fossil plants and spores: modern techniques (pp. 290-294.). London: The Geological Society.
  • Fonseca, B. M. (2006). Diversidade fitoplanctônica como discriminador ambiental em dois reservatórios rasos com diferentes estados tróficos no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP (Tese de doutorado). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
  • Gaspar, M. D. (1998). Considerations about the sambaquis of the brazilian coast. Antiquity, 72(227), 592-615.
  • Gaspar, M. D. (1999). Os ocupantes pré-históricos do litoral brasileiro. In M. C. Tenório (Org.), Pré-história da terra brasilis (pp. 159-169). Rio de Janeiro: UFRJ.
  • Gaspar, M. D. (2000). Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro (Coleção descobrindo o Brasil). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
  • Gaspar, M. D., Klokler, D., & Biachini, G. F. (2013). Arqueologia estratégica: abordagens para o estudo da totalidade e construção de sítios monticulares. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 8(3), 517-533. doi: https://doi.org/10.1590/S1981-81222013000300003
    » https://doi.org/10.1590/S1981-81222013000300003
  • Grana, L., Cohen, M. L., & Maidana, N. (2014). Methodological proposal to identify irrigation canals using diatom analyisis as a biomarker: Peñas Coloradas (Antofagasta de la Sierra, Southern Argentine Puna). In D. Kligmann & M. Morales (Eds.), Physical, Chemical and Biological Markers in Argentine Archaeology: Theory, Methods and Applications (pp. 73-86) (BAR International Series, 2678). Oxford: Archaeo Press.
  • Grana, L. (2018). La arqueología desde el microscopio: aportes interdisciplinarios de las diatomeas a las problemáticas arqueológicas. Revista del Museo de Antropología, 11(1), 35-48. doi: https://doi.org/10.31048/1852.4826.v11.n1.16902
    » https://doi.org/10.31048/1852.4826.v11.n1.16902
  • Hammer, Ø., Harper, D. A. T., & Ryan, P. D. (2001). Past: paleontological statistics software package for education and data analysis. Palaeontologia Electronica, 4(1), 1-9.
  • Hilbert, P. P. (1959). Achados arqueológicos num sambaqui do baixo Amazonas (Publicação, No. 10). Belém: Instituto de Antropologia e Etnologia do Pará.
  • Huber, B., Macleod, K., Gröcke, D., & Kucera, M. (2011). Paleotemperature and paleosalinity inferences and chemostratigraphy across the Aptian/Albian boundary in the subtropical North Atlantic. Paleoceanography and Paleoclimatology, 26(4), 1-20. doi: https://doi.org/10.1029/2011PA002178
    » https://doi.org/10.1029/2011PA002178
  • Julius, M., & Theriot, E. (2010). The diatoms: a primer. In J. P. Smol & E. F. Stoermer (Eds.), The diatom: applications for the environmental and earth sciences (pp. 23-54). Cambridge: Cambridge University Press.
  • Kociolek, J. P., & Williams, D. M. (2015). How to define a diatom genus? Notes on the creation and recognition of taxa, and a call for revisionary studies of diatoms. Acta Botanica Croatica, 74(2), 195-210.
  • Krammer, K., & Lange-Bertalot, H. (1986). Bacillariophyceae 1. Teil: Naviculaceae. In H. Ettl, J. Gerloff, H. Heynig & D. Mollenhauer (Eds.), Subwasserflora von Mitteleuropa 2/1 (pp. 1-876). Berlin: Gustav Fischer.
  • Krammer, K., & Lange-Bertalot, H. (1988). Epithemiaceae, Surirellaceae. In H. Ettl, J. Gerloff, H. Heynig & D. Mollenhauer (Eds.), Subwasserflora von Mitteleuropa 2/2 (pp. 1-612). Berlin: Gustav Fischer.
  • Krammer, K., & Lange-Bertalot, H. (1991). Centrales, fragilariaceae, eunotiaceae. In H. Ettl, J. Gerloff, H. Heynig & D. Mollenhauer (Eds.), Subwasserflora von Mitteleuropa 2/3 (pp. 1-600). Stuttgart: Gustav Fischer.
  • Lima, H. N., Schaefer, C. E. G., Mello, J. W. V., Gilkes, R. J., & Ker, J. C. (2002). Pedogenesis and pre-columbian land use of “Terra Preta Anthrosolos” (“Indian black earth”) of western Amazonia. Geoderma, 110(1-2), 1-17. doi: https://doi.org/10.1016/S0016-7061(02)00141-6
    » https://doi.org/10.1016/S0016-7061(02)00141-6
  • Lobo, E. A., Katoh, K., & Aruga, Y. (1995). Response of epilithic diatom assemblages to water pollution in rivers in the Tokyo metropolitan area, Japan. Freshwater Biology, 34(1), 191-204. doi: https://doi.org/10.1111/j.1365-2427.1995.tb00435.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1365-2427.1995.tb00435.x
  • Lobo, E. A., Callegaro, V. L. M., Schuler, S., Oliveira, M. A., Salomoni, S. E., & Asai, K. (1996). Pollution tolerant diatoms from rivers in the Jacuí Basin, Rio Grande do Sul, Brazil. Iheringia. Série Botânica, 47(1), 45-72.
  • Lobo, E. A., Callegaro, V. L. M., & Bender, E. P. (2002). Utilização de algas diatomáceas epilíticas como indicadores da qualidade da água em rios e arroios da região hidrográfica do Guaíba, RS, Brasil Santa Cruz do Sul: EDUNISC.
  • Lopes, P. R. C. (2016). Caracterização do modo de vida dos sambaquieiros que ocuparam o litoral paraense: Quatipuru, Pará, Brasil (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
  • Lopes, P. R. C., Gaspar, M., & Gomes, D. M. C. (2018). O Sambaqui Porto da Mina e a cerâmica utilizada como material construtivo: um estudo de caso. Revista de Arqueologia, 31(1), 52-72. doi: https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521
    » https://doi.org/10.24885/sab.v31i1.521
  • Lowe, R. L. (1974). Environmental requirements and pollution tolerance of freshwater diatoms Cincinnati, Ohio: Environmental Protection Agency.
  • Macario, K. C. D., Souza, R. C. C. L., Trindade, D. C., Decco, J., Lima, T. A., Aguilera, O. A., . . . Silva, E. P. (2014). Chronological model of a Brazilian Holocene shellmound (Sambaqui da Tarioba, Rio de Janeiro, Brazil). Radiocarbon, 56(2), 489-499. doi: https://doi.org/10.2458/56.16954
    » https://doi.org/10.2458/56.16954
  • Matos, J., Sodré, D., Costa, K., Pereira, L. C. C., & Costa, R. M. (2011). Spatial and temporal variation in the composition and biomass of phytoplankton in an Amazonian estuary [Special Issue]. Journal of Coastal Research, (64), 1525-1529.
  • Medeanic, S., Dillenburg, S., & Toldo, E. J. (2001). Registros palinológicos da transgressão marinha pós-glacial em sedimentos da Laguna dos Patos. In 8º Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário (Imbé), Recife.
  • Medeanic, S., & Torgan, L. C. (2006). Silicoflagellate records in Holocene lagoon sediments in the south Brazil. In European Paleobotany-Palynology Conference, Prague.
  • Medlin, L. K., & Kaczmarska, I. (2004). Evolution of the diatoms: V. Morphological and cytological support for the major clades and a taxonomic revision. Phycologia, 43(3), 245-270. doi: https://doi.org/10.2216/i0031-8884-43-3-245.1
    » https://doi.org/10.2216/i0031-8884-43-3-245.1
  • Meggers, B. J., & Evans, C. (1960). Archeological investigations in British Guiana Washington: Bureau of American Ethnology.
  • Meggers, B. J., & Evans, C. (1961). An experimental formulation of horizon styles in the tropical forest of South America. In S. Lothrop (Ed.), Essays in pre-columbian art and archaeology (pp. 372-388). Cambridge: Harvard University Press.
  • Meggers, B. J., & Evans, C. (1985). Um método cerâmico para o reconhecimento de comunidades pré-históricas. Instituto de Arqueologia Brasileira Boletim - Série Ensaios, 3, 8-30.
  • Metzeltin, D., & Lange-Bertalot, H. (1998). Tropical diatoms of South America I, about 700 predominantly rarely known or new taxa representative of the neotropical flora. Iconographia Diatomologica, 5, 1-695.
  • Metzeltin, D., Lange-Bertalot, H., & García-Rodríguez, F. (2005). Diatoms of Uruguay compared with other taxa from South America and elsewhere. Iconographia Diatomologica, 15, 1-736.
  • Metzeltin, D., & Lange-Bertalot, H. (2007). Tropical diatoms of South America II, special remarks on biogeographic disjunction. Iconographia Diatomologica, 18, 1-876.
  • Moro, R. S., & Furstenberger, C. (1997). Catálogo dos principais parâmetros ecológicos de diatomáceas não-marinhas Ponta Grossa: Editora UEPG.
  • Nascimento, L. R., Sifeddine, A., Albuquerque, A. L. S., Torgan, L. C., & Gomes, D. F. (2003). Estudo da evolução paleohidrológica do Lago Caçó (MA-Brasil) nos últimos 20.000 anos inferido através das diatomáceas. In II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa, IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, II Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas, EDUNISC, Santa Cruz do Sul.
  • Oliveira, E. R., & Silveira, M. I. (2016). A cerâmica mina no estado do Pará: oleiras das águas salobras da Amazônia. In C. Barreto, H. P. Lima & C. J. Betancourt (Orgs.), Cerâmicas arqueológicas da Amazônia: rumo a uma nova síntese (pp. 125-146). Belém: IPHAN.
  • Oliveira, M. D. B. G., Klokler, D., & Bianchini, G. F. (2013). Arqueologia estratégica: abordagens para o estudo da totalidade e construção de sítio monticulares. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 8(3), 517-533. doi: https://doi.org/10.1590/S1981-81222013000300003
    » https://doi.org/10.1590/S1981-81222013000300003
  • Paiva, R. S., Eskinazi-Leca, E., Passavante, J. Z. O., Silva-Cunha, M. G. G., & Melo, N. F. A. C. (2006). Considerações ecológicas sobre a fitoplâncton da Baía do Guajará e Foz do Rio Guamá (Pará, Brasil). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais, 1(2), 133-146.
  • Ribeiro, F. C. P., Senna, C. S. F. S., & Torgan, L. C. (2010). The use of diatoms for palaeohydrological and paleoenvironmental reconstructions of Itupanema Beach, Pará State, Amazon region, during the last millennium. Revista Brasileira de Paleontologia, 13(1), 21-32. doi: https://doi.org/10.4072/rbp.2010.1.03
    » https://doi.org/10.4072/rbp.2010.1.03
  • Roosevelt, A. C. (1998). Arqueologia Amazônica. In M. C. Cunha (Org.), História dos índios no Brasil (pp. 53-86). São Paulo: Companhia das Letras. Recuperado de https://leiaufsc.files.wordpress.com/2013/03/5-3b-roosevelt-a-arqueologia-amazc3b4nica.pdf
    » https://leiaufsc.files.wordpress.com/2013/03/5-3b-roosevelt-a-arqueologia-amazc3b4nica.pdf
  • Roosevelt, A. C. (1995). Early pottery in the Amazon: twenty years of scholary obscurity. In W. K. Banrett & J. Hoopes (Eds.), The emergence of pattery: technology and innovation in ancient societies (pp. 115-131). Washington: Smithsonian Institution Press.
  • Round, F. E., Crawford, R. M., & Mann, D. G. (1990). The diatoms: biology and morphology of the genera Cambridge: Cambridge University Press.
  • Ruwer, D. T., Bernardes, M. C., & Rodrigues, L. (2018). Diatom responses to environmental changes in the Upper Paraná River floodplain (Brazil) during the last ~ 1000 years. Journal of Paleolimnology, 60(4), 543-551. doi: https://doi.org/10.1007/s10933-018-0039-7
    » https://doi.org/10.1007/s10933-018-0039-7
  • Santos-Fischer, C. B., Corrêa, I. C. S., Weschenfelder, J., Torgan, L. C., & Stone, J. R. (2016). Paleoenvironmental insights into the Quaternary evolution of the southern Brazilian coast based on fossil and modern diatom assemblages. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, 446, 108-124. doi: https://doi.org/10.1016/j.palaeo.2016.01.018
    » https://doi.org/10.1016/j.palaeo.2016.01.018
  • Saupe, A. C., & Mosimann, R. M. S. (2003). Diatomáceas (Bacillariophyta) preservadas nos sedimentos holocênicos da lagoa do Peri, Florianópolis, SC, Brasil. Ínsula, 32, 33-61.
  • Scheel-Ybert, R., Eggers, S., Wesolowski, V., Petronilho, C., Boyadjian, C. H., Gaspar, M. D., . . . Deblasis, P. (2009). Subsistence and lifeway of coastal Brazilian moundbuilders. In A. Capparelli, A. Chevalier & R. Piqué (Coords.), La alimentación en la América precolombina y colonial: una aproximación interdisciplinaria (Vol. 7, pp. 37-53). Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Cientificas.
  • Schröter, C. (1896). Die Schwebe flora unserer Seen. (Das Phytoplankton). Neujahrsblatt der Naturforschenden Gesellschaft in Zurich, 99, 1-58.
  • Senna, C. S. F., Ribeiro, F. C. P., & Paiva, R. S. (2005). Análise da riqueza, diversidade e equabilidade da diatomoflórula em sedimentos holocênicos da baía de Marapanim-Pa. In 56º Congresso Nacional de Botânica, Curitiba.
  • Senna, C. S. F., Oliveira, D. S., & Absy, M. L. (2011). Composição, abundância e diversidade de tipos polínicos em paleoambientes holocênicos do estuário do rio Marapanim, estado do Pará. In A. C. Mendes, M. T. Prost & E. Castro (Eds.), Ecossistemas amazônicos: dinâmicas, impactos e valorização dos recursos naturais (pp. 79-97). Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi.
  • Silveira, M. I., & Schaan, D. P. (2005). Onde a Amazônia encontra o mar: estudando os sambaquis do Pará. Revista de Arqueologia, 18(1), 67-79. doi: https://doi.org/10.24885/sab.v18i1.205
    » https://doi.org/10.24885/sab.v18i1.205
  • Simões, M. F. (1970). Relatório de pesquisa arqueológica na Região do Salgado (Projeto Salvamento) Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi.
  • Simões, M. F. (1973). A pesquisa arqueológica na Amazônia Legal brasileira. Dédalo, 17/18, 11-23.
  • Simões, M. F. (1981). Coletores-pescadores ceramistas do litoral do Salgado (Pará). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Nova Série Antropologia, (78), 1-32.
  • Simões, C. B. (2007). O processo de formação dos sambaquis: uma leitura estratigráfica do Sítio Jaboticabeira II, SC (Dissertação de mestrado). Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
  • Sousa, E. B., Costa, V. B., Pereira, L. C. C., & Costa, R. M. (2008). Microfitoplâncton de águas costeiras amazônicas: Ilha Canela (Bragança, PA, Brasil). Acta Botanica Brasilica, 22(3), 626-636. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062008000300004
    » https://doi.org/10.1590/S0102-33062008000300004
  • Sousa, E. B., Costa, V. B., Pereira, L. C. C., & Costa, R. M. (2009). Variação temporal do fitoplâncton e dos parâmetros hidrológicos da zona de arrebentação da Ilha Canela (Bragança, PA, Brasil). Acta Botanica Brasilica, 23(4), 1084-1095. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062009000400018
    » https://doi.org/10.1590/S0102-33062009000400018
  • Souza, R. C. C. L., Trindade, D. C., Decco, J., Lima, T. A., & Silva, E. (2010). Archaeozoology of marine mollusks from Sambaqui da Tarioba, Rio das Ostras, Rio de Janeiro, Brasil. Zoologia, 27(3), 363-371. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1984-46702010000300007
    » https://doi.org/10.1590/S1984-46702010000300007
  • Souza-Filho, P. W. M., & El-Robrini, M. (1996). Morfologia, processos de sedimentação e litofácies dos ambientes morfosedimentares da Planície Costeira Bragantina - Nordeste do Pará (Brasil). Geonomos, 4(2), 1-16. doi: https://doi.org/10.18285/geonomos.v4i2.197
    » https://doi.org/10.18285/geonomos.v4i2.197
  • Souza-Filho, P. W. M., Lessa, G., Cohen, M. C. L., Costa, F. R., & Lara, R. (2009). The subsiding macrotidal barrier estuarine system of the eastern Amazon coast, northern Brazil. In S. Dillenburg & P. Hesp (Eds.), Geology and geomorphology of Holocene coastal barriers of Brazil (pp. 347-375). New York: Springer-Verlag.
  • Tyler, P. A. (1996). Endemism in freshwater algae. Hydrobiologia, 336, 127-135. doi: https://doi.org/10.1007/BF00010826
    » https://doi.org/10.1007/BF00010826
  • Van Dam, H., Mertens, A., & Skindelam, J. (1994). A coded checklist and ecological indicator values of freshwaters diatoms from Netherlands. Netherland Journal of Aquatic Ecology, 28(1), 117-133. doi: https://doi.org/10.1007/BF02334251
    » https://doi.org/10.1007/BF02334251
  • Vanlandingham, S. L. (2006). Diatom evidence for autochthonous artifact deposition in the Valsequillo region, Puebla, Mexico during the Sangamonian (sensulato = 80,000 to ca. 220,000 yr BP) and Illinoian (220,000 to 430,000yr BP). Journal of Paleolimnology, 36, 101-116. doi: https://doi.org/10.1007/s10933-006-0008-4
    » https://doi.org/10.1007/s10933-006-0008-4
  • Villagran, X. S., Deblasis, P., & Giannini, P. C. F. (2009). Primeros estudios micromorfológicos em sambaquís brasileños (sitio Jabuticabeira II, Estado de Santa Catarina). Intersecciones en Antropología, 10(2), 359-364.
  • Villagran, X. S., & Giannini, P. C. F. (2014). Shell mounds as environmental proxies on the southern coast of Brazil. The Holocene, 24(8), 1009-1016. doi: https://doi.org/10.1177/0959683614534743
    » https://doi.org/10.1177/0959683614534743
  • Wagner, G., Hilbert, K., Bandeira, D., Tenório, M. C., & Okumura, M. M. (2011). Sambaquis (shell mounds) of the Brazilian coast. Quaternary International, 239(1/2), 51-60. doi: https://doi.org/10.1016/j.quaint.2011.03.009
    » https://doi.org/10.1016/j.quaint.2011.03.009
  • Watson, S.-A., Southgate, P. C., Tyler, P. A., & Peck, L. S. (2009). Early larval development of the Sydney Rock oyster Saccostrea glomerata under near-future predictions of CO2-driven ocean acidification. Journal of Shellfish Research, 28(3), 431-437. doi: http://dx.doi.org/10.2983/035.028.0302
    » https://doi.org/10.2983/035.028.0302
  • Yool, A., & Tyrrell, T. (2003). Role of diatoms in regulating the ocean’s silicon cycle. Global Biogeochemical Cycles, 7(4), 14-21. doi: https://doi.org/10.1029/2002GB002018
    » https://doi.org/10.1029/2002GB002018

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Nov 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    23 Abr 2019
  • Aceito
    23 Mar 2020
MCTI/Museu Paraense Emílio Goeldi Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação, Av. Perimetral. 1901 - Terra Firme, 66077-830 - Belém - PA, Tel.: (55 91) 3075-6186 - Belém - PA - Brazil
E-mail: boletim.humanas@museu-goeldi.br