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#Rolezinhos: Análise de redes sociais e construção de sentidos no discurso de tuiteiros acerca do #Protestodos Pintas em Natal (RN)

#Rolezinhos: Social network analysis and meaning construction in twitter users' discourses upon #ProtestodosPintas in Natal (RN)

Resumo

Este artigo apresenta resultados alcançados por pesquisa desenvolvida a partir da análise das manifestações no Twitter acerca do #ProtestodosPintas, ocorrido em Natal (RN) em 21 dezembro de 2013. A pesquisa constatou que os sentidos construídos nas redes sociais da Internet acerca do #ProtestodosPintas foram negativos, com a rede se articulando em torno dos perfis @tribunadonorte e @BlogdoBG. As interações nas redes sociais analisadas acerca do #ProtestodosPintas se deram estimulando um imaginário social sem identidade política em que o desejo de reconhecimento dos jovens das classes populares foi classificado como expressão de violência e de barbárie. Os 340 tweets coletados foram analisados a partir das ferramentas propostas pelas teorias de análise de redes sociais assim como os enunciados, que foram analisados a partir dos pressupostos da análise do discurso.

Palavras-Chave:
sociabilidade; análise de redes sociais; análise do discurso

Abstract

This paper conveys the outputs of a research developed from the analysis of Twitter's utterances about #ProtestodosPintas, that took place in the city of Natal (RN) in December 21st, 2013. We found out that the meanings constructed in the digital social networks about #ProtestodosPintas were negative, since the network has hung around two profiles, namely @tribunadonorte and @BlogdoBG. The social network interactions under analysis occurred by stimulating a retrograde social imaginary, when the youngsters’ desires for acknowledgment were typified as an expression of violence and barbarity. The 340 tweets here collected were analyzed according to the tools proposed by social network analytical theories, as well as the utterances, based on the discourse analysis presuppositions.

Keyword:
sociability;; social network analysis; discourse analysis

Notas introdutórias

O #ProtestodosPintas1 1 São conhecidos como “pintas” em Natal os jovens negros de periferia, normalmente reconhecidos por um ethos que inclui uma vestimenta característica, gosto musical, adereços e modo de andar e dançar, correspondendo ao que, em outras cidades brasileiras, como maloqueiros (em São Paulo), ou pirangueiros (em Fortaleza), entre outros. O termo surgiu na cena natalense como caracterização do jovem descolado nos anos de 1970. , um protesto ou o grito dos quase excluidos, foi um flash mob da periferia de Natal (RN) realizado em 21 de dezembro de 2013. No caso natalense,o protesto deixou de ser um movimento difuso de diversão e politica para se transformar em um fenômeno de divisão social, estranhamento e preconceito radical contra a reinvenção das sociabilidades, contra um jovem que emerge de um lugar distante do centro, onde habitam jovens da classe média verdadeira, contra tudo que não represente os valores inseridos na linha do apartheid social brasileiro. Uma demarcação aleatória que privilegia gostos e valores da classe média tradicional. Uma linha invisivel que não reconhece os novos espaços de sociabilidades criados pelos jovens de baixa renda.

As redes sociais digitais são transformadas em campo de batalha entre os que apóiam os desclassificados sociais e os que preferem reformar velhas opiniões sobre hábitos de classe e consumo juvenis. No limiar do estranhamento, os jovens adeptos dos encontros grupais são denominados de "bárbaros", porque provocam "arrastões" em shoppings, pelo time que cria constructos sobre as práticas, gostos e apegos simbólicos dos desclassificados.

Aqui nos ocorre evocar Miller (1997)MILLER, W. I. The anatomy of disgust. Cambridge: Harvard University Press, 1997. que, apropriadamente, discorre sobre a repulsa e o nojo (disgust), atração e medo da proximidade de tudo aquilo que consideremos diferentes. Embora Miller (1997)MILLER, W. I. The anatomy of disgust. Cambridge: Harvard University Press, 1997. centre seus fundamentos na emoção e no sentimento de nojo e repulsa que afeta todo o sistema nervoso do ser humano quando se depara com algo que está fora da ordem, também associa essa emoção à classificação social e ao controle dos sujeitos nas interações socialmente mediadas. Como afirma ele, e é o que nos interessa aqui para explicitar o constructo que provoca o estranhamento de jovens em redes, as "sociedades 'civilizadas' despertaram as sensibilidades ao nojo para transformá-lo em um componente chave do controle social e da ordem psiquica" (MILLER, 1997MILLER, W. I. The anatomy of disgust. Cambridge: Harvard University Press, 1997., p. 5). Tal constatação parece dar conta de explicar esse fenômeno que permite a expressão pública de estranhamento e preconceito em redes digitais.

Também não podemos esquecer que o fluxo interacional em rede é protagonizado por atores sociais, agora representados por identidades cada vez mais complexas, e por novos modos de interação que surgem na ambiência digital. A interação entre esses atores, protagonistas e seguidores, que presupõe a presença dos objetos digitais nas relações sociais, também remarca o lugar da autoridade, a voz que coloca rumo, empresta significados, aos acontecimentos que são relatados nas redes sociodigitais. São os hubs de rede que se investem na autoridade que produz e reproduz a interpretação dos acontecimentos sociais.

Concomitante à exteriorização dos sentidos resultante da ação social dos 'pintas' observamos as autoridades, sites de grandes jornais e blogueiros realizarem a própria analitica dos acontecimentos para imprimirem controle e se confundirem com os processos de mediação das chamadas "midias tradicionais". Em principio, descartaram a autonomia tecno-discursiva por parte dos atores sociais que protagonizam os acontecimentos. E no lugar de chamar atenção para marcas de um processo interpretativo, de natureza heterorreferente, cujo objeto seria os fatos externos (FAUSTO NETO, 2008FAUSTO NETO, A. "Fragmentos de uma analítica da midiatização". In: Matrizes, v.1, n.2, p. 89-105, abr. 2008.), desenvolveram trabalho de leitura e discursividade sobre os acontecimentos protagonizados pelos jovens "pintas", de forma a produzir estranhamento sobre um grupo que interage e recria sociabilidades, sem permitir aos jovens a afirmação de suas identidades periféricas.

Na sequência, a análise deste trabalho se desenvolve a partir de dados quantitativos coletados no Twitter, utilizando-se de categorias analiticas para situar o protagonismo das autoridades discursivas na rede. O corpus desta pesquisa coletou 340 tweets publicados entre os dias 14 e 31 de dezembro de 2013. A coleta foi realizada no dia 31 de janeiro de 2014 utilizando como ferramenta de busca e filtragem aquela disponibilizada no site da rede social, a partir dos seguintes parâmetros: #ProtestodosPinta, Protesto dos Pinta, #ProtestodosPintas, Protesto dos Pintas, #midwaymall, Midway.

O Protesto dos Pintas foi marcado para o sábado, 21 de dezembro de 2013, no Midway Mall. Tal manifestação foi motivada pelos relatos de diversos sujeitos em redes sociais de que no sábado anterior, dia 14 de dezembro de 2013, os seguranças do referido shopping center impediram o acesso às dependências do estabelecimento de jovens negros e vestidos de acordo com o estereótipo dos chamados "pintas". É em virtude dessa cronologia nossa opção por recortarmos como corpus as publicações no Twitter entre os dias 14, quando ocorreu o episódio desencadeador, e o dia 31, a fim de podermos abranger a totalidade das manifestações a respeito dos eventos dos dias 14 e 21.

Análise de redes

Neste trabalho, nos propusemos a realizar uma análise de redes alinhada a ferramentas da análise do discurso. Para isso, em primeiro lugar, nos utilizamos do Gephi (2014)GEPHI. Graph Visualization and Manipulation: software livre. Versao Gephi 0.8.2 201210100934. França: Gephi.org, 2014. Disponível em: <www.https://gephi.org/>. Acesso em: 31 jan. 2014.
www.https://gephi.org/...
, software livre que nos possibilitou, a partir dos acessos ao corpus selecionado para a pesquisa, a geração de grafos analiticos da rede em destaque.

Os tweets selecionados foram classificados a partir da formação discursiva manifesta a favor ou em oposição ao #ProtestodosPintas - mesmo aqueles que não manifestavam juizo de valor acerca do evento, em tom de virtual neutralidade, contribuiram para a construção de uma possivel imagem positiva do evento.

Dos 340 tweets publicados no periodo de coleta, 143 deles foram favoráveis ou não emitiram juizo acerca do Protesto dos Pintas realizado no dia 21 de dezembro de 2013 no Midway Mall, em Natal. Portanto, outras 197 publicações na rede social naquele periodo, que rechaçavam a manifestação, foram classificadas como contrárias ao protesto, por se filiarem a uma posição discursiva critica ao evento. Foram 181 perfis do Twitter que fizeram publicações sobre o assunto.

A rede analisada, portanto, possui 181 nós. E tais nós constituiram 84 arestas - ou seja, os 181 sujeitos que se manifestaram no periodo acerca do Protesto dos Pintas constituiram apenas 84 interações diferentes. Foram, por sua vez, 83 os sujeitos que publicaram tweets sobre o tema sem estabelecer qualquer tipo de interação com outros nós da rede. Literalmente, falaram sozinhos. Desta maneira, as 84 interações na rede que se estabeleceu em torno do Protesto dos Pintas foram realizadas por 98 usuários.

Preocupa-nos, neste trabalho, analisar o papel social de um ou mais individuos em uma determinada rede social - em nosso caso, na análise de publicações no Twitter acerca do Protesto dos Pintas, realizado em Natal, no dia 21 de dezembro de 2013. Desse modo, na classificação que Recuero (2005, p. 3)RECUERO, R. Redes sociais na Internet: Considerações iniciais. E Compós, v. 2, 2005. sistematiza, aproximamo-nos da análise de uma rede personalizada (ego-centered network). A autora, a partir do que afirmam Garton et al. (1997, online, apud RECUERO, 2005RECUERO, R. Redes sociais na Internet: Considerações iniciais. E Compós, v. 2, 2005., p. 3), explica que a análise de redes sociais procura ir além dos atributos individuais, pensando as relações entre os atores sociais e que, por isso, concentra-se em

novas 'unidades de análise', tais como: relações (caracterizadas por conteúdo, direção e força), laços sociais (que conectam pares de atores através de um ou mais relações), multiplicidade (quanto mais relações um laço social possui, maior a sua multiplicidade) e composição do laço social (derivada dos atributos individuais dos atores envolvidos) (RECUERO, 2005RECUERO, R. Redes sociais na Internet: Considerações iniciais. E Compós, v. 2, 2005., p. 3).

No uso dos grafos, dos quais falaremos a seguir, os laços sociais se convertem arestas e, os atores, em nós da rede. Em nossa pesquisa, utilizaremos, dentre as unidades de análise mencionadas por Recuero (2005)RECUERO, R. Redes sociais na Internet: Considerações iniciais. E Compós, v. 2, 2005., as relações e a composição do laço social - este último, especialmente, quando descrevermos e analisarmos os hubs presentes na rede analisada.

Na tarefa de análise de redes sociais, iremos lançar mão da teoria dos grafos. Segundo Melo et al (2014, p. 1)MELO, I. D. ; SILVA, L. A. L. F.; SARMENTO, R. A. V.; FERNANDES, V S. Análise de Redes Sociais. Disponível em: http://www.nigam.info/docs/pesquisa/artigo1.pdf, acessado em 03 fev 2014.
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, a "utilização de grafos é essencial nesta aplicação pois se demonstra de maneira bem mais simples e interativa, o comportamento de uma aglomeração de objetos". Desse modo, complementam os autores, podem ser deduzidos e analisados "vários aspectos de uma rede, tais como grau, centralidade, proximidade, intermediação e comunidade" (MELO et al, 2014MELO, I. D. ; SILVA, L. A. L. F.; SARMENTO, R. A. V.; FERNANDES, V S. Análise de Redes Sociais. Disponível em: http://www.nigam.info/docs/pesquisa/artigo1.pdf, acessado em 03 fev 2014.
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, p. 1).

É do trabalho de Melo et al (2014)MELO, I. D. ; SILVA, L. A. L. F.; SARMENTO, R. A. V.; FERNANDES, V S. Análise de Redes Sociais. Disponível em: http://www.nigam.info/docs/pesquisa/artigo1.pdf, acessado em 03 fev 2014.
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, por sua objetividade, que retiraremos as definições acerca dos termos mais utilizados na análise de redes a partir dos grafos. Um grafo é uma representação visual do tipo de interação que se estabelece entre dois pontos de uma determinada rede. No caso de redes sociais, os pontos que constituem um grafo são sujeitos que interagem e se relacionam. Assim, dizem Melo et al (2014, p. 1)MELO, I. D. ; SILVA, L. A. L. F.; SARMENTO, R. A. V.; FERNANDES, V S. Análise de Redes Sociais. Disponível em: http://www.nigam.info/docs/pesquisa/artigo1.pdf, acessado em 03 fev 2014.
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, "um grafo é um conjunto de pontos ligados por um conjunto de arcos ou arestas".

Já a noção de grau se refere à quantidade de arestas ligadas a cada um dos nós - ou seja, quanto mais arestas se liguem a um nó mais alto será seu grau. A partir disso, um dos conceitos principais para o nosso trabalho é a definição de hubs. Hubs têm elevado grau, ou seja, como o dizem Melo et al (2014, p. 2)MELO, I. D. ; SILVA, L. A. L. F.; SARMENTO, R. A. V.; FERNANDES, V S. Análise de Redes Sociais. Disponível em: http://www.nigam.info/docs/pesquisa/artigo1.pdf, acessado em 03 fev 2014.
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, "são nós com alta taxa de ligações". Quando as arestas são dirigidas ao hub, ele é chamado de autoridade na rede. Caso suas interações partam a partir dele, são conhecidos como distribuidores de informação. Em nossa pesquisa, conforme o grafo a seguir, dois nós se comportaram como hubs na forma de autoridade na rede. O perfil @tribunadonorte, do jornal diário Tribuna do Norte, tem 23 arestas, nenhuma delas direcionada a partir do perfil, tendo o maior grau de autoridade da rede. Em seguida destaca-se o perfil @BlogdoBG, do Blog do BG, com 19 interações diferentes, manifestadas em arestas, sendo apenas uma direcionada a partir de si.

Fig. 1.
Grafo das manifestações sobre Protesto dos Pintas.

Também nos aproximamos em nossa análise do modelo de redes "sem escalas", conforme apresentada por Barabási (2003 apud RECUERO, 2005RECUERO, R. Redes sociais na Internet: Considerações iniciais. E Compós, v. 2, 2005., p. 8), a partir da ideia de que "quanto mais conexões um nó possui, maiores as chances de ele ter mais novas conexões", como o diz Recuero (2005, p. 8)RECUERO, R. Redes sociais na Internet: Considerações iniciais. E Compós, v. 2, 2005.. Nesse formato, a rede não é igualitária uma vez que os dois hubs concentram a maior parte das conexões - ambos têm 42 das 84 arestas de todo sistema, ou seja, 50% de todas as interações se concentram em apenas dois nós. Por suas caracteristicas, os perfis @tribunadonorte e @BlogdoBG são "ricos" que tendem a receber sempre mais conexões - inclusive por se tratarem de perfis relacionados a veiculos de comunicação, possibilitando aos usuários da rede que recebam mais informações, além de, principalmente no caso em análise, estimularem a possibilidade de uma maior repercussão e abrangência dos tweets direcionados aos dois perfis.

Outra noção apresentada por Melo et al (2014, p. 3)MELO, I. D. ; SILVA, L. A. L. F.; SARMENTO, R. A. V.; FERNANDES, V S. Análise de Redes Sociais. Disponível em: http://www.nigam.info/docs/pesquisa/artigo1.pdf, acessado em 03 fev 2014.
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e que podemos utilizar aqui é o conceito de integração, que consiste na variedade de ligações de nós entre si em uma rede possibilitando que a informação flua mais fácil por ela. O grau de integração da rede formada em torno do Protesto dos Pintas será importante na construção de significação do evento junto à opinião pública, uma vez que, além de os dois nós citados (@tribunadonorte e @BlogdoBG) terem elevado grau de autoridade na rede, as manifestações contrárias ao evento eram maioria e estavam relativamente bem integradas.

O perfil @tribunadonorte publicou cinco tweets sobre o tema no periodo analisado, sendo que dois deles foram favoráveis aos protestos (denominados positivos na tabela abaixo), enquanto os demais manifestaram uma posição discursiva de oposição (negativos), a partir do uso de termos como "confusão", "policiamento (...) reforçado":

Tab. 1
Tweets publicados pelo perfil @tribunadonorte.

Apesar de uma quantidade relativamente pequena de tweets sobre o tema do Protesto dos Pintas no periodo, o perfil @tribunadonorte teve 23 interações dirigidas a si por outros usuários do Twitter - o perfil não respondeu a nenhum nem citou nenhum usuário em suas postagens. Das 23 interações, 19 se ligaram a uma posição discursiva contrária ao protesto e 4 tiveram um posicionamento favorável ao evento. Enquanto 40% dos tweets da @tribunadonorte manifestavam um discurso favorável ao protesto (qualificados como positivos na tabela abaixo), apenas 17,4 % de suas interações foram assim classificados - o que reforça a percepção de que o sentido construido para o Protesto dos Pintas junto aos usuários do twitter tenha sido de rejeição com a influência dos hubs destacados na rede analisada:

Tab. 2
Interações do perfil @tribunadonorte.

Já o perfil @BlogdoBG teve um comportamento diferente, reforçando sua atuação no Twitter, conforme explicitaremos adiante, o que contribui para ampliação de sua relevância na rede social. Por isso, no mesmo periodo, publicou doze tweets2 2 Dentre os doze tweets coletados, seis foram repetidos. Para os fins de nossa pesquisa tais publicações serão consideradas apenas uma vez, ainda que indiquemos a quantidade de repetições em tabela a seguir. sobre o tema, sendo oito deles dirigindo os usuários à leitura de posts no Blog, três com informações sem links e um no estabelecimento de uma interação direcionada à outra usuária do Twitter. Nisso já se demonstra uma diferença com relação à atuação dos dois perfis analisados, uma vez que a @tribunadonorte utiliza seu perfil unicamente para difusão das noticias publicadas pelo site, o que explica, inclusive, o fato de que não há interações que tenham origem no perfil do jornal no corpus analisado. Dentre as doze publicações, três foram consideradas favoráveis e oito contrárias ao protesto.

Tab. 3
Tweets publicados pelo perfil @BlogdoBG

Os doze tweets do perfil @BlogdoBG foram, na verdade, publicados 24 vezes. A partir deles se estabeleceram 19 interações diferentes com outros usuários do Twitter - sendo apenas uma delas direcionada a partir do perfil do blog. O @BlogdoBG publicou um número de tweets140% superior que a @tribunadonorte acerca do Protesto dos Pintas no periodo, revelando sua maior ênfase na atuação nas redes sociais.

Das 19 interações do perfil @BlogdoBG, apenas uma foi considerada pelos pesquisadores como manifestante de um discurso favorável ao Protesto. Destaca-se, logo, que enquanto 25% dos tweets do perfil analisado tenham se posicionado positivamente, apenas 5,3% de suas interações assim o foram - indicando a configuração de um resultado ainda mais critico ao protesto do que em relação às interações do perfil @tribunadonorte:

Os dados até aqui destacados demonstram a intensidade e o grau de influência e autoridade das manifestações contrárias ao Protesto dos Pintas, uma vez que, além de serem em menor número as manifestações de apoio ao Protesto dos Pintas, a rede de apoiadores aparece desarticulada e, portanto, sem poder de mobilização, contribuindo em muito pouco para a construção de significado do evento junto à opinião pública.

Por outro lado, além de serem em maior número os tweets contra o evento, seus participantes e sua pauta, sua rede é claramente melhor articulada, influenciando decisivamente na construção de significado do protesto - ao menos no Twitter.

A partir disso, já podemos antecipar a observação, como parte da conclusão, de que o Protesto dos Pintas não obteve apoio nem foi visto majoritariamente de uma perspectiva positiva no Twitter - o que implica, necessariamente, no questionamento acerca dos possiveis motivos para que tal situação tenha se estabelecido.

Podemos depreender de Mizruchi (2006, p. 79)MIZRUCHI, M. S."Análise de redes sociais: avanços recentes e controvérsias atuais». Revista de Administração de Empresas, v.46, n. 3, jul/set, 2006.que a análise de redes pode explicar a articulação de sujeitos em torno de sua identidade de posicionamentos politicos e ideológicos, como fica evidenciado em nosso caso. Diz Mizruchi (2006, p. 79)MIZRUCHI, M. S."Análise de redes sociais: avanços recentes e controvérsias atuais». Revista de Administração de Empresas, v.46, n. 3, jul/set, 2006. que "a teoria das redes pode explicar por que, dado que os amigos de uma pessoa sejam liberais do ponto de vista politico, a pessoa em questão também tende a apresentar posições liberais". Assim, a articulação em torno dos dois hubs de nossa rede pode ser compreendida também pelo fato de que os usuários que ali se manifestaram compartilham os pontos de vista politicos e ideológicos expressos pelo perfil @tribunadonorte e pelo perfil @BlogdoBG, o que, por fim, fortalece a construção de uma mesma visão, negativa, sobre o evento do Protesto dos Pintas a partir do Twitter.

Análise de discurso

A fim de reconhecer e analisar o discurso que se manifesta na rede e a construção de sentidos operados em torno do Protesto dos Pintas, decidimos selecionar, dentre o corpus coletado, os tweets publicados pelos perfis @tribunadonorte e @BlogdoBG a respeito do tema e os tweets que marcaram suas interações, destacados nas tabelas 2, 4 e 5. Para isso recorreremos às noções de Foucault (2008)FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Traducao por Laura Fraga de Almeida Sampaio.17aEd. Sao Paulo: Loyola, 2008. e Charaudeau (2006)CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias. Traducao por Angela S. M. Corrêa. Sao Paulo: Contexto, 2006.

Tab. 4
Interações direcionadas ao perfil @BlogdoBG.
Tab.5
Interação direcionada a partir do perfil @BlogdoBG.

Foucault (2008)FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Traducao por Laura Fraga de Almeida Sampaio.17aEd. Sao Paulo: Loyola, 2008. entende que o discurso é o lugar onde se exerce o poder. Discurso e linguagem confundem-se com situações especificas em que se manifestam relações sociais que apontam relações de poder.

Mas, para Foucault, o discurso é mais que isso, sendo entendido como categórico, decisivo, pertencendo à ordem das leis. E se é poderoso, diz, seu poder "é de nós, só de nós, que lhe advém" (FOUCAULT, 2008, p.7). O discurso é produzido de tal maneira que possa manter-se controlado, organizado, selecionado, entre outros elementos que servem para avaliar riscos, acumular poder, dominar o acontecimento e desviar a atenção de sua materialidade (FOUCAULT, 2008FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Traducao por Laura Fraga de Almeida Sampaio.17aEd. Sao Paulo: Loyola, 2008., p.9). É preocupação de Foucault (2008)FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Traducao por Laura Fraga de Almeida Sampaio.17aEd. Sao Paulo: Loyola, 2008. detectar os mecanismos da linguagem que, ao mesmo tempo em que garantem a manutenção do poder, excluem do discurso sujeitos diferentes por diferentes motivos.

Uma das maneiras mais evidentes de exclusão é a chamada interdição de linguagem: só fala quem tem poder, e a fala realiza esse poder, instituindo-o no sujeito que pronuncia o discurso. Outra ferramenta de exclusão é a separação e a rejeição3 3 Um exemplo de como se constituem discursivamente a separação e a rejeição percebe-se na história da loucura. A palavra dos loucos sempre teve de ser excluída. . O discurso é então o lugar em que se exerce o poder de separação dos elementos e sujeitos que devem ser excluidos da sociedade: quem pronuncia o discurso, o faz, separando. A terceira forma que o discurso exclui, segundo Foucault (2008)FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Traducao por Laura Fraga de Almeida Sampaio.17aEd. Sao Paulo: Loyola, 2008., é através daquilo que ele chama de vontade da verdade: o discurso define o verdadeiro em oposição ao falso, sendo o verdadeiro instituido no poder do discurso. O que foge ao poder e ao discurso é excluido em prol da manutenção do poder. Quem se põe em choque com a dimensão discursiva vai ser excluido e segregado como um herege, uma vez que fala ou formula enunciados inassimiláveis aos padrões do discurso enquanto vontade da verdade. O herege, que desafia o discurso oficial, deverá ter sua fala interditada e será excluido do seu grupo social.

Os elementos expostos por Foucault (2008)FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Traducao por Laura Fraga de Almeida Sampaio.17aEd. Sao Paulo: Loyola, 2008., que descrevemos acima, têm relevância para nossa análise dos tweets e posts publicados pelos perfis @tribunadonorte e @BlogdoBG e que contribuiram na construção dos sentidos acerca do Protesto dos Pintas, uma vez que podemos perceber em diversas dessas manifestações de exclusão por meio do discurso expresso - interdição do direito de se expressar em um protesto e exclusão dos "pintas", caracterizando a rejeição a seu protesto, além das afirmações peremptórias de uma pretensa "verdade" acerca dos sujeitos e dos eventos.

Em primeiro lugar, destaquemos as publicações que manifestam o poder de fala dos que atribuem o sentido do #ProtestodosPintas em detrimento de seus próprios participantes e realizadores. Desse modo, percebe-se que nos hubs analisados é de poucos o poder de fala - em geral da policia ou criticos do movimento.

O poder, nesses textos, pertence a forças policiais e ao discurso que se coloca em oposição ao #ProtestodosPintas. Isso também se evidencia ao destacarmos que protestar é, por sua vez, a expressão de uma fala. Quem protesta ou o faz porque pode falar ou para que tenha o poder de falar. Assim, a repressão do protesto assim como falas que defendam tal repressão manifestam iniciativas de tentativa de interdição da expressão dos "pintas" - para tais sujeitos que se colocaram contra o #ProtestodosPintas, os Pintas não têm nem podem ter o poder da fala.

É o que afirma, por exemplo, o perfil @anasiqr: "Protesto virou moda, até 'os pinta'. Já pensou". Já o perfil @patriciaaraujo desqualifica o direito de protesto ao denominá-lo de "Protesto de imbecis!". O perfil @joaoantonioadv e o perfil @FabioJBrito expressaram-se de maneira semelhante, afirmando que o Protesto "era o que faltava", frase que denota um sentido de desaprovação e surpresa, semelhante ao «Só em Natal", de @lima_bielah. Por sua vez, o perfil @_acgadelha expressou-se afirmando que "esse povo não tem o q fazer!!!»»

Alguns perfis que se manifestaram no Twitter defenderam ainda mais explicitamente a repressão contra o direito de fala dos Pintas expresso no protesto:

@renato_natal: "@tribunadonorte: 'Protesto dos Pinta' acaba em confusão no Midway http://tribuna.me/n87mu "cacete neles

@siddjohn: "@BlogdoBG: Protesto dos "pintas" é convocado para o próximo sábado: http://migre.me/h8lX8 " querendo, já pode convocar o BOPE

@MouraNino: A Policia vai agir ou vai se esconder?Ação pfv.» @BlogdoBG:Protesto dos "pintas" é convocado para o próximo sábado: http://migre.me/h8lX8 "

@matheusmanieri: ALÔ PULIÇA RT «@BlogdoBG: FOTO: "PINTAS" convocam para manifesto sobre direito de acesso ao Midway Mall http://migre.me/h5EBT "

@aldoclemente: "@BlogdoBG: Protesto dos "pintas" é convocado para o próximo sábado: http://migre.me/h8lX8 " quero ver a ação enérgica da PM!

@CyroRobson: "@BlogdoBG: NOITE DE TERROR: Protesto dos "Pintas" causa tumulto e pânico no Midway: http://ow.ly/rZaCi "falta de peia nesses fuleiros!!!

@origenesm: Ahhh uma surra "@BlogdoBG: NOITE DE TERROR: Protesto dos "Pintas" causa tumulto e pânico no Midway: http://ow.ly/rZaWg "

@MsilvaPEP: Pêia "@BlogdoBG: NOITE DE TERROR: Protesto dos "Pintas" causa tumulto e pânico no Midway: http://ow.ly/rZaWg "

@heribezerra1: "E A POLiCIA ? Rt BlogdoBG NOITE DE TERROR: Protesto dos «Pintas» causa tumulto e pânico no Midway: http://ow.ly/rZaCi

Destaca-se que, à exceção da interação do perfil @renato_natal com o perfil @tribunadonorte, um dos hubs da rede analisada, as demais manifestações com pedidos de intervenção da policia (violenta ou não) se deram na interação com o outro hub da rede, o perfil @BlogdoBG. Recuperando o que dissemos anteriormente, a partir de Mizruchi (2006)MIZRUCHI, M. S."Análise de redes sociais: avanços recentes e controvérsias atuais». Revista de Administração de Empresas, v.46, n. 3, jul/set, 2006., a identidade de posicionamentos politicos e ideológicos nas redes sociais pode explicar tal situação, aduzindo que as manifestações do perfil @BlogdoBG se aproximam das construções discursivas que mais criminalizam e promovem violentamente a repressão ao poder de fala dos manifestantes - em nenhum dos textos apontados em suas publicações no Twitter há falas de organizadores ou participantes do #ProtestodosPintas. Isso ainda se torna mais evidente pelo uso das expressões "NOITE DE TERROR" (em caixa alta), "tumulto" e "pânico", reforçando a intenção de desqualificar o protesto e construindo um sentido amplamente negativo ao pleito, em torno do quê se organizam na rede os perfis com discursos mais repressivos, conforme destacados acima.

Protestos sempre são considerados uma afronta por uma parcela da sociedade que se filia a um discurso que os vê como confusão ou baderna. No entanto, nesse caso, as manifestações vão ainda mais longe nessa questão por, na verdade, exporem a tese de que aos "pintas", parcela marginalizada no imaginário social de determinado campo social, não deve ser concedido o direito de expressão nem o poder de fala na forma de um protesto. Há, aparentemente, um elemento de preconceito de classe e raça desvelado nessa expressão - uma forma de estranhamento e nojo (MILLER, 1997MILLER, W. I. The anatomy of disgust. Cambridge: Harvard University Press, 1997.).

Estas ponderações nos conduzem a uma proposta analitica com base em Charaudeau (2006, p.41)CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias. Traducao por Angela S. M. Corrêa. Sao Paulo: Contexto, 2006 que compreende que a construção de sentido se dá através de dois processos que ele chama de transformação e de transação. O processo de transformação sinaliza a passagem do "mundo a significar" em "mundo significado". Esse processo aponta para operações de linguagem que fazem com que acontecimentos cotidianos possam ser transformados em informações. É a transformação do elemento da realidade social em noticia. Esse processo é analisado por Charaudeau (2006, p.41)CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias. Traducao por Angela S. M. Corrêa. Sao Paulo: Contexto, 2006 em cinco etapas.

A primeira delas é a identificação dos seres do mundo, nomeando-os. Nomear é um ato de poder e controle sobre o objeto nomeado. A palavra e a nomeação se fundamentam em uma relação arbitrária que, no campo do discurso, é essencial para a organização dos sentidos - é preciso identificar as coisas do mundo, vinculando-lhes as representações das palavras.

No caso do discurso da informação, a nomeação é parte do processo de identificação do mundo a significar no mundo significado. Ela se traduz pela descrição dos fatos a serem transformados em noticia, ou seja, sua identificação - de objetos, fatos e personagens.

Desse modo, não é à toa que o #ProtestodosPintas é nomeado como "noite de terror", "tumulto", "pânico"", "confusão", "protesto de imbecis", entre outras expressões. É preciso dar nome e só pode dar nome ao protesto quem tem o poder de falar. Ao nomear, os usuários da rede, assim como seus hubs, sustentam o devido lugar que cabe aos "pintas" e à sua manifestação. Tendo o poder de significar os eventos, qualifica-os de acordo com seus interesses interditando o direito de protesto e construindo um sentido negativo a seu respeito. Tal processo de transformação discursiva, segundo Charaudeau (2006, p.41)CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias. Traducao por Angela S. M. Corrêa. Sao Paulo: Contexto, 2006, é a qualificação das coisas nomeadas. Não basta nomear os objetos, citar os fatos e personagens. No fluxo de construção das informações e noticias esses elementos necessitam ser qualificados - provavelmente, a instância da construção e da operação discursiva em que as intenções e ideologias dos sujeitos que arregimentam o discurso são melhor expressas. A qualificação não é uma simples adjetivação dos sujeitos e das coisas - ela implica uma opinião, carregada de ideologia e intenção, constituindo-se em um dos elementos de enquadramento das informações e das noticias.

Em seguida, entram os elementos discursivos de narração propriamente dita.Trata-se de uma descrição das ações, nas quais se engajam os sujeitos e as coisas que foram consideradas no discurso, que Charaudeau (2006, p.41)CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias. Traducao por Angela S. M. Corrêa. Sao Paulo: Contexto, 2006 resume como sendo o fornecimento das razões e motivos das ações descritas. A narrativa acerca do #ProtestodosPintas, por exemplo, traduz uma "noite de terror": "Protesto dos 'Pintas' causa tumulto e pânico no Midway". Se é um "protesto de imbecis", um "tumulto", a narrativa do evento deve prescindir de relatos sobre possiveis violências policiais e centrar suas observações sobre "arrastões", "lojas fechadas", "pânico". No perfil @BlogdoBG não encontramos quaisquer referências, por exemplo, a relatos de violência policial - a não ser em interações que, na verdade, solicitavam a ação violenta da policia ("cacete neles", "querendo, já pode convocar o BOPE", por exemplo)4 4 Outras noções apresentadas por Charaudeau (2006), como a modalização, não serão abordadas aqui uma vez que não se aplicam à análise de nosso corpus. .

Tais sentidos negativos acerca do protesto foram sedimentados a partir do processo de transação, conforme descrito por Charaudeau (2006)CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias. Traducao por Angela S. M. Corrêa. Sao Paulo: Contexto, 2006. A construção de sentidos acerca dos eventos em torno do #ProtestodosPintas, a nossa análise demonstra, resulta, além das publicações no twitter, da interação entre sujeitos agentes na rede, seus emissores e receptores que intercambiam posições diante de um discurso. O sentido, desse modo, é resultado de um discurso que se realiza em uma relação social, o que é evidente em nosso caso. É na relação que os sentidos se constroem.

A percepção contrária ao #ProtestodosPintas manifesta na rede que analisamos é, portanto, resultado de um complexo jogo em que se relacionam os posicionamentos ideológicos dos usuários que interagem e dos hubs da rede, enunciados constituidos a partir de uma perspectiva que visa interditar os discursos e as manifestações dos "pintas" e, consolidando tudo isso, a própria constituição da rede e de suas interações que, por fim, estabelece e sedimenta uma visão amplamente contrária ao #ProtestodosPintas e, mais que isso, ao poder de fala e ao direito de manifestação de tais sujeitos.

Considerações finais

Nossa análise destacou como o funcionamento da rede analisada, as manifestações dos sujeitos e as suas interações serviram, prioritariamente, para a construção de uma perspectiva negativa do evento do #ProtestodosPintas, representando os sentidos discursivos das representações a respeito desse grupo nas midias tradicionais - a rede funcionou, em outras palavras, para reforçar o estranhamento, o nojo, o preconceito e a visão negativa acerca dos Pintas e seu protesto.

O trabalho também evidenciou como interagiram e influenciaram, como hubs, os perfis @tribunadonorte e @BlogdoBG, ainda que este último tenha uma inserção muito mais intensa no twitter enquanto o primeiro atua a fim de conduzir leitores para o seu site.

Foucault muito nos disse sobre a forma de historicizar o mundo de forma critica e continua. Somos nós que construimos os discursos e as narrativas. As próprias descrições dos pesquisadores são puras interpretações de documentos. Os resultados de pesquisa são construidos a partir, não apenas dos fatos da realidade objetiva, mas sim, e principalmente, da interpretação social dos fatos.

  • 1
    São conhecidos como “pintas” em Natal os jovens negros de periferia, normalmente reconhecidos por um ethos que inclui uma vestimenta característica, gosto musical, adereços e modo de andar e dançar, correspondendo ao que, em outras cidades brasileiras, como maloqueiros (em São Paulo), ou pirangueiros (em Fortaleza), entre outros. O termo surgiu na cena natalense como caracterização do jovem descolado nos anos de 1970.
  • 2
    Dentre os doze tweets coletados, seis foram repetidos. Para os fins de nossa pesquisa tais publicações serão consideradas apenas uma vez, ainda que indiquemos a quantidade de repetições em tabela a seguir.
  • 3
    Um exemplo de como se constituem discursivamente a separação e a rejeição percebe-se na história da loucura. A palavra dos loucos sempre teve de ser excluída.
  • 4
    Outras noções apresentadas por Charaudeau (2006), como a modalização, não serão abordadas aqui uma vez que não se aplicam à análise de nosso corpus.

Referências

  • CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias Traducao por Angela S. M. Corrêa. Sao Paulo: Contexto, 2006
  • FAUSTO NETO, A. "Fragmentos de uma analítica da midiatização". In: Matrizes, v.1, n.2, p. 89-105, abr. 2008.
  • FOUCAULT, M. A ordem do discurso Traducao por Laura Fraga de Almeida Sampaio.17aEd. Sao Paulo: Loyola, 2008.
  • GEPHI. Graph Visualization and Manipulation: software livre. Versao Gephi 0.8.2 201210100934. França: Gephi.org, 2014. Disponível em: <www.https://gephi.org/>. Acesso em: 31 jan. 2014.
    » www.https://gephi.org/
  • MELO, I. D. ; SILVA, L. A. L. F.; SARMENTO, R. A. V.; FERNANDES, V S. Análise de Redes Sociais. Disponível em: http://www.nigam.info/docs/pesquisa/artigo1.pdf, acessado em 03 fev 2014.
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  • MILLER, W. I. The anatomy of disgust Cambridge: Harvard University Press, 1997.
  • MIZRUCHI, M. S."Análise de redes sociais: avanços recentes e controvérsias atuais». Revista de Administração de Empresas, v.46, n. 3, jul/set, 2006.
  • RECUERO, R. Redes sociais na Internet: Considerações iniciais. E Compós, v. 2, 2005.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2015

Histórico

  • Recebido
    Set 2014
  • Aceito
    Maio 2015
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