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Topofobia e topofilia em “A Terra”, de “Os Sertões”: uma análise ecocrítica do espaço Sertanejo Euclidiano

Topophobia and topophilia in ”The Land” of “Os Sertões”: Analysis ecocriticism of space Sertanejo Euclideano

Resumos

Em 1902, o jornalista Euclides da Cunha publicou a obra Os Sertões que, além de iniciar o Pré-Modernismo brasileiro, colocou em evidência o sertão baiano, a partir da retratação da Guerra de Canudos. Este trabalho volta-se ao capítulo “A Terra” do livro euclidiano, com o objetivo de analisar, à luz do método de análise do discurso e da perspectiva ecocrítica - que concerne às imbricações entre a literatura e a ecologia -, a visão que o autor traça entre os sertanejos e o sertão, bem como o seu próprio sentimento com relação a esse espaço, tendo em vista os conceitos de topofobia – aversão ao ambiente físico - e topofilia – familiaridade ou apego, propostos pelo geógrafo chinês Yi-Fu Tuan e referentes à geografia humanista. Assim, os discursos presentes na narrativa demonstram a predominância do sentimento de aversão e horror à Caatinga no que diz respeito à subjetividade do escritor e o oikos referenciado por ele.

Literatura; Ecologia; Geografia Humanista


In 1902, the journalist Euclides da Cunha published the work Os Sertões which, starting Pre-Brazilian Modernism and enhance Bahia´s backlands from the Canudos War. We analyze the chapter “The Earth” of the Euclidean book, in order to examine the discourse method analysis and the ecocriticism perspective - which concerns the interactions between literature and ecology - the author approaches between the backwoods and wilderness, and his own feelings regarding this space, considering topophobia concepts - aversion to physical environment and topophilia - familiarity or attachment, proposed by the chinese geographer Yi-Fu Tuan and related humanistic geography. Thus, the present discourse in the narrative demonstrate predominance of dislikes and horror feelings for the caatinga, regarding the subjectivity of the writer and oikos referenced by him.

Literature; Ecology; Humanistic Geography


INTRODUÇÃO

Em 1866, conforme apresentam Lago e Pádua (2006), o biólogo alemão Ernest Haeckel propôs a criação de uma disciplina científica, ligada à biologia, que teria por função estudar as relações entre as espécies animais e o seu ambiente, tanto orgânico quanto inorgânico. A palavra grega oikos, que significa casa, foi utilizada para nomear essa ciência emergente, classificada como ecologia, ou, ciência da casa. Sabe-se que o termo, nos dias atuais, é utilizado para além do campo biológico. Fala-se em ecologia natural ou ambiental, mais próxima dos conceitos haeckelianos, mas também em ecologia profunda, ecologia social e ecologia mental ou das subjetividades, sendo essas duas últimas defendidas por Félix Guattari (2005)GUATTARI, Félix. As Três Ecologias. São Paulo: Papirus, 2005. 56 p., juntamente com a ambiental, em seu livro As Três Ecologias.

Nessa perspectiva de discursos que levam em consideração os seres e o ambiente em que vivem, sobretudo, diante dos problemas ambientais resultantes de uma estrutura social e econômica opressora, no que tange às questões ecológicas, em 1978, pela primeira vez, falou-se em ecocrítica, fazendo-se menção a um fenômeno que sempre existiu na produção cultural e artística: a relação da arte com a natureza, o ambiente, a ecologia. O precursor na citação desse termo, de acordo com Branch (1994)BRANCH, Michael P. Defining Ecocritical Theory And Practice. 1994. Disponível em: http://www.asle.org/site/resources/ecocritical-library/intro/defining/. Acesso em 05 de julho de 2012.
http://www.asle.org/site/resources/ecocr...
, foi o norte-americano William Rueckert (1996)RUECKERT, Willian. Literature and ecology: un experiment in Ecocriticism. In: GLOTFELTY, Cheryll & FROMM, Harold (eds). The ecocristicism reader: landmarks in literary ecology. Athens / London: The Univ. of Georgia Press, 1996. p.105-23., que afirmou ser a ecocrítica a aplicação de conceitos ecológicos ao estudo da arte literária. Todavia, ele só passou a ser efetivamente considerado a partir de 1989, quando Cheryll Glotfelty, participando do Encontro da Associação de Literatura do Oeste dos Estados Unidos, fez referência à expressão e, mais que isso, incitou o seu uso no campo crítico. Nas palavras de Glotfelty (1996)GLOTFELTY, Cheryll. Introduction-literary studies in an age of environmental crisis. In: GLOTFELTY, Cheryll & FROMM, Harold (eds). The ecocristicism reader: landmarks in literary ecology. Athens / London: The Univ. of Georgia Press, 1996. p. XV-XXXVII.:

“Dito em termos simples, a ecocrítica é o estudo da relação entre a literatura e o ambiente físico. Assim como a crítica feminista examina a língua e a literatura de um ponto de vista consciente dos gêneros, e a crítica marxista traz para sua interpretação dos textos uma consciência dos modos de produção e das classes econômicas, a ecocrítica adota uma abordagem dos estudos literários centrados na Terra” (GLOTFELTY, 1996GLOTFELTY, Cheryll. Introduction-literary studies in an age of environmental crisis. In: GLOTFELTY, Cheryll & FROMM, Harold (eds). The ecocristicism reader: landmarks in literary ecology. Athens / London: The Univ. of Georgia Press, 1996. p. XV-XXXVII., p. XIX).

Garrard (2006)GARRARD, Greg. Ecocrítica. Brasília: Editora da Universidade de Brasília: 2006.292 p., por sua vez, afirma que a ecocrítica sugere estudos interdisciplinares. E isso Boff (2008, p. 26) ratifica quando afirma que “a tese básica de uma visão ecológica da natureza reza: tudo se relaciona com tudo em todos os pontos”. Preocupada com a discussão ecológica imbricada à arte e cultura, a ecocrítica, então, relaciona-se com a literatura, história, biologia e geografia, citando apenas algumas no vasto campo de inter-relações dos saberes. Nessa discussão, insere-se uma corrente da esfera geográfica intitulada geografia humanista, cujo foco se volta aos comportamentos e relações entre o humano e o lugar habitado. Conforme um dos estudiosos a quem é atribuído a origem do termo, Yi-Fu Tuan (1982TUAN, Yi-Fu.. Geografia Humanista. In: CRISTOFOLETI, Antonio. (org.) Perspectivas da Geografia. São Paulo: DIFEL 1982., p. 143), a geografia humanista “procura um entendimento do mundo humano através do estudo das relações das pessoas com a natureza, do seu comportamento geográfico, bem como dos seus sentimentos e ideias a respeito do espaço e do lugar [...]”.

São os sentimentos, portanto, voltados ao meio, que definem a existência de dois termos pertencentes ao campo da geografia humanista, ambos levantados por Yi-Fu Tuan: topofilia, que diz respeito à familiaridade, apego ao lugar - já que topo denota lugar e filia concerne à filiação -, e topofobia, que representa o inverso, tendo em vista que o radical fobia remete à aversão, tornando-se o lugar do medo, da repugnância. A familiaridade, nesse sentido, “engendra afeição ou desprezo”, como pontua Tuan (1980TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente (trad.) Lívia de Oliveira. São Paulo: DIFEL, 1980.288 p., p. 114).

Logo, os estudos de Tuan (1980)TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente (trad.) Lívia de Oliveira. São Paulo: DIFEL, 1980.288 p., centrados no lugar, revelam que há tanto o apego quanto o horror, no que tange ao trinômio seres humanos-lugar-natureza. Todavia, não é só na conjectura social que esses conceitos se manifestam; na arte, topofilia e topofobia podem bem se apresentar. Isso, porque o objeto literário, cuja narrativa situa-se no tempo – seja ele cronológico ou psicológico - e espaço – que pode ser físico, social ou histórico - não existe sem a personagem de ficção, e essa, por sua vez, tem a vida “traçada conforme uma certa duração temporal, referida a determinadas condições de ambiente”, na visão de Antônio Candido (2009CANDIDO, Antonio et al. A Personagem de Ficção. São Paulo: Perspectiva, 2009. 119 p., p. 53).

Em Os Sertões, do jornalista e escritor Euclides da Cunha, são apresentados “O Homem”, “A Terra” e “A Luta”, em três capítulos assim nomeados. Referem-se, pois, ao sertanejo, ao sertão nordestino e à guerra de Canudos, ocorrida no antigo Povoado de Santo Antônio dos Canudos, em Belo Monte, Bahia, sob o protagonismo do Exército Brasileiro, no embate com um grupo messiânico, de mais de cinco mil pessoas, liderado por Antonio Conselheiro, um fanático religioso contrariamente classificado como profeta e louco.

O período era de instauração da República, e Conselheiro, com os seus seguidores, reagia contra o momento conturbado de derrocada da monarquia e da separação da Igreja e do Estado. Embora o Arraial de Canudos se tratasse de uma organização social primitiva, formada por mestiços de negros, índios e brancos, longe da raça superior do progresso, conforme Nina Rodrigues (1939)NINA RODRIGUES, R. A loucura epidêmica de Canudos. In: RAMOS, A. (org.) As coletividades anormais. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1939. p. 50-77., os poderes se sentiram profundamente incomodados, até porque o beato e os seus seguidores se recusavam a pagar os impostos e a aceitar as imposições do governo republicano.

O engenheiro militar e correspondente do “O Estado de São Paulo”, Euclides da Cunha, chegou ao sertão baiano em 1897, no momento do estopim da Guerra, que havia se iniciado em 1896. Bosi (2006)BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 43. ed. São Paulo: Cultrix, 2006. 528 p. apresenta esse momento ao afirmar:

Em 1897 colabora de novo para O Estado: entre outras coisas, um artigo sobre Anchieta e comentários sobre os fatos de Canudos, que interpretava então como uma revolta insuflada por monarquistas renitentes (“A Nossa Vendéia”). O jornal manda-o como correspondente para acompanhar as operações que o Exército iria executar na região para destruir o “foco”. Euclides lá permanece, de agosto a outubro de 1897; de volta, põe-se a escrever Os Sertões, primeiro na fazendo do pai, em Descalvado, depois em S. José Rio Pardo (1898-1901) para onde fora incumbido de reconstruir uma ponte. O livro, que sai em novembro de 1902, alcança repercussão nacional: Euclides é aclamado membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro eleito para a Academia Brasileira de Letras (1903) (BOSI, 2006BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 43. ed. São Paulo: Cultrix, 2006. 528 p., p. 307).

Apropriando-se dos termos de Abreu (1998)ABREU, Regina. O livro que abalou o Brasil: a consagração de Os Sertões na virada do século. Rio de Janeiro. Hist. cienc. saude – Manguinhos, vol.5, p. 80, jul./ ago1998. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59701998000400006, Euclides da Cunha foi o autor do livro que abalou o Brasil. Os principais responsáveis por tal sucesso foram, basicamente, os críticos da chamada “trindade crítica do realismo”, sendo eles: José Veríssimo, Araripe Júnior e Sílvio Romero. Para Araripe, particularmente, “Os Sertões iam além em seu relato científico, incorporando também a emoção e a sensibilidade. Seu autor emergia como um misto de cientista e poeta” (ABREU, 1998ABREU, Regina. O livro que abalou o Brasil: a consagração de Os Sertões na virada do século. Rio de Janeiro. Hist. cienc. saude – Manguinhos, vol.5, p. 80, jul./ ago1998. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59701998000400006, p 8). Era a junção entre ciência e literatura que impressionava. À escrita de Euclides da Cunha foram incorporadas classificações como barroco científico, tendo em vista construções contrastantes do tipo “Hércules-Quasímodo” (CUNHA, 2009CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Ediouro, 2009. 544 p., p. 114), utilizado como uma das definições do sertanejo.

O motivo do abalo, entretanto, ultrapassa as questões estilísticas e estruturais. O contexto que perpassa a produção de Os Sertões é o da cientificidade na literatura. Euclides da cunha era um engenheiro militar que passou cinco anos, após ter verificado, in loco, a Campanha de Canudos, para publicar o livro em questão. A guerra findou em 1897, mas ele só veio a publicá-lo em 1902, pela Editora Laemmert, iniciando, assim, um novo período da história literária brasileira. Esse intervalo foi preenchido com a imersão em estudos geográficos, geológicos, botânicos e sociológicos, citando apenas algumas áreas do conhecimento abarcadas pela obra. Euclides vai além dos seus contemporâneos que se arriscaram a pautar a guerra. Ele não apenas reportou o massacre ocorrido, antes, tratou da sua genealogia. Para chegar à Luta, antecedeu a descrição da Terra e do Homem, os quais envolviam o conflito.

É digno de nota que o Brasil, nesse período, estava tomado pelo ideal civilizatório. Dessa maneira, a comparação entre sociedades primitivas e sociedades progressistas era prática comum (KUMAR, 1987KUMAR, Krishan. Utopia e Anti-Utopia in Modern Times. Oxford: Brasil Blackwell. Cambridge MA, 1987. 99p., p. 49). Ao desvendar as formas de vida e o arquétipo do sertanejo, Euclides revelava uma parte do país tomada pela selvageria, a rusticidade extrema, o que se contrapunha ao padrão europeu de civilização almejado na época. Abreu (1998ABREU, Regina. O livro que abalou o Brasil: a consagração de Os Sertões na virada do século. Rio de Janeiro. Hist. cienc. saude – Manguinhos, vol.5, p. 80, jul./ ago1998. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59701998000400006, p. 5) informa que “os relatos da época são unânimes em apontar o total desconhecimento em que vivia a população do litoral com relação ao interior do Brasil que continuava pouco habitado”. Além disso, os instrumentos comunicativos do período eram precários e não havia mapas de qualidade que descrevessem os rios, a geologia, o relevo, a flora e, menos ainda, as características dos habitantes. Foi isso que Euclides fez em Os Sertões. Ele desbravou a parte incivilizada, contraposta ao litoral sob o título de interior, o que lhe rendeu o direito a membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, deixando o questionamento: Euclides estava estimulado apenas pelo desejo de escrever e fomentar reflexões sobre uma forma de vida alternativa aos grandes centros urbanos, “civilizados”, ou motivado pelas ideias do “Darwinismo Social Europeu”, caracterizando o sertão nordestino como uma paisagem e sistema social “primitivos”? (HERBST, 1962).

Antes de tudo, o Pré-Modernismo, preconizado pelo livro-reportagem ou romance documental de Euclides, é um momento de transição, que promove uma ruptura no percurso literário brasileiro, o qual, até então, não havia se preocupado em apresentar o Brasil desconhecido, suburbano e interiorizado. Todavia, embora Os Sertões traga a denúncia das mazelas sociais para o campo das letras literárias, ele abriga, ainda, o determinismo das obras naturalistas, que, seguindo os postulados do francês Hippolyte Adolphe Taine, um dos principais representantes do Positivismo no século XX, situa os seres humanos como determinados por três fatores: o meio ambiente, a raça e o momento histórico. O meio apresentado por Euclides é uma “terra ignota, de natureza torturada” (CUNHA, 2009CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Ediouro, 2009. 544 p., p. 29), a raça, na realidade, é uma “sub-raça” e o momento histórico é de guerra, carnificina. Com isso, infere-se que o autor, homem da civilização, que, enquanto engenheiro militar construiu pontes, estradas e outras construções cunhadas no progresso, traça um interior que contradiz o desenvolvimento norteador da época, tornando-o avesso à habitação.

MATERIAL E MÉTODOS

Diante desses elementos contextuais, o presente estudo centrou-se no capítulo A Terra, da obra Os Sertões (1902), por julgar que ela melhor apresenta a existência de sentimentos de topofobia e topofilia na relação entre os seres humanos e o lugar, entretanto, partindo da hipótese de que o discurso topofóbico sobressai-se em comparação ao topofílico. Para tanto, e tendo em vista as determinações das condições de produção em que Euclides estava imerso, a metodologia empregada foi a Análise do Discurso, que, na visão de Orlandi (2012)ORLANDI, Eni Pulccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas. SP. Pontes/UNICAMP, 2012., fundamenta-se nos fatores histórico-sociais que envolveram a produção do discurso e também os sentidos implícitos e explícitos do texto. As condições de produção em que a obra foi escrita e o contexto histórico-social do país são fatores bastante relevantes para a análise deste trabalho, pois é através dessas ferramentas que será realizada a análise do discurso. Outros conceitos teóricos fizeram parte desta análise, como “o sujeito que fala no texto”. No entanto, serão ressaltadas, também, as condições de produção por se tratar de uma obra de cunho jornalístico, a qual é intrínseca à realidade histórica.

A análise do discurso procura o que funciona como verdade no discurso do autor através das considerações de suas condições de produção, as quais compreendem, principalmente, o sujeito e a situação (contexto imediato e contexto amplo). O que está no passado, o que remete a discursos anteriores (memória) também faz parte da produção do discurso, como pontua Orlandi (2012)ORLANDI, Eni Pulccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas. SP. Pontes/UNICAMP, 2012., já que “é a memória discursiva, o saber discursivo que torna possível todo dizer e que retorna sob a forma do “pré-construído” (ORLANDI, 1999, p. 31). Para compor as condições de produção, no que diz respeito ao sujeito que fala – Euclides da Cunha – e a situação, foi realizada pesquisa bibliográfica relacionada ao autor e ao período histórico em questão, bem como considerada a ideologia inextrincável ao discurso produzido pelo sujeito que fala no texto.

A GEOGRAFIA HUMANISTA EM “A TERRA”, DE “OS SERTÕES”

Como se fosse um geógrafo a descrever uma região descoberta, Euclides da Cunha inicia o capítulo “A Terra”, de Os Sertões, com os dizeres: “E o fácies daquele sertão inóspito vai-se esboçando, lenta e impressionadoramente... (CUNHA, 2009CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Ediouro, 2009. 544 p., p.30). Logo adiante, completa, com o seu observar taxativo:

Intercorrem ainda paragens menos estéreis, e nos trechos em que se operou a decomposição in situ do granito, originando algumas manchas argilosas, as copas virentes dos ouricurizeiros circuitam – parentes breves abertos na aridez geral – as bordas das ipueiras. Estas lagoas mortas, segundo a bela etimologia indígena, demarcam obrigatória escala ao caminhante. Associando-se às cacimbas e caldeirões, em que se abre a pedra, são-lhe recurso único na viagem penosíssima. Verdadeiros oásis, têm, contudo, não raro, um aspecto lúgubre: localizados em depressões, entre colinas nuas, envoltas pelos mandacarus despidos e tristes, como espectros de árvores, ou num colo de chapada, recortando-se com destaque no chão poente e pardo, graças à placa verde-negra das algas unicelulares que as revestem (CUNHA, 2009CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Ediouro, 2009. 544 p., p.30).

Era um lugar desconhecido que o jornalista vislumbrava. No trecho supracitado, ele apresenta a paisagem e o relevo do litoral, do mesmo modo que a flora vigente. No entanto, as descrições são constituídas de adjetivos, a exemplo de tristes, para se reportar aos mandacarus; penosíssima, para caracterizar as viagens e mortas para se referir às lagoas. São as primeiras impressões do autor. Tais percepções, impressas na obra - as quais exigem do escritor esse tipo de posicionamento, haja vista tratar-se do jornalismo literário -, são relacionadas às palavras de Koch (2008)KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e linguagem. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2008., quando afirma: “a linguagem passa a ser encarada como forma de ação, ação sobre o mundo dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologia, caracterizando-se, portanto, pela argumentatividade” (KOCH, 2008KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e linguagem. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2008., p. 15).

No discurso de Euclides, são utilizados termos classificatórios que, mais do que caracterizar a região visitada, dão a ela uma conotação aversiva. A ideologia do homem do litoral, que tem como parâmetro o lugar de onde vem, é evidenciada, ainda, nas primeiras páginas do capítulo “O Homem”, nas quais também é expressa a visão sobre “A Terra”, quando o autor diz:

Quebra-se o encanto de ilusão belíssima. A natureza empobrece-se; despe-se das grandes matas; abdica o fastígio das montanhas; erma-se e deprime-se transmudando-se nos sertões exsicados e bárbaros, onde correm rios efêmeros e desatam-se chapadas nuas, sucedendo-se, indefinidas, formando o palco desmedido para os quadros dolorosos das secas. O contraste é empolgante. Distantes menos de cinquenta léguas, apresentam-se regiões de todo opostas, criando opostas condições à vida (CUNHA, 2009CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Ediouro, 2009. 544 p., p. 78).

No olhar descritivo de Euclides, o interior é avesso ao litoral. Ele é bárbaro e ermo. Euclides chega ao sertão com o parâmetro litorâneo, o que o faz investir na tese: “Acredita-se que a região incipiente ainda está se preparando para a vida; o líquen ainda ataca a pedra, fecundando a terra” (CUNHA, 2009CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Ediouro, 2009. 544 p., p. 36). Nesse âmbito, o litoral é o lugar da filia, enquanto o interior sertanejo nada mais é que o espaço da aversão, da fobia. E, prosseguindo nas observações e conclusões, o pré-modernista classifica a paisagem como atormentadora:

As condições estruturais da terra lá se vincularam à violência máxima dos agentes exteriores para o desenho de relevos estupendos. O regime torrencial dos climas excessivos, sobrevindo, de súbito, expôs há muito arrebatando-lhes para longe todos os elementos degradados, as séries mais antigas daqueles últimos rebentos das montanhas: todas as variedades cristalinas, e os quartzitos ásperos, e as filades e calcários em que ressalta, predominante, o aspecto atormentado das paisagens (CUNHA, 2009CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Ediouro, 2009. 544 p., p. 31-32).

Todos os elementos que compõem a paisagem têm um aspecto de desagrado ao sujeito que os descrevem. Tuan (1980TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente (trad.) Lívia de Oliveira. São Paulo: DIFEL, 1980.288 p., p. 87) lembra que “a familiaridade engendra afeição ou desprezo”. No caso de Euclides, o primeiro contanto com as terras sertanejas causou-lhe tão somente o desprezo. O sentimento que o envolveu foi de topofobia. Ainda segundo Tuan (1980TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente (trad.) Lívia de Oliveira. São Paulo: DIFEL, 1980.288 p., p. 114), “a consciência do passado é um elemento importante no amor pelo lugar”. Faltou a Euclides a ancestralidade, o elo de afetividade que só a familiaridade permite. Como o próprio Euclides afirmou: “O que escrevemos tem o traço defeituoso dessa impressão isolada, desfavorecida, ademais, por um meio contraposto à serenidade do pensamento, tolhido pelas emoções da guerra” (CUNHA, 2009CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Ediouro, 2009. 544 p., p. 41). A situação de produção da obra Os Sertões estava, portanto, tomada pelo horror da guerra, o que também influenciou na inexistência de sentimentos topofílicos por parte do escritor.

Euclides da Cunha, no entanto, não demonstrou apenas as suas impressões com relação ao lugar que avistava, ele também traçou relações entre esse espaço e os sujeitos que nele vivem. No trecho que segue, está expoente o seu impressionismo diante do bioma Caatinga, caracterizado a partir da relação com o sertanejo:

Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o com as folhas urticantes, como espinho com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante... (CUNHA, 2009CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Ediouro, 2009. 544 p., p. 51).

Para Euclides da Cunha, a Caatinga exaspera, atormenta; ela é funesta para o ser humano. O aspecto das árvores nativas é horrorizante, seco e agressivo. A vegetação é contrária à sobrevivência dos sertanejos. Nesse aspecto, o escritor revela a total ausência de ligação e afetividade para com o espaço em questão. Há o horror e o distanciamento. A flora do bioma Caatinga é classificada como algo nocivo ao olhar, como a própria cena da guerra.

A partir de descrições densas do espaço físico, Euclides da Cunha constrói uma narrativa de tese, na qual as influências do determinismo de Taine, vigente na época, tornam-se patentes, “indicando como o meio físico e a raça condicionavam os grupos sociais, e como a diferença de ritmos da evolução gerava desarmonias catastróficas”, conforme pontua Candido (2006CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. Momentos decisivos 1750-1880. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2006., p. 64). O determinismo biológico, porém, já se fazia fortemente presente no Romantismo brasileiro. Escritor sertanista que merece nota, nessa perspectiva, é Franklin Távora, autor, entre outras obras, de O Cabeleira, em que aborda o cangaço no sertão pernambucano, numa época em que o nordeste ainda não fora inventado, chamando-se Norte. Depois vieram as produções naturalistas, a exemplo de O Mulato, de Aluísio Azevedo. E toda essa abordagem regionalista ganha ainda mais ênfase com os adeptos da geração de 1930, cujo enfoque principal era o registro/denúncia do real, protagonizada por autores como Graciliano Ramos e sua Vidas Secas, bem como por Rachel de Queiroz com seu O Quinze, embora não seja o determinismo nessas obras o objetivo primevo.

Euclides da Cunha, por sua vez, não é terminantemente um naturalista como Franklin Távora, mas também não é puramente modernista como Graciliano e Rachel. Assim como Lima Barreto, Monteiro Lobato, Augusto dos Anjos, Euclides não tem a sua obra definida, justamente por ausência de clareza estética, já que ainda está preso às estruturas naturalistas ao tempo que inova pela criticidade e denúncia social. Candido (2006CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. Momentos decisivos 1750-1880. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2006., p. 140-141), então, diz: “Os sertões assinalam um fim e um começo: o fim do imperialismo literário, o começo da análise científica aplicada aos aspectos mais importantes da sociedade brasileira (no caso, as contradições contidas na diferença de cultura entre as regiões litorâneas e o interior)”.

Nesse interior, o sertanejo é determinado pelo meio asfixiante e torturador que o circunda. Fazendo uso dos termos empregados por Martius, “ecologista” que, no século XIX, foi ao sertão observar os meteoritos, Euclides afirma que esse sertão possui uma flora extravagante, sendo uma silva horrida, expressão em latim que significa “selva horrível”. Além disso, o escritor trata do clima variável e “cruel” da região, demonstrando uma abordagem apocalíptica, como denomina a ecocrítica nos discursos que denotam, conforme Garrard (2006)GARRARD, Greg. Ecocrítica. Brasília: Editora da Universidade de Brasília: 2006.292 p., o fim dos tempos: “À noite sobrevêm em fogo; a terra irradia como um sol escuro porque se sente uma dolorosa impressão de faúlhas invisíveis; mas toda a ardência reflui sobre ela, recambiada pelas nuvens” (CUNHA, 2002, p. 42-43).

O trecho, de certo, não está afirmando um “fim do mundo”, porém, o cenário de fogo e fagulhas se assemelha à destruição do espaço, da vida humana e não humana. Todavia, Santana (2004SANTANA, José Carlos Barreto de. Aspectos históricos, sociológicos, artísticos e literários de Os Sertões. Hist. cienc.saude – Manguinhos. vol.11, n.3, p. 777-784. 2004. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702004000300014, p. 3) ressalta que é possível encontrar no subcapítulo IV de “A Terra” a transição entre as épocas de seca, quando a situação no sertão é “crudelíssima”, e das chuvas, cujo ápice é descrito por Euclides: “E o sertão é um paraíso”. A esse respeito, lembra Roberto Ventura que “O escritor [Euclides da Cunha] oscila entre imagens antitéticas do paraíso e inferno, de salvação e perdição, de modo a captar o caráter tenso e contraditório da história e da natureza” (SANTANA, 2004SANTANA, José Carlos Barreto de. Aspectos históricos, sociológicos, artísticos e literários de Os Sertões. Hist. cienc.saude – Manguinhos. vol.11, n.3, p. 777-784. 2004. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702004000300014, p. 3).

Na mudança de clima e de paisagem, revelada pelo escritor, manifesta-se a topofilia, pois a flora, morta, ressuscita, e a vida do homem/mulher, nesse espaço, torna-se possível. Então, Euclides afirma que o sertão é um paraíso. Toda a narrativa e descrição barrocas da paisagem são constituídas por antíteses, sendo o paraíso e o inferno apenas uma de tantas. Se, para Tuan (1980)TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente (trad.) Lívia de Oliveira. São Paulo: DIFEL, 1980.288 p., a palavra topofilia se refere aos laços afetivos e harmoniosos entre os sujeitos e o ambiente em que vivem, a partir da chuva, é isso que ocorre entre o escritor e o lugar analisado por ele. O discurso de aversão é excluído e o de fascínio ganha ênfase.

Entretanto, o sentimento topofílico não predomina. Euclides da Cunha retoma o discurso topofóbico, afirmando que os momentos de chuva são mínimos comparados aos de seca: “Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturantes; a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora; e nas ocasiões em que os estios se ligam sem a intermitência das chuvas – o espasmo assombrador da seca” (CUNHA, 2002, p. 61).

Os termos “torturantes”, “asfixiadoras”, “espasmo” e “assombrador” destroem qualquer espécie de familiaridade e afetividade possível. Outras expressões revelam o mesmo, a exemplo de “relevos estupendos”, “natureza torturada”, “flora agonizante”, “mato doente” e “empedramento do solo”. O conteúdo, nesse caso, está dotado de palavras que causam repugnância ao lugar. Koch (2008KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e linguagem. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2008., 17) comenta que “o relacionamento do homem tanto com a natureza quanto com os seus semelhantes é mediatizado por símbolos; em outras palavras, as relações homem-natureza e homem-homem se estruturam simbolicamente”. A escrita, nesse sentido, apresenta-se como exemplo singular da materialização dessa simbologia. A autora comenta, ainda, que nenhum discurso é uma ação verbal distante da neutralidade; ele é dotado de intencionalidade. Nele, subjaz sempre uma ideologia.

No momento em que Euclides da Cunha afirma: “Ajusta-se sobre os sertões o cautério das secas; esterilizam os ares urentes, empedra-se o chão, gretando, recrestando; ruge o Nordeste sobre a terra as ramagens de espinho...” (CUNHA, 2009CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Ediouro, 2009. 544 p., p. 52), mais do que classificar, segundo as suas impressões, o clima sertanejo, ele intenta convencer, “influir sobre o comportamento do outro ou fazer com que compartilhe determinadas de suas opiniões”, como diz Koch (2008)KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e linguagem. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2008. a respeito da argumentatividade. No entanto, ele também faz aquilo que Albuquerque Júnior (2007ALBULQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. Preconceito contra a origem geográfica e de lugar: as fronteiras da discórdia. São Paulo: Cortez, 2007. 135 p., p. 123) chama de “a lógica do discurso do preconceito e da estereotipia”, tendo em vista que ignora “que no Nordeste existem muitas outras realidades, desde naturais, paisagísticas, climáticas, até muitas outras realidades sociais, étnicas, culturais, econômicas ou políticas” (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2007ALBULQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. Preconceito contra a origem geográfica e de lugar: as fronteiras da discórdia. São Paulo: Cortez, 2007. 135 p., p. 123; KUMAR, 1987KUMAR, Krishan. Utopia e Anti-Utopia in Modern Times. Oxford: Brasil Blackwell. Cambridge MA, 1987. 99p., p. 49). E, com essa ação verbal, a imagem de “selva horrível” se cristalizou.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O sertão é tanto topofóbico para Euclides da Cunha, enquanto subjetividade, quanto para os personagens constituintes da sua obra. A análise da topofilia e da topofobia, no contexto da ecocrítica, reflete as conflitantes relações entre os seres humanos, a arte e a natureza. O lugar onde se vive, isto é, o oikos, no espectro da discussão ecológica, torna-se, portanto, essencial, uma vez que são das imbricações entre o ser e o lugar que decorrem os problemas ambientais e sociais enfrentados na atualidade.

No período em que o livro Os Sertões foi produzido, eram a tensão e o abandono da região nordeste que predominavam. Consequentemente, foram visões de horror e repugnância que emergiram das linhas poéticas – e científicas - traçadas por Euclides. No caso da caatinga, especificamente, os discursos de predominância topofóbica refletiram em sentidos estereotipados e deturpadores do sertanejo e da vegetação preponderante no bioma. Assim, a aversão ao lugar, na obra literária e jornalística – já que diz respeito a um livro-reportagem -, contribuiu e contribui, equivocamente, para a promulgação de um sertão que era e que continuou “desconhecido”, tendo em vista o discurso depreciativo de termos como silva horrida para classificar o bioma Caatinga.

A partir da geografia humanista, é possível olhar para a relação ser humano - espaço/natureza com outra perspectiva: a do elo afetivo, que tanto pode existir numa vertente de familiaridade, ou topofilia, como numa de horror e aversão, ou topofobia. Não são apenas as percepções geradoras de um ou outro sentimento desses que se fazem presentes no discurso de Euclides, nele, há demonstrações de atitudes e valores referentes ao sertão. Isso comprova que a ecocrítica, enquanto responsável pelas relações entre arte e ecologia, fazendo uso da palavra, está carregada, também, de ações e reflexos que ultrapassam o campo da representatividade. O escritor tratou do clima, do relevo, da fauna e da flora, porém, o seu comportamento geográfico, do mesmo modo que os seus sentimentos e ideias relacionadas ao espaço referido, deixa influir a tese vacilante de que o sertão é o lugar ermo, torturante e impróprio à habitação.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Aug 2014

Histórico

  • Recebido
    28 Jan 2013
  • Aceito
    01 Nov 2013
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