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Sustentabilidade de Bacias Hidrográficas e Índices Compostos: Aplicação e Desafios

Resumo

A necessidade de uma gestão eficiente dos recursos hídricos ressalta a importância de estudos que tratam da sustentabilidade de bacia hidrográficas. Ao mesmo tempo, a complexidade do assunto justifica a escolha de indicadores sintéticos multidimensionais. O objetivo do artigo é discutir a avaliação da sustentabilidade de bacias hidrográficas por meio de índices compostos visando identificar pontos fortes e fracos desse instrumento estatístico. Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva, aplicada e com abordagem quantitativa. Por meio de uma revisão da literatura dos índices de sustentabilidade e de sua aplicação em bacias hidrográficas, foi selecionado um índice da sustentabilidade de bacias hidrográficas (WSI). A escolha dos quinze indicadores que o compõem foi orientada por uma dupla abordagem que associa os critérios do modelo Pressão-Estado-Resposta (PER) às dimensões do modelo Hidrologia-Ambiente-Vida-Política (Hidrology-Environment-Life-Policy ou modelo HELP da Unesco). O WSI foi aplicado para avaliar o grau de sustentabilidade das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, em dois intervalos da década de 2010. A análise dos resultados permite observar uma leve redução do valor do índice, imputável às dimensões Hidrologia e Política que registraram um retrocesso na segunda metade da década em análise. O resultado não foi pior pelo notável avanço registrado na dimensão Vida. Esta compensação de variações é um exemplo de fraqueza do índice que implicitamente se baseia no conceito de sustentabilidade fraca. Por outro lado, a seleção de indicadores orientados pela dupla abordagem demonstra-se particularmente interessante e desafiadora na busca de associar os critérios PER às dimensões da sustentabilidade bem resumidas no modelo HELP.

Palavras-chave:
Índices de sustentabilidade Indicadores; Recursos Hídricos

Abstract

The need for efficient water resources management highlights the importance of discussing the watershed sustainability issue. This is a complex subject, which justifies the choice for multidimensional indexes. The aim of this paper is to discuss the assessment of watersheds’ sustainability through composite indices to detect this statistical instrument’s strengths and weaknesses. This is a descriptive, exploratory, and quantitative research. The literature review on sustainability indices and their application in hydrographic basins guided the selection of a watershed sustainability index (WSI). The dual approach that combines the criteria of the Pressure-State-Response (PER) model with the dimensions of the Hydrology-Environment-Life-Policy model (UNESCO HELP model) guided the selection of the fifteen indicators that were chosen. The WSI was used to assess the degree of sustainability of the Piracicaba, Capivari and Jundiaí river basins during two periods in the 2010s. The analysis of the results detected a minor decrease in the index’s value, due to the Hydrology and Politics dimensions that recorded a setback in the second half of the decade under analysis. The result was not worse because of the remarkable improvement recorded in the Life dimension. This compensation is a weakness of the WSI that implicitly promotes the concept of weak sustainability. On the other hand, the selection of indicators guided by the dual approach is particularly interesting and challenging by connecting the PER criteria with the dimensions of sustainability well summarized in the HELP model.

Keywords:
Sustainability Indexes Indicators; Water Resources

INTRODUÇÃO

A gestão de recursos hídricos fundamentada e orientada por evidências atualizadas e resumidas se beneficia da disponibilidade de instrumentos estatísticos acurados e de fácil interpretação. Pela complexidade do problema é necessário dispor de índices compostos ou multidimensionais. A literatura acadêmica apresenta vários índices que tratam dos desafios da gestão da água, quais Índice de Pobreza Hídrica (SULLIVAN, 2002SULLIVAN, C. Calculating a water poverty index. World Development, v. 30, n.7, p. 1195-1210, 2002. https://doi.org/10.1016/S0305-750X(02)00035-9
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), Índice de Sustentabilidade de bacias hidrográficas (CHAVES; ALIPAZ, 2007), Pegada Hídrica (HOEKSTRA; CHAPAGAIN, 2007), entre outros.

Neste artigo apresenta-se uma revisão da literatura e uma aplicação do Índice de Sustentabilidade de bacias hidrográficas (Watershed Sustainability Index -WSI) na versão elaborada por Chaves e Alipaz em 2007. O índice escolhido se destaca por reunir dois marcos conceituais relevantes que orientam a escolha dos indicadores, os modelos PER (Pressão-Estado-Reposta) e HELP (Hidrology-Environment-Life-Policy). O índice foi aplicado às bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) em dois períodos na década de 2010.

Este artigo é o resultado de uma pesquisa orientada por duas perguntas: a) como medir e avaliar a sustentabilidade de bacias hidrográficas?; b) o instrumento escolhido atende às necessidades de informação para a gestão de recursos hídricos?

Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, com abordagem quantitativa, cuja metodologia é descrita com maior detalhe na seção 2, após a revisão da literatura sobre indicadores e índices de sustentabilidade. Na terceira seção encontram-se os resultados da avaliação da sustentabilidade das bacias PCJ. A aplicação e avaliação do índice escolhido é a oportunidade para discutir os pontos fortes e as limitações do instrumento estatístico selecionado.

REVISÃO DA LITERATURA

O modelo de desenvolvimento focado no crescimento econômico vem sendo criticado desde os anos 70 do século passado quando se constatou a impossibilidade de garantir o bem-estar econômicos para todos sem ameaçar os recursos naturais. Na reunião das Nações Unidas de 1972 em Estocolmo ressaltava-se a necessidade de mudança de paradigma de desenvolvimento pois o tradicional não garantia igualdade social nem respeito do meio ambiente. Mas foi só em 1987 que aparece no Relatório Brundtland a definição de desenvolvimento sustentável (BARBIERI, 2020BARBIERI, J.C. Desenvolvimento sustentável: das origens à Agenda 2030. Petrópolis: Vozes, 2020.).

Outros dois eventos realizados sob a égide das Nações Unidas são especialmente relevantes quando se estudam os indicadores de sustentabilidade: a Conferência de Rio de Janeiro em 1992 com a elaboração do documento “Agenda 21”, e a Reunião de Nova Iorque em 2015 com a elaboração da “Agenda 2030”.

No capítulo 40 “Informação para a tomada de decisão” da Agenda 21 é ressaltada a necessidade de melhorar a disponibilidade da informação assim como de reduzir as diferenças de acesso aos dados.

É preciso desenvolver indicadores do desenvolvimento sustentável que sirvam de base sólida para a tomada de decisões em todos os níveis e que contribuam para uma sustentabilidade autorregulada dos sistemas integrados de meio ambiente e desenvolvimento (UNCED, 1992UNCED - United Nations Conference on Environment and Development. Agenda 21. Rio de Janeiro 3-14 junho de 1992. Disponível em: https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/Agenda21.pdf. Acesso em: 15 Julho, 2021.
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, s.p.).

O reconhecimento dos indicadores como elementos fundamentais na tomada de decisão implica que eles estejam disponíveis para todos os stakeholders, permitindo uma participação ativa na formulação e no acompanhamento de ações rumo ao desenvolvimento sustentável (BARBOSA; CÂNDIDO, 2018BARBOSA, A. P. A.; CÂNDIDO, G. A. Sustentabilidade municipal e empreendimentos eólicos: uma análise comparativa de municípios com investimentos na geração de energia eólica no estado da Paraíba. Sociedade & Natureza, v. 30, n. 2, p. 68-95, 2018. https://doi.org/10.14393/SN-v30n2-2018-4
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; BELLEN, 2006BELLEN, H.M. van. Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.; MALHEIROS; COUTINHO; PHILIPPI, 2012aMALHEIROS, T.F.; COUTINHO, S.M.V.; PHILIPPI Jr, A. Desafios do uso de indicadores na avaliação da sustentabilidade. In: PHILIPPI Jr., A.; MALHEIROS, T.F. (ed.) Indicadores de sustentabilidade e gestão ambiental. Barueri, SP: Manole, 2012a. p. 1-29.; 2012cMALHEIROS, T.F.; COUTINHO, S.M.V.; PHILIPPI Jr, A. Construção de indicadores de sustentabilidade. In: PHILIPPI Jr., A.; MALHEIROS, T.F. (ed.) Indicadores de sustentabilidade e gestão ambiental. Barueri, SP: Manole, 2012c. p. 77-87.; VEIGA, 2010VEIGA, J. E. da. Indicadores de sustentabilidade. Estudos Avançados, v. 24, n. 68, p. 39-52, 2010. https://doi.org/10.1590/S0103-40142010000100006
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).

A Agenda 2030 (UN, 2015UN - United Nations. Transforming our world: The 2030 Agenda for Sustainable Development. New York: United Nations, 2015. Disponível em: https://sdgs.un.org/sites/default/files/publications/21252030%20Agenda%20for%20Sustainable%20Development%20web.pdf. Acesso em: 15 Abril, 2020.
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), por sua vez, define os 17 Objetivos de Desenvolvimentos Sustentável (ODS) que devem direcionar as ações rumo a um desenvolvimento que abrange as dimensões econômica, social, ambiental. Entre os recursos naturais, a água é um recurso essencial para a vida e para o desenvolvimento de uma sociedade, tanto em termos econômicos quantos ambientais. A sustentabilidade na gestão dos recursos hídricos implica em ações relacionadas com uso e proteção dos recursos hídricos, seguindo a legislação vigente, assim como o monitoramento dessas ações. O ODS 6 visa “Assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos”.

A formulação de políticas de desenvolvimento assim como o monitoramento dos seus resultados se beneficia de instrumentos objetivos e preferencialmente quantitativos quais os indicadores de sustentabilidade (BOULANGER, 2008BOULANGER, P.M. Sustainable development indicators: a scientific challenge, a democratic issue. Surveys and Perspectives Integrating Environment and Society, v. 1, n. 1, p. 59-73, 2008. https://doi.org/10.5194/sapiens-1-59-2008
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; 2018BOULANGER, P.M. A systems-theoretical perspective on sustainable development and indicators. In: BELL, S.; MORSE, S. (ed.) Routledge Handbook of Sustainability Indicators. London e New York: Routledge, 2018. p. 124-141. https://doi.org/10.4324/9781315561103-8
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; GUIMARÃES; FEICHAS, 2009GUIMARÃES, R. P.; FEICHAS, S. A. Q. Desafios na Construção de Indicadores de Sustentabilidade. Ambiente & Sociedade, v. XII, n. 2, p. 307-323, Jul.-Dec. 2009. https://doi.org/10.1590/S1414-753X2009000200007
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).

Um indicador pode ser definido como

... uma medida que resume informações importantes sobre determinado fenômeno. A ideia é que aquilo que está sendo efetivamente medido tenha significado maior do que simplesmente o valor associado a essa medição (MALHEIROS; COUTINHO; PHILIPPI Jr, 2012bMALHEIROS, T.F.; COUTINHO, S.M.V.; PHILIPPI Jr, A. Indicadores de sustentabilidade: uma abordagem conceitual. In: PHILIPPI Jr., A.; MALHEIROS, T.F. (ed.) Indicadores de sustentabilidade e gestão ambiental. Barueri, SP: Manole, 2012b. p. 31-76., p. 35).

Os indicadores são abstrações da realidade, podendo ser representações incompletas ou parciais dela, e são interpretados de acordo com um conjunto de hipótese que refletem os valores de quem está escolhendo os indicadores e que determinam o que deve ser medido. Portanto a escolha de indicadores é uma etapa do processo de avaliação de extrema importância pois através da informação coletada há a possibilidade de influenciar a formulação de políticas públicas já que ações são tomadas quando há diferenças entre os objetivos e o estado do sistema percebido (medido pelos indicadores) (BELL; MORSE, 2008BELL, S.; MORSE, S. Sustainability indicators: Measuring the unmeasurable? 2ª ed. London: Earthscan, 2008.; 2018BELL, S.; MORSE, S. Routledge Handbook of Sustainability Indicators. London e New York: Routledge, 2018. https://doi.org/10.4324/9781315561103
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; JANNUZZI, 2017JANNUZZI, P. de M. (2017). Indicadores sociais no Brasil. 6 ed. revisada. Campinas: Alínea.; MEADOWS, 1998MEADOWS, D. Indicators and Information Systems for Sustainable: A Report to the Balaton Group. The Sustainable Institute, 1998. Disponível em: https://www.donellameadows.org/wp-content/userfiles/IndicatorsInformation.pdf. Acesso em: 15 Junho, 2021.
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).

Nesse sentido os indicadores de sustentabilidade são instrumentos úteis na mensuração de fenômenos complexos como o desenvolvimento sustentável, facilitando o monitoramento das suas componentes econômicas, sociais e ambientais, identificando relações entre as partes e favorecendo a identificação de entraves (MAYNARD; CRUZ; GOMES, 2017MAYNARD, I. F. N.; CRUZ, M. A. S.; GOMES, L. J. Aplicação de um índice de sustentabilidade na bacia hidrográfica do rio Japaratuba em Sergipe. Ambiente & Sociedade, v. 20, n. 2, 2017. https://doi.org/10.1590/1809-4422asoc0057r1v2022017
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). A representação da realidade através de indicadores numéricos apresenta ganhos quando consegue dar visibilidade a relações de outra forma invisíveis (ROTTENBURG; MERRY, 2015ROTTENBURG, R.; MERRY, S.E. A world of indicators: the making of governmental knowledge through quantification. Cap. 1. In: ROTTENBURG, R.; MERRY, S.E.; PARK, S.J.; MUGLER, J. (Ed.) The World of Indicators: The Making of Governmental Knowledge through Quantification. Cambridge University Press, 2015. https://doi.org/10.1017/CBO9781316091265
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, p. 7-8). Por outro lado, a capacidade de síntese de fenômenos complexos pode representar uma limitação no uso de indicadores se significar uma excessiva simplificação da realidade (WITULSKI; DIAS, 2020WITULSKI, N.; DIAS, J. G. The Sustainable Society Index: Its reliability and validity. Ecological Indicators, n. 114, 106190, 2020. https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2020.106190
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).

Em resumo, indicadores que sejam instrumentos de avaliação da sustentabilidade devem permitir aferir diferentes dimensões dos complexos fenômenos sociais, ter uma boa base na teoria e ser sensíveis para capturar adequadamente as mudanças do objeto de estudo. Além de ser de fácil entendimento para comunicar os resultados também para o público não especializado. Devem também gozar da propriedade da replicabilidade, permitindo a construção de séries históricas, essenciais para o monitoramento da evolução do objeto de avaliação (CARVALHO; BARCELLOS, 2010CARVALHO, P.G.M; BARCELLOS, F.C. Mensurando a sustentabilidade. Em MAY, P. H. (org.) Economia do Meio Ambiente: Teoria e Prática. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 99-126.; GUIMARÃES; FEICHAS, 2009GUIMARÃES, R. P.; FEICHAS, S. A. Q. Desafios na Construção de Indicadores de Sustentabilidade. Ambiente & Sociedade, v. XII, n. 2, p. 307-323, Jul.-Dec. 2009. https://doi.org/10.1590/S1414-753X2009000200007
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; HARDI; ZDAN, 1997HARDI, P.; ZDAN, T. Assessing sustainable development: Principles in Practice. Winnipeg, Manitoba, Canada: International Institute for Sustainable Development, 1997.; PINTÉR et al., 2011PINTÉR, L.; HARDI, P.; MARTINUZZI, A.; HALL, J. Bellagio STAMP: Principles for sustainability assessment and measurement. Ecological Indicators, v. 17, p. 20-28, 2011. https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2011.07.001
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).

Sustentabilidade em bacias hidrográficas

Na literatura encontram-se diferentes índices que visam incluir a contribuição dos recursos hídricos no desenvolvimento sustentável. De acordo com Silva et al. (2020)SILVA, J.; FERNANDES, V.; LIMONT, M.; DZIEDZIC, M.; ANDREOLI, C. V.; RAUEN, W. B. Water sustainability assessment from the perspective of sustainable development capitals: Conceptual model and index based on literature review. Journal of Environmental Management, n. 254, 109750, 2020. http://doi.org/10.1016/j.jenvman.2019.109750
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o Índice de Sustentabilidade de bacias hidrográficas (Watershed Sustainability Index -WSI) proposto por Chaves e Alipaz é o mais usado para avaliar a sustentabilidade das bacias. A sua escolha nesta pesquisa se justifica por dois motivos: recorte espacial e visão integradora.

Com relação ao primeiro motivo, a escolha do recorte relacionado com o espaço da bacia hidrográfica se justifica pelo fato que a Lei Federal 9.433 de 1997 e a Resolução 001 de 1986 do Conselho Nacional de Meio Ambiente, que definem a política nacional brasileira dos recursos hídricos elegeram a bacia hidrográfica como a unidade territorial de planejamento.

“...[E]ntre seus objetivos destacam-se: a manutenção da quantidade e da qualidade dos diversos usos ao longo do tempo, o uso racional e integrado dos recursos hídricos visando à sustentabilidade e à prevenção de eventos hidrológicos críticos tanto de origem natural quanto devido a interferências antrópicas” (LACERDA; CÂNDIDO, 2013LACERDA, C.S.; CÂNDIDO, G.A. Modelos de indicadores de sustentabilidade para gestão de recursos hídricos. In: LIRA, W.S.; CÂNDIDO, G.A. (orgs.) Gestão sustentável dos recursos naturais: uma abordagem participativa [online]. Campinas Grande: EDUEPB, 2013. https://doi.org/10.7476/9788578792824.0001
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, p. 19).

Os Comitês de Bacias Hidrográficas são órgãos colegiados compostos por representantes do poder executivo, dos usuários de água e da sociedade civil que, entre outras atividades, são encarregados da gestão coordenada dos recursos hídricos para atender o bem-estar social e econômico e proteger o meio ambiente. Os diferentes representantes gozam de conhecimento desigual e se beneficiam de avaliações da sustentabilidade que sejam facilmente interpretáveis e replicáveis.

O segundo motivo que orientou a escolha do WSI está associado à necessidade de dispor de uma visão integrada dos meios físico, biótico e antrópico quando se definem o planejamento e a gestão de bacias hidrográficas.

Como comentado no fim da seção anterior, em presença de fenômenos complexos é preciso dispor de sistemas de informação, ou marcos ordenadores, que orientem na escolha dos indicadores (MEADOWS, 1998MEADOWS, D. Indicators and Information Systems for Sustainable: A Report to the Balaton Group. The Sustainable Institute, 1998. Disponível em: https://www.donellameadows.org/wp-content/userfiles/IndicatorsInformation.pdf. Acesso em: 15 Junho, 2021.
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). Entre estes sistemas ou marcos ordenadores que tratam da questão ambiental e do desenvolvimento sustentável propostos por Quiroga (2005)QUIROGA, R. M. Estadísticas del medio ambiente en América Latina y el Caribe: avances y perspectivas. CEPAL SERIE Manuales. Santiago de Chile, 2005. encontra-se o modelo Pressão-Estado-Resposta (PER).

A classe de modelos Pressão-Estado-Resposta tem sua origem no relatório do Instituto Oficial de Estatística do Canadá, elaborado por Rapport e Friend em 1979RAPPORT, D.; FRIEND, A. Towards a Comprehensive Framework for Environmental Statistics: A stress-response approach. Vol. 11, edição 510 de Catalogue (Statistics Canada). Ottawa: Minister of Supply and Services Canada, 1979., para elaborar um sistema de contabilidade ambiental a partir do Sistema de Estatística Ambiental Estresse - Resposta (Stress-Response Environmental Statistical System, S-RESS). Trata-se de um modelo pensado para descrever o estado do meio ambiente e os processos dinâmicos (forças estressantes) que o modificam, assim como a dinâmica das respostas. Os autores definem como Estresse-Resposta (ou Pressão-Resposta) a abordagem que examina os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente.

O modelo Pressão-Resposta inspirou algumas abordagens para a seleção de indicadores ambientais adotadas por organizações internacionais, entre as quais: o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que em 1995 elaborou a abordagem Pressão-Estado-Impacto-Resposta (PEIR) para o projeto Global Environment Outlook-Cidade (GEO-Cidade, PNUMA, 2004PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Metodologia para a elaboração de Relatórios GEO Cidades. Manual de Aplicação. Versão 2. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente Escritório Regional para a América Latina e o Caribe. Rio de Janeiro: PNUMA, 2004.); a Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável que de 1996 até 2001 utilizou o modelo Força Motriz-Estado-Resposta (UN, 2007UN - United Nations. Indicators of Sustainable Development: Guidelines and Methodologies. 3 ed., New York: United Nations, 2007. Disponível em: https://www.un.org/esa/sustdev/natlinfo/indicators/guidelines.pdf. Acesso em: 28 Fevereiro, 2021.
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); a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, 2003OECD - Organization for Economic Cooperation and Development. OECD environmental indicators: development, measurement, and use. Reference Paper. Paris, 2003. Disponível em: http://www.oecd.org/environment/indicators-modelling-outlooks/24993546.pdf. Acesso em: 13 Novembro, 2020.
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) com o modelo Pressão-Estado-Resposta (PER) e a European Environment Agency (EEA, 1999EEA - European Environment Agency. Environmental indicators: Typology and overview. Technical report n. 25, 1999.) que desenvolveu o modelo Força Motriz-Pressão-Estado-Impacto-Resposta (FPEIR).

Em síntese, a classe de modelos Pressão-Estado-Resposta sintetiza as relações de causalidade entre as ações humanas e os recursos naturais. Portanto, orienta na seleção de indicadores de Pressão, ou seja, daqueles que descrevem a influência da ação antrópica no meio ambiente. Tais atividades alteram a qualidade e quantidade de recursos naturais (medidos pelos indicadores de Estado) e provocam reações que visam a limitar os efeitos das ações humanas (resumidas pelos indicadores de Resposta).

Numa pesquisa recente das publicações disponíveis na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações foram encontrados onze trabalhos entre teses e dissertações defendidas no período 2006-2018 que aplicavam o método FPEIR nos estudos de bacias hidrográficas brasileiras (BRANCHI; FERREIRA, 2020BRANCHI, B. A.; FERREIRA, D. H. L. A contribuição do Modelo FPEIR nos estudos das bacias hidrográficas brasileiras. Periódicos Eletrônicos do Fórum da Alta Paulista, v. 16, n. 4, p. 76-86, 2020. https://doi.org/10.17271/1980082716420202442
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). Vollmer, Regan e Adelmann (2016)VOLLMER, D.; REGAN, H. M.; ANDELMAN, S. J. Assessing the sustainability of freshwater systems: A critical review of composite indicators. Ambio, v. 45, n. 7, p. 765-780, 2016. https://doi.org/10.1007/s13280-016-0792-7
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numa pesquisa bibliográfica internacional da literatura acadêmica e publicações de entidades dedicadas ao tema da gestão da água revisaram a metodologia de 95 índices. Destes, 14 se fundamentavam nos modelos PER e/ou FPEIR.

Diferentemente do modelo PER, o modelo HELP proposto pelo Programa Hidrológico Internacional (IHP) da Unesco e a World Metereological Organization (WMO) (UNESCO, 2001UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. The Design and implementation strategy of the HELP initiative. Technical documents in hydrology. Vol. 44, 2001. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000122948?posInSet=9&queryId=c2c0c4d3-5017-4465-99c3-29d6f30d6e67. Acesso em: 13 Novembro, 2020.
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). O modelo HELP, pensado especificamente para gestão integrada das bacias hidrográficas, permite identificar indicadores ligados aos temas de hidrologia (H), ambiente (environment - E), vida (life - L) e política (P). Trata-se, portanto, de um modelo mais próximos a uma visão de desenvolvimento sustentável visto como multidimensional (JUWANA et al., 2012JUWANA, I.; MUTTIL, N.; PERERA, B. J. C. Indicator-based water sustainability assessment - A review. Science of the Total Environment, n. 438, p. 357-371, 2012. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2012.08.093
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).

A aplicação conjunta dos modelos PER e HELP resulta particularmente interessante na sistematização dos indicadores de sustentabilidade, especialmente quando usados na avaliação do desenvolvimento sustentável pois este conceito é usualmente definido identificando múltiplas dimensões.

Índices de avaliação da sustentabilidade de bacias hidrográficas

Um exemplo do uso integrado do modelo HELP para classificação dos indicadores e do modelo PER na definição dos parâmetros, inspirado na metodologia proposta por Chaves e Alipaz (2007)CHAVES, H. M. L.; ALIPAZ, S. An integrated indicator based on basin hydrology, environment, life, and policy: The watershed sustainability index. Water Resources Management, v. 21, n. 5, p. 883-895, May 2007. https://doi.org/10.1007/s11269-006-9107-2
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encontra-se no Quadro 1.

Quadro 1
Exemplo de Indicadores selecionados para a avaliação da sustentabilidade de bacias hidrográficas seguindo os modelos PER e HELP

No trabalho pioneiro de Chaves e Alipaz (2007)CHAVES, H. M. L.; ALIPAZ, S. An integrated indicator based on basin hydrology, environment, life, and policy: The watershed sustainability index. Water Resources Management, v. 21, n. 5, p. 883-895, May 2007. https://doi.org/10.1007/s11269-006-9107-2
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foi avaliada a sustentabilidade da bacia hidrográfica do São Francisco Verdadeiro nos anos entre 1996 e 2000. Na opinião dos autores o índice proposto contribui no planejamento e na gestão dos recursos hídricos. Ao mesmo tempo tem potencial para direcionar a gestão dos recursos hídricos numa visão de desenvolvimento sustentável identificando os pontos de estrangulamento.

Em 2008 o WSI foi aplicado à Bacia Hidrográfica do Canal de Panamá (UNESCO, 2008UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. 2 PHI-VII / Documento Técnico N° Oficina Regional de Ciencia para América Latina y el Caribe. [S.l: s.n.], 2008. Disponível em: http://www.unesco.org.uy/phi. Acesso em: November 15, 2020.
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). Desde então esta metodologia foi aplicada em vários países, entre os quais: bacia do rio Reventázon na Costa Rica (CATANO et al., 2009CATANO, N.; MARCHAND, M.; STALEY, S.; WANG, Y. Development and Validation of the Watershed Sustainability Index (WSI) for the Watershed of the Reventazón River. 2009. Disponível em: https://web.wpi.edu/Pubs/E-project/Diposnívelem/E-project-121609-171302/unrestricted/UNESCO-COMCURE.pdf. Acesso em: 23 Outubro, 2020.
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); bacia do rio Elqui no Chile (CORTÉS et al., 2012CORTÉS, A.E.; OYARZÚN, R.; KRETSCHMER, N.; CHAVES, H.; SOTO, G.; SOTO, M.; AMÉZAGA, J.; OYARZÚN, J.; RÖTTING, T.; SEÑORET, M.; MATURANA, H. Application of the Watershed Sustainability Index to the Elqui River Basin. Obras y Proyectos, v. 12, p. 57-69, 2012. https://doi.org/10.4067/S0718-28132012000200005
https://doi.org/10.4067/S0718-2813201200...
); bacia do rio Chhattisgarh na Índia (CHANDNIHA; KANSAL; ANVESH, 2014CHANDNIHA, S. K.; KANSAL, L.; ANVESH, G. Watershed Sustainability Index Assessment of a Watershed in Chhattisgarh, India. Current World Environment, v. 9, n. 2, p. 403-411, 2014. https://doi.org/10.12944/CWE.9.2.22
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); bacia do rio Japaratuba (MAYNARD; CRUZ; GOMES, 2017MAYNARD, I. F. N.; CRUZ, M. A. S.; GOMES, L. J. Aplicação de um índice de sustentabilidade na bacia hidrográfica do rio Japaratuba em Sergipe. Ambiente & Sociedade, v. 20, n. 2, 2017. https://doi.org/10.1590/1809-4422asoc0057r1v2022017
https://doi.org/10.1590/1809-4422asoc005...
) e bacia do rio Piranha-Açu no Brasil (COSTA e SILVA et al., 2020COSTA e SILVA, D.D.; CHAVES, H. M. L.; CURI, W.F.; BARACUHY, J. G.V.; CUNHA, T. P. S. Application of the watershed sustainability index in the Piranhas-Açu watershed. Water Policy, n.22, p. 622-640, 2020. https://doi.org/10.2166/wp.2020.011
https://doi.org/10.2166/wp.2020.011...
). Trata-se então de uma metodologia que adquiriu relevância na literatura acadêmica. Em todos os artigos citados o índice de sustentabilidade foi aplicado em um único período, optando eventualmente pela comparação dos resultados de bacias diferentes. Neste artigo está sendo avaliada a sustentabilidade das bacias PCJ em dois períodos da década de 2010, visando avaliar a capacidade deste índice em monitorar a evolução da sustentabilidade ao longo do tempo.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa descritiva e explicativa, aplicada, de tipo quantitativo. Os dados usados na elaboração dos indicadores de sustentabilidade estão disponíveis bases públicas detalhadas no Quadro 2, acessíveis via internet. Por este motivo, salvo casos particulares não está sendo incluído o ano.

O índice foi aplicado às bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí ao longo de dois períodos: 2011-2015 e 2015-2019.

Para cada uma das quatro dimensões do modelo HELP foram calculados os indicadores de Pressão, Estado e Resposta. No caso da dimensão Hidrologia foram consideradas variáveis relacionadas tanto à quantidade quanto à qualidade da água. Nos Quadros 2a-2d encontram-se os indicadores, suas definições e fontes dos dados usados na avaliação da sustentabilidade nas bacias PCJ.

Quadro 2a
Hidrologia (Hidrology): Indicadores selecionados, definição e fontes dos dados
Quadro 2b
Meio Ambiente (Environment): Indicadores selecionados, definição e fontes dos dados
Quadro 2c
Vida (Life): Indicadores selecionados, definição e fontes dos dados
Quadro 2d
Política (Policy): Indicadores selecionados, definição e fontes dos dados

Os indicadores selecionados são na quase totalidade quantitativos, com exceção para o indicador de Estado relacionado à dimensão Política.

Para monitorar os elementos de Pressão e Respostas de cada dimensão, as variações dos indicadores foram calculadas nos intervalos selecionados: 2011-2015 e 2015-2019. Nos indicadores de Estado foram usados os valores relativos ao último ano do período em análise. Quando faltou a informação do ano escolhido foi selecionada aquela do ano disponível mais próximo.

Na maioria das vezes os indicadores selecionados estavam disponíveis nas fontes citadas, com pouca elaboração adicional. Mas a eficiência no uso da água foi estimada de acordo com a metodologia proposta pela Agência Nacional das Águas (ANA, 2019bANA - Agência Nacional das Águas. ODS 6 no Brasil: visão da ANA sobre os indicadores. Brasília: ANA, 2019b.) para o indicador 6.4.1. O indicador é calculado dividindo o valor adicionado bruto de um setor pelo volume de demanda hídrica de retirada do mesmo setor. Aqui foi usado a média da eficiência hídrica dos três grandes setores: agrícola, industrial e de serviços de cada município das bacias PCJ. Os valores monetários do valor adicionado foram deflacionados usando o deflator implícito do Produto Interno Bruto a preços de 2015.

Na construção do índice, todos os indicadores foram transformados em modo que aos valores observados pudesse ser atribuído um valor, entre 0 e 1 (Tabela 1). A transformação é essencial dada a heterogeneidade das unidades de medidas dos indicadores.

Tabela 1
Correspondência entre valores e escores dos indicadores selecionados

O cálculo do índice de sustentabilidade ocorre em duas etapas. Na primeira etapa são calculados os subíndices das dimensões HELP partindo dos indicadores PER de cada dimensão com a fórmula seguinte:

Subíndice i=Pi+Ei+Ri3

Onde Subíndicei = H se a dimensão é hidrologia, E se é a ambiental, L se a dimensão é vida e P se a dimensão é política.

Na segunda etapa o índice de sustentabilidade (Watershed Sustainability Index - WSI) é calculado como média aritmética dos subíndices:

WSI=H+E+L+P4

A interpretação do resultado final usada na literatura é: sustentabilidade baixa se WSI < 0,5; média se 0,5 ≤ WSI ≤ 0,8 e elevada se WSI > 0,8.

É implícita nessa metodologia a opção de substituibilidade perfeita entre os subíndices. Isso significa aceitar o conceito de sustentabilidade fraca ou de compensação entre as alterações medidas pelo subíndices, onde a redução em uma das dimensões é compensada pelo aumento na(s) outra(s) (NARDO et al., 2005NARDO, M.; SAISANA, M.; SALTELLI, A.; TARANTOLA, S.; HOFFMAN, A.; GIOVANNINI, E. Handbook on constructing composite indicators: methodology and user guide. Ispra, Italy: OECD Statistics Working Paper, 2005.).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) pertencem à bacia do rio Tietê, na região hidrográfica do rio Paraná, com uma área de aproximadamente 15mil km2, dos quais 92,5% encontram-se no estado de São Paulo e o restante em Minas Gerais (Figura 1). A área das bacias PCJ é destinada prevalentemente a: campo (25%), mata nativa (20%), cana-de-açúcar (19%) e espaço urbano (12%). Nela encontram-se 44 Unidades de Conservação das quais 25% são de proteção integral e o restante de uso sustentável (CONSÓRCIO PROFILL-RHAMA, 2020CONSÓRCIO PROFILL-RHAMA - Profill Engenharia e Ambiente S.A. e Rhama Consultoria, Pesquisa e Treinamento. Relatório Síntese - Plano de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, 2020 a 2035. Piracicaba, 2020.).

Figura 1
Localização das bacias PCJ.

Nas bacias PCJ estão localizados 76 municípios, dos quais 71 no Estado de São Paulo. Vivem nesta área aproximadamente 5,8 milhões de habitantes, com uma taxa de urbanização de 96% (CONSÓRCIO PROFILL-RHAMA, 2020CONSÓRCIO PROFILL-RHAMA - Profill Engenharia e Ambiente S.A. e Rhama Consultoria, Pesquisa e Treinamento. Relatório Síntese - Plano de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, 2020 a 2035. Piracicaba, 2020.). As principais atividades econômicas são agropecuária e indústria. Trata-se de uma área economicamente importante, responsável por 7% do PIB nacional. As condições de educação, saúde e renda são bastante elevadas, com a quase totalidade dos municípios na faixa de Desenvolvimento Humano muito alto.

Segundo o Relatório Síntese do Plano de Bacia 2020-2035, 94% da população total têm abastecimento de água, 90% têm coleta de esgoto e 83% do esgoto coletado são tratados (CONSÓRCIO PROFILL-RHAMA, 2020CONSÓRCIO PROFILL-RHAMA - Profill Engenharia e Ambiente S.A. e Rhama Consultoria, Pesquisa e Treinamento. Relatório Síntese - Plano de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, 2020 a 2035. Piracicaba, 2020.).

Sempre segundo este relatório as bacias PCJ se encontram em uma situação de estresse hídrico, com uma disponibilidade hídrica inferior aos 1000 metros cúbicos por habitante/ano. O crescimento populacional e as atividades econômicas representam fatores de pressão sobre a demanda de água e sua qualidade.

Seguindo a metodologia detalhada na seção anterior foram calculados os indicadores, os subíndices e o índice de sustentabilidade (WSI) das bacias PCJ nos dois períodos 2011-2015 e 2015-2019 (Tabelas 2 e 3).

Tabela 2
Resultados do WSI e suas componentes, Bacias PCJ, 2011-2015.
Tabela 3
Resultados do WSI e suas componentes, Bacias PCJ, 2015-2019.

O WSI das bacias PCJ permanece no nível médio de sustentabilidade ao longo da década de 2010, com uma leve melhoria no segundo período.

No primeiro período, o subíndice relacionado à dimensão social (Vida) registrou a pior contribuição à sustentabilidade das bacias PCJ. Este resultado é imputável a uma piora no Índice de responsabilidade social nos municípios da região (dimensão Resposta). A recuperação no período seguinte levou o subíndice para um nível médio. Este avanço foi em parte compensado pela variação registrada na dimensão Hidrologia, em especial nos indicadores de qualidade da água. Houve, neste sentido, um aumento da Pressão que causou uma piora da qualidade da água e uma Resposta menos intensa que na primeira metade da década em exame. O indicador de resposta é a variação na proporção de esgoto que nos anos 2015-2019 não foi tão acelerada como anteriormente.

A dimensão Política se destaca pela forte contribuição para a sustentabilidade das bacias PCJ. Vale lembrar que esta dimensão inclui indicadores de educação (dimensão Pressão), estrutura legal e institucional (Estado) e gasto com políticas de recuperação, conservação e proteção dos mananciais (Resposta). No segundo período houve uma leve redução no subíndice causada pela desaceleração do progresso educacional registrado na componente do Índice de Responsabilidade Social municipal.

A compensação observada é esperada pela adoção de uma visão de sustentabilidade fraca implícita na metodologia deste indicador, porém representa uma séria limitação quando o WSI é usado numa análise temporal de sustentabilidade. E isso é ainda mais relevante nos anos que precedem uma nova crise hídrica nessas bacias, onde a involução dos indicadores hidrológicos deveria alertar os gestores dos recursos hídricos dos problemas que estão se avolumando.

Esta limitação pode ser parcialmente superada se o valor global do WSI estiver sempre acompanhado pelos valores dos subíndice, como nas Tabelas 1 e 2 e na Figura 2. A representação gráfica se sobressai na comunicação do resultado visualizando a transformação ocorrida, indo além da simples comparação numérica do WSI e ilustrando quais são as dimensões mais críticas da sustentabilidade nas bacias PCJ.

Figura 2
Índice de sustentabilidade das bacias PCJ, WSI, e suas componentes, 2011-2015 e 2015-2019.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração do índice de sustentabilidade WSI inspirado nos modelos PER e HELP aproxima a análise da sustentabilidade das bacias hidrográficas às dimensões usuais do desenvolvimento sustentável, facilitando a análise, interpretação e comunicação dos resultados.

O WSI exibe os típicos problemas dos índices compostos e evidencia que a hipótese de sustentabilidade fraca presente na agregação pela média simples é uma limitação bastante evidente quando o índice for usado em comparações intertemporais. Portanto a análise conjunta dos subíndices resulta ser necessária. No caso das bacias PCJ na segunda metade da década de 2010 houve um menor desequilíbrio entre as dimensões HELP pelos avanços no subíndice Vida. A melhora do WSI não foi maior por causa dos retrocessos registrados nos subíndices Hidrologia e Política.

Enfim, se o WSI for usado como instrumento para orientar a gestão eficiente dos recursos hídricos é urgente acelerar a disponibilidade das estatísticas oficiais, necessárias para sua elaboração, especialmente estatísticas georreferenciadas relativas às variáveis das quatros dimensões do modelo HELP.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Jul 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    02 Nov 2021
  • Aceito
    17 Mar 2022
  • Publicado
    02 Maio 2022
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