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Fontes de fosfito e acibenzolar-S-metílico associados a fungicidas para o controle de doenças foliares na cultura da soja

Phosphite sources and acibenzolar-S-methyl associated to fungicides on the control of foliar diseases in soybean

Resumos

O objetivo deste trabalho foi estudar diferentes fontes comerciais de fosfito e acibenzolar-S-metílico (ASM) seguidos de uma aplicação de fungicida no controle do míldio, do oídio e da ferrugem asiática, para reduzir o número de aplicações de fungicidas e aumentar o espectro de controle das doenças da soja. Foram conduzidos dois experimentos na região de Ponta Grossa, PR, nas safras 2006/07 e 2007/08. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com quatro repetições. Os tratamentos foram cinco fontes comerciais de fosfitos de potássio e uma de manganês (450 g P2O5 ha-1) e ASM (12,5 g i.a. ha-1), aplicados nos estádios V7 e R2. Os tratamentos com fosfito e ASM receberam uma aplicação do fungicida piraclostrobina + epoxiconazole (66,5 + 25 g i.a. ha-1) no estádio R3 e foram comparados com uma em R2 e duas aplicações do mesmo fungicida, aplicados em R2 e R5.1, e a testemunha. O uso de fosfito e ASM reduziram significativamente a área abaixo da curva de progresso do míldio e não tiveram efeito sobre o oídio e a ferrugem asiática. O maior número de aplicações do fungicida aumentou o controle dos patógenos biotróficos sob maior pressão das doenças.

Peronospora manshurica; Phakopsora parchyrhizi; oídio


The goal of this study was to evaluate commercial sources of phosphite and acibenzolar-S-methyl (ASM) followed by one fungicide application on the control of downy mildew, powdery mildew and asian soybean rust, reducing the number of fungicide applications and increasing the control spectrum of these soybean diseases. Two field experiments were carried out in Ponta Grossa, Paraná state, Brazil, during the 2006/07 and 2007/08 growing seasons. The experimental design was of randomized blocks with four replications. Treatments consisted on five sources of potassium phosphite and one of manganese (450 g P2O5 ha-1) and ASM (12.5 g a.i. ha-1) sprayed at the V7 and R2 stages. Phosphite- and ASM-treated plants received one application of the fungicide piraclostrobine + epoxiconazol (66.5 + 25 g i.a. ha-1) at the R3 stage and were compared to plants which received two fungicide applications at the R2 and R5.1 stages, as well as to untreated plants. The use of phosphite and ASM significantly reduced the AUDPC for downy mildew. No effects were observed for powdery mildew and Asian rust. The higher number of fungicide application increased the control of biotrophic fungi under higher disease pressure.

Peronospora manshurica; Phakopsora parchyrhizi; powdery mildew


COMUNICAÇÃO SHORT COMMUNICATION

Fontes de fosfito e acibenzolar-S-metílico associados a fungicidas para o controle de doenças foliares na cultura da soja

Phosphite sources and acibenzolar-S-methyl associated to fungicides on the control of foliar diseases in soybean

Olavo C. SilvaI; Hellen A.A. SantosII; Cícero DeschampsI; Maristella Dalla PriaIII; Louise L. May De MioI

IDepartamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo, Universidade Federal do Paraná, 80035-050, Curitiba, PR, Brasil

IIDepartamento de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Catarina, 89520-000, Curitibanos, SC, Brasil

IIIDepartamento de Fitotecnia e Fitossanidade, Universidade Estadual de Ponta Grossa, 84030-900, Ponta Grossa, PR, Brasil

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi estudar diferentes fontes comerciais de fosfito e acibenzolar-S-metílico (ASM) seguidos de uma aplicação de fungicida no controle do míldio, do oídio e da ferrugem asiática, para reduzir o número de aplicações de fungicidas e aumentar o espectro de controle das doenças da soja. Foram conduzidos dois experimentos na região de Ponta Grossa, PR, nas safras 2006/07 e 2007/08. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com quatro repetições. Os tratamentos foram cinco fontes comerciais de fosfitos de potássio e uma de manganês (450 g P2O5 ha-1) e ASM (12,5 g i.a. ha-1), aplicados nos estádios V7 e R2. Os tratamentos com fosfito e ASM receberam uma aplicação do fungicida piraclostrobina + epoxiconazole (66,5 + 25 g i.a. ha-1) no estádio R3 e foram comparados com uma em R2 e duas aplicações do mesmo fungicida, aplicados em R2 e R5.1, e a testemunha. O uso de fosfito e ASM reduziram significativamente a área abaixo da curva de progresso do míldio e não tiveram efeito sobre o oídio e a ferrugem asiática. O maior número de aplicações do fungicida aumentou o controle dos patógenos biotróficos sob maior pressão das doenças.

Palavras-chave: Peronospora manshurica, Phakopsora parchyrhizi, oídio.

ABSTRACT

The goal of this study was to evaluate commercial sources of phosphite and acibenzolar-S-methyl (ASM) followed by one fungicide application on the control of downy mildew, powdery mildew and asian soybean rust, reducing the number of fungicide applications and increasing the control spectrum of these soybean diseases. Two field experiments were carried out in Ponta Grossa, Paraná state, Brazil, during the 2006/07 and 2007/08 growing seasons. The experimental design was of randomized blocks with four replications. Treatments consisted on five sources of potassium phosphite and one of manganese (450 g P2O5 ha-1) and ASM (12.5 g a.i. ha-1) sprayed at the V7 and R2 stages. Phosphite- and ASM-treated plants received one application of the fungicide piraclostrobine + epoxiconazol (66.5 + 25 g i.a. ha-1) at the R3 stage and were compared to plants which received two fungicide applications at the R2 and R5.1 stages, as well as to untreated plants. The use of phosphite and ASM significantly reduced the AUDPC for downy mildew. No effects were observed for powdery mildew and Asian rust. The higher number of fungicide application increased the control of biotrophic fungi under higher disease pressure.

Key words: Peronospora manshurica, Phakopsora parchyrhizi, powdery mildew.

As doenças causadas por fungos biotróficos, como o oídio (Microsphaera diffusa Cooke & Peck), a ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi Syd. & P. Syd.) e o míldio (Peronospora manshurica (Naumov) Syd. ex Gaum), destacam-se pela importância em diferentes regiões produtoras de soja [Glycine max (L.) Merrill] e tem reduzido entre 10% a 90% a produtividade da cultura (Yorinori et al., 2005; Godoy et al., 2009).

O oídio, a partir da safra 1996/97, ganhou destaque dentre as doenças que afetam a soja e ocorreu em maior intensidade da Região Sul até o Centro-Oeste do Brasil (Forcelini, 2004) e pode causar danos entre 30% a 40% (Forcelini, 2004). Blum et al. (2002) relataram o uso de fungicidas aplicados no estádio R4 como um método eficiente no controle deste patógeno, entretanto a variação de suscetibilidade entre cultivares e a possibilidade de raças fisiológicas dificulta o seu controle.

A ferrugem asiática é uma das mais agressivas doenças da soja, com dano entre 10% a 90% (Kumudini et al., 2008), e no Brasil vem provocando prejuízos desde 2001/02 pela falta de resistência genética e ampla área de semeadura (Yorinori et al., 2005; Godoy et al., 2009). Esta doença pode infectar a cultura a partir dos estádios iniciais de desenvolvimento e as condições ambientais são fundamentais no desenvolvimento das epidemias. No Brasil, o uso de fungicidas na cultura da soja ocorre de forma calendarizada, com duas a três aplicações em média que iniciam a partir do florescimento com fungicidas do grupo das estrobilurinas associados a triazóis (Godoy et al., 2009).

O míldio apresenta-se disseminado nas principais regiões produtoras do mundo (Dunleavy, 1987; Lim, 1989), com danos entre 8 a 14% para genótipos suscetíveis nos EUA (Dunleavy, 1987). Aresistência genética é um dos principais métodos de controle desta enfermidade evidenciada por dois genes maiores, Rpm (Ersek et al., 1982) e Rpm2 (Lim, 1989) e não existem relatos de raças fisiológicas no Brasil (Embrapa, 2000), apesar de serem descritas mais de 35 raças no mundo (Lim, 1989). O controle específico para o míldio é totalmente negligenciado na cultura e os fungicidas utilizados no controle das doenças foliares da soja não são suficientes para impedir epidemias de míldio.

Os indutores de mecanismos de defesa de plantas, bióticos ou abióticos, podem representar um método alternativo e complementar de controle (Wordell et al., 2007). Acibenzolar-S-metílico (ASM) é um composto sintético, análogo funcional do ácido salicílico, capaz de ativar defesas de plantas, tais como proteínas relacionadas à patogênese, ß,1-3 glucanase e quitinase (Kessmann et al., 1995). Dallagnol et al. (2006) e Santos et al. (2011) demonstraram aumento da eficácia dos fungicidas com a inclusão de ASM em um programa de controle químico em soja.

Os fosfitos, que possuem ação direta sobre patógenos e promovem ativação de mecanismos de defesa das plantas, como produção de fitoalexinas (Smillie et al., 1989), também foram empregados no controle de fungos e Oomycotas em outras culturas (Mcdonald et al., 2001; Santos et al., 2011). O termo fosfito é o nome genérico empregado para os sais do ácido fosforoso (H3PO3) que apresentam elevada solubilidade, rápida absorção pelas plantas, com grande seletividade e translocação via xilema e floema (Guest & Grant, 1991).

O presente trabalho teve como objetivo estudar o efeito de ASM e diferentes marcas comerciais de fosfito associados a um fungicida para controle de ferrugem, oídio e míldio verificando interferência no peso de 1000 grãos e no rendimento da cultura da soja.

Dois experimentos em condições de campo foram conduzidos na estação experimental pertencente à Fundação ABC, nas safras 2006/07 e 2007/08, no município de Ponta Grossa, PR. A cultura da soja, cultivar CD 215, foi semeada em sistema de semeadura direta, sobre a palha de aveia preta, em 17/11/06 e 12/11/07, com 250 Kg ha-1 de adubo 05-25-25 e população de 35 plantas m-2.

O delineamento utilizado foi em blocos casualizados com dez tratamentos e com quatro repetições (Tabela 1). Cada unidade experimental possuía sete linhas de semeadura espaçadas de 0,40 m (14 m2 de área total e 6,4 m2 de área útil). Os tratamentos foram aplicados com auxílio de pulverizador costal (MAE®), à pressão constante de 131 kPa pelo dióxido de carbono comprimido, com seis pontas tipo jato plano "leque" XR11002 espaçadas de 0,5 m e volume de calda de 135 L ha-1, sob condições de umidade relativa superior a 60% e temperaturas inferiores a 30ºC. As diferentes marcas comerciais de fosfito foram analisadas no laboratório da Fundação ABC pelo método analítico oficial para fertilizantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os teores de P2O5 obtidos variaram de 29,07 a 32,66%, não diferindo entre as fontes avaliadas e confirmaram a regularidade dos valores de registro e bula.

Na safra 2006/07 foram realizadas cinco avaliações de severidade do míldio nos estádios V6 (cinco trifólios desenvolvidos), R2 (plena floração), R4 (vagens com 2 cm), R5.3 (granação de 26% a 50%) e R6 (granação de 100% e folhas ainda verdes). Em 2007/08 foram realizadas sete avaliações, em V6, V9 (oito trifólios), R1 (início de floração), R2, R4, R5.3 e R6. As avaliações de oídio e ferrugem asiática ocorreram nos estádios R5.3 e R6. Para cada data de avaliação de severidade foram coletados 20 trifólios na área útil da parcela, 10 da metade inferior das plantas e 10 na metade superior. Utilizaram-se as escalas diagramáticas de Mattiazzi (2003) para avaliar a severidade do oídio, de Godoy et al. (2006) para ferrugem asiática e de Kowata et al. (2008) para o míldio. Com os dados da severidade de míldio calculou-se a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD), pela equação proposta por Shaner e Finny (1977).

Para rendimento e peso de 1000 grãos, procedeuse a colheita das plantas na área útil das parcelas (6,4 m2), em 26 de março de 2007 (safra 2006/07) e em 31 de março de 2008 (safra 2007/08), o peso das amostras foi então corrigido para 13% de umidade. Os dados de cada safra foram submetidos análise de variância e quando significativo, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. O modelo logístico y= b1/ [1+b2*exp(-b3*x)], onde y representa severidade, x tempo em dias, b1 à assíntota máxima, b2 o inóculo inicial e b3 à taxa de progresso da doença, foi ajustado por meio de regressões não-lineares a curva de progresso da severidade do míldio.

No primeiro experimento, realizado em 2006/07, o volume de chuvas durante a fase reprodutiva da cultura foi 164 mm superior ao volume da safra 2007/08 (Fundação ABC, 2008), o que favoreceu o desenvolvimento da ferrugem asiática (Tabela 2) e o rendimento da cultura, aproximadamente 1000 kg ha-1 superior ao ocorrido em 2007/2008 (Tabela 2). Entretanto, a severidade não diferiu entre tratamentos nesta safra e apenas diferenciou o rendimento da testemunha do tratamento com duas pulverizações de fungicida. Na safra seguinte, pela menor umidade e temperatura média 2,1ºC abaixo da registrada em 2006/07 (Fundação ABC, 2008), o oídio e míldio foram mais severos que a ferrugem asiática (Tabela 2).

A severidade do oídio foi diferente para as duas safras, onde o máximo de severidade ocorreu no estádio R6, com 5,7% em 2006/07 e 34,9% em 2007/08 (Tabela 2). Em ambas as safras os tratamentos com fungicida se diferenciaram da testemunha. Em 2006/07, com menor severidade da doença, não ocorreu diferença entre fontes de fosfito + fungicida (uma aplicação), ASM + fungicida (uma aplicação) e fungicida em duas aplicações, com controle variando entre 74% a 90%. Na safra seguinte duas aplicações de fungicidas foram superiores à aplicação única, 93% e 65% de controle, respectivamente. A aplicação única de fungicida com ou sem fontes de fosfito e ASM não se diferenciou em ambas as safras.

A maior severidade da ferrugem asiática foi observada no estádio R6, com severidade de 53,2% na safra 2006/07 e 15,5% em 2007/08 na testemunha (Tabela 2). Em 2006/07 com a maior pressão da doença, duas aplicações de fungicida foram superiores às aplicações únicas de fungicida isolado ou associado ao ASM e fontes de fosfitos. A fonte de fosfito F + fungicida (uma aplicação) foi à única exceção, não diferindo de duas aplicações do fungicida. Em 2007/08, com menor pressão da doença, o fungicida em duas aplicações foi semelhante a aplicação única e aplicação única + fontes de fosfito B, C, F e ASM.

Ocorreram diferenças na severidade do míldio entre as duas safras avaliadas, com severidade máxima de 14,8% em 2006/07 e 43,5% em 2007/08 (Tabela 2). Os primeiros sintomas da doença ocorreram no início do estádio vegetativo V7 (plantas com o 6º trifólio aberto) da cultura, aos 40 dias após emergência (DAE), e a severidade máxima ocorreu no estádio reprodutivo R5.3 (granação de 26% a 50%), aos 90 DAE. Após o estádio R5.3 houve declínio da doença nas duas safras avaliadas. Nos dois experimentos todos os tratamentos com fungicida, fontes de fosfito e ASM aplicados isolados ou associados diferenciaram-se da testemunha (Tabela 2). Com base na AACPM, as fontes de fosfito + fungicida (uma aplicação) foram semelhantes entre si em ambas as safras e superiores à maioria dos tratamentos com ASM + fungicida (uma aplicação), fungicida (uma aplicação) e fungicida (duas aplicações) (Tabela 2).

O modelo logístico apresentou melhor ajuste aos dados de severidade de míldio nas safras 2006/07 e 2007/08 e o parâmetro b1 do modelo foi o que apresentou diferença significativa entre os tratamentos e a testemunha (Tabela 3). Como as fontes de fosfito foram semelhantes no controle de P. manshurica, optou-se por utilizar somente o fosfito A nesta análise de modelos. Nas duas safras, a fonte de fosfito A + fungicida (uma aplicação), ASM + fungicida (uma aplicação) e duas aplicações de fungicida diferenciaramse da testemunha. Na segunda safra 2007/08 todos os tratamentos foram diferentes da testemunha. Na safra 2006/07 o tratamento com duas pulverizações de fungicida foi superior à testemunha em relação ao rendimento, demais tratamentos não foram diferentes. Todos os tratamentos diferenciaram-se da testemunha para o peso de 1000 grãos, além do que as fontes de fosfito e ASM foram semelhantes nas duas safras avaliadas (Tabela 2).

No presente trabalho, quando o oídio e ferrugem asiática foram mais severos, duas aplicações de fungicida foram significativamente superiores à aplicação única, independente da fonte de fosfito ou ASM, confirmando a importância do uso de fungicidas sob ambiente conducivo na cultura da soja, onde se usa em média duas a três pulverizações (Godoy et al., 2009).

O efeito de fosfito sobre Oomycota é conhecido em diversas culturas: batata (Solanum tuberosum L.), abacate (Persea americana Mill.) e eucalipto (Eucalyptus marginata Jarrah) (Jackson et al., 2000; Mcdonald et al., 2001), porém sobre outros patógenos ainda é pouco estudado (Lovatt & Mikkelsen, 2006). Meneghetti et al. (2010) não observaram qualquer efeito do uso de fosfitos de potássio sobre a ferrugem asiática. O ASM, um indutor de mecanismos de defesa das plantas e com ação comprovada entre 8 e 12 dias sobre oídio do trigo (Gorlach et al., 1996), não teve efeito sobre o oídio da soja. O efeito de fosfitos no controle de míldio foi relatado em cebola (Wordell Filho et al., 2007) e na cultura da soja (Silva et al., 2011).

Ao longo dos anos vem sendo discutido o modo de ação dos fosfitos, direta ou indireta, no controle de doenças. Guest & Grant (1991) afirmaram que mesmo após inibição direta do fosfito, metabólitos resultantes desta ação são eliminados e podem induzir defesas em plantas. Plantas tratadas com o ácido fosforoso e após inoculação do patógeno, mostraram mudanças relacionadas à defesa, como hipersensibilidade, migração do núcleo e acúmulo de fitoalexinas ao redor das células desafiadas (Guest & Grant, 1991; Daniel et al., 2005). Ambos os modos de ação das fontes de fosfito podem estar presentes nos resultados obtidos no controle do míldio.

O acibenzolar-S-metílico reduziu significativamente a severidade do míldio em ambas as safras, mas foi inferior às fontes de fosfito. Este indutor não possui ação fungistática e desenvolve um papel semelhante ao ácido salicílico na via de transdução do sinal que leva à resistência sistêmica adquirida (Yamaguchi, 1998), com ação comprovada no míldio em fumo (Friedrich et al., 1996).

Dunleavy (1987) relatou que o peso de 1000 grãos é um dos componentes de rendimento afetados por P. manshurica, reduzindo o seu peso entre 3,9% e 7,2%. Nas duas safras, as fontes de fosfitos foram superiores à testemunha e semelhantes entre si para estes componentes. Entretanto, os fosfitos + fungicida (uma aplicação) não se diferenciaram do fungicida (uma aplicação), o que impossibilita atribuir a superioridade no peso de grãos dos fosfitos sobre a testemunha ao controle do míldio.

O tratamento com duas aplicações de fungicida foi o único que diferenciou da testemunha para rendimento na safra 2006/07. O maior rendimento pode estar relacionado ao controle superior de P. pachyrhizi, que atingiu 53% de severidade na testemunha. Estes dados confirmam a atual importância do controle da ferrugem asiática por meio do uso de fungicidas, pois a resistência genética não é totalmente efetiva até o momento (Yorinori et al., 2005; Godoy et al., 2009).

AGRADECIMENTOS

Ao conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -CNPq pelas bolsas de produtividade em pesquisa das professoras Louise L. May De Mio e Maristella Dalla Pria.

Recebido 26 Setembro 2011

Aceito 25 Outubro 2012

Autor para correspondência: Maristella Dalla Pria, e-mail: mdallapria@uepg.br

TPP 417

Editor de Seção: Nilceu R.X. Nazareno

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Jan 2013
  • Data do Fascículo
    Fev 2013

Histórico

  • Recebido
    26 Set 2011
  • Aceito
    25 Out 2012
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