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Percurso interpretativo do centro histórico Cáceres/MT, para fins turísticos e de educação patrimonial

Resumo

Objetivou-se elaborar um percurso interpretativo para o Centro Histórico de Cáceres/MT, que possa servir como produto turístico, bem como recurso didático para atividades voltadas à educação patrimonial. Utilizou-se pesquisas bibliográfica, documental e de campo, havendo registro fotográfico e coleta de coordenadas geográficas com DGPS. Os dados obtidos em campo foram espacializados, e associados com informações textuais, possibilitaram a geração dos produtos: carta-imagem, mapa temático e folder de bolso. Para validação do percurso de visitação este foi realizado três vezes, com visitantes (turismo de evento) e escolares da rede pública, sendo que ao final do percurso os visitantes avaliaram o trajeto percorrido, bem como a relevância das informações histórico-culturais de doze locais de paradas, sendo que as contribuições ofertadas por estes na avaliação foram incorporadas à proposta. Face às avaliações realizadas pelos segmentos alvos da proposta concluiu-se que o produto elaborado contribui no desenvolvimento das atividades turísticas e educacionais, evidenciando o papel fundamental que Cáceres desempenhou para a demarcação e defesa da fronteira entre as colônias de Portugal e Espanha, 1778. O produto gerado foi com intuito de atender a uma das fases da ação extensionista intitulada "Sistema de informação turística geográfica de Cáceres/MT: subsídios ao planejamento e desenvolvimento local", financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso - FAPEMAT.

Palavras-chave:
Patrimônio histórico; Trilha interpretativa; Experiências e práticas; Turismo cultural; Geografia cultural

Abstract

The objective of this study is to develop an interpretative route to the historic center of Cáceres/MT, which can be both a tourism product and an educational resource for activities related to heritage education. The tools used to collect data were document and field research, photography record and collection of geographic coordinates through DGPS. Th data collected in the field were spatialized, and associated with textual information, enabling the creation of products: satellite-map image, themed-map and pocket guide. Three experimental visits, with visitors (tourism event) and students, were carried out in order to validate the route; and at the end of the visit the participants rated the route in terms of itinerary, relevance of historical and cultural information of the twelve stopovers along the way. The comments and suggestions made by the participants were taken into account in the final proposal. The assessment made by the target segments led us to conclude that the product proposed contributes to the development of tourism and heritage education. The key role of Cáceres in the demarcation and protection of border between Portuguese and Spanish colonies, in 1778, is highlighted. The product put forward is part of a wider research project called"Tourism and geographic information system of Cáceres, MT: contributions on planning and local development", funded by the Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso - FAPEMAT

Keywords:
Historical heritage; Interpretive Trail; Experiences and practices; Cultural Tourism; Cultural Geography

Resumen

El objetivo de elaborar una ruta interpretativa para el centro histórico de Cáceres/MT, que puede servir como un producto turístico, así como recurso didáctico para actividades relacionadas con la educación patrimonial. Investigación bibliográfica fue utilizado, campo, con documental y registro fotográfico y recogemos coordenadas geográficas con DGPS. Los datos obtenidos en campo fueron espacializados y asociados con información textual, permitió la generación de productos: carpeta carta imagen, mapa y tema. Para la validación del curso de esta visita se llevó a cabo tres veces, con los visitantes (evento de turismo) y la escuela pública, ya que han clasificado al final de los visitantes de la ruta la ruta recorrida, así como la relevancia de la información histórica y cultural de los doce lugares de paradas, y las aportaciones de éstos en la evaluación se incorporaron a la propuesta. Con respecto a las evaluaciones que hizo por los segmentos objetivos de propuesta llegó a la conclusión que el producto elaborado contribuye en el desarrollo del turismo y actividades educativas, destacando el papel clave que Cáceres jugaron para la demarcación y protección de frontera entre Portugal y España colonias, 1778. El producto se generó con el fin de cumplir con una de las etapas de acción extensionistas titulado "sistema de información geográfico turística de Cáceres/MT: subsidios para la planificación y de desarrollo local", financiado por la Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso-FAPEMAT.

Palabras clave:
Patrimonio histórico; Sendero interpretativo; Experiencias y prácticas; Turismo cultural; Geografía cultural.

1 INTRODUÇÃO

A visita a uma cidade é atividade fascinante, pois todo lugar é cercado de histórias e fatos que determinam motivos para a fixação de grupos sociais. Esta visitação pode proporcionar aspectos positivos, funcionando como vetor de crescimento, incremento de recursos financeiros para a área e região, inserção da sociedade local no processo de desenvolvimento, sensibilização à conservação, bem como oportunizar o lazer e a educação patrimonial.

Nessa ótica, objetivou-se neste artigo elaborar um percurso interpretativo, como produto para o Centro Histórico de Cáceres/MT, com vista o desenvolvimento de práticas turísticas e de educação patrimonial. Para tanto, partiu-se do princípio de que o Centro Histórico de Cáceres possui potencial de possibilitar o reconhecimento, por observação direta, da relevância da conservação dos atributos naturais e do significado do patrimônio cultural pela sociedade ao longo de sua história.

No contexto acadêmico, o produto gerado atende a uma das fases da ação extensionista intitulada "Sistema de informação turística geográfica de Cáceres/MT: subsídios ao planejamento e desenvolvimento local", financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso - FAPEMAT.

Este artigo encontra-se estruturado em seções, inicialmente é apresentado o resumo e a introdução, que abordam aspectos gerais do artigo; em seguida são contextualizados os aspectos conceituais que subsidiaram teoricamente o estudo; na sequencia é discorrido o caminho metodológico percorrido na execução da pesquisa, contemplando a área de estudo e o método utilizado para a elaboração do percurso; na continuidade são apresentadas as características dos pontos de observação do percurso interpretativo do Centro Histórico de Cáceres/MT; no prosseguimento foi efetuada a validação do percurso interpretativo para contribuir no desenvolvimento das atividades turística e educacional; e por fim, teceu-se as considerações finais.

2 ASPECTOS CONCEITUAIS

Na atualidade há uma crescente preocupação com a preservação dos bens culturais que representam legados histórico, arquitetônico, urbanístico, artístico e ambiental. No município de Cáceres, situado na região sudoeste mato-grossense, no ano de 2010 essa situação foi vivenciada novamente em nível federal quando o governo federal, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional - IPHAN, conferiu ao Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico da cidade o título de patrimônio cultural brasileiro (Brasil, 2012).

Esta ação do IPHAN ampliou o perímetro do Centro Histórico de Cáceres e seu entorno, até então definidos por meio do tombamento realizado pelo governo estadual em 2002. A sobreposição de instrumentos entre as duas esferas de governo (Estadual e Federal) decorreu tanto pelo reconhecimento do valor nacional, quanto pela necessidade da implementação de práticas de preservação complementares (Arruda, 2014Arruda, R. F. (2014). Patrimônio cultural, sistemas e ações articuladas: a experiência de Cáceres e a formação de um sistema de preservação. Programa de Pós-graduação em Preservação do Patrimônio Cultural. Dissertação Mestrado . Rio de Janeiro: IPHAN.).

Leite e Caponero (2015Leite, E., & Caponero, M. C. (2015). As possíveis articulações entre preservação do patrimônio, turismo e desenvolvimento econômico e sua trajetória no Brasil a partir dos anos 1960. Revista Confluências Culturais, Joinville, 4 (1), 9-19.) asseguram que as formas de uso e de preservação do patrimônio material edificado vêm sofrendo alterações no decorrer do tempo em função de valores e interesses sociais e/ou políticos nem sempre convergentes, o que intercorrem, causando mudanças nas formas de atuação das diferentes esferas políticas, incidindo nos diferentes espaços geográficos e nas matrizes intelectuais que orientaram os inventários e os critérios de seleção para tombamento.

Atento a um efeito cascata para o desenvolvimento das políticas públicas federais, pode-se destacar que desde 2003, a política cultural do Estado brasileiro passou a ser concebida a partir das três dimensões do conceito de cultura, sendo: a simbólica, a cidadão e a econômica, compreendidos como essenciais para a promoção do desenvolvimento social sustentável. Neste sentido, a proteção e promoção do patrimônio cultural brasileiro assumiram novas faces, ou seja, passou a compor o rol dos vetores de desenvolvimento social. No entanto, esta dimensão econômica não surge de agora, pois, pode-se destacar que esta vem sendo explorada de forma sistematizada e estimulada pelo Estado desde a década de 1970, tendo o turismo como um forte álibi.

O turismo é um veículo de intercâmbio cultural entre pessoas e grupos, apresenta-se como processo social, econômico e cultural no qual participam vários agentes sociais, sendo fundamentais os mediadores, isto é, o trade de modo geral. Podemos afirmar que o turismo é um encontro entre culturas e sistemas sociais que provoca mudanças (BOYER, 2003Boyer, M. (2003). História do turismo de massa. São Paulo: EDUFBA; EDUSC. ).

Para César (2005César, P. A. B. (2005). Estudo de cartografia turística: uma proposta para os centros históricos. Anais do Encontro de Geógrafos da América Latina, São Paulo: USP, 10.) e Cruz (2001Cruz, R. C. A. (2001). Introdução à geografia do turismo. São Paulo: Roca. ) a realização do turismo demanda um processo de leitura espacial, sendo neste sentido, a única prática social que consome elementarmente o espaço construído. Portanto, com base no exposto pelos autores o turismo apropria-se de espaços utilizado por outras práticas sociais, inventa espaços específicos definidos como espaços turísticos ou territórios turísticos ou mesmo região turística.

A viabilização do consumo do espaço pode ocorrer por meio da utilização de trilhas interpretativas guiadas ou autoguiadas, que tem sido um dos meios mais utilizados para a interpretação, tanto em ambientes naturais, como em ambientes construídos (Vasconcellos, 1997Vasconcellos, J. M. O. (1997). Trilhas interpretativas: aliando educação e recreação. Anais do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, Curitiba: IAP, Unilivre, Rede Pró-UC, 1, 465-477.).

Se o turismo é entendido enquanto produção e consumo de bens simbólicos com significação social e espacial, então, praticar turismo desenvolve as identidades sociais definidas pelo estatuto social dos seus intervenientes, tal como a posse de um bom carro significa integração social praticada através da sua experiência ritual, também significa diferenciação social através do consumo (DIAS, 2006Dias, R. (2006). Turismo e patrimônio cultural - recursos que acompanham o crescimento das cidades. São Paulo: Saraiva. ).

O tempo de lazer é, hoje, fundamentalmente, um tempo de consumo. A partir desta perspectiva teórica, o turismo é um sistema de produção e consumo de tempo de lazer, socialmente conotado de signos e atributos sociais, em uma produção e consumo de bens simbólicos com significações sociais (BARRETO, 2003Barreto, M. (2003). Manual de iniciação ao estudo do turismo. (13ª ed). Campinas/SP: Papirus, 168. ).

Podendo assim, conforme Parent (2008Parent, M. (2008). Protection et mise en valeur du patrimoine culturel brésilien dans le cadre du développement touristique et économique. In: Leal, C. F. B. (Org.). As missões da Unesco no Brasil: Michel Parent. Rio de Janeiro: Copedoc; IPHAN. 35-325.) e Leite e Caponero (2015Leite, E., & Caponero, M. C. (2015). As possíveis articulações entre preservação do patrimônio, turismo e desenvolvimento econômico e sua trajetória no Brasil a partir dos anos 1960. Revista Confluências Culturais, Joinville, 4 (1), 9-19.) ser uma fonte geradora de renda que possibilitaria a salvaguarda dos bens culturais, em linhas gerais contribuiria para a conservação e valorização do patrimônio edificado.

Ao fundamentar os estudos sobre o turismo Barreto (2003Barreto, M. (2003). Manual de iniciação ao estudo do turismo. (13ª ed). Campinas/SP: Papirus, 168. ), afirmou que na antiguidade as viagens culturais tinham um fator educativo, esperava-se que os visitantes adquirissem o conhecimento sobre as culturas visitadas e moldassem seu caráter através das experiências adquiridas. Essas viagens educativas influem numa articulação carregada de significados constituídos de valores históricos e contemporâneos, induzindo os visitantes a terem atitudes mais conscientes quanto à importância do patrimônio cultural.

Em face disto, Vieira (2004Vieira, A. (2004). Avaliação das potencialidades naturais e paisagística da Serra de Montemuro. Guimarães, Portugal: Núcleo de Investigação em Geografia e Planeamento, Departamento de Geografia - Universidade do Minho.) afirmou que visitar uma cidade é sempre uma atividade que fascina, seja esta realizada em uma metrópole ou uma pequena urbe, apresentando sempre como um espaço rodeado de histórias, aspectos e de fatos que determinam motivos para a atração e fixação de grupos sociais em um determinado local. A visitação pode proporcionar aspectos positivos, funcionando como vetor de desenvolvimento, incremento de recursos financeiros para a área e região, inserção da sociedade local, despertando o interesse para conservação, bem como oportunizar atividades de lazer e educação, via sentido de pertencimento (Tuan, 1983Tuan, Y. (1983). Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel.).

Isto para Ham (1992Ham, S. H. (1992). Interpretacion ambiental: uma guia practica para gente com grandes ideas y presupuestos pequeños. Colorado: North American Press. ) pode ser definido como o caminho para a comunicação, que traduz a linguagem técnica de uma ciência ambiental ou relacionada, para os termos e ideias do público em geral. E, deste modo, passaria a cativar, provocar e estimular a reflexão consciente.

Nesse sentido, o turismo apresenta-se como um veículo de intercâmbio cultural entre pessoas e grupos, sendo um processo social, econômico e cultural no qual participam vários agentes sociais, podendo afirmar que a atividade turística é um encontro entre culturas e sistemas sociais que provoca mudanças sócio espaciais multifacetadas (Boyer, 2003Boyer, M. (2003). História do turismo de massa. São Paulo: EDUFBA; EDUSC. ).

Nesse viés de pensamento a educação patrimonial se situa como importante atividade junto às demais políticas públicas, incluindo as relacionadas ao turismo. Tendo o potencial de proporcionar uma formação voltada para compreender as práticas culturais enquanto referências culturais, auxiliando na preservação do patrimônio, mas principalmente como forma de se desenvolver ações que permitam que os sujeitos se reconheçam enquanto sujeitos históricos. Entende-se também que esta pode ser uma via que contribua para além do aprendizado, voltado para a decodificação dos símbolos e signos presentes nas referências culturais, mas também para formação em que os sujeitos possam, através do seu saber, utilizá-los como meio de subsistência.

O Centro Histórico de Cáceres é um espaço ainda muito pouco apropriado para o desenvolvimento da atividade turística e educacional. Contudo, há infinitas possibilidades de ações a serem desenvolvidos, como percursos (trilhas), atividades culturais e práticas educativas, que incorporem os elementos heterogêneos e de características transversais, integrando ambientes natural e construído que desempenharam importante papel para a definição e proteção de fronteiras entre terras brasileiras e bolivianas.

Conforme define Ferreira (2011Ferreira, F. D. A. (2011). Percursos, território e património: o caso de Vila Nova de Gaia. 119 f. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Turismo. Portugal: Universidade do Porto, Faculdade de Letras. ) os percursos interpretativos turísticos, apresentam-se como instrumentos que pressupõem métodos interdisciplinares, ou seja, que articulam diversas áreas do conhecimento, ensejando abordagens transversais, considerando de forma integrada os elementos abióticos, bióticos e antrópicos que compõe a paisagem.

A paisagem nesse estudo consolidou-se em uma das categorias de análise, baseando-se em Santos (1985Santos, M. (1985). Espaço e Método. São Paulo: Nobel.), em que pode ser definida como uma acumulação de tempos desiguais. As formas, materializadas no traçado urbano, entre as janelas das residências à largura das calçadas, entre outros elementos demonstram a acumulação de diferentes tempos, decorrentes das diversas funções que são definidas pela sociedade no decorrer do tempo e como essa se organizou diante dos fenômenos naturais.

No caso em tela, o Conjunto Arquitetônico Urbanístico e Paisagístico de Cáceres, também foi associado o conceito de paisagem cultural, que apresenta em sua forma um ambiente com ações criadas através de atividades antrópicas intrínseca ao ambiente natural que está estreitamente ligada à organização do espaço e às manifestações físicas (Ribeiro, 2007Ribeiro, R. W. (2007). Paisagem cultural e patrimônio. Rio de Janeiro: IPHAN /COPEDOC.).

A observação e a caracterização dos elementos constituintes da paisagem, associando a utilização de representações gráfica e textual, possibilitam aos visitantes tecerem suas análises a respeito das relações estabelecidas ao longo do tempo, entre a sociedade e o lugar. De acordo com Tuan (1983Tuan, Y. (1983). Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel.), o lugar é o espaço onde se tem ou se cria um vinculo afetivo, que pelo qual se desenvolve um profundo sentimento, devido seu significado acrescido de sentimentos ao longo dos anos.

No tocante a realização do turismo, esta requer um processo de leitura espacial, sendo neste sentido, uma prática social que envolve elementarmente o espaço construído (César, 2005César, P. A. B. (2005). Estudo de cartografia turística: uma proposta para os centros históricos. Anais do Encontro de Geógrafos da América Latina, São Paulo: USP, 10.). Portanto, o turismo apropriando-se de lugares utilizados por outras práticas sociais, inventa espaços específicos definidos como espaços turísticos ou territórios turísticos ou mesmo região turística (Cruz, 2001Cruz, R. C. A. (2001). Introdução à geografia do turismo. São Paulo: Roca. ).

A atividade do turismo consiste em comercializar as paisagens e bens culturais, mas, para isso, exige uma análise do espaço desejado através de inventário e sistematização de dados e a combinação das informações, tornando a cartografia imprescindível por auxiliar no processo de comunicação cartográfica.

No entanto, é neste processo de análise, ressignificação e transformação do espaço e lugares em bens de consumo que se deve tomar o cuidado, haja vista, que se podem reduzir as formas tradicionais de associação da família e da vida privada ao menor denominador comum e expô-las como formas inofensivas a uma "massa atomizada", embora seja dessa forma que a acumulação de bens resultou no trunfo do valor de troca (Featherstone, 1995Featherstone, M. (1995). Cultura de consumo e pós-modernismo. São Paulo: Studio Nobel. ).

A partir desta perspectiva teórica, compreende-se o turismo como um sistema de produção e consumo de tempo de lazer, socialmente conotado de signos e atributos sociais, em uma produção e consumo de bens simbólicos com significações sociais que apresentam significativas interfaces de diálogos para a educação patrimonial (Barreto, 2003Barreto, M. (2003). Manual de iniciação ao estudo do turismo. (13ª ed). Campinas/SP: Papirus, 168. ).

Para tanto, ao recorrer uso das trilhas interpretativas guiadas ou autoguiadas compreendeu-se, com base em Fiori (2003Fiori, S. R. . (2003a). Confecção de mapas para o turismo: a leitura e as expectativas do público alvo. Imaginário (USP), São Paulo, 9, 253-270.), que as mesmas têm sido um dos meios mais utilizados para a interpretação de espaços naturais e urbanos. Neste caso, o mapa torna-se um elemento indispensável, pois possibilita ao turista realizar a sua própria leitura dos bens culturais.

Por sua vez, a educação patrimonial trabalha conforme destaca Moraes (2005Moraes, A. P. (2005). Educação patrimonial nas escolas: aprendendo a resgatar o patrimônio cultural. Available in: em:<Available in: em:http://www.cereja.org.br/arquivos_upload/allana_p_moraes_educ_patrimonial . Retrieved: June 20, 2013.
http://www.cereja.org.br/arquivos_upload...
) no sentido de estimular vivências que desperte no cidadão bases para construção de consciência crítica, dialogando teoria e pratica junto à comunidade, visando à conservação dos patrimônios. Em linhas mais gerais Horta, Grumberg e Monteiro (1999Horta, M. L. P.; Grunberg, E.; Monteiro, A. Q. (1999). Guia básico de educação patrimonial. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Museu Imperial., p. 06) definem a educação patrimonial,

(...) como um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo, em que a partir das experiências e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho da Educação Patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural.

Complementando o exposto, Horta (2000Horta, M. L. P. (2000). Fundamentos da educação patrimonial. Ciências & Letras. Porto Alegre, 27, 25-35., p. 13) diz que a educação patrimonial,

(...) baseia-se em princípios e metodologias que visam sensibilizar e instrumentalizar os indivíduos de uma comunidade, no universo escolar e fora dele, crianças e adultos, para o reconhecimento, a compreensão e a valorização do seu patrimônio cultural, através de participação e práticas de atividades, individual ou coletivamente.

Cáceres possui diversos potenciais turísticos na área urbana, seja através dos bens culturais, situados tanto em seu conjunto de bens tombados, como na zona rural, a exemplo da Igreja do taquaral; Pantanal, o rio Paraguai e o conjunto de serras da Província Serrana. Além disso, apresenta em seu processo histórico eventos ligados a abertura da navegação no rio Paraguai, no século XIX, e o uso de embarcações de pequeno e médio porte para transporte de pessoas e mercadorias, a exemplo do vapor Etrúria, quando além de promover intercâmbios culturais com outras regiões do país também houve o fortalecimento do comércio e do escoamento dos produtos das fazendas históricas do município e das diversas regiões de Mato Grosso e atual Mato Grosso do Sul.

Estes podem ser utilizados no desenvolvimento do turismo e da educação patrimonial, o que possivelmente poderá contribuir na sua valorização e conservação, gerando emprego e renda.

Ao apropriar-se do espaço urbano, a atividade turística torna-se um dos principais agentes intervenientes da dinâmica das relações sociais estabelecidas, engendrando um processo dialético de produção de novas territorialidades. O turismo implica rearranjos espaciais, adaptação de elementos e reconfigurações da paisagem. A afluência turística e a adaptação das cidades aos novos usos sociais impostos por essa atividade incidem no próprio planejamento urbano (Carvalho; Coelho; Bonfim, 2011Carvalho, K. D.; Coelho, S. e Bonfim, N. R. (2011). Turismo cultural e interpretativo na cidade de Ilhéus-Bahia: uma proposta de revitalização para a Avenida Soares Lopes. Caderno Virtual de Turismo. Rio de Janeiro, v. 11, n.2., p.205-218, ago. , p. 210 - 211).

Assim sendo, a modelagem e implementação de uma proposta de percurso interpretativo para fins turísticos e de educação patrimonial para o Centro Histórico de Cáceres justifica-se também pela socialização de informações/conhecimento sobre práticas culturais e processos históricos empreendidos em seu território. Preza ainda, pela continuidade de um legado de importância histórica que revela um processo de constituição e consolidação do turismo cultural, no contexto socioeconômico do município que são constituídos em suas fachadas, uma vez que apropriada pelo turismo, poderá ser utilizado como ferramenta para o desenvolvimento local (Berchez; Carvalhal; Robim, 2005Berchez, F., Carvalhal, F.; Robim, M. (2005). Underwater interpretative trail: guidance to improve education and decrease ecological damage, Int. J. Envinment and Sustainable Development, 4 (2), 128-139.).

Histórias que foram produzidas mediante os conflitos entre os diversos grupos sociais e etnias, que ainda estão presentes e codificados nos diversos bens culturais e lugares que complementam as narrativas da história, como as relacionadas às questões fronteiriças: do tratado de Madri (1750) que definia os limites entre as colônias da coroa portuguesa e espanhola, intrinsecamente associado à demarcação de terras na atualidade entre Brasil - Bolívia, com aproximadamente 289,572 km de fronteira seca.

Os fatos apresentados demonstram o potencial que os atributos históricos e naturais da paisagem cacerense possuem e que podem contribuir no desenvolvimento do turismo e da educação patrimonial.

3 CAMINHO METODOLÓGICO

O município de Cáceres integra a região sudoeste de planejamento do estado de Mato Grosso, fazendo parte da microrregião do Alto Pantanal e da mesorregião do Centro-Sul Mato-grossense. A população municipal é constituída por 87.942 habitantes, distribuídos numa extensão territorial de 24.796,8 km2, correspondendo a uma densidade populacional de 3,6 hab./Km2, conforme IBGE (2015). O Índice de Desenvolvimento Humano - IDH do Programa das Nações Unidas - PNUD é de 0,737 (2015), colocando o município em 59º lugar no ranking estadual.

Cáceres tem sua sede municipal situada à margem esquerda do Rio Paraguai, distante 215 km da capital do Estado, Cuiabá. No bairro Centro a paisagem que se destaca é a do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico e seu entorno, devido aos casarões e a igreja matriz (Catedral de São Luis de Cáceres), que evidenciam os estilos arquitetônicos Art Déco, o neoclássico, o colonial, o neocolonial, o neogótico, entre outros. O limite do conjunto foi definido e federalizado de forma provisória em 2010, e definitivamente em 2012 (Brasil, 2012), sendo constituído por uma área territorial de 475.103,8 m2, distribuída nos bairros Centro e Cavalhada (Figura 1).

Figura 1
Localização do município de Cáceres e do seu conjunto tombado pelo Iphan

A seguir são apresentadas sistematicamente as etapas metodológicas adotadas para a elaboração da proposta de percurso interpretativo para o Conjunto Arquitetônico tombado nos bairros Centro e Cavalhada I em Cáceres.

Na etapa 1 realizou-se a identificação dos bens culturais de natureza material tombados de forma individual, no caso do Marco do Jauru, e em conjunto, a paisagem como um todo, objetivando a seleção das edificações tombadas e seus elementos, que são importantes e que formam a identidade, a memória e a história paisagística e arquitetônica do conjunto tombado, conforme disposto no art. 216, inciso V da Constituição Federal do Brasil (1988).

A etapa 2 constitui-se no estabelecimento da fundamentação teórica-conceitual acerca do objeto de estudo, bem como ao temas relacionados ao mesmo, através da pesquisa bibliográfica conforme proposto por Marconi e Lakatos (2007Marconi, M. A., & Lakatos, E. M. (2007). Metodologia Científica. (5ª ed). São Paulo: Atlas. ).

A coleta de dados, etapa 3, foi realizada por meio da pesquisa documental (Marconi e Lakatos, 2007Marconi, M. A., & Lakatos, E. M. (2007). Metodologia Científica. (5ª ed). São Paulo: Atlas. ), em que foram sistematizadas informações sobre patrimônio cultural de Cáceres junto aos órgãos públicos e acervos particulares da população cacerense.

Na etapa 4 foi executada a pesquisa de campo, em que se registrou os trajetos e obteve-se as coordenadas geográficas dos pontos de observação dos atributos da paisagem por meio do aparelho DGPS, acompanhado de registro fotográfico.

Gerou-se na etapa 5 o banco de dados geográficos - BDG, no software ArcGis 9.2 (Esri, 2007Esri. (2007). ArcGis Version 9.2. Environmental Systems Research Institute Inc. , Redlands, CA.) para armazenamento dos dados espaciais e tabulares, coletados em campo na etapa 4. Neste BDG inseriu-se os arquivos vetoriais da malha de quadras e de bairros de Cáceres, os pontos de observação demarcados, o trajeto do percurso, a imagem de satélite de alta resolução espacial. Esses dados foram utilizados para elaboração da carta-imagem e do guia de bolso do percurso interpretativo.

Considerando a quantidade de atributos da paisagem realizou-se na etapa 6 a seleção dos pontos de observação para compor no percurso interpretativo. Como critério de seleção dos bens culturais foi considerado a época de construção, o marco histórico e a localização, visando estabelecer uma ordem sequencial para que fossem observadas as edificações de diferentes estilos e territorialidades.

A montagem e acabamento do guia de bolso do percurso do Centro Histórico, consistiu na diagramação de informações para peça (Etapa 7), em que foi realizada no programa Office Publisher da Microsoft, em tamanho A4 (21 x 29,7 cm) e tons de cinza. No produto elaborado há mapas, fotos e textos informativos dos pontos de observação e de utilidade pública.

A etapa 8 foi dedicada a execução de pré-testes do percurso interpretativo, assim selecionou-se turistas (várias cidades) e escolares, sendo duas pública e uma privada, considerando que o produto destina-se a esses dois tipos de público. Avaliou-se o percurso proposto por meio de um formulário, contendo perguntas abertas e espaço para sugestões, que foi disponibilizado aos participantes após a realização do percurso.

4 O PERCURSO INTERPRETATIVO DO CONJUNTO ARQUITETÔNICO, URBANÍSTICO E PAISAGÍSTICO DE CÁCERES/MT

O percurso interpretativo no conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico tombado em Cáceres/MT, denominado por Centro Histórico, é constituído por doze pontos ou paradas de observação dos elementos da paisagem. Neste estão contidos três edificações de propriedade pública, tendo duas em pleno funcionamento; um monumento histórico; uma praça pública; o cais Mário Corrêa, com vistas à paisagem natural do Pantanal Mato-grossense; uma Igreja; e alguns casarões que trazem traços que marcam alguns estilos arquitetônicos, com características de movimentos artísticos europeus (Figura 2).

Figura 2
Pontos de parada do percurso interpretativo

Esse conjunto de fotos dos pontos de observação e suas respectivas informações histórica e arquitetônica; e os endereços de locais de utilidade pública, tais como: restaurantes, bancos, hospital, etc., contidos no Centro Histórico, constituem uma das faces do guia de percurso.

Na sequencia foram caracterizados os pontos de observação, sendo que o ponto inicial do percurso corresponde ao Museu Histórico Municipal (P-1 da figura 2), data do final do século XIX, estando localizado na Rua Antônio Maria, nº 244. Com traços do estilo arquitetônico neoclássico, o prédio apresenta em sua fachada uma platibanda decorada e encimada nas extremidades por elementos decorativos. Foi construído para ser o mercado público, para que os produtores locais comercializassem seus produtos. Atualmente sua funcionalidade é como Museu Histórico, abrigando acervos: arqueológicos, de artes sacras, fotos e outros documentos, que podem ser pensados como elementos para a discussão e composição dos espectros das histórias local, regional e nacional.

O ponto 02 correspondente ao Arquivo Público Municipal (P-2 da figura 2) foi construído para ser sede do Governo Municipal em 1929, sua localização é na Praça Aníbal Motta, nº 206. Na década de 90 funcionou neste local a Câmara Municipal dos Vereadores, abrigando na atualidade o Arquivo Público municipal. A estrutura original do prédio, com característica do estilo arquitetônico neoclássico, sofreu poucas alterações que a descaracterizassem no decorrer do tempo. Apresenta fachada trabalhada com cimalha; porta dividida em três vãos, combinando semiarco e arco-pleno com bandeira e pilastra e frontão em estuque, com três coroas apoiadas em pedestais.

A Casa Ambrósio (P-3 da figura 2) foi construída no início do século XX para abrigar a família Ambrósio, apresenta características neoclássicas. Seu estilo arquitetônico apresenta muro de adobe, com gradil apenas na fachada principal, a entrada principal é ornamentada com estatuas de leões e crianças feitas em massa. Faz parte conjunto arquitetônico situado entre as esquinas das Ruas Coronel José Dulce e General Osório. Conserva em seu interior móveis coloniais, fotografias e objetos, que retratam fragmentos da participação da família na história municipal.

O imóvel que abriga a Câmara Municipal (P-4 da figura 2) foi construído no ano de 1893, com cognome de Casa Costa Marques, em homenagem ao seu primeiro proprietário Joaquim Augusto da Costa Marques. Está situada na Rua Coronel José Dulce, nº 352, e traz elementos que fazem parte do movimento artístico que deu origem ao estilo arquitetônico neoclássico. A sua estrutura é formada por parede de alvenaria e adobe, construída com tijolos maciços e de adobe; piso de mosaico; forro e portas de madeira, sendo a porta principal almofadada, com bandeira e ferro; e janelas de venezianas. Durante muitos anos o Banco do Estado de Mato Grosso - BEMAT funcionou neste prédio, mas com sua extinção em julho de 2001 a Câmara Municipal de Vereadores passou a ocupá-lo.

O edifício do Clube Humaitá (P-5 da figura 2) está localizado na Rua Coronel José Dulce, nº 324 e foi erguido em 1919 para ser moradia de Bertholdo Freire, que foi chefe-executivo municipal, segundo vice intendente em 1911 e intendente geral em 1915. A edificação é conhecida como Esporte Clube Humaitá, onde na década de 80 foi o lugar de lazer e de festividades de grupos sociais abastados da sociedade cacerense. Traz elementos do estilo arquitetônico neoclássico, tendo sido construído com tijolos e adobe, cobertura em telha de barro, piso em mosaico decorado, portas e janelas de venezianas, com vidro e madeira trabalhada; frontão com fachada em adobe; platibanda e guarda-corpo em balaústres.

A Casa Dulce (P-6 da figura 2) foi construída em 1871, na esquina da Rua Coronel José Dulce com a Rua Comandante Balduíno, sendo que desde sua construção funciona como Casa comercial. Era de propriedade do militar e mercador, o Coronel José Dulce. A casa permite um dialogo com um conjunto de signos da cidade, como a lendária embarcação "Etrúria", que também era de propriedade do militar. Na época esse vapor era o veículo de transporte mais rápido para a comercialização e compra de miudezas a artigos finos (sedas, cristais, azulejos, louças, entre outras), que eram trazidos da Europa e da capital do Brasil (Rio de Janeiro) para Corumbá e Cáceres. Com características da arquitetura neoclássica, o imóvel possui na sua fachada falsas colunatas; adornos de massa, com formas de animais, balaústres, jarros e uma escultura que feita em bronze (que quando chegou a Cáceres ganhou o status de "anjo", sendo denominação "Anjo da Ventura").

Construída para ser moradia e também o "forte" de José Dulce, a Casa Rosa (P-7 da figura 2), data de 1923, estando situada na Rua João Pessoa, nº 252. Traz características de um movimento artístico arquitetônico que instaurou e disseminou o estilo Art Nouveau no Brasil. Esta casa é ímpar e apresenta em sua estrutura características marcantes, como adornos em formato de flores, folhas de coqueiros e arcos, sendo classificada por arquitetos e historiadores como o único imóvel desse estilo no estado de Mato Grosso. No entanto, há controvérsias, mas em linhas gerais pode-se destacar que esta traz elementos do estilo eclético. A família Dulce foi responsável pela implementação não só de novas formas de edificar, como também de novas práticas culturais, se destacando enquanto promotores de movimentos e práticas culturais exógenas, advindas dos grandes centros urbanos, num período em que ainda se acreditava que o Brasil era um País inculto e sua população estava num estágio atrasado.

A Casa de José Bonifácio Pinto de Arruda (P-8 da figura 2) está localizada na Rua João Pessoa, nº 274. Foi edificada em 1916, para fins de residência de José Bonifácio Pinto de Arruda, autoridade militar. A edificação faz parte de uma corrente cultural que predominou no período, o estilo neoclássico, cujas características apresentam cobertura em telha de barro, com platibanda balaustrada, encimada nas extremidades por compoteiras em estuque e na parte central por um frontão, piso em cerâmica, forro todo desenhado e pintado, janelas e portas de madeira, com detalhes em vidro e ferro. Funcionou na década de 90 como Cartório do 2º ofício, mas atualmente o imóvel é dividido em partes, uma funciona como moradia e as outras duas para comércio e prestadora de serviço telefônico.

A Catedral São Luís de Cáceres (P-9 da figura 2) localiza-se na Rua Comandante Balduíno em frente à Praça Barão do Rio Branco, tendo sua construção iniciada em junho de 1919 e perdurado por 46 anos, devido as diversas dificuldades (morte do engenheiro idealizador do projeto, falta de profissionais - engenheiros e técnicos, que solucionassem os problemas relacionados ao estilo Gótico, entre outros). A estrutura do prédio não se adequava as características do terreno local, ou seja, solo arenoso. Como o projeto de arquitetura gótica, caracterizava-se por sua estrutura verticalizada, durante o processo de construção a Catedral teve seu o projeto reestruturado para o estilo neogótico, apresentando em sua estrutura esqueletos metálico e de madeira, que assumiram as funções das abóbadas de nervuras e arcobotantes.

O monumento histórico Marco do Jauru (P-10 da figura 2), é oriundo do Tratado de Madri (1750), firmado pelas Coroas Portuguesa e Espanhola, remonta a época da colonização do estado de Mato Grosso. Está exposto na Praça Barão do Rio Branco desde o dia 02 de fevereiro de 1883, tendo sido transladado do lugar original, foz do rio Jauru, pelo comandante da expedição de translado o Coronel Antônio Maria Coelho. O monumento retrata parte da história Brasil e do município de Cáceres tendo sido em 1978 tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Processo de tombamento nº 966-T) e em 2010 ocorreu o tombamento em nível federal como patrimônio cultural brasileiro (Arruda et al., 2011Arruda, R. F., Neves, S. M. A. S., & Neves, R. J. (2011). Geotecnologias aplicadas no estudo do Centro Histórico de Cáceres, Mato Grosso - Brasil. Revista GeoPantanal, 6 (11), 139-153.). O Marco possui quatro lados, é uma pirâmide quadrangular, com 15,5 pés de altura, e cada lado possui uma gravura. Constitui a única obra arquitetônica remanescente dos marcos de demarcação da fronteira decorrente do Tratado de Madri, do século XVIII.

O Banco Sicredi (P-11 da figura 2) localizado de fronte a lateral da Praça Barão do Rio Branco foi construído em 1921, como residência de Humberto Dulce. Está inserido no rol das edificações que marcaram o estilo inovador iniciado pela família Dulce em Cáceres, no final do século XIX e primeiras décadas do século XX. Destaca-se por trazer muitos traços do estilo arquitetônico eclético, cuja fachada conta com platibanda cega encimada por elementos decorativos e área central com um frontão cimalha e frisos decorados, simetria em relação à portada encimada por um adorno floral em estuque. Os dois vãos das janelas próximos ao acesso principal são vedados com venezianas e balaústres.

Inaugurado em 1929 o Cais do Porto Mário Corrêa (P-12 da figura 2) foi edificado para atracamento das embarcações que faziam a linha comercial Corumbá-MS/Cáceres-MT/Corumbá-MS, via rio Paraguai, destacando dentre as embarcações o vapor "Etrúria" de propriedade da família Dulce. As embarcações que vinham de Corumbá traziam mercadorias finas (tecidos, cristais, louças e pratarias) procedentes da Europa e da capital do Brasil na época (Rio de Janeiro) e retornavam carregadas de poaia (Cephaelis ipecacuanha), borracha e produtos (Charque, crinas e couros de animais). Devido a sua estrutura, constituída por elementos do estilo neoclássico, foi considerado o cais mais bonito do estado de Mato Grosso (antes da divisão do Estado em 1977). Suas paredes de sustentação apresentam ladeiras e muro de arrimo com balaústres sobre as paredes de sustentação. Mesmo com o passar dos anos sua estrutura original pouco foi modificada, registrado apenas a falta de dois leões esculpidos em gesso, voltados para a Praça Barão do Rio Branco. Este monumento representa um processo histórico permeado pela busca da modernização da cidade e do progresso pautado pela vida econômica pretérita da região.

No trajeto do percurso interpretativo estão contemplados os elementos da paisagem cacerense de diferentes perspectivas (histórica, arquitetônica, cultural e econômica) possibilitando que moradores, escolares e os turistas conheçam trajetórias pela qual a sociedade passou ao longo dos anos.

Tais atributos conforme Carvalho, Coelho e Bonfim (2011Carvalho, K. D.; Coelho, S. e Bonfim, N. R. (2011). Turismo cultural e interpretativo na cidade de Ilhéus-Bahia: uma proposta de revitalização para a Avenida Soares Lopes. Caderno Virtual de Turismo. Rio de Janeiro, v. 11, n.2., p.205-218, ago. ) afirmam que se constituem como importantes recursos que agenciados pelo turismo sob a forma de roteiros, produtos e atrações, em áreas de fluxo de visitantes contribui para o revigoramento do patrimônio cultural, ao passo que pode provocar mudanças nos locais onde se desenvolve.

Além das fotografias dos pontos de observação citados e suas respectivas informações foram inseridos no guia turístico do percurso interpretativo (Figura 3), um mapa temático na escala de 1: 5.000, confeccionado a partir da imagem de satélite de alta resolução e os dados de campo e cartográfico, que mostra as paradas para observação do conjunto de bens do Centro Histórico. A inserção da representação cartográfica teve como escopo apresentar ao usuário a distribuição dos patrimônios e o trajeto a ser percorrido no percurso.

Figura 3
Guia de bolso do percurso interpretativo (original em tamanho A4). A - Situação de Cáceres no contexto municipal, histórico municipal e informações de interesse público; B - Representação do percurso, fotos do ponto de observação e suas respectivas informações

Donaire e Galí (2008Donaire, J. A.; Galí, N. (2008). Modeling tourist itineraries in heritage cities. Routes around the Old District of Girona. Pasos.Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. v. 6, n. 3, p. 435-449. ) apontam que o guia turístico é um fator importante para apresentar o conteúdo cultural do local, demonstrando que a informação é o fator principal na definição do itinerário de centros culturais.

4.1 Validação do percurso interpretativo para contribuir no desenvolvimento das atividades turística e educacional

A avaliação da exequibilidade e viabilidade da proposta do percurso interpretativo do Centro Histórico ocorreu por meio de sua execução (Pré-testes), conforme segue:

- O primeiro pré-teste foi efetuado através de sua utilização junto a 40 turistas, vindos do município de Rondonópolis, no estado de Mato Grosso, no mês de novembro de 2009 (figura 4). Devido ao número de pessoas foi necessária a divisão em três grupos para efetivação do percurso.

Figura 4
Execução do primeiro pré-teste em diferentes lugares

Após a execução do percurso com cada grupo foi solicitado, por livre adesão, que os participantes realizassem a avaliação da atividade, o formulário continha perguntas abertas e espaço para sugestões de aprimoramento. Concluída a etapa do primeiro pré-teste a proposta do percurso foi reformulada. Os principais problemas indicados foram: tempo de duração das paradas, sugestão de alteração da rota que passava por dentro do museu, mobilidade devido ao transito, conforto térmico, falta de um folheto informativo para leitura sobre os lugares. Donaire e Galí (2008Donaire, J. A.; Galí, N. (2008). Modeling tourist itineraries in heritage cities. Routes around the Old District of Girona. Pasos.Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. v. 6, n. 3, p. 435-449. ) ao estudarem modelagem de roteiros turísticos na cidade de Girona (Espanha) afirmam que os turistas seguem consciente ou inconscientemente roteiros construídos pela sociedade. E afirmaram ainda que esse tipo de metodologia de observação direta durante e aplicação questionário convencional no final da visita, apresenta-se uma forma de reunir informação para melhoria deste itinerário.

- O segundo pré-teste realizado também contou com a participação de 40 turistas vindos de Corumbá, no estado de Mato Grosso do Sul, no mês de maio de 2010 (figura 5).

Figura 5
Execução do segundo pré-teste em diferentes lugares

Assim como no primeiro pré-teste foi necessário dividi-los em grupos. Nesta oportunidade a proposta do percurso interpretativo havia passado por correção de falhas observadas e as sugestões, apontadas no formulário avaliativo preenchido pelos participantes de Rondonópolis.

- No terceiro pré-teste a proposta do percurso interpretativo constituía-se como um produto formatado, que foi disponibilizado como opção de passeio guiado para aquisição, por parte dos participantes do 3º Simpósio de Geotecnologias no Pantanal - 3º GeoPantanal, realizado em Cáceres em outubro de 2010.

Os congressistas interessados deveriam adquiri-lo junto à secretaria do evento. Vinte e quatro (24) participantes de diversos estados do Brasil (São Paulo, Bahia, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, etc.), optaram por realizá-lo (Figura 6).

Figura 6
Execução do segundo pré-teste em diferentes lugares

Assim como nos dois pré-teste anteriores, por meio de formulário optou-se por avaliar o produto final, como forma de validar a proposta para fins turísticos. Assim, a partir das considerações feitas pelos participantes constatou-se que há viabilidade de implantação, pela demanda por participar da atividade.

No tocante a sua validação para utilização para fins de Educação Patrimonial o percurso foi ofertado para três escolas, sendo duas públicas e uma privada. Nessa perspectiva, buscou ainda atingir outro objetivo que foi de socializar os conhecimentos produzidos no âmbito da Universidade, propiciando a interação entre a academia e sociedade, via projeto de extensão, propiciando assim uma formação comprometida com a indissociabilidade de ensino, pesquisa e extensão, voltado à disseminação dos saberes da história e da geografia local e regional; desenvolvimento de metodologias de ensino que motive e estimule a percepção e conservação da memória, agregando valores na sua formação enquanto cidadãos.

Em agosto de 2010 realizou-se a atividade de visitação no Centro Histórico e seu entorno com os alunos do 7º e 8º da Escola Estadual 14 de Fevereiro, vindos do município de Pontes e Lacerda (figura 7).

Figura 7
Visitação no Centro Histórico realizada com os alunos do 7º e 8º da Escola Estadual 14 de Fevereiro

Em junho de 2011 junto aos alunos do 7º ano da SESIESCOLA Leonor Barreto Franco, vindos de Cuiabá (figura 8).

Figura 8
Visitação no Centro Histórico realizada com os alunos do 7º ano da SESIESCOLA Leonor Barreto Franco

Em setembro de 2011 a proposta do percurso interpretativo, devidamente formatada para fins de educação patrimonial foi executada junto aos alunos do 8º e 9º da escola Estadual Irene Ortega, advindos de Mirassol D´Oeste (figura 9). Estas atividades foram viabilizadas por convênios firmados junto as Escolas e institucionalizados na Universidade.

Figura 9
Visitação no Centro Histórico realizada com os alunos do 8º e 9º da escola Estadual Irene Ortega

Quanto ao processo de validação foi utilizada a mesma metodologia aplicada à validação para fins turísticos. Nessa oportunidade, a partir dos pontos de observação foram apresentados e discutidos os aspectos da paisagem patrimonializada como parte do processo de construção da história e da geografia local e regional.

Como o público tratava-se de adolescentes não foram muitas as contribuições para alteração do percurso, coube à equipe elaboradora do projeto observar o comportamento destes para proceder ajustes, que foram no tocante mais ao tempo de permanência em cada lugar e a necessidade de monitores para conduzir o andamento da atividade no centro histórico.

Nessa ótica, Assis (2003Assis, L. F. (2003). Turismo de segunda residência: a expressão espacial do fenômeno e as possibilidades de análise geográfica. Revista Território, (13), 107-122. ) afirma que as práticas de percursos interpretativos como instrumentos de ressignificação e aproveitamento de lugares de memória, estimula o entendimento fundamental das relações entre o passado, o presente e as mudanças ocorridas nos modos de vida.

Swarbrook e Horner (2002) também expõem sobre o turismo de cunho pedagógico, que estimula o visitante a aprender sobre a importância dos bens patrimonializados através da "ressignificação" do local, que vincula atividades educativas a atividade turística e à promoção de uma educação patrimonial reflexiva a partir de vivências na realidade da localidade.

Lima (1998Lima, S. T. (1998). Trilhas Interpretativas: a aventura de conhecer a paisagem. Cadernos Paisagem UNESP, Rio Claro, 3, 39-44.) entende por trilha interpretativa um trajeto de curta distância (500 até 1.000 metros), em que aperfeiçoam a compreensão das características naturais e/ou construídas e culturais da sequencia paisagística determinada pelo seu traçado, que integra a valoração e tomada de sensibilidade.

Na perspectiva turística, verificou-se que o percurso proposto tem potencialidade de torna-se um instrumento indutor da permanência e estada, propiciando ao visitante um conhecimento fácil e rápido do espaço visitado. E no desenvolvimento de práticas de educação patrimonial possibilita que sejam levantadas questionamentos sobre a constituição e modificação da paisagem, denominação das Ruas e dos casos omissos, como a inexistência de informações sobre determinadas edificações (a exemplo da casa que abrigou a União Operária Cacerense - UOC, situado na Rua seis de outubro). Pois, segundo Santos et al. (2008Santos, A. E. A. F., Bárbara, V. F., Paranhos, R. D. (2008). Planejamento de trilha interpretativa no Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco (PEAMP), Goiás, Brasil. Anais do Congresso Goiano de Educação Ambiental, Goiânia: UFG, 1.) o planejamento de um percurso ou trilha interpretativa tem sempre o propósito de contar uma história em capítulos, em sequência lógica e inteligível, com introdução, desenvolvimento e conclusão, deixando uma mensagem para o público.

Silva et al. (2011Silva, G. K. P., Figueró, A. S., Sell, J. C., & DALBEM, L. (2011). (Re) conhecendo o "lugar" de vivência por meio do uso de geotecnologias e trilhas interpretativas: uma experiência no município de Agudo-RS. Geosaberes, Fortaleza, 2 (3), 3-17.) discorreram que as trilhas interpretativas agregam diferentes atividades de sensibilização ambiental, desenvolvendo um processo através de valores, de identificação com a paisagem, onde são enfocados aspectos relativos ao sentir-se e ser parte, envolvendo atividades de relaxamento, observação de paisagens, multe estimulação da acuidade perspectiva, entre outros.

Nesse contexto, as trilhas interpretativas, quando bem planejadas e implantadas, podem auxiliar o planejamento e manejo dessas localidades, conectando o visitante com o lugar, aumentando a compreensão e apreciação sobre os recursos históricos e culturais protegidos, diminuindo assim as pressões negativas sobre os mesmos; provocando mudanças de comportamento, atraindo e engajando as pessoas na tarefa de conservação; aumentando a satisfação do usuário, criando uma impressão positiva sobre o lugar visitado (Vasconcellos, 1997Vasconcellos, J. M. O. (1997). Trilhas interpretativas: aliando educação e recreação. Anais do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, Curitiba: IAP, Unilivre, Rede Pró-UC, 1, 465-477.).

Em face disto, as representações dos lugares visitados tornam-se fascinantes pela dinâmica que se estabelece entre a representação imaginada e a visualização representada. A geração de mapa colabora no planejamento e execução da atividade turística e educação patrimonial, apresentando-se como norteadoras de atividades guiadas e não guiadas.

Corroboram com esta ideia Duque e Mendes (2006Duque, R. C., & MENDES, C. L. (2006). O planejamento turístico e a Cartografia. Campinas: Alínea.) e Oliveira (2005Oliveira, I. J. (2005). A cartografia aplicada ao planejamento do turismo. Boletim Goiano de Geografia, Goiânia/GO, 25 (1-2), 29-46.) quando descrevem que uma das funções do mapa para turistas é localizar, com precisão e clareza, onde estão os atrativos turísticos num determinado lugar e os equipamentos facilitadores de sua estada em determinada localidade (restaurantes, bancos, informações úteis, etc.), apresentando em suas informações conteúdos direcionados acerca dos bens que se pretende conhecer. Para Fiori (2010Fiori, S. R. (2010). Cartografia e as dimensões do lazer e turismo: o potencial dos tipos de representação cartográfica. Revista Brasileira de Cartografia, 62 (3), 527-542. ) o mapa para atividades educativas tem maior aceitação devido à facilidade de decodificação do que é visto, quanto ao tempo, formas de representação do espaço etc., facilitando absorção da informação pelo usuário.

Ao investigar as práticas pedagógicas de educação não formal Tristão (2008Tristão, V. T. V. (2008). Educação ambiental não formal em parques urbanos. Pesquisa em Debate. (8ª ed). 5 (1), 1-15.) expõe que propostas de trilhas interpretativas, oficinas e outras práticas, podem ser desenvolvidas com diversas faixas etárias, podendo orientar os visitantes em outras vertentes com foco interdisciplinar e transversal, desde a aquisição do conhecimento, desenvolvimento de valores e atitudes positivas frente ao local visitado até como atividades de entretenimento e lazer.

Jacobson (1998) expôs que os tipos de percurso, como o proposto neste estudo (Figura 3), quando realizado com acompanhamento de material didático apresenta vários pontos positivos, tais como: atender maior número de visitantes; possibilidade de disponibilizar permanentemente a informação, todos os dias e a qualquer hora, não necessitando de um guia intérprete; fornece mais autonomia ao visitante, respeitando seu próprio ritmo; e que ainda essa estratégia não impede a participação de um guia, que poderá utilizar as informações disponíveis como base para seu trabalho de interpretação e condução dos visitantes.

A contribuição da proposta de percurso interpretativo para fins turísticos e de educação patrimonial no contexto local transcende a de ativação da memória social, pois estabelece cria laços, conexões e afetividades esquecidas ou muitas vezes nem conhecidas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O percurso interpretativo apresenta como potencialidade a sua utilização no desenvolvimento de atividades turísticas e de educação patrimonial pelos setores público e privado do município de Cáceres, bem como, ser utilizado como meio para a geração de novos produtos. Acrescenta-se ainda que sua produção é de baixo custo.

Na execução do percurso interpretativo observou-se que devido às condições climáticas locais (alta temperatura) os horários para sua execução estão restritos ao início da manhã (6h até as 9h) e ao fim da tarde (16h até as 18h). Outra limitação está relacionada a quantidade de pessoas, que devem ser de no máximo dez pessoas por grupo, decorrente da largura das ruas (estreitas).

Sugere-se a realização de ações voltadas a educação patrimonial no âmbito municipal, visando estimular a reflexão, descoberta, novos usos, respeito e atitudes de valorização do Patrimônio Cultural por parte da população, possibilitando assim simultaneamente geração de renda, conservação do patrimônio e o desenvolvimento do turismo.

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  • 1
    O Centro histórico foi delimitado pela Secretaria Estadual de Cultura por meio da Portaria nº 027/2002 (MATO GROSSO, 2002) e atualmente também se configura como Conjunto Arquitetônico Urbanístico e Paisagístico, delimitado pelo IPHAN Cultura por meio da portaria nº 85/2012 (BRASIL, 2012).
  • 2
    O vapor Etrúria foi construído em Gênova (Itália) em 1890, era movido a vapor, possuía acomodações para 20 passageiros e rebocava duas chatas de 100 toneladas cada. Era um dos principais meios de transporte de passageiros e de cargas por volta de 1914, transportava poaia, borracha, charque e couro de animais para exportação, via porto de Corumbá/MS.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2016

Histórico

  • Recebido
    15 Nov 2015
  • Aceito
    03 Abr 2016
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