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Uma Vez”: Empréstimo do alemão no português falado em Itapiranga e São João do Oeste

Uma vez”: Borrowing from German into Portuguese spoken in Itapiranga and São João do Oeste

Resumo

O objetivo deste estudo é analisar os usos da palavra mal na língua alemã, comparando-os com possíveis traduções para a língua portuguesa. A partir dos dados levantados e analisados, busca-se descrever o uso da variante uma vez no português em Itapiranga e São João do Oeste, localidades situadas no oeste de Santa Catarina, Brasil, com forte presença de falantes do alemão Hunsrückisch como língua de imigração. Para a realização do estudo, seguiu-se a metodologia proposta pela dialetologia pluridimensional e relacional, conforme Thun (1998). No presente estudo, realizaram-se entrevistas com 16 falantes bilíngues Hunsrückisch/português das duas localidades.

Palavras-chave:
Bilinguismo Hunsrückisch-português; contatos linguísticos; variação linguística

Abstract

This work presents a study aimed to describe the uses of the word mal in German, comparing it with possible translations to Portuguese. Based on interviews, we describe the use of the variant uma vez in Portuguese spoken in Itapiranga and São João do Oeste, Santa Catarina, Brazil, with many speakers of Hunsrückisch as a language of immigration. We follow the methodology proposed by pluridimensional and relational dialectology, according to Thun (1998). In this study, interviews were conducted with 16 German/Portuguese bilingual speakers from the two localities.

Keywords:
Hunsrückisch Portuguese bilingualism; linguistic contacts; linguistic variation

Introdução

A variação linguística na língua portuguesa falada pela população do sul do Brasil já foi tema de diversos estudos, estimulados pelo contato linguístico com línguas de imigração (alemão, italiano, polonês, entre outros) e com línguas dos países de fronteira (a saber, o espanhol e o guarani). Um exemplo dessa variação é o tema deste estudo, que visa descrever o uso variável da variante uma vez no português em contato com o alemão falado em Itapiranga e São João do Oeste - SC. O foco da pesquisa está principalmente em enunciados imperativos, como “Vê uma vez na secretaria se eles podem te ajudar”, “Chama ela uma vez” e “Vai uma vez para Tunápolis”, como também frases em que a variante uma vez é usada como numeral ou advérbio.

O objetivo deste trabalho é, através de estudos bibliográficos, analisar os usos da palavra mal na língua alemã, comparando-os com possíveis traduções para a língua portuguesa. Através da entrevista, objetiva-se descrever a variação do uso de uma vez no português falado em Itapiranga e São João do Oeste, localidades situadas no oeste de Santa Catarina, Brasil, caracterizadas pela forte presença de falantes da variedade Hunsrückisch1 1 Os dados e a análise são frutos de dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal da Fronteira Sul defendida no ano de 2014 e contou com a aprovação no Comitê de Ética sob o número do CAAE 20433513.1.0000.5564. . A elaboração da entrevista, a seleção dos informantes e a análise seguem os princípios da dialetologia pluridimensional e relacional (Thun, 1996______. Movilidad demográfica y dimensión topodinámica. Los montevideanos em Rivera. In: Radtke, Edgar; Thun, Harald (Org.). Neue Wege der romanischen Geolinguistik: Akten des Symposiums zur empirischen Dialektologie. Kiel: Westensee-Verl, 1996, p. 210-269.; 1998; 2009).

Na língua alemã, a palavra mal tem diversos usos, a começar pela conjunção com sentido de “vezes” (Drei mal drei sind neun / Três vezes três são nove). Pode ser também usada como advérbio quando indica a quantidade de ocorrências de um fato (Er hat mich einmal besucht./ Ele me visitou uma vez). Como advérbio ainda pode remeter a um tempo qualquer no passado ou no futuro (Er war mal ein guter Sportler/Ele costumava ser um bom atleta; Ich glaube, ich muss mal Urlaub machen/ Acredito que preciso tirar férias). A palavra mal também pode desempenhar a função de partícula modal, que adiciona à frase imperativa um tom amigável e não urgente, com o intuito de incentivar o interlocutor (Komm mal bitte her!/ Venha aqui por favor; Gibst du mir bitte mal das Salz?/ Por favor, passe-me o sal)2 2 Todos os exemplos deste parágrafo estão disponíveis no dicionário LANGENSCHEIDT Groβwörterbuch Deutsch als Fremdsprache (1993: 642). Tradução da autora. .

Na língua portuguesa, a variante uma vez denota a singularidade da ocorrência ou em certa ocasião, sendo sinônimo de outrora, como em “Era uma vez...” (dos contos de fada). Assim, o uso da variante uma vez na língua portuguesa como equivalente da partícula modal einmal/mal da língua alemã, não levando em conta seus diferentes usos, produz enunciados como aqueles mencionados nas hipóteses, no próximo subtítulo. Na língua portuguesa, o uso de partículas modais é muito restrito, fazendo com que enunciados decorrentes do contato linguístico sejam exemplos de variação linguística. Construções idênticas estão presentes no cotidiano dos locais pesquisados: “Então faz uma vez uma listinha de tudo que precisa”, “Pede uma vez para ele” e “Vamos lá olhar uma vez”.

As variáveis fonológicas no português falado na região sul do Brasil em áreas de imigração alemã são variadas e frequentemente consideradas como a pronúncia típica “do alemão”, às vezes vista como característica positiva, outras não. Todavia, sempre será “marcada, notada e comentada, principalmente em ocasiões especiais e formais” (Borstel 2003Borstel, C. Identidades étnicas e situações de uso de línguas. In: Savedra, M.; Heye, J. (Org.). Palavra, n. 11, 2003, p. 133-145.: 135). Entre as mais investigadas estão a troca do fonema surdo por um sonoro [/p/, /t/ e /k/ por /b/, /d/ e /g/] e vice-versa e troca do fonema fricativo por um vibrante ou tepe /r/ (Damke 2006Damke, C. Línguas em contato: o caso do alemão x português. Cascavel: Edunioeste, 2006.; Pauli, 2004Pauli, V. S. Interferência fonética de um dialeto alemão na expressão oral e escrita em português. Revista Divisa. ano 1, n. 2, 2 sem. Itapiranga: Edições SEI/FAI, 2004.). Altenhofen (1996Altenhofen, C. V. Hunsrückisch in Rio Grande do Sul. Ein Beitrag zur Beschreibung einer deutschbrasilianischen Dialektvarietät im Kontakt mit dem Portugiesischen. Stuttgart: Steiner, 1996.), em sua tese, faz a descrição minuciosa do Hunsrückisch, comparando-o com a variedade padrão da língua. O autor traz alguns empréstimos do alemão no português, como por exemplo a Chimia. Já Krug (2011Krug, M. J. Os bilíngües teuto-brasileiros frente à metafonia funcional do português. Kiel: Westensee-Verlag, 2011. ) estudou os bilíngues teuto-brasileiros frente à metafonia funcional do português, ou seja, como os descendentes de alemães aprenderam ou se adequaram ao uso desse fenômeno linguístico existente exclusivamente na oralidade e, portanto, de difícil aprendizado se não por imersão. Também Horst (2011Horst, C. “Quando o Heinrich casa com a Iracema, a Urmutter vira bisa”. A dinâmica dos nomes próprios de pessoas e comuns de parentesco em uma comunidade de contato alemão-português do sul do Brasil. Kiel: Westensee-Verlag. 2011.) fez um estudo dos termos de parentesco, analisando, principalmente, a manutenção ou a substituição dos termos utilizados pelos descendentes teutobrasileiros. Estudos como estes apontam para a lusitanização dos termos e a adequação à língua oficial do país que os acolheu.

Quanto à variável semântica, Pereira (1999Pereira, M. C. Naquela comunidade rural, os adultos falam “alemão” e “brasileiro”. Na escola, as crianças aprendem o português: um estudo do continuum oral/escrito em crianças de uma classe bisseriada. Tese de doutorado. IEL/Unicamp, 1999. ) evidenciou o uso polissêmico do verbo “ganhar” em construções como “Minha avó ganhou um ataque” e “A gente não ganhava tempo de estudar”, presentes na fala das pessoas de uma comunidade bilíngue rural de Missal-PR, independentemente da faixa etária e escolarização. Esses exemplos nos dão pistas de um possível empréstimo do alemão que possa ter entrado na língua portuguesa, assim como o “uma vez”.

O fenômeno da variável, objeto deste estudo, também foi mencionado por Soares (2008Soares, S. C. Bilinguismo e letramento: análise da interação entre duas línguas. Dissertação de mestrado. Unisc, 2008. ) e teve como objetivo, averiguar a influência de um dialeto alemão falado na região de Vera Cruz - RS sobre o processo de letramento em português. Durante a pesquisa de campo, a pesquisadora observou que a fala Tava muitu boum uma vez..., utilizada por um aluno monolíngue, apresenta uma estrutura sintática peculiar da língua alemã, apesar de à primeira vista não o evidenciar. O uso frequente dessa expressão entre os alunos bilíngues (português/alemão) e monolíngues (português), segundo a autora, “reflete o contato e a interferência de um código pelo outro e opõe duas formas de ver a realidade, duas maneiras de conceber o mundo” (Soares 2008: 77).

A presença da variante uma vez na fala dos falantes das localidades reiteradamente chama a atenção do senso comum, que a menciona muitas vezes, como uma marca identitária da fala de bilíngues alemão-português. Frases como “Observem uma vez gráficos e tabelas”, “Então vamos lá olhar uma vez” e “Pede uma vez para ele”, anotadas no caderno de campo pela pesquisadora no decorrer de dois anos, durante a elaboração do projeto e realização desta pesquisa, evidenciam que a variação existe.

Mal e uma vez

A hipótese deste trabalho é o uso da variante uma vez em frases imperativas como um empréstimo do alemão no português e decorrente do bilinguismo Hunsrückisch/português e contato linguístico presente nas localidades. Assim, é necessário evidenciar quais os usos da palavra mal e se esses usos correspondem aos usos da variante uma vez na língua portuguesa.

A palavra mal/mo tem diversos usos e significados na língua alemã e no Hunsrückisch. O Quadro 1 apresenta um levantamento desses usos, exemplos e suas traduções para a língua portuguesa e falas dos informantes anotadas no Caderno de Campo.

Quadro 1:
Emprego da palavra mal/mo na língua alemã / Hunsrückisch

Segundo Langenscheidt Groβwörterbuch Deutsch als Fremdsprache (1993), a palavra mal é uma conjunção3 3 Konjunktion; multipliziert mit (p. 642) (conjunção, multiplicado por). quando usada para expressar multiplicação, como em

(1) Vier mal vier ist sechzehn.

(1a) Quatro vezes quatro é dezesseis.

Nesse uso, a palavra mal tem um equivalente na variedade culta da língua portuguesa, ou seja, ‘vezes’.

Num outro uso, agora como advérbio, mal indica a quantidade ou número de vezes em que algo ocorreu4 4 Adv, begrenzt produktiv; die genannte Zahl od. Menge von Malen (p. 642) (produção limitada, a quantidade acima referida ou o número de vezes) . Nesse caso, vem acompanhado da quantidade ou número como em einmal (uma vez), zweimal (duas vezes), manchmal (às vezes ou de vez em quando), vielmals (muitas vezes). Numa construção da língua alemã traduzida para variedade culta do português, novamente a palavra mal é traduzida para vez:

(2) Er hat mich einmal besucht.

(2a) Ele me visitou uma vez.

Construção equivalente foi produzida, em português, por um falante bilíngue da comunidade em estudo:

(3) E olha que tava bem no finalzinho até que uma vez tive que entrar, eu entrei duas vezes.

Ainda como advérbio, a palavra em questão assinala para um tempo qualquer, não especificado, que pode ser tanto no passado como no futuro5 5 adv gespr; zu irgendeiner (nicht näher bestimmten) Zeit in der Vergangenheit od. in der Zukunft = einmal (p. 642) (para qualquer evento (não especificado) no tempo, no passado ou no futuro) , como nos exemplos:

(4) Er war mal ein guter Sportler.

(5) Ich glaube, ich muss mal Urlaub machen.

Para a língua portuguesa, tais enunciados são traduzidos como:

(4a) Ele era um bom atleta.

(5a) Acredito que preciso tirar férias.

Logo, a palavra mal não tem, na grande maioria dos casos, equivalente na tradução para a língua portuguesa. Porém, nos apontamentos do Caderno de Campo, encontram-se falas de falantes bilíngues como:

(6) Também tenho que começar uma vez a xingar.

(7) Na medida que o aluno uma vez se conscientiza sobre essa necessidade.

(8) Se a classe trabalhadora para uma vez de trabalhar (...)

Equivalentes dessas construções na língua alemã podem ser (versões nossas):

(6a) Ich muss auch mal anfangen zu schimpfen.

(7a) In dem Maβe, in dem der Schüler sich einmal der Notwendigkeit bewusst wird.

(8a) Wenn die Arbeiterklasse mal aufhört zu arbeiten (...)

Tais construções são alvo desta pesquisa, pois denotam a tradução literal da palavra mal em contextos em que não é possível na língua portuguesa.

Por fim, ainda de acordo com Langenscheidt Grosswörterbuch Deutsch als Fremdsprache (1993)6 6 Partikel; unbetont, gespr; 1 verwendet, um j-n höflich zu etw. Aufzufordern, auch in Form e-s Fragesatzes (p. 642) (usado para pedir educadamente para alguma coisa, mesmo na forma pergunta) e Kempcke (2000Kempcke, G. Wörterbuch Deutsch als Fremdsprache. Berlin: New York: de Gruyter, 2000.)7 7 <Modalpartikel; unbetont; steht nicht am Satzanfang; bezieht sich auf den ganzen Satz, steht in Aufforderungssätzen> /der Sprecher gibt der Aufforderung einen freundlichen, nicht dringlichen Charakter; er versucht den Hörer zu motivieren, ohne ihn zu zwingen/: <oft + doch> (p. 647) (Partícula modal; átona; não está no início do período; refere-se a toda a frase, é um reforço linguístico, em frases imperativas> / o falante faz um enunciado amigável e não de caráter obrigatório, ele tenta motivar o ouvinte, sem forçá-lo: seguidas vezes +também) , a palavra mal também pode ser partícula modal usada quando o falante pretende, de forma amigável e não urgente, incentivar o ouvinte a fazer algo, sem obrigá-lo. Tal construção aparece em frases imperativas como

(9) Hier, probier mal meinen Stift.

(10) Komm mal her, bitte!

e também em perguntas

(11) Kannst du mal mein Fahrrad halten?

(12) Reichst du mir mal die Butter?

Na variedade formal da língua portuguesa, traduz-se como

(9a) Aqui, experimenta minha caneta.

(10a) Venha aqui, por favor.

(11a) Você pode segurar minha bicicleta?

(12a) Alcança-me a manteiga.

Novamente, ao analisar as construções na língua portuguesa, fica evidente que a tradução da palavra mal não é necessária ou não é possível.

A Gramática Alemã de Welker (1992Welker, H. A. Gramática Alemã. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1992.) indica uma certa equivalência entre a partícula modal alemã mal e a palavra em português apontada, no entanto, não explicita uma formulação teórica sobre essa equivalência:

Em sentenças imperativas, mal serve para atenuar o tom imperativo quando se trata de ordens, ou mostra que o enunciado nem é uma ordem, e sim um pedido, uma sugestão ou um conselho; mal é quase sempre usado em pedidos nos quais se chama a atenção do interlocutor; em português, pode-se acrescentar às vezes "aí" ou "por favor". (Welker 1992Welker, H. A. Gramática Alemã. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1992.: 322)

Em seguida, o autor apresenta as seguintes frases equivalentes:

(13) Zeig mir mal dein Heft! Me mostre aí seu caderno!

(14) Sieh mal, der Präsident! Olha aí, o Presidente!

Essa equivalência entre e a partícula modal mal também é apresentada pelo Dicionário Português-Alemão (1983: 41) com o exemplo

(15) Moment mal. Espere aí.

Franco (1991Franco, A. Descrição linguística das partículas modais no português e no alemão. Coimbra: Coimbra Editora, 1991. ), na obra Descrição linguística das partículas modais no português e no alemão, analisa a variedade do português de Portugal e determina como partículas modais da língua portuguesa as palavras acaso, afinal, bem, cá, e, então, é que, já, lá, mas, não, se calhar, sempre e também. O autor destaca também que a língua portuguesa apresenta partículas modais, porém não em tão grande número quanto a língua alemã, além de não serem tão facilmente identificadas pelos falantes como tal. Desse modo, o uso de partículas modais nas duas línguas aproxima-se pois elas constituem um grupo, cuja característica mais importante consiste na função semântico-pragmática, ou seja, ao usá-las o falante determina sua posição perante o conteúdo proposicional do enunciado. Mesmo não incluindo na relação de partículas modais, Franco (1991) admite que dentro das possibilidades de tradução da partícula modal alemã mal em frases interrogativas para o português pode haver um atenuante. Como exemplo, ele explica a função de mal em

(16) Kannst du mir mal eine Zigarette geben? Ich habe keine mehr. (Franco 1991Franco, A. Descrição linguística das partículas modais no português e no alemão. Coimbra: Coimbra Editora, 1991. : 303)

dessa forma: "Uma vez que mal atenua o aspecto de urgência e de certa imposição que teria o mesmo enunciado sem a PM, o ouvinte é deste modo levado a prontificar-se a satisfazer de boa vontade aquela acção, sabendo que não está a ser pressionado para isso" (Franco 1991Franco, A. Descrição linguística das partículas modais no português e no alemão. Coimbra: Coimbra Editora, 1991. : 303). Como equivalentes, o autor aponta os seguintes enunciados:

(16a) Não me podes dar aí um cigarro?

Não me podias dar aí um...?

Podes-me dar aí um cigarro?

Outro equivalente de mal é apresentado por Nunes (2008Nunes, E. C. R. As partículas modais da língua alemã: um problema para a tradução? Um estudo com base nos contos "Nachts schlafen die Ratten doch" de Borchert e "Berlin Bolero" de Schulze. Dissertação de mestrado. UFSC, 2008. ) ao analisar a tradução de trechos de dois contos em língua alemã de épocas literárias distintas: o conto do pós-guerra, “Nachts schlafen die Ratten doch”8 8 É claro que as ratazanas dormem à noite! (tradução de Nunes 2008) de Wolfgang Borchert, versus o conto contemporâneo “Berlin Bolero”9 9 Bolero em Berlim (traduzido por Marcelo Backes 2008) de Ingo Schulze. Sob o enfoque da teoria funcionalista, a proposta da dissertação de mestrado foi demonstrar que não se deve traduzir as partículas modais somente porque elas estão presentes como item lexical no texto-fonte. Nessa perspectiva, foi analisada a construção:

(17) Oha, denk mal an, neun also.

e proposta a tradução como:

(17a) Olha só, nove anos!

Segundo o estudo, a “partícula modal, quando utilizada em orações imperativas, suaviza uma ordem ou pedido e muitas vezes dá ao enunciado um tom pessoal e descontraído” (Nunes 2008Nunes, E. C. R. As partículas modais da língua alemã: um problema para a tradução? Um estudo com base nos contos "Nachts schlafen die Ratten doch" de Borchert e "Berlin Bolero" de Schulze. Dissertação de mestrado. UFSC, 2008. : 84).

Em relação ao uso da variante uma vez na língua portuguesa, o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2009: 2056) aponta a referida expressão como sinônimo de ‘Em certa ocasião; outrora.” O dicionário cita como exemplo a construção:

(18) Uma vez na vida, outra na morte.

Comparando com os usos de einmal no Hunsrückisch, neste caso a variante uma vez é o equivalente ao advérbio que assinala a um tempo qualquer, indefinido, podendo ser no passado ou no futuro.

Por outro lado, a ocorrência de uma vez é frequente na fala de falantes bilíngues, como os exemplos anotados no caderno de campo da pesquisadora: ‘Chama ela uma vez’, ‘Faz uma vez cinco vezes vinte e cinco para ver quanto dá’, ‘João, para uma vez’, ‘Então vamos lá olhar uma vez’, ‘Vê uma vez na secretaria se eles te informam’, entre outras. São falas de diferentes classes sociais, de professor a agricultor, de ambos os sexos e diversas faixas etárias. Todos têm um fator em comum: ou são bilíngues ou vivem em ambiente de contato linguístico. Este estudo objetiva apresentar um levantamento de construções idênticas às acima.

Metodologia

A elaboração da entrevista e a escolha dos informantes baseia-se nos pressupostos do modelo teórico-metodológico da Dialetologia Pluridimensional e Relacional aplicado nos atlas linguísticos do Atlas Linguístico Diatópico y Diastrático del Uruguay (ADDU), Atlas Linguístico Guaraní-Románico (ALGR), Atlas Linguístico-Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata - Hunsrückisch (ALMA-H) e do Atlas das Línguas em Contato na Fronteira (ALCF). Esse modelo de coleta e análise de dados foi escolhido por abranger diversas variáveis linguísticas e extralinguísticas. Segundo Thun (1998: 701), é tarefa da dialetologia pluridimensional e relacional estender a área (arealisar ou diatopisar) de cada um dos parâmetros que distinguem a sociolinguística e outras ciências da língua no eixo vertical e descobrir as relações que existem dentro das áreas e entre elas. Ou seja, não basta abarcar mais dimensões, é necessário criar mecanismos para relacioná-las e dessa relação, poder extrair mais informações que possam auxiliar na explicação do fenômeno estudado.

O princípio da pluridimensionalidade engloba um conjunto de dimensões, onde cada dimensão pressupõe uma relação de oposição entre dois (ou mais) parâmetros de definição. As dimensões que determinaram a escolha dos informantes foram: diatópica (tendo como critério informantes de Itapiranga e São João do Oeste - I e S), diastrática (Classe Alta - com escolaridade acima do Ensino Médio - e Classe Baixa - com escolaridade até o Ensino Médio - Ca e Cb), diageracional (informantes acima de 55 anos e entre 18 a 36 anos - GII e GI) e diassexual (informantes do sexo masculino e do sexo feminino - M e F). Em cada critério, oito informantes foram entrevistados, totalizando 16 entrevistas com falantes bilíngues.

No que diz respeito à classe social é importante salientar que preferiu-se adotar o mesmo conceito adotado nos projetos do ALMA, ADDU e ALGR, ou seja, são considerados integrantes da classe alta todos os informantes que estejam cursando ou já tenham concluído o nível superior de ensino (faculdade ou universidade) e os informantes que não se enquadram nesse perfil serão considerados classe baixa. Preferimos esse recorte, pois, o critério de definição de Ca e Cb se pauta exclusivamente na escolaridade e ocupação de trabalho (com ou sem uso da escrita), porque são os únicos critérios concretamente mensuráveis e controláveis em uma pesquisa que agrega a variação diatópica (com levantamentos em uma rede de pontos de pesquisa) e que envolve a fala de indivíduos bilíngues (dimensão dialingual). Para essa população falante de uma língua minoritária de imigração essencialmente falada, portanto na maioria das vezes ágrafa, a análise da variação linguística na dimensão diastrática tem como foco central a influência da escolaridade, por ser indicador do grau de acesso à linguagem escrita e às práticas de letramento.

A coleta sistemática dos dados empíricos deu-se por meio do Caderno de Campo e entrevista gravada em áudio com dezesseis informantes dividida em quatro fases: a tradução de frases, a conversa livre, os comentários sobre o texto e a sugerência. Por questão de espaço, este trabalho apresenta apenas a elaboração e os resultados da tradução de frases.

A tradução de frases do alemão para o português é a primeira parte da entrevista, na qual o informante deve traduzir para o português trinta frases lidas pela entrevistadora em Hunsrückisch. Intencionalmente, as frases foram escolhidas e elaboradas, possibilitando os variados usos da palavra mal/mo e até a ausência dessa, a fim de não tornar a entrevista monótona ou evidenciar a variante em estudo. No Quadro 2, as frases estão escritas na variedade Hunsrückisch, conforme ortografia proposta por Altenhofen et al. (2007Altenhofen, C. V. et al. Fundamentos para uma escrita do Hunsrückisch falado no Brasil. Revista Contingentia, Porto Alegre, v. 2, n. 2., nov. 2007. p.73-87.).

Quadro 2:
Emprego da palavra mal/mo em Hunsrückisch. * Essa coluna apresenta o uso da variante, isto é, numeral (Num.), advérbio (Adv.) e imperativo (Imp.)

As frases que compõem essa fase da entrevista foram elaboradas a partir de falas de falantes diversos das localidades em questão observadas e anotadas no Caderno de Campo no período de agosto de 2012 a julho de 2014. Essas anotações proporcionaram dados empíricos não sistemáticos, que provam que a variante uma vez é usada pelos falantes das duas localidades.

Quadro 3
Frases com uma vez coletadas e transcritas em caderno de campo

Resultados

A partir da tradução das 30 frases do Quadro 2, foram coletadas dezoito possibilidades de formas imperativas de uma vez, cinco adverbiais e dois numerais. Em cinco frases (8, 14, 21, 26 e 29) não foi possível encontrar uma tradução com a variante uma vez. Duas frases não apresentam a variante mal/mo na frase em alemão (frases 8 e 26). Duas apresentam numeral superior a uma, sendo que na tradução esse numeral é usado, e não a variante uma vez (frases 14 e 29). Essas frases demonstram que a romanização está em fase adiantada e os informantes não confundem o emprego da variante uma vez quando se trata de outra numeração. Por fim, a pergunta e resposta da frase 21 não apresenta a variante uma vez na tradução.

Considerando os dezesseis informantes que, durante a coleta de dados, traduziram as vinte e cinco frases, nossos dados podem chegar a um total de 400 possíveis ocorrências de uso da variante uma vez. Entre essas possiblidades, os informantes usaram a variante uma vez em 56 traduções, conforme podemos ver no Gráfico 1.

Gráfico 1:
Uso da variante uma vez na tradução de frases pelos informantes da pesquisa

Nesse gráfico, a primeira coluna escura representa o total de possibilidades de realização da variante uma vez durante a tradução de frases, ou seja, 400 ocorrências, divididas em imperativo, advérbio e numeral, representadas nas demais colunas escuras. Já as colunas claras representam a quantidade de realizações da variante pelos nossos informantes.

A variante uma vez foi usada em quase todos os contextos de numeral, ou seja, das 32 possibilidades de ocorrência, a forma variável esteve presente em todas a traduções, exceto em uma tradução do falante CaGII M S. As frases 12 e 17 foram traduzidas por todos os informantes com a forma uma vez, com uma particularidade: um informante inseriu o adjetivo única entre as duas palavras da variante: “Estive lá uma vez”. Essa grande quantidade de traduções com a variante uma vez em contextos de numeral era esperada devido ao fato de que na língua portuguesa, a variante denota a quantidade de ocorrências de um evento, sendo que a tradução das frases necessita do uso dessa forma. Assim, a presença da variante uma vez em contextos de numeral não denota uma variação. Contextos em que a variante representa uma variação são com a função de advérbio e de imperativo, sendo que o foco desta pesquisa está no imperativo, que serão apresentados a seguir.

Quando a variante uma vez estiver num contexto de advérbio, ela pode indicar uma variante da forma em certa ocasião ou outrora. Da lista de frases para versão que podem apresentar a forma uma vez, cinco delas estão em contexto de advérbio. Considerando que dezesseis falantes fizeram a tradução das frases, temos possibilidade de oitenta frases a serem traduzidas com uma vez. Treze frases apresentaram essa variante.

A frase 2 teve quatro traduções com a variante uma vez: “Eu tinha uma vez um fusca”, usado por três falantes (CaGII M I, CaGII F I e CbGI F I) e “Já tive uma vez um fusca”, tradução feita pelo informante CbGII M S. A frase 20 também foi traduzida quatro vezes com a variante uma vez: “Minha mãe uma vez disse assim” (CaGII F I); “Minha mãe disse assim uma vez” (CaGI FI), “A mãe uma vez disse assim” (CaGII M S) e “Minha mãe falou assim uma vez” (CaGII F S). Duas frases tiveram duas traduções cada com a variante uma vez. A frase 4 foi traduzida como “Eu estava lá uma vez” (CaGI F I) e “Já estive uma vez lá” (CbGII M S). A frase 23 teve regularidade na tradução, sendo que apenas a variante esteve em diferentes lugares na tradução: “Eu li uma vez esse livro” (CaGII F I) e “Eu li esse livro uma vez” (CaGI F S). A frase 30 foi traduzida pela informante CaGII F S como “Já vou para casa, eu vou uma vez para casa”. Nesse caso, a própria falante trouxe uma variante para a primeira tradução apresentada. Dessa forma, em contextos de advérbios, correspondendo às formas outrora e certa vez, a variante uma vez esteve presente em 16,3% das possibilidades de ocorrência. É um número considerável, pois além da não ocorrência de variante que indique um tempo qualquer, há outras possibilidades, já descritas em dicionários e gramáticas.

As frases imperativas, em que a partícula modal mal/mo está presente na frase do Hunsrückisch que o informante deve traduzir para o português, tiveram doze ocorrências da variante uma vez. Três frases tiveram duas traduções com a variante e seis apenas uma tradução.

A frase 5 foi traduzida como “Você pode vir uma vez aqui” por CaGI F I e como “Tu vem... tu vem uma vez aí?” pela informante CbGII F I. A frase 13 foi traduzida por CbGII M I como “Agora chega... uma vez”. A variante foi acrescentada na frase depois de uma breve pausa, possivelmente o falante sentiu que ainda estava faltando algo na tradução. A mesma frase foi traduzida como “Agora chega uma vez, não é bem assim” pela informante CaGII F S. Nesta tradução, a informante já acrescenta um breve comentário sobre a mesma, porém limitou-se a isso. A frase 24 foi traduzida como “Para uma vez” pelas duas informantes CaGII F.

Analisando agora as frases que apenas tiveram uma tradução com a variante uma vez, CaGI F I traduziu as frases 6 como “Traz uma vez água” e 16 como “Olha uma vez lá”. A informante CaGII F S traduziu as frases 9 como “Vamos nós uma vez dormir”, 25 como “Escuta uma vez o cachorro” e 27 como “Deixa uma vez Maria para lá”. E por fim, CbGII F S traduziu a frase 28 como “Prova uma vez”.

Considerando o número de frases com contexto imperativo que têm a possibilidade de apresentar a variante uma vez (18 frases multiplicando pelos 16 informantes, totalizando 288 possibilidades de ocorrência da variante), a ocorrência em apenas doze frases, que representam 5,26%, denota que a referida variação está presente no português falado nas duas localidades, porém em pequena escala. A baixa ocorrência da variante nas respostas dos informantes pode ser explicada a partir do paradoxo do observador, descrito nas palavras de Labov (2008Labov, W. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, 2008.: 244): “O objetivo da pesquisa linguística na comunidade deve ser descobrir como as pessoas falam quando não estão sendo sistematicamente observadas - no entanto, só podemos obter tais dados por meio da observação sistemática”. Assim, a pesquisadora não tem como intervir nessa atitude, pois ela é natural, ainda mais em se tratando do instrumento de coleta de dados que implica a tradução de frases. Porém, como o próprio Labov (2008) sugere, “um modo de controlar isso é estudar a pessoa em seu contexto social natural - interagindo com a família ou com seus pares”.

Apesar do pouco uso, os dados apontam, mesmo que de forma singela em frases imperativas, para as mulheres liderando o uso da variante uma vez, a saber, apenas uma frase imperativa com a variante foi realizada por um homem (CbGII M I). A Ca F realizou nove usos da variante. Poderíamos supor que as mulheres com mais tempo de instrução formal realizam mais a variante na fala. Nossa hipótese é de que, possivelmente, esse grupo de falantes usou mais a variante devido ao fato de a entrevistadora pertencer ao mesmo grupo, ou seja, as informantes não se sentiram inibidas ou controlaram sua fala devido à presença da entrevistadora. É possível que as informantes da Cb tenham restringido o uso do vernáculo perante a entrevistadora por essa ser uma professora de português que poderá julgar suas falas como inadequadas, apesar de a mesma informar que seu objetivo é saber como as pessoas falam e não corrigi-las. Outra possibilidade, mesmo que remota, é que as informantes conhecem a variante (a leitura de texto corrobora com essa possibilidade), porém, não demonstram preocupação em deixar de usá-la durante a entrevista, o que por outro lado, demonstra que as informantes da Cb têm competência no Hunsrückisch, mas deixam de usá-lo para que a língua não as denuncie, servindo a variedade, nesse caso, como um Schibboleth11 11 Palavra que serviu como teste para distinguir os Efraimitas dos Gibeonitas (na Judéia antiga). Os homens de Jeftá ocupavam o passo do Jordão, com ordens de não deixar nenhum Efraimita cruzá-lo. O Efraimita, que tentasse cruzá-lo, era intimado a dizer Shibboleth” (sh = /s‘/) ―que pronunciava Sibboleth. (The Modern Encyclopedia, edited by A. H. Mc Dannald 1934, p. 1082 apud Câmara Jr., 1977, p. 52). .

Outro aspecto considerável é que os dados de duas informantes foram decisivos no número de usos, a saber, CaGII F S e CaGI F I, que apenas têm em comum o gênero e a classe social. A primeira informante usou a variante em nove ocasiões durante a tradução de frases, dessas, cinco são frases imperativas. A segunda informante realizou a forma sete vezes, três delas em frases imperativas. Assim, de doze ocorrências da variante presentes nos nossos dados, oito delas foram realizadas por duas informantes. Ou seja, essas duas informantes realizaram mais de 65% das nossas ocorrências de uma vez, sendo que seus dados são responsáveis pelas disparidades entre os nossos números.

As demais quatro ocorrências de uma vez na tradução de frases foram realizadas por quatro informantes, a saber, CaGII F I, Cb GII F I, CbGII F S e CbGII M I. Percebe-se que em Itapiranga o uso da variante é mais difundido entre os informantes, sendo usado por quatro informantes, ao contrário de São João do Oeste em que apenas duas informantes realizaram a variante.

Através das traduções, foi possível descrever a variação do uso da variante uma vez em frases imperativas do português falado nas duas localidades de pesquisa, Itapiranga e São João do Oeste. Considerando as dimensões analisadas que compõem parte dos objetivos específicos deste estudo, a dimensão diassexual apresentou maior disparidade entre as ocorrências de frases imperativas com a variante uma vez, ou seja, onze frases imperativas traduzidas pelos informantes do sexo feminino e apenas uma por parte dos informantes masculinos. Isso demonstra que os homens podem liderar a mudança linguística para o não uso da variante, porém pode evidenciar também que a variante não é estigmatizada pelas informantes do sexo feminino.

Considerações Finais

Os descendentes alemães, em quase um século de colonização nas localidades de Itapiranga e São João do Oeste - SC, preservam características trazidas pelos primeiros imigrantes, especialmente a língua alemã na variedade Hunsrückisch. O bilinguismo presente nas localidades determina traços identitários presentes nas duas línguas, sendo que a variante uma vez em frases imperativas é considerado um desses traços. Este trabalho trouxe um levantamento bibliográfico com estudo comparativo entre os usos da palavra mal e possíveis traduções para o português, destacando o uso imperativo e as variantes usadas por gramáticas e livros traduzidos e a variante uma vez, usada pelos falantes bilíngues. Além disso, baseado em recursos de coleta e análise de dados da Dialetologia Pluridimensional e Relacional, este estudo apresentou o uso dessa variante em falas de diversos falantes das localidades anotadas no caderno de campo e em entrevista com 16 informantes durante a tradução de frases.

A bibliografia estudada não indicou a variante uma vez como uma tradução para a palavra mal em frases imperativas. Entretanto, Franco (1991Franco, A. Descrição linguística das partículas modais no português e no alemão. Coimbra: Coimbra Editora, 1991. ) destaca que a língua portuguesa apresenta partículas modais em número menor em relação à língua alemã. O uso da variante uma vez pelos falantes bilíngues pode ser uma forma de sanar essa lacuna na modalização da língua portuguesa.

Por outro lado, as frases anotadas no caderno de campo mostram que a variante uma vez está presente na fala de falantes bilíngues, e se destaca em frases imperativas. Já a entrevista com tradução de frases evidenciou sistematicamente a presença da variante. A pequena quantidade de usos em relação às possibilidades de uso é explicada a partir do paradoxo do observador (Labov 2008Labov, W. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, 2008.), ou seja, mesmo que o objetivo da pesquisa linguística é descobrir como as pessoas falam quando não estão sendo sistematicamente observadas, só é possível obter dados por meio da observação sistemática.

Por fim, considerando o reduzido número de informantes e a inibição dos informantes, percebe-se que esse foi um pequeno grão de areia diante da imensidão de possibilidades de estudo sobre marcas de bilinguismo e línguas em contato no sul do Brasil.

Referências Bibliográficas

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  • Welker, H. A. Gramática Alemã. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1992.
  • 1
    Os dados e a análise são frutos de dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal da Fronteira Sul defendida no ano de 2014 e contou com a aprovação no Comitê de Ética sob o número do CAAE 20433513.1.0000.5564.
  • 2
    Todos os exemplos deste parágrafo estão disponíveis no dicionário LANGENSCHEIDT Groβwörterbuch Deutsch als Fremdsprache (1993: 642). Tradução da autora.
  • 3
    Konjunktion; multipliziert mit (p. 642) (conjunção, multiplicado por).
  • 4
    Adv, begrenzt produktiv; die genannte Zahl od. Menge von Malen (p. 642) (produção limitada, a quantidade acima referida ou o número de vezes)
  • 5
    adv gespr; zu irgendeiner (nicht näher bestimmten) Zeit in der Vergangenheit od. in der Zukunft = einmal (p. 642) (para qualquer evento (não especificado) no tempo, no passado ou no futuro)
  • 6
    Partikel; unbetont, gespr; 1 verwendet, um j-n höflich zu etw. Aufzufordern, auch in Form e-s Fragesatzes (p. 642) (usado para pedir educadamente para alguma coisa, mesmo na forma pergunta)
  • 7
    <Modalpartikel; unbetont; steht nicht am Satzanfang; bezieht sich auf den ganzen Satz, steht in Aufforderungssätzen> /der Sprecher gibt der Aufforderung einen freundlichen, nicht dringlichen Charakter; er versucht den Hörer zu motivieren, ohne ihn zu zwingen/: <oft + doch> (p. 647) (Partícula modal; átona; não está no início do período; refere-se a toda a frase, é um reforço linguístico, em frases imperativas> / o falante faz um enunciado amigável e não de caráter obrigatório, ele tenta motivar o ouvinte, sem forçá-lo: seguidas vezes +também)
  • 8
    É claro que as ratazanas dormem à noite! (tradução de Nunes 2008)
  • 9
    Bolero em Berlim (traduzido por Marcelo Backes 2008)
  • 10
    Os falantes são denominados a partir das dimensões que determinaram a escolha dos informantes da pesquisa: diastrática (Classe Alta - com escolaridade acima do Ensino Médio - e Classe Baixa - com escolaridade até o Ensino Médio - Ca e Cb), diageracional (informantes acima de 55 anos e entre 18 a 36 anos - GII e GI) e diassexual (informantes do sexo masculino e do sexo feminino - M e F).
  • 11
    Palavra que serviu como teste para distinguir os Efraimitas dos Gibeonitas (na Judéia antiga). Os homens de Jeftá ocupavam o passo do Jordão, com ordens de não deixar nenhum Efraimita cruzá-lo. O Efraimita, que tentasse cruzá-lo, era intimado a dizer Shibboleth” (sh = /s‘/) ―que pronunciava Sibboleth. (The Modern Encyclopedia, edited by A. H. Mc Dannald 1934, p. 1082 apud Câmara Jr., 1977, p. 52).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Maio 2019

Histórico

  • Recebido
    16 Mar 2018
  • Aceito
    11 Set 2018
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