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À SOMBRA DO FUTEBOL: EXPERIÊNCIAS COM O RUGBY NAS DUAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX

IN THE SHADOW OF FOOTBALL: EXPERIENCES WITH RUGBY IN THE TWO FIRST DECADES OF THE 20th CENTURY

A LA SOMBRA DEL FÚTBOL: EXPERIENCIAS CON EL RUGBY EN LAS DOS PRIMERAS DÉCADAS DEL SIGLO XX

Resumo

O objetivo deste estudo foi investigar as experiências com o rúgbi promovidas nas duas primeiras décadas do século XX, no Rio de Janeiro, Recife e São Paulo, cidades nas quais os britânicos tiveram notável presença em função do processo de diversificação econômica. Como fontes, foram utilizados jornais e revistas publicados no período em tela. Discute-se as peculiaridades da influência estrangeira na conformação do campo esportivo brasileiro em importante momento de sua consolidação. Debate-se como uma modalidade tão relacionada à identidade britânica foi apreendida e considerada em um país que buscava forjar uma ideia de cultura nacional a partir de leituras de manifestações de diferentes origens. Conclui-se que o rúgbi ocupou uma posição intermediária entre o críquete e o futebol, já que as iniciativas que houve não foram suficientes para popularizar a prática. De fato, tal caso permite perceber as particularidades e limites do processo de trânsito cultural.

Palavras chave:
História do século XX; Esportes; Futebol americano; Aculturação

Abstract

This study investigates the rugby experiences promoted in the two first decades of the 20th century in the Brazilian cities of Rio de Janeiro, Recife and São Paulo - where the British had a remarkable presence due to the process of economic diversification. Newspapers and magazines published in the period were used as sources. It discusses the peculiarities of foreign influence in the making of Brazil’s sports field at an important time of its consolidation. It debates how a practice so closely related to British identity was taken over and represented in a country that sought to forge an idea of ​​national culture from readings of manifestations from different countries. It concludes that rugby played an intermediate position between cricket and football. The initiatives were not enough to make that sport popular. In fact, this case allows us to perceive the particularities and limits of the process of cultural transit.

Keywords:
History, 20th century; Sports; Football; Acculturation

Resumen

Este estudio tuvo por objetivo investigar las experiencias con el rugby promovidas en las dos primeras décadas del siglo XX, en Rio de Janeiro, Recife y São Paulo, ciudades en que los británicos tuvieron notable presencia en función del proceso de diversificación económica. Como fuentes, se utilizaron diarios y revistas publicados en el período. Se discuten las peculiaridades de la influencia extranjera en la conformación del campo deportivo brasileño en importante momento de su consolidación. Se debate cómo una modalidad tan relacionada a la identidad británica fue aprendida y considerada en un país que buscaba forjar una idea de cultura nacional a partir de lecturas de manifestaciones de diferentes orígenes. Se concluye que el rugby ocupó una posición intermedia entre el cricket y el fútbol, ya que las iniciativas que hubo no fueron suficientes para popularizar ese deporte. De hecho, tal caso permite percibir las particularidades y límites del proceso de tránsito cultural.

Palabras clave:
Historia del siglo XX; Deportes; Fútbol americano; Aculturación

1 INTRODUÇÃO

Desde os anos 1810, presença constante em algumas cidades brasileiras, os britânicos deixaram marcas diversas na cultura nacional. No decorrer do século XIX, protagonistas de negócios distintos - comércio exportador e importador, obras públicas (especialmente companhias férreas), ramo financeiro e setor industrial - entabularam iniciativas no sentido de manter a unidade da “colônia” (formada não só pelos nascidos nos territórios da Grã-Bretanha como também pelos descendentes natos em outros países, inclusive no Brasil), entre as quais a criação de instituições relacionadas a seus hábitos1 1 É vasta a literatura sobre o tema. Entre outros, ver: Graham (1973), Freyre (1977), Ricupero (2011), Guimarães (2012). .

A manutenção de tais iniciativas também tinha em conta dois fatos articulados. De um lado, os anglófonos não demonstravam grande disposição de se relacionar com a sociedade local. De outro, em muitas ocasiões, eram encarados com estranhamento por seus costumes e comportamentos, por vezes mesmo com rancor em função de seus privilégios e poder.

Em cidades como Rio de Janeiro, Recife e São Paulo, os britânicos criaram igrejas anglicanas, escolas, cemitérios e agremiações diversas de natureza assistencial, artística e recreativa, entre as quais clubes esportivos. Deve-se considerar que, a despeito de serem espaços relativamente exclusivos, em distintas ocasiões fomentaram e potencializaram trânsitos culturais2 2 Trânsito cultural é compreendido como um processo ativo de interpretações, adaptações e apropriações de manifestações de origens diversas. Para mais informações, ver Canclini (1997). (FREYRE, 1977FREYRE, Gilberto. Ingleses no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio/MEC, 1977.).

Esse processo se tornou mais claro na transição dos séculos XIX e XX, quando, em função da maior diversificação econômica, aumentou sensivelmente o número de britânicos no Brasil estabelecidos, bem como sua relação com a sociedade local. Desempenharam importante papel num contexto em que “cidades e indústrias se impuseram no cenário nacional, não só como novos fenômenos econômicos e sociais, mas como possibilidades reais e dominantes” (SCHWARCZ, 2012SCHWARCZ, Lilía Moritz. As marcas do período. In: SCHWARCZ, Lilía Moritz (Coord.). História do Brasil Nação (1808-2010). A abertura para o mundo (1889-1930). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. v. 3, p. 19-34., p. 41). Contribuíram com a formação cultural brasileira num momento em que se consagrou a “hegemonia europeia sobre todo o globo terrestre, que viu seus modos de vida, usos, costumes, formas de pensar, ver e agir” serem “transformados em modelos inspiradores de novas guinadas culturais” (SALIBA, 2012SALIBA, Elias Thomé. Cultura/As apostas na República. In: SCHWARCZ, Lilía Moritz (Coord.). História do Brasil Nação (1808-2010). A abertura para o mundo (1889-1930). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. v. 3, p. 239-294., p. 239).

Os britânicos tiveram importância na conformação do campo esportivo nacional (MELO, 2017MELO, Victor Andrade de, GOMES, Eduardo de Souza. Os britânicos e os clubes de cricket na São Paulo do século XIX (anos 1870-1890). Rio de Janeiro, 2017. mimeo.b). Entre as modalidades por eles apreciadas e praticadas, algumas se espraiaram e se tornaram populares, como as corridas a pé (primórdios do atletismo) e, notadamente, o futebol (MELO, 2017c). Outras ficaram restritas à colônia, como o críquete (MELO, 2017a; MELO, 2017b; MELO, GOMES, 2017). O tênis e o rúgbi também atraíam o seu interesse. Sobre o segundo, nos debruçaremos neste artigo

No século XIX, nos jornais de maior circulação, há poucas referências ao rúgbi. Em geral, eram informações sobre ocorrências do exterior. Normalmente, tratava-se de elogios aos britânicos por sua afeição ao esporte, como sugeriu um cronista:

Sabe-se que é aos seus antigos jogos atléticos, ao rúgbi, ao futebol, ao boxe, e principalmente ao críquete, ao nobre e sábio críquete, [...] que a Inglaterra deve o indiscutível vigor que distingue a raça anglo-saxônica de todas as demais raças do continente europeu (GAZETA DE NOTÍCIAS, 1892, p. 1).

Indícios sobre a prática da modalidade no Brasil daquele momento somente há nos periódicos que tinham como público-alvo principal os britânicos. A primeira evidência que identificamos é de uma partida disputada entre o São Paulo Athletic Club3 3 Fundado em 1888, foi um dos clubes responsáveis pela difusão do esporte em São Paulo (GAMBETA, 2015; MELO; GOMES, 2017). e um time da São Paulo Railway, empresa do ramo ferroviário (THE RIO NEWS, 1898, p. 7). Ambas as equipes eram majoritariamente formadas por anglófonos4 4 Há algumas indicações de memorialistas de que ocorreram jogos antes dessa iniciativa (GUTIERREZ et al., 2017). Mazzoni (1950) sugere que, no Rio de Janeiro, em 1891, foi criado o Clube Brasileiro de Football Rugby. Até o momento, contudo, não conseguimos mais indícios sobre essas iniciativas. .

Nesses periódicos, vê-se esboçado o intuito de desenvolvimento do rúgbi. Em matéria sobre os esportes praticados pelos britânicos em seus clubes, expressou-se o desejo de que pudessem ser organizados jogos de modalidades como o beisebol e o futebol, “ambos, Rugby e Association” (THE RIO NEWS, 1899, p. 4).

Há aqui um indicador de algo que parece ter interferido na conformação do rúgbi no Brasil, o desejo simultâneo de praticar as duas versões do futebol, aquela jogada exclusivamente com os pés e a outra que permite a combinação de pés e mãos. Havia coincidências entre os envolvidos - alguns sportsmen da colônia britânica se dedicavam tanto ao association quanto ao rugby (THE RIO NEWS, 1900, p. 7).

Tendo em conta discutir as peculiaridades da influência estrangeira na formação de uma cultura esportiva nacional, o objetivo deste estudo foi investigar as experiências com o rúgbi promovidas nas duas primeiras décadas do século XX, no Rio de Janeiro, Recife e São Paulo, cidades nas quais os britânicos tiveram notável presença em função do processo de diversificação econômica5 5 O assunto deste artigo já chamou a atenção de Gutierrez et al. (2017). Pensamos, contudo, que nossa investigação trilhou caminhos distintos e não é invalidada por essa contribuição. Já no que tange ao belo estudo de Antonio (2017), nossa abordagem tem pontos em comum, diferenciando-se, entretanto, não só pela amplitude geográfica, como também por algumas interpretações e conclusões. Neste artigo, por esses motivos expostos, não promovemos maior diálogo com tais obras, ainda que as conheçamos e reconheçamos seu valor. . Não é nosso intuito discutir separadamente cada uma dessas localidades, mas, sim, observar regularidades das distintas experiências entabuladas.

Há que se ter em conta que, nessas capitais, no período investigado, o campo esportivo melhor se delineou articulado com a conformação de um mercado ao redor dos entretenimentos, bem como relacionado a discursos de adesão ao ideário e imaginário da modernidade (MELO, 2009MELO, Victor Andrade de. Corpos, bicicletas e automóveis: outros esportes na transição dos séculos XIX e XX. In: PRIORE, Mary del, MELO, Victor Andrade de. História do esporte no Brasil: do Império aos dias atuais. São Paulo: Editora Unesp, 2009. p. 70-106.). As três cidades, a propósito, naquele momento, passaram por importantes e intensas reformas urbanas, bem como assistiram a um fortalecimento de sua cultura citadina.

Para alcance do objetivo, como fontes foram utilizados periódicos publicados nas cidades no momento em tela, consultados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, selecionados a partir do recorte temporal (1900-1919) e dos descritores rugby e rúgbi. Mesmo com limites, jornais e revistas se constituíram em boa opção para a pesquisa por: sobre o tema, não haver disponível muita documentação de outra natureza; a imprensa já ser uma arena de divulgação de notícias e pontos de vista sobre os mais diversos fatos; estudos anteriores sugerirem que são materiais relevantes para investigar o fenômeno esportivo6 6 Para mais informações, ver Buarque de Hollanda e Melo (2012). Para trato do material, tivemos em conta o que sugere Luca (2005). Em função do espaço restrito, contudo, optamos por não tecer comentários sobre o perfil dos periódicos. .

Há que se ter em conta a importância do rúgbi para os britânicos. Foi uma das modalidades que se desenvolveu no âmbito do movimento de valorização e sistematização da prática de atividades físicas desencadeado nas public schools inglesas a partir dos anos 1820, gradativamente influenciado pela ideia de Cristianismo Muscular que Thomas Arnold inaugurou na Escola de Rugby. Nesse cenário, se difundiu a percepção de que os esportes seriam ferramentas de grande utilidade para educar os jovens das elites que ocupariam os espaços de liderança no Império:

Um alargamento dramático e a transformação da educação secundária privada providenciam a melhor maneira de entender a peculiar importância relacionada à regulação e promoção dos esportes pelas elites Vitorianas. Foram os homens das public schools que fundaram, entre outros organismos nacionais, a Football Association, em 1863, a Rugby Union, em 1871, e a Amatheur Athletic Association, em 1881 (HOLT, 1989HOLT, Richard. Sport and the British: a modern history. New York: Oxford University, 1989., p. 4).

O rúgbi, conformado nesse contexto, era entendido como expressão de importantes valores britânicos, encarado como uma espécie de “guia de vida” que ensinava, entre outras coisas, disciplina, liderança, força, caráter e respeito (COLLINS, 2015COLLINS, Tony. The oval world: a global history of rugby. London: Bloomsbury, 2015.), enfatizando, a despeito de sua aparente violência, o cavalheirismo e a camaradagem. Os jovens deviam aprender a conjugar o intenso enfrentamento nos campos de jogo com a manutenção das alianças para além deles, numa dramatização do cotidiano dos negócios e da política.

Este artigo, portanto, pretende discutir como um esporte tão vinculado à identidade britânica foi apreendido e considerado em um país que buscava se consolidar como independente, forjando uma ideia de cultura nacional a partir de leituras de manifestações de diferentes origens.

Consideramos que a investigação de uma modalidade que não se popularizou no Brasil seja tão importante quanto a daquelas que se tornaram mais difundidas. Ambas informam sobre as particularidades do desenvolvimento do campo esportivo nacional e, em última instância, de nossa formação societária. De fato, o caso do rúgbi permite perceber as peculiaridades e limites do processo de trânsito cultural.

2 EXPERIÊNCIAS E POSICIONAMENTOS

Nas décadas de 1900 e 1910, nos jornais das cidades investigadas foram noticiados maior número de jogos de rúgbi. Deve-se, todavia, ter em conta que a quantidade de experiências ao redor da modalidade foi pequena, bem menor do que havia com o futebol, outro esporte que melhor se sistematizava no momento, em parte também por influência dos britânicos.

Na capital pernambucana, em 1905, se divulgou a realização de uma partida entre um time do Sport Club Recife e outro de ingleses organizados por N. T. D. Oliver (JORNAL DO RECIFE, 1905a, p. 1), equipe que se sagrou vencedora. A derrota foi justificada pela “falta de exercício” dos jogadores, algo “sanável”, segundo o cronista, com mais prática do esporte (JORNAL DO RECIFE, 1905b, p. 1). Desejava-se que a modalidade fosse uma ferramenta disponível para a educação dos jovens.

O Sport Club tinha sido recém-criado notadamente para estimular a prática do futebol. Liderado por jovens pernambucanos, contava com britânicos entre seus primeiros associados, alguns deles integrantes da equipe de rúgbi (JORNAL DO RECIFE, 1905a, p. 1). É importante destacar o protagonismo dos anglófonos na organização de iniciativas esportivas em Recife, desde pelo menos 1859, quando estiveram envolvidos com a fundação do Jockey Club. Houve no século XIX muitas experiências com o críquete (MELO, 2017MELO, Victor Andrade de, GOMES, Eduardo de Souza. Os britânicos e os clubes de cricket na São Paulo do século XIX (anos 1870-1890). Rio de Janeiro, 2017. mimeo.a), assim como no Rio de Janeiro e São Paulo (MELO, 2017b; MELO, GOMES, 2017).

Depois dessa que pareceu a primeira partida melhor estruturada, percebe-se uma tentativa de incremento da modalidade. Promessas de realização de novos jogos apareceram na imprensa recifense. Segundo um cronista, fora “combinado um outro match a realizar-se assim que o team do Sport tenha mais um exercício” (JORNAL DO RECIFE, 1905b, p. 1). Outro informava que a agremiação pretendia “dar brevemente, mas em data que ainda não está fixada, um novo match do interessante jogo do foot-ball, rugby” (JORNAL PEQUENO, 1905a, p. 2).

O capitão da equipe publicou um convite “a todos os sócios do Sport Club Recife que desejarem praticar o rúgbi para formarem o time que tem de jogar no próximo match de se acharem diariamente no campo do Derby” (JORNAL PEQUENO, 1905a, p. 2). Apesar de amplo, tinha destinatários especiais, como se pode ler ao final da nota: os britânicos que disputaram a primeira partida.

O jogo foi realizado em 17 de setembro, entre o Sport Club e uma equipe de ingleses organizada pelo Sr. Pickwoad (JORNAL DO RECIFE, 1905c, p. 2), divulgado como um “divertimento atraente”, com previsão de “partida muitíssimo disputada e cheia de peripécias imprevistas” (JORNAL PEQUENO, 1905b, p. 1). O evento não ficou restrito aos associados, “podendo comparecer quem quiser” (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 1905a, p. 2), inclusive com lugares reservados para as senhoras (JORNAL PEQUENO, 1905b, p. 1). O intuito era difundir o rúgbi para um público ampliado.

Não conseguimos saber se tal intuito foi alcançado. Ainda foi anunciado um “terceiro match de rúgbi que será também o último neste ano” (JORNAL PEQUENO, 1905c, p. 2), a ser realizado em 1º de outubro de 1905. Nada mais, contudo, foi noticiado sobre a prática. O encerramento da breve temporada foi justificado pela implementação do críquete no Sport Club (JORNAL PEQUENO, 1905c, p. 2). Além disso, os interesses pareciam estar mesmo focados no futebol.

Na capital pernambucana, como em outras cidades, se conformaram ao mesmo tempo o football rugby e o football association (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 1905b, p. 2). O primeiro era apresentado como “interessante jogo” enquanto o segundo como aquele que “decididamente tem despertado grande entusiasmo entre nós” (JORNAL PEQUENO, 1905c, p. 2).

Na imprensa do Rio de Janeiro, vemos algo similar ao se apresentar as duas modalidades. Um cronista, mesmo que reconhecesse a importância do rúgbi - inclusive no que se refere a sua suposta contribuição para a saúde -, considerava o futebol como o “mais completo”, por isso atraindo maior atenção do público (GAZETA DE NOTÍCIAS, 1906, p. 7).

Os posicionamentos ajudam a entender a diferença do grau de entusiasmo. João do Rio, numa matéria sobre o Fluminense Futebol Clube, inferiu que o association tem mais acolhimento do que o rugby por ser “mais moderno” (GAZETA DE NOTÍCIAS, 1905, p. 1). Em 1908, outro cronista sugeriu: “Entre os esportes mais em voga, a que se entregam os povos civilizados, o preferido é o football association” (JORNAL DO RECIFE, 1908, p. 2). Chama atenção as noções agregadas ao ludopédio, o que pode indicar, por conseguinte, um entendimento do rúgbi como seu oposto (não moderno e não civilizado), ao menos hierarquicamente menor nessas escalas.

De fato, ao redor do rúgbi se forjou a ideia de que era um “jogo muito mais brutal que o association” (O MALHO, 1902, p. 132). Essa noção persistia mesmo em ocasiões em que ambos eram elogiados. Ao comentar o interesse crescente pelas modalidades, sugeriu um cronista: “O futebol é o esporte da moda. Basta ir ao campo do Paissandu para ver como a população se interessa pelo futebol. - Joga association? - Joga rugby? Toda a gente fala de futebol” (GAZETA DE NOTÍCIAS, 1907, p. 2). Não deixou de observar, entretanto, as diferenças: “o rugby é a força bruta e violenta; o association exige mais habilidade. Agradou mais aqui”.

Trato semelhante se observa numa matéria publicada no Jornal do Recife. O tom era elogioso aos dois tipos de football, todavia o posicionamento era claro: “Ao jogador de rugby é muito necessária a força, ao de association é essa qualidade pouco utilizável, sendo porém indispensáveis a vivacidade, agilidade e resistência” (JORNAL DO RECIFE, 1908, p. 2). Em A Província, um cronista sugeriu que o “sistema association” era considerado “mais esportivo e racional” por não exigir excessivos esforços, o que fazia do rúgbi, no seu olhar, não um “processo de aperfeiçoamento físico”, mas sim uma “luta brutal e perigosa” (A PROVÍNCIA, 1913, p. 4).

Ao contrário dos britânicos, boa parte dos cronistas brasileiros não viram na modalidade grande “valor técnico”. As imagens a seguir são um exemplo dos olhares sobre o rúgbi, a ideia de que era marcado pelo intenso confronto físico.

Figura 1
Jogadores de rúgbi em disputa de bola

A propósito, quando um jogador de futebol se portava de maneira mais violenta, por vezes se o considerava ironicamente como um praticante de rúgbi7 7 Ver, por exemplo, Jornal do Recife, 1915, p. 3. . Para um cronista do Rio de Janeiro, na temporada de 1912 reduziu-se a popularidade do association exatamente porque se assemelhou ao rugby em função da brutalidade observada nas partidas (REVISTA DA SEMANA, 1914, p. 8). Provavelmente, há exageros nesse posicionamento, mas o que nos interessa é justamente o entendimento forjado.

Como já chamaram a atenção alguns autores, o esporte dramatiza algumas noções caras ao ideário e imaginário da modernidade - potência, progresso, velocidade, racionalidade e controle corporal (GONÇALVES, TURELLI, VAZ, 2012GONÇALVES, Michelle Carreirão; TURELLI, Fabiana Cristina; VAZ, Alexandre Fernandez. Corpos, dores, subjetivações: notas de pesquisa, no esporte, na luta, no balé. Movimento, v. 18, n. 3, p. 141-158, jul./set. 2012.). Na medida em que as modalidades vão sendo sistematizadas e regulamentadas, passam a exigir certo nível de ordem e autodisciplina. Neste processo, destaca-se a preocupação e cuidado com a violência. Os usos da força e da brutalidade são restringidos (HOLT, 1989HOLT, Richard. Sport and the British: a modern history. New York: Oxford University, 1989.).

Uma certa interpretação dessas ideias, corrente no Brasil, ajuda a entender a pouca receptividade do rúgbi no período investigado. Segundo os discursos que foram se conformando, era considerado demasiado agressivo e, por isso, menos civilizado, mesmo sendo uma modalidade muito apreciada por uma sociedade exemplarmente moderna (a britânica).

Já o cronista que assina como Henry Cousin trouxe um novo debate. Ao perceber o avanço do futebol em todo mundo, inclusive na Inglaterra, onde teria superado o rúgbi e se tornado, juntamente com o críquete, “o grande jogo nacional”, sugeriu que tal ocorrência tinha relação com a simplicidade da modalidade, com o fato de que seria mais fácil de ser praticado, inclusive por exigir menos equipamentos e instalações (CORREIO DA MANHÃ, 1909, p. 2). Vejamos que esse olhar, de alguma forma, se perpetua em algumas posições usuais até os dias de hoje.

Outra questão aventada pelo cronista diz respeito ao estrato social majoritariamente vinculado ao jogo de rúgbi, para ele uma modalidade restrita a certo segmento da sociedade britânica, “oficiais do exército e da marinha, os estudantes dos hospitais e das universidades, e os alunos das escolas aristocráticas e burguesas” (CORREIO DA MANHÃ, 1909, p. 2). Em contrapartida, o futebol reuniria e agradaria a massa, sem distinção de classe.

Sem deixar de observar o aspecto violento do rúgbi, Cousin sugeriu que pelo fato de ser um esporte mais complexo, que exigiria maior esforço físico e força, somente poderia ser bem praticado por aqueles que dispunham de tempo para treinar. Assim, a modalidade era mais adequada aos ricos, enquanto o futebol seria mais apropriado a todos.

Até mesmo por tal compreensão, se construiu a ideia de que o futebol poderia dar boas contribuições à promoção da saúde, ao desenvolvimento do corpo, ao forjar da coragem, ao fortalecimento do entusiasmo e do espírito coletivo. Seria uma ginástica eficaz por ser atraente. O contraponto era feito com o “outro football”: “O rúgbi tem seus perigos e se compreende que o combatam, mas o association é inofensivo. É o único jogo organizado, o único jogo viril que existe” (O PAIZ, 1916, p. 7)8 8 Ver também: A Noite, 1916, p. 1. .

De fato, mesmo que eventualmente elogiado, persistiram muitas restrições ao rúgbi. Além disso, e talvez também por isso, a modalidade manteve-se em âmbito restrito. Na década de 1910, quando eventualmente algo aparecia nos periódicos, era explícito que se tratava de um jogo de britânicos.

Esse foi o caso da partida promovida, em 1910, no campo do Botafogo da Rua General Severiano, uma disputa entre marítimos de um cruzador inglês (Amethyst) e britânicos que trabalhavam na Western Telegraph e na Leopoldina Railway (CORREIO PAULISTANO, 1910, p. 6). A renda, aliás, foi destinada ao Hospital dos Ingleses (JORNAL DO COMÉRCIO, 1910a, p. 4)9 9 A promoção de partidas entre equipes locais, empresas de capital britânico e embarcações da Marinha da Grã-Bretanha era um costume que vinha desde o século XIX, especialmente desafios de críquete (MELO, 2017b). .

Figura 2
Espectadores de um match de rúgbi

Um cronista observou que o time local era integrado por “excelentes elementos que jogaram na Inglaterra, alguns mesmo em equipes representando suas cidades” (O ESTADO DE SÃO PAULO, 1910, p. 3), a maioria associados do Rio Cricket e do Paissandu Cricket (JORNAL DO COMÉRCIO, 1910b, p. 3), agremiações típicas de britânicos (MELO, 2017MELO, Victor Andrade de, GOMES, Eduardo de Souza. Os britânicos e os clubes de cricket na São Paulo do século XIX (anos 1870-1890). Rio de Janeiro, 2017. mimeo.b). De fato, ainda que o evento contasse com a presença de brasileiros, tratou-se de uma típica celebração da colônia anglófona.

Figura 3
Equipes de rúgbi em partida realizada no Botafogo F.C.

O jogo teve alguma repercussão no Rio de Janeiro e São Paulo, apresentado como o primeiro da cidade e do Brasil (O ESTADO DE SÃO PAULO, 1910, p. 3), uma prova de que o rúgbi não tinha mesmo grande circulação, sendo pouco conhecidas iniciativas anteriores10 10 Somente o Jornal do Comércio (21 jul. 1910c, p. 8) observou que em Niterói, no Rio Cricket, foram realizados alguns jogos no século XIX. . Por isso também, os jornais tentaram explicar de forma mais detalhada as diferenças entre os dois “futebóis” (JORNAL DO COMÉRCIO, 1910a, p. 4). Vejamos que um cronista se esmerou em esclarecer que “ao contrário do que se pensa, não se podem dar rasteiras nem socos e pontapés a torto e a direito, sendo mesmo punido o jogador que se exceder em brutalidades” (JORNAL DO COMÉRCIO, 1910c, p. 8).

A despeito do sucesso de público - foi unânime entre os jornais apontar a lotação das arquibancadas -, as referências à qualidade da partida não foram as mais elogiosas (O PAIZ, 1910, p. 6), um sinal de que não se tratavam de jogadores que atuavam com regularidade. De toda forma, o evento acabou incentivando a realização de uma primeira disputa interestadual entre equipes do Rio de Janeiro e São Paulo, promovida em 1911, no campo do Fluminense Futebol Clube11 11 Ver, entre outros: Correio Paulistano, 1911; O Paiz, 1911, p. 8; Jornal do Brasil, 1911, p. 14. . Como observou um cronista, “esse encontro é tanto mais interessante quanto raro na nossa capital” (A IMPRENSA, 1911, p. 4). Seguiam sendo membros da colônia britânica os envolvidos.

No Rio de Janeiro, aventou-se a realização de um jogo entre sócios do Paissandu Cricket Clube, alguns dos quais já tinham participado do match com os ingleses, e do Fluminense (JORNAL DO BRASIL, 1912a, p. 9). Especulou-se, inclusive, a organização de um torneio nos moldes do futebol (JORNAL DO BRASIL, 1912b, p. 18). Isso não ocorreu e só eventualmente se pôde ver a divulgação de alguma partida, como em 1913, quando chegou à cidade uma embarcação da Nova Zelândia (JORNAL DO BRASIL, 1913, p. 11).

O esporte teve ainda alguma divulgação pelo fato de ter sido praticante Raul do Rio Branco, um dos que tentou criar o Comitê Olímpico Brasileiro e foi membro do Comitê Olímpico Internacional (JORNAL DO BRASIL, 1914, p. 12). Um festival esportivo organizado pelo Imparcial, em 1917, curiosamente teve como troféu a escultura “Dois jogadores de Rugby” (O IMPARCIAL, 1917, p. 8). Todavia, de fato, a prática pouco se desenvolveu no Rio de Janeiro naquela década.

Figura 4
Troféu “Dois jogadores de Rugby”

Na capital paulistana, há também poucas referências à prática do rúgbi. É possível que seguissem ocorrendo jogos esporádicos entre os associados do São Paulo Athletic Club e funcionários de empresas de britânicos, mas a primeira evidência que obtivemos é de 1904, uma citação de Henry Lindemmeyer como capitão de rúgbi da nova diretoria do Athletico Club Paulista (O ESTADO DE SÃO PAULO, 1904, p. 2). Nada mais conseguimos saber sobre essa sociedade. Talvez o jornal tenha se enganado ao ser referir ao Club Athletico Paulistano.

No ano seguinte, no Velódromo Paulistano, que se constituíra em um dos mais importantes espaços esportivos da cidade (GAMBETA, 2015GAMBETA, Wilson. A bola rolou: o velódromo paulista e os espetáculos de futebol. São Paulo: Editora Sesi, 2015.), reuniram-se representantes do São Paulo Athletic Club, do Club Athletico Paulistano (já uma das mais ativas agremiações), bem como de outras sociedades, a fim de pensar uma maior organização da modalidade (O ESTADO DE SÃO PAULO, 1905, p. 2). Tal encontro não parece ter logrado desdobramento. Quando já havia uma atividade mais intensa ao redor do futebol, pouco vemos sobre o rúgbi. O que se noticiava com maior frequência eram episódios ocorridos na Europa (o mesmo pode-se observar nos periódicos fluminenses).

Na década de 1910, houve mais algumas iniciativas. Já citamos o jogo interestadual. Outro destaque foi a criação de uma equipe na Associação Atlética das Palmeiras12 12 Clube criado em 1902, não deve ser confundido com a atual Sociedade Esportiva Palmeiras. , anunciada pelos jornais com convocatória de interessados em participar (CORREIO PAULISTANO, 1916, p. 2). A modalidade, todavia, seguiu sem se consolidar.

O mesmo se pode observar na Recife dos anos 1910. Um “conhecido sportman [sic]”, Guilherme Fonseca, chegou a comunicar o desejo de organizar jogos do esporte “quase desconhecido entre nós” (A PROVÍNCIA, 1918, p. 2), convidando os interessados a integrar as equipes. O projeto não parece ter logrado sucesso.

Enfim, a despeito de algumas iniciativas e experiências13 13 Em Belém, na década de 1910, também houve a intenção de promover jogos de rúgbi (ESTADO DO PARÁ, 1916, p. 2). O mesmo se passou em Manaus (A RUA, 1916, p. 4). Em ambas cidades, havia colônias de britânicos. , o rúgbi, ao contrário de outras modalidades, não deu passos significativos nas duas primeiras décadas do século XX nas cidades investigadas. Num momento em que o campo esportivo se consolidava, aquele football, ao contrário do association, pelos motivos apresentados, não parece ter causado grande interesse.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas duas primeiras décadas do século XX, nas três cidades investigadas poucas foram as experiências com o rúgbi. Mesmo entre os britânicos no Brasil estabelecidos, não foram muitas as iniciativas de promoção de partidas da modalidade. Tal ocorrência se torna instigante se tivermos em conta o fato de que esse esporte era muito apreciado na Grã-Bretanha e outros territórios sob sua influência (como Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, entre outros) (COLLINS, 2015COLLINS, Tony. The oval world: a global history of rugby. London: Bloomsbury, 2015.).

Talvez isso se deva ao perfil dos membros da colônia no Brasil estabelecida. Tal hipótese se baseia no fato de o rúgbi ser praticado, na Grã-Bretanha do século XIX, majoritariamente por um grupo delimitado tanto pela geografia - era mais apreciado nas regiões sul e leste - quanto pelo estrato - jovens da alta classe média. Somente a posteriori se espraiou para o norte, também passando a atrair a atenção de gente da classe trabalhadora, que nem sempre foi bem-vinda nas iniciativas da modalidade (COLLINS, 2015COLLINS, Tony. The oval world: a global history of rugby. London: Bloomsbury, 2015.)14 14 Deve-se ter em conta que durante décadas houve rivalidades entre duas formas distintas de praticar a modalidade. Os envolvidos com o rugby league eram mais ligados à classe trabalhadora do norte da Inglaterra, enquanto os com o rugby union eram mais de classe média. .

Trata-se de uma especulação. Seriam necessários mais estudos para afirmarmos, de forma peremptória, que a origem dos britânicos foi um condicionante no desenvolvimento da modalidade no Brasil. De toda forma, não nos pareceu que essa seja a principal possível explicação para o baixo desenvolvimento da modalidade na sociedade brasileira nas primeiras décadas do século XX.

Apesar de alguns esforços da imprensa em explicar o funcionamento da modalidade, o rúgbi parece não ter caído no gosto nacional por ser considerado de difícil compreensão e violento. O grande contraponto era o futebol, encarado como fácil de entender, empolgante e adequado para a Educação Física da juventude - uma prática civilizada. Não nos pareceu qualquer tipo de restrição ao fato de ser uma manifestação apreciada pelos anglófonos, mas sim à natureza do esporte. Uma leitura nacional do que era moderno e adequado.

O caso do rúgbi nos ajuda a perceber os limites do processo de trânsito cultural. Indubitavelmente, a conformação do esporte no Brasil se deu, pelo menos a princípio, por iniciativas de emular hábitos de países ditos civilizados (como Reino Unido e França) em um momento em que os parâmetros simbólicos dessas nações se tornavam valorizados, num cenário de maior adesão ao ideário e imaginário da modernidade. Todavia, essas novidades do exterior passavam pelos filtros das peculiaridades nacionais de gosto, relidas e ressignificadas a partir de certos entendimentos locais.

Como dito na introdução, não foi nosso intuito discutir detidamente a experiência de cada cidade investigada, mas, sim, as regularidades que marcaram as diversas iniciativas e posicionamentos. O que se pode perceber é que algumas modalidades vindas do exterior rapidamente se desenvolveram, como o turfe e o remo (MELO, 2001MELO, Victor Andrade de. Cidade Sportiva: primórdios do esporte no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.). O futebol, ainda que mais tardiamente, também se espraiou, paulatinamente tornando-se considerado o esporte nacional. De outro lado, o críquete praticamente não deixou os espaços da colônia britânica. Com o rúgbi, houve uma ocorrência intermediária. Até aconteceram iniciativas melhor estruturadas, mas essas não foram suficientes para popularizar a prática num momento em que o campo esportivo definitivamente se conformava em terras tupiniquins.

REFERÊNCIAS

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  • SCHWARCZ, Lilía Moritz. As marcas do período. In: SCHWARCZ, Lilía Moritz (Coord.). História do Brasil Nação (1808-2010). A abertura para o mundo (1889-1930). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. v. 3, p. 19-34.
  • Apoio:

    CNPq; FAPERJ; Ministério do Esporte
  • 1
    É vasta a literatura sobre o tema. Entre outros, ver: Graham (1973GRAHAM, Richard. Grã-Bretanha e o início da modernização no Brasil. 1850-1914. São Paulo: Brasiliense, 1973.), Freyre (1977FREYRE, Gilberto. Ingleses no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio/MEC, 1977.), Ricupero (2011RICUPERO, Rubens. O Brasil no mundo. In: SILVA, Alberto da Costa (Coord.). História do Brasil Nação (1808-2010). Crise colonial e independência (1808-1830). Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. v.1, p. 115-160.), Guimarães (2012GUIMARÃES, Carlos Gabriel. A presença inglesa nas finanças e no comércio no Brasil Imperial: os casos da Sociedade Bancária Mauá, MacGregor & Cia. (1854-1866) e da firma inglesa Samuel Phillips & Cia. (1808-1840). São Paulo: Alameda, 2012.).
  • 2
    Trânsito cultural é compreendido como um processo ativo de interpretações, adaptações e apropriações de manifestações de origens diversas. Para mais informações, ver Canclini (1997CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Edusp, 1997.).
  • 3
    Fundado em 1888, foi um dos clubes responsáveis pela difusão do esporte em São Paulo (GAMBETA, 2015GAMBETA, Wilson. A bola rolou: o velódromo paulista e os espetáculos de futebol. São Paulo: Editora Sesi, 2015.; MELO; GOMES, 2017MELO, Victor Andrade de, GOMES, Eduardo de Souza. Os britânicos e os clubes de cricket na São Paulo do século XIX (anos 1870-1890). Rio de Janeiro, 2017. mimeo.).
  • 4
    Há algumas indicações de memorialistas de que ocorreram jogos antes dessa iniciativa (GUTIERREZ et al., 2017GUTIERREZ, Diego Monteiro et al. Um estudo sobre a introdução e institucionalização do rugby no Brasil. Journal of Physical Education, v. 28, n. e2841, p. 1-10, 2017.). Mazzoni (1950MAZZONI, Tomás. História do futebol no Brasil, 1894-1950. São Paulo: Leia, 1950) sugere que, no Rio de Janeiro, em 1891, foi criado o Clube Brasileiro de Football Rugby. Até o momento, contudo, não conseguimos mais indícios sobre essas iniciativas.
  • 5
    O assunto deste artigo já chamou a atenção de Gutierrez et al. (2017GUTIERREZ, Diego Monteiro et al. Um estudo sobre a introdução e institucionalização do rugby no Brasil. Journal of Physical Education, v. 28, n. e2841, p. 1-10, 2017.). Pensamos, contudo, que nossa investigação trilhou caminhos distintos e não é invalidada por essa contribuição. Já no que tange ao belo estudo de Antonio (2017ANTONIO, Victor Sá Ramalho Ortigão. Passe para trás! Os primeiros anos do rúgbi em São Paulo (1891-1933). 2017. 208 f. Dissertação (Mestrado em História Social) - São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017.), nossa abordagem tem pontos em comum, diferenciando-se, entretanto, não só pela amplitude geográfica, como também por algumas interpretações e conclusões. Neste artigo, por esses motivos expostos, não promovemos maior diálogo com tais obras, ainda que as conheçamos e reconheçamos seu valor.
  • 6
    Para mais informações, ver Buarque de Hollanda e Melo (2012). Para trato do material, tivemos em conta o que sugere Luca (2005LUCA, Tânia Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 111-153.). Em função do espaço restrito, contudo, optamos por não tecer comentários sobre o perfil dos periódicos.
  • 7
    Ver, por exemplo, Jornal do Recife, 1915, p. 3.
  • 8
    Ver também: A Noite, 1916, p. 1.
  • 9
    A promoção de partidas entre equipes locais, empresas de capital britânico e embarcações da Marinha da Grã-Bretanha era um costume que vinha desde o século XIX, especialmente desafios de críquete (MELO, 2017MELO, Victor Andrade de, GOMES, Eduardo de Souza. Os britânicos e os clubes de cricket na São Paulo do século XIX (anos 1870-1890). Rio de Janeiro, 2017. mimeo.b).
  • 10
    Somente o Jornal do Comércio (21 jul. 1910c, p. 8) observou que em Niterói, no Rio Cricket, foram realizados alguns jogos no século XIX.
  • 11
    Ver, entre outros: Correio Paulistano, 1911; O Paiz, 1911, p. 8; Jornal do Brasil, 1911, p. 14.
  • 12
    Clube criado em 1902, não deve ser confundido com a atual Sociedade Esportiva Palmeiras.
  • 13
    Em Belém, na década de 1910, também houve a intenção de promover jogos de rúgbi (ESTADO DO PARÁ, 1916, p. 2). O mesmo se passou em Manaus (A RUA, 1916, p. 4). Em ambas cidades, havia colônias de britânicos.
  • 14
    Deve-se ter em conta que durante décadas houve rivalidades entre duas formas distintas de praticar a modalidade. Os envolvidos com o rugby league eram mais ligados à classe trabalhadora do norte da Inglaterra, enquanto os com o rugby union eram mais de classe média.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jul 2022
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    29 Jan 2018
  • Aceito
    13 Maio 2018
  • Publicado
    07 Mar 2019
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