Acessibilidade / Reportar erro

PRODUÇÃO CIENTÍFICA RELACIONADA AO FUTEBOL DE MULHERES EM TESES E DISSERTAÇÕES BRASILEIRAS NA ÁREA DA EDUCAÇÃO FÍSICA

SCIENTIFIC PRODUCTION RELATED TO WOMEN’S SOCCER IN BRAZILIAN DOCTORAL THESES AND MASTER’S DISSERTATIONS IN PHYSICAL EDUCATION

PRODUCCIÓN CIENTÍFICA RELACIONADA CON EL FÚTBOL FEMENINO EN TESIS Y DISERTACIONES BRASILEÑAS EN EL ÁREA DE LA EDUCACIÓN FÍSICA

Resumo

Objetivamos mapear e explorar a produção científica relacionada ao futebol de mulheres em teses e dissertações brasileiras, na área de conhecimento da Educação Física, na última década. Os trabalhos foram rastreados no Banco de Teses e Dissertações da Capes, do IBICT e do NUTESES, através da equação Futebol and feminino or Mulher. Os resultados encontrados consistem em: nove dissertações e duas teses; 11 pesquisadores (majoritariamente mulheres); destaque ao ano de 2017; apenas as regiões Sul e Sudeste foram contempladas; sete instituições que possuem estudos na temática; subárea pesquisada com mais frequência foi a sociocultural, com palavras-chave relacionadas a ela; a maioria dos trabalhos não contou com financiamento. Tais resultados expressam a necessidade de investimento nas pesquisas e de PPG fora dos polos tradicionais acadêmicos brasileiros. A pesquisa reflete a incipiência da produção científica nacional sobre o futebol de mulheres, justificada pelos seus impactos históricos, sociais e culturais.

Palavras-chave:
Futebol; Mulheres; Bibliometria

Abstract

Our aim was to map and explore scientific production related to women’s football in Brazilian Physical Education theses and dissertations during the last decade. The works were retrieved from the CAPES, IBICT and NUTESES banks of theses and dissertations, using the equation Futebol and feminino or Mulher. The findings include: nine master’s dissertations and two doctoral theses; 11 different researchers (mostly women); the year of 2017 stands out; only Brazil’s South and Southeast regions were covered; seven institutions had studies on the subject; the most frequently researched sub-area was Sociocultural, with key words related to it; most of the studies had no external funding. These results express the need for investment in research and graduate studies outside traditional Brazilian academic centers. The findings reflect Brazil’s fledging scientific production on women’s football. More research is justified by its historical, social and cultural impacts.

Keywords:
Soccer; Women; Bibliometrics

Resumen

El objetivo fue mapear y explorar la producción científica relacionada con el fútbol femenino en tesis y disertaciones brasileñas, en el área de conocimiento de la Educación Física, en la última década. Los trabajos fueron rastreados en el Banco de Tesis y Disertaciones de CAPES, IBICT y NUTESES, a través de la ecuación Futebol and feminino or Mulher. Los resultados encontrados consisten en: nueve disertaciones y dos tesis; 11 investigadores (en su mayoría mujeres); se destaca el año 2017; solo se cubrieron las regiones Sur y Sureste; siete instituciones que poseen estudios sobre el tema; subárea más frecuentemente investigada fue la sociocultural, con palabras clave relacionadas a ella; la mayoría de los trabajos no contaron con financiación. Estos resultados expresan la necesidad de invertir en investigación y en Programas de Posgrado fuera de los polos académicos tradicionales brasileños. La investigación refleja la incipiente producción científica nacional sobre el fútbol de mujeres, justificada por sus impactos históricos, sociales y culturales.

Palabras clave:
Fútbol; Mujeres; Bibliometría

1 INTRODUÇÃO

Inserida em uma sociedade majoritariamente patriarcal, a figura da mulher por anos foi considerada inferior à dos homens. Instituíam-se funções diferentes para homens e mulheres, que comumente, no caso das mulheres, eram associadas às tarefas domésticas e maternas, enquanto os homens tinham como papel sustentar a família através do trabalho. Restritas à permanência ao lar e proibidas de exercerem atividades físicas devido a sua suposta incapacidade, as mulheres traçaram uma caminhada em busca de igualdade de direitos, consolidando um movimento que permanece na luta pela liberdade e legitimidade do seu espaço na sociedade (SOUZA, 2019SOUZA, Larissa Medeiros de; MAUX, Ana Andréa Barbosa; REBOUÇAS, Melina Séfora Souza. Impedimento? Possibilidades de relação entre a mulher e o futebol. Phenomenological Studies - Revista da Abordagem Gestáltica, v. 25, n.3, p. 282-293, 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.18065/RAG.2019v25n3.7. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rag/v25n3/v25n3a07.pdf. Acesso em: 29 jun. 2021.
http://dx.doi.org/10.18065/RAG.2019v25n3...
). Nessa perspectiva, a participação e o reconhecimento da mulher na prática esportiva também precisaram ser conquistados.

O início do século XX, marcado pela consolidação dos esportes no Brasil, contou com debates e discussões a respeito da participação feminina (BARREIRA, 2018BARREIRA, Julia et al. Produção acadêmica em futebol e futsal feminino: estado da arte dos artigos científicos nacionais na área da educação física. Movimento (Porto Alegre), v. 24, n. 2, p. 607-618, 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/80030. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030...
). Durante esse período, os médicos (predominantemente homens) exerciam grande papel de controle social, determinando o que seria apropriado para as mulheres em relação às atividades físicas. Uma das principais justificativas contra a participação da mulher nos esportes seria que o esforço e a tensão das competições deveriam ser evitados e que o futebol especificamente era uma modalidade violenta que poderia causar danos permanentes aos órgãos reprodutores destas (FARIA JUNIOR, 1995FARIA JUNIOR, Alfredo de. Futebol, questões de gênero e co-educação. Pesquisa de Campo, n. 2, p. 17-39, 1995. Disponível em: https://ludopedio.com.br/biblioteca/futebol-questoes-de-genero-e-co-educacao/. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://ludopedio.com.br/biblioteca/fute...
).

Além dos especialistas e do discurso conservador por parte da população, a legislação também colaborou para que o futebol de mulheres institucionalizado tivesse início apenas na década de 1980 (DARIDO, 2002DARIDO, Suraya Cristina. Futebol feminino no Brasil: do seu início à prática pedagógica. Motriz, v. 8, n. 2, p. 1-7, 2002. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/08n2/Darido.pdf. Acesso em: 29 jun. 2021.
http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz...
). Publicado em 1965 pelo Conselho Nacional de Desportos, o Decreto nº 7 proibia as mulheres de praticarem algumas modalidades esportivas, sendo uma delas o futebol. As condições apresentadas acima construíram um cenário desigual para a prática do futebol no Brasil, que, embora fosse e permaneça o esporte mais praticado no país, ainda é marcado por diferenças expressivas de sexo (BARREIRA, 2018BARREIRA, Julia et al. Produção acadêmica em futebol e futsal feminino: estado da arte dos artigos científicos nacionais na área da educação física. Movimento (Porto Alegre), v. 24, n. 2, p. 607-618, 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/80030. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030...
).

Tais restrições e preconceitos impactaram também o universo científico, que passou a compreender o futebol de mulheres como objeto de estudo recentemente, tendo seus primeiros estudos publicados apenas no final da década de 1990 (BARREIRA, 2018BARREIRA, Julia et al. Produção acadêmica em futebol e futsal feminino: estado da arte dos artigos científicos nacionais na área da educação física. Movimento (Porto Alegre), v. 24, n. 2, p. 607-618, 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/80030. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030...
). Além disso, a partir dos anos 2000, observamos na literatura que revisões de distintas proposições foram conduzidas, no intuito de evidenciar a produção científica brasileira sobre o futebol de mulheres (VIANA, 2008VIANA, Aline Edwiges dos S. Futebol: das questões de gênero à prática pedagógica. Conexões, v. 6, ed. especial, p. 640-648, 2008. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/119687. Acesso em: 29 jun. 2021.
http://repositorio.unicamp.br/handle/REP...
; FELTRIN et al., 2012FELTRIN, Murilo Bortolotti et al. Caracterização de praticantes de futebol feminino no Brasil. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, v. 4, n. 12, p. 151-161, 2012.; TEIXEIRA; CAMINHA, 2013TEIXEIRA, Fábio Luís Santos; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Preconceito no futebol feminino brasileiro: uma revisão sistemática. Movimento (Porto Alegre), v. 19, n. 1, p. 265-287, 2013. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.30943. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/30943. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.30943...
; SALVINI; FERREIRA; MARCHI JUNIOR, 2014SALVINI, Leila; FERREIRA, Ana Letícia Padeski; MARCHI JÚNIOR, Wanderley. O futebol feminino no campo acadêmico brasileiro: mapeamento de teses e dissertações (1990-2010). Pensar e Prática, v. 17, n. 4, p. 1-14, 2014. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31617. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617....
; BARREIRA et al., 2018).

Teixeira e Caminha (2013TEIXEIRA, Fábio Luís Santos; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Preconceito no futebol feminino brasileiro: uma revisão sistemática. Movimento (Porto Alegre), v. 19, n. 1, p. 265-287, 2013. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.30943. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/30943. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.30943...
), por meio da análise de artigos científicos, identificaram forte existência do preconceito de gênero no futebol brasileiro, enquanto Feltrin et al. (2012FELTRIN, Murilo Bortolotti et al. Caracterização de praticantes de futebol feminino no Brasil. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, v. 4, n. 12, p. 151-161, 2012.), buscando quantificar os estudos que investigaram as praticantes do futebol de mulheres no país, identificaram que a pesquisa brasileira se encontra atrasada em relação aos estudos internacionais, pois apenas 30 publicações foram localizadas sobre fisiologia e futebol feminino, sendo a primeira datada de 1999, apenas 19 anos depois da primeira competição oficial da modalidade no país.

Em um levantamento de publicações acadêmicas nas temáticas corpo, gênero e futebol, a fim de analisar a construção cultural do corpo feminino, a prática esportiva no âmbito escolar e os preconceitos de gênero referentes à prática do futebol feminino no país, Viana (2008VIANA, Aline Edwiges dos S. Futebol: das questões de gênero à prática pedagógica. Conexões, v. 6, ed. especial, p. 640-648, 2008. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/119687. Acesso em: 29 jun. 2021.
http://repositorio.unicamp.br/handle/REP...
) revelou que a forma com que o futebol é desenvolvido pelos professores na Educação Física Escolar, dando foco para questões técnicas e táticas, limita excessivamente a participação feminina. Barreira et al. (2018BARREIRA, Julia et al. Produção acadêmica em futebol e futsal feminino: estado da arte dos artigos científicos nacionais na área da educação física. Movimento (Porto Alegre), v. 24, n. 2, p. 607-618, 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/80030. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030...
) publicaram o estado da arte dos artigos científicos sobre futebol e futsal de mulheres em periódicos da área da Educação Física, contribuindo de forma expressiva no entendimento da posição acadêmica em que esta temática se encontra no país. Tal revisão revelou que aproximadamente um terço das publicações sobre a modalidade discutem questões de gênero, refletindo a necessidade desse debate para “reverter um cenário esportivo marcado por preconceitos e desafios” (BARREIRA et al., 2018BARREIRA, Julia et al. Produção acadêmica em futebol e futsal feminino: estado da arte dos artigos científicos nacionais na área da educação física. Movimento (Porto Alegre), v. 24, n. 2, p. 607-618, 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/80030. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030...
, p.10).

No que se refere à pós-graduação (PG), Salvini, Ferreira e Marchi Júnior (2014SALVINI, Leila; FERREIRA, Ana Letícia Padeski; MARCHI JÚNIOR, Wanderley. O futebol feminino no campo acadêmico brasileiro: mapeamento de teses e dissertações (1990-2010). Pensar e Prática, v. 17, n. 4, p. 1-14, 2014. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31617. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617....
) realizaram uma investigação a respeito de teses e dissertações sobre o futebol de mulheres, mapeando publicações de 1990 a 2010. Os resultados divulgados mostraram um número baixo de publicações sobre o futebol de mulheres na PG brasileira em 20 anos e uma das principais hipóteses assumidas para essa escassez é o fato de o futebol no Brasil ainda apresentar investimentos, interesse de mídia e número de espectadores predominantemente masculinos.

Ao ampliar o olhar para o futebol, independentemente do sexo dos praticantes, Fensterseifer, Saad e Moro (2018FENSTERSEIFER, Alex; SAAD, Michel Angillo; MORO, Antônio Renato Pereira. Futebol: uma investigação do estado do conhecimento das dissertações e teses produzidas no Brasil. Pensar a prática, v. 21, n. 2, p. 240-251, 2018. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v21i2.44088. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/44088. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.5216/rpp.v21i2.44088...
) mapearam teses e dissertações brasileiras sobre o futebol, defendidas entre 1987 e 2014. As informações obtidas revelaram números consideravelmente maiores de trabalhos do que as revisões que tinham enfoque nas modalidades femininas, o que reforça a tendência investigativa pelo futebol praticado por homens. Em relação às demais modalidades esportivas, Souza e Cunha (2020SOUZA, Doralice Lange de; CUNHA, Andressa Caroline Portes da. O perfil da produção de artigos relacionados com o esporte nos programas de pós-graduação em Educação Física no Brasil (2010-2016). Movimento (Porto Alegre), v. 26, e26002, 2020. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.90546. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/90546. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.90546...
), ao investigarem a produção de artigos sobre esportes nos programas de pós-graduação (PPG) em Educação Física entre 2010 e 2016, encontraram 3.252 publicações e analisaram tendências de pesquisa sobre o esporte na PG brasileira, destacando a subárea biodinâmica, que contempla 70% do total de artigos, além de representar 83,1% dos estudos que declararam seu financiamento.

Nesse sentido, enfatizamos que não foram encontradas pesquisas nacionais relacionadas à produção de teses e dissertações sobre futebol de mulheres na última década. No estudo de Salvini, Ferreira e Marchi Júnior (2014SALVINI, Leila; FERREIRA, Ana Letícia Padeski; MARCHI JÚNIOR, Wanderley. O futebol feminino no campo acadêmico brasileiro: mapeamento de teses e dissertações (1990-2010). Pensar e Prática, v. 17, n. 4, p. 1-14, 2014. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31617. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617....
) foram levantados questionamentos sobre o espaço ocupado por este tema no campo acadêmico e sua frequência em estudos no contexto brasileiro. Tais questionamentos continuam percorrendo o cenário científico e buscamos explorá-los no presente artigo, complementando as revisões previamente publicadas e verificando tendências que se repetem ou não na pesquisa sobre a temática.

Considerando a lacuna supracitada e a importância de investigar a produção científica na PG brasileira, em especial, com olhar voltado ao futebol praticado por mulheres, este estudo objetivou mapear e explorar a produção científica relacionada ao futebol de mulheres em teses e dissertações brasileiras, na área de conhecimento da Educação Física na última década (2011-2020), identificando pesquisadores com continuidade de estudo do mestrado ao doutorado, orientadores, ano de defesa dos trabalhos, regiões, universidades e PPG com maior número de teses e dissertações, subáreas, palavras-chave e órgãos financiadores.

2 MÉTODO

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

A pesquisa com caráter bibliométrico, segundo Soares, Picolli e Casagrande (2018SOARES, Sandro Vieira; PICOLLI, Icaro Roberto Azevedo; CASAGRANDE, Jacir Leonir. Pesquisa bibliográfica, pesquisa bibliométrica, artigo de revisão e ensaio teórico em Administração e Contabilidade. Administração: ensino e pesquisa, v. 19, n. 2, p. 308-339, 2018. DOI: https://doi.org/10.13058/raep.2018.v19n2.970. Disponível em: https://raep.emnuvens.com.br/raep/article/view/970. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.13058/raep.2018.v19n2...
), apresenta a mesma estrutura (seções) de um artigo empírico. Todavia, destacam-se para esse tipo de estudo diferentes objetivos, como identificar tendências na literatura e definir indicadores bibliométricos, utilizados para investigar fatores como: frequência da autoria de artigos por área; instituições; localidades; número de autores; citações; e demais variáveis presentes em publicações científicas (OKUBO, 1997OKUBO, Yoshiko. Bibliometric indicators and analysis of research systems: methods and examples. Paris: Organization for Economic Co-operation and Development, 1997. DOI: https://doi.org/10.1787/18151965. Disponível em: https://www.oecd-ilibrary.org/docserver/208277770603.pdf?expires=1624988141&id=id&accname=guest&checksum=6389E9DB6458CF40E9248197FB25342F. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.1787/18151965...
). A bibliometria tem sido utilizada como suporte para os processos de pesquisa e possui particular importância para a comunidade acadêmica, tendo em vista suas vantagens, não apenas pela sua relevância científica, mas pela facilitação dos trabalhos do próprio pesquisador (GOMES; OLIVEIRA NETO, 2017GOMES, Gilvania de Souza; OLIVEIRA NETO, José Dutra de. Bibliometria como suporte aos processos de pesquisa: uma contribuição didática à área contábil. In: CONTECSI USP - INTERNATIONAL CONFERENCE ON INFORMATION SYSTEMS AND TECHNOLOGY MANAGEMENT, 14., 2017, São Paulo. Anais […]. São Paulo: CONTECSI, 2017. p. 1-21. Disponível em: http://www.contecsi.tecsi.org/index.php/contecsi/14CONTECSI/paper/view/4507. Acesso em 29 jun. 2021.
http://www.contecsi.tecsi.org/index.php/...
).

2.2 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE

Os critérios de inclusão de teses e dissertações adotados na pesquisa foram: defendidas em PPG brasileiros da Educação Física; com foco no futebol de mulheres; e defendidas na última década (2011-2020). A justificativa da escolha da presente década para análise se deve à complementação de revisão sistemática acerca do futebol feminino no Brasil (SALVINI; FERREIRA; MARCHI JUNIOR, 2014SALVINI, Leila; FERREIRA, Ana Letícia Padeski; MARCHI JÚNIOR, Wanderley. O futebol feminino no campo acadêmico brasileiro: mapeamento de teses e dissertações (1990-2010). Pensar e Prática, v. 17, n. 4, p. 1-14, 2014. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31617. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617....
), que compreendeu os anos de 1990 a 2010. A delimitação da área de conhecimento é justificada pelo fato de que, apesar de o futebol ser um fenômeno de estudo multidisciplinar, ele é um fenômeno esportivo presente na formação e na atuação profissional da área da Educação Física. Além disso, a Educação Física lidera o número de estudos da produção acadêmica sobre o futebol no contexto brasileiro (FENSTERSEIFER; SAAD; MORO, 2018FENSTERSEIFER, Alex; SAAD, Michel Angillo; MORO, Antônio Renato Pereira. Futebol: uma investigação do estado do conhecimento das dissertações e teses produzidas no Brasil. Pensar a prática, v. 21, n. 2, p. 240-251, 2018. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v21i2.44088. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/44088. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.5216/rpp.v21i2.44088...
), o que motivou o recorte investigativo desta revisão, área que mais investiga o futebol no país.

Os critérios de exclusão resumiram-se em eliminar teses e dissertações: a) não defendidas em PPG de universidades brasileiras; b) voltadas a outras modalidades esportivas que não o futebol; c) que investigaram o futebol de homens.

2.3 ESTRATÉGIAS DE BUSCA

As teses e dissertações foram buscadas através das bases de dados eletrônicas: Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e Núcleo Brasileiro de Teses e Dissertações em Educação, Educação Física e Educação Especial (NUTESES). As respectivas bases de dados foram escolhidas por estarem entre os principais bancos científicos do país, além de contemplarem apenas teses e dissertações. A estratégia de busca aplicada nas bases de dados foi pelos descritores Futebol and feminino or Mulher*.

A busca automática nas bases foi realizada por duas pesquisadoras, de forma independente, durante a última semana de julho de 2020. Inicialmente, aplicamos os descritores (Futebol and feminino or Mulher*), na sequência os filtros referentes ao tipo de estudo (teses e dissertações) e ao ano de publicação (2011-2020). A base de dados Capes possibilitou ainda aplicação de filtros referentes à grande área do conhecimento (Ciências da Saúde), à área do conhecimento (Educação Física), ao PPG e à instituição de ensino. Nas demais bases, os filtros foram aplicados manualmente pelas pesquisadoras, após a seleção dos títulos, conferindo-se a capa, a folha de aprovação e a ficha catalográfica dos trabalhos selecionados.

A primeira etapa de busca, realizada nas bases de dados eletrônicas, utilizou os campos de busca destas, por meio dos descritores selecionados. Esta busca inicial, automática, rastreou 529.867 trabalhos, sendo 529.052 na Capes, 801 na BDTD e 14 na NUTESES. A segunda etapa, também automática, envolveu a aplicação dos filtros (área de conhecimento; PPG; instituição de ensino; defesas na última década - 2011-2020), resultando em 4.450 trabalhos (CAPES 4.423; BDTD 25; NUTESES 2).

A busca manual iniciou na terceira etapa com a leitura dos títulos dos trabalhos resultantes da aplicação de filtros, seguindo o critério de elegibilidade da pesquisa: tema (futebol de mulheres). A aplicação dos critérios resultou em 19 trabalhos científicos, destes 11 na Capes, oito na BDTD e nenhum na NUTESES. Os trabalhos foram excluídos nesta etapa por deixarem explícito no título que não estudavam o tema principal desta revisão (futebol de mulheres), exposto nos critérios de elegibilidade, enquanto os que foram incluídos deixavam explícito o tema de interesse desta revisão.

Após a seleção pela leitura dos títulos, houve necessidade de uma quarta etapa para exclusão de trabalhos, com a conferências dos duplicados entre as bases. Nesse caso, os estudos repetidos em mais de uma base foram eliminados, de acordo com a sequência de busca nas bases eletrônicas: Capes; BDTD; NUTESES. Destacamos que oito trabalhos estavam duplicados e foram excluídos, resultando em 11 estudos selecionados (nove dissertações e duas teses). A quinta e última etapa envolveu a análise da capa, da folha de aprovação e da ficha catalográfica, confirmando que os 11 estudos selecionados foram defendidos em PPG stricto sensu da área da Educação Física no Brasil.

2.4 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES

Para análise das informações, definimos as seguintes categorias: ano de defesa; região/estado; instituição de Ensino Superior; PPG; subárea; palavras-chave; financiamento.

De acordo com Manoel e Carvalho (2011MANOEL, Edison de Jesus; CARVALHO, Yara Maria. Pós-Graduação na educação física brasileira: a atração (fatal) para a biodinâmica. Educação e Pesquisa, v. 37, n. 2, p. 389-406, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022011000200012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/PwmGj5kXrVpdj6YgnRpptgt/?lang=pt. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.1590/S1517-9702201100...
), a estruturação dos PPG em Educação Física sofreu alterações na década de 1990, havendo a proposição de diferentes subáreas dentro do termo Educação Física, cada uma relacionada a temas específicos. Três denominações foram concebidas: sociocultural; biodinâmica; e pedagógica. A subárea sociocultural abrange estudos sobre esportes, práticas corporais e atividades físicas sob a perspectiva da Sociologia, da Filosofia, da História e da Antropologia, enquanto as pesquisas pedagógicas investigam os métodos de ensino, a formação de professores-treinadores, o desenvolvimento curricular, a pedagogia do esporte e os aspectos relacionados à Educação. Por sua vez, a subárea biodinâmica tem sua linha de pesquisa voltada às disciplinas de fisiologia e bioquímica do exercício, controle, aprendizagem e desenvolvimento motor, biomecânica, além de nutrição esportiva e treinamento físico, sendo orientada pelas Ciências Naturais (MANOEL; CARVALHO, 2011MANOEL, Edison de Jesus; CARVALHO, Yara Maria. Pós-Graduação na educação física brasileira: a atração (fatal) para a biodinâmica. Educação e Pesquisa, v. 37, n. 2, p. 389-406, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022011000200012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/PwmGj5kXrVpdj6YgnRpptgt/?lang=pt. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.1590/S1517-9702201100...
).

As palavras-chave das teses e dissertações foram agrupadas por categoria para melhor visualização dos termos utilizados nos estudos. As informações foram analisadas e estão apresentadas de forma descritiva (frequência absoluta).

3 RESULTADOS

A primeira variável analisada nos estudos foi os pós-graduandos que defenderam as dissertações e teses. Observamos que, no período de uma década, nenhum pesquisador que estudou o futebol de mulheres no mestrado repetiu a pesquisa da temática no doutorado. Além disso, destes pesquisadores oito eram mulheres e três eram homens (Figura 1).

Figura 1
Autores das teses e dissertações brasileiras voltadas ao futebol de mulheres.

No Quadro 1, destacamos o título, seus respectivos autores, orientadores e o ano das dissertações e teses dos PPG brasileiros da Educação Física. Apesar de não haver repetição de pesquisadores que estudaram o tema no mestrado e no doutorado, observamos também que apenas a Doutora Silvana Vilodre Goellner foi orientadora em mais de um trabalho. As evidências encontradas revelaram o ano de 2017 com o de maior número de produções relacionadas à temática. Ressaltamos que durante o período pesquisado, os anos de 2011 e 2020 não apresentaram dissertações ou teses com a temática futebol de mulher, sendo encontrado pelo menos um estudo em cada ano de 2012 a 2019. Sendo assim, as duas metades da década estudada apresentaram número similar de trabalhos defendidos (primeira metade - cinco; segunda metade - seis).

Quadro 1
Títulos, pesquisadores, orientadores e ano de publicação das teses e dissertações voltadas ao futebol de mulheres.

No que se refere à localidade dos trabalhos científicos, observamos que apenas as regiões Sul e Sudeste possuíam teses e dissertações defendidas na última década, sendo sete na Região Sul e quatro no Sudeste (Figura 2). Destaque ao estado do Rio Grande do Sul, que apresentou o maior número de publicações a respeito do futebol de mulheres (quatro dissertações).

Figura 2
Teses e dissertações, por região e estado

É possível observar, na Figura 3, a quantidade de trabalhos defendidos por Instituição de Ensino Superior. Os resultados apontaram sete instituições que possuem estudos com tal temática, evidenciando a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), como as instituições com maior número de publicações, apesar de serem apenas duas cada.

Figura 3
Teses e dissertações, de acordo com Instituição de Ensino Superior.

A pesquisa apresentou três PPG na área da Educação Física com teses e dissertações sobre o futebol de mulheres, sendo eles: Educação Física; Ciências do Movimento Humano; e Ciências do Esporte. Há um destaque no número de trabalhos científicos para os PPG denominados de Educação Física, sendo oito dos 11 estudos pertencentes à essa classificação (Figura 4).

Figura 4
Teses e dissertações, considerando e PPG

A Figura 5 apresenta o número de teses e dissertações classificadas por subáreas, bem como as 27 palavras-chave encontradas. Um destaque à subárea sociocultural foi encontrado, contemplada em seis trabalhos, enquanto a subárea biodinâmica apresentou quatro e a pedagógica apenas um. Assim como a predominância no número de estudos, a subárea sociocultural apresentou maior número de palavras-chave, sendo contemplada por 13 termos diferentes e utilizada por sete dos 11 autores. Foi possível identificar oito palavras-chave relacionadas à subárea biodinâmica e apenas uma com a pedagógica. Entendemos o futebol como fenômeno integrante das três subáreas, portanto os termos “futebol”, “futebol feminino”, “futebol de mulheres”, “futebol e mulheres” e “jogadoras de futebol” não foram inseridos na classificação, sendo contemplados na análise de forma individual.

Figura 5
Subárea das teses e dissertações e categorias das palavras-chave.

No que se refere ao financiamento de teses e dissertações por órgãos brasileiros, é possível observar, na Figura 6, que a maior parte dos trabalhos não contou com auxílio financeiro para seu desenvolvimento (sete), enquanto apenas quatro receberam tal apoio para desenvolvimento da pesquisa, de apenas uma instituição financiadora (Capes).

Figura 6
Teses e dissertações, considerando o financiamento.

4 DISCUSSÃO

Analisar teses e dissertações é uma maneira ideal para se compreender de que forma a pesquisa se estrutura socialmente, permitindo-nos observar a sua evolução em áreas específicas, bem como seus principais pesquisadores e as relações existentes entre eles (REPISO; TORRES; DELGADO, 2011REPISO, Rafael; TORRES, Daniel; DELGADO, Emilio. Análisis bibliométrico y de redes sociales en tesis doctorales españolas sobre televisión (1976/2007). Revista Científica de Educomunicación, v. 19, n. 37, p. 151-159, 2011. DOI: https://doi.org/10.3916/C37-2011-03-07. Disponível em: https://recyt.fecyt.es/index.php/comunicar/article/view/26583. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.3916/C37-2011-03-07...
). Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo mapear e explorar a produção científica relacionada ao futebol de mulheres, em teses e dissertações no Brasil, na área de conhecimento da Educação Física, na última década (2011-2020).

Dado a ser enfatizado é a não identificação de pós-graduandos que tenham defendidos suas dissertações e teses sobre o tema na década investigada, o que reflete que não houve uma continuidade entre dissertação e tese sobre a mesma temática no período. Da mesma forma, apenas uma professora doutora orientou mais de um trabalho sobre o futebol de mulheres, o que corrobora a ideia da não manutenção do tema ou dos pesquisadores do tema na PG nacional.

A maior contingência de pós-graduandas com interesse em estudar o futebol de mulheres delineia uma tendência de autoras pesquisarem o esporte praticado por atletas do mesmo sexo. Neste campo de estudo, observamos que os agentes minoritários do campo tanto esportivo quanto acadêmico-científico (mulheres) acabam por direcionar sua temática investigativa, considerando a quantidade elevada de pesquisas direcionadas ao futebol de homens (SALVINI; FERREIRA; MARCHI JUNIOR, 2014SALVINI, Leila; FERREIRA, Ana Letícia Padeski; MARCHI JÚNIOR, Wanderley. O futebol feminino no campo acadêmico brasileiro: mapeamento de teses e dissertações (1990-2010). Pensar e Prática, v. 17, n. 4, p. 1-14, 2014. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31617. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617....
).

O mesmo foi identificado em artigos científicos produzidos sobre futebol e futsal femininos, apresentando maior número de mulheres como primeiras autoras (BARREIRA et al., 2018BARREIRA, Julia et al. Produção acadêmica em futebol e futsal feminino: estado da arte dos artigos científicos nacionais na área da educação física. Movimento (Porto Alegre), v. 24, n. 2, p. 607-618, 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/80030. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030...
). Quanto ao perfil dos orientadores, evidenciamos nas teses e dissertações o predomínio de homens (sete), dado que também se repete entre os coautores dos artigos publicados em periódicos científicos (BARREIRA et al., 2018).

O estudo de Souza, Capraro e Jensen (2017SOUZA, Maria Thereza Oliveira; CAPRARO, André Mendes; JENSEN, Larissa. Mulheres fora da área: escritoras “arriscando-se” a dissertar sobre futebol. Motrivivência, v. 29, n. 50, p.140-152, 2017. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2017v29n50p140. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2017v29n50p140. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.5007/2175-8042.2017v2...
) nos revela que as escritoras estão mais distantes do campo esportivo do que as atletas, quando comparadas aos homens. Autoras renomadas na literatura como Lya Luft e Clarice Lispector escreveram esporadicamente sobre o futebol. Porém, segundo Souza, Capraro e Jensen (2017), foi possível perceber o afastamento de assuntos como a análise técnica e tática do esporte (também refletida na baixa produção na subárea pedagógica observada na presente revisão), revelando uma tendência aos aspectos emocionais, sentimentais e de interferências políticas e econômicas. Além disso, os autores supracitados refletem que há um destaque ao fato de algumas escritoras se justificarem por escreverem sobre uma temática dominada pelos homens.

Os resultados desse estudo apontaram a incipiência da produção científica sobre o futebol de mulheres em PPG no Brasil. Complementarmente, Barreira et al. (2018BARREIRA, Julia et al. Produção acadêmica em futebol e futsal feminino: estado da arte dos artigos científicos nacionais na área da educação física. Movimento (Porto Alegre), v. 24, n. 2, p. 607-618, 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/80030. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030...
) evidenciaram que os eventos internacionais da década de 1990, como a primeira Copa do Mundo de Futebol Feminino (1991) e a entrada da modalidade nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996), tiveram influência direta no aumento da visibilidade das modalidades femininas e no início das produções científicas a respeito, tanto na produção de trabalhos em PPG quanto em periódicos científicos.

Em seu mapeamento, Salvini, Ferreira e Marchi Júnior (2014SALVINI, Leila; FERREIRA, Ana Letícia Padeski; MARCHI JÚNIOR, Wanderley. O futebol feminino no campo acadêmico brasileiro: mapeamento de teses e dissertações (1990-2010). Pensar e Prática, v. 17, n. 4, p. 1-14, 2014. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31617. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617....
) constataram que a primeira dissertação brasileira sobre o assunto foi defendida em 1997, corroborando a atualidade desta e o histórico do futebol de mulheres no país. Além disso, apontaram oito dissertações e três teses sobre o futebol de mulheres entre 1990 e 2010, totalizando 11 publicações, em um período de 20 anos.

Quando comparado a este estudo, percebemos um aumento de 100% na quantidade de trabalhos defendidos nos PPG da Educação Física, pois este rastreou o mesmo número de publicações em apenas dez anos, apresentando uma evolução importante a ser considerada no interesse dos pesquisadores brasileiros pela temática, mesmo reconhecendo-se a incipiência de trabalhos acadêmicos encontrados na PPG brasileira da Educação Física. Tal aumento pode ser justificado pela popularização da modalidade após os bons resultados conquistados pela seleção brasileira em competições internacionais a partir dos anos 2000. Por exemplo, o desempenho nos Jogos Olímpicos de 2004 e 2008, resultando na medalha de prata duas vezes consecutivas, e a conquista da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007. Além disso, os anos 2000 foram marcados pela premiação da jogadora brasileira Marta como melhor do mundo por cinco vezes, entre os anos de 2006 e 2011 (BARREIRA et al., 2018BARREIRA, Julia et al. Produção acadêmica em futebol e futsal feminino: estado da arte dos artigos científicos nacionais na área da educação física. Movimento (Porto Alegre), v. 24, n. 2, p. 607-618, 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/80030. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030...
).

Foi possível identificar similaridade no número de estudos defendidos nas duas metades da década estudada, sendo cinco publicações na primeira metade e seis na segunda. Destacamos, porém, os anos de 2011 e 2020, que não tiveram trabalhos defendidos sobre a temática, e o ano de 2017, ano com maior número de defesas na PG no Brasil, sendo elas três.

As regiões Sul e Sudeste foram as únicas do país a apresentarem teses e dissertações defendidas nos PPG da Educação Física sobre a temática na década analisada, destaque que também foi evidenciado por Maciel et al. (2019MACIEL, Larissa Fernanda Porto et al. Produção científica relacionada ao basquetebol em teses e dissertações brasileiras: análise bibliométrica. Movimento, v. 25, e25027, 2019. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.88291. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/88291. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.88291...
), em revisão bibliométrica de teses e dissertações sobre do basquetebol no Brasil e por Andrade et al. (2015ANDRADE, Alexandro et al. Psicologia do esporte no Brasil: revisão em periódicos da Psicologia. Psicologia em Estudo, v. 20, n. 2, p. 309-317, 2015. DOI: https://doi.org/10.4025/psicolestud.v20i2.25643. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/PsicolEstud/article/view/25643/pdf_29. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.4025/psicolestud.v20i...
), em revisão bibliométrica sobre Psicologia do Esporte. Tal destaque pode ser justificado pela concentração de cursos de mestrado e doutorado relacionados à Área 21, em que a Educação Física está inserida, na realidade da PG brasileira.

Neste cenário, é de extrema importância que os pesquisadores das regiões Sul e Sudeste, em parceria com pesquisadores e instituições das demais regiões, se dediquem a auxiliar no aumento de pesquisas em todo o território nacional. Destacamos que, com a necessidade de isolamento social provocada pela pandemia da covid-19, a pesquisa se “digitalizou”, exigindo dos pesquisadores adaptações no processo de coleta de dados (OLIVEIRA, 2021OLIVEIRA, Victor Hugo Nedel. Desafios para a pesquisa no campo das ciências humanas em tempos de pandemia da COVID-19. Boletim de Conjuntura, v. 5, n. 14, p. 93-101, 2021. DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.4513773%20. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/211. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.5281/zenodo.4513773%2...
), mas ampliando os horizontes territoriais das pesquisas, por meio da assinatura de Termos de Consentimento Livre e Esclarecido, preenchimento de formulários e a participação em entrevistas, com o auxílio de Plataformas on-line. Sendo assim, o momento vivido permite que pesquisadores vinculados a PPG nas regiões Sul e Sudeste do país, localidades com maior número de PPG em Educação Física, possam desenvolver estudos em outras regiões do Brasil, a partir das ferramentas disponíveis para coleta de dados à distância.

Além da presença de PPG nos referentes estados, segundo ranking divulgado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF, 2020), em 2020, entre os dez melhores clubes de futebol feminino do país, cinco são da região Sudeste e dois da região Sul. Tal resultado é reflexo de um maior investimento e incentivo ao esporte de mulheres nas regiões, observado também em resultados nacionais.

Evidenciamos nesta pesquisa sete Instituições de Ensino Superior com trabalhos científicos defendidos sobre o futebol de mulheres, todas universidades públicas, e um máximo de dois estudos em cada instituição. O destaque para tais instituições pode ser justificado por aspectos como a presença de grupos e núcleos de estudo e pesquisa sobre o futebol e questões histórico-culturais vinculadas aos seus PPG, como o Grupo de Estudos e Pesquisas de Futebol (Unicamp), o Laboratório de Estudos em Esporte Coletivo (UFPel), o Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade (UFPR); o Grupo de Estudos sobre Esporte, Cultura e História (UFRGS). Apesar da presença dos grupos de estudos, não foi encontrado grupo ou linha de pesquisa exclusivamente sobre o futebol de mulheres, dado que também foi observado na revisão de Salvini, Ferreira e Marchi Júnior (2014SALVINI, Leila; FERREIRA, Ana Letícia Padeski; MARCHI JÚNIOR, Wanderley. O futebol feminino no campo acadêmico brasileiro: mapeamento de teses e dissertações (1990-2010). Pensar e Prática, v. 17, n. 4, p. 1-14, 2014. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31617. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617....
) e nos auxilia a compreender a escassez de estudos sobre o tema.

Ademais, as instituições investigadas têm grande tradição na pesquisa no cenário científico brasileiro, de modo geral, tendo também visibilidade internacional, que pode ser observada através do ranking Academic Ranking of World Universities (ARWU) de 2020, no qual a Unicamp é a terceira universidade brasileira listada, seguida pela UFMG, na 4ª posição, a UFRGS, na 6ª posição, a UFPR na 7ª posição, a UFSC, na 9ª posição e a UFPel na 17ª posição (SHANGHAI RANKING CONSULTANCY, 2020).

O estudo de Salvini, Ferreira e Marchi Júnior (2014SALVINI, Leila; FERREIRA, Ana Letícia Padeski; MARCHI JÚNIOR, Wanderley. O futebol feminino no campo acadêmico brasileiro: mapeamento de teses e dissertações (1990-2010). Pensar e Prática, v. 17, n. 4, p. 1-14, 2014. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31617. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617....
) menciona a variedade de instituições que produziram teses e dissertações sobre o futebol de mulheres, revelando que, apesar de esta modalidade estar à margem da pesquisa científica, ainda é desenvolvida em diferentes polos acadêmicos. Contudo, é pertinente observar que, das nove universidades citadas pelos autores, apenas a Unicamp se repete na presente revisão, mostrando-nos que o futebol de mulheres ainda não é uma tendência de pesquisa em nenhuma instituição, resultando na não continuidade dos estudos.

Evidenciamos, neste estudo, que os PPG da área da Educação Física que publicam sobre futebol de mulheres possuem diferentes nomenclaturas, mas que os estudos têm maior concentração nos denominados Educação Física. Tal informação também teve destaque na bibliometria sobre basquetebol (MACIEL et al., 2019MACIEL, Larissa Fernanda Porto et al. Produção científica relacionada ao basquetebol em teses e dissertações brasileiras: análise bibliométrica. Movimento, v. 25, e25027, 2019. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.88291. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/88291. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.88291...
) e pode ser justificada porque a nomenclatura Educação Física contempla as diferentes raízes históricas, políticas e epistemológicas da área, apresentando um conceito mais amplo e que reflete a área no país (BOURDIEU, 2011BOURDIEU, Pierre. Homo academicus. Florianópolis: Editora da UFSC, 2011.).

A análise bibliométrica revelou que os autores, majoritariamente, buscam estudar os tópicos socioculturais vinculados ao futebol de mulheres. O foco sociocultural pode estar relacionado com a concepção do futebol como fenômeno social, estando em harmonia com os demais aspectos da cultura e sendo capaz de expressar a própria sociedade brasileira (RINALDI, 2000RINALDI, Wilson. Futebol: Manifestação cultural e ideologização. Revista da Educação Física, v. 11, n. 1, p. 167-172, 2000. Disponível em: http://docplayer.com.br/23454150-Futebol-manifestacao-cultural-e-ideologizacao.html. Acesso em: 29 jun. 2021.
http://docplayer.com.br/23454150-Futebol...
). Além de o esporte ser considerado parte da sociedade, o futebol de mulheres é estudado pelo seu viés revolucionário, deixando de ser apenas manifestação cultural e passando a representar um espaço de autonomia, liberdade e empoderamento das mulheres (PISANI, 2014PISANI, Mariane da Silva. Futebol feminino: espaço de empoderamento para mulheres das periferias de São Paulo. Ponto Urbe: Revista do Núcleo de Antropologia Urbana da USP, n. 14, p. 1-10, 2014. Disponível em: https://ludopedio.com.br/biblioteca/futebol-feminino-espaco-de-empoderamento-para-mulheres-das-periferias-de-sao-paulo/. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://ludopedio.com.br/biblioteca/fute...
).

Os três temas mais pesquisados em artigos nacionais sobre futebol e futsal de mulheres foram gênero, fisiologia e história, o que corrobora os resultados encontrados em nosso estudo. Além disso, dentro da categoria de gênero foram encontrados diversos trabalhos sobre as modalidades na Educação Física Escolar, evidenciando a influência das discussões sobre gênero e prática esportiva que ocorrem no país nas últimas décadas (BERREIRA et al., 2018).

A subárea da biodinâmica tem grande relevância na produção científica em Educação Física. Souza e Cunha (2020SOUZA, Doralice Lange de; CUNHA, Andressa Caroline Portes da. O perfil da produção de artigos relacionados com o esporte nos programas de pós-graduação em Educação Física no Brasil (2010-2016). Movimento (Porto Alegre), v. 26, e26002, 2020. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.90546. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/90546. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.90546...
) corroboram esse fato, destacando que 70% dos artigos relacionados com esportes produzidos em PPG brasileiros entre 2010 e 2016 foram vinculados a tal subárea. Segundo Manoel e Carvalho (2011MANOEL, Edison de Jesus; CARVALHO, Yara Maria. Pós-Graduação na educação física brasileira: a atração (fatal) para a biodinâmica. Educação e Pesquisa, v. 37, n. 2, p. 389-406, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022011000200012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/PwmGj5kXrVpdj6YgnRpptgt/?lang=pt. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.1590/S1517-9702201100...
), a PG brasileira possui uma tendência à biodinâmica pelo seu reconhecimento em periódicos internacionais, levando as instituições à busca incessante pela obtenção de conceitos altos e um abandono às pesquisas com impacto local, regional e nacional, relacionados às demais subáreas.

Verificando que a subárea biodinâmica contempla a maioria dos estudos realizados na área do esporte na PG brasileira, quando comparado com os resultados desta pesquisa, buscamos entender o porquê desse destaque à biodinâmica não acontecer em estudos sobre o futebol de mulheres. Barreira et al. (2018BARREIRA, Julia et al. Produção acadêmica em futebol e futsal feminino: estado da arte dos artigos científicos nacionais na área da educação física. Movimento (Porto Alegre), v. 24, n. 2, p. 607-618, 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/80030. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030...
) mencionam o baixo número de artigos que discutem questões técnicas e táticas do futebol e futsal femininos, argumentando que o amadorismo ainda é uma realidade forte na prática das modalidades esportivas. Portanto, a ausência de materiais e profissionais dificulta a produção de dados e de trabalhos acadêmicos e científicos.

Apesar da predominância da subárea biodinâmica na área da Educação Física, destacada por Souza e Cunha (2020SOUZA, Doralice Lange de; CUNHA, Andressa Caroline Portes da. O perfil da produção de artigos relacionados com o esporte nos programas de pós-graduação em Educação Física no Brasil (2010-2016). Movimento (Porto Alegre), v. 26, e26002, 2020. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.90546. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/90546. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.90546...
), esta não foi visualizada nas teses e dissertações sobre futebol de mulheres rastreadas nesta revisão. Ao observarmos o perfil de autoria (majoritariamente mulheres) dos trabalhos científicos em tela, corroboramos a percepção de Souza, Capraro e Jensen (2017), de que o número ligeiramente menor de publicações na subárea biodinâmica, em comparação à subárea sociocultural, pode estar refletindo um interesse maior das pesquisadoras mulheres por temáticas relacionadas às disparidades de gênero.

Os resultados analisados nas subáreas de pesquisa refletem também na observação das palavras-chave, que revelou uma grande quantidade de termos relacionados à subárea sociocultural. Em seguida, observam-se os termos relacionados com a biodinâmica e apenas uma palavra à subárea pedagógica, contemplada em apenas um estudo. É pertinente destacar as palavras relacionadas ao futebol, categoria na qual a maioria das palavras-chave está relacionada.

No que se refere ao financiamento das teses e dissertações, foi identificado que apenas quatro trabalhos receberam apoio, todos do mesmo órgão de fomento (Capes). A baixa quantidade de estudos que contaram com apoio financeiro também é encontrada nas publicações sobre o basquetebol (MACIEL et al., 2019MACIEL, Larissa Fernanda Porto et al. Produção científica relacionada ao basquetebol em teses e dissertações brasileiras: análise bibliométrica. Movimento, v. 25, e25027, 2019. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.88291. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/88291. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.88291...
). Porém, contrapõe a análise de Andrade, Dominski e Coimbra (2017ANDRADE, Alexandro; DOMINSKI, Fábio Hech; COIMBRA, Danilo Reis. Scientific production on indoor air quality of environments used for physical exercise and sports practice: Bibliometric analysis. Journal of Environmental Management, v. 196, n. 1, p. 188-200, 2017. DOI: 10.1016/j.jenvman.2017.03.001. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28284941/. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28284941...
) a respeito de produções científicas sobre qualidade do ar em ambientes de prática de atividades físicas e esportivas, em que o número de estudos financiados era maioria.

Apesar de a área das Ciências da Saúde aparecer em posição de destaque nas investigações sobre o perfil de financiamento público à pesquisa nacional (RIBEIRO et al., 2020RIBEIRO, Daniella Borges et al. Financiamento à ciência no Brasil: distribuição entre as grandes áreas do conhecimento. Katálysis, v. 23, n. 3, p. 548-561, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23n3p548. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/katalysis/article/view/1982-02592020v23n3p548. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23...
; MUELLER, 2009MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. Quem financia nossos periódicos? Um estudo na base Scielo sobre a relação entre áreas do conhecimento, editoras e financiamentos. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 10., 2009, João Pessoa. Anais […]. João Pessoa: UFPB, 2009. p. 1-19. Disponível em: http://200.20.0.78/repositorios/handle/123456789/622. Acesso em: 29 jun. 2021.
http://200.20.0.78/repositorios/handle/1...
), é possível analisar que as publicações em Educação Física, especialmente as voltadas às modalidades esportivas, têm uma carência de apoio financeiro para seu desenvolvimento, identificado na presente revisão (futebol de mulheres) e na de Maciel et al. (2019MACIEL, Larissa Fernanda Porto et al. Produção científica relacionada ao basquetebol em teses e dissertações brasileiras: análise bibliométrica. Movimento, v. 25, e25027, 2019. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.88291. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/88291. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.22456/1982-8918.88291...
) (basquetebol), em comparação às temáticas de atividade física, mais relacionada à Saúde, e qualidade do ar (ANDRADE; DOMINSKI; COIMBRA, 2017ANDRADE, Alexandro; DOMINSKI, Fábio Hech; COIMBRA, Danilo Reis. Scientific production on indoor air quality of environments used for physical exercise and sports practice: Bibliometric analysis. Journal of Environmental Management, v. 196, n. 1, p. 188-200, 2017. DOI: 10.1016/j.jenvman.2017.03.001. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28284941/. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28284941...
), fortemente ligada à área das Engenharias.

Em estudo sobre o financiamento à ciência no Brasil, Ribeiro et al. (2020RIBEIRO, Daniella Borges et al. Financiamento à ciência no Brasil: distribuição entre as grandes áreas do conhecimento. Katálysis, v. 23, n. 3, p. 548-561, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23n3p548. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/katalysis/article/view/1982-02592020v23n3p548. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23...
) enfatizaram que a tecnologia, termo mais citado e previamente selecionado nos editais de financiamento, apresenta-se como elemento central do financiamento público. Além disso, revelaram que, dos recursos fornecidos a partir de 2012, as Engenharias, as Ciências da Saúde e as Ciências Biológicas têm sido as mais contempladas tanto em quantidade quanto em valores recebidos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos com a pesquisa que a produção acadêmica sobre o futebol de mulheres no Brasil sofreu os impactos históricos, sociais e culturais nos quais a modalidade está inserida. Com a análise, foi possível perceber que a temática foi pouco estudada na PG em Educação Física brasileira nos últimos dez anos, contando com um número ainda pequeno de publicações.

Os trabalhos rastreados revelaram a predominância de pesquisadoras do sexo feminino, de orientadores do sexo masculino e a não continuidade de tema de pesquisa entre os pesquisadores do mestrado para o doutorado. Houve uma paridade de estudos ao longo da década, as regiões Sul e Sudeste e os PPG denominados de Educação Física concentraram as publicações sobre o tema em tela nesta revisão bibliométrica. A ausência de dissertações e teses sobre o futebol de mulheres nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil pode estar relacionada ao baixo número de cursos de mestrado e doutorado em PPG da área da Educação Física nessas regiões. Ao considerar que os pesquisadores estudam, em sua maioria, populações de cidades/estados em que seus PPG estão situados, o aumento destes programas poderá incidir também no número de trabalhos e publicações científicas com populações de outras regiões brasileiras.

Tais considerações revelam a necessidade de ampliação do oferecimento de cursos de mestrado e doutorado em Educação Física em todo o território nacional, o que impactará consideravelmente no aumento de pesquisas desenvolvidas fora dos polos acadêmicos em destaque (Sul e Sudeste). Sugerem-se também investimentos em políticas de parceria entre PPG de universidades de diferentes regiões, almejando o compartilhamento de recursos e experiências e o desenvolvimento da pesquisa científica de forma homogênea no país.

Os estudos focaram em aspectos socioculturais da temática, sendo que a análise das palavras-chave reforçou esta configuração. A investigação pedagógica sobre o futebol de mulheres pode estar sendo pouco explorada devido tanto ao amadorismo da modalidade no país e à falta de incentivo para mulheres que desejam estudar o futebol para além dos aspectos sociais e disparidades de gênero, quanto pelo fato de a subárea pedagógica ser menos valorizada na área da Educação Física em comparação, especialmente, à biodinâmica. Por fim, a maioria dos trabalhos não recebeu apoio financeiro para seu desenvolvimento, reforçando a necessidade de investimento na pesquisa nacional, principalmente em áreas menos valorizadas academicamente, como a Educação Física e as modalidades esportivas dentro desta.

Neste cenário, apesar de seu expressivo crescimento em relação à última revisão realizada por Salvini, Ferreira e Marchi Júnior (2014SALVINI, Leila; FERREIRA, Ana Letícia Padeski; MARCHI JÚNIOR, Wanderley. O futebol feminino no campo acadêmico brasileiro: mapeamento de teses e dissertações (1990-2010). Pensar e Prática, v. 17, n. 4, p. 1-14, 2014. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31617. Acesso em: 29 jun. 2021.
https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617....
) e pelo aumento da visibilidade do futebol de mulheres devido às competições nacionais e internacionais, a produção acadêmica na área é ainda incipiente e carece de aprofundamento para maior consolidação no cenário da PG em Educação Física brasileira.

Encontramos na realização da pesquisa dificuldade para seleção dos estudos, visto o alto número de resultados gerados na busca inicial (automática) nas bases de dados que não se adequavam com os critérios de elegibilidade. Como limitações do estudo, é importante destacar o recorte em termos de palavras-chave, em que outras poderiam ter sido incluídas, e a exclusividade da área de conhecimento da Educação Física, não sendo possível a visualização da interdisciplinaridade da temática. Porém, destacamos que recortes e decisões em relação aos descritores de pesquisa e áreas de conhecimento são característicos e necessários para o afunilamento e a efetividade na condução de estudos de revisão. Outra limitação se reporta ao período da coleta de dados, pois como a coleta ocorreu no mês de julho de 2020, os meses finais do ano não puderam ser contemplados. Porém, destacamos que a natureza e a temporalidade, características das revisões, necessitam de um recorte temporal em relação à data que a coleta é realizada, além de um tempo considerável, posteriormente, para a análise dos estudos selecionados e a escrita dos textos.

Sugerimos novos estudos realizados através de levantamento em periódicos nacionais, que visem a um maior esclarecimento de relações entre o contexto do futebol de mulheres no Brasil, seus aspectos históricos e culturais, com a produção acadêmico-científica sobre a modalidade no país. A fim de conhecer o perfil dos pesquisadores da temática, sugerimos um novo estudo que investigue os desdobramentos de carreira dos 11 pesquisadores incluídos nesta revisão, buscando entender se eles se mantêm a estudá-la, como e onde estão publicando os resultados de suas dissertações e teses (artigos, livros, trabalhos em eventos). Também consideramos pertinente uma nova revisão que verifique a produção de teses e dissertações sobre o futebol de mulheres nas demais áreas de conhecimento, no intuito de verificar de que maneira a temática é estudada no Brasil e o papel das diferentes áreas nesse processo.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Alexandro et al. Psicologia do esporte no Brasil: revisão em periódicos da Psicologia. Psicologia em Estudo, v. 20, n. 2, p. 309-317, 2015. DOI: https://doi.org/10.4025/psicolestud.v20i2.25643 Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/PsicolEstud/article/view/25643/pdf_29 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.4025/psicolestud.v20i2.25643» https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/PsicolEstud/article/view/25643/pdf_29
  • ANDRADE, Alexandro; DOMINSKI, Fábio Hech; COIMBRA, Danilo Reis. Scientific production on indoor air quality of environments used for physical exercise and sports practice: Bibliometric analysis. Journal of Environmental Management, v. 196, n. 1, p. 188-200, 2017. DOI: 10.1016/j.jenvman.2017.03.001. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28284941/. Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2017.03.001» https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28284941
  • BARREIRA, Julia et al. Produção acadêmica em futebol e futsal feminino: estado da arte dos artigos científicos nacionais na área da educação física. Movimento (Porto Alegre), v. 24, n. 2, p. 607-618, 2018. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030 Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/80030 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.22456/1982-8918.80030» https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/80030
  • BOURDIEU, Pierre. Homo academicus. Florianópolis: Editora da UFSC, 2011.
  • CBF - CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL. Ferroviária lidera ranking nacional de clubes da CBF em 2020. 2020. Disponível em: https://www.cbf.com.br/futebol-brasileiro/noticias/campeonato-brasileiro-feminino/ferroviaria-lidera-ranking-nacional-de-clubes-da-cbf-em-2020 Acesso em: 13 mar. 2021.
    » https://www.cbf.com.br/futebol-brasileiro/noticias/campeonato-brasileiro-feminino/ferroviaria-lidera-ranking-nacional-de-clubes-da-cbf-em-2020
  • COSTA, Martina Gonçalves Burch. Futebol de mulheres além das quatro linhas: um estudo sobre a formação - profissional de atletas no Esporte Clube Pelotas/Phoenix. 2018. 88 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Escola Superior de Educação Física, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/ppgef/files/2019/02/Martina-Gon%C3%A7alves-Burch-Costa.pdf Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://wp.ufpel.edu.br/ppgef/files/2019/02/Martina-Gon%C3%A7alves-Burch-Costa.pdf
  • DARIDO, Suraya Cristina. Futebol feminino no Brasil: do seu início à prática pedagógica. Motriz, v. 8, n. 2, p. 1-7, 2002. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/08n2/Darido.pdf Acesso em: 29 jun. 2021.
    » http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/08n2/Darido.pdf
  • FARIA JUNIOR, Alfredo de. Futebol, questões de gênero e co-educação. Pesquisa de Campo, n. 2, p. 17-39, 1995. Disponível em: https://ludopedio.com.br/biblioteca/futebol-questoes-de-genero-e-co-educacao/. Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://ludopedio.com.br/biblioteca/futebol-questoes-de-genero-e-co-educacao
  • FELTRIN, Murilo Bortolotti et al. Caracterização de praticantes de futebol feminino no Brasil. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, v. 4, n. 12, p. 151-161, 2012.
  • FENSTERSEIFER, Alex; SAAD, Michel Angillo; MORO, Antônio Renato Pereira. Futebol: uma investigação do estado do conhecimento das dissertações e teses produzidas no Brasil. Pensar a prática, v. 21, n. 2, p. 240-251, 2018. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v21i2.44088 Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/44088 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.5216/rpp.v21i2.44088» https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/44088
  • FERNANDES, Bruna Rafaela Esporta. O paradoxo está em jogo: as representações da mídia impressa sobre a seleção brasileira feminina de futebol na década de 1990. 2019. 111 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2019. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/334582 Acesso em: 29 jun. 2021
    » http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/334582
  • GOMES, Gilvania de Souza; OLIVEIRA NETO, José Dutra de. Bibliometria como suporte aos processos de pesquisa: uma contribuição didática à área contábil. In: CONTECSI USP - INTERNATIONAL CONFERENCE ON INFORMATION SYSTEMS AND TECHNOLOGY MANAGEMENT, 14., 2017, São Paulo. Anais […]. São Paulo: CONTECSI, 2017. p. 1-21. Disponível em: http://www.contecsi.tecsi.org/index.php/contecsi/14CONTECSI/paper/view/4507 Acesso em 29 jun. 2021.
    » http://www.contecsi.tecsi.org/index.php/contecsi/14CONTECSI/paper/view/4507
  • HEIDRICH, Carolina Valente. Efeitos da ameaça do estereótipo na aprendizagem motora do futebol feminino. 2013. 84 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Escola Superior de Educação Física, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2013. Disponível em: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/123456789/1800 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/123456789/1800
  • JORAS, Pamela Siqueira. Futebol e mulheres no Brasil: A história de vida de Aline Pellegrino. 2015. 128 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/143193/000994330.pdf?sequence=1&isAllowed=y Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/143193/000994330.pdf?sequence=1&isAllowed=y
  • MACIEL, Larissa Fernanda Porto et al. Produção científica relacionada ao basquetebol em teses e dissertações brasileiras: análise bibliométrica. Movimento, v. 25, e25027, 2019. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.88291 Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/88291 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.22456/1982-8918.88291» https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/88291
  • MANOEL, Edison de Jesus; CARVALHO, Yara Maria. Pós-Graduação na educação física brasileira: a atração (fatal) para a biodinâmica. Educação e Pesquisa, v. 37, n. 2, p. 389-406, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022011000200012 Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/PwmGj5kXrVpdj6YgnRpptgt/?lang=pt Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.1590/S1517-97022011000200012» https://www.scielo.br/j/ep/a/PwmGj5kXrVpdj6YgnRpptgt/?lang=pt
  • MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. Quem financia nossos periódicos? Um estudo na base Scielo sobre a relação entre áreas do conhecimento, editoras e financiamentos. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 10., 2009, João Pessoa. Anais […]. João Pessoa: UFPB, 2009. p. 1-19. Disponível em: http://200.20.0.78/repositorios/handle/123456789/622 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » http://200.20.0.78/repositorios/handle/123456789/622
  • OKUBO, Yoshiko. Bibliometric indicators and analysis of research systems: methods and examples. Paris: Organization for Economic Co-operation and Development, 1997. DOI: https://doi.org/10.1787/18151965 Disponível em: https://www.oecd-ilibrary.org/docserver/208277770603.pdf?expires=1624988141&id=id&accname=guest&checksum=6389E9DB6458CF40E9248197FB25342F Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.1787/18151965» https://www.oecd-ilibrary.org/docserver/208277770603.pdf?expires=1624988141&id=id&accname=guest&checksum=6389E9DB6458CF40E9248197FB25342F
  • OLIVEIRA, Victor Hugo Nedel. Desafios para a pesquisa no campo das ciências humanas em tempos de pandemia da COVID-19. Boletim de Conjuntura, v. 5, n. 14, p. 93-101, 2021. DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.4513773%20 Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/211 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.5281/zenodo.4513773%20» https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/211
  • ORTIZ, Jaelson Gonçalves. Efeitos agudos e crônicos do treinamento de futebol recreacional sobre indicadores fisiológicos, neuromusculares e bioquímicos em mulheres não treinadas. 2014. 78 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/128824 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/128824
  • PAVIN, Larissa Neves. Uso de meias de compressão em jogo de futebol feminino e sua implicação na recuperação aguda. 2017. 36 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, 2017. Disponível em: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/377 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/377
  • PISANI, Mariane da Silva. Futebol feminino: espaço de empoderamento para mulheres das periferias de São Paulo. Ponto Urbe: Revista do Núcleo de Antropologia Urbana da USP, n. 14, p. 1-10, 2014. Disponível em: https://ludopedio.com.br/biblioteca/futebol-feminino-espaco-de-empoderamento-para-mulheres-das-periferias-de-sao-paulo/. Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://ludopedio.com.br/biblioteca/futebol-feminino-espaco-de-empoderamento-para-mulheres-das-periferias-de-sao-paulo
  • RAMOS, Guilherme Passos. Perfil da atleta de futebol de elite no Brasil: características antropométricas, físicas e respostas fisiológicas em treinamentos e competições. 2017. 112 f. Tese (Doutorado em Ciências do Esporte) - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/EEFF-BBBGP7 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/EEFF-BBBGP7
  • RAMOS, Suellen dos Santos. Futebol e mulheres no Rio Grande do Sul: a trajetória esportiva de Eduarda Marranghello Luizelli (Duda). 2016. 157 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/151421 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://lume.ufrgs.br/handle/10183/151421
  • REPISO, Rafael; TORRES, Daniel; DELGADO, Emilio. Análisis bibliométrico y de redes sociales en tesis doctorales españolas sobre televisión (1976/2007). Revista Científica de Educomunicación, v. 19, n. 37, p. 151-159, 2011. DOI: https://doi.org/10.3916/C37-2011-03-07 Disponível em: https://recyt.fecyt.es/index.php/comunicar/article/view/26583 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.3916/C37-2011-03-07» https://recyt.fecyt.es/index.php/comunicar/article/view/26583
  • RIBEIRO, Daniella Borges et al. Financiamento à ciência no Brasil: distribuição entre as grandes áreas do conhecimento. Katálysis, v. 23, n. 3, p. 548-561, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23n3p548 Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/katalysis/article/view/1982-02592020v23n3p548 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.1590/1982-02592020v23n3p548» https://periodicos.ufsc.br/index.php/katalysis/article/view/1982-02592020v23n3p548
  • RINALDI, Wilson. Futebol: Manifestação cultural e ideologização. Revista da Educação Física, v. 11, n. 1, p. 167-172, 2000. Disponível em: http://docplayer.com.br/23454150-Futebol-manifestacao-cultural-e-ideologizacao.html Acesso em: 29 jun. 2021.
    » http://docplayer.com.br/23454150-Futebol-manifestacao-cultural-e-ideologizacao.html
  • SALVINI, Leila. Novo mundo futebol clube e o “velho mundo” do futebol: considerações sociológicas sobre o habitus esportivo de jogadoras de futebol. 2012. 182 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012. Disponível em: https://www.acervodigital.ufpr.br/handle/1884/27397 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://www.acervodigital.ufpr.br/handle/1884/27397
  • SALVINI, Leila; FERREIRA, Ana Letícia Padeski; MARCHI JÚNIOR, Wanderley. O futebol feminino no campo acadêmico brasileiro: mapeamento de teses e dissertações (1990-2010). Pensar e Prática, v. 17, n. 4, p. 1-14, 2014. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31617 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.5216/rpp.v17i4.31617. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31617
  • SHANGHAI RANKING CONSULTANCY. Academic ranking of world universities 2020. 2020. Disponível em: https://www.shanghairanking.com/. Acesso em: 11 fev. 2021.
    » https://www.shanghairanking.com
  • SOARES, Sandro Vieira; PICOLLI, Icaro Roberto Azevedo; CASAGRANDE, Jacir Leonir. Pesquisa bibliográfica, pesquisa bibliométrica, artigo de revisão e ensaio teórico em Administração e Contabilidade. Administração: ensino e pesquisa, v. 19, n. 2, p. 308-339, 2018. DOI: https://doi.org/10.13058/raep.2018.v19n2.970. Disponível em: https://raep.emnuvens.com.br/raep/article/view/970 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.13058/raep.2018.v19n2.970. Disponível em: https://raep.emnuvens.com.br/raep/article/view/970
  • SOUZA, Doralice Lange de; CUNHA, Andressa Caroline Portes da. O perfil da produção de artigos relacionados com o esporte nos programas de pós-graduação em Educação Física no Brasil (2010-2016). Movimento (Porto Alegre), v. 26, e26002, 2020. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.90546 Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/90546 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.22456/1982-8918.90546» https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/90546
  • SOUZA, Larissa Medeiros de; MAUX, Ana Andréa Barbosa; REBOUÇAS, Melina Séfora Souza. Impedimento? Possibilidades de relação entre a mulher e o futebol. Phenomenological Studies - Revista da Abordagem Gestáltica, v. 25, n.3, p. 282-293, 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.18065/RAG.2019v25n3.7 Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rag/v25n3/v25n3a07.pdf Acesso em: 29 jun. 2021.
    » http://dx.doi.org/10.18065/RAG.2019v25n3.7» http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rag/v25n3/v25n3a07.pdf
  • SOUZA, Maria Thereza Oliveira. “Da visão que eu tenho, do que eu vivi, não sei muito no que acreditar” - atletas da seleção brasileira feminina e as memórias de um futebol desamparado. 2017. 152 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2017. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/47163 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/47163
  • SOUZA, Maria Thereza Oliveira; CAPRARO, André Mendes; JENSEN, Larissa. Mulheres fora da área: escritoras “arriscando-se” a dissertar sobre futebol. Motrivivência, v. 29, n. 50, p.140-152, 2017. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2017v29n50p140 Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2017v29n50p140 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.5007/2175-8042.2017v29n50p140» https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2017v29n50p140
  • SOUZA JÚNIOR, Osmar Moreira. Futebol como projeto profissional de mulheres: interpretações da busca pela legitimidade. 2013. 314 f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2013. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/275104 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/275104
  • TEIXEIRA, Fábio Luís Santos; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Preconceito no futebol feminino brasileiro: uma revisão sistemática. Movimento (Porto Alegre), v. 19, n. 1, p. 265-287, 2013. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.30943 Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/30943 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » https://doi.org/10.22456/1982-8918.30943» https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/30943
  • VIANA, Aline Edwiges dos S. Futebol: das questões de gênero à prática pedagógica. Conexões, v. 6, ed. especial, p. 640-648, 2008. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/119687 Acesso em: 29 jun. 2021.
    » http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/119687
  • FINANCIAMENTO

    O presente trabalho foi realizado com apoio do Programa de Bolsa de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PROBIC), Programa de Bolsas Universitárias de Santa Catarina (UNIEDU/FUMDES) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

Editado por

RESPONSABILIDADE EDITORIAL

Alex Branco Fraga *, Elisandro Schultz Wittizorecki *, Ivone Job *, Mauro Myskiw *, Raquel da Silveira *
* Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Jan 2022
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    20 Abr 2021
  • Aceito
    25 Ago 2021
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rua Felizardo, 750 Jardim Botânico, CEP: 90690-200, RS - Porto Alegre, (51) 3308 5814 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: movimento@ufrgs.br