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CONSULTORIA COLABORATIVA EM EDUCAÇÃO FÍSICA: PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROGRAMA PARA ESTUDANTE COM DEFICIÊNCIA FÍSICA

CONSULTORÍA COLABORATIVA EN EDUCACIÓN FÍSICA: PLANIFICACIÓN E IMPLEMENTACIÓN DE UN PROGRAMA PARA ESTUDIANTES CON DISCAPACIDAD FÍSICA

Resumo

O objetivo do estudo foi planejar, aplicar e avaliar um programa de consultoria colaborativa como modelo de suporte à inclusão de estudante com deficiência física no contexto da Educação Física escolar. Foi realizada uma pesquisa de campo de abordagem colaborativa, como estratégia recorreu-se ao estudo de caso. Participou desse estudo um professor de Educação Física de uma escola pública do interior do estado de São Paulo, que ministrava aulas para estudantes com deficiência física. O programa foi desenvolvido em quatro etapas: 1) Aproximação e estabelecimento de vínculos; 2) Identificação do problema e Planejamento do plano de ação; 3) Implementação e 4) Avaliação do programa. Os resultados indicaram que a prestação do serviço de consultoria colaborativa se mostrou uma estratégia de apoio viável no contexto das aulas de Educação Física, sendo capaz de fornecer ao professor do ensino regular mais segurança para lidar com os desafios da inclusão escolar.

Palavras-chave:
Educação Física; Educação Especial; Inclusão escolar; Serviços de consultoria.

Resumen

El objetivo del estudio fue planificar, aplicar y evaluar un programa de consultoría colaborativa como modelo para apoyar la inclusión de estudiantes con discapacidad física en el contexto de la Educación Física en la escuela. Se realizó una investigación de campo con enfoque colaborativo, como estrategia se recurrió al estudio de caso. En este estudio participó un profesor de Educación Física de una escuela pública del interior del estado de São Paulo, quien impartió clases para estudiantes con discapacidad física. El programa se desarrolló en cuatro etapas: 1) Aproximación y establecimiento de vínculos; 2) Identificación de problemas y planificación del plan de acción; 3) Implementación y 4) Evaluación del Programa. Los resultados indicaron que la prestación del servicio de consultoría colaborativa resultó ser una estrategia de apoyo viable en el contexto de las clases de Educación Física, pudiendo brindar más seguridad al docente de educación regular para enfrentar los desafíos de la inclusión escolar.

Palabras clave:
Educación Física; Educación especial; Inclusión escolar; Servicios de consultoría.

Abstract

The aim of the study was to plan, apply and evaluate a collaborative consulting program as a model to support the inclusion of students with physical disabilities in the context of Physical Education. A field research with a collaborative approach was conducted, as a strategy we resorted to the case study. Participated in this study a Physical Education teacher from a public school in the interior of the state of São Paulo, who taught classes for students with physical disabilities. The program was developed in four stages: 1) Approximation and establishment of bonds; 2) Problem identification and action plan planning; 3) Implementation and 4) Program Evaluation. The results indicated that the provision of collaborative consulting service provided to be a viable support strategy in the context of Physical Education classes, being able to provide the regular education teacher with more security to deal with the challenges of school inclusion.

Keywords:
Physical education; Special education; School inclusion; Consulting services.

1 INTRODUÇÃO1 1 O presente artigo é um recorte da tese de doutorado intitulada “Consultoria colaborativa como estratégia para promover inclusão escolar em aulas de educação física” (OLIVEIRA, 2018).

Nas últimas décadas o Brasil tem passado por um processo de fortalecimento da inclusão escolar como princípio fundamental que norteia as metas para a escolarização de pessoas com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação (BAPTISTA, 2011BAPTISTA, Claudio Roberto. Ação pedagógica e educação especial: a sala de recursos como prioridade na oferta de serviços especializados. Revista Brasileira de Educação Especial., v.17, p.41-58, agosto 2011.DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-65382011000400006
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). Esse processo direciona-se a partir da necessidade de repensar os serviços de apoio que compõem o Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Dessa forma, o AEE tem como função identificar as necessidades específicas do discente, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidades, eliminando as barreiras que impedem a participação e aprendizagem efetiva dos estudantes de acordo com suas necessidades. No contexto das escolas brasileiras, os serviços de apoio se materializam por meio das salas de recursos multifuncionais (BRASIL, 2008BRASIL, Ministério da Educação. Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre o atendimento educacional especializado. Presidência da República/Casa Civil/Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília. 2008., 2010BRASIL, Ministério da Educação. Nota técnica - SEESP/GAB/Nº 9/2010. Orientações para a organização de centros de atendimento educacional Especializado, 2010.), e em estratégias com foco no trabalho colaborativo, tais como o coensino e a consultoria colaborativa (MENDES, VILARONGA, ZERBATO, 2014MENDES, Eniceia Gonçalves; VILARONGA, Carla.; ZERBATO, Ana Paula. Ensino colaborativo como apoio à inclusão escolar: unindo esforços entre educação comum e especial. São Carlos: EDUFSCAR, 2014.; MACHADO; ALMEIDA, 2010MACHADO, Andréa Carla; ALMEIDA, Maria Amélia. Parceria no contexto escolar: uma experiência de ensino colaborativo para educação inclusiva. Revista Psicopedagogia, v. 27, n. 84, 2010. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862010000300004. Acesso em: 3 abr. 2023.
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) contudo essas duas últimas iniciativas ainda são pouco exploradas no âmbito da Educação Física (EF) (OLIVEIRA, NUNES, MUNSTER 2017OLIVEIRA, Patricia Santos de; NUNES, João Paulo; MUNSTER, Mey de Abreu. Educação Física Escolar e inclusão: uma revisão sistemática da produção discente na pós-graduação brasileira. Práxis Educativa, v. 12, n. 2, p. 570-590, 2017. DOI: https://doi.org/10.5212/PraxEduc.v.12i2.0016
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).

Neste contexto, a Educação Física Adaptada pode ser compreendida como um campo profissional de estudo dentro da Educação Física, cuja base de conhecimento é multidisciplinar, e tem como objetivo pesquisar, planejar e desenvolver atividades físicas, de lazer e esportivas para pessoas com deficiência. Na literatura, o termo Educação Física Adaptada (EFA) tem sido utilizado para se referir ao contexto escolar (regular e/ou especializado) (REID; STANISH, 2003REID, Greg; STANISH, Heidi. Professional and disciplinary status of adapted physical activity. Adapted Physical Activity Quarterly. v. 20, n. 3, 2003. DOI: https://doi.org/10.1123/apaq.20.3.213
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). Assim, no presente estudo, será adotado o termo Consultoria em Educação Física Adaptada, uma vez que o contexto de desenvolvimento do estudo é escolar.

A consultoria colaborativa em Educação Física Adaptada é uma estratégia de apoio à educação inclusiva baseada no trabalho colaborativo, a qual consiste em um processo no qual o consultor (professor especialista em Educação Física Adaptada2 2 Por professor especialista em Educação Física Adaptada, compreende-se um profissional com formação inicial em Educação Física, com especialização em nível de pós-graduação e/ou reconhecida experiência e atuação junto a pessoas com deficiências (OLIVEIRA; MUNSTER, 2019). ) fornece suporte ao consultante (professor de Educação Física do ensino regular/professor generalista), os quais dividem a responsabilidade de solucionar situações desafiadoras que emergem na prática pedagógica e planejar estratégias de ensino para estudantes com deficiência, a fim de promover uma maior oportunidade de participação e aprendizagem (IDOL; NEVIN; PAOLUCCI-WHITCOMB, 2000IDOL, Lorna; NEVIN, Ann; PAOLUCCI-WHITCOMB, Phyllis. Collaborative consultation. 3 ed. Austin, Texas: PRO-ED, 2000.; ARAÚJO; ALMEIDA, 2014ARAUJO, Sandra Lúcia Silva; ALMEIDA, Maria Amélia. Contribuições da consultoria colaborativa para a inclusão de pessoas com deficiência intelectual. Revista Educação Especial, v. 27, n. 49, p. 341-352, maio/ago. 2014. DOI: https://doi.org/10.5902/1984686X8639
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).

Rodrigues (2003)RODRIGUES, David. A educação física perante a educação inclusiva: reflexões conceptuais e metodológicas. Revista de Educação Física/UEM, v. 14, n. 1, p. 67-73, jan/julho 2003. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/sobama/sobamaorg/EFeInclusaoDavidRodrigues.pdf. Acesso em: 18 jan. 2023.
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enfatiza a importância do apoio especializado ao professor de Educação Física generalista3 3 O termo professor de Educação Física generalista refere-se ao professor com formação inicial em Educação Física que atua nas escolas comuns da rede regular de ensino que, mesmo tendo cumprido disciplina curricular relacionada à Educação Física Adaptada, não possui especialização e nem sempre possui conhecimentos específicos suficientes nessa área. Cabe ressaltar o cuidado com as generalizações: em determinadas situações, alguns professores de Educação Física generalistas são capazes de obter êxito em sua prática pedagógica inclusiva, mesmo sem apoio especializado (OLIVEIRA; MUNSTER, 2019). que atua em contextos inclusivos. Contudo, é importante que esse apoio seja oferecido por professores com formação inicial em EF. Neste sentido, ainda que o autor considere que os aspectos gerais da inclusão possam ser apoiados por um docente especialista em Educação Especial, quando se trata das especificidades dos conteúdos curriculares referentes à Educação Física, o apoio fornecido por um profissional sem formação específica em EF pode ser insuficiente.

Diante do exposto, levanta-se as seguintes questões de pesquisa: Como desenvolver um programa de consultoria colaborativa entre um professor especialista em Educação Física Adaptada e o professor de Educação Física generalista a fim de dar suporte a este último para o enfrentamento dos desafios encontrados na inclusão escolar de estudantes com deficiência?

Assim, o presente artigo tem como objetivo planejar, aplicar e avaliar um programa de consultoria colaborativa como modelo de suporte à inclusão de uma estudante com deficiência física no contexto da Educação Física escolar.

2 MÉTODO

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

O estudo se caracteriza como uma pesquisa qualitativa de abordagem colaborativa. Nessa abordagem, a investigação pode ser vista concomitantemente como uma atividade de pesquisa e formação, uma vez que o pesquisador assume o papel de Co construtor juntamente com os docentes (DESGAGNÉ, 2007DESGAGNÉ, Serge. O conceito de pesquisa colaborativa: a ideia de uma aproximação entre pesquisadores universitários e professores práticos. Revista Educação em Questão. v. 29, n. 15, p, 7-35, agosto, 2007. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/educacaoemquestao/article/view/4443. Acesso em: 3 abr. 2023.
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). Como estratégia de pesquisa será adotado o estudo de caso, o qual pode ser compreendido como sendo o estudo de eventos dentro de seu contexto na vida real, contribuindo significativamente para a compreensão de fenômenos individuais e organizacionais (YIN, 2003YIN, Robert. K. Case study research, design and methods. London: Sage Publications, 2003.).

2.2 PARTICIPANTES E LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi conduzida em uma escola municipal de educação básica de uma cidade do interior do estado de São Paulo. Participaram do estudo um professor de Educação Física atuante nos níveis de ensino fundamental I e II, formado há 26 anos e com experiência docente de seis anos, uma estudante com deficiência física com 11 anos de idade, matriculada no 5ª ano do ensino fundamental, e a pesquisadora (que atuou como consultora de Educação Física Adaptada) licenciada e bacharel em Educação Física e Mestre em Educação Especial4 4 A consultoria é um modelo de serviço de apoio triádico, no qual o consultor não atua diretamente com o estudante com deficiência, mas provê informação e suporte ao consultante (professor de ensino regular), que oportunamente os transfere ao aluno. Nessa perspectiva, o consultor tem como papel reunir e organizar informações, planejar em conjunto com o consultante as aulas, fornecendo sugestões de adaptações curriculares e/ou metodológicas, dar apoio e assistência geral ao professor; pesquisar; disponibilizar informações sobre o aluno e sua deficiência, dentre outras ações (LYTLE; HUTCHINSON, 2004; KUDLACECK et al., 2008). ). A seleção dos participantes ocorreu por critério de conveniência.

2.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os procedimentos de coleta de dados foram estruturados em quatro etapas, organizadas a partir das fases de desenvolvimento de Programas de Consultoria presentes na literatura: 1) Aproximação e estabelecimento de vínculo com a comunidade escolar; 2) Identificação/definição do problema a ser solucionado e planejamento do plano de ação; 3) Implementação do programa; e 4) Avaliação do programa (OLIVEIRA, 2018OLIVEIRA, Patricia Santos de. Consultoria colaborativa como estratégia para promover inclusão escolar em aulas de educação física. 2018. 182 f. Tese (Doutorado em Educação Especial) - Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos, 2018.); BLOCK; CONATSER, 1999BLOCK, Martin. E.; CONATSER, Philip. Consulting in adapted physical education. Adapted Physical Activity Quarterly, v. 16, n. 1, p. 9-26, 1999. DOI: https://doi.org/10.1123/apaq.16.1.9
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). Em cada uma delas foram utilizados diferentes instrumentos de coleta de dados. As etapas e os respectivos instrumentos de coleta de dados serão apresentados no quadro a seguir:

Quadro 1 Síntese das etapas de coleta de dados
Finalidade Técnica Instrumentos
Etapa 1
Planejar
- Aproximar e estabelecer vínculo com a comunidade escolar;
- Conhecimento da realidade;
Aplicação de questionário Questionário de caracterização da escola;
Questionário de identificação dos professores;
Etapa 2
Elaborar
- Identificar e definir o problema a ser solucionado.
- Planejar o plano de ação.
Entrevista e Observação sistemática Roteiro de entrevista semiestruturada;
Roteiro de observação sistemática.
Etapa 3
Implementar
- Implementar o programa; Entrevista Plano de Ensino Individualizado Aplicado à Educação Física - PEI-EF;
Diários de Campo (registro dos encontros);
Etapa 4
Avaliar
- Avaliar o programa na perspectiva do professor Entrevista Roteiro de entrevista semiestruturada
Questionário de avaliação final do serviço de consultoria colaborativa
Fonte: Elaboração própria

2.4 FORMA DE ANÁLISE DOS DADOS

Para análise dos dados obtidos por meio das entrevistas e diários de campo, foi utilizado o referencial teórico de análise de conteúdo proposto por Moraes (1999)MORAES, Roque. Análise de conteúdo. Revista Educação, v. 22, n. 37, p. 7-32, 1999., o qual compreende cinco etapas, a saber: 1) preparação das informações; 2) transformação do conteúdo em unidades; 3) classificação das unidades em categorias; 4) descrição e 5) interpretação. Em relação ao tipo de análise de conteúdo, foi utilizada a análise categorial (BARDIN, 2009BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2009.; MINAYO, 2002MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, Vozes, 2002.).

Dada a característica objetiva dos dados obtidos por meio dos questionários e do PEI-EF, foi realizada a síntese das informações. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra, sendo o seu conteúdo posteriormente submetido à apreciação e aprovação dos entrevistados (checagem por membros). Com a finalidade de garantir maior fidedignidade, recorreu-se à triangulação por convergência de múltiplas fontes de dados, que consistiu em utilizar diferentes fontes de informações visando identificar possíveis convergências e garantir a credibilidade das informações obtidas (PATTON, 1999PATTON, Michael Quinn. Enhancing the quality and credibility of qualitative analysis HSR: Health Services Research, v. 34, n. 5. December, 1999. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1089059/?page=1. Acesso em: 3 abr. 2023.
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).

2.5 ASPECTOS ÉTICOS

Todos os procedimentos metodológicos obedeceram aos padrões estabelecidos pela Resolução n° 466/12, que trata das normas de pesquisa envolvendo seres humanos. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) sendo aprovado pelo CAEE n° 43156415.1.0000.5504.

3 RESULTADOS

Os resultados serão apresentados a partir da descrição detalhada das etapas de desenvolvimento do programa de consultoria em EF aplicada à estudante com deficiência física. Assim, na etapa um será descrito o processo de aproximação com a escola e o professor, na etapa dois o processo de identificação das dificuldades, definição do problema a ser solucionado e planejamento, na etapa três a implementação do programa, e na quatro a avaliação:

3.1 ETAPA 1: APROXIMAÇÃO E ESTABELECIMENTO DE VÍNCULOS

Em um primeiro momento a pesquisadora contactou a direção da escola a fim de apresentar o projeto de pesquisa e verificar se o professor teria interesse em participar do programa de Consultoria. Após o primeiro contato, foram realizadas observações das aulas de EF e aplicação do questionário de caracterização da escola. A seguir serão descritas, as informações coletadas nessa etapa:

Professor (P): Em relação à atuação do professor nas aulas, foi observado que, sempre que possível, ele procurava criar estratégias a fim de promover a participação de todos seus estudantes na aula de EF, modificando regras, espaço, fornecendo diversos tipos de apoio.

Escola (E): A escola é localizada em um bairro de classe média baixa, e em termos de acessibilidade possuía rampas de acesso, corrimão e banheiros adaptados, além de uma sala de recursos multifuncionais (SRM) por meio da qual eram prestados serviços de AEE na área de Educação Especial. Além das SRM, havia também o serviço de ensino colaborativo, o qual era prestado por professores com formação em Educação Especial, os quais forneciam apoio em todas as disciplinas do currículo, exceto na Educação Física. O espaço disponível para as aulas de EF era uma quadra poliesportiva, coberta e cercada com aramado.

3.2 ETAPA 2: IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA E PLANEJAMENTO DO PLANO DE AÇÃO

Para identificação das dificuldades, definição do problema a ser solucionado e planejamento do plano de ação, recorreu-se a análise da entrevista realizada com o professor, e do roteiro de observação não participante preenchido com a ajuda de um pesquisador auxiliar durante observações das aulas. Assim, a partir da análise dos dados foram identificadas três categorias de dificuldades expressas pelo professor (Quadro 2), as quais se referiam: 1) à escola 2) ao professor e 3) aos estudantes sem deficiência. Tais categorias foram estabelecidas com base em Machado (2005)MACHADO, Kátia da Silva. A prática da inclusão de alunos com necessidades educativas especiais em classe regular: um estudo de caso com abordagem etnográfica, 2005. 106 f. Dissertação (Mestrado em Educação) Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005., Fiorini (2015)FIORINI, Maria Luiza Salzani. Formação continuada do professor de educação física em tecnologia assistiva visando a inclusão. 2015. 155 f. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2015. e Fiorini; Manzini (2012FIORINI, Maria Luiza Salzani; MANZINI, Eduardo José. Dificuldades dos professores de Educação Física diante da inclusão educacional de alunos com deficiência. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 5., 2012, São Carlos. Anais... São Carlos: Editora Cubo, 2012. p. 8844-8858., 2014FIORINI, Maria Luiza Salzani; MANZINI, Eduardo José. Inclusão de alunos com deficiência na aula de Educação Física: identificando dificuldades, ações e conteúdo para prover a formação do professor. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 20, n. 3, p. 387-404, jul./set. 2014. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-65382014000300006
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).

Quadro 2
Categorias de análise definidas

Assim, para P as dificuldades encontradas no cotidiano escolar para a inclusão de estudantes com deficiência em suas aulas de EF se referem, dentre outros aspectos, à ausência de apoio fornecido por um outro professor que auxilie no processo de inclusão no decorrer das aulas de Educação Física:

P: /.../ porque é difícil você conciliar uma pessoa com certa deficiência e a classe sem ter ninguém pra te... [dar esse apoio] é difícil largar toda a sala com outra atividade para ficar só com o aluno com deficiência, então é fundamental um professor com esse perfil.

Nesta direção, P compreende que o apoio fornecido por um outro professor poderia auxiliá-lo, dando suporte específico ao aluno com deficiência em momentos em que este não se encontra realizando as mesmas atividades que o restante da turma. A necessidade de um professor de apoio, especificamente nas aulas de Educação Física, também foi levantada no estudo de Seabra Júnior (2006)SEABRA JUNIOR, Luiz. Inclusão, necessidades especiais e Educação Física: considerações sobre a ação pedagógica no ambiente escolar, 2006. 119 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006..

Na categoria relacionada ao professor, foi identificada a subcategoria referente a: Insegurança inicial relacionada a falta de formação adequada e de experiência prática:

P: No começo nós ficamos apreensivos depois vamos tomando algumas medidas, adaptando algumas atividades, e a gente vai conciliando/.../então no começo foi difícil eu não sabia o que fazer. Cheguei a ministrar atividade específica para eles, diferente dos outros alunos /.../

Segundo Ferreira e Cataldi (2014)FERREIRA, Eliana Lúcia, CATALDI, Carolina Lessa. Implantação e implementação da Educação Física Inclusiva. Revista Educação Especial, v. 27, n. 48, jan./abr. 2014. DOI: https://doi.org/10.5902/1984686X7635
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, em alguns momentos o aluno com deficiência deve ter a oportunidade de vivenciar atividades que contemplem suas especificidades e que lhe permitam um maior sucesso. Em relação às atividades ministradas pelo professor especificamente para a criança com deficiência, se faz necessário ressaltar que, embora seja válido procurar alternativas para atender as particularidades do aluno nas aulas de EF, é importante que este, sempre que possível, privilegie a participação coletiva nas atividades propostas.

Assim, é necessário superar a tendência de individualização da atividade para o aluno com deficiência, ou seja, a crença de que todas as atividades para este aluno tenham que ser adaptadas ou diferentes das ministradas para os demais colegas, dessa forma, as adaptações são importantes, mas não precisam ser realizadas em todos os momentos. Portanto, de acordo com Munster (2013MUNSTER, Mey de Abreu. Inclusão de estudantes com deficiências em programas de Educação Física: adaptações curriculares e metodológicas. Revista da Sobama, v. 14, n. 2, p. 27-34, 2013. DOI: https://doi.org/10.36311/2674-8681.2013.v14n2.3612
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, p. 28) as adequações curriculares e adaptações metodológicas devem ser feitas “sempre que” e “apenas quando” necessário.

Outra subcategoria relacionada ao professor refere-se ao “Planejamento insuficiente”. Assim, quando questionado de que forma planejava suas aulas, o professor destacou que elabora planos anuais e semestrais, contudo, o planejamento diário das aulas parece ser substituído por improvisos e ajustes realizados no momento da aula.

P: Nós fazemos planejamento semestral e anual /.../ nós sabemos o que vamos trabalhar o ano todo e muitas vezes acabamos mudando, criando /.../ Eu vou ser sincero: muitas atividades eu adaptei na hora, outras eu já tenho em mente que dá pra fazer, mas na hora eu acabo mudando /.../ Eu tenho muito disso, eu crio muitas atividades diferentes na hora.

O desconhecimento do planejamento das aulas pode dificultar o processo de consultoria colaborativa, uma vez que é importante que o consultor tenha acesso aos conteúdos que serão trabalhados com antecedência, a fim de propor estratégias que possam facilitar a participação efetiva de todos os estudantes.

Por meio das observações sistemáticas, o consultor constatou a “falta de conhecimento sobre o aluno” como um outro aspecto que dificulta a prática docente. Assim, foi observado que o professor não tinha conhecimento sobre aspectos básicos relacionados ao seu aluno com deficiência, desconhecendo suas capacidades e necessidades. Esta dificuldade também foi constatada no discurso do professor, ao triangular os dados da observação com os da entrevista. De acordo com o professor, a falta de acesso aos laudos dos alunos e a ausência de informações mais específicas sobre a deficiência limita a prática pedagógica, uma vez que o docente desconhece as possiblidades e especificidades de seu aluno. Sanches Júnior (2009)SANCHES JUNIOR, Moises Lopes. Uma leitura da questão da deficiência e da inclusão no ensino municipal de Hortolândia: olhares e ações da docência de educação física e de seus pares, 2009. 91f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009. corrobora com tal colocação, ao apresentar que a falta de conhecimentos específicos sobre as deficiências por parte dos professores e a dificuldade que estes possuem em identificar e compreender as particularidades dos alunos com deficiência se constituem como um dos desafios relacionados à inclusão.

Na categoria de dificuldades relacionadas aos estudantes sem deficiência, foram destacadas por P “a indisciplina e a falta de tolerância entre os alunos”:

P: A dificuldade que eu tenho é com relação à indisciplina /.../

E as “atitudes desfavoráveis em relação ao aluno com deficiência”:

P: Existe a discriminação, o aluno discrimina o colega com deficiência /.../ talvez por ter a deficiência ele é excluído /.../ então eu tenho essa dificuldade, como agir quando você se depara com uma situação como essa? /.../ ele discrimina o próprio colega que está em cima da cadeira de rodas, uns às vezes acolhe, abraça, outros discriminam, fazendo bullying /.../ a gente orienta, mas é difícil articular uma forma correta de sanar esse problema, eu estou buscando agora como sanar esse problema, não achei ainda a solução.

As atitudes desfavoráveis em relação aos estudantes com deficiência foi a dificuldade mais recorrente no discurso de P, em seu relato o mesmo dá indícios de que este é um dos problemas que desejaria que fosse abordado.

3.2.1 Delimitação do problema a ser solucionado

Após a identificação das demandas, foi realizada uma reunião com P a fim de delimitar a principal dificuldade a ser solucionada e para qual aluno o serviço de consultoria seria voltado, para então planejar as ações a serem implementadas no processo de consultoria. Dessa forma, após o consenso entre consultor e consultante, foram definidos os problemas a serem resolvidos. Por tanto, as ações do programa de Consultoria Colaborativa em Educação Física Adaptada foram direcionadas a fim de solucionar:

  • - As atitudes desfavoráveis em relação ao aluno com deficiência por parte dos colegas sem deficiência;

  • - Falta de conhecimento sobre o aluno com deficiência por parte do professor.

Desse modo, com base nas demandas levantadas pelos professores e a partir das sugestões propostas por Fiorini e Manzini (2014)FIORINI, Maria Luiza Salzani; MANZINI, Eduardo José. Inclusão de alunos com deficiência na aula de Educação Física: identificando dificuldades, ações e conteúdo para prover a formação do professor. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 20, n. 3, p. 387-404, jul./set. 2014. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-65382014000300006
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, foram definidas as seguintes estratégias para a resolução dos problemas: 1) Analisar o laudo da aluna disponível na escola; 2) Preencher o PEI-EF; 3) Aplicar lista de checagem como forma de complementar as informações do PEI a fim de verificar as habilidades motoras, facilidades e dificuldades da aluna; 4) Explanar sobre a etiologia da deficiência e sobre estratégias de adaptação voltadas à EF escolar; 5) Realizar reuniões com os familiares; 6) Auxiliar o PEF no planejamento de aulas; 7) Auxiliar o PEF no planejamento de estratégias para a sensibilização dos estudantes e comunidade escolar.

3.2.2 Plano de Ensino Individualizado Aplicado à Educação Física - PEI-EF

O programa foi direcionado às demandas relacionadas à estudante com paralisia cerebral que será denominada de estudante 1 (E1). E1 foi escolhida pelo professor diante das características motoras dela.

A aplicação do PEI- foi realizada em duas etapas ao longo de três encontros, com a participação do professor de Educação Física, da aluna, e da mãe. Para Munster et al. (2014MUNSTER, Mey de Abreu; LIEBERMAN, Lauren; SAMALOT-RIVERA, Amaury; HOUSTON-WILSON, Cathy. Plano de ensino individualizado aplicado à educação física: validação de inventário na versão em português. Revista da Sobama, v. 15, n. 1, p. 43-54, 2014. DOI: https://doi.org/10.36311/2674-8681.2014.v15n1.4186
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) a participação dos estudantes com deficiência e da família no processo de preenchimento do PEI- EF é de extrema importância, uma vez que estes são os principais interessados em seu processo educacional e, portanto, devem auxiliar na construção de seu próprio plano educacional, sendo parte da equipe de elaboração do PEI. No quadro três, é apresentado a síntese dos dados obtidos por meio da análise do PEI-EF.

Quadro 3 Síntese dos dados referentes à aplicação do PEI - EF
Aluna
Características gerais:

Dados pessoais e
Informações relativas à condição do estudante.
- Aluna do sexo feminino, 11 anos, matriculada no 5ª ano do ensino fundamental, tinha paralisia cerebral do tipo tetraparesia em decorrência de anóxia perinatal. Nasceu prematura de seis meses.
- A aluna tinha os aspectos cognitivos preservados e se comunicava verbalmente sem recursos de comunicação alternativa ou aumentativa. Apresentava desempenho acadêmico excelente e se locomovia por meio de cadeira de rodas motorizada, embora pudesse se locomover também por meio de andador de quatro apoios. Fazia uso de órteses na mão esquerda.
- Em relação às suas experiências motoras, já tinha feito equoterapia e natação. Participava ativamente das aulas de EF e relatou que não gostaria de mudar de escola por conta das aulas de Educação Física de P. Em relação ao conteúdo das aulas de EF, ela gostava de brincar de queimada, vôlei e todas as atividades com bola.
Avaliação do estudante

Identificação dos níveis de
Apoio e do nível de
Desempenho do estudante.
A avaliação da aluna foi realizada por meio de uma lista de checagem elaborada pela pesquisadora e pelo professor de EF.
Em relação ao nível de realização, a estudante:
- Permanecia sentada no chão sem a necessidade de apoio nas costas;
- Flexionava o tronco totalmente à frente quando sentada no chão ou na cadeira de rodas. Na cadeira convencional realizava flexão de entorno de 20 graus;
- Quando apoiada na parte inferior das axilas, ela realizava pequenos passos e sustentava seu peso com as pernas;
- Apresentava dificuldades mais acentuadas de coordenação no lado esquerdo (mãos e braços);
- Possuía preensão manual apenas com a mão direita;
- Elevava as duas mãos acima da cabeça sem auxílio;
- Realizava rotação de tronco com auxílio físico.

Recomendações para as aulas de Educação Física:
- No que diz respeito aos cuidados especiais relativos à prática das aulas de EF, recomendou-se que em atividades utilizando a cadeira de rodas fosse utilizada uma cinta que prendesse o tronco da aluna à cadeira. Sobre os níveis de apoio em atividades realizadas no solo, foi recomendado o uso de um colchonete apenas para oferecer mais conforto à criança;
Em atividades que exigissem lançamento de bola, a aluna necessitaria de apoio físico.
Programa
de Educação Física.
Os objetivos pedagógicos traçados para a aluna foram:
- Promover a vivência de jogos pré-desportivos e de esportes adaptados (voleibol sentado); promover a compreensão dos fundamentos básicos e regras do esporte voleibol sentado; desenvolver aspectos referentes à coordenação motora global, equilíbrio, agilidade; promover o desenvolvimento de habilidades motoras básicas manipulativas como lançar, receber, chutar, quicar, e de locomoção como desviar, rolar entre outras.
Fonte: Elaborado pelas pesquisadoras

3.3 ETAPA 3: IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA

O programa de Consultoria foi realizado em um total de dez encontros programados para acontecerem semanalmente ou quinzenalmente, dependendo da disponibilidade do professor e do calendário da escola. O quadro quatro, apresenta uma síntese de todos os encontros e intervenções realizadas na etapa de implementação do plano de ação, essas informações foram extraídas a partir da análise dos registros realizados nos diários de campo e roteiros de observação.

Quadro 4 Síntese do Programa de consultoria colaborativa
Implementação do Programa de consultoria colaborativa
Etapas Encontros Síntese das ações
Implementação 01 - Apresentação do que é consultoria colaborativa;
- Definição dos papéis de consultor e do professor consultante;
- Construção do calendário com a definição das datas dos próximos encontros.
- Planejamento de algumas ações iniciais para a resolução do problema.
02 - Apresentação e Estudo do PEI-EF/ Início do preenchimento do inventário;
03 - Encontro com os professores de Educação Física do ensino regular, o professor consultor e o orientador da pesquisa;
- Consulta ao laudo da aluna,
- Preenchimento do PEI- EF com a presença do professor de Educação Física;
04 - Estudos sobre deficiência física- Etiologias/ estratégias de adaptações em EF inclusiva.
- Exposição por meio de material audiovisual sobre a definição de deficiência física, etiologias, assim como estratégias de adaptações nas aulas de Educação Física Escolar;
- O professor compartilhou estratégias que ele utilizava em suas aulas para equiparar as condições de participação da aluna com deficiência, como exemplo: adaptação do espaço físico (reduzindo distâncias), e adaptações das regras.
05 - Encontro realizado na casa da aluna para continuar o preenchimento do PEI-EF. A aplicação do instrumento se deu por meio de uma conversa com a mãe e com a estudante, as quais relataram questões referentes ao desenvolvimento motor, experiências motoras anteriores e terapias realizadas.
- Aplicação da lista de checagem a fim de verificar os níveis de apoio necessários para atividades motoras
06 - Compartilhamento das informações sobre a reunião com a mãe de E1.
- Finalização do preenchimento do PEI- EF;
- Com base nas informações a equipe desenvolveu um planejamento para abordar o conteúdo pedagógico voleibol sentado.
07 - Reunião de planejamento para organização da palestra e vivência com a participação dos professores de Educação Especial, Educação Física, coordenadores, diretora e professor consultor (pesquisador).
- Organização e planejamento do plano de ação de sensibilização dos estudantes para a promoção de atitudes favoráveis em relação à deficiência.
08 - Acompanhamento da aula de EF na qual o professor trabalhou com o conteúdo voleibol sentado;- Encontro com duração de 10 minutos;
- Entrega do material de apoio: livro “Brinquedos e brincadeiras inclusivos” (INSTITUTO MARA GABRILLI, 2015INSTITUTO MARA GABRILLI. Brinquedos e brincadeiras inclusivos, 2015. Disponível em: https://maecoruja.pe.gov.br/wp-content/uploads/2018/05/brinquedos-e-brincadeiras.pdf. Acesso em: 8 jan. 2023.
https://maecoruja.pe.gov.br/wp-content/u...
), a fim de suprir uma demanda do professor de sugestões de novas brincadeiras e atividades.
09 - Palestra e Vivência na escola com a equipe de Handebol em cadeira de rodas da Universidade Federal de São Carlos (HCR-UFSCar);
- O evento ocorreu na quadra e teve a participação de todos os alunos e professores do período vespertino;
- Inicialmente os atletas realizaram um breve relato de suas histórias de vida. Em seguida, o técnico da equipe de HCR-UFSCar coordenou uma vivência de jogos em cadeiras de rodas, na qual professores e alunos tiveram a oportunidade de vivenciar algumas atividades.
Avaliação do programa 10 - Avaliação da Aula de iniciação ao voleibol sentado;
- Avaliação do programa - Questionário de avaliação;
- Entrevista final de avaliação do programa com o professor
Fonte: Elaborado pela autora.

A seguir são descritos os dados extraídos do diário de campo e da observação: o primeiro encontro foi direcionado a esclarecer possíveis dúvidas relacionadas ao programa e apresentar as características do serviço de consultoria colaborativa bem como o papel de cada um dos envolvidos. Nesse encontro foi construído, em conjunto, uma prévia do cronograma e ações futuras. No encontro dois, três e cinco foi realizada a apresentação do PEI- EF ao professor participante da pesquisa e início da elaboração do documento. O professor demonstrou muito interesse pelo inventário, principalmente por ser voltado especificamente à área da Educação Física. O PEI-EF foi preenchido com o auxílio da mãe, da estudante com deficiência, do professor de EF generalista e com base nas informações presentes no laudo disponibilizado pela escola. Uma cópia impressa foi entregue para o professor e para a coordenação da escola para que a avaliação fosse anexada ao laudo da aluna.

O encontro quatro, foi direcionado às demandas formativas do professor, assim foi realizada uma exposição por meio de material audiovisual sobre a definição de deficiência física, etiologias, assim como estratégias de adaptações nas aulas de Educação Física Escolar (adaptações de espaço físico, instrução, materiais, dentre outras). Durante o encontro o professor compartilhou algumas estratégias que ele utilizava em suas aulas para equiparar as condições de participação da aluna com deficiência em suas aulas. No encontro seis, foram compartilhados com P as informações fornecidas pela mãe da aluna referentes ao PEI- EF e a lista de checagem. O professor demonstrou surpresa quanto a possibilidade de a estudante poder se locomover por meio de andador, uma vez que na escola a mesma se locomovia somente por meio da cadeira de rodas motorizada. Com as informações sobre a aluna em mãos, os colaboradores (professor participante e pesquisador) desenvolveram um planejamento para abordar o conteúdo pedagógico voleibol sentado, uma vez que o vôlei era o conteúdo determinado pelo professor a ser trabalhado no semestre em questão.

No encontro sete, ocorreu uma reunião de planejamento com os professores de Educação Especial, professor de EF generalista, coordenadores, diretora e professor consultor (pesquisador) para organização da palestra e vivência com Handebol em Cadeiras de rodas (HCR). Essa estratégia foi traçada pelos colaboradores no início do programa de consultoria com o objetivo de sensibilizar a comunidade escolar em relação à promoção de atitudes favoráveis em relação à deficiência. O oitavo encontro foi realizado de forma atípica, uma vez que o professor foi convocado para substituir um outro professor em seu horário de HTPI (horário de trabalho pedagógico individual), dessa forma, o professor tinha disponível para o encontro apenas dez minutos. Assim, neste tempo, foi possível entregar o material de apoio referente à demanda apresentada em encontros anteriores pelo professor referente às sugestões de novas brincadeiras e atividades. Assim, foi entregue ao professor uma cópia impressa do livro “Brinquedos e brincadeiras inclusivos” (INSTITUTO MARA GABRILLI, 2015INSTITUTO MARA GABRILLI. Brinquedos e brincadeiras inclusivos, 2015. Disponível em: https://maecoruja.pe.gov.br/wp-content/uploads/2018/05/brinquedos-e-brincadeiras.pdf. Acesso em: 8 jan. 2023.
https://maecoruja.pe.gov.br/wp-content/u...
).

No encontro nove, ocorreu a palestra e vivência de Handebol em cadeira de rodas, o evento envolveu toda a escola, e o planejamento e realização da proposta contou com o engajamento das professoras de Educação Especial, da diretora, da coordenadora pedagógica, dos professores de Educação Física e do professor consultor. O evento aconteceu na quadra e contou com a participação de todos os professores e estudantes do período vespertino. Inicialmente os atletas conversaram com os alunos, realizando um breve relato de suas histórias de vida. Em seguida, o técnico da equipe promoveu uma vivência de jogos em cadeiras de rodas para os estudantes e professores da escola. Nessa direção, foi possível destacar um dos benefícios da consultoria colaborativa, que é promover a aproximação entre os membros da comunidade escolar e a comunidade em geral (IDOL; NEVIN, PAOLUCCI- WHITCOMB, 2000). Ademais, a estratégia foi importante no sentido de superar os desafios das barreiras atitudinais, e sensibilizar os discentes e comunidade escolar à olhar para a pessoa com deficiência a partir de suas potencialidades. O décimo encontro foi o último, sendo destinado à avaliação das ações realizadas e do programa por meio da aplicação de questionário e entrevista, a qual foi aplicada por um pesquisador auxiliar.

O professor de Educação Física Escolar esteve presente em todos os encontros planejados, o que facilitou o andamento e desenvolvimento do programa. Outro ponto a ser destacado foi a necessidade de realizar visitas frequentes a escola com a intenção de observar o professor em sua prática pedagógica, para além dos encontros de consultoria.

3.4 ETAPA 4: AVALIAÇÃO DO PROGRAMA

Após o desenvolvimento do programa de consultoria, o mesmo foi avaliado a partir da perspectiva do professor de Educação Física por meio do Questionário de Avaliação do Programa de Consultoria Colaborativa (CALHEIROS, 2015CALHEIROS, David dos Santos. Consultoria Colaborativa à distância em tecnologia assistiva para professores de salas de recursos multifuncionais. 2015. 165f. Dissertação (Mestrado em Educação Especial) - Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2015.) e da realização de uma entrevista semiestruturada. A mesma foi conduzida por um pesquisador auxiliar a fim de garantir a validade social das informações. Em relação aos dados do questionário, P avaliou cada um dos tópicos do programa como satisfatório e ou muito satisfatório.

A seguir serão apresentados os resultados da entrevista organizados de acordo com as sete categorias de análise definidas à priori: Na categoria “Benefícios para a prática/ atuação profissional”, o professor destacou o diagnóstico das capacidades e necessidades do aluno como uma forma de ampliar sua possibilidade de atuação, ou seja, a partir de um maior conhecimento sobre o aluno proporcionado pelo PEI-EF, o professor sentiu mais segurança para as tomadas de decisões durante sua prática pedagógica. Já no que diz respeito aos “Benefícios para o estudante”, o professor destacou que uma das principais contribuições do serviço de consultoria para a estudante, foi a possibilidade da discente participar da aula de uma forma diferente, ou seja, sentada no chão fazendo algo da mesma forma que os demais alunos. Para P o serviço de consultoria colaborativa também contribuiu no sentido de despertar o interesse de formação. Assim, o professor relatou que o programa, de forma indireta, o incentivou a tentar o mestrado: P: “foi bem positivo porque através disso daí /.../ me incentivou a ir tentar o mestrado /.../. Assim, de acordo com Machado e Almeida (2014MACHADO, Andrea Carla; ALMEIDA, Maria Amélia. Efeitos de uma proposta de consultoria colaborativa na perspectiva dos professores. Meta: Avaliação, v. 6, n. 18, p. 222-239, set./dez., 2014. Disponível em: https://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/metaavaliacao/article/view/160. Acesso em: 3 abr. 2023.
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, p. 225) “o papel do consultor é auxiliar o professor a construir estratégias e rever as potencialidades de seus alunos para que possam, de forma efetiva, se desenvolver academicamente”.

Em relação à “Resolução das demandas”, o programa atingiu as expectativas do professor relacionadas ao diagnóstico, fornecendo recursos relacionados às informações sobre a aluna que foram importantes para avançar e modificar sua prática pedagógica. Sobre a “Atuação do pesquisador como consultor”, de acordo com P o consultor trouxe algumas respostas aos seus questionamentos e possibilidades de avançar e melhorar, além de auxiliar no processo de dissolução de concepções pré-estabelecidas. Assim, nesta pesquisa, o compromisso, a formação em serviço, a proposição de mudanças por parte da pesquisadora, o fornecimento de sugestões, e de informações que pudessem auxiliar no processo de inclusão escolar, foram fatores que contribuíram para a construção, por parte do consultante, de uma percepção positiva da figura do consultor.

Na categoria “Estrutura dos encontros de consultoria”, o professor não demonstrou satisfação com os horários de realização e com o tempo disponível para cada encontro. Para o participante, a realização da consultoria deveria ser realizada no período de aula, uma vez por semana e fora do horário disponível para planejamento. Em relação ao tempo, o professor considerou que a duração total do período de serviço de consultoria colaborativa foi muito breve, relatou que gostaria de receber esse tipo de apoio por um período mais prolongado.

Sobre o “plano de ensino individualizado aplicado à Educação Física PEI-EF”, o professor relatou que antes do programa ele desconhecia essa possibilidade de avaliação, e que a mesma fornece informações adequadas para que o professor possa estabelecer estratégias de intervenção com base em um diagnóstico. Na categoria referente à “Experiência de trabalhar na perspectiva do trabalho colaborativo”, foi possível identificar que o programa cumpriu a proposta de um trabalho colaborativo, uma vez que proporcionou o estabelecimento de trocas e o crescimento mútuo dos envolvidos. No que se refere à “Contribuição do serviço para a resolução de problemas futuros” destaca-se o conhecimento do professor de outras possibilidades de suporte e a reinvindicação pelo mesmo, de serviços de apoio voltados à Educação Física Escolar.

4 DISCUSSÃO

O processo de elaboração e planejamento do programa, constituiu-se como uma das etapas mais importantes do processo de consultoria, uma vez que nessa etapa foram realizadas a aproximação com a escola, com o professor de Educação Física, com as professoras de sala e com as professoras de Educação Especial. Também foi possível conhecer o funcionamento da escola e os serviços de Educação Especial oferecidos por esta. A importância da construção do vínculo e do estabelecimento de uma relação horizontal respeitosa e cautelosa entre todos os envolvidos no serviço de consultoria colaborativa desde o início no processo, é destacado por Idol; Nevin; Paolucci-Whitcomb (2000IDOL, Lorna; NEVIN, Ann; PAOLUCCI-WHITCOMB, Phyllis. Collaborative consultation. 3 ed. Austin, Texas: PRO-ED, 2000.). Para esses autores a qualidade do vínculo estabelecido poderá definir se um programa será bem sucedido ou não.

Outro ponto a ser destacado é a necessidade do professor estar disposto a receber o serviço de consultoria e a colaborar ao longo de todo o processo. Nesse sentido, é importante ressaltar o princípio da voluntariedade, ou seja, que o consultante deve querer receber o serviço, como uma das seis principais características do serviço de consultoria (MENDES; ALMEIDA; TOYODA, 2011MENDES, Enicéia Gonçalves; ALMEIDA, Maria Amélia; TOYODA, Cristina Yoshie. Inclusão escolar pela via da colaboração entre educação especial e educação regular. Educar em Revista, n. 41, p. 81-93, jul./set. 2011. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40602011000300006
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).

No que se refere a dificuldade relacionada à “ausência de conhecimento sobre o aluno” por parte do professor, deve-se reconhecer a importância do preenchimento do Plano de Ensino Individualizado para a Educação Física (PEI-EF) no programa de consultoria, uma vez que este contribuiu para fornecer informações específicas sobre a aluna, possibilitando compreender sua história, interesses, limites e possibilidades de movimentação, ademais essa estratégia estimulou a aproximação entre escola e os pais. Assim, a partir do encontro e conversa realizada com a mãe e a estudante foi possível estabelecer um vínculo e envolve-las no processo de consultoria.

Na implementação do programa, todas as ações foram planejadas em conjunto e com foco na resolução dos desafios que emergiram ao longo da etapa de identificação dos problemas. Ao longo do programa constatou-se a colaboração e envolvimento da escola com o serviço de consultoria prestado, a qual forneceu apoio e, na medida do possível, atendeu às solicitações do professor consultor.

Assim, como apresentado por Block, Brodeur e Brady (2001)BLOCK, Martin. E.; BRODEUR, Shirley.; BRADY, William. Planning and documenting consultation in adapted Physical Education. Journal of Physical Education, Recreation & Dance, v. 72, n. 8, p. 49-52, 2001. DOI: https://doi.org/10.1080/07303084.2001.10605803
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, o consultor deve observar as reais necessidades e ver o que acontece pessoalmente para compreender profundamente o que de fato o professor precisa. Para os autores, pode ser muito difícil para o especialista ser um consultor efetivo se ele não consegue ocasionalmente acompanhar o aluno com deficiência e seu professor no ambiente da aula de EF. Portanto, é importante que o especialista estabeleça um tempo, do qual ele possa observar regularmente o professor trabalhando com seu aluno.

Ainda na etapa de implementação, destaca-se a realização da palestra e conversa com atletas com deficiência física e a vivência de atividades realizadas na cadeira de rodas com a equipe de HCR-UFSCAR, como parte das estratégias traçadas pelos colaboradores com o objetivo de sensibilizar a comunidade escolar sobre à construção de atitudes favoráveis em relação à deficiência. Assim, considera-se que as ações planejadas em conjunto com a comunidade escolar, foram essenciais para o início de uma mudança na forma como os alunos e colegas da estudante percebiam sua colega com deficiência.

O serviço de consultoria colaborativa, além de suporte à inclusão, pode se constituir, como uma estratégia de formação continuada. Assim, é possível destacar no discurso do professor que o serviço de consultoria forneceu suporte e informações de como trabalhar com sua aluna, possibilitou a superação de antigas crenças e concepções limitantes, estimulou o interesse em aprofundar seus estudos, além de fornecer direcionamentos e reconhecimentos dos pontos fortes de sua prática pedagógica. Nesse sentido, autores como Lago e Tartuci (2020)LAGO, Danúsia Cardoso; TARTUCI, Dulcéria. Consultoria colaborativa como estratégia de formação continuada para professores que atuam com estudantes com deficiência intelectual. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v. 15, n. esp.1, p. 983-999, 2020. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp.1.13512
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, apontam o potencial formativo do serviço e destacam que a consultoria pode apresentar caminhos possíveis para uma prática docente voltada às potencialidades dos estudantes com deficiência.

Dessa forma, os aspectos relacionados à formação, que ocorreu de forma indireta no serviço de consultoria prestado, se deram principalmente pelas trocas de informações e construção colaborativa de novos conhecimentos, pela organização das informações obtidas a partir do PEI-EF, pelo esclarecimento de dúvidas, no planejamento colaborativo; na disponibilização de materiais de apoio e pela validação da prática e valorização dos conhecimentos do professor participante. Cruz e Ferreira (2005)CRUZ, Gilmar de Carvalho; FERREIRA, Júlio Romero. Processo de formação continuada de professores de Educação Física em contexto educacional inclusivo. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 19, n. 2, p. 163-80, abr./jun. 2005. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rbefe/article/view/16592. Acesso em: 19 abr. 2023.
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e Lago e Tartuci (2020)LAGO, Danúsia Cardoso; TARTUCI, Dulcéria. Consultoria colaborativa como estratégia de formação continuada para professores que atuam com estudantes com deficiência intelectual. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v. 15, n. esp.1, p. 983-999, 2020. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp.1.13512
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corroboram com tal colocação na medida em que destacam a necessidade de fomentar um processo de reflexão permanente, a troca entre pares como um processo de formação continuada dentro do contexto escolar. Ademais, para Hansen et. al. (2020)HANSEN, Janne Hedegaard.; CARRINGTON, Suzane.; JENSEN, Charlotte Riis; MOLBÆK, Mette; SCHMIDT, Maria Christina Secher. The collaborative practice of inclusion and exclusion. Nordic Journal of Studies in Educational Policy, v. 6, n. 1, p. 47-57, 2020. DOI: https://doi.org/10.1080/20020317.2020.1730112
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a formação a partir de um trabalho colaborativo pode transformar a prática pedagógica do professor, fortalecendo a cultura da colaboração no contexto escolar.

Nessa direção, Idol; Nevin; Paolucci -Whitcomb (2000) afirmam que a consultoria colaborativa permite que a equipe obtenha domínio dos conteúdos trabalhados, amplie conhecimentos, além de possibilitar o desenvolvimento de habilidades de comunicação interpessoal, resolução de problemas atuais e futuros, estabelecendo um espaço de troca e compartilhamento de informações. Para Umhoefer, Vargas e Beyer (2015)UMHOEFER, Donna L.; VARGAS, Tiffanye. M.; BEYER, Robbi. B. Adapted physical education service approaches and the effects on the perceived efficacy beliefs of general physical education teachers. The Physical Educator. v. 72, n. 3 p. 361-381, 2015. Disponível em: https://www.proquest.com/docview/1722191677?pq-origsite=gscholar&fromopenview=true. Acesso em: 3 abr. 2023.
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o serviço de consultoria colaborativa pode influenciar nas crenças e atitudes do professor de Educação Física a fim de favorecer a inclusão escolar, a partir do fortalecimento da autoeficácia. Assim, a partir de um trabalho horizontal e colaborativo, tanto o consultor quanto o consultante tiveram a oportunidade de compartilhar conhecimentos, avançando e superando alguns dos desafios impostos no cotidiano escolar (MACHADO; ALMEIDA, 2014MACHADO, Andrea Carla; ALMEIDA, Maria Amélia. Efeitos de uma proposta de consultoria colaborativa na perspectiva dos professores. Meta: Avaliação, v. 6, n. 18, p. 222-239, set./dez., 2014. Disponível em: https://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/metaavaliacao/article/view/160. Acesso em: 3 abr. 2023.
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).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo objetivou elaborar, aplicar e avaliar um programa de consultoria colaborativa junto a um professor de Educação Física escolar. Os resultados indicaram que o serviço de consultoria colaborativa em EFA se mostrou enquanto uma possibilidade viável de suporte à inclusão no contexto das aulas de Educação Física, uma vez que foi capaz de auxiliar o professor na superação das inseguranças relacionadas à inclusão escolar, fornecendo mais segurança para lidar com os desafios e contribuindo para o fortalecimento do sentimento de autoeficácia do mesmo, além de suprir demandas de formação.

A partir da concepção da necessidade do fortalecimento de redes de apoio à inclusão e partindo da perspectiva que a existência de um único serviço de apoio, como no caso atual das salas de recursos multifuncionais, não é capaz de suprir todos os desafios impostos pela inclusão escolar, conclui-se que somente o serviço de consultoria colaborativa pode não ser suficiente para suprir todas as demandas. Entretanto, este em combinação com outros tipos de suporte (SRM’s, ensino colaborativo, professor itinerante, dentre outros) com diferentes características e, a partir de uma abordagem multidimensional de suporte, podem surtir efeitos mais significativos na promoção e acesso aos conteúdos curriculares por todos os alunos. Assim, com a oferta de serviços de apoio diversificados, os professores, a direção escolar e os pais podem refletir e escolher o modelo de serviço mais adequado às necessidades do aluno e do contexto escolar.

Nesse contexto, a presente pesquisa se configura como uma perspectiva inicial, visando oferecer suporte teórico e prático a futuras intervenções, à realização de novas pesquisas, ou ainda como forma de refletir sobre a necessidade de elaboração de políticas públicas que fortaleçam serviços de suporte à inclusão com foco na colaboração voltados à Educação Física. Entretanto, para que tais ações sejam possíveis, se faz necessária a criação de políticas públicas que sustentem a presença de estratégias de apoio com base na colaboração nas redes de ensino municipal e estadual, a fim de tornar a consultoria colaborativa um serviço permanente de suporte ao professor, dando a oportunidade que este a requisite sempre que achar necessário. Sugere-se que em pesquisas futuras sejam avaliados os impactos do serviço de consultoria sobre a melhoria do ensino, participação e aprendizagem dos alunos e de acesso ao conteúdo curricular na disciplina de Educação Física.

  • 1
    O presente artigo é um recorte da tese de doutorado intitulada “Consultoria colaborativa como estratégia para promover inclusão escolar em aulas de educação física” (OLIVEIRA, 2018OLIVEIRA, Patricia Santos de. Consultoria colaborativa como estratégia para promover inclusão escolar em aulas de educação física. 2018. 182 f. Tese (Doutorado em Educação Especial) - Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos, 2018.).
  • 2
    Por professor especialista em Educação Física Adaptada, compreende-se um profissional com formação inicial em Educação Física, com especialização em nível de pós-graduação e/ou reconhecida experiência e atuação junto a pessoas com deficiências (OLIVEIRA; MUNSTER, 2019OLIVEIRA, Patricia Santo de; MUNSTER, Mey de Abreu. A consultoria colaborativa como estratégia para inclusão de estudantes com deficiência na Educação Física escolar. In: ALVES, Maria Luiza Tanure; FIORINI, Maria Luiza Salzani, VENDITTI JUNIOR, Rubens. Educação Física diversidade e inclusão: debates e práticas possíveis na escola. Curitiba: Appris. 2019. p.113-134.).
  • 3
    O termo professor de Educação Física generalista refere-se ao professor com formação inicial em Educação Física que atua nas escolas comuns da rede regular de ensino que, mesmo tendo cumprido disciplina curricular relacionada à Educação Física Adaptada, não possui especialização e nem sempre possui conhecimentos específicos suficientes nessa área. Cabe ressaltar o cuidado com as generalizações: em determinadas situações, alguns professores de Educação Física generalistas são capazes de obter êxito em sua prática pedagógica inclusiva, mesmo sem apoio especializado (OLIVEIRA; MUNSTER, 2019OLIVEIRA, Patricia Santo de; MUNSTER, Mey de Abreu. A consultoria colaborativa como estratégia para inclusão de estudantes com deficiência na Educação Física escolar. In: ALVES, Maria Luiza Tanure; FIORINI, Maria Luiza Salzani, VENDITTI JUNIOR, Rubens. Educação Física diversidade e inclusão: debates e práticas possíveis na escola. Curitiba: Appris. 2019. p.113-134.).
  • 4
    A consultoria é um modelo de serviço de apoio triádico, no qual o consultor não atua diretamente com o estudante com deficiência, mas provê informação e suporte ao consultante (professor de ensino regular), que oportunamente os transfere ao aluno. Nessa perspectiva, o consultor tem como papel reunir e organizar informações, planejar em conjunto com o consultante as aulas, fornecendo sugestões de adaptações curriculares e/ou metodológicas, dar apoio e assistência geral ao professor; pesquisar; disponibilizar informações sobre o aluno e sua deficiência, dentre outras ações (LYTLE; HUTCHINSON, 2004LYTLE; Rebecca. K. HUTCHINSON, Gayle. E. Adapted Physical Educators: the multiple roles of consultants. Adapted Physical Activity Quarterly, v. 21, n. 1, p. 3-49, 2004. DOI: https://doi.org/10.1123/apaq.21.1.34
    https://doi.org/10.1123/apaq.21.1.34...
    ; KUDLACECK et al., 2008KUDLACECK, Martin; JESINA, Ondrej.; STERBOVÁ, Dana.; SHERRIL, Claudine. The nature of work and roles of public school adapted physical educators in the United States. European Journal of Adapted Physical Activity, v.1, n. 2, p.45-55. 2008. Disponível em https://eujapa.upol.cz/artkey/euj-200802-0004_the-nature-of-work-and-roles-of-public-school-adapted-physical-educators-in-the-united-states.php. Acesso: 10 abr. 2023.
    https://eujapa.upol.cz/artkey/euj-200802...
    ).
  • FINANCIAMENTO
    O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001 e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
  • COMO REFERENCIAR

    OLIVEIRA, Patrícia Santos de; MUNSTER, Mey de Abreu van. Consultoria colaborativa em Educação Física: planejamento e implementação de programa para estudante com deficiência física. Movimento, v. 29, p. e29016, jan./dez. 2023. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.117590

ÉTICA DE PESQUISA

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética de Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Carlos e foi registrada na Plataforma Brasil CAAE: 43156415.1.0000.5504.

REFERÊNCIAS

  • ALMEIDA, Marcelo Silveira. Educação física escolar e a inclusão de alunos com deficiências 2008. 102 f. Dissertação (Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento). Programa de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2008.
  • ARAUJO, Sandra Lúcia Silva; ALMEIDA, Maria Amélia. Contribuições da consultoria colaborativa para a inclusão de pessoas com deficiência intelectual. Revista Educação Especial, v. 27, n. 49, p. 341-352, maio/ago. 2014. DOI: https://doi.org/10.5902/1984686X8639
    » https://doi.org/10.5902/1984686X8639
  • BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo Lisboa: Edições 70, 2009.
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Editado por

RESPONSABILIDADE EDITORIAL

Alex Branco Fraga*, Elisandro Schultz Wittizorecki*, Mauro Myskiw*, Raquel da Silveira*, Roseli Belmonte Machado*
*Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Ago 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    16 Set 2021
  • Aceito
    27 Fev 2023
  • Publicado
    21 Abr 2023
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