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TREINADORES DE FUTSAL BRASILEIROS DE ELITE: ASPECTOS INFLUENCIADORES DA ESCOLHA DA PROFISSÃO E DA CONSTRUÇÃO DA COMPETÊNCIA PROFISSIONAL

BRAZILIAN ELITE FUTSAL COACHES: INFLUENCERING ASPECTS IN THE CHOICE OF PROFESSION AND THE CONSTRUCTION OF PROFESSIONAL COMPETENCE

ENTRENADORES DE FÚTBOL SALA DE ÉLITE BRASILEÑO: ASPECTOS QUE INFLUYEN EN LA ELECCIÓN DE LA PROFESIÓN Y LA CONSTRUCCIÓN DE LA COMPETENCIA PROFESIONAL

Resumo

A relevância do futsal brasileiro no cenário mundial é reconhecida pela sua prática massiva e conquistas internacionais. Neste contexto, compreender aspectos envoltos de uma função relevante, a de treinador, torna-se fundamental. O objetivo deste estudo foi investigar as percepções de treinadores brasileiros de elite sobre os aspectos influenciadores na escolha da profissão e os conhecimentos fundamentais necessários à competência profissional. Realizaram-se entrevistas em profundidade com 10 treinadores de elite. Os resultados sugerem que a influência familiar, a exposição prolongada à prática, à escola e aos seus treinadores enquanto atletas foram fundamentais nas suas trajetórias. O conhecimento específico do futsal, a leitura de jogo e a tomada de decisão parecem ser relevantes para a competência na função. Por fim, a relação aberta, de troca e cobrança com os atletas demonstram ser essenciais no contexto prático e a busca pelo desenvolvimento dos atletas é realizada de maneira global.

Palavras-chave:
Treinadores; Futsal; Esporte de alto rendimento; Competência profissional

Abstract

The growing worldwide significance of Brazilian futsal is recognized due to its extensive practice and international achievements. In this context, it becomes essential to further explore the critical aspects associated with the coaching role. The aim of this study was to investigate elite Brazilian coaches' perceptions regarding the factors influencing their decision to pursue this profession and the fundamental aspects related to coaches' professional competence. In-depth interviews were conducted with 10 elite coaches. The results suggest that family influence, prolonged exposure to practice, the school, and their coaches were fundamental in shaping the coaches' professional trajectories. Specific futsal knowledge, game reading, and decision making seem to be relevant for competence in the role. Finally, an open, reciprocal, and accountable relationship with athletes is considered essential in the practical context, as well as the pursuit of significantly contributing to athlete development as an integral part of the coaching role.

Keywords:
Coaches; Futsal; High performance sport; Professional competence

Resumen

La importancia del fútbol sala brasileño es mundialmente reconocida por su práctica masiva y logros internacionales. En este contexto, es fundamental profundizar en la comprensión de los aspectos críticos involucrados en el rol del entrenador. El objetivo de este estudio fue investigar las percepciones de entrenadores de élite brasileños sobre los aspectos que influyen en la elección de la profesión y los conocimientos fundamentales necesarios para la competencia profesional. Se realizaron entrevistas en profundidad a 10 entrenadores de élite. Los resultados sugieren que la influencia familiar, la exposición prolongada a la práctica, la escuela y sus entrenadores como atletas fueron fundamentales en sus trayectorias. El conocimiento específico del fútbol sala, la lectura de juegos y la toma de decisiones parecen ser relevantes para la competencia en el rol. Finalmente, la relación abierta, de intercambio y de rendición de cuentas con los atletas resultan esenciales en la práctica y que la búsqueda del desarrollo de los atletas se realice de manera global.

Palabras clave:
Entrenadores; Fútbol sala; Deporte de alto rendimiento; Competencia profesional

INTRODUÇÃO

O futsal é um jogo de oposição, imprevisível, no qual os aspectos técnico-táticos detêm grande relevância. No contexto global, a modalidade tem sido amplamente praticada, com mais de 30 milhões de praticantes (FIFA, 2015). Diante deste cenário, é fundamental compreender aspectos relacionados à atividade profissional do treinador.

O treinador no contexto esportivo, acaba por assumir uma diversidade de responsabilidades, como a liderança do processo de treino e da tomada de decisões sobre os vários aspectos do desenvolvimento dos atletas (RESENDE, 2018RESENDE, Rui. Filosofia do treinador e sua implementação com eficácia. Journal of Sport Pedagogy and Research, v. 4, n. 3, p. 51-59, 2018. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Rui-Resende/publication/330842415_Filosofia_do_Treinador_e_sua_Implementacao_com_Eficacia/links/5c574172458515a4c755b6cc/Filosofia-do-Treinador-e-sua-Implementacao-com-Eficacia.pdf. Acesso em: 10 jul. 2023.
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). Além destas atribuições, é necessário cumprir outras atividades a nível ético e de deontologia profissional. Como consequência das múltiplas faces do treinador, pode-se dizer que é uma função de grande complexidade e que requer diferentes competências que necessitam de formação especializada.

As funções do treinador podem ser baseadas num conjunto de competências de diversos saberes, podendo ser científicos, pedagógicos, organizacionais, técnico-práticos, organizados conforme a complexidade da ação de cada contexto (ROSADO; MESQUITA, 2007ROSADO, António; MESQUITA, Isabel. A formação para ser treinador. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DOS JOGOS DESPORTIVOS, 1., 2007. [Anais...]. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2007.). Para Milistetd, Tozetto e Cortella (2021MILISTETD, Michel; TOZETTO, Alexandre; CORTELA, Caio. Coleção Cadernos do Treinador: coaching esportivo e competências profissionais. Florianópolis: NUPPEUFSC, 2021. v. II, 78 p. Disponível em: https://unigra.com.br/arquivos/cadernos-do-treinador:-coaching-esportivo-e-competencias-profissionais-.pdf. Acesso em: 8 jul. 2022.
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), é possível identificar elementos inerentes à função, como o ato de treinar, envolvendo o domínio do processo didático de treino, através do planejamento, condução, avaliação de atividades, gestão dos ambientes esportivos, relações com atletas e outros agentes, para que estas tarefas possam potencializar o desenvolvimento dos atletas.

Na escolha do ingresso na atividade profissional de treinador, é crucial entender alguns fatores fundamentais, principalmente os relacionados com os processos e interações anteriores que influenciaram esta opção de carreira. Em acrescento, são igualmente relevantes experiências que ocorrem durante o próprio desenvolvimento da atividade profissional do treinador, na sua relação com os diferentes agentes do contexto prático, com destaque para os conhecimentos e competências estruturantes ao desempenho efetivo dessa atividade profissional (BRASIL et al., 2015BRASIL, Vinícius Zeilmann et al. A trajetória de vida do treinador esportivo: as situações de aprendizagem em contexto informal. Movimento, v. 21, n. 3, p. 815-829, 2015. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.50773
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; MILISTETD; TOZETTO; CORTELLA, 2021MILISTETD, Michel; TOZETTO, Alexandre; CORTELA, Caio. Coleção Cadernos do Treinador: coaching esportivo e competências profissionais. Florianópolis: NUPPEUFSC, 2021. v. II, 78 p. Disponível em: https://unigra.com.br/arquivos/cadernos-do-treinador:-coaching-esportivo-e-competencias-profissionais-.pdf. Acesso em: 8 jul. 2022.
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; MORBI; MATEO; MARQUES, 2020MORBI, Murilo; MATEU, Pau; MARQUES, Renato. Tornando-se um treinador de futsal de elite: um estudo de caso brasileiro. Movimento, v. 26, 2020. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.101341
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).

Para Dubar (2005DUBAR, Claude. A socialização: construção de identidades sociais e profissionais. Porto: Porto Editora, 2005.), a escolha do ingresso na profissão de treinador é refletida por determinadas experiências vivenciadas durante a trajetória de vida, sendo o fenômeno identitário o produto de constantes socializações pela interação e comunicação entre indivíduos. Assim, esse processo ultrapassa a infância, escolarização e adentra em diversas esferas, como o campo do trabalho e a formação. Esta socialização antecipatória corresponde à etapa prévia à entrada na vida ativa, na qual têm lugar um conjunto de experiências e aprendizagens relevantes (FERNANDES, 2002FERNANDES, Susana Margarida Gonçalves Caires. Vivências e percepções do estágio pedagógico: a perspetiva dos estagiários da Universidade do Minho. 2002. 330 f. Tese (Doutoramento em Ciências da Educação) - Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho, Braga, 2002.). Nesta socialização, a aprendizagem dos treinadores advém de dois processos chamados de socialização primária e secundária (MOLETTA et al., 2019MOLETTA, Andréia et al. Treinadores e treinadoras de basquetebol de Santa Catarina: o desenvolvimento da aprendizagem formal, informal e não-formal. E-balonmano.com: Revista de Ciencias del Deporte, v. 15, n. 3, p.197-206, 2019. Disponível em: http://ojs.e-balonmano.com/index.php/revista/article/view/481. Acesso em: 10 jul. 2023.
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). A primeira está ligada ao núcleo familiar, escola, ao clube que treina, ou seja, até a entrada na profissão. A segunda ocorre após o início da atividade laboral (DUBAR, 2005DUBAR, Claude. A socialização: construção de identidades sociais e profissionais. Porto: Porto Editora, 2005.). Assim, o reconhecimento dos episódios da vida e identidade desses indivíduos pode acarretar reflexões relevantes para formação profissional, sobretudo no processo de aprender a ensinar e de tornar-se treinador (CALLARY; WERTHNER; TRUDEL, 2012CALLARY, Bettina; WERTHNER, Penny; TRUDEL, Pierre. How meaningful episodic experiences influence the process of becoming an experienced coach. Qualitative Research in Sport, Exercise and Health, v. 4, n. 3, p. 420-438, 2012. DOI: https://doi.org/10.1080/2159676X.2012.712985
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).

O desenvolvimento profissional do treinador ao longo da carreira depende das circunstâncias afetas à sua vida pessoal, esportiva e profissional que influenciam, igualmente, a sua escolha de ingressar na carreira de treinador. Este processo ocorre através de uma série de experiências como a prática como atleta (MALLETT et al., 2009MALLETT, Clifford et al. Formal vs. informal coach education. International Journal of Sports Science & Coaching, v. 4, n. 3, p. 325-364, 2009. DOI: https://doi.org/10.1260/174795409789623883
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), participação em cursos de formação (MESQUITA et al. 2014MESQUITA, Isabel et al. Coach learning and coach education: Portuguese expert coaches’ perspective. The Sport Psychologist, v. 28, n. 2, p. 124-136, 2014. DOI: https://doi.org/10.1123/tsp.2011-0117
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), em comunidades de prática (CULVER; TRUDEL, 2006CULVER, Diane; TRUDEL, Pierre. Cultivating coaches’ communities of practice: developing the potential for learning through interactions. In: JONES, Robyn (ed.). The sports coach as educator. London: Routledge, 2006. p. 115-130.) e interação com treinadores experientes (RAMOS; BRASIL; GODA, 2012RAMOS, Valmor; BRASIL, Vinicius; GODA, Ciro. A aprendizagem profissional na percepção de treinadores de jovens surfistas. Revista da Educação Física/UEM, v. 23, n. 3, p. 431-442, 2012. DOI: https://doi.org/10.4025/reveducfis.v23i3.15320
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), experiências familiares (SAMPAIO, 2017SAMPAIO, Gabriela Breggue da Silva. Formação de treinadores de ginástica rítmica: perspectivas de aprendizagem ao longo da vida. 2017. 193 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Centro de Desportos - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017.), reflexão (TOZETTO et al., 2017TOZETTO, Alexandre et al. Football coaches’ development in Brazil: a focus on the content of learning. Motriz: Revista de Educação Física, v. 23, n. 3, p. 1-9, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/S1980-6574201700030017
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), mentoria (DUFFY, 2008DUFFY, Patrick. Implementation of the Bologna process and model curriculum development in coaching. In: PETRY, Karen et al. (ed.). Higher education in sport in Europe: from labour market demand to training supply. Maidenhead: Meyer & Meyer Sport, 2008. p. 80-108.), além da experiência na prática, o designado "Learning by doing” (NELSON; CUSHION; POTRAC, 2006NELSON, Lee; CUSHION, Christopher; POTRAC, Paul. Formal, nonformal and informal coach learning: a holistic conceptualisation. International Journal of Sports Science & Coaching, v. 1, n. 3, p. 247-259, 2006. DOI: https://doi.org/10.1260/174795406778604627
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).

Não obstante, não são apenas as suas circunstâncias, oportunidades e experiências ao longo da vida que permitem que o treinador alcance patamares de atividade profissional que o permitam situar-se ao nível da excelência. Os conhecimentos e competências que detém evidenciam ser decisivos para atuar com eficácia (EGERLAND; NASCIMENTO; BOTH, 2009EGERLAND, Ema; NASCIMENTO, Juarez; BOTH, Jorge. As competências profissionais de treinadores esportivos catarinenses. Motriz: Revista de Educação Física, v. 15, n. 4, p. 890-899, 2009. DOI: https://doi.org/10.4025/reveducfis.v21i3.8285
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; MILISTETD et al., 2017MILISTETD, Michel et al. Formação de treinadores esportivos: orientações para a organização das práticas pedagógicas nos cursos de bacharelado em educação física. Journal of Physical Education, v. 28, n. 1, p. 1-14, 2017. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/33533/20828. Acesso em: 10 jul. 2023.
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/...
; ROSADO; MESQUITA, 2007ROSADO, António; MESQUITA, Isabel. A formação para ser treinador. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DOS JOGOS DESPORTIVOS, 1., 2007. [Anais...]. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2007.) e mesmo para a evolução da sua prática profissional de modo a ser possível passar de uma identidade de treinador atual para uma perspectivada, frequentemente em referência a outros treinadores que considere relevantes na área (FONSECA; MESQUITA, 2016FONSECA, Joana; MESQUITA, Isabel. Desenvolvimento da identidade profissional do treinador desportivo: uma área a explorar. In: MESQUITA, Isabel. Investigação na formação de treinadores: identidade profissional e aprendizagem. Porto: CIFI2D, 2016. p. 87-123.).

O QUE SE SABE ATUALMENTE SOBRE O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DE TREINADORES DE FUTSAL?

No campo específico do futsal, no Brasil, são estimados cerca de 12 milhões de praticantes de futsal (BRASIL, 2016), com destaque para a Liga Nacional de Futsal (LNF), além da Seleção Brasileira, detentora de inúmeras conquistas de campeonatos mundiais masculino e feminino (MARQUES; MARCHI JÚNIOR, 2019MARQUES, Renato; MARCHI JUNIOR, Wanderley. A cobertura midiática sobre o futsal masculino no Brasil: perspectiva dos atletas da seleção brasileira principal. Movimento, v. 25, 2019. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.75560
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). Contudo, a investigação sobre o desenvolvimento profissional do treinador de futsal, mormente o treinador de elite, é ainda bastante escassa e deficitária.

A investigação existente tende a concentrar-se quase exclusivamente em temáticas associadas ao processo de treino, numa perspetiva mais técnica e centrada na compreensão de processos como a gestão de elementos administrativos, a parte física dos atletas ou a vertente técnica-tática do jogo (CAREGNATO et al., 2015CAREGNATO, André et al. A produção científica sobre futsal: análise de dissertações e teses publicadas no portal da Capes entre 1996-2012. Motrivivência, v. 27, n. 46, p. 15-34, 2015. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2015v27n46p15
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; MARTINS; HERNANDEZ; VOSER, 2008MARTINS, Ariel; HERNANDEZ, José; VOSER, Rogério. A pesquisa científica no futsal: uma revisão descritiva. 2008. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E DE EDUCAÇÃO FÍSICA DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA, 12., 2008, [Anais...]. Porto Alegre: UFRGS/ Ministério do Esporte, 2008.), o desempenho dos atletas, o desenvolvimento da modalidade, a iniciação esportiva e as políticas públicas (MENDOÇA; AZEVEDO, 2017; MOORE et al., 2014MOORE, Richard et al. A systematic review of futsal literature. American Journal of Sports Science and Medicine, v. 2, n. 3, p. 108-116, 2014. DOI: https://doi.org/10.12691/ajssm-2-3-8
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). Os estudos que abordam especificamente a figura do treinador, nomeadamente as suas competências, conhecimentos e relações fundamentais na prática com os atletas estão praticamente inexplorados. Corrobora-se, portanto, a perspectiva de Marques Filho et al. (2021) alertando para um estado da arte que necessita robustecimento empírico na temática do treinador de futsal no Brasil, principalmente no treinador de alto rendimento.

É, assim, de particular importância realizar investigação que clarifique as trajetórias profissionais dos treinadores de futsal de alto rendimento, descobrindo os diferentes conhecimentos e competências relacionados com a sua atividade profissional bem como as potenciais contribuições para o processo de desenvolvimento dos atletas. Isto permitirá informar através da evidência a estrutura, conteúdo e natureza dos programas de formação e desenvolvimento profissional de novos treinadores.

Nesta medida, o presente estudo pretendeu examinar as percepções de treinadores de elite na modalidade de futsal, nomeadamente, procurando compreender: (i) os fatores e experiências que influenciaram a possibilidade de se tornarem treinadores; (ii) os conhecimentos e práticas profissionais percebidas pelos treinadores como fundamentais no exercício competente da atividade profissional de treinador; (III) os aspectos salientados pelos treinadores como necessários à promoção de uma relação treinador-atleta conducente ao desenvolvimento dos atletas.

METODOLOGIA

TIPO DE ESTUDO

O presente estudo caracterizou-se como uma investigação qualitativa, de caráter exploratório e interpretativo (GIL, 2008GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.). A pesquisa qualitativa coloca o observador no mundo e recorre a um conjunto de práticas materiais e interpretativas que dão visibilidade a este mundo. Trata-se de uma abordagem naturalista e interpretativa, que busca estudar os fenômenos em seus cenários naturais e interpretar os significados que as pessoas a eles conferem (DENZIN; LINCOLN, 2006DENZIN, Norman; LINCOLN, Yvonna. Introdução: a disciplina e a prática da pesquisa qualitative. In: DENZIN, Norman (ed.). O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre: Artmed, 2006. p.15-41.). As investigações exploratórias têm como finalidade desenvolver e esclarecer conceitos e ideias, visando a formulação de problemas ou hipóteses para investigações posteriores e buscar proporcionar visão geral acerca de determinado fato (GIL, 2008).

PARTICIPANTES

Os participantes deste estudo foram 10 treinadores de futsal brasileiros de elite do sexo masculino selecionados por conveniência (PATTON, 1990PATTON, Michael Quinn. Qualitative evaluation and research methods. 2. ed. Newbury Park, CA: Sage, 1990.). Os critérios utilizados foram: (i) ser treinadores de atletas de elite, ou seja, aqueles que disputam a principal competição masculina do país (LNF); (ii) ter treinado equipes e atletas de nível internacional com reconhecimento no contexto do futsal profissional de diretores técnicos e instituições esportivas; (III) estar no âmbito profissional há pelo menos cinco anos (MESQUITA et al., 2011MESQUITA, Isabel et al. Handball coaches’ perceptions about the value of working competences according to their coaching background. Journal of Sports Science & Medicine, v. 10, n. 1, p. 193-202, 2011.). O treinador com experiência inferior a cinco anos de profissão foi incluído porque nas duas últimas épocas competitivas anteriores à recolha dos dados foi indicado pela própria organização da LNF como melhor treinador da competição.

Quadro 1
Perfil dos treinadores.

RECOLHA DE DADOS

A recolha de dados foi realizada através de uma entrevista individual, semiestruturada, constituída por perguntas abertas que seguiram de forma flexível uma ordem pré-planejada, ao que se acrescentaram questões de esclarecimento sempre que necessário (LAVILLE; DIONNE, 1999LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999.). A estrutura da entrevista foi organizada em duas partes centrais: a primeira parte integrou questões de natureza demográfica (p.e., nome, idade, formação acadêmica e tempo de profissão). Na segunda parte, as questões situaram-se em elucidar informações correlatas aos objetivos deste estudo, como por exemplo, os fatores e experiências que influenciaram o seu trajeto de se tornarem treinadores.

A título de exemplo, a primeira categoria: "Motivos, influências e oportunidades para se tornar treinador" foi formada no decorrer deste processo, seguindo-se o mesmo procedimento na resposta dada aos restantes objetivos do estudo. Como exemplo adicional, a segunda categoria "Conhecimentos indispensáveis ao exercício competente da função de treinador" buscou compreender os conhecimentos valorizados na prática dos treinadores, além de identificar as estratégias utilizadas nas relações com os atletas. Emergiram duas subcategorias: "Conhecimentos e ferramentas presentes na prática do treinador" e "Estratégias e relações relevantes reconhecidas pelos treinadores". A terceira categoria "Abordagem centrada no desenvolvimento global e ativo dos atletas" buscou identificar aspectos essenciais a serem abordados durante a atividade profissional do treinador no referente à interações decorrentes entre o treinador e os atletas.

O Quadro 2 apresenta alguns exemplos que alinham os temas (dimensões) com os objetivos da pesquisa e sua possível forma de abordar (perguntas).

Quadro 2
Matriz analítica.

O tempo médio das entrevistas foi de 1 hora e 30 minutos, gravadas com imagem e som, realizadas através do programa Zoom de conferência remota e transcritas para o programa Microsoft Word. A entrevista foi realizada em um ambiente confortável para os treinadores. Foi garantido o anonimato através de nomes fictícios (T1, T2...) e que as informações recolhidas seriam utilizadas para fins de pesquisa.

Para a validação da construção da entrevista a literatura mais recente na área foi basilar para se edificar domínios e temas principais (MESQUITA et al., 2014MESQUITA, Isabel et al. Coach learning and coach education: Portuguese expert coaches’ perspective. The Sport Psychologist, v. 28, n. 2, p. 124-136, 2014. DOI: https://doi.org/10.1123/tsp.2011-0117
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; GALATTI et al., 2021GALATTI, Larissa et al. Trajetória no basquetebol e perfil sociodemográfico de atletas brasileiras ao longo da carreira: um estudo com a liga de basquete feminino (LBF). Movimento, v. 27, p. 1-23, 2021. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.106017
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; GOMES; RESENDE, 2014GOMES, Patrícia; QUEIRÓS, Paula; BATISTA, Paula. A socialização antecipatória para a profissão docente: estudo com estudantes de Educação Física. Sociologia: Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, v. 28, p. 167-192, 2014. Disponível em: https://ojs.letras.up.pt/index.php/Sociologia/article/view/1312. Acesso em: 10 jul. 2023.
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; MILISTETD; TOZETTO; CORTELLA, 2021MILISTETD, Michel; TOZETTO, Alexandre; CORTELA, Caio. Coleção Cadernos do Treinador: coaching esportivo e competências profissionais. Florianópolis: NUPPEUFSC, 2021. v. II, 78 p. Disponível em: https://unigra.com.br/arquivos/cadernos-do-treinador:-coaching-esportivo-e-competencias-profissionais-.pdf. Acesso em: 8 jul. 2022.
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). Desta forma, foram utilizados dois procedimentos: (i) análise de peritagem para se obter uma análise criteriosa e rigorosa, formado por dois doutores na área de Pedagogia do Esporte e com experiência no âmbito da orientação de programas esportivos no contexto prático; (II) após este procedimento e por validação consensual do conteúdo da entrevista pelos peritos, foi realizado um projeto piloto a dois treinadores para avaliar acerca da inteligibilidade, clareza e objetividade das perguntas. Em consequência foram realizados pequenos ajustes.

Após esse processo, a confirmação com os treinadores foi efetivada através do preenchimento de um termo de consentimento, por meio de formulário Google, de acordo com o código de ética da Universidade do Porto, Portugal.

ANÁLISE DOS DADOS

No tratamento dos dados foi utilizado a análise de conteúdo que prevê três fases fundamentais: a pré-análise; exploração do material; tratamento dos resultados, a inferência e interpretação (BARDIN, 2011BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.). A técnica utilizada foi de análise categorial ou temática, que consiste no desmembramento do texto em categorias agrupadas analogicamente (MINAYO, 2000MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 7. ed. São Paulo. Hucitec, 2000.) e o critério de categorização foi semântico (BARDIN, 2011).

Na fase do tratamento dos resultados obtidos e interpretação dos dados, o investigador propõe suas inferências e realiza suas interpretações de acordo com os objetivos (BARDIN, 2011BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.). A aproximação das respostas foi realizada de maneira semi-indutiva, realizando um diálogo aberto entre os dados emergentes e os conceitos teóricos presentes na literatura referente ao assunto em causa. Posteriormente, a identificação de novas categorias procurou integrar as singularidades dos dados com os conceitos pré-existentes no sentido de encontrar categorias que espelhassem a natureza singular do contexto em estudo (BARDIN, 2011).

Neste seguimento, realizou-se uma primeira estrutura de categorização, que contemplava um número maior de categorias e subcategorias. Por exemplo, os elementos como família, escola, gosto pela prática estavam pré categorizados como contato inicial com a modalidade. O estatuto social como outros motivos. A exposição prolongada à prática, a influência dos seus treinadores, outros treinadores e as oportunidades estavam classificadas na continuidade da modalidade. Por fim, categoria adulto e categoria de base estavam classificadas na pré-categorização como ingresso como treinador. Após um aprofundamento nos dados e da relação entre a literatura e os dados, chegou-se na categoria "Motivos, influências e oportunidades para se tornar treinador. Esse processo foi utilizado para as outras categorias e subcategorias apresentadas neste estudo. O Quadro 3 exemplifica o elemento identificado na fala dos treinadores, a porcentagem de treinadores que apontaram este elemento, sua pré-categorização para a uma identificação inicial. Ao final, estas pré-categorias foram aglutinadas e assim emergiram as categorias e suas respectivas subcategorias.

Quadro 3
Processo de categorização dos dados

CREDIBILIDADE DOS DADOS

Para a credibilidade dos dados, estes foram analisados pelos autores do estudo. Esse tipo de análise por dois ou mais investigadores é indicado como uma das possibilidades de proporcionar credibilidade aos dados (ELO et al., 2014ELO, Satu et al. Qualitative content analysis: a focus on trustworthiness. SAGE Open, v. 4, n. 1, 2014. DOI: https://doi.org/10.1177/2158244014522633
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). Outro procedimento utilizado foi a verificação de membros, método que envolve os participantes, em que lhes são retornados os dados, pedindo-lhes para confirmar se os dados refletem com exatidão suas experiências. Assim, foram realizados esclarecimentos sobre pontos que poderiam gerar discordâncias e interpretações diferentes. Essas verificações são um modo de controlar o viés do pesquisador (SPARKES; SMITH, 2014SPARKES, Andrew; SMITH, Brett. Qualitative research methods in sport, exercise and health. New York: Routledge, 2014.).

RESULTADOS

Os resultados deste estudo estão divididos em três categorias. A primeira categoria "Motivos, influências e oportunidades para se tornar treinador" buscou identificar os fatores e experiências que influenciaram a possibilidade de se tornar treinadores.

A segunda categoria nomeada de "Conhecimentos indispensáveis ao exercício competente da função de treinador" buscou compreender os conhecimentos valorizados na prática dos treinadores, além de identificar as ferramentas de análise e estratégias utilizadas para uma melhor relação com os atletas. Foram reconhecidas duas subcategorias: "Conhecimentos e ferramentas presentes na prática do treinador" e "Estratégias e relações relevantes reconhecidas pelos treinadores".

A terceira categoria "Abordagem centrada no desenvolvimento global e ativo dos atletas" buscou identificar aspectos essenciais a serem abordados no contexto prático com os atletas.

Como nota importante, destacamos que foi mantida a integridade das formas de expressão utilizadas pelos treinadores, no respeito das suas idiossincrasias comunicacionais.

MOTIVOS, INFLUÊNCIAS E OPORTUNIDADES PARA SE TORNAR TREINADOR

Como fatores de socialização antecipatória influenciadores da intenção de se tornarem treinadores identificou-se o seu gosto passado por praticarem o futsal enquanto atletas: "Sempre gostei mais do futsal, pela dinâmica, parte tática e alternâncias que o jogo pode proporcionar (T2); o estatuto social envolvido: "Eu ia jogar pro exterior, na Argentina, Uruguai, no Paraguai, toda gente viajava de terno, era uma coisa muito profissional" (T7); e a exposição prolongada na modalidade desde a formação: "Sete pra oito anos entrei na escolinha de futsal e fiz toda a minha formação até o sub-20" (T1).

Constatou-se que a grande parte dos treinadores permaneceram na modalidade como atletas de categoria de base. Os dois treinadores que não tiveram experiência como atletas referiram fatores de ordem individual como a falta de competência motora para justificar o caminho diferenciado de "chegada" à profissão: "Nunca tive a oportunidade, nem a qualidade para tentar jogar em base, nunca procurei também" (T2), bem como constrangimentos de ordem geoestrutural: "Em função da dificuldade na infância, a gente nasceu no interior, não participei de trabalho de base" (T9).

As experiências escolares enquanto alunos de Educação Física foram igualmente determinantes na vontade de serem treinadores: "Tive um professor de Educação Física que teve uma influência muito grande" (T4), em concomitância com outros processos socializadores referentes ao contexto escolar: "Nós trazíamos a bola de futsal pra escola [...] nós começamos a praticar desde muito cedo na escola" (T4).

Outro fator importante neste processo foi a influência familiar: "Na última hora minha mãe ajudou nessa escolha, ela falou: Vai fazer o que tu gosta. Aí fui pra Educação Física"(T2).

Os treinadores que praticaram a modalidade como atletas mostraram ter desenvolvido o desejo de se tornarem treinadores ainda durante esse período das suas vidas, influenciados grandemente pelos seus treinadores. Foi também salientada a importância da observação de outros treinadores para a construção do método de trabalho atual dos treinadores participantes:

Quando eu joguei, tinha certeza que iria trabalhar como técnico porque era um... não é nem um sonho, era um desafio (T7). Minha vivência como atleta fez com que eu chegasse nessa metodologia de trabalho (T3).

Nós já tínhamos uma ideia, de tudo programado, no começo fazer uma parte física, introduzir depois a bola, depois questões mais importantes, defesa, algumas situações de ataque [...] A minha ideia do futsal mudou muito, por causa dessa parte física, hoje tudo da parte física tá envolvida no trabalho (T4 [referindo-se a um treinador enquanto era atleta e da adaptação ao contexto atual da modalidade]).

Sempre fui um cara que anotei tudo do que os treinadores passavam, acho que acabou ajudando bastante, sempre acabei me envolvendo com esse tipo de coisa. Acho que acabou ajudando nessa parte (T8); Meus treinadores sempre viram em mim essa capacidade (T6). Estudar outros treinadores, outros modelos de jogo, acaba colocando mais elementos no teu jogo (T6).

Alguns participantes tornaram-se treinadores fruto de oportunidades circunstanciais e inesperadas: “Surgiu o convite pra ser treinador, relutei um pouquinho no início, nunca almejei isso” (T6); “Não tive aquela ambição, de, vou ser treinador de qualquer jeito, aconteceu naturalmente” (T9).

Em acrescento, identificaram-se diferentes vias de ingresso dos treinadores na profissão. Alguns participantes ingressaram nas categorias de base:

Trabalhava com escolinha tanto masculinas quanto femininas de cinco a 17 anos [...] Nós alternávamos, no início eu comecei acompanhando o professor, depois aos poucos dava aquecimento, fundamentos, depois comecei a dar os treinos (T2).

Mais ainda, alguns participantes iniciaram a atividade de treinador diretamente no treino com atletas adultos:

O treinador que foi contratado teve um problema cardíaco e veio a falecer. Daí eu assumi às pressas [...] Foi um aprendizado muito grande. Imagine sair de dentro da quadra pra fora e ter no time, sete, teve momentos que eu tinha oito atletas da Seleção Brasileira (T7).

CONHECIMENTOS INDISPENSÁVEIS AO EXERCÍCIO COMPETENTE DA FUNÇÃO DE TREINADOR

Conhecimentos e ferramentas presentes na prática do treinador

Foram ressaltados como conhecimentos valorizados para o desempenho da função, o conhecimento do conteúdo específico sobre futsal: “O conteúdo, isso é o básico, a premissa básica para um bom treinador” (T1) ou a tomada de decisão relativa às situações técnico-táticas da natureza imprevisível do jogo: “São situações que você chega no jogo, chega no treino e vai ter que, não é improvisar, mas, tem que tomar decisões rápidas” (T5 referindo-se às mudanças técnico-táticas), e a leitura de jogo: “Quando tu tem tempo de preparar a equipe pra um jogo, acho que é nesse sentido, é primordial tu ter uma leitura” (T3).

A utilização de vídeos como ferramenta profissional foi destacado como análise de desempenho dos atletas para corrigir erros e auxiliar no processo reflexivo do treinador e na resolução das dificuldades da equipe:

Algo muito importante pro treinador é o vídeo. Você tá no treino, tem 16, 17 atletas que estão treinando e você tem uma imagem, uma leitura do que aconteceu no treino. Tu chega em casa, começa a esmiuçar o vídeo, ele vai dando feedback, você vai entendendo algumas necessidades do atleta (T5).

Foi também atribuída importância ao trabalho do scout: Após as partidas, faço uma avaliação do scout: “Ah, o meu time não defendeu, então temos que trabalhar mais defesa” (T9).

Estratégias e relações relevantes reconhecidas pelos treinadores

Foram identificadas diferentes estratégias utilizadas pelos treinadores. Destacou-se o feedback: “Gosto de participar bastante no treino, dando um reforço positivo, mais do que negativo” (T1), “A gente fala individualmente sobre correção, daquilo que pode, que não pode” (T3), e a discussão/conversa com os atletas para escutar a sua apreciação dos acontecimentos e melhor clarificar os objetivos da equipe: “Gosto muito de abrir os objetivos, o que a gente tem que buscar naquele microciclo de trabalho e discutir no final o que foi feito” (T10).

Aspectos da relação entre treinadores e demais agentes esportivos foram apontados, com destaque para gestão de pessoas: “Gestão de pessoas, não só atletas, mas comissão técnica, vejo como mais importante” (T2), com especial enfoque na liderança: “A liderança é fundamental. Hoje em dia é tão importante ou mais do que aplicar uma parte tática, porque tendo isso bem claro, o grupo entendendo, não deixa margem de interpretação de alguma decisão que tu tenha tomado” (T6).

A “cobrança” foi um aspecto central relacionado com a liderança do treinador:

Quando você pensa no resultado, às vezes vai tomar decisões ou falar coisas que não vai agradar o outro e também não me vai agradar (T8).

Não adianta você chamar pra conversar e falar pro atleta que ele não tá treinando com a vontade que a empresa precisa e chamar e passar a mão na cabeça dele (T5).

Em adição, preservar a liberdade de opinião e acolher genuinamente as informações transmitidas pelos atletas foram salientadas, privilegiando o cultivo de relações abertas com os atletas: “Relação aberta. Obviamente que uns se expõe muito mais, uns tem uma relação mais próxima do que outros” (T1), mormente a troca com os atletas: “Não é que tem que ser exatamente como a gente quer, não! Tem que ser uma troca, porque a gente aprende demais com os atletas” (T2), e: “Essa inter-relação, acho muito importante para o crescimento, até porque o meu trabalho depende deles e o desenvolvimento deles depende do meu” (T10).

Na relação com os atletas foi valorizada a demonstração de comprometimento com o trabalho em situações que auxiliam na correção de seus erros, bem como a intensidade nas ações do dia a dia: “O teu dia a dia, tua intensidade passa muito, reflete nos teus atletas e isso acho que é primordial. Aquilo que tu imprime de vontade, de desejo de conquista, passa muito para os atletas” (T3), acrescentando a importância da autocrítica: “Autoconhecimento e autocobrança. Todo treinador tem que ter essas competências pra poder avaliar que ponto é o seu trabalho que está dando errado” (T10).

Foram salientados alguns aspectos referentes à avaliação do trabalho, à melhoria das suas intervenções com os atletas, e aos resultados obtidos: “Independente de método, processo, sistema, os resultados são o que deixa mais visível” (T10). Foi destacado a busca constante de qualificação profissional: “Essa parte de gestão de pessoas, essa competência que tô tentando ter, essa evolução que acho que preciso” (T8), “Quando fiz o curso de coaching, realmente aprendi técnicas que foram importantes, foram essenciais pra conseguir entender por que isso acontecia” (T5), e a importância do treinador buscar um maior autoconhecimento: “Eu tenho um pouco do sangue castelhano e muitas vezes acaba me prejudicando. Tenho tentado fazer um trabalho de ser mais paciente, através de estudo, leitura, meditação e exercício” (T2 referindo-se à relação com os atletas).

ABORDAGEM CENTRADA NO DESENVOLVIMENTO GLOBAL E ATIVO DOS ATLETAS

Foram identificadas diferentes perspectivas em relação ao desenvolvimento dos atletas, através do trabalho relativo aos fundamentos técnicos, aspectos táticos individuais das posições ou coletivos através de movimentos padronizados, todos englobados nas questões técnico-táticas:

Gosto muito de fundamento, perco bastante tempo no treinamento pra poder fazer isso (T4).

Trabalho muito treinamento específico por posição [...] Faço durante a semana com todas as posições, como o goleiro faz o treinamento específico. No final de 30, 60 dias, tem um ganho muito grande, então a gente nota o crescimento (T7).

Início de trabalho é difícil impor, nem é impor, mas conceber uma ideia, sem que haja esses trabalhos analíticos sincronizados, para que todos saibam como responder a determinado movimento (T1).

Os treinadores também enfatizaram o desenvolvimento dos aspectos cognitivos como situações a serem trabalhadas através de atividades de treino entendidas como meios de estimular a tomada de decisão:

Uma das valências que o atleta vai desenvolver comigo e procuro que ele desenvolva é a tomada de decisão (T3).

Meu trabalho é pautado no cognitivo dos atletas. Procuro fazer eles pensarem o treino inteiro, no que fazer pra se beneficiar da regra, no que fazer pra facilitar o jogo, porque acredito que o jogo é isso, o tempo inteiro tomada de decisão (T6).

Foi atribuída importância à utilização do questionamento para a resolução de problemas:

Dentro do grupo de jogadores eu pergunto: Por que você fez aquele gol? (Treinador). Ah, porque eu finalizei de primeira! (Atleta). Bom então tu teve um aprendizado (T7) [Treinador para o atleta].

Diferentes aspectos psicológicos foram também apontados, no intuito de trabalhar os estímulos emocionais: “Nos treinamentos, a gente procura colocar algum fator emocional, algum componente que trabalhe a parte psicológica” (T2), e de fomentar o comprometimento do atleta: “Como muitos dizem, entrar na mente. Não é entrar na mente, é conscientizar o atleta que o esporte hoje necessita desse comprometimento deles” (T7). No exemplo do T9, foram apontadas dificuldades relacionadas como limitações nas condições de trabalho: “O clube não tem uma estrutura de ter um psicólogo, onde pudesse fazer uma avaliação individual dos atletas, sua personalidade, o seu ponto forte, ponto fraco”.

Foram salientados ainda os aspectos extra quadra, como o sono e alimentação: “Me preocupo bastante com a estrutura geral da equipe, de como o atleta tá dormindo, comendo” (T10). Os treinadores expressaram uma preocupação educativa para com os atletas: “Brigo muito pra essa questão cultural do atleta, enquanto ele está treinando, também está estudando” (T7), atendendo também à gestão das redes sociais: “Os treinadores estão vendo mais rede social do atleta, contratando pela questão de perfil, o que o atleta posta, faz” (T8).

DISCUSSÃO

Este estudo pretendeu identificar as percepções de treinadores de futsal de elite sobre os fatores e experiências que influenciaram a possibilidade de se tornarem treinadores. Além disso, foram igualmente escrutinados os conhecimentos e práticas profissionais percebidas como fundamentais no exercício competente da atividade de treinador, os aspectos salientados na relação treinador-atleta e no modo como os treinadores julgam contribuir com o desenvolvimento dos atletas, buscando deste modo gerar conhecimento relevante e possíveis indicações para a melhoria dos programas de formação e desenvolvimento de treinadores.

Foi possível verificar que o gosto e prazer pela prática foram fundamentais no processo de identificação com a modalidade. Na verdade, o prazer pela prática esportiva promove sensações de competência, autonomia e motivação interna na realização da atividade (BALBINOTTI et al., 2011BALBINOTTI, Marcos et al. Motivação à prática regular de atividades físicas e esportivas: um estudo comparativo entre estudantes com sobrepeso, obesos e eutróficos. Motriz: Revista de Educação Física, v. 17, n. 3, p. 384-394, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/motriz/a/cSRVxLCqzXtjYs5pWswVZpq/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 10 jul. 2023.
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), além de ter sido apontado por Almeida et al. (2019ALMEIDA, Gabriela et al. A motivação para a prática do futebol de campo: um estudo com jovens atletas. Revista Eletrônica Nacional de Educação Física, v. 9 n. 13, p. 2-12, 2019.) como principal motivador de permanência na prática de atletas jovens de futebol. Relativamente à exposição prolongada à modalidade, muitos dos que se tornam treinadores estão habitualmente envolvidos na modalidade desde a infância (DAVIES; BLOOM; SALMELA, 2005DAVIES, Matthew; BLOOM, Gordon; SALMELA, John. Job satisfaction of accomplished male university. International Journal Sport Psychology, v. 36, p. 173-192, 2005.; RAMOS et al., 2011RAMOS, Valmor et al. A aprendizagem profissional - as representações de treinadores desportivos de jovens: quatro estudos de caso. Motriz: Revista de Educação Física, v. 17, n. 2, p. 280-291, 2011. DOI: https://doi.org/10.5016/1980-6574.2011v17n2p280
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). Portanto, gostar de praticar futsal parece ser fundamental para uma continuidade do contato com a modalidade.

As experiências do contexto escolar foram fundamentais na identificação e interesse pelo futsal. O estudo de Gomes, Queirós e Batista (2014GOMES, Patrícia; QUEIRÓS, Paula; BATISTA, Paula. A socialização antecipatória para a profissão docente: estudo com estudantes de Educação Física. Sociologia: Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, v. 28, p. 167-192, 2014. Disponível em: https://ojs.letras.up.pt/index.php/Sociologia/article/view/1312. Acesso em: 10 jul. 2023.
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) identificou a influência e exemplo dos professores de Educação Física na escola como fortes agentes de socialização antecipatória que influenciaram o ingresso na profissão de novos docentes. Os resultados de Sampaio (2017SAMPAIO, Gabriela Breggue da Silva. Formação de treinadores de ginástica rítmica: perspectivas de aprendizagem ao longo da vida. 2017. 193 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Centro de Desportos - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017.) indicaram a escola como um dos contextos para a escolha profissional, além de ser apontada por Galatti et al. (2021GALATTI, Larissa et al. Trajetória no basquetebol e perfil sociodemográfico de atletas brasileiras ao longo da carreira: um estudo com a liga de basquete feminino (LBF). Movimento, v. 27, p. 1-23, 2021. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.106017
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), como o local de primeiro contato com a modalidade por atletas de basquete.

Desse modo, o ambiente escolar demonstra ser uma influência primordial na escolha de ser professor e também treinador. É no contexto escolar que têm início muitas das primeiras ligações com a prática esportiva, podendo despertar um interesse inicial pelo esporte. Além disso, podem ser transmitidos valores como disciplina, respeito, inclusão, criando uma cultura que pode ser levada por toda vida, o que hoje são chamadas de competências socioemocionais. Hodiernamente, estas competências fazem parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que servem de referência para o desenvolvimento dos projetos pedagógicos nas escolas.

É fundamental transportar, com maior expressão, para o contexto do treino esportivo da base (JARDIM FILHO, 2022JARDIM FILHO, Carlos Eduardo D. de Abranches. A prática esportiva como alternativa para uma educação integral através dos valores olímpicos. Olimpianos-Journal of Olympic Studies, v. 6, p. 1-14, 2022. DOI: http://dx.doi.org/10.30937/2526-6314.v6.id148
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), o caráter mais abrangente da educação esportiva dos jovens atletas. Tal constitui-se um alicerce à disseminação de uma cultura esportiva mais saudável, dotando os jovens atletas de competências e disposições para que perpetuam o tecido esportivo, mormente no papel de futuros treinadores (MESQUITA; FARIAS, 2021MESQUITA, Isabel; GOMES, Rúben. O desempenho do papel no alto rendimento: do treinador socializado ao treinador autónomo. In: MESQUITA, Isabel; GOMES, Rúben. Coaching do Treino Desportivo Manuais de Formação Geral. Cursos de Treinadores de Desporto Grau III. Lisboa: Instituto Português do Desporto e Juventude, 2021. p. 32-48. Disponível em: https://ipdj.gov.pt/documents/20123/3644128/PNFT2021_Coaching_GIII.pdf/497c3f32-9032-7d34-6ecc-ec4ce1c28bee?t=1662375358255. Acesso em: 10 jul.. 2023.
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).

Outro aspecto a ser discutido são os quase inexistentes espaços públicos nas cidades atualmente. Muitos desses locais com falta de segurança, higiene, com equipamentos deteriorados ou abandonados. A estruturação ou reorganização de espaços públicos como locais de convivência social, cultural, esportiva e de lazer, apresenta-se como possibilidade de suprir algumas demandas por esses serviços (SAWITZKI, 2019SAWITZKI, Rosalvo. Redimensionamento da utilização dos espaços públicos nas cidades. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 22 n. 2, p. 557-569, 2019. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2019.13581
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). Assim, iniciativas como o aumento dos espaços públicos de práticas corporais, associados ao investimento na infraestrutura das escolas e no corpo docente escolar poderiam trazer grandes benefícios, melhorando também as aulas de Educação Física, propiciando melhores vivências aos praticantes.

A influência familiar também foi destacada como essencial nas trajetórias dos treinadores. Essa perspectiva vem sendo reportada como primordial para o início da prática esportiva em diferentes contextos (FONSECA; STELA, 2016FONSECA, Joana; MESQUITA, Isabel. Desenvolvimento da identidade profissional do treinador desportivo: uma área a explorar. In: MESQUITA, Isabel. Investigação na formação de treinadores: identidade profissional e aprendizagem. Porto: CIFI2D, 2016. p. 87-123.; GOMES; QUEIRÓS; BATISTA, 2014GOMES, Patrícia; QUEIRÓS, Paula; BATISTA, Paula. A socialização antecipatória para a profissão docente: estudo com estudantes de Educação Física. Sociologia: Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, v. 28, p. 167-192, 2014. Disponível em: https://ojs.letras.up.pt/index.php/Sociologia/article/view/1312. Acesso em: 10 jul. 2023.
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; MORBI; MATEU; MARQUES, 2020MORBI, Murilo; MATEU, Pau; MARQUES, Renato. Tornando-se um treinador de futsal de elite: um estudo de caso brasileiro. Movimento, v. 26, 2020. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.101341
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). No estudo de Ramos et al. (2014RAMOS, Valmor et al. Trajetória de vida de treinadores de surfe: análise dos significados de prática pessoal e profissional. Pensar a Prática, v. 17, n. 3, p. 815-834, 2014. DOI: https://doi.org/10.5216/rpp.v17i3.30335
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) com treinadores de surf, os resultados mostraram que as situações de lazer em família foram importantes para o ingresso no surf. Pode-se destacar ainda a necessidade atual da formação acadêmica para se tornar treinador, com a possibilidade de uma carreira paralela como professor de Educação Física, aumentando as perspectivas do mercado de trabalho, visto a inconstância da função de treinador. Assim, a família parece ser também parte fundamental no apoio e nos recursos para que o sujeito tenha oportunidade de praticar a modalidade desejada.

Os treinadores que praticaram futsal despertaram a vontade em exercer a função durante a experiência como atletas, influenciados por seus treinadores e pelas oportunidades momentâneas. É comum que atletas profissionais sigam no meio esportivo, principalmente na função de treinador (FERREIRA; SALLES; MOURÃO, 2015FERREIRA, Heidi; SALLES, José; MOURÃO, Ludmila. Inserção e permanência de mulheres como treinadoras esportivas no Brasil. Revista da Educação Física/UEM, v. 26, n. 1, p. 21-29, 2015. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/22755. Acesso em: 10 jul. 2023.
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). Nos estudos de Galatti, Santos e Korsakas (2019GALATTI, Larissa; SANTOS, Yura; KORSAKAS, Paula. A coach developers’ narrative on scaffolding a learner-centred coaching course in Brazil. International Sport Coaching Journal, v. 6, n. 3, p. 339-348, 2019. DOI: https://doi.org/10.1123/iscj.2018-0084
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) e Galatti e colaboradores (2021) com ex-atletas e atletas de basquetebol, a maior parte pretendia seguir no ramo esportivo. Portanto, os atletas tendem a seguir no esporte, pois já possuem conhecimento do contexto que vão encontrar na fase pós carreira.

Relativamente à escolha de carreira e construção do método de trabalho, Brasil et al. (2015BRASIL, Vinícius Zeilmann et al. A trajetória de vida do treinador esportivo: as situações de aprendizagem em contexto informal. Movimento, v. 21, n. 3, p. 815-829, 2015. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.50773
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) referem que o atleta aprende observando seu treinador e que posteriormente isso auxilia noutras funções, como auxiliar técnico. Observar a prática de outros treinadores também foi importante para agregar conhecimento para treinadores de diferentes esportes (BRASIL et al., 2013BRASIL, Vinicius Zeilmann et al. A aprendizagem profissional de treinadores de futsal. Revista Mineira de Educação Física, v. 9, p. 971-976, 2013.; CALLARY; WERTHNER; TRUDEL, 2011CALLARY, Bettina; WERTHNER, Penny; TRUDEL, Pierre. Shaping the way five women coaches develop: their primary and secondary socialization. Journal of Coaching Education, v. 4, n. 3, p. 76-96, 2011. DOI: https://doi.org/10.1123/jce.4.3.76
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). Essa observação tem ligação com a aprendizagem em contextos informais, sendo essa componente de vital importância para o desenvolvimento profissional do treinador. A porção de tempo gasto pelo treinador em interações decorrentes de contextos de aprendizagem formal é menor do que o número de horas que ele passa treinando, interagindo com atletas e outros treinadores (GILBERT; CÔTÉ; MALLETT, 2006GILBERT, Wade; CÔTÉ, Jean; MALLETT, Clifford. Developmental paths and activities of successful sport coaches. International Journal of Sports Science & Coaching, v. 1, n. 1, p. 69-76, 2006. DOI: https://doi.org/10.1260/174795406776338526
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). Desse modo, esse tipo de aprendizagem acaba por ser tão ou mais importante que a aprendizagem no contexto formal.

Diferentes maneiras de ingressar na profissão foram identificadas, independente da categoria que iniciaram. O estudo de Garcia (2018GARCIA, Geison da Silva. Um estudo sobre a formação de treinadores de esporte de alto rendimento de modalidades olímpicas no Rio Grande do Sul. 2018.137 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018.) apontou que ter sido atleta profissional foi um dos aspectos que contribuiu para a entrada no mercado de trabalho. No estudo de Ferreira et al. (2013FERREIRA, Heidi; SALLES, José; MOURÃO, Ludmila; MORENO, Andrea. A baixa representatividade de mulheres como técnicas esportivas no Brasil. Movimento, v. 19, n. 3, p. 103-124, 2013. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.29087
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) com 259 federações esportivas de diferentes modalidades, apenas 7% dos treinadores eram mulheres. Outro estudo de Ferreira, Salles e Mourão (2015) com treinadoras indicou que trabalhar com categoria de base foi o começo vivenciado pela maioria e que a grande barreira é a falta de inserção no mercado. Embora o estudo não tenha sido realizado com treinadoras, parece que ingressar na categoria de base também foi importante para treinadores do sexo masculino. Portanto, apesar de não ser um caminho padrão, os resultados indicam que a iniciação nas categorias de base e a prática profissional como atleta podem ser fundamentais nesse processo.

Relativamente aos conhecimentos fundamentais para a função, foram apontados o conhecimento específico sobre o futsal, a tomada de decisão e a leitura de jogo. Algumas investigações corroboram com esses resultados (GOMES; CRUZ, 2006GOMES, Antônio; CRUZ, José. Relação treinador-atleta e exercício da liderança no desporto: a percepção de treinadores de alta competição. Estudos de Psicologia, v. 11, n. 1, p. 5-15, 2006. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-294X2006000100002
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; MESQUITA et al., 2011MESQUITA, Isabel et al. Handball coaches’ perceptions about the value of working competences according to their coaching background. Journal of Sports Science & Medicine, v. 10, n. 1, p. 193-202, 2011.; ROSADO, 2000ROSADO, António. Um perfil de competências do treinador desportivo. In: SARMENTO, Pedro; ROSADO, Antonio; RODRIGUES, José (ed.), Formação de treinadores desportivos. Rio Maior: Escola Superior de Desporto de Rio Maior Edições, 2000. p. 20-56.; SILVA; PRADO; SAGLIA, 2018SILVA, Luís Felipe; PRADO, Hudson; SCAGLIA, Alcides. Competências requeridas ao treinador de futebol: um olhar a partir dos jogadores de futebol. Corpoconsciência, v. 22, n. 1, p. 24-39, 2018. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/5734. Acesso em: 10 jul. 2023.
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), sendo que a tomada de decisão e a leitura de jogo são aspectos vivenciados de maneira mais latente no contexto prático, reforçando a perspectiva de que a diversidade de experiências é essencial na formação de treinadores (CULVER; TRUDEL, 2006CULVER, Diane; TRUDEL, Pierre. Cultivating coaches’ communities of practice: developing the potential for learning through interactions. In: JONES, Robyn (ed.). The sports coach as educator. London: Routledge, 2006. p. 115-130.; MALLETT et al., 2009MALLETT, Clifford et al. Formal vs. informal coach education. International Journal of Sports Science & Coaching, v. 4, n. 3, p. 325-364, 2009. DOI: https://doi.org/10.1260/174795409789623883
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; RAMOS; BRASIL; GODA, 2012RAMOS, Valmor; BRASIL, Vinicius; GODA, Ciro. A aprendizagem profissional na percepção de treinadores de jovens surfistas. Revista da Educação Física/UEM, v. 23, n. 3, p. 431-442, 2012. DOI: https://doi.org/10.4025/reveducfis.v23i3.15320
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).

As ferramentas de análise de desempenho destacadas foram a utilização de vídeos e scout. No estudo de Nicholls et al. (2018NICHOLLS, Scott et al. Elite coaches’ use and engagement with performance analysis within Olympic and Paralympic sport. International Journal of Performance Analysis in Sport, v. 18, n. 5, p. 764-779, 2018. DOI: https://doi.org/10.1080/24748668.2018.1517290
https://doi.org/10.1080/24748668.2018.15...
), o vídeo foi umas das técnicas mais utilizadas. Relativamente ao scout, Nascimento (2020NASCIMENTO, Matheus. Análise da influência de ações técnico-táticas no desempenho de equipes de Futsal através do Scout. Revista Brasileira de Futsal e Futebol-RBFF, v. 12, n. 47, p. 46-51, 2020. Disponível em: http://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/875. Acesso em: 10 jul. 2023.
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) utilizou-se desta técnica e identificou melhor desempenho das ações técnico-táticas, como desarme e finalizações. Portanto, parecem ser ferramentas importantes para as comissões técnicas em diferentes modalidades e que devem ser exploradas.

As estratégias e relações relevantes para a função de treinador apontadas foram o feedback e a discussão/conversa. Estudos apontam o feedback como uma das estratégias importantes para os treinadores (MESQUITA et al., 2009MESQUITA, Isabel et al. A intervenção pedagógica sobre o conteúdo do treinador de futebol. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 23, n. 1, p. 25-38, 2009. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rbefe/article/view/16708. Acesso em: 10 jul. 2023.
https://www.revistas.usp.br/rbefe/articl...
; SANTOS; LOPES; RODRIGUES, 2013SANTOS, Fernando; LOPES, Hélder; RODRIGUES, José. A instrução dos treinadores e o comportamento dos atletas em competição. Estudo preliminar das expectativas, comportamentos e percepção no futebol jovem. Revista da Sociedade Científica de Pedagogia do Desporto, v. 1, n. 2, p. 218-235, 2013. Disponível em: http://www.ipg.pt/scpd/files/revista_scpd_n2.pdf. Acesso em: 10 jul. 2023.
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). No estudo de Gomes e Resende (2014GOMES, Patrícia; QUEIRÓS, Paula; BATISTA, Paula. A socialização antecipatória para a profissão docente: estudo com estudantes de Educação Física. Sociologia: Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, v. 28, p. 167-192, 2014. Disponível em: https://ojs.letras.up.pt/index.php/Sociologia/article/view/1312. Acesso em: 10 jul. 2023.
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), o feedback técnico e positivo foi preditor de boa liderança e satisfação dos atletas. A consulta de opiniões, e a discussão dos problemas com os atletas foram destacados por Gomes e Cruz (2006) com treinadores de diferentes modalidades. Desse modo, os resultados corroboram com as investigações apontadas e demonstram que essas estratégias parecem ser comuns para diferentes modalidades e objetivos.

A gestão de pessoas e a liderança também foram aspectos em destaque e apontados na literatura como fundamentais na prática dos treinadores (CUNHA et al., 2010CUNHA, Gabriel et al. Necessidades de formação para o exercício profissional na perspectiva do treinador de futebol em função da sua experiência e nível de formação. Motriz: Revista de Educação Física, v. 16, n. 4, p. 931-941, 2010. DOI: https://doi.org/10.5016/1980-6574.2010v16n4p931
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; SANTOS; MESQUITA, 2010SANTOS, Ana; MESQUITA, Isabel. Percepção dos treinadores sobre as competências profissionais em função da sua formação e experiência. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 12, n. 4, p. 275-281, 2010. DOI: https://doi.org/10.5007/1980-0037.2010V12N4P275
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; SILVA; PRADO; SCAGLIA, 2018SILVA, Luís Felipe; PRADO, Hudson; SCAGLIA, Alcides. Competências requeridas ao treinador de futebol: um olhar a partir dos jogadores de futebol. Corpoconsciência, v. 22, n. 1, p. 24-39, 2018. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/5734. Acesso em: 10 jul. 2023.
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). No estudo de Mesquita et al. (2011MESQUITA, Isabel et al. Handball coaches’ perceptions about the value of working competences according to their coaching background. Journal of Sports Science & Medicine, v. 10, n. 1, p. 193-202, 2011.) com 207 treinadores de handebol, mostrou-se que treinadores mais experientes e qualificados valorizaram competências de gestão e liderança.

Como forma de liderança, a cobrança, associada a uma relação aberta e de troca de informações com os atletas foi identificada. No estudo de Dias, Cruz e Fonseca (2009DIAS, Cláudia; CRUZ, José; FONSECA, Antônio. Emoções, stress, ansiedade e coping: estudo qualitativo com atletas de elite. 2009. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v. 9, n. 1, p. 9-23. 2009. DOI: https://doi.org/10.5628/rpcd.09.01.09
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), as principais fontes de estresse estavam relacionadas à natureza da competição, pressões externas e ao próprio desempenho dos atletas. Nascimento Junior et al. (2010) indicam que de acordo com o avanço nas categorias, maiores são as cobranças por desempenho. Esta perspectiva reflete um sentimento de comprometimento com o trabalho, além de demonstrar diferentes maneiras de se utilizar estas estratégias, desde que com a escolha adequada para o contexto.

Algumas investigações apontam que uma boa relação treinador-atleta, através da gestão compartilhada é vital para o desempenho dos atletas em diferentes contextos (GOMES; CRUZ, 2006GOMES, Antônio; CRUZ, José. Relação treinador-atleta e exercício da liderança no desporto: a percepção de treinadores de alta competição. Estudos de Psicologia, v. 11, n. 1, p. 5-15, 2006. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-294X2006000100002
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; GOMES; PAIVA, 2010). Portanto, parece ser fundamental e também haver uma relação entre a gestão de pessoas, a cobrança como forma de liderança e a partilha de informações através de uma boa relação entre treinador-atleta. Esses pontos tornam-se primordiais quando se trata de treinadores inseridos no âmbito do alto rendimento devido às responsabilidades da função neste contexto. A investigação, a par da formação de base e contínua de treinadores, deve ter em consideração a inclusão das ferramentas de gestão sociológica do grupo e dos atletas (por exemplo, o conceito de orquestração) (JONES; WALLACE, 2005JONES, Robyn L.; WALLACE, Mike. Another bad day at the training ground: Coping with ambiguity in the coaching context. Sport, Education and Society, v. 10, n. 1, p. 119-134, 2005. DOI: https://doi.org/10.1080/1357332052000308792
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). Atualmente, esse tipo de competência é utilizada como matéria de ensino em cursos internacionais de formação de treinadores (MESQUITA; GOMES, 2021MESQUITA, Isabel; GOMES, Rúben. O desempenho do papel no alto rendimento: do treinador socializado ao treinador autónomo. In: MESQUITA, Isabel; GOMES, Rúben. Coaching do Treino Desportivo Manuais de Formação Geral. Cursos de Treinadores de Desporto Grau III. Lisboa: Instituto Português do Desporto e Juventude, 2021. p. 32-48. Disponível em: https://ipdj.gov.pt/documents/20123/3644128/PNFT2021_Coaching_GIII.pdf/497c3f32-9032-7d34-6ecc-ec4ce1c28bee?t=1662375358255. Acesso em: 10 jul.. 2023.
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).

Foram destacadas pelos treinadores a intensidade nas ações do dia a dia e autocrítica. A palavra intensidade neste contexto pode ser compreendida como demonstração de paixão e dedicação ao treino e à modalidade. Sendo assim, resultados semelhantes foram encontrados por Jiménez Sáiz et al. (2007) e Arede et al. (2014AREDE, Jorge et al. Treinadores de excelência: características diferenciadoras. Revista da Sociedade Científica de Pedagogia do Desporto, v. 4, n. 2, p. 1-10, 2014.) com treinadores de elite. Esta perspectiva acaba por refletir um sentimento de comprometimento com o trabalho.

Outros aspectos também foram salientados, como os resultados esportivos obtidos, a busca de qualificação profissional constante e um maior autoconhecimento. No estudo de Soares, Antunes e Rodrigues (2011SOARES, Jorge; ANTUNES, Hélio; RODRIGUES, José. Avaliação de desempenho dos treinadores desportivos: da inexistência de um instrumento estruturado à valorização dos resultados desportivos. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 25, n. 3, p. 431-440, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1807-55092011000300008
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), os resultados esportivos foram um dos aspectos que os clubes utilizavam para avaliar os treinadores. No estudo de Antunes, Soares e Rodrigues (2017), os treinadores consideraram este critério importante na avaliação do seu desempenho.

Relativo à busca de qualificação profissional, Cortela et al. (2017CORTELA, Caio et al. Associação entre formação inicial e autopercepção de competência profissional de treinadores de tênis. Journal of Sport Pedagogy and Research, v. 3, n. 2, p. 32-42, 2017. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/323760456_Associacao_entre_formacao_inicial_e_autopercepcao_de_competencia_profissional_de_treinadores_de_tenis. Acesso em: 10 jul. 2023.
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) encontraram associação de maior autopercepção de competência em relação à formação inicial dos treinadores, porém, Cortela et al. (2019) não associaram a uma formação continuada. O autoconhecimento, aspecto que pode ser associado à reflexão, é comumente citado na literatura como sendo uma competência importante dos treinadores esportivos (CÔTÉ; GILBERT, 2009CÔTÉ, Jean; GILBERT, Wade. An integrative definition of coaching effectiveness and expertise. International Journal of Sports Science & Coaching, v. 4, n. 3, p. 307-323, 2009. DOI: https://doi.org/10.1260/174795409789623892
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; EGERLAND et al. 2013EGERLAND, Ema et al. Potencialidades e necessidades profissionais na formação de treinadores desportivos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 21, n. 2, p. 31-38, 2013. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rbcm/article/view/3302. Acesso em: 10 jul. 2023.
https://portalrevistas.ucb.br/index.php/...
; GILBERT; TRUDEL, 2013; JIMÉNEZ-SÁIZ; LORENZO CALVO; IBANEZ GODOY, 2009JIMÉNEZ SÁIZ, Sergio; LORENZO CALVO, Alberto; IBÁNEZ GODOY, Sergio. El desarrollo de la pericia en los entrenadores españoles expertos en baloncesto. Revista Internacional de Ciencias del Deporte- RICYDE, v. 5, n. 17, p. 19-32, 2009. DOI: https://doi.org/10.5232/ricyde2009.01702
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). Portanto, os resultados obtidos, associados à busca por qualificação profissional e ao processo de reflexão parecem propiciar aos treinadores esse sentimento de aptidão e preparo para competência profissional.

Relativamente ao desenvolvimento dos atletas, destacaram-se os aspectos técnico-táticos, psicológicos e cognitivos. Os aspectos técnicos, táticos e psicológicos foram considerados fundamentais no desempenho (REINA-GÓMEZ; HERNANDEZ MENDO, 2012REINA-GÓMEZ, Álvaro; HERNÁNDEZ-MENDO, Antônio. Revisión de indicadores de rendimiento en fútbol. Revista Iberoamericana de Ciencias de la Actividad Física y el Deporte - RICAFD, v. 1, n. 1, p. 1-14, 2012. DOI: https://doi.org/10.24310/riccafd.2012.v1i1.1990
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) e na formação de atletas de futebol (PAZO HARO et al., 2011PAZO HARO, Clara et al. La formación de los jugadores de fútbol de alta competición desde la perspectiva de los coordinadores de cantera. Apunts. Educación física y deportes, n. 104, p. 56-65, 2011. DOI: https://dx.doi.org/10.5672/apunts.2014-0983.es.(2011/2).104.06
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) e futsal (FIGUEIREDO; SILVA, 2018SILVA, Luís Felipe; PRADO, Hudson; SCAGLIA, Alcides. Competências requeridas ao treinador de futebol: um olhar a partir dos jogadores de futebol. Corpoconsciência, v. 22, n. 1, p. 24-39, 2018. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/5734. Acesso em: 10 jul. 2023.
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). Para Matias e Greco (2010MATIAS, Cristino; GRECO, Pablo. Cognição & ação nos jogos esportivos coletivos. Ciências & Cognição, v. 15, n. 1, p. 252-271, 2010. Disponível em: https://www.cienciasecognicao.org/pdf/v15_1/m123_09.pdf. Acesso em: 10 jul. 2023.
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) atletas com competência cognitiva foram considerados peritos e compreenderam melhor as situações de jogo e tomaram melhores decisões.

No domínio cognitivo, destacou-se o uso do questionamento, que conforme Cope et al. (2016COPE, Ed et al. An investigation of professional top-level youth football coaches’ questioning practice. Qualitative Research in Sport, Exercise and Health, v. 8, n. 4, p. 380-393, 2016. DOI: https://doi.org/10.1080/2159676X.2016.1157829
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), promovem melhor resolução de problemas e tomada de decisão por parte dos atletas e para Pizarro et al. (2019PIZARRO, David et al. The effects of a nonlinear pedagogy training program in the technical-tactical behaviour of youth futsal players. International Journal of Sports Science & Coaching, v. 14, n. 1, p. 15-23, 2019. DOI: https://doi.org/10.1177/1747954118812072
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) foi considerado boa estratégia para melhorar habilidades técnico-táticas. Não obstante, existe um apelo crescente a que os treinadores humanizem a sua ação profissional, colocando o atleta no centro do processo, enfatizando o desenvolvimento multidimensional dos atletas. A investigação tem mostrado que o desenvolvimento dessas competências pode, e deve iniciar-se no processo de formação inicial dos treinadores. O recurso a pedagogias de envolvimento ativo dos futuros treinadores na construção de uma identidade profissional e pessoal, sustentada em saberes construídos coletivamente com os pares, parece empoderar os futuros treinadores na adoção de uma práxis profissional que transcende os limites do saber meramente técnico (MESQUITA et al., 2023MESQUITA, Isabel et al. How can learner-oriented scaffolding strategies be implemented in coach education? a case study. Research Quarterly for Exercise and Sport, v. 94, n. 1, p. 216-225, 2023. DOI: https://doi.org/10.1080/02701367.2021.1961994
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). Em concomitância com políticas esportivas, e respectivos programas de formação de treinadores que alinhem com estas novas correntes, é necessário que futuras investigações averiguem as implicações pedagógicas e práticas para a formação dos treinadores e para o desenvolvimento do treinador de futsal.

Relativamente aos estudos e redes sociais, Maquiaveli et al. (2021MAQUIAVELI, Giulia et al. O desafio da dupla carreira: análise sobre os graus acadêmicos de atletas de elite do futsal feminino brasileiro. The Journal of the Latin American Socio-cultural Studies of Sport (ALESDE), v. 13, n. 1, p. 54-80, 2021. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/alesde/article/view/80417/43753. Acesso em: 10 jul. 2023.
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) concluíram que o futsal tem colaborado para inserção e permanência de atletas na carreira acadêmica. Porém, o uso excessivo das redes sociais podem influenciar em fatores como perda de atenção, concentração, foco (MOIOLI, 2013MOIOLI, Altair. A relação das novas mídias de comunicação e o esporte: rupturas e conflitos para a formação moral a partir da representação social do futebol. 2013. 301 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Humano e Tecnologias) - Instituto de Biociências de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro, 2013.), desempenho (MORÃO et al., 2016MORÃO, Kauan et al. Redes sociais virtuais e o contexto esportivo: alterações emocionais em atletas. In: SIMPOSIO NACIONAL ABCiber, 9., São Paulo, 2016. [Anais...]. São Paulo: PUC, p. 1166-1170, 2016. Disponível em: https://abciber.org.br/anaiseletronicos/wp-content/uploads/2016/trabalhos/redes_sociais_virtuais_e_o_contexto_esportivo_alteracoes_emocionais_em_atletas_kauan_galvao_morao.pdf. Acesso em: 2 set. 2022.
https://abciber.org.br/anaiseletronicos/...
) e problemas com torcedores e mídia (VERZANI et al., 2018VERZANI, Renato et al. Interferências da cibercultura em atletas de alto rendimento: olhar sobre futebolistas. Revista Brasileira de Futsal e Futebol-RBFF, v. 10, n. 40, supl. 1, p. 583-588, 2018. Disponível em: http://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/637. Acesso em: 10 jul. 2023.
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). Esses diversos aspectos apontados demonstram uma preocupação global dos treinadores em relação ao desenvolvimento dos atletas, buscando diferentes formas de auxiliá-los, corroborando com a perspectiva de que o treinador abarca uma série de ações que são inerentes à função, sendo essa relação com os atletas mais uma destas atribuições (MILISTETD; TOZETTO; CORTELA, 2021MILISTETD, Michel; TOZETTO, Alexandre; CORTELA, Caio. Coleção Cadernos do Treinador: coaching esportivo e competências profissionais. Florianópolis: NUPPEUFSC, 2021. v. II, 78 p. Disponível em: https://unigra.com.br/arquivos/cadernos-do-treinador:-coaching-esportivo-e-competencias-profissionais-.pdf. Acesso em: 8 jul. 2022.
https://unigra.com.br/arquivos/cadernos-...
; RESENDE, 2018RESENDE, Rui. Filosofia do treinador e sua implementação com eficácia. Journal of Sport Pedagogy and Research, v. 4, n. 3, p. 51-59, 2018. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Rui-Resende/publication/330842415_Filosofia_do_Treinador_e_sua_Implementacao_com_Eficacia/links/5c574172458515a4c755b6cc/Filosofia-do-Treinador-e-sua-Implementacao-com-Eficacia.pdf. Acesso em: 10 jul. 2023.
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).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo permitiu apontar diversas experiências que influenciaram na trajetória e na escolha de carreira dos treinadores, como a família, escola, a prática prolongada como atleta e seus treinadores. Para a prática competente da função, conhecimentos específicos sobre o futsal, a leitura de jogo e a tomada de decisão, somados às ferramentas de análise de vídeo e scout demonstraram ser essenciais. Dentro das estratégias adotadas pelos treinadores, o feedback e a discussão com os atletas parecem ter papel importante na prática. Nas relações com os agentes esportivos, a gestão de pessoas e a liderança, de maneira compartilhada e com a devida cobrança, também tiveram destaque.

A intensidade nas ações diárias e a autocrítica parecem fazer parte da rotina dos treinadores para que tenham um reconhecimento por parte dos atletas. Para isso, a avaliação dos resultados obtidos, associados à busca de qualificação profissional e uma busca por autoconhecimento são relevantes. No desenvolvimento dos atletas, os diversos aspectos técnicos-táticos, psicológicos, cognitivos e extra quadra transmitem uma perspectiva de preocupação geral por parte dos treinadores.

Assim, o estudo buscou apontar diversos pontos fundamentais, desde o ingresso e aspectos que influenciaram os treinadores no contato inicial com a modalidade, passando pelas estratégias utilizadas na prática, ferramentas de análise de desempenho, além dos conhecimentos e competências relevantes para a função. Esses pontos podem levantar discussões interessantes acerca da prática profissional diária e da formação de treinadores, visto que parecem ser temáticas comuns a diferentes esportes e ainda pouco aprofundadas no futsal, podendo gerar novos estudos na área e avanços no conhecimento sobre a modalidade.

Portanto, torna-se fundamental que mais estudos sejam realizados, tanto no âmbito do alto rendimento, educacional e de formação, como também com treinadoras mulheres para entender suas particularidades. Outras temáticas como a inserção da mulher no ambiente de treino, as dificuldades que causam a falta de uma formação específica de treinadores na modalidade, além de compreender de modo mais específico o papel do treinador no desenvolvimento do atleta no contexto atual também podem ser aprofundadas. Assim, será possível compreender de modo ampliado a realidade vivenciada pelos treinadores e treinadoras e que estas reflexões possam contribuir com seus processos de formação, qualificando suas práticas.

REFERÊNCIAS

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  • ÉTICA DE PESQUISA

    A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética de Pesquisa (CEP) da Universidade do Porto - Portugal, protocolo CEFADE 0421

Editado por

RESPONSABILIDADE EDITORIAL

Alex Branco Fraga *, Elisandro Schultz Wittizorecki *, Guy Ginciene*, Mauro Myskiw*, Raquel da Silveira *
* Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Out 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    01 Abr 2023
  • Aceito
    05 Jun 2023
  • Publicado
    21 Ago 2023
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rua Felizardo, 750 Jardim Botânico, CEP: 90690-200, RS - Porto Alegre, (51) 3308 5814 - Porto Alegre - RS - Brazil
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