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Panorama da publicação científica: desafios aos editores nacionais

O processo de publicação científica é deveras complexo, pois é eminentemente humano, traduzindo-se numa rede intrincada de sujeitos tais como autores, editores chefes, editores associados, revisores ad hoc, órgãos financiadores, associações científicas, universidades, editoras dentre outras instituições. Condição que o torna singular mas ao mesmo tempo plural, pois diferentes são os interesses destes atores com a publicação científica.

São interesses por vezes velados, mas percebidos principalmente por aqueles que trazem em si a responsabilidade primeira de oferecer à comunidade científica de uma determinada área do conhecimento um periódico de qualidade, ou seja, que delinearam uma gestão editorial competitiva. Presteza, agilidade, altos índices de impacto, indexação em bases de dados internacionais e visibilidade configuram critérios de excelência que estão na ordem do dia dos Editores Chefes e Comissão Editorial, sob pena de perderem espaços preciosos já conquistados no mundo científico.

São por estes caminhos que os autores elegem um periódico para a publicação de suas produções científicas, e com direito, pois é a construção do conhecimento ou a ciência in natura que estão a divulgar, buscando transformar realidades, (re)orientar concepções e/ou paradigmas.

Mas há de se destacar que esta pluralidade de expectativas nem sempre é condizente com a realidade que caracteriza os bastidores(1) do processo de publicação cientifica. Não raro este é despercebido principalmente pelos autores e sobretudo pelos órgãos de fomento e/ou pelos responsáveis por ditarem critérios e métricas que nem sempre consideram o dia a dia dos periódicos na labuta pela qualidade do produto a ser oferecido à comunidade científica.

Neste contexto insere-se o tema panorama nacional da publicação científica: desafios aos editores.

Nos últimos anos tem sido pauta contínua das discussões dos eventos relacionados à editoração científica, critérios e estratégias para a visibilidade dos periódicos nacionais. Dentre estes os adotados para a estratificação dos periódicos - Qualis CAPES, no caso, área de enfermagem( 22. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Diretoria de Avaliação (BR) . Documento de área 2013, área de avaliação: Enfermagem, Brasília; [citado 2014 dez 18] 2013. Disponível em: http://qualis.capes.gov.br/webqualis/publico/documentosDeArea.seam?conversationPropagation=begin
http://qualis.capes.gov.br/webqualis/pub...
) e, recentemente os determinados para a manutenção e/ou submissão de novos periódicos ao SciELO Brasil(3) e o projeto para internacionalização de periódicos científicos brasileiros da CAPES cuja proposta é de adoção de editoras internacionais objetivando a produção, hospedagem e visibilidade. Apreende-se que estes se inserem em três grandes dimensões, quais sejam: internacionalização, profissionalização e autonomia financeira.

Embora se acredite que esta seja uma intenção nobre e que vem ao encontro da visibilidade e consumo da produção científica dos pesquisadores brasileiros pela comunidade internacional, constata-se, à análise das mesmas, que carecem seus idealizadores de uma apropriação da realidade vivenciada pelos Editores Chefes responsáveis pela gestão editorial. Há condições regionais relevantes que são específicas das pesquisas brasileiras, dados que não podem prescindir do olhar interno nestas avaliações devido à importância para o cenário nacional.

Inúmeros editores e/ou associados nacionais, muito antes desta situação eminente, já vêm vivenciando dificuldades de toda ordem na gerência editorial, e assim honrar seus compromissos com os autores e comunidade científica.

A condição para a publicação científica nacional tipificada na internacionalização, profissionalização e autonomia financeira configuram verdadeiros desafios aos editores chefes, e/ou associados para a manutenção e quiçá para a inserção no mercado das produções internacionais.

Em que pese estas exigências a Revista Gaúcha de Enfermagem, atenta a estas questões e no cumprimento de suas metas, coloca à disposição da comunidade científica de enfermagem o volume 35 nº 4 de dezembro de 2014. E reafirma estar com todos os atores responsáveis por sua publicação/editoração a fazer o exercício acadêmico numa perspectiva interacionista humana, social e científica que lhe é própria.

REFERENCES

  • 1
    Conceição MIG. Nos bastidores da editoração. Psic: Teor Pesq. 2006;22(1):iii-iv.
  • 2
    Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Diretoria de Avaliação (BR) . Documento de área 2013, área de avaliação: Enfermagem, Brasília; [citado 2014 dez 18] 2013. Disponível em: http://qualis.capes.gov.br/webqualis/publico/documentosDeArea.seam?conversationPropagation=begin
    » http://qualis.capes.gov.br/webqualis/publico/documentosDeArea.seam?conversationPropagation=begin
  • 3
    Scientific Electronic Library Online (BR). Critérios, política e procedimentos para a admissão e a permanência de periódicos científicos na coleção SciELO Brasil. São Paulo; [citado 2014 dez 18] 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/avaliacao/20141003NovosCriterios_SciELO_Brasil.pdf
    » http://www.scielo.br/avaliacao/20141003NovosCriterios_SciELO_Brasil.pdf

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2014
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