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Percepções de homens sobre a vivência da paternidade na adolescência: uma perspectiva bioecológica

Percepción de hombres sobre la vivencia de la paternidad en la adolescencia: una perspectiva bioecológica

RESUMO

Objetivo

conhecer a percepção de homens sobre a vivência da paternidade na adolescência.

Método

estudo qualitativo, realizado com cinco homens que vivenciaram a paternidade durante a adolescência. A coleta dos dados ocorreu por meio de entrevista em profundidade, no domicílio, em agosto de 2013, em um município do Sul do Brasil. Analisaram-se os dados com o modelo teórico de Urie Bronfenbrenner.

Resultados

viver a paternidade na adolescência foi uma experiência de amadurecimento e reflexões a respeito do papel de pai e suas atribuições. A família foi o microssistema referenciado e influenciou o desenvolvimento da paternidade. Identificou-se o quanto as implicações da paternidade na adolescência repercutiram ao longo de suas vidas.

Conclusão

é importante introduzir a temática paternidade nos sistemas de saúde, para que o adolescente possa exercitá-la de maneira saudável. A enfermagem tem papel relevante, pois pode acolhê-los e direcionar o olhar para suas singularidades.

Paternidade; Adolescente; Relações pai-filho; Pesquisa qualitativa

RESUMEN

Objetivo

conocer la percepción de los hombres acerca de la experiencia de la paternidad en la adolescencia.

Método

estudio cualitativo, realizado con cinco hombres que han experimentado la paternidad en la adolescencia. La recolección de datos ocurrió a través de entrevistas en profundidad, en casa, en agosto de 2013, en una ciudad en el sur de Brasil. Los datos se analizaron con el modelo teórico de Urie Bronfenbrenner.

Resultados

la experiencia de paternidad en la adolescencia fue un crescimiento como hombre y estimuló reflexiones sobre el papel de padre. El microsistema es la família y esta influyencia en la paternidad. Fue identificado las implicaciones de la paternidad en la adolescencia y las repercusiones durante su vida.

Conclusión

es importante introducir el tema de la paternidad en los sistemas de salud y educación. Enfermería tiene un papel importante, ya que puede darles la bienvenida y dirigir la mirada a las singularidades.

Paternidad; Adolescente; Relaciones padre-hijo; Investigación cualitativa

ABSTRACT

Objective

to know the perception of men of the experience of parenting during adolescence.

Method

a qualitative study conducted with five men who experienced paternity during adolescence. Data were collected by means of in-depth interviews at the homes of the subjects in August 2013, in a city of southern Brazil. The data were analysed with the theoretical model of Urie Bronfenbrenner.

Results

paternity in adolescence was a coming of age experience that triggered reflection on the role of the father and his duties. The referenced microsystem was the family and it influenced the development of parenthood. Paternity has implications during adolescence and repercussions throughout the lives of the subjects.

Conclusion

it is important to introduce the topic of fatherhood in the health and education systems in order for adolescents to exercise parenting in a healthy manner. Nursing plays an important role because it can assist this population and target attention toward the singularities of parenthood.

Paternity; Adolescent; Father-child relations; Qualitative research

INTRODUÇÃO

A paternidade representa para o homem uma fase com novas experiências, na qual aprende a expressar e lidar com diferentes emoções. Esse fenômeno pode implicar em construções e reconstruções do papel de pai, que são comumente conseguidas mediante sua participação ativa no desenrolar da gravidez da companheira. Essas modificações podem estar vinculadas ao significado social que o filho representa para ele, por exemplo, comprovação da sua virilidade, reconhecimento de poder, papel de provedor familiar e responsabilidades perante a família e a sociedade(11. Freitas WMF, Silva ATMC, Coelho EAC, Guedes RN, Lucena KDT, Costa APT. Paternidade: responsabilidade social do homem no papel de provedor. Rev Saude Publ. 2009;43(1):85-90.).

A paternidade tem se tornado uma questão importante na política social de alguns países, principalmente quando se trata de pais adolescentes, pois estes enfrentam pressões adicionais e problemas ligados diretamente à sua idade, o que concorre para identificá-los como mal preparados para as demandas colocadas pela paternidade(22. Hendessi M, Dodwell C. Supporting young parents: models of good practice. Oxford: YWCA; 2002.). A inserção do adolescente no processo de tornar-se pai geralmente causa mudanças e readaptações de ordem psicossocial, formando novos papéis para a organização da vida do mesmo(33. Bueno MEN, Meincke SMK, Schwartz E, Soares MC, Corrêa ACL. Paternidade na adolescência: a família como rede social de apoio. Texto Contexto Enferm.2012;21(2):313-9.).

Ao vivenciar a paternidade e a adolescência ao mesmo tempo, geralmente, a pessoa enfrenta dificuldades diante desses processos, pois em decorrência de sua idade cronológica pode não conseguir concluir seus estudos e, muitas vezes, não adquire a estabilidade profissional(44. Luz AMH, Berni NIO. Processo da paternidade na adolescência. Rev Bras Enferm. 2010;63(1):43-50.). Estes aspectos de vulnerabilidade para a paternidade na adolescência acarretam, na maioria das vezes, precariedade e abandono educacional, remuneração sem vínculo empregatício e dependência econômica da família(55. Trivedi D, Brooks F, Bunn F, Graham M. Early fatherhood: a mapping of the evidence base relating to pregnancy prevention and parenting support. Health Educ Res. 2009;24(6):999-1028.-66. Fletcher JM, Wolfe BL. The effects of teenage fatherhood on young adult outcomes. Econ Ing. 2012;50(1):182-201.).

É indispensável olhar as relações sociais do pai adolescente, a fim de dar visibilidade às necessidades vivenciadas. Acredita-se que o adolescente necessita receber apoio tanto dos familiares, amigos, quanto dos serviços de saúde, para que possa experienciar a paternidade da melhor forma.

Na paternidade na adolescência a família é considerada o principal apoio, pois é nela que ocorrem as interações diretas e as experiências significativas para a pessoa. A família é responsável por conduzir o adolescente à compreensão de conceitos e valores básicos, ao engajamento na realização de tarefas e ao seu papel social(33. Bueno MEN, Meincke SMK, Schwartz E, Soares MC, Corrêa ACL. Paternidade na adolescência: a família como rede social de apoio. Texto Contexto Enferm.2012;21(2):313-9.).

O adolescente ao vivenciar a paternidade, frequentemente, é acompanhado por dúvidas, anseios, conflitos, e a ambivalência de ser pai e de ser adolescente. Assim sendo, acredita-se que aprofundar conhecimentos sobre percepção de homens sobre a paternidade na adolescência poderá qualificar a atenção dos profissionais da saúde a esta população, pois, os profissionais ao ampliarem o foco de atenção e cuidado com um olhar voltado para as singularidades do ciclo vital do homem estarão contribuindo para sua inserção nas políticas públicas de saúde.

Considerando que o pai adolescente encontra-se em uma fase de muitas transformações e inquietações, acredita-se que o momento propício para investigar a paternidade vivenciada na adolescência é a idade adulta, pois nessa etapa da vida, em geral, o homem adulto pode vir a expressar sua experiência com mais amadurecimento. Sendo capaz de trazer as interações e as mudanças ocorridas durante processo desenvolvimental da paternidade na adolescência, a respeito das mudanças ocorridas consigo.

Diante do exposto, propôs-se a questão de pesquisa: Qual a percepção de homens sobre a vivência da paternidade na adolescência? Elencou-se como objetivo conhecer a percepção de homens sobre a vivência da paternidade na adolescência.

MÉTODOS

Estudo exploratório, descritivo e de abordagem qualitativa. Este artigo é um recorte dos dados da dissertação intitulada “Percepção de homens sobre a vivência da paternidade na adolescência”(77. Correa ACL. Percepção de homens sobre a vivência da paternidade na adolescência [dissertação]. Pelotas (RS): Universidade Federal de Pelotas; 2013.). Os participantes foram cinco homens que vivenciaram a paternidade na adolescência. A coleta dos dados foi realizada individualmente, no domicílio de cada entrevistado, durante o mês de agosto de 2013, por meio de entrevista em profundidade, para aprofundar conhecimentos, como também por favorecer a descrição dos fenômenos sociais, sua explicação e a compreensão de sua totalidade(88. Triviños A. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo (SP): Atlas; 2008.).

O procedimento para coleta de dados ocorreu por meio da técnica de bola de neve, método de amostragem intencional que permite a definição de uma amostra por meio das indicações procedidas por pessoas que compartilham ou conhecem outras com características em comum de interesse do estudo(99. Goodman LA. Snowball sampling. Ann Math Stat. 1961;32(1):148-70.). O ponto de partida para a seleção dos participantes ocorreu em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) localizada em uma zona periférica de um município no Sul do Brasil. Os critérios de inclusão foram: ter vivenciado a paternidade entre os 10 e os 19 anos(1010. World Health Organization [Internet]. Geneva: The Organization; c2013- [atualizado 2013 jul. 18; citado 2013 jul. 18]. Maternal, newborn, child and adolescent health; [aprox. 3 telas].Disponível em: http://www.who.int/maternal_child_adolescent/topics/adolescence/en/index.html
http://www.who.int/maternal_child_adoles...
); ter idade superior a 24 anos(1111. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual técnico diretrizes nacionais para a atenção integral à saúde de adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2010.); residir no perímetro urbano do município em questão.

Os dados foram submetidos à análise de conteúdo(1212. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011.). Para isso, as entrevistas foram transcritas e após os dados foram agrupados pela similaridade de ideias, distribuídos em categorias e identificado os núcleos de sentido nas falas dos participantes. A seguir estes núcleos foram interpretados e analisados com auxílio de fundamentação teórica do Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano de Urie Bronfenbrenner(1313. Bronfenbrenner U. Making human beings human: bioecological perspectives on human development. Thousand Oaks: Sage; 2005.).

Para tanto adotou-se os quatro elementos-chave do Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano (PPTC): Processo, Pessoa, Tempo e o Contexto(1313. Bronfenbrenner U. Making human beings human: bioecological perspectives on human development. Thousand Oaks: Sage; 2005.). O uso do modelo encontra sustentação junto à temática, porque o pai adolescente (pessoa) passa por mudanças durante o tempo em busca de uma identidade para expressar seu novo processo (paternidade), ocorrendo nesse momento, mudanças de papel, e do contexto, com a chegada do filho.

Esse modelo teórico aborda o comportamento do ser humano (pessoa) por meio das relações/interações que ele apresenta com outras pessoas/objetos/símbolos e ambientes (contexto) durante o ciclo do desenvolvimento humano (processo) através das gerações (tempo). Acredita-se que as múltiplas interações que acompanham e envolvem o processo da paternidade na adolescência estão relacionadas aos componentes definidores do Modelo PPTC(1313. Bronfenbrenner U. Making human beings human: bioecological perspectives on human development. Thousand Oaks: Sage; 2005.).

A pessoa refere-se às características biopsicologicamente determinadas construídas nas interações com o ambiente. O processo se constitui pelos papéis e atividades da pessoa em desenvolvimento(1313. Bronfenbrenner U. Making human beings human: bioecological perspectives on human development. Thousand Oaks: Sage; 2005.).

O tempo envolve as interações e alterações nas características da pessoa e do ambiente ao longo do desenvolvimento humano no ciclo da vida(1313. Bronfenbrenner U. Making human beings human: bioecological perspectives on human development. Thousand Oaks: Sage; 2005.). Neste estudo, o tempo foi considerado um elemento importante, pois permitiu aprofundar conhecimentos sobre a paternidade vivenciada na adolescência, uma vez que o homem adulto já desenvolveu interações, experiências e transições nas suas relações. Já o contextoé outro elemento importante para que aconteçam os processos desenvolvimentais, sendo tanto os ambientes mais imediatos nos quais vive a pessoa em desenvolvimento, quanto os mais distantes, nos quais a pessoa não participa, mas que se relacionam e têm o poder de influenciar o curso do desenvolvimento humano(1313. Bronfenbrenner U. Making human beings human: bioecological perspectives on human development. Thousand Oaks: Sage; 2005.).

Obteve-se aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas sob o n° 333.830/2013, respeitou-se a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde(1414 .Ministério da Saúde (BR). Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União [da] República Federativa do Brasil. 2013 jun 13;150(112 Seção 1):59-62.). Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias, ficando uma com o participante e a outra com a pesquisadora. O anonimato dos informantes foi garantido e os homens foram identificados por nomes fictícios de Roberto, Mateus, João, Rafael e Rodrigo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da análise dos dados elencou-se o núcleo temático: “Percepções de homens sobre a vivência da paternidade na adolescência”, que será apresentado a seguir.

Torna-se relevante apresentar os cinco homens que vivenciaram a paternidade na adolescência, a fim de contribuir para o entendimento do contexto no qual ocorreu o estudo. A idade variou de 29 a 34 anos. Dois mantinham-se casados com as mães do seu primeiro filho e três eram solteiros. Dois tiveram mais filhos após a adolescência. No que diz respeito à idade em que os homens foram pais, com três aconteceu aos 17 anos, e dois, aos 19 anos de idade. No momento da coleta de dados dois estavam cursando o ensino superior, três possuíam ensino médio completo, sendo dois formados em nível técnico.

Com base na análise dos dados de relevância ao presente estudo e no modelo teórico, surgiram três categorias referentes a percepções de homens que vivenciaram a paternidade na adolescência: Processo desenvolvimental da paternidade na adolescência: mudanças e interações; Família – um vínculo apoiador no processo da paternidade na adolescência; Reflexões e sentimentos advindos do processo da paternidade na adolescência.

Processo desenvolvimental da paternidade na adolescência: mudanças e interações

A paternidade é construída ao longo do desenvolvimento na medida em que a pessoa interage com outros homens no exercício de ser pai. Tornar-se pai na adolescência consiste em uma mudança na forma de o adolescente perceber e interagir com outras pessoas e o seu ambiente, assim, ele poderá adquirir uma concepção ampliada, diferenciada e válida do ambiente ecológico, tornando-se motivado ou reprimido para envolver-se em atividades que revelem suas habilidades parentais(1515. Meincke SMK, Carraro TE. Vivência da paternidade na adolescência: sentimentos expressos pela família do pai adolescente. Texto Contexto Enferm. 2009;18(1):83-91.).

Observa-se nos relatos de Mateus e Roberto, que apesar de se sentirem chocados com a notícia da paternidade durante a adolescência, conseguiram iniciar o processo desenvolvimental de ser pai exercendo papeis, habilidades e conhecimentos até então não desenvolvidos por eles.

No primeiro momento foi chocante [...] não caiu a ficha. Pô! vou ser pai, vou ter que mudar?! Porque eu pegava o salário e gastava tudo com roupa, festas [...] mas depois eu comecei a ser mais responsável com meu próprio salário. Tive que mudar o estilo de vida. A responsabilidade foi uma coisa que mudou (Mateus).

Foi muito complicado, eu me assustei porque eu tinha 16 anos [...] Era aquela fase que eu jogava futebol, saia para festa, e aí de repente tu vê que essa fase foi cortada. Então para mim foi susto [...] eu pensava: como é que eu, sendo pai agora, vou conseguir conciliar essas duas coisas? Essa fase eu tive que pular, tive que trabalhar para ter os compromissos com meu filho, pagar as contas, comprar as coisas para ele [...] (Roberto).

A paternidade foi marcada com responsabilidade para Mateus e Roberto, tendo eles modificados hábitos como de deixar de frequentar lugares em prol do cuidado e sustento do filho. Outros estudos também evidenciaram os mesmo sentimentos e modificações na vida de jovens que vivenciaram a paternidade(11. Freitas WMF, Silva ATMC, Coelho EAC, Guedes RN, Lucena KDT, Costa APT. Paternidade: responsabilidade social do homem no papel de provedor. Rev Saude Publ. 2009;43(1):85-90.,44. Luz AMH, Berni NIO. Processo da paternidade na adolescência. Rev Bras Enferm. 2010;63(1):43-50.,1616. Sampaio KJ, Villela WV, Oliveira EM. Significados atribuídos a paternidade por adolescentes. Acta Paul Enferm. 2014;27(1):1-5.).

Com base no Modelo PPTC, observa-se que ao se tornarem pais na adolescência, Mateus, Roberto começaram a exercitar a paternidade e desempenhar interações nos diversos contextos nos quais se envolviam, aprendendo a desenvolver novos papéis que aceleraram a transição à vida adulta.

Nesse sentido, a inserção no processo de tornar-se pai causa mudanças e readaptações para o adolescente, estando repleta de significados, sentimentos e responsabilidades na construção dos novos papéis e para a organização da vida do mesmo(33. Bueno MEN, Meincke SMK, Schwartz E, Soares MC, Corrêa ACL. Paternidade na adolescência: a família como rede social de apoio. Texto Contexto Enferm.2012;21(2):313-9.,55. Trivedi D, Brooks F, Bunn F, Graham M. Early fatherhood: a mapping of the evidence base relating to pregnancy prevention and parenting support. Health Educ Res. 2009;24(6):999-1028.).

A paternidade na adolescência é marcada por sentimentos diversos, que vão desde satisfação pela criança que virá ao mundo, como também o de perda da liberdade, deixar de viver e agir conforme sua vontade e seu desejo(1515. Meincke SMK, Carraro TE. Vivência da paternidade na adolescência: sentimentos expressos pela família do pai adolescente. Texto Contexto Enferm. 2009;18(1):83-91.-1616. Sampaio KJ, Villela WV, Oliveira EM. Significados atribuídos a paternidade por adolescentes. Acta Paul Enferm. 2014;27(1):1-5.). Os adolescentes Mateus e Roberto perceberam-se obrigados a abrir mão de vivências que lhes davam prazer, em virtude da nova vida que assumiram.

A vinda de uma criança pode modificar a vida do adolescente, fazendo-o compreender que, sendo pai, ele é menos filho e mais adulto, assim percebe mudanças na sua vida que irão lhe incorporar novas tarefas e responsabilidades(11. Freitas WMF, Silva ATMC, Coelho EAC, Guedes RN, Lucena KDT, Costa APT. Paternidade: responsabilidade social do homem no papel de provedor. Rev Saude Publ. 2009;43(1):85-90.,1616. Sampaio KJ, Villela WV, Oliveira EM. Significados atribuídos a paternidade por adolescentes. Acta Paul Enferm. 2014;27(1):1-5.).

[...] Eu nunca imaginei que eu fosse vê-la com apenas um mês, e eu estava cuidando dela, trocando fralda. Nunca me imaginei fazendo isso, e nós tão cedo já estávamos tendo que criar certa responsabilidade [...] com a idade que a gente tinha, constituir casa e ter filho é bem mais difícil [...] (João).

Eu não sabia o que era ser pai [...] achei que não conseguiria ser pai, como vou sustentar meu filho? Eu era completamente dependente do meu pai [...] e quando meu filho me pedir as coisas? Como eu vou fazer? Eu não tinha como saber? Foi complicado, mas consegui (Roberto).

Percebe-se nessas falas o impacto que as mudanças de papéis trouxeram para a vivencia da paternidade na adolescência. Assim, quando adolescentes(1717. Fundo das Nações Unidas para a Infância. O direito de ser adolescente: oportunidade para reduzir vulnerabilidades e superar desigualdades. Brasília (DF): Unicef; 2011[citado 2015 abr. 27]. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sabrep11.pdf
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sabre...
). tornam-se chefes de família, se deparam com a troca dos papéis dentro de casa: assumem responsabilidades incompatíveis com sua idade e condição especial de sujeitos em desenvolvimento

Dessa forma, uma rede de apoio para os adolescentes vivenciarem esta etapa é de suma importância. A busca pela aceitação da paternidade é um processo lento e difícil para o adolescente, que requer um auxílio embasado no diálogo, na compreensão e interação com diversos contextos(33. Bueno MEN, Meincke SMK, Schwartz E, Soares MC, Corrêa ACL. Paternidade na adolescência: a família como rede social de apoio. Texto Contexto Enferm.2012;21(2):313-9.).

No entanto, observa-se que Rafael teve dificuldade de enfrentar este processo e que considerava não ter tido responsabilidade para desenvolver seu papel de pai.

[...] eu sempre quis ter filho cedo, mas não poderia, pois não tinha condições, era muito irresponsável [...] com 18 anos era imaturo [...] talvez por ser filho único na época [...] eu fui mimado pela minha mãe e pela minha avó [...] eu não tinha responsabilidade enquanto pai [...] meu pai também, eu sou mais ou menos igual a ele, muito irresponsável (Rafael).

Nota-se na fala de Rafael que sua imaturidade relacionava-se com o processo desenvolvimental vivenciado, bem como o contexto em que foi criado, fato que proporcionou-lhe dificuldades para desenvolver o papel de pai. Observa-se que o exercício da paternidade estava embasado na vivência ausente/irresponsável do pai, a qual ele reproduziu na adolescência. O contexto(1313. Bronfenbrenner U. Making human beings human: bioecological perspectives on human development. Thousand Oaks: Sage; 2005.) de um sistema pode influenciar positiva ou negativamente as características de uma pessoa, sendo fruto das interações desenvolvidas no ambiente.

As transições para vivenciar a paternidade na adolescência são frequentemente acompanhadas por estresse e ajustes emocionais(22. Hendessi M, Dodwell C. Supporting young parents: models of good practice. Oxford: YWCA; 2002.). Essa situação foi constatada pelo pai Rodrigo, pois em alguns momentos relatou que não se considerava pai de sua filha concebida na adolescência, apresentando, assim, uma fragilidade para assumir tarefas e responsabilidades no exercício da paternidade.

Decepção total, com 17 anos [...] eu não estava preparado, era muito jovem, não sabia nada da vida [...] Olha, eu tenho uma filha só [referindo-se à que teve com 23 anos], o resto é de boca [...] no caso a criança não está no meu nome (Rodrigo).

A pessoa, quando se defronta com dificuldades ou obstáculos durante o processo desenvolvimental, é colocada frente a situações que podem conduzi-la a um esforço para vencer tais dificuldades, ou que a façam sentir-se incapaz de gerar energia para transpô-las(1414 .Ministério da Saúde (BR). Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União [da] República Federativa do Brasil. 2013 jun 13;150(112 Seção 1):59-62.).

Apesar de Rodrigo referir não considerar a criança gerada na adolescência como sua filha, ele evidenciou em alguns momentos que esta situação estava alicerçada na ausência das interações com a criança e a mãe da mesma.

Foi só um rolo e aconteceu [...] eu nunca vi a criança, nunca participei, não tenho contato, nada! Nem mora aqui [...] outro pai assumiu [...] (Rodrigo).

Percebe-se que a fragilidade de Rodrigo nas interações com a primeira filha, pode ter favorecido o não desenvolvimento do papel de pai na adolescência. Assim, evidencia-se que houveram obstáculos na transição ecológica, pois, apesar de seu papel ter sido modificado diante da sociedade, Rodrigo não interagiu e não experenciou seu papel de pai biológico.

É fundamental que o pai esteja engajado nas atividades de exercício da paternidade, ou seja, aceitar ser pai, e desenvolver atividades e contato com o filho regularmente. As atividades entre pai e filho tornam-se gradativamente mais complexas, sendo importante a reciprocidade nessas interações, assim como a interação com outras pessoas e contextos ao longo do desenvolvimento humano.

Família – um vínculo apoiador no processo da paternidade na adolescência

A participação e apoio da família são elementos relevantes no exercício do papel de pai. Esse microssistema(33. Bueno MEN, Meincke SMK, Schwartz E, Soares MC, Corrêa ACL. Paternidade na adolescência: a família como rede social de apoio. Texto Contexto Enferm.2012;21(2):313-9.,1515. Meincke SMK, Carraro TE. Vivência da paternidade na adolescência: sentimentos expressos pela família do pai adolescente. Texto Contexto Enferm. 2009;18(1):83-91.-1616. Sampaio KJ, Villela WV, Oliveira EM. Significados atribuídos a paternidade por adolescentes. Acta Paul Enferm. 2014;27(1):1-5.) provê apoio emocional e material para que o adolescente possa assumir a paternidade.

Os depoimentos de Roberto, João e Mateus apontaram a importância da família na vivência da paternidade na adolescência.

[...] muita coisa eu fiz com o apoio da minha família. Até porque pra mim tudo era novidade, meu filho ficava em casa chorando, aí eu dizia: Mãe, meu filho tá chorando... E aí ela dizia: “Tá, mas é teu filho!”. Eu ficava assim, é meu filho, mas... [...] (Roberto).

As nossas mães foram muito presentes em todos os momentos, desde o início da loucura, claro que, às vezes, não entendendo ou criticando, tentando ajudar, dando conselhos, mas sempre junto de nós. A família em si deixa bem mais fácil carregar o fardo [...] (João).

[...] os nossos pais, muita gente que vinha dar apoio, que vinha dar conselho, o irmão dela ajudava bastante, dava muitos conselhos, sempre tinha alguém pra falar alguma coisa boa, não posso reclamar, tive bastante ajuda (Mateus).

A relação de Roberto, João e Mateus com o microssistema familiar foi importante para que conseguissem interagir com o novo papel e desenvolvessem o processo da paternidade. Assim, os familiares foram vínculos apoiadores que tiveram um papel fundamental no apoio emocional e/ou financeiro, minimizando as inseguranças, os medos e as angústias, e proporcionando o exercício de papéis de pais na adolescência.

No entanto, a interação da família durante o desenvolvimento do pai adolescente também pode vir a inibir a construção e o exercício da paternidade. Observa-se que a mãe e a avó, ao protegerem Rafael, dificultaram o exercício do processo da paternidade.

Quem criou minha filha foi minha mãe, até um ano e meio, e depois minha avó, e isso ajudou muito [...] eu sempre fui carinhoso, mas eu não tinha responsabilidade enquanto pai [...] eu fui muito criado debaixo da saia da mãe [...] quando o padrasto da minha namorada descobriu, na época ele conversou, mas não foi nada de muito forte, mas poderia ter sido algo pior. Talvez poderia ter sido algo mais forte para eu tomar jeito (Rafael).

Nota-se que o microssistema familiar de Rafael dificultou o desenvolvimento das interações com a filha, pois os familiares assumiram funções que dificultaram que o adolescente conseguisse desenvolver interações e habilidade frente ao exercício da paternidade. O contexto familiar(1818. Hofferth SL, Goldscheider F. Family structure and the transition to early parenthood. Demography. 2010;47(2):415-37.) influencia no processo de desenvolvimento e difere entre as pessoas, variando de acordo com as interações estabelecidas e com a percepção psicológica do ambiente pela pessoa e às suas características individuais.

Reflexões e sentimentos advindos do processo da paternidade na adolescência

Os sentimentos são despertados diante de uma situação, sendo eles únicos da vivência e experiência de cada pessoa, e, no momento em que são exteriorizados, tornam-se a revelação das características do ser humano, das percepções e compreensões a respeito de uma determinada situação e da maneira como interage frente a essa vivência(1919. Bielemann VLM. A família cuidando do ser humano com câncer e sentindo a experiência. Rev Bras Enfermagem. 2003;56(2):133-7.).

A compreensão dos sentimentos não se esgota no momento em que são desvelados. Nesse sentido, o tempo foi um elemento importante para que os homens refletissem sobre as mudanças que ocorreram no curso de suas vidas como pais adolescentes, evidenciando sentimentos sobre a forma como exercitaram esta paternidade e surgindo vontades de resgatar algumas etapas perdidas.

Os sentimentos advindos da paternidade precoce foram o medo, a responsabilidade sobre o bebê, que levam o homem a viver uma fase conflituosa(1616. Sampaio KJ, Villela WV, Oliveira EM. Significados atribuídos a paternidade por adolescentes. Acta Paul Enferm. 2014;27(1):1-5.).

Eu quero ter uma menina de novo, porque passou muito rápido aquele tempo de nascer até os 15 anos, eu me lembro apenas de alguns relances [...] eu meio que pulei algumas fases (Rafael).

Eu não curti meu filho, hoje eu estou numa fase e numa idade que eu gostaria de ter um filho, de chegar e poder abraçar meu filho, e essa fase foi pulada e eu não sabia o que era ser pai. Antes eu não me preocupava com meu filho [...] hoje é uma coisa que eu durmo pensando no futuro dele [...] hoje eu quero viver o que era para ter vivido no passado [...] (Roberto).

Observa-se que o processo da paternidade na adolescência ocasionou mudanças nas características desses homens, que foram reorganizadas ao longo do tempo. A vivência da paternidade na adolescência despertou a vontade de tornarem-se pais novamente, na tentativa de resgatarem alguns papeis e interações não realizados durante o exercício na adolescência.

Tornar-se pai na adolescência, fase do ciclo da vida em que muitos planos para o futuro são feitos e que, com a paternidade, são modificados ou retardados pode influenciar no desenvolvimento da pessoa ao longo da sua vida.

Teria me concentrado mais nos estudos, pensando mais em trabalho, garantindo tanto o meu quanto o dela [filha], tanto é que hoje eu estou apertado [...] estou refazendo uma estrutura profissional e financeira agora. Se eu tivesse sido mais maduro na época [...] (Rafael).

Eu poderia estar formado [...] eu concluí o ensino médio mesmo sendo pai precocemente e trabalhando, mas foi mais complicado, porque na idade que eu fui pai eu poderia estar entrando na faculdade (Roberto).

Melhorar a estrutura para uma base [...] a gente não tinha casa, então ter uma casa, fazer uma coisa assim para depois pensar em ter filhos, melhorar a estrutura [...] (Mateus).

Para alguns pais o adiamento dos estudos foi a consequência mais destacada, mostrando que ainda sofriam os efeitos da paternidade na adolescência. Outro aspecto evidenciado foi o arrependimento de não terem um emprego ou uma estrutura adequada antes de se tornarem pais.

O abandono de sonhos e planos, do lazer adolescente e de outras vivências tem sido descrito na literatura(1616. Sampaio KJ, Villela WV, Oliveira EM. Significados atribuídos a paternidade por adolescentes. Acta Paul Enferm. 2014;27(1):1-5.-1717. Fundo das Nações Unidas para a Infância. O direito de ser adolescente: oportunidade para reduzir vulnerabilidades e superar desigualdades. Brasília (DF): Unicef; 2011[citado 2015 abr. 27]. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sabrep11.pdf
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sabre...
). Também se menciona o relato de pais, segundo o qual, deveriam ter aguardado um melhor momento, pensado mais e tomado precauções para evitar a gravidez. Para eles a paternidade significou a necessidade de assumir muitas responsabilidades numa fase da vida na qual não se sentiam ainda preparados(1616. Sampaio KJ, Villela WV, Oliveira EM. Significados atribuídos a paternidade por adolescentes. Acta Paul Enferm. 2014;27(1):1-5.).

Percebe-se o amadurecimento dos homens no que se refere ao planejamento de uma futura paternidade, mostrando que a vivência e o tempo trouxeram a consciência da importância de ser pai e do seu papel no desenvolvimento do filho.

A primeira coisa para ser pai agora, eu teria que ter um ambiente familiar. A minha ideia é ter um casal de filhos, mas somente depois de ter uma pessoa morando junto ou casado, já ter planos com essa pessoa (Rafael).

Eu tinha vergonha de dizer que tinha filho [...] daria muito mais amor, não que eu não dei, mas não convivi com ele, entendeu? Porque ele conviveu o tempo inteiro com a mãe dele e sofri e sofro com isso [...]eu ficaria mais próximo dele, deixaria de me preocupar com coisas que na época eu me preocupei [...] se eu pudesse ter sido pai hoje, teria sido melhor pra mim [...] (Roberto).

É possível perceber que, após a vivência da paternidade na adolescência, os homens deste estudo refletiram e amadureceram para o exercício do papel de pai. Assim, o processo paternal na idade adulta evidencia a relevância de um planejamento familiar aliado aos anseios pessoais.

CONCLUSÕES

Os homens deste estudo mostraram que viver a paternidade na adolescência foi uma experiência que trouxe amadurecimento e muitas reflexões a respeito do papel de pai e suas atribuições, o qual foi exercido de acordo com a singularidade de cada um, desde a superação até a negação do fenômeno.

A família foi o microssistema referenciado que teve papel fundamental, pois constituiu os vínculos apoiadores para que os pais conseguissem desenvolver o processo paternal na adolescência, tendo influenciado no desenvolvimento de seus papeis. No entanto, este suporte necessita ser ampliado, pois os pais precisam contar também com os amigos e os serviços de saúde, para que possam experenciar a paternidade da maneira participativa e responsável.

Alguns homens, ao refletirem sobre a vivência da paternidade na adolescência, referenciaram que apresentaram sentimentos de angústia por não terem conseguido experenciar de maneira responsável este fenômeno e por não terem tido a maturidade que julgavam necessária para exercitarem o papel de pai. Entretanto, relataram que a aproximação com o filho favoreceu o planejamento de uma futura paternidade, na qual buscavam exercer e recuperar papeis não desempenhados durante a paternidade na adolescência.

A paternidade na adolescência trouxe consequências para a vida dos homens, principalmente no que se refere à interrupção dos estudos e estabilidade financeira. Assim, foi possível detectar o quanto as implicações e os impactos da paternidade, repercutiram ao longo de sua vida. No entanto, estes não foram impedimentos para que a maioria retornasse aos estudos, a fim de obter uma qualificação profissional e, consequentemente, ter melhores condições de vida.

No que se refere às limitações para realização do estudo salienta-se o escasso estado da arte na vertente da temática. Nesse sentido, faz-se necessário prosseguir a caminhada investigativa e para tanto sugere-se que outros estudos sejam realizados para aprofundamento. Ressalta-se que não se pretende generalizar os resultados, uma vez que o universo de participantes contém peculiaridades do contexto ao qual estavam inseridos.

Espera-se que os resultados desta pesquisa contribuam para reflexões sobre a vivência da paternidade na adolescência e a inserção desse homem nas ações de saúde. Nesta perspectiva, acredita-se que a enfermagem tem um papel relevante nesta linha de cuidado, pois geralmente são os primeiros profissionais que acolhem essas pessoas nos serviços de saúde. Desse modo, evidencia-se a importância de inserir esses sujeitos nas políticas de saúde com um olhar voltado para as singularidades do seu ciclo vital.

Salienta-se a importância de as instituições de fomento à pesquisa investirem em recursos para subsidiarem a realização de estudos nesta área, pois teremos maior oportunidade de aprofundamento na temática e, como consequência, proporcionar conhecimento científico para os profissionais prestarem uma atenção qualificada.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2016

Histórico

  • Recebido
    18 Maio 2015
  • Aceito
    30 Set 2015
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