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Representações sociais da violência contra mulheres rurais para um grupo de idosas

Representaciones sociales de la violencia contra mujeres rurales para un grupo de ancianas

Resumo

OBJETIVO

Compreender as representações sociais da violência contra mulheres rurais, na perspectiva de idosas, considerando geração e gênero como influência nesse agravo.

MÉTODOS

Estudo qualitativo, fundamentado na Teoria das Representações Sociais. Realizado com 12 mulheres rurais idosas de um município do Rio Grande do Sul em julho e agosto de 2013.Os dados obtidos por meio de técnica projetiva e entrevistas semiestruturadas foram analisados através do referencial das Representações Sociais e análise de conteúdo.

RESULTADOS

De um lado, as idosas representam a violência como distante, ancorada em atos extremos de agressão. Por outro, a representam como presente em suas relações, mostrando-se vulneráveis à dominação dos homens no contexto de vida e trabalho.

CONCLUSÕES

Revelou-se a invisibilidade da violência contra mulheres idosas no contexto rural, onde a figura masculina se sobrepõe à feminina.

Palavras-chave:
Violência contra a mulher; Saúde da população rural; Idoso; Atenção primária à saúde; Enfermagem.

Resumen

OBJETIVO

Comprender las representaciones sociales de la violencia contra mujeres rurales, en la perspectiva de ancianas, teniendo en cuenta generación y género como influencia en ese agravio.

MÉTODOS

Estudio cualitativo, basado en la teoría de la Representación Social. Realizado con 12 mujeres rurales ancianas, en una ciudad en Rio Grande do Sul en julio y agosto de 2013. Los datos obtenidos por medio de técnica proyectiva y entrevistas semiestructuradas fueron analizados a través del referencial de las Representaciones Sociales y análisis de contenido.

RESULTADOS

Por un lado, las ancianas representan la violencia como distante, anclada en actos extremos de agresión. Por otro, la representan como presente en sus relaciones, mostrándose vulnerables a la dominación de los hombres en el contexto de vida y trabajo.

CONCLUSIÓN

Se reveló la invisibilidad de la violencia contra las mujeres mayores en el medio rural, donde la figura masculina se superpone a la hembra.

Palabras clave:
Violencia contra la mujer; Salud rural; Anciano; Atención primaria de salud; Enfermería.

Abstract

OBJECTIVE

Understand the social representations of violence against rural women, from the perspective of the elderly, considering how the generation and gender influence this aggravation.

METHODS

Qualitative study, based on the Theory of Social Representations.It was carried out with 12 elderly rural women from a city of Rio Grande do Sul, in July and August of 2013. The data obtained through a projective technique and semi-structured interviews has been analyzed through the reference of the Social Representations and content analysis.

RESULTS

On one hand, the elderly represent violence as distant distress, anchored in extreme acts of aggression. On the other hand, they represent it as present in their relationships, showing themselves vulnerable to the domination of men in the context of life and work.

CONCLUSIONS

It was revealed the invisibility of violence against elderly women in the rural context, where the male figure overlaps with the female.

Keywords:
Violence against women; Rural health; Aged; Primary health care; Nursing.

Introdução

A violência contra as mulheres permeia a história da humanidade desde seus primórdios. Entretanto, há três décadas passou a ser vista como um problema inerente ao setor saúde, sendo compreendida atualmente como um problema de saúde pública e de violação dos direitos humanos das mulheres11. García-Moreno C, Zimmerman C, Morris-Gehring A, Heise L, Amin A, Abrahams N, et al. Addressing violence against women: a call to action. Lancet, 2015;385(9978):1685-95., atingindo-as no que se refere à qualidade de vida e saúde. É conceituada pela Convenção de Belém do Pará (1994) como “qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado”22. Organização dos Estados Americanos (US). Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher: “Convenção de Belém do Pará”. Belém (PA): Comissão Interamericana de Direitos Humanos; 1994..

Situando o contexto rural, as situações de violência contra as mulheres rurais assumem diferentes facetas, as quais podem ser visualizadas mediante relações sociais do dia a dia, exemplificadas pela subordinação das mulheres em relação aos seus maridos e/ou companheiros, dominação masculina e divisão sexual do trabalho desigual33. Costa MC, Lopes MJM, Soares JSF. Representações sociais da violência contra mulheres rurais: desvelando sentidos em múltiplos olhares. Rev Esc Enferm USP. 2014;48(2):214-22..

Além disso, estudo realizado em municípios do interior do Rio Grande do Sul, que teve como objetivo analisar as concepções de violência doméstica contra mulheres rurais na expressão de Agentes Comunitários de Saúde apontou que as mulheres que habitam o meio rural estão expostas permanentemente a diferentes formas de violência. Para além da violência física, citam as agressões de natureza psicológica, moral, sexual, além da sobrecarga de trabalho e da privação de liberdade por parte do marido e/ou companheiro44. Arboit J, Costa MC, Hirt MC, Padoin SMM, Colomé ICS, Soares JSF. Domestic violence against rural women: gender interface in community health agents’ conception. Ciênc Cuid Saúde. 2015;14(2):1067-74.. Em se tratando de mulheres idosas, esta população encontra-se mais vulnerável a vivenciar situações como as citadas acima, pelo nível de escolaridade baixo, limitações físicas devido a doenças e o processo de envelhecimento, e aspectos subjetivos das mulheres idosas do meio rural55. Belo I. Velhice e mulher: vulnerabilidades e conquistas. Rev Feminismos, 2013;1(3).-66. Eisikovits Z, Band-Winterstein T. Dimensions of suffering among old and young battered women. J Fam Viol, 2015;30(1):49-62..

Outro aspecto que concorre para o não enfrentamento da violência contra as mulheres se trata da ausência de recursos coletivos de atenção social e de proteção no cenário rural, aliados à distância geográfica em relação aos centros urbanos77. Costa MC, Lopes MJM. Elementos de integralidade nas práticas profissionais de saúde a mulheres rurais vítimas de violência. Rev Esc Enferm USP . 2012;46(5):1088-95.. Como na maioria das vezes, as mulheres do meio rural não têm acesso às delegacias, serviços de saúde e assistência social, por exemplo, acabam não denunciando as situações de violência, o que contribui para a invisibilidade do problema.

Em face do exposto, discutir a temática da violência contra as mulheres idosas no contexto rural mostra-se relevante, visto que há dificuldades em identificar a ocorrência desses eventos, tanto por parte das mulheres como de outros segmentos da sociedade, em especial do setor de saúde. Dar voz a esta população com particularidades geracionais e culturais poderá contribuir como norteador para o desenvolvimento de estratégias para o enfrentamento e prevenção da violência no meio rural, bem como para a (re) construção de políticas públicas neste âmbito.

Nessa perspectiva, insere-se a teoria das Representações Sociais, como conjunto teórico metodológico permitindo a melhor compreensão do objeto em estudo, entendendo-o como fenômeno social. A Teoria das Representações Sociais é um produto típico dos tempos atuais e da transição paradigmática, tanto quanto as teorias feministas e outras que, à sua maneira, surgem como novas ferramentas conceituais para analisar ângulos da realidade postos em pauta por novos olhares88. Arruda A. Teoria das representações sociais e teorias de gênero. Cad Pesqui. 2002;(117):127-47..

Diante da problemática exposta, o estudo em tela foi orientado pela seguinte questão de pesquisa: Quais são as representações sociais da violência contra mulheres rurais, na perspectiva de idosas do contexto rural?

Para respondê-la, objetivou-se, neste estudo, compreender as Representações Sociais da violência contra mulheres rurais, na perspectiva de idosas, considerando geração e gênero como influência nesse agravo.

Método

Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, de abordagem qualitativa. O método qualitativo se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, percepções e opiniões, resultantes da visão que os humanos têm de si mesmos, de suas formas de viver e de construir seus artefatos, além de seus sentimentos e pensamentos99. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec; 2014..

Elegeu-se a Teoria das Representações Sociais como referencial teórico-metodológico. Este referencial permite tornar familiar algo não familiar, ou a própria não familiaridade e, para tanto, utiliza dois mecanismos denominados de técnicas projetivas: a ancoragem e a objetivação, que atuam, tendo, por base, a memória88. Arruda A. Teoria das representações sociais e teorias de gênero. Cad Pesqui. 2002;(117):127-47..

O estudo foi desenvolvido com mulheres idosas, residentes em área rural, vinculadas à Estratégia de Saúde da Família (ESF) rural de um município localizado na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, nos meses de julho e agosto de 2013. Foi realizado contato prévio com o enfermeiro responsável pela ESF rural, o qual, por meio de um Agente Comunitário de Saúde (ACS), agendou uma oficina com as mulheres idosas residentes em área rural.

As participantes do estudo foram 12 mulheres idosas residentes em área rural do município cenário do estudo. Para a seleção destas utilizaram-se os seguintes critérios de inclusão: ter idade igual ou superior a 60 anos e possuir condições cognitivas para responder a entrevista.

Para a geração de dados optou-se pelas técnicas projetivas88. Arruda A. Teoria das representações sociais e teorias de gênero. Cad Pesqui. 2002;(117):127-47.), e por entrevistas semiestruturadas. Com as técnicas projetivas foi organizada e realizada uma oficina de colagem, em um salão comunitário sugerido pelo ACS como local mais acessível geograficamente às idosas participantes. Nesta foram disponibilizadas para as mulheres revistas e jornais para que pudessem, por meio das imagens recortadas e coladas, expressar pensamentos e significados acerca da violência contra mulheres rurais, permitindo assim a objetificação.

Para a ancoragem, solicitou-se às idosas que expusessem verbalmente os conhecimentos acerca do fenômeno. A oficina foi gravada em áudio, tendo duração média de duas horas. As observações foram registradas em diário de campo pela pesquisadora e uma auxiliar de pesquisa, acadêmica do curso de graduação em Enfermagem.

Ainda, com vistas a complementar os dados obtidos por meio da oficina, realizaram-se entrevistas semiestruturadas com as 12 idosas que participaram da oficina. O tamanho da amostra foi definido pelo critério de exaustão dos dados, ou seja, o encerramento da coleta de dados por meio das entrevistas ocorreu quando todas as participantes elegíveis participaram do estudo1010. Fontanella BJB, Luchesi BM, Saidel MGB, Ricas J, Turato ER, Melo DG. Amostragem em pesquisas qualitativas: proposta de procedimentos para constatar saturação teórica. Cad Saude Publica. 2011;27(2):389-94..

Para as entrevistas utilizou-se um roteiro operacionalmente dividido em duas partes: uma relacionada aos dados sociodemográficos das idosas, contendo questões fechadas, e a outra parte constituída por questões abertas relativas ao objeto do estudo, qual seja, as representações sociais da violência contra mulheres rurais. Deste modo, durante as entrevistas semiestruturadas, para que as mulheres pudessem verbalizar acerca de situações de violência contra mulheres rurais, foi necessário instigá-las a partir de perguntas como: O que você entende por violência contra mulheres rurais? Como você conceitua a violência contra as mulheres rurais? Você tem conhecimento de quais são as formas (tipos) de violência contra as mulheres rurais existentes? Você conhece ou já presenciou algum tipo de violência contra mulheres no meio rural?

Destaca-se que as entrevistas semiestruturadas tiveram agendamento prévio, sendo realizadas em caráter individual nos domicílios das participantes, tendo duração média de uma hora. Optou-se pelo ambiente domiciliar como locus para a realização das entrevistas, por se considerar que neste as idosas poderiam se sentir mais à vontade e confortáveis para responder aos questionamentos.

Durante o período de coleta de dados, ao chegar ao domicílio das mulheres para realização da entrevista, por vezes estavam presentes outras pessoas, especialmente vizinhos, cônjuges e/ou companheiros. Nessas situações, as entrevistas não foram realizadas, uma vez que a presença de outra pessoa durante as mesmas fere princípios éticos de desenvolvimento de estudos, bem como poderia interferir nas respostas, além de expor as idosas, considerando que a violência contra as mulheres se trata de um tema cercado de censuras. Nestas situações, a pesquisadora reagendava nova data para realização da entrevista, de modo a realizá-la quando a idosa se encontrasse sozinha no domicílio. Destaca-se que as entrevistas foram gravadas em mídia digital após o consentimento das idosas, garantindo a autenticidade dos dados para a análise.

Ressalta-se que antes do procedimento de coleta de dados as participantes foram esclarecidas quanto aos objetivos, metodologia, riscos e benefícios do estudo, sendo realizada a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pela pesquisadora. Após este procedimento, todas as idosas que concordaram em participar da pesquisa assinaram o TCLE em duas vias, permanecendo uma com a participante e a outra, com a pesquisadora responsável. A fim de assegurar o anonimato das participantes, estas foram identificadas pela letra I seguida do número ordinal de acordo com a ordem da entrevista (Ex.: I1, I2, I3...I12).

Os dados obtidos por meio da oficina foram analisados à luz do referencial teórico das Representações Sociais, com base nos passos metodológicos1111. Padilha MICS. Representações sociais: aspectos teórico-metodológicos. Passo Fundo: UPF; 2001.) a seguir. O 1º momento compreendido como objetificação: mediante processo de tornar real algo pensado, por meio da colagem, possibilitava-se a formação dos núcleos figurativos, os quais correspondem aos temas que possuem a propriedade de serem representados e que expressam a veracidade das ideias; 2º momento - ancoragem: corresponde à interpretação das idosas sobre o material gerado nas colagens, atribuindo um significado às imagens por elas produzidas.

Tal momento permite a coleta de simbolizações e percepções a partir das descrições verbais sobre os conhecimentos a respeito do fenômeno em questão; posteriormente, foram identificados os temas que representam esse conhecimento, constituindo-se os núcleos simbólicos. O 3º momento - validação pelas participantes das configurações dadas pela pesquisadora à representação social da violência contra mulheres rurais idosas, confirmando ou não a identificação de núcleos dessa representação1111. Padilha MICS. Representações sociais: aspectos teórico-metodológicos. Passo Fundo: UPF; 2001..

O 4º momento prevê a sistematização das informações, agrupando os temas de destaque em núcleos figurativos e núcleos simbólicos88. Arruda A. Teoria das representações sociais e teorias de gênero. Cad Pesqui. 2002;(117):127-47.. Em sequência, à luz do referencial teórico, se obteve a ancoragem sobre a representação social da violência contra as mulheres rurais para as idosas.

As entrevistas semiestruturadas, por sua vez, foram submetidas à análise de conteúdo proposta por Minayo, a qual encontra-se dividida em três etapas: pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados obtidos e interpretação99. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec; 2014..

No que diz respeito à pré-analise, esta se iniciou com a organização do material coletado para posterior análise. Inicialmente, realizou-se a transcrição na íntegra dos dados obtidos a partir das gravações em áudio da oficina e das entrevistas semiestruturadas, no editor de textos Word, produzindo o corpus do estudo.

Após, este material foi impresso, para facilitar o manuseio pela pesquisadora. Em seguida, realizaram-se a escuta das gravações, bem como a leitura flutuante, a qual permitiu gerar impressões iniciais acerca do material a ser analisado, oriundo das duas técnicas de coleta de dados.

Dando continuidade à análise, foi efetuou-se uma sequência de leituras detalhadas, a partir das quais foi possível destacar, com pincel marca-texto, os trechos onde as falas das participantes se assemelhavam.

A exploração do material foi realizada a partir da segmentação de informações semelhantes contidas no material transcrito, que proporcionou a constituição dos temas, dos quais emergiram as unidades de registro. Tais unidades estão associadas ao sentido da frase, o qual pode ser obtido através de palavras, frases e expressões99. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec; 2014..

Em seguida, após definidas as unidades de registro, por meio da categorização conseguiu-se elencar as três categorias temáticas, através do condensamento das falas reincidentes e das falas isoladas, ambas relevantes para o estudo. Na fase de tratamento dos resultados obtidos e interpretação, a pesquisadora propôs inferências e realizou interpretações acerca dos resultados, com base no objetivo da pesquisa.

A pesquisa é oriunda de um trabalho de conclusão de curso1212. Hirt MC, Costa MC. Representações sociais da violência contra mulheres rurais: desvelando sentidos para um grupo de idosas [monografia]. Palmeira das Missões (RS): Universidade Federal de Santa Maria; 2014. e obedeceu às recomendações éticas vigentes para a realização de pesquisas envolvendo seres humanos. O estudo recebeu parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) com o protocolo número 17148813.0.0000.5346. Portanto, foram respeitadas todas as recomendações da Resolução n°466/12 do Conselho Nacional de Saúde, a qual normatiza o desenvolvimento de pesquisas com seres humanos.

Resultados e Discussão

Com relação à caracterização sociodemográfica das idosas, a idade destas variou de 62 a 83 anos, com média de 68,83 anos. Quanto ao estado civil, oito eram casadas ou tinham companheiro, e quatro eram viúvas.

No que se refere à escolaridade, nove idosas haviam cursado o ensino fundamental incompleto e três não frequentaram a escola em nenhum momento de suas vidas. Estes dados convergem com uma pesquisa realizada em âmbito nacional que apontou que a maioria das mulheres rurais com mais de 60 anos não são alfabetizadas ou apenas possuem o ensino fundamental incompleto55. Belo I. Velhice e mulher: vulnerabilidades e conquistas. Rev Feminismos, 2013;1(3).. Ainda, na direção estes achados, um estudo internacional revelou que o nível de escolaridade está intimamente ligado as situações de violência, assim, quanto menor o nível educacional, maior as chances de se vivenciar situações de violência1313. Zakar R, Zakar MZ, Abbas S. Domestic violence against rural women in Pakistan: an issue of health and human rights. J Fam Viol, 2016;31(1):15-25..

As discussões obtidas por meio da análise do material empírico coletado durante a oficina e as entrevistas semiestruturadas foram reunidas em três categorias: violência ancorada em atos extremos de agressão corporal e distante do contexto rural, violência ancorada na dominação masculina e na cultura de gênero, e violência ancorada no contexto de vida e trabalho.

Violência ancorada em atos extremos de agressão corporal e distante do contexto rural

O primeiro núcleo de sentido identificado neste estudo apresenta as questões relacionadas à violência no contexto rural, expostas pelas idosas como acontecimentos distantes de sua realidade e visualizados na maioria das falas por atos extremos de agressão corporal, sinalizando a dificuldade de reconhecimento da problemática nesse contexto. As falas expressam suas representações:

Tem bastante coisa que acontece, mas mais na cidade grande [...] a gente mora no interior, não tem casos aqui. (I4)

Existe muita violência contra a mulher, só que aqui a gente, graças a Deus, não tem nem o que contar, porque não aparece nenhum caso. A violência contra a mulher existe e existe muito, só que a gente não tem conhecimento. (I9)

O que a gente vê é o namorado matando a mulher, [...]a gente vê na televisão, brigas em casa e também matam a mulher. (I12)

[...] tem muitos também que batem na mulher [...] a gente assiste na televisão. (I1)

Os depoimentos revelam a representação da violência contra a mulher ancorada na dimensão social, em que esta acontece diariamente. Porém, ao não ser compreendida como uma violência, passa a ser banalizada e naturalizada pelas idosas, haja vista que tal evento se mostra como um fenômeno corriqueiro, introjetado ao seu cotidiano e que passa muitas vezes despercebido.

Neste sentido, um estudo desenvolvido com mulheres rurais paquistanesas, revelou as diferentes formas de violência sofridas por elas. São compreendidas por violência psicológica, sexual e física. Estas, por sua vez contribuem com os achados do estudo em tela, uma vez que a violência no contexto rural é entendida como intrínseca a sua rotina diária, ou seja, não percebem que estão sendo violentadas1313. Zakar R, Zakar MZ, Abbas S. Domestic violence against rural women in Pakistan: an issue of health and human rights. J Fam Viol, 2016;31(1):15-25..

Neste contexto, a identificação das situações violência torna-se mais difícil, tendo em vista que as mulheres que a vivenciam, na maioria das vezes, não identificam que estão sendo violentadas. Assim, percebem esta violência como algo natural, que, por vezes, está presente em suas vidas desde a infância, a partir das relações no ambiente familiar, por exemplo1414. Costa DAC, Marques JF, Moreira KAP, Gomes LFS, Henriques ACPT, Fernandes AFC. Assistência multiprofissional à mulher vítima de violência: atuação de profissionais e dificuldades encontradas. Cogitare Enferm. 2013;18(2):302-9..

Neste sentido, um estudo identificou que mulheres residentes no contexto rural, eram tratadas com brutalidade por seus companheiros, entretanto não entendiam tal brutalidade como violência e, sim, como um comportamento comum que fazia parte do seu cotidiano55. Belo I. Velhice e mulher: vulnerabilidades e conquistas. Rev Feminismos, 2013;1(3)..

Ainda, as imagens por elas apresentadas na oficina de colagem representaram a violência ancorada em atos extremos, relacionadas à morte e aos grandes centros.

Se a gente morasse na cidade grande, eu acho que seria muita coisa, filhos matam os pais, mulher estuprada, mas aqui não, aqui não existem essas coisas. (I4)

Violência é o estupro e morte, isso é a pior coisa, porque ou tu se entrega ou entrega o teu corpo ou é morta. (I2)

Aparece na televisão aquelas mulheres cheias de manchas de o marido bater [...]. (I11)

Os elementos revelam a representação da violência ao ser associada a atitudes violentas, como morte, estupro, e sua ocorrência enquanto fenômeno próprio do mundo urbano, não sendo visualizada no contexto diário das mulheres idosas residentes no meio rural. Um estudo, desenvolvido com gestores nos municípios pertencentes à metade sul do Estado do Rio Grande do Sul, apontou que estes também relacionavam a violência aos grandes centros e a regiões carentes, confirmando que para alguns gestores não havia violência no meio rural33. Costa MC, Lopes MJM, Soares JSF. Representações sociais da violência contra mulheres rurais: desvelando sentidos em múltiplos olhares. Rev Esc Enferm USP. 2014;48(2):214-22.. Esses dados fazem (re)pensar sobre o não reconhecimento da violência no cotidiano das pessoas que vivem no espaço rural e a invisibilidade desta como problema de saúde pública.

Violência ancorada na dominação masculina e na cultura de gênero

Neste núcleo de sentido, identificaram-se aspectos contraditórios, pois embora no primeiro as mulheres rurais idosas representem a violência contra a mulher como um fenômeno distante do contexto rural, neste núcleo citam marcas da violência simbólica e a assimetrias de gênero em suas experiências principalmente às relações de poder e de dominação masculina.

As falas das idosas revelaram que a relação homem-mulher no contexto rural encontra-se ancorada no machismo, em que é conferido ao homem o papel de soberano e de dominador, detentor da força física e de outras características representando o poder. Já a mulher é “agraciada” com atributos relativos à fragilidade e submissão, em que dificilmente poderá se manifestar e contestar o companheiro.

Por outro lado, as idosas reconheceram esse comportamento como pertencente ao passado, mencionando conquistas como o emprego e a aposentadoria, importantes para o desenvolvimento econômico das mulheres. Tais elementos podem ser identificados nas falas a seguir:

A mulher é humilhada, a mulher sofre todo o tipo de humilhação [...] parece que o homem cada vez é mais machão. (I8)

Antigamente a mulher não tinha vez para nada, não tinha aposentadoria, não tinha um emprego[...]se o marido dissesse: “sou eu que mando!”, a mulher abaixava as orelhas, nunca dizia nada, porque o homem mandava, ele era o dono. (I4)

Com o passar dos anos a mulher começou a tomar conta [...] ela não admite mais de ser rebaixada pelos homens. (I6)

As falas desvelam a representação da violência ancorada na perspectiva psicológica e moral, tendo em vista que para as mulheres são impostas muitas privações, quando comparadas aos homens. Tal representação encontra-se ancorada na ideologia de que o homem é o depositário de poder no contexto da relação conjugal, e a mulher, como sujeito passivo, deve aceitar tudo o que lhe é imposto, sem ao menos questionar.

Um estudo, que buscou traçar o perfil da atual geração de mulheres idosas em Pernambuco, indica que o ser mulher no contexto rural, está associado à responsabilidade com a família, filhos e lar, contexto no qual segundo as mulheres estudadas, “sofrer muito” faz parte dos seus destinos, pelo fato de serem mulheres55. Belo I. Velhice e mulher: vulnerabilidades e conquistas. Rev Feminismos, 2013;1(3)..

Isso revela a violência de gênero, que se configura como um problema que transpõe as barreiras do contexto doméstico, envolvendo a comunidade e o trabalho. As relações na sociedade são permeadas pelas assimetrias estruturais de gênero, em que se visualiza a reprodução das relações de subordinação da mulher em detrimento do homem.

As mulheres idosas residentes em áreas rurais são vistas sob a perspectiva do trabalho, da subordinação e da obediência. As falas demonstram o seu papel, como dona de casa, mãe, cuidadora e trabalhadora:

Ela tinha que trabalhar, e apanhava se não fosse [...]. (I9)

Ela apenas tem umas vaquinhas de leite, que ela se defende com isso. Só isso. Porque ela depende do marido. Um pouco é isso [...] mas uma mulher que trabalha, que cuida da casa, dos filhos, por que ser tão maltratada? (I8)

As dimensões expressas pelas participantes no que diz respeito a situações de violência entre homens e mulheres rurais desvelam o poder e a autoridade do homem como provedor e chefe da casa. Já a mulher residente no meio rural é vista na perspectiva de subordinação, obediência e serviço1515. Costa MC, Lopes MJM, Soares JSF. Violência contra mulheres rurais: gênero e ações de saúde. Esc Anna Nery. 2015;19(1):162-8..

No que se refere à divisão do trabalho no contexto rural, esta se dá de forma assimétrica, em que a mulher, ao ajudar o companheiro na lavoura, é vista como a “esposa do produtor”, sendo o seu trabalho representado como ajuda, favorecendo assim a invisibilidade do trabalho e a falta de identidade profissional feminina1616. Perona E. La transformación tecnológica del sector agropecuario en la provincia de Córdoba y sus repercusiones sobre la mujer y la familia rural. Rev Estud Fem. 2012;20(3):739-60..

Esse aspecto, elucidado por meio das falas, aponta que a maioria das mulheres rurais depende financeiramente de seus companheiros, e não é incentivada a procurar outros meios para prover o seu sustento. Desta forma, se sentem obrigadas a permanecer suportando as diferentes manifestações de violência, além da violação de seus direitos44. Arboit J, Costa MC, Hirt MC, Padoin SMM, Colomé ICS, Soares JSF. Domestic violence against rural women: gender interface in community health agents’ conception. Ciênc Cuid Saúde. 2015;14(2):1067-74.. Observa-se na expressão dessas mulheres descontentamento pela ausência de reconhecimento do trabalho doméstico por parte de seus companheiros.

A violência é apontada como uma problemática antiga, que se apresenta de diferentes formas, pautada em representações patriarcais sobre a mulher, comprometendo assim as relações, evidenciando as desigualdades de poder, bem como a ameaça à integridade física, moral e psicológica das mulheres1717. Bandeira LM. Violência de gênero: a construção de um campo teórico e de investigação. Soc Estado. 2014; 29(2):449-69..

Nessa direção, o ambiente domiciliar configura-se como o espaço no qual as mulheres idosas sofrem mais abusos, quando comparadas aos homens. E considerando que o fenômeno da violência de gênero contra idosas ocorre primordialmente no cerne da família, no Brasil ainda não há registros acerca deste tipo de violência, haja vista que questões como essas não são identificadas como um fenômeno social1818. Gebara I. Rompendo o silêncio: uma fenomenologia feminista do mal. Petrópolis: Vozes; 2000..

Ainda, é possível visualizar os aspectos relacionados à influência da cultura e geração na reprodução da violência contra a mulher idosa residente em área rural. A fala representa o exposto:

Eu me lembro que desde a minha família, dos meus pais, que o pai era o machão, era ele que mandava, então a mãe ficava quieta [...], porque ela não tinha vez pra nada [...] (I4)

[...] geralmente os vizinhos eram todos iguais que eu lembre...mandavam as mulheres e elas obedeciam [...] isso também é uma violência. (I5)

Observa-se, pela narrativa, que as mulheres idosas representam a violência nas relações familiares, em que o papel da mulher neste espaço baseia-se na submissão e coerção, não havendo possibilidade de contestar os fatos. Isso se encontra ancorado na reprodução da violência levando em consideração ideologias culturalmente impostas. Corroborando com estes achados, estudo com 354 mulheres rurais da Nicarágua revela que 20% destas observaram quando crianças situações de violência física, psicológica ou sexual contra suas mães1919.Grose RG, Grabe S. The explanatory role of relationship power and control in domestic violence against women in Nicaragua: a feminist psychology analysis. Violence Against Women 2014; 20 (8):972-93..

Em muitos momentos visualiza-se a representação da violência contra a mulher no contexto rural ancorada nas heterogeneidades de gênero, em que o papel social da mulher fica restrito ao ambiente domiciliar, pautado em relações de subordinação e obediência, enquanto que o homem é visto como a referência na unidade familiar. Tais fatos reafirmam os estereótipos de gênero já instituídos, advindos de ideologias sociais e culturais.

Violência ancorada no contexto de vida e trabalho

O terceiro núcleo de sentido revela os elementos representacionais direcionados ao contexto de vida e trabalho das mulheres residentes em área rural, o que evidencia a privação do direito de estudar, em função do trabalho. As falas expressam essas representações:

Esses anos a gente não estudava. Eles não queriam que a gente estudasse, tinha que trabalhar. (I3)

Estudei até a metade do ano da 3ª série, depois o pai me tirou pra trabalhar na roça, porque esses anos os pais não davam estudo. (I10)

Ah, eu nunca fui na aula [...]o pai nunca quis que eu fosse. (I7)

As falas apontam que as gerações envelhecidas de mulheres possuíam dificuldades de acesso à escola quando jovens. Tradicionalmente estas mulheres não estudavam porque continuavam morando na zona rural, casadas com homens do mesmo meio, dando continuidade aos modos de vidas e de produção estabelecidos em suas famílias. Atualmente, verifica-se entre as mulheres rurais uma tendência a saírem de casa para buscar novas alternativas, tanto para o estudo quanto para o trabalho remunerado. Esse empoderamento das mulheres rurais encontra-se associado à sua participação em movimentos sociais, o que tende a lhes conceder maior autonomia2020. Scott P, Rodrigues AC, Saraiva J. Onde mal se ouvem os gritos de socorro: notas sobre a violência contra a mulher em contextos rurais. In: Scott P, Cordeiro R, Menezes M, organizadores. Gênero e geração em contextos rurais. Florianópolis: Ed. Mulheres, 2010. p. 63-93..

A inserção da mulher rural no contexto do trabalho encontra-se ancorada na fragilidade em ser mulher num cenário em que as desigualdades de gênero se sobressaem na relação homem-mulher. O papel da mulher fica restrito ao domicílio, no cuidado com os filhos, com a casa, e no auxílio na lavoura. Isso é reforçado pela forma de organização social do trabalho no meio rural, em que a lavoura, considerada local produtivo, é domínio simbólico masculino; enquanto que o espaço do lar, tido como reprodutivo e de certo modo improdutivo, se trata do domínio simbólico feminino77. Costa MC, Lopes MJM. Elementos de integralidade nas práticas profissionais de saúde a mulheres rurais vítimas de violência. Rev Esc Enferm USP . 2012;46(5):1088-95..

A representação dessas idosas é de que essa forma de organização social e de trabalho gera sofrimento, tendo em vista a sobrecarga do trabalho atribuída à mulher rural e a falta de reconhecimento, de um trabalho próprio, como o de trabalhadora rural, o que é observado nas falas a seguir:

A mulher já sofre o suficiente [...] ter os filhos, cuidar da casa, ajudar na roça. (I4)

A mulher não devia sofrer nada, porque ela é tudo, ela cria a família, cria os seus filhos, tem que cuidar do seu marido, ela tem que fazer os serviços. (I9)

Nessa direção, ao não reconhecer a dupla/tripla jornada de trabalho feminino, a representação social estabelecida encontra-se pautada em um discurso que faz com que a maioria das mulheres interiorize e incorpore, por meio de um processo sutil, o “consentimento”, estabelecendo assim, a cumplicidade com o poder masculino, gerando consequências pelo excesso de trabalho33. Costa MC, Lopes MJM, Soares JSF. Representações sociais da violência contra mulheres rurais: desvelando sentidos em múltiplos olhares. Rev Esc Enferm USP. 2014;48(2):214-22..

A dinâmica de vida com dupla ou tripla jornada de trabalho das mulheres rurais se dá diariamente por meio do desenvolvimento de atividades na lavoura, no lar e no cuidado com os filhos e marido e/ou companheiro. Deste modo, sua jornada de trabalho é contínua, iniciando ao amanhecer, se estendendo até o anoitecer. As atividades desenvolvidas envolvem os ambientes produtivo e doméstico, este último considerado improdutivo, ou seja, sem valor econômico. As mulheres, porém, não recebem o reconhecimento por essa jornada, dada à cultura de gênero2020. Scott P, Rodrigues AC, Saraiva J. Onde mal se ouvem os gritos de socorro: notas sobre a violência contra a mulher em contextos rurais. In: Scott P, Cordeiro R, Menezes M, organizadores. Gênero e geração em contextos rurais. Florianópolis: Ed. Mulheres, 2010. p. 63-93., em que assumem a posição de “auxiliar” do marido.

Considerações Finais

As situações de violência contra a mulher sempre estiveram presentes na construção histórica da sociedade e se mantém na atualidade, entretanto requerem estratégias para o seu reconhecimento e enfrentamento, especialmente quando se trata do contexto rural. Neste sentido, foi possível com este estudo compreender as representações sociais da violência contra as mulheres rurais na perspectiva de idosas que habitavam o meio rural.

De um lado, as mulheres idosas representaram a violência como distante de seu contexto de vida, relacionando-a a atos extremos de agressão corporal e aos grandes centros. Por outro lado, representaram a violência como presente em suas relações, mostrando-se vulneráveis à dominação e subordinação em relação aos homens, sendo vistas ainda como o “sexo frágil”, não tendo o direito de questionar e de impor seus anseios. Vale considerar que as idosas evocaram tais aspectos quando provocadas a pensar sobre a violência contra as mulheres, o que leva a inferir que estas se perceberam envolvidas nesse fenômeno.

Foi possível, ainda, visualizar o ser-mulher-idosa em um contexto em que naturalmente são introjetados atributos relativos ao cuidado com a casa, com os filhos, auxílio nas atividades da lavoura, evidenciando a sobreposição de papéis e a sobrecarga de trabalho, caracterizando a vida dessa mulher como sofrida. Assim, este estudo proporcionou a aproximação com as diferentes faces da violência perpetrada contra mulheres residentes em áreas rurais e os fatores determinantes e desencadeadores deste fenômeno.

Conhecer as representações sociais da violência contra a mulher na perspectiva de idosas tem como contribuições subsídios teóricos que poderão auxiliar na (re) formulação de ações para o enfrentamento da violência no setor da saúde, como um dos setores que podem compor a rede de atenção às mulheres rurais em situação de violência, em uma perspectiva de promoção do direito à vida e à saúde. Destaca-se o enfermeiro, como integrante desse setor, o qual no cenário rural encontra-se em posição privilegiada para identificar e intervir diante de situações de violência contra as mulheres, por estar inserido no território através da Estratégia de Saúde da Família.

Esta investigação apresenta limitações características de estudos qualitativos e descritivos. Os elementos contraditórios que apareceram nos depoimentos das mulheres idosas podem ser decorrentes do cenário da coleta dedados, ou pelo fato de que uma das técnicas de coleta de dados abordou o fenômeno violência contra mulheres rurais em uma oficina reunindo um grupo de mulheres conhecidas, fato este que pode ter inibido as falas das participantes.

Recomendam-se investigações futuras visando dar maior visibilidade à violência perpetrada contra as mulheres no contexto rural, tendo em vista a complexidade desta problemática e consequências para o processo saúde/doença das mulheres que a vivenciam. Ainda, os dados ora apresentados ofertam possibilidades para o desenvolvimento de estudos interventivos, visando sugerir medidas para a promoção da qualidade de vida e saúde das mulheres rurais.

A temática da violência contra as mulheres é um objeto de estudo contemporâneo para os campos da saúde e enfermagem, cada vez mais presente nas produções científicas. Contudo, os pesquisadores devem ser encorajados a produzirem pesquisas sobre esta temática no cenário rural, tendo em vista as especificidades deste cenário e da população que nele vive.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Jun 2018
  • Data do Fascículo
    2017

Histórico

  • Recebido
    24 Set 2016
  • Aceito
    01 Jun 2017
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