Acessibilidade / Reportar erro

Câncer de pulmão relacionado à exposição ocupacional: revisão integrativa

RESUMO

Objetivo:

Identificar na literatura os agentes carcinogênicos presentes no ambiente ocupacional, as ocupações e o risco do câncer de pulmão.

Método:

Estudo descritivo e analítico de revisão integrativa realizada em base de dados nacionais e internacionais dos últimos dez anos, entre 2009 e 2018, compreendendo 32 estudos referentes à associação entre câncer de pulmão e substâncias carcinogênicas de exposição ocupacional.

Resultados:

Nove (28,1%) publicações originadas na China e apenas uma brasileira. Os trabalhadores mais expostos foram do setor secundário, sendo 50% da indústria e 6,2% da construção civil, em sua maioria do sexo masculino. O amianto e a sílica sobressaíram-se entre as substâncias carcinogênicas mais associadas ao risco de câncer de pulmão correspondendo a 37,5% e 28,1%, respectivamente.

Conclusões:

A associação entre a exposição ocupacional e o risco de câncer de pulmão ficou caracterizada nesta pesquisa pelas substanciais evidências científicas dos estudos descritos que confirmam essa associação.

Palavras-chave:
Neoplasias pulmonares; Exposição ocupacional; Carcinógenos; Substâncias, produtos e materiais carcinogênicos

ABSTRACT

Objective:

To identify in the literature the carcinogenic agents found in the work environment, the occupations and the risk for lung cancer.

Method:

A descriptive and analytical study of the Integrative Literature Review type was carried out in national and international databases from the last ten years in the period from 2009 to 2018, concerning 32 studies referring to association between carcinogenic substances to which the worker is exposed and lung cancer.

Results:

Nine (28.1%) publications originated in China and only one in Brazil. The most exposed workers were from the secondary sector, 50% being from industry and 6.2% from construction, mostly male. Asbestos and silica stood out among the carcinogenic substances most associated with lung cancer risk, accounting for 37.5% and 28.1%, respectively.

Conclusions:

The association between occupational exposure and the risk for lung cancer was characterized in this research by the substantial scientific evidence from the described studies that confirm this association.

Keywords:
Lung neoplasms; Occupational exposure; Carcinogens; Carcinogenic substances, products and materials

RESUMEN

Objetivo:

Identificar en la literatura los agentes cancerígenos presentes en el entorno laboral, las ocupaciones y el riesgo de cáncer de pulmón.

Método:

Estudio descriptivo y analítico de una revisión integradora realizada en una base de datos nacional e internacional de los últimos diez años, entre 2009 y 2018, que comprende 32 estudios referidos a la vinculación entre el cáncer de pulmón y las sustancias cancerígenas de exposición ocupacional.

Resultados:

Nueve (28,1%) publicaciones tuvieron su origen en China y solo una en Brasil. Los trabajadores más expuestos pertenecían al sector secundario, el 50% a la industria y un 6,2% a la construcción, siendo en su mayoría hombres. El asbesto y la sílice se destacaron entre las sustancias cancerígenas más asociadas con el riesgo de cáncer de pulmón, con índices de 37,5% y el 28,1%, respectivamente.

Conclusiones:

La vinculación entre la exposición ocupacional y el riesgo de cáncer de pulmón se caracterizó en esta investigación por la evidencia científica sustancial de los estudios descriptos que confirman esta asociación.

Palabras clave:
Neoplasias pulmonares; Exposición profesional; Carcinógenos; Sustancias, productos y materiales carcinogénicos

INTRODUÇÃO

O câncer de pulmão é o tumor maligno mais comum em todo o mundo, apresentando aumento de 2% por ano na sua incidência mundial11. Instituto Nacional de Câncer (BR) [Internet]. Rio de Janeiro (RJ): INCA; c2011-2019 [cited 2019 Jun 10]. Tipos de câncer: câncer de pulmão; [approx. 1 screen]. Available from: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pulmao
https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/...
. Estimativas mundiais apontaram incidência de 2,1 milhões de casos novos de câncer de pulmão para o ano de 2018, com 1,8 milhões de mortes, representando cerca de um quinto (18,4%) do total de mortes por câncer mundialmente22. International Agency for Research on Cancer (FR) [Internet]. Global Cancer Observatory. Lyon: IARC; c2018-2019 [cited 2019 Jun 10]. Available from: http://gco.iarc.fr/
http://gco.iarc.fr/...
.

No Brasil, estimam-se 18.740 casos novos de câncer de pulmão entre homens e de 12.530 nas mulheres para cada ano do biênio 2018-2019. É o segundo tumor mais frequente entre os homens, correspondem a um risco estimado de 18,16 casos novos a cada 100 mil homens; e um risco de 11,81 a cada 100 mil mulheres, ocupando a quarta posição33. Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (BR). Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimate 2018: incidence of cancer in Brazil. Rio de Janeiro: INCA; 2017 [cited 2019 Jun 10]. Available from: http://coleciona-sus.bvs.br/lildbi/docsonline/get.php?id=1451
http://coleciona-sus.bvs.br/lildbi/docso...
.

Em 90% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco11. Instituto Nacional de Câncer (BR) [Internet]. Rio de Janeiro (RJ): INCA; c2011-2019 [cited 2019 Jun 10]. Tipos de câncer: câncer de pulmão; [approx. 1 screen]. Available from: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pulmao
https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/...
. A susceptibilidade genética e comorbidades também contribuem para o desenvolvimento da doença44. Eom SY, Yim DH, Lee CH, Choe KH, An JY, Lee KY, et al. Interactions between paraoxonase 1 genetic polymorphisms and smoking and their effects on oxidative stress and lung cancer risk in a Korean population. PLoS One. 2015;10:e0119100. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0119100
https://doi.org/10.1371/journal.pone.011...
. Ademais, a carcinogênese é um processo complexo que envolve a participação de fatores de risco hereditários e ambientais, tais como a alimentação, o hábito de fumar, a ocupação e a exposição à radiação e a agentes químicos nos ambientes55. Facina T. Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. Rev Bras Cancerol. 2012;58:279-80. .

A concentração de substâncias cancerígenas, quase sempre, é maior nos ambientes de trabalho do que em ambientes extra laborais66. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (BR). Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. Rio de Janeiro: INCA ; 2012 [cited 2019 Jun 10] Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/diretrizes_vigilancia_cancer_trabalho.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
. Segundo avaliações da Organização Internacional do Trabalho (OIT), aproximadamente 440 mil pessoas morreram no mundo em 2005 como consequência da exposição a substâncias perigosas no trabalho. Mais de 70% dessas, ou seja, aproximadamente 315 mil pessoas, morreram de câncer relacionado ao trabalho66. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (BR). Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. Rio de Janeiro: INCA ; 2012 [cited 2019 Jun 10] Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/diretrizes_vigilancia_cancer_trabalho.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
.

Cerca de um trabalhador morre a cada 30 segundos no mundo devido a exposição a produtos químicos tóxicos, pesticidas, radiação e outras substâncias prejudiciais. Além disso, indústrias e empresas são frequentemente responsabilizadas por não protegerem trabalhadores de exposições tóxicas e por negarem tratamento aos trabalhadores que foram afetados de alguma maneira pelas exposições77. Organização das Nações Unidas (BR) [Internet]. Rio de Janeiro: UNIC; c2018-2019 [cited 2019 Jun 10]. Um trabalhador morre a cada 30 segundos no mundo por exposição a substâncias tóxicas, diz ONU; [approx. 1 screen]. Available from: https://nacoesunidas.org/um-trabalhador-morre-a-cada-30-segundos-no-mundo-por-exposicao-a-substancias-toxicas-diz-onu/
https://nacoesunidas.org/um-trabalhador-...
.

Apesar da forte relação do câncer de pulmão com o tabagismo, diversas substâncias e atividades ocupacionais estão relacionadas ao desenvolvimento do câncer do pulmão. Durante o século XX, inúmeras substâncias cancerígenas, mais precisamente 1.013 substâncias, presentes em diferentes ambientes de trabalho foram identificadas e classificadas pela International Agency for Research on Cancer (IARC). A IARC revisa permanentemente a literatura científica e promove estudos a respeito da carcinogenicidade de substâncias químicas e de processos industriais, classificando-os em quatro categorias no que se refere ao potencial carcinogênico para humanos: Grupo 1, quando a substância é carcinogênica para humanos; Grupo 2a, quando a substância é provavelmente carcinogênica; Grupo 2b, quando a substância é possivelmente carcinogênica; Grupo 3, quando a substância não é classificável como carcinogênica; e Grupo 4, quando a substância provavelmente não é carcinogênica88. Chagas CC, Guimarães RM, Boccolini PMM. Câncer relacionado ao trabalho: uma revisão sistemática. Cad Saúde Coletiva. 2013;21(2):209-23. doi: https://doi.org/10.1590/S1414-462X2013000200017
https://doi.org/10.1590/S1414-462X201300...
.

O Grupo de trabalho da IARC considerou que a exposição ao arsênio, a compostos arsênicos inorgânicos, berilium, compostos de berílio, cádmio, cromo-VI, compostos de níquel, amianto (crisotila, crocidolita, amosita, tremolita, actinolita e anfibólio) e poeira de sílica cristalina está associada a câncer do pulmão, bem como a exposição aos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), gaseificação e produção de coque, produção de alumínio, mantas de alcatrão e de asfalto, éter Bis (clorometil)/clorometil/ metieter66. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (BR). Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. Rio de Janeiro: INCA ; 2012 [cited 2019 Jun 10] Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/diretrizes_vigilancia_cancer_trabalho.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
.

Além das substâncias cancerígenas inerentes as atividades ocupacionais, a exposição ocupacional ao tabagismo (passivo) aumenta os riscos do trabalhador exposto ao desenvolvimento das mesmas doenças que o tabagismo ativo produz, ainda que em menor magnitude. Em 2008, o percentual de fumantes passivos no local de trabalho, entre pessoas com idade de 15 anos ou mais, era de 24,4%. Dados de 2015 revelam uma redução importante, para 14,4%, o que representa cerca de 7,5 milhões de pessoas99. Malta DC, Oliveira TP, Vieira ML, Almeida L, Szwarcwal CL. Use of tobacco and exposure to tobacco smoke in Brazil: results from the National Health Survey 2013. Epidemiol Serv Saúde. 2015;24(2):239-48. doi: https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200006
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201500...
.

No Brasil, o Ministério do Trabalho publicou em 2014 a Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (LINACH), a qual foi classificada em três grupos: carcinogênicos para humanos; provavelmente carcinogênicos para humanos; e possivelmente carcinogênicos para humanos1010. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria interministerial n.º 9, de 07 de outubro de 2014. Publica a Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (LINACH), como referência para formulação de políticas públicas, na forma do anexo a esta Portaria. Brasília (DF); 2014 [cited 2019 Jun 10]. Available from: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_Legislacao/SST_Legislacao_Portarias_2014/Portaria-Inter-n.-09-LINACH.pdf
https://enit.trabalho.gov.br/portal/imag...
.

No primeiro grupo, estão agentes como o benzeno, uma substância química presente no petróleo, na gasolina, na queima de carvão mineral e em solventes. O tricloroetileno, agente químico usado para fazer solventes, também está na lista como um produto cancerígeno, assim como o medicamento azatioprina, que tem propriedades antileucêmicas, anti-inflamatórias e imunossupressoras, entre outros agentes1010. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria interministerial n.º 9, de 07 de outubro de 2014. Publica a Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (LINACH), como referência para formulação de políticas públicas, na forma do anexo a esta Portaria. Brasília (DF); 2014 [cited 2019 Jun 10]. Available from: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_Legislacao/SST_Legislacao_Portarias_2014/Portaria-Inter-n.-09-LINACH.pdf
https://enit.trabalho.gov.br/portal/imag...
.

No segundo grupo, estão listados agentes como o medicamento azacitidina, indicado para tratamento da síndrome Mielodisplásica, o agente antineoplásico cisplatina, o cloral e hidrato de cloral, o sulfato de dimetila, entre outros. No terceiro, podem ser encontrados produtos como acetamida, acrilato de etila, o chumbo, o clorofórmio, e o estireno, usado na produção de poliésteres para a fabricação de embalagens plásticas e materiais descartáveis1010. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria interministerial n.º 9, de 07 de outubro de 2014. Publica a Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (LINACH), como referência para formulação de políticas públicas, na forma do anexo a esta Portaria. Brasília (DF); 2014 [cited 2019 Jun 10]. Available from: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_Legislacao/SST_Legislacao_Portarias_2014/Portaria-Inter-n.-09-LINACH.pdf
https://enit.trabalho.gov.br/portal/imag...
.

Apesar das publicações científicas terem avançado na compreensão e investigação da associação entre câncer de pulmão e exposição a substâncias carcinogênicas presentes nos locais de trabalho, há a necessidade de mais estudos referentes a essa temática, devido à importância do tema à saúde pública e do trabalhador.

A escassa discussão na literatura nacional, baliza a necessidade de identificar evidências cientificas da relação entre os agentes carcinogênicos no ambiente de trabalho e o risco para desenvolvimento do câncer de pulmão.

Para tanto, esta pesquisa baseou-se na questão: qual a associação entre agentes carcinogênicos aos quais o trabalhador está exposto e o câncer de pulmão? Tendo como objetivo identificar na literatura os agentes carcinogênicos presentes no ambiente ocupacional, as ocupações e o risco do câncer de pulmão.

MÉTODO

Estudo descritivo e analítico de Revisão Integrativa da Literatura. A revisão integrativa de literatura é um método que proporciona a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática1111. Souza MT, Silva MD, Carvalho R. Integrative review: what is it? how to do it? Einstein. 2010;8:102-6. doi: https://doi.org/10.1590/s1679-45082010rw1134
https://doi.org/10.1590/s1679-45082010rw...
.

Para estruturar essa revisão seguiram-se 6 etapas metodológicas1212. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2008;17(4):758-64. doi: https://doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018
https://doi.org/10.1590/S0104-0707200800...
: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa; estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos ou busca na literatura; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados, categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; Interpretação dos resultados; apresentação da revisão ou síntese do conhecimento.

Foram incluídos periódicos nacionais e internacionais dos últimos dez anos, com um corte histórico entre 1° de janeiro de 2009 até 21 de setembro de 2018, artigos originais, de reflexão e de revisões integrativas e sistemáticas que estivessem disponíveis gratuitamente e em texto completos, nos idiomas português, inglês, espanhol e italiano, que apresentassem a palavra “câncer de pulmão” ou seu sinônimo “neoplasia pulmonar” em seu título, no resumo ou nos descritores, e que correlacionassem em seu texto a exposição a agentes carcinogênicos no trabalho e o câncer de pulmão. Excluíram-se teses, dissertações e relatos de experiência.

A busca dos dados ocorreu entre setembro e outubro de 2018, na forma eletrônica, nos portais de bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), National Library of Medicine (PubMed) e Elton Bryson Stephens Company (EBSCO). Utilizou-se os seguintes descritores: Lung Neoplasms; Occupational Exposure; Carcinogens; Carcinogenic Substances Products and Materials

Para esta pesquisa utilizou-se as estratégias de busca descritas no Quadro 1 e cruzamentos de descritores com os operadores boleanos AND e OR.

A pesquisa foi delimitada a título, palavras-chave ou descritores e resumo, com vista a demarcar o conjunto de documentos a rastrear.

Quadro 1 -
Estratégia de busca e cruzamentos nas bases de dados com descritores controlados e operadores boleanos utilizados

A busca identificou 2.232 artigos científicos selecionados pelos critérios de inclusão previamente estabelecidos. A Figura 1 ilustra o fluxograma do processo de seleção dos estudos que compuseram a amostra de acordo com o Preferred Reporting Items for Systematic Review and a Meta-Analyses (PRISMA)1313. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG. Principais itens para relatar revisões sistemáticas e meta-análises: a recomendação PRISMA. Epidemiol Serv Saúde. 2015;24(2):335-42. doi: https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200017
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201500...
.

Figura 1 -
Fluxograma do processo de seleção da revisão integrativa de literatura

Realizou-se à leitura de cada resumo dos artigos encontrados, destacando aqueles que correspondiam ao objetivo proposto neste estudo. Para organizar os dados, os pesquisadores elaboraram uma planilha de coleta de dados no Microsoft Excel 2013 contendo: autor, ano, título, tipo de estudo e considerações. Seguindo os critérios de exclusão, foram selecionados 148 artigos para leitura na íntegra. Destes foram incluídos 32 artigos que fizeram parte da análise final, pois respondiam claramente à pergunta de pesquisa.

A análise dos artigos observou os conceitos abordados em cada artigo e realizou uma comparação entre eles, para que os pesquisadores adquirissem uma visão geral e atualizada do tema. Para maior clareza da apresentação dos dados, elaborou-se um instrumento para assegurar a totalidade dos dados importantes e minimizar os erros. Nele continham a identificação do autor, ano de publicação e país onde foi publicado, título do estudo, objetivo do estudo, delineamento metodológico, número dos participantes, nível de evidência, exposição, desfecho e periódico da publicação.

O nível de evidência dos estudos foi classificado por meio da qualidade das evidências em sete níveis1414. Melnyk BM, Fineout-Overholt E. Making the case for evidence-based practice. In: Melnyk BM, Fineout-Overholt E. Evidence based practice in nursing & healthcare. A guide to best practice. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2005. p. 3-24. . No nível I, as evidências são provenientes de revisão sistemática ou meta-análise de ensaios clínicos randomizados controlados ou oriundas de diretrizes clínicas baseadas em revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados controlados; nível II, evidências derivadas de pelo menos um ensaio clínico randomizado controlado bem delineado; nível III, evidências de ensaios clínicos bem delineados sem randomização; nível IV, evidências de estudos de coorte e de caso-controle bem delineados; nível V, evidências de revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos; nível VI, evidências de um único estudo descritivo ou qualitativo; nível VII, evidências de opinião de autoridades ou relatório de comitês de especialistas. O conhecimento de sistemas de classificação de evidências subsidia o pesquisador na avaliação crítica de resultados oriundos de pesquisas.

Após a sistematização dos dados, procedeu-se a análise crítica sobre a associação entre risco de câncer de pulmão e substâncias carcinogênicas presentes no ambiente de trabalho.

RESULTADOS

Foram incluídos 32 artigos referentes à associação entre substâncias carcinogênicas ao qual o trabalhador está exposto e o câncer de pulmão. Dentre os estudos selecionados, 12 (37,5%) foram realizados no continente asiático, tendo maior prevalência da China com nove (28,1%) publicações. Do continente europeu 12 (37,5%) dos estudos foram inclusos e cinco (15,6%) da América do Norte. Destaca-se a baixa produção na América do Sul com apenas uma (3,1%) publicação do Brasil e uma (3,1%) da Argentina.

Foram identificadas 22 produções de nível de evidência IV, quatro foram classificados como estudos de nível V e seis com evidência de nível VI. Com relação ao tipo de estudo, dez (31,2%) são estudos de coorte; 12 (37,5%) estudos de caso-controle; sete (21,8%) artigos de revisão, sendo três (9,3%) revisões integrativas (RI), uma (3,1%) revisão sistemática (RS) de estudo de coorte e caso-controle e três (9,3%) meta-análises. Os demais são dois estudos descritivos (6,2%) e um transversal analítico (3,1%).

No que se refere aos participantes envolvidos nos estudos, houve variabilidade na quantidade e na característica das populações, o que pode ser explicado pela diversidade de locais e contextos estudados. Destacaram-se trabalhadores do setor secundário, contabilizando 16 (50%) da amostra, dentre eles seis (18,75%) trabalhadores de indústrias de amianto.

Houve aumento no número de publicações entre 2010 e 2014, representando 72% da amostra. Quanto às substâncias carcinogênicas com relação causal para câncer de pulmão, foram predominantes o amianto em 12 (37,5%) dos estudos, seguido da sílica com nove (28,1%) dos estudos que compuseram a amostra.

As características dos estudos estão apresentadas no Quadro 2 conforme: autoria, ano e país; título; objetivo e tipo de estudo; nível de evidência; exposição e desfecho.

Quadro 2 -
Síntese dos estudos que compuseram a amostra

DISCUSSÃO

Observou-se que as publicações científicas sobre a associação entre substâncias carcinogênicas na qual o trabalhador está exposto e o câncer de pulmão são predominantemente internacionais e desenvolvidas no continente asiático. Infere-se que está realidade deve-se ao número de trabalhadores expostos aos cancerígenos ocupacionais na China ser semelhante à de países desenvolvidos, porém com piores condições de trabalho e exposição1616. Algranti E, Buschinelli JTP, De Capitani EM. Câncer de pulmão ocupacional. J Bras Pneumol. 2010;36(6):784-94. doi: https://doi.org/10.1590/S1806-37132010000600017
https://doi.org/10.1590/S1806-3713201000...
.

Em relação aos participantes dos estudos, observou-se que os trabalhadores do setor secundário foram predominantes na amostra, indústrias com 16 (50%) dos estudos e dois (6,2%) da construção civil. Seis (18,7%) estudos foram realizados com trabalhadores do setor primário (mineração) e somente três (9,3%) do setor terciário (transporte e pintura). A ocorrência de mais estudos referente ao setor secundário pode ser devido à uma maior concentração de agentes carcinogênicos nesse setor e de casos de câncer de pulmão relacionados, e ainda, pelo risco das atividades ali concentradas e um maior contingente de trabalhadores expostos.

Um estudo realizado em 2012 evidenciou que a mortalidade por câncer de pulmão em trabalhadores da indústria de caminhões aumentou em associação com a exposição cumulativa à carbono elementar. Até o ano 2000, do total de 4.306 mortes, 779 tiveram como causa o câncer de pulmão2727. Garshick E, Laden F, Hart JE, Davis ME, Eisen EA, Smith TJ. Lung cancer and elemental carbon exposure in trucking industry workers. Environ Health Perspect. 2012;120(9):1301-6. doi: https://doi.org/10.1289/ehp.1204989
https://doi.org/10.1289/ehp.1204989...
. Em estudo publicado em 2015, houve aumento do risco de câncer de pulmão ajustado ao tabagismo em trabalhadores da construção civil, com uma clara associação positiva com o tempo de trabalho. A associação foi plausível em vista do potencial de exposição a vários carcinogênicos, especialmente a sílica cristalina e, em menor grau, o amianto3131. Consonni D, De Matteis S, Pesatori AC, Bertazzi PA, Olsson AC, Kromhout H, et al. Lung cancer risk among bricklayers in a pooled analysis of case-control studies. Int J Cancer. 2015;136(2):360-71. doi: https://doi.org/10.1002/ijc.28986
https://doi.org/10.1002/ijc.28986...
.

Trabalhadores do sexo masculino formam a maioria da população nos estudos analisados. Este evento deve-se ao fato de homens ocuparem maior parte dos cargos nas indústrias que utilizam tais substâncias carcinogênicas. Um estudo de 2015 exemplifica essa predominância, na qual de 4424 trabalhadores de uma indústria portuária, 3732 eram homens e apenas 695 mulheres1515. Wu WT, Lin YJ, Li CY, Tsai PJ, Yang CY, Liou SH, et al. Cancer attributable to asbestos exposure in shipbreaking workers: A matched-cohort study. PLoS One. 2015;10(7):e0133128. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0133128
https://doi.org/10.1371/journal.pone.013...
. Outro exemplo foi descrito em 2010, o qual investigou o risco de câncer de pulmão associado à exposição ocupacional à exaustão do motor a diesel, e obteve 81% de homens em sua amostra2424. Olsson AC, Gustavsson P, Kromhout H, Peters S, Vermeulen R, Brüske I, et al. Exposure to diesel motor exhaust and lung cancer risk in a pooled analysis from case-control studies in Europe and Canada. Am J Respir Crit Care Med. 2011;183(7):941-8. doi: https://doi.org/10.1164/rccm.201006-0940OC
https://doi.org/10.1164/rccm.201006-0940...
. Em 2015 foi realizado um estudo onde havia um total de 160.640 trabalhadores em fábricas relacionadas ao asbesto disponíveis para estudo, e três quartos destes eram do sexo masculino2626. Lin CK, Chang YY, Wang J Der, Lee LJH. Increased standardised incidence ratio of malignant pleural mesothelioma in Taiwanese asbestos workers: a 29-year retrospective cohort study. Biomed Res Int. 2015:678598. doi: https://doi.org/10.1155/2015/678598
https://doi.org/10.1155/2015/678598...
.

A substância prevalente na amostra desta pesquisa foi o amianto em 12 (37,5%) estudos referentes a essa exposição1515. Wu WT, Lin YJ, Li CY, Tsai PJ, Yang CY, Liou SH, et al. Cancer attributable to asbestos exposure in shipbreaking workers: A matched-cohort study. PLoS One. 2015;10(7):e0133128. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0133128
https://doi.org/10.1371/journal.pone.013...
,1818. Kishimoto T, Gemba K, Fujimoto N, Onishi K, Usami I, Mizuhashi K, et al. Clinical study of asbestos-related lung cancer in Japan with special reference to occupational history. Cancer Sci. 2010;101(5):1194-8. doi: https://doi.org/10.1111/j.1349-7006.2010.01509.x
https://doi.org/10.1111/j.1349-7006.2010...
,2323. Ahn Y-S, Jeong KS. Epidemiologic characteristics of compensated occupational lung cancers among Korean workers. J Korean Med Sci. 2014;29(11):1473. doi: https://doi.org/10.3346/jkms.2014.29.11.1473
https://doi.org/10.3346/jkms.2014.29.11....
,2626. Lin CK, Chang YY, Wang J Der, Lee LJH. Increased standardised incidence ratio of malignant pleural mesothelioma in Taiwanese asbestos workers: a 29-year retrospective cohort study. Biomed Res Int. 2015:678598. doi: https://doi.org/10.1155/2015/678598
https://doi.org/10.1155/2015/678598...
,3030. Yano E, Wang X, Wang M, Qiu H, Wang Z. Lung cancer mortality from exposure to chrysotile asbestos and smoking: a case-control study within a cohort in China. Occup Environ Med. 2010;67(12):867-71. doi: https://doi.org/10.1136/oem.2009.051615
https://doi.org/10.1136/oem.2009.051615...
,3434. Wang X, Lin S, Yano E, Qiu H, Yu ITS, Tse L, et al. Mortality in a Chinese chrysotile miner cohort. Int Arch Occup Environ Health. 2012;85(4):405-12. doi: https://doi.org/10.1007/s00420-011-0685-9
https://doi.org/10.1007/s00420-011-0685-...
,3737. Ferrante D, Mirabelli D, Tunesi S, Terracini B, Magnani C. Pleural mesothelioma and occupational and non-occupational asbestos exposure: A case-control study with quantitative risk assessment. Occup Environ Med. 2016;73(3):147-53. doi: https://doi.org/10.1136/oemed-2015-102803
https://doi.org/10.1136/oemed-2015-10280...
-4040. Zurbriggen R, Capone L. Enfermedad pulmonar por amianto en trabajadores de acería. Medicina (Buenos Aires). 2013 [citado 2019 mai 20];73(3):224-30. Disponible en: http://www.medicinabuenosaires.com/PMID/23732197.pdf
http://www.medicinabuenosaires.com/PMID/...
,4545. Järvholm B, Åstrom E. The risk of lung cancer after cessation of asbestos exposure in construction workers using pleural malignant mesothelioma as a marker of exposure. J Occup Environ Med. 2014;56(12):1297-301. doi: https://doi.org/10.1097/JOM.0000000000000258
https://doi.org/10.1097/JOM.000000000000...
-4646. De Matteis S, Conssoni D, Lubin JH, Tucker M, Peters S, Vermeulen RCh, et al. Impact of occupational carcinogens on lung cancer risk in on general population. Int J Epidemiol. 2012; 41(3):711-21. doi: https://doi.org/10.1093/ije/dys042
https://doi.org/10.1093/ije/dys042...
e sua associação com o câncer de pulmão. Muitos países, incluindo o Japão, proibiram a produção e o uso de qualquer tipo de amianto, enquanto outros países, incluindo a China, continuam a produzir e usar grandes quantidades de amianto crisotila em materiais de construção3030. Yano E, Wang X, Wang M, Qiu H, Wang Z. Lung cancer mortality from exposure to chrysotile asbestos and smoking: a case-control study within a cohort in China. Occup Environ Med. 2010;67(12):867-71. doi: https://doi.org/10.1136/oem.2009.051615
https://doi.org/10.1136/oem.2009.051615...
.

Os cinco maiores produtores de amianto no mundo são: Rússia, China, Brasil, Kazakhstan e Canadá. O mundo tem cerca de 200 milhões de toneladas de asbestos provenientes de recursos naturais. Embora o Brasil seja o terceiro maior produtor (250,000 toneladas/ano) de amianto no mundo, a campanha nacional anti-amianto tem favorecido o declínio de sua utilização, no entanto o excedente, que chega a 65%, tem sido exportado principalmente para países da Ásia e América Latina. No Brasil, a maior parte do amianto comercializado é do tipo crisotila ou amianto branco, sendo mais de 90% consumido pelas indústrias de fibrocimento e têxtil e 10% em materiais de fricção (autopeças) e indústrias químico-plásticas4747. Algranti E, Saito CA, Carneiro APS, Moreira B, Mendonça EMC, Bussaco MA. The next mesothelioma wave: mortality trends and forecast to 2030 in Brazil. Cancer Epidemiol. 2015;39(5):687-92. doi: https://doi.org/10.1016/j.canep.2015.08.007
https://doi.org/10.1016/j.canep.2015.08....
-4848. Ferracini B, Pedra F, Otero U. Asbestos-related cancers in Brazil. Cad Saúde Pública. 2015;31(5): 903-5. doi: https://doi.org/10.1590/0102-311XPE010515
https://doi.org/10.1590/0102-311XPE01051...
.

Em novembro de 2017 o Supremo Tribunal Federal (STF) votou favoravelmente para o banimento total do amianto no Brasil. Ficou proibida, portanto, a extração, industrialização e comercialização de qualquer produto que contenha amianto crisotila em sua composição em território nacional, e o Congresso e os Estados não poderão aprovar leis para autorizar o seu uso4949. Supremo Tribunal Federal (BR) [Internet]. Brasilia, DF: STF; c2017 [cited 2019 Jun 10]. STF reafirma inconstitucionalidade de dispositivo que permitia extração de amianto crisotila; [approx. 1 screen]. Available from: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=363263
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoti...
. Entretanto, a súmula ainda não foi publicada, e movimentos pró-amianto, lutam pelo retorno da extração.

A exposição ao asbesto/amianto é um fator causador de risco já estabelecido para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Verificou-se em diversos estudos selecionados que quanto maior a exposição, mais eminente se torna o risco3131. Consonni D, De Matteis S, Pesatori AC, Bertazzi PA, Olsson AC, Kromhout H, et al. Lung cancer risk among bricklayers in a pooled analysis of case-control studies. Int J Cancer. 2015;136(2):360-71. doi: https://doi.org/10.1002/ijc.28986
https://doi.org/10.1002/ijc.28986...
,4646. De Matteis S, Conssoni D, Lubin JH, Tucker M, Peters S, Vermeulen RCh, et al. Impact of occupational carcinogens on lung cancer risk in on general population. Int J Epidemiol. 2012; 41(3):711-21. doi: https://doi.org/10.1093/ije/dys042
https://doi.org/10.1093/ije/dys042...
. Há aumento do risco de câncer de pulmão quase linearmente com a dose cumulativa de amianto33. Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (BR). Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimate 2018: incidence of cancer in Brazil. Rio de Janeiro: INCA; 2017 [cited 2019 Jun 10]. Available from: http://coleciona-sus.bvs.br/lildbi/docsonline/get.php?id=1451
http://coleciona-sus.bvs.br/lildbi/docso...
; contudo, estudos comprovaram que, ao sessar a exposição, este diminui proporcionalmente33. Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (BR). Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimate 2018: incidence of cancer in Brazil. Rio de Janeiro: INCA; 2017 [cited 2019 Jun 10]. Available from: http://coleciona-sus.bvs.br/lildbi/docsonline/get.php?id=1451
http://coleciona-sus.bvs.br/lildbi/docso...
,3131. Consonni D, De Matteis S, Pesatori AC, Bertazzi PA, Olsson AC, Kromhout H, et al. Lung cancer risk among bricklayers in a pooled analysis of case-control studies. Int J Cancer. 2015;136(2):360-71. doi: https://doi.org/10.1002/ijc.28986
https://doi.org/10.1002/ijc.28986...
.

O desenvolvimento do câncer de pulmão também variou entre os grupos ocupacionais dependendo do grau de exposição ao amianto. Na pesquisa evidenciou-se seis estudos relacionados diretamente a trabalhadores de indústrias associadas ao Amianto1818. Kishimoto T, Gemba K, Fujimoto N, Onishi K, Usami I, Mizuhashi K, et al. Clinical study of asbestos-related lung cancer in Japan with special reference to occupational history. Cancer Sci. 2010;101(5):1194-8. doi: https://doi.org/10.1111/j.1349-7006.2010.01509.x
https://doi.org/10.1111/j.1349-7006.2010...
,2626. Lin CK, Chang YY, Wang J Der, Lee LJH. Increased standardised incidence ratio of malignant pleural mesothelioma in Taiwanese asbestos workers: a 29-year retrospective cohort study. Biomed Res Int. 2015:678598. doi: https://doi.org/10.1155/2015/678598
https://doi.org/10.1155/2015/678598...
,3030. Yano E, Wang X, Wang M, Qiu H, Wang Z. Lung cancer mortality from exposure to chrysotile asbestos and smoking: a case-control study within a cohort in China. Occup Environ Med. 2010;67(12):867-71. doi: https://doi.org/10.1136/oem.2009.051615
https://doi.org/10.1136/oem.2009.051615...
,3232. Brenner DR, Hung RJ, Tsao MS, Shepherd FA, Johnston MR, Narod S, et al. Lung cancer risk in never-smokers: A population-based case-control study of epidemiologic risk factors. BMC Cancer. 2010;10:285. Available from: https://doi.org/10.1186/1471-2407-10-285
https://doi.org/10.1186/1471-2407-10-285...
,3838. Swiatkowska B, Szubert Z, Sobala W, Szeszenia-Dabrowska N. Predictors of lung cancer among former asbestos-exposed workers. Lung Cancer. 2015;89(3):243-8. doi: https://doi.org/10.1016/j.lungcan.2015.06.013
https://doi.org/10.1016/j.lungcan.2015.0...
-3939. Clin B, Andujar P, Abd Al Samad I, Azpitarte C, Le Pimpec-Barthes F, Billon-Galland MA, et al. Pulmonary carcinoid tumors and asbestos exposure. Ann Occup Hyg. 2012;56(7):789-95. doi: https://doi.org/10.1093/annhyg/mes017
https://doi.org/10.1093/annhyg/mes017...
.

Além disso, torna-se necessário ressaltar que a associação entre o tabagismo e a exposição ao amianto torna-se uma combinação extremamente perigosa. Em relação ao tabagismo em um estudo com 154 indivíduos, apenas 15 pacientes (10%) eram não-fumantes e 134 eram fumantes ou ex-fumantes. Setenta e um pacientes (47%) foram classificados como fumantes pesados. O câncer de pulmão pode ocorrer em não fumantes expostos ao amianto; no entanto, o risco é aumentado pelo tabagismo, e o aumento do risco de câncer de pulmão permanece até 20 anos após a cessação do tabagismo1818. Kishimoto T, Gemba K, Fujimoto N, Onishi K, Usami I, Mizuhashi K, et al. Clinical study of asbestos-related lung cancer in Japan with special reference to occupational history. Cancer Sci. 2010;101(5):1194-8. doi: https://doi.org/10.1111/j.1349-7006.2010.01509.x
https://doi.org/10.1111/j.1349-7006.2010...
.

Mesmo que a produção e o uso do amianto tenham sido proibidos em determinados países, os casos de câncer de pulmão continuam surgindo devido ao período de latência que pode chegar a 50 anos após o fim da exposição. Uma taxa desse percentual refere-se ao mesotelioma, câncer raro e letal, que tem como única causa a exposição ao amianto. Comprovou-se em 2015 a associação entre a exposição ocupacional ao amianto e o mesotelioma maligno de pleura (MPM). O maior risco de MPM foi encontrado entre os trabalhadores de indústrias de amianto do sexo masculino2626. Lin CK, Chang YY, Wang J Der, Lee LJH. Increased standardised incidence ratio of malignant pleural mesothelioma in Taiwanese asbestos workers: a 29-year retrospective cohort study. Biomed Res Int. 2015:678598. doi: https://doi.org/10.1155/2015/678598
https://doi.org/10.1155/2015/678598...
.

A segunda substância mais evidenciada com associação ao câncer de pulmão na amostra desta pesquisa foi a sílica em nove (28,1%) dos estudos2121. Lacasse Y, Martin S, Gagné D, Lakhal L. Dose-response meta-analysis of silica and lung cancer. Cancer Causes Control. 2009;20(6):925-33. doi: https://doi.org/10.1007/s10552-009-9296-0
https://doi.org/10.1007/s10552-009-9296-...
,2323. Ahn Y-S, Jeong KS. Epidemiologic characteristics of compensated occupational lung cancers among Korean workers. J Korean Med Sci. 2014;29(11):1473. doi: https://doi.org/10.3346/jkms.2014.29.11.1473
https://doi.org/10.3346/jkms.2014.29.11....
,2525. Liu Y, Steenland K, Rong Y, Hnizdo E, Huang X, Zhang H, et al. Exposure-response analysis and risk assessment for lung cancer in relationship to silica exposure: a 44-year cohort study of 34,018 workers. Am J Epidemiol. 2013;178(9):1424-33. doi: https://doi.org/10.1093/aje/kwt139
https://doi.org/10.1093/aje/kwt139...
,3131. Consonni D, De Matteis S, Pesatori AC, Bertazzi PA, Olsson AC, Kromhout H, et al. Lung cancer risk among bricklayers in a pooled analysis of case-control studies. Int J Cancer. 2015;136(2):360-71. doi: https://doi.org/10.1002/ijc.28986
https://doi.org/10.1002/ijc.28986...
,3535. Poinen-Rughooputh S, Rughooputh MS, Guo Y, Rong Y, Chen W. Occupational exposure to silica dust and risk of lung cancer: an updated meta-analysis of epidemiological studies. BMC Public Health. 2016;16:1137. doi: https://doi.org/10.1186/s12889-016-3791-5
https://doi.org/10.1186/s12889-016-3791-...
,4141. Sogl M, Taeger D, Pallapies D, Brüning T, Dufey F, Schnelzer M, et al. Quantitative relationship between silica exposure and lung cancer mortality in German uranium miners, 1946-2003. Br J Cancer. 2012;107(7):1188-94. doi: https://doi.org/10.1038/bjc.2012.374
https://doi.org/10.1038/bjc.2012.374...
-4343. Steenland K, Ward E. Silica: a lung carcinogen. CA Cancer J Clin. 2014;64(1):63-9. doi: http://doi.org/10.3322/caac.21214
http://doi.org/10.3322/caac.21214...
,4646. De Matteis S, Conssoni D, Lubin JH, Tucker M, Peters S, Vermeulen RCh, et al. Impact of occupational carcinogens on lung cancer risk in on general population. Int J Epidemiol. 2012; 41(3):711-21. doi: https://doi.org/10.1093/ije/dys042
https://doi.org/10.1093/ije/dys042...
. Relatórios recentes indicaram que mais de 1,7 milhão de trabalhadores nos Estados Unidos, mais de 2 milhões na Europa e mais de 23 milhões na China foram ocupacionalmente expostos ao pó de sílica cristalina2626. Lin CK, Chang YY, Wang J Der, Lee LJH. Increased standardised incidence ratio of malignant pleural mesothelioma in Taiwanese asbestos workers: a 29-year retrospective cohort study. Biomed Res Int. 2015:678598. doi: https://doi.org/10.1155/2015/678598
https://doi.org/10.1155/2015/678598...
. A sílica é comprovadamente um carcinógeno pulmonar. Esse risco aumentado é particularmente aparente quando a exposição cumulativa à sílica está além da concentração-limite recomendada por um período prolongado de exposição2121. Lacasse Y, Martin S, Gagné D, Lakhal L. Dose-response meta-analysis of silica and lung cancer. Cancer Causes Control. 2009;20(6):925-33. doi: https://doi.org/10.1007/s10552-009-9296-0
https://doi.org/10.1007/s10552-009-9296-...
,4646. De Matteis S, Conssoni D, Lubin JH, Tucker M, Peters S, Vermeulen RCh, et al. Impact of occupational carcinogens on lung cancer risk in on general population. Int J Epidemiol. 2012; 41(3):711-21. doi: https://doi.org/10.1093/ije/dys042
https://doi.org/10.1093/ije/dys042...
.

O escape do motor diesel foi recorrente em quatro (12,5%) dos estudos2020. Sun Y, Bochmann F, Nold A, Mattenklott M. Diesel exhaust exposure and the risk of lung cancer-a review of the epidemiological evidence. Int J Environ Res Public Health. 2014;11(2):1312-40. doi: https://doi.org/10.3390/ijerph110201312
https://doi.org/10.3390/ijerph110201312...
,2424. Olsson AC, Gustavsson P, Kromhout H, Peters S, Vermeulen R, Brüske I, et al. Exposure to diesel motor exhaust and lung cancer risk in a pooled analysis from case-control studies in Europe and Canada. Am J Respir Crit Care Med. 2011;183(7):941-8. doi: https://doi.org/10.1164/rccm.201006-0940OC
https://doi.org/10.1164/rccm.201006-0940...
,4242. Tse LA, Yu IS, Au JSK, Qiu H, Wang XR. Silica dust, diesel exhaust, and painting work are the significant occupational risk factors for lung cancer in nonsmoking Chinese men. Br J Cancer. 2011;104(1):208-13. doi: https://doi.org/10.1038/sj.bjc.6606006
https://doi.org/10.1038/sj.bjc.6606006...
,4444. Silverman DT, Samanic CM, Lubin JH, Blair AE, Stewart PA, Vermeulen R, et al. The diesel exhaust in miners study: a nested case-control study of lung cancer and diesel exhaust. J Natl Cancer Inst. 2012;104(11):855-68. doi: https://doi.org/10.1093/jnci/djs034
https://doi.org/10.1093/jnci/djs034...
, seguido do gás mostarda indicado em 6,2% da amostra2222. Doi M, Hattori N, Yokoyama A, Onari Y, Kanehara M, Masuda K, et al. Effect of mustard gas exposure on incidence of lung cancer: a longitudinal study. Am J Epidemiol. 2011;173(6):659-66. doi: https://doi.org/10.1093/aje/kwq426
https://doi.org/10.1093/aje/kwq426...
,3333. Ghanei M, Harandi AA. Lung carcinogenicity of sulfur mustard. Clin Lung Cancer. 2010;11(1):13-7. doi: https://doi.org/10.3816/CLC.2010.n.002
https://doi.org/10.3816/CLC.2010.n.002...
. As demais substâncias foram: Quartzo, Carvão, Níquel, Cromo VI, Carbono Elementar, Carboneto de Silício, Talco e Tinta em Spray. Todas elas com riscos altos, médios ou baixos para câncer de pulmão, a depender de condições de exposição.

Diversos tipos de substâncias carcinogênicas foram descritos nos estudos, visto que no ambiente ocupacional encontram-se várias fontes potenciais significativas de risco para câncer de pulmão, incluindo exposição a solventes, tintas ou diluentes, equipamentos de solda e fumaça, fuligem ou exaustão, assim como amianto, sílica, entre outros carcinógenos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A associação entre a exposição ocupacional e o risco de câncer de pulmão ficou caracterizada nesta pesquisa pelas substanciais evidências científicas dos estudos descritos que confirmam essa associação. No entanto, a produção de conhecimento e o debate sobre as consequências que as substâncias carcinogênicas causam na saúde do trabalhador devem ser expandidas para criação de medidas de vigilância à saúde e segurança do trabalhador.

No Brasil, casos de doenças e óbitos relacionados à exposição a substâncias cancerígenas no trabalho devem compulsoriamente serem notificados no Sistema de Informações e Agravos de Notificação (SINAN) brasileiro e acompanhados pelos serviços epidemiológicos de saúde.

Tendo o amianto como a substância mais recorrente na amostra, afirma-se a necessidade de um controle e vigilância mais rigorosa, já que o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de produtor mundial do amianto e mesmo que seu banimento tivesse ocorrido no final de 2017, sendo que ainda na justiça existe a proposta para a continuidade da extração, e estima-se que o aumento dos casos relacionados a essa substância atinjam seu ápice em 2021 e perpetuando-se por mais 40 a 50 anos.

Salienta-se a necessidade de ampliar a produção científica nacional sobre a temática, haja vista, apenas uma publicação brasileira compôs a amostra dessa pesquisa. Faltam estudos de monitoramento dos trabalhadores expostos ao amianto e a todas as demais substâncias cancerígenas identificadas. O desenvolvimento desta revisão contribuirá para a incorporação das evidências na prática de enfermeiros e equipe de saúde ocupacional de indústrias e da saúde pública.

As limitações referem-se a inclusão de dez artigos com nível de evidência V ou VI na amostra final. Estudos desse tipo não produzem evidência forte da associação entre agentes carcinogênicos presentes no ambiente de trabalho e o desenvolvimento de câncer de pulmão, como os estudos de nível de evidência maiores. A dificuldade de acesso às publicações internacionais por não estarem disponíveis na integra configura-se outra limitação, pois artigos sobre a temática podem não ter sido incluídos.

REFERENCES

  • 1. Instituto Nacional de Câncer (BR) [Internet]. Rio de Janeiro (RJ): INCA; c2011-2019 [cited 2019 Jun 10]. Tipos de câncer: câncer de pulmão; [approx. 1 screen]. Available from: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pulmao
    » https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pulmao
  • 2. International Agency for Research on Cancer (FR) [Internet]. Global Cancer Observatory. Lyon: IARC; c2018-2019 [cited 2019 Jun 10]. Available from: http://gco.iarc.fr/
    » http://gco.iarc.fr/
  • 3. Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (BR). Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimate 2018: incidence of cancer in Brazil. Rio de Janeiro: INCA; 2017 [cited 2019 Jun 10]. Available from: http://coleciona-sus.bvs.br/lildbi/docsonline/get.php?id=1451
    » http://coleciona-sus.bvs.br/lildbi/docsonline/get.php?id=1451
  • 4. Eom SY, Yim DH, Lee CH, Choe KH, An JY, Lee KY, et al. Interactions between paraoxonase 1 genetic polymorphisms and smoking and their effects on oxidative stress and lung cancer risk in a Korean population. PLoS One. 2015;10:e0119100. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0119100
    » https://doi.org/10.1371/journal.pone.0119100
  • 5. Facina T. Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. Rev Bras Cancerol. 2012;58:279-80.
  • 6. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (BR). Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. Rio de Janeiro: INCA ; 2012 [cited 2019 Jun 10] Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/diretrizes_vigilancia_cancer_trabalho.pdf
    » http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/diretrizes_vigilancia_cancer_trabalho.pdf
  • 7. Organização das Nações Unidas (BR) [Internet]. Rio de Janeiro: UNIC; c2018-2019 [cited 2019 Jun 10]. Um trabalhador morre a cada 30 segundos no mundo por exposição a substâncias tóxicas, diz ONU; [approx. 1 screen]. Available from: https://nacoesunidas.org/um-trabalhador-morre-a-cada-30-segundos-no-mundo-por-exposicao-a-substancias-toxicas-diz-onu/
    » https://nacoesunidas.org/um-trabalhador-morre-a-cada-30-segundos-no-mundo-por-exposicao-a-substancias-toxicas-diz-onu/
  • 8. Chagas CC, Guimarães RM, Boccolini PMM. Câncer relacionado ao trabalho: uma revisão sistemática. Cad Saúde Coletiva. 2013;21(2):209-23. doi: https://doi.org/10.1590/S1414-462X2013000200017
    » https://doi.org/10.1590/S1414-462X2013000200017
  • 9. Malta DC, Oliveira TP, Vieira ML, Almeida L, Szwarcwal CL. Use of tobacco and exposure to tobacco smoke in Brazil: results from the National Health Survey 2013. Epidemiol Serv Saúde. 2015;24(2):239-48. doi: https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200006
    » https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200006
  • 10. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria interministerial n.º 9, de 07 de outubro de 2014. Publica a Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (LINACH), como referência para formulação de políticas públicas, na forma do anexo a esta Portaria. Brasília (DF); 2014 [cited 2019 Jun 10]. Available from: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_Legislacao/SST_Legislacao_Portarias_2014/Portaria-Inter-n.-09-LINACH.pdf
    » https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_Legislacao/SST_Legislacao_Portarias_2014/Portaria-Inter-n.-09-LINACH.pdf
  • 11. Souza MT, Silva MD, Carvalho R. Integrative review: what is it? how to do it? Einstein. 2010;8:102-6. doi: https://doi.org/10.1590/s1679-45082010rw1134
    » https://doi.org/10.1590/s1679-45082010rw1134
  • 12. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2008;17(4):758-64. doi: https://doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018
    » https://doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018
  • 13. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG. Principais itens para relatar revisões sistemáticas e meta-análises: a recomendação PRISMA. Epidemiol Serv Saúde. 2015;24(2):335-42. doi: https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200017
    » https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200017
  • 14. Melnyk BM, Fineout-Overholt E. Making the case for evidence-based practice. In: Melnyk BM, Fineout-Overholt E. Evidence based practice in nursing & healthcare. A guide to best practice. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2005. p. 3-24.
  • 15. Wu WT, Lin YJ, Li CY, Tsai PJ, Yang CY, Liou SH, et al. Cancer attributable to asbestos exposure in shipbreaking workers: A matched-cohort study. PLoS One. 2015;10(7):e0133128. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0133128
    » https://doi.org/10.1371/journal.pone.0133128
  • 16. Algranti E, Buschinelli JTP, De Capitani EM. Câncer de pulmão ocupacional. J Bras Pneumol. 2010;36(6):784-94. doi: https://doi.org/10.1590/S1806-37132010000600017
    » https://doi.org/10.1590/S1806-37132010000600017
  • 17. Westberg H, Andersson L, Bryngelsson IL, Ngo Y, Ohlson CG. Cancer morbidity and quartz exposure in Swedish iron foundries. Int Arch Occup Environ Health. 2013;86(5):499-507. doi: https://doi.org/10.1007/s00420-012-0782-4
    » https://doi.org/10.1007/s00420-012-0782-4
  • 18. Kishimoto T, Gemba K, Fujimoto N, Onishi K, Usami I, Mizuhashi K, et al. Clinical study of asbestos-related lung cancer in Japan with special reference to occupational history. Cancer Sci. 2010;101(5):1194-8. doi: https://doi.org/10.1111/j.1349-7006.2010.01509.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1349-7006.2010.01509.x
  • 19. Hosgood HD, Chapman RS, Wei H, He X, Tian L, Liu LZ, et al. Coal mining is associated with lung cancer risk in Xuanwei, China. Am J Ind Med. 2012;55(1):5-10. doi: https://doi.org/10.1002/ajim.21014
    » https://doi.org/10.1002/ajim.21014
  • 20. Sun Y, Bochmann F, Nold A, Mattenklott M. Diesel exhaust exposure and the risk of lung cancer-a review of the epidemiological evidence. Int J Environ Res Public Health. 2014;11(2):1312-40. doi: https://doi.org/10.3390/ijerph110201312
    » https://doi.org/10.3390/ijerph110201312
  • 21. Lacasse Y, Martin S, Gagné D, Lakhal L. Dose-response meta-analysis of silica and lung cancer. Cancer Causes Control. 2009;20(6):925-33. doi: https://doi.org/10.1007/s10552-009-9296-0
    » https://doi.org/10.1007/s10552-009-9296-0
  • 22. Doi M, Hattori N, Yokoyama A, Onari Y, Kanehara M, Masuda K, et al. Effect of mustard gas exposure on incidence of lung cancer: a longitudinal study. Am J Epidemiol. 2011;173(6):659-66. doi: https://doi.org/10.1093/aje/kwq426
    » https://doi.org/10.1093/aje/kwq426
  • 23. Ahn Y-S, Jeong KS. Epidemiologic characteristics of compensated occupational lung cancers among Korean workers. J Korean Med Sci. 2014;29(11):1473. doi: https://doi.org/10.3346/jkms.2014.29.11.1473
    » https://doi.org/10.3346/jkms.2014.29.11.1473
  • 24. Olsson AC, Gustavsson P, Kromhout H, Peters S, Vermeulen R, Brüske I, et al. Exposure to diesel motor exhaust and lung cancer risk in a pooled analysis from case-control studies in Europe and Canada. Am J Respir Crit Care Med. 2011;183(7):941-8. doi: https://doi.org/10.1164/rccm.201006-0940OC
    » https://doi.org/10.1164/rccm.201006-0940OC
  • 25. Liu Y, Steenland K, Rong Y, Hnizdo E, Huang X, Zhang H, et al. Exposure-response analysis and risk assessment for lung cancer in relationship to silica exposure: a 44-year cohort study of 34,018 workers. Am J Epidemiol. 2013;178(9):1424-33. doi: https://doi.org/10.1093/aje/kwt139
    » https://doi.org/10.1093/aje/kwt139
  • 26. Lin CK, Chang YY, Wang J Der, Lee LJH. Increased standardised incidence ratio of malignant pleural mesothelioma in Taiwanese asbestos workers: a 29-year retrospective cohort study. Biomed Res Int. 2015:678598. doi: https://doi.org/10.1155/2015/678598
    » https://doi.org/10.1155/2015/678598
  • 27. Garshick E, Laden F, Hart JE, Davis ME, Eisen EA, Smith TJ. Lung cancer and elemental carbon exposure in trucking industry workers. Environ Health Perspect. 2012;120(9):1301-6. doi: https://doi.org/10.1289/ehp.1204989
    » https://doi.org/10.1289/ehp.1204989
  • 28. Consonni D, De Matteis S, Lubin JH, Wacholder S, Tucker M, Pesatori AC, et al. Lung cancer and occupation in a population-based case-control study. Am J Epidemiol. 2010;171(3):323-33. doi: https://doi.org/10.1093/aje/kwp391
    » https://doi.org/10.1093/aje/kwp391
  • 29. Bugge MD, Kjrheim K, Freland S, Eduard W, Kjuus H. Lung cancer incidence among Norwegian silicon carbide industry workers: associations with particulate exposure factors. Occup Environ Med. 2012;69(8):527-33. doi: https://doi.org/10.1136/oemed-2011-100623
    » https://doi.org/10.1136/oemed-2011-100623
  • 30. Yano E, Wang X, Wang M, Qiu H, Wang Z. Lung cancer mortality from exposure to chrysotile asbestos and smoking: a case-control study within a cohort in China. Occup Environ Med. 2010;67(12):867-71. doi: https://doi.org/10.1136/oem.2009.051615
    » https://doi.org/10.1136/oem.2009.051615
  • 31. Consonni D, De Matteis S, Pesatori AC, Bertazzi PA, Olsson AC, Kromhout H, et al. Lung cancer risk among bricklayers in a pooled analysis of case-control studies. Int J Cancer. 2015;136(2):360-71. doi: https://doi.org/10.1002/ijc.28986
    » https://doi.org/10.1002/ijc.28986
  • 32. Brenner DR, Hung RJ, Tsao MS, Shepherd FA, Johnston MR, Narod S, et al. Lung cancer risk in never-smokers: A population-based case-control study of epidemiologic risk factors. BMC Cancer. 2010;10:285. Available from: https://doi.org/10.1186/1471-2407-10-285
    » https://doi.org/10.1186/1471-2407-10-285
  • 33. Ghanei M, Harandi AA. Lung carcinogenicity of sulfur mustard. Clin Lung Cancer. 2010;11(1):13-7. doi: https://doi.org/10.3816/CLC.2010.n.002
    » https://doi.org/10.3816/CLC.2010.n.002
  • 34. Wang X, Lin S, Yano E, Qiu H, Yu ITS, Tse L, et al. Mortality in a Chinese chrysotile miner cohort. Int Arch Occup Environ Health. 2012;85(4):405-12. doi: https://doi.org/10.1007/s00420-011-0685-9
    » https://doi.org/10.1007/s00420-011-0685-9
  • 35. Poinen-Rughooputh S, Rughooputh MS, Guo Y, Rong Y, Chen W. Occupational exposure to silica dust and risk of lung cancer: an updated meta-analysis of epidemiological studies. BMC Public Health. 2016;16:1137. doi: https://doi.org/10.1186/s12889-016-3791-5
    » https://doi.org/10.1186/s12889-016-3791-5
  • 36. Chang CJ, Tu YK, Chen PC, Yang HY. Occupational exposure to talc increases the risk of lung cancer: a meta-analysis of occupational cohort studies. Can Respir J. 2017:1270608. doi: https://doi.org/10.1155/2017/1270608
    » https://doi.org/10.1155/2017/1270608
  • 37. Ferrante D, Mirabelli D, Tunesi S, Terracini B, Magnani C. Pleural mesothelioma and occupational and non-occupational asbestos exposure: A case-control study with quantitative risk assessment. Occup Environ Med. 2016;73(3):147-53. doi: https://doi.org/10.1136/oemed-2015-102803
    » https://doi.org/10.1136/oemed-2015-102803
  • 38. Swiatkowska B, Szubert Z, Sobala W, Szeszenia-Dabrowska N. Predictors of lung cancer among former asbestos-exposed workers. Lung Cancer. 2015;89(3):243-8. doi: https://doi.org/10.1016/j.lungcan.2015.06.013
    » https://doi.org/10.1016/j.lungcan.2015.06.013
  • 39. Clin B, Andujar P, Abd Al Samad I, Azpitarte C, Le Pimpec-Barthes F, Billon-Galland MA, et al. Pulmonary carcinoid tumors and asbestos exposure. Ann Occup Hyg. 2012;56(7):789-95. doi: https://doi.org/10.1093/annhyg/mes017
    » https://doi.org/10.1093/annhyg/mes017
  • 40. Zurbriggen R, Capone L. Enfermedad pulmonar por amianto en trabajadores de acería. Medicina (Buenos Aires). 2013 [citado 2019 mai 20];73(3):224-30. Disponible en: http://www.medicinabuenosaires.com/PMID/23732197.pdf
    » http://www.medicinabuenosaires.com/PMID/23732197.pdf
  • 41. Sogl M, Taeger D, Pallapies D, Brüning T, Dufey F, Schnelzer M, et al. Quantitative relationship between silica exposure and lung cancer mortality in German uranium miners, 1946-2003. Br J Cancer. 2012;107(7):1188-94. doi: https://doi.org/10.1038/bjc.2012.374
    » https://doi.org/10.1038/bjc.2012.374
  • 42. Tse LA, Yu IS, Au JSK, Qiu H, Wang XR. Silica dust, diesel exhaust, and painting work are the significant occupational risk factors for lung cancer in nonsmoking Chinese men. Br J Cancer. 2011;104(1):208-13. doi: https://doi.org/10.1038/sj.bjc.6606006
    » https://doi.org/10.1038/sj.bjc.6606006
  • 43. Steenland K, Ward E. Silica: a lung carcinogen. CA Cancer J Clin. 2014;64(1):63-9. doi: http://doi.org/10.3322/caac.21214
    » http://doi.org/10.3322/caac.21214
  • 44. Silverman DT, Samanic CM, Lubin JH, Blair AE, Stewart PA, Vermeulen R, et al. The diesel exhaust in miners study: a nested case-control study of lung cancer and diesel exhaust. J Natl Cancer Inst. 2012;104(11):855-68. doi: https://doi.org/10.1093/jnci/djs034
    » https://doi.org/10.1093/jnci/djs034
  • 45. Järvholm B, Åstrom E. The risk of lung cancer after cessation of asbestos exposure in construction workers using pleural malignant mesothelioma as a marker of exposure. J Occup Environ Med. 2014;56(12):1297-301. doi: https://doi.org/10.1097/JOM.0000000000000258
    » https://doi.org/10.1097/JOM.0000000000000258
  • 46. De Matteis S, Conssoni D, Lubin JH, Tucker M, Peters S, Vermeulen RCh, et al. Impact of occupational carcinogens on lung cancer risk in on general population. Int J Epidemiol. 2012; 41(3):711-21. doi: https://doi.org/10.1093/ije/dys042
    » https://doi.org/10.1093/ije/dys042
  • 47. Algranti E, Saito CA, Carneiro APS, Moreira B, Mendonça EMC, Bussaco MA. The next mesothelioma wave: mortality trends and forecast to 2030 in Brazil. Cancer Epidemiol. 2015;39(5):687-92. doi: https://doi.org/10.1016/j.canep.2015.08.007
    » https://doi.org/10.1016/j.canep.2015.08.007
  • 48. Ferracini B, Pedra F, Otero U. Asbestos-related cancers in Brazil. Cad Saúde Pública. 2015;31(5): 903-5. doi: https://doi.org/10.1590/0102-311XPE010515
    » https://doi.org/10.1590/0102-311XPE010515
  • 49. Supremo Tribunal Federal (BR) [Internet]. Brasilia, DF: STF; c2017 [cited 2019 Jun 10]. STF reafirma inconstitucionalidade de dispositivo que permitia extração de amianto crisotila; [approx. 1 screen]. Available from: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=363263
    » http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=363263

Editado por

Editor associado:

Cecília Glanzner

Editor-chefe:

Maria da Graça Oliveira Crossetti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jul 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    29 Out 2019
  • Aceito
    12 Fev 2020
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Enfermagem Rua São Manoel, 963 -Campus da Saúde , 90.620-110 - Porto Alegre - RS - Brasil, Fone: (55 51) 3308-5242 / Fax: (55 51) 3308-5436 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: revista@enf.ufrgs.br