Acessibilidade / Reportar erro

Aproximações entre sistematização da assistência de enfermagem, complexidade e ontologia na prática profissional do enfermeiro

RESUMO

Objetivo:

Refletir sobre as aproximações entre Sistematização da Assistência de Enfermagem, ontologia e pensamento complexo na prática profissional do enfermeiro.

Método:

Estudo teórico reflexivo fundamentado na Teoria da Complexidade de Edgar Morin e nos princípios ontológicos com aplicação computacional possíveis de representações conceituais na enfermagem.

Resultados:

O paradigma da complexidade rompe com a linearidade e amplia o significado da Sistematização da Assistência de Enfermagem, favorecendo a conceituação de novas entidades e objetivos, distanciando-se do reducionismo na prática laboral. Considera-se a ontologia como potencial tecnologia para criação de linguagem padronizada capaz de representar a Sistematização da Assistência de Enfermagem na perspectiva do pensamento complexo.

Conclusão:

A ontologia facilita a representação formal do conhecimento da Sistematização da Assistência de Enfermagem, gerando fortalecimento da sua identidade, organização, compartilhamento do conhecimento e informação. Aliada ao pensamento complexo, favorece a difusão de vocabulário comum à enfermagem, contribuindo na experiência e decisões dos enfermeiros.

Palavras-chave:
Administração dos cuidados ao paciente; Terminologia padronizada em enfermagem; Gerenciamento da prática profissional

ABSTRACT

Objective:

To reflect on the approaches of the Systematization of Nursing Care, ontology and complex thinking in professional nursing practice.

Method:

A reflective theoretical study grounded on the Complexity Theory of Edgar Morin and on the ontological principles of computational application which enables representing nursing concepts.

Results:

The paradigm of complexity breaks the linearity and expands the meaning of Systematization of Nursing Care, supporting a conceptualization of new entities and objectives, moving away from reductionism in work practice. Ontology is considered as a potential technology for creating a standardized language capable of representing the Systematization of Nursing Care from the perspective of complex thinking.

Conclusion:

Ontology furthers the formal representation of Systematization of Nursing Care knowledge, creating strength in its identity, organization, and sharing its knowledge and information. Supporting the dissemination of common nursing vocabulary contributes to nurses’ daily experience and decisions.

Keywords:
Patient care management; Standardized nursing terminology; Practice management

RESUMEN

Objetivo:

Reflexionar sobre las aproximaciones entre la Sistematización de la Asistencia de Enfermería, ontología y pensamiento complejo en la práctica profesional del enfermero.

Método:

Estudio teórico reflexivo fundamentado en la teoría de la complejidad de Edgar Morin y en los principios ontológicos con aplicación computacional posibles de representación conceptual en la enfermería.

Resultados:

El paradigma de la complejidad rompe con la linealidad y amplía el significado de la Sistematización de la Asistencia, favoreciendo la conceptualización de nuevas entidades y objetivos, alejándose del reduccionismo en la práctica laboral. La ontología se considera una tecnología potencial para crear un lenguaje estandarizado capaz de representar la Sistematización de la Atención de Enfermería desde la perspectiva del pensamiento complejo.

Conclusión:

La ontología facilita la representación formal del conocimiento de la la Sistematización de la Asistencia, fortaleciendo su identidad, organización, intercambio de conocimiento e información. Unido al pensamiento complejo, favorece la difusión de vocabulario común al área de enfermería que contribuya en la experiencia y decisiones de los enfermeros.

Palabras clave:
Manejo de atención al paciente; Terminología normalizada de enfermería; Gestión de la práctica profesional

INTRODUÇÃO

Vive-se em um momento global em que a estabilidade, a previsibilidade, o controle e a linearidade são uma ilusão. Constata-se um universo cada vez mais complexo, com diversas interações e interrelações, que contrastam com a hegemonia paradigmática mecanicista11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015..

Na perspectiva de compreender a saúde e a enfermagem sob um paradigma que se afaste de propósitos fragmentadores, já obsoletos para as atuais demandas, apregoa-se uma aproximação ao pensamento complexo, o qual compreende o mundo em sua totalidade, como sistemas constituídos de partes que interagem e se relacionam respectivamente11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015.. Isto aplica-se, também, a temas gerenciais, sobretudo na operacionalização da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), uma metodologia de suporte gerencial que tem como finalidade organizar e planejar a prática do cuidar22. Castro RR, Alvino ALFN, Rouberte ESC, Moreira RP, Oliveira RL. Conceptions and challenges in the systematization of nursing care. Rev Enferm UERJ. 2016;24(5):e10461. doi: https://doi.org/10.12957/reuerj.2016.10461
https://doi.org/10.12957/reuerj.2016.104...
. Mesmo não sendo temática recém-descoberta, é raso o lastro de conhecimento relacionando-a ao pensamento complexo11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015..

Embora haja incipiência na correlação do pensamento complexo com as temáticas na área de gestão de saúde33. Cabral MFCT, Viana AL, Gontijo DT. Use of the complexity paradigm in the field of health: scope review. Esc Anna Nery. 2020;24(3):e2019235. doi: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2019-0235
https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-20...
, algumas abordagens vêm sendo estudadas aliando-se à complexidade no contexto da enfermagem, como as suas aplicações nos campos da educação, na prática clínica, na organização/gestão e no discurso da profissão44. Olsson A, Thunborg C, Björkman A, Blom A, Sjöberg F, Salzmann-Erikson M. A scoping review of complexity science in nursing. J Adv Nurs. 2020;76:1961-76. doi: https://doi.org/10.1111/jan.14382
https://doi.org/10.1111/jan.14382...
- 66. Lucca TRS, Vannuchi MTO, Garanhani ML, Carvalho BG, Pissinati PSC. The meaning of care management attributed by nursing faculty members from the viewpoint of complex thinking. Rev Gaúcha Enferm. 2016;37(3):e61097. doi: http://doi.org/10.1590/1983-1447.2016.03.61097
http://doi.org/10.1590/1983-1447.2016.03...
.

Diante tal complexidade presente no mundo da saúde, é oportunizado aos enfermeiros, a reforma do pensamento, exploração das incertezas e internalização de novos métodos de trabalho66. Lucca TRS, Vannuchi MTO, Garanhani ML, Carvalho BG, Pissinati PSC. The meaning of care management attributed by nursing faculty members from the viewpoint of complex thinking. Rev Gaúcha Enferm. 2016;37(3):e61097. doi: http://doi.org/10.1590/1983-1447.2016.03.61097
http://doi.org/10.1590/1983-1447.2016.03...
. Para tal, surge a possibilidade de uso da ontologia para conhecer e compartilhar o entendimento particular e comum, seus significados, atributos e relações de um determinado domínio77. Tissot H, Huve CAG, Peres LM, Del Fabro MD. Exploring logical and hierarchical information to map relational databases into ontologies. Int J Metadata Semant Ontol. 2019;13(3):191-208. doi: https://doi.org/10.1504/IJMSO.2019.099834
https://doi.org/10.1504/IJMSO.2019.09983...
, incluindo a SAE.

Compreende-se que a elaboração de uma ontologia pode clarificar as questões semânticas e de compreensão das relações existentes no universo de discurso da SAE88. Fuly PSC, Leite JL, Lima SBS. Concepts associated to systematization of nursing care in Brazilian journals. Rev Bras Enferm. 2008;61(6):883-7. doi: https://doi.org/10.1590/S0034-71672008000600015
https://doi.org/10.1590/S0034-7167200800...
- 99. Garcia TR, Nobrega MML. Simpósio nacional de diagnóstico de enfermagem: building a knowledge field for nursing. Rev Bras Enferm. 2019;72(3):839-47. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0916
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0...
, de modo a minimizar equívocos conceituais e ambiguidades, à luz da complexidade em que se permite preservar a relação ontológica do todo com a parte, quase sempre oculta na abordagem desta temática.

A necessidade que se suscita é observada por correntes de pensamento distintos para definição de termos associados à SAE e pela disparidade de conceitos empregados na prática profissional, resultando na desarticulação da teoria e da aplicação prática, a qual dificulta o entendimento dos profissionais88. Fuly PSC, Leite JL, Lima SBS. Concepts associated to systematization of nursing care in Brazilian journals. Rev Bras Enferm. 2008;61(6):883-7. doi: https://doi.org/10.1590/S0034-71672008000600015
https://doi.org/10.1590/S0034-7167200800...
. As discussões sobre delineamento e natureza da SAE não se esgotam, temática esta, foco central de algumas discussões do Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem (SINADEN)99. Garcia TR, Nobrega MML. Simpósio nacional de diagnóstico de enfermagem: building a knowledge field for nursing. Rev Bras Enferm. 2019;72(3):839-47. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0916
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0...
.

Sendo assim, acredita-se que a utilização de uma ontologia pode contribuir para o aprendizado e o entendimento pertinente da SAE e, ainda, sua conceitualização com representação formal do conhecimento que clarifique a integração entre suas partes e o todo em sua aplicabilidade prática. Desta maneira, emergiu o seguinte questionamento: quais são os possíveis entrelaces entre SAE, complexidade e ontologia na prática profissional do enfermeiro?

Para se construir um texto que contribuísse com o entendimento epistemológico da SAE e sua representação ontológica sob a ótica da Teoria da Complexidade, tendo em vista a relevância e contribuição do tema para profissão e ciência, traçou-se como objetivo: refletir sobre as aproximações entre Sistematização da Assistência de Enfermagem, ontologia e pensamento complexo na prática profissional do enfermeiro.

PERCURSO METODOLÓGICO

Estudo teórico, reflexivo, ancorado em literatura científica como recurso de investigação, sobre as temáticas SAE, ontologia e princípios da Teoria da Complexidade de Edgar Morin. Objetivou-se convergir suas ideias em um eixo condutor, o qual buscou identificar os entrelaces entre os temas e construir reflexões que contribuam para a compreensão das aproximações entre os mesmos no contexto profissional, por meio da leitura crítica do material bibliográfico aliada a inferências advindas da experiência profissional das autoras.

As fontes dos dados para compor o ensaio foram obtidas por meio de pesquisa exploratória e sistemática de documentos, compreendendo livros, legislação e artigos publicados em revistas indexadas em formato eletrônico, nos idiomas português e inglês nasbases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLI-NE), Base de Dados em Enfermagem (BDENF), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), portal U. S. National Library of Medicine (PubMed) e UCL Discovery.

Utilizaram-se termos e descritores correlatos às três temáticas supracitadas, a saber: “Serviços de Enfermagem”, “Pesquisa em Administração de Enfermagem”, “Supervisão de Enfermagem” e “Processo de Enfermagem: “Gerenciamento da prática profissional”, Enfermagem; Terminologia padronizada enfermagem; “Nursing work”; “Organising work”; “Complex Adaptive Systems; Complexity Science; Nursing; “Complexity”; “Ontologies”. Ressalta-se que o termo SAE não faz parte do vocabulário estruturado dos Descritores de Ciências da Saúde (DeCS). Portanto, o refinamento da busca dos artigos em bases de dados foi realizado pela área de conhecimento.

Para o desenvolvido e sistematização do estudo em que concerne a publicação científica, levou-se em consideração a seleção dos artigos de 2015 a 2021 e autores considerados como referências nos temas tratados. Após a leitura dos resumos e compilação dos materiais, os documentos selecionados foram lidos na íntegra, seguidos da análise e identificação dos elementos convergentes para a reflexão.

As reflexões encontram-se organizadas e edificadas em duas seções textuais: “Aproximações da SAE com o pensamento complexo” e “Contribuições da ontologia para a compreensão da SAE à luz da complexidade”

As conexões, correspondências, convergências e divergências que relacionam a SAE à Teoria da Complexidade, apontam novos conhecimentos. Estes, por sua vez, servirão de substratos teóricos para o possível desenvolvimento da elaboração da ontologia.

Aproximações da Sistematização da Assistência de Enfermagem com o pensamento complexo

A SAE institucionalizou-se a partir da Resolução nº. 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), que a define como a forma de organizar o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando possível a operacionalização do processo de enfermagem (PE), que é suporte metodológico utilizado para tornar a assistência sistematizada22. Castro RR, Alvino ALFN, Rouberte ESC, Moreira RP, Oliveira RL. Conceptions and challenges in the systematization of nursing care. Rev Enferm UERJ. 2016;24(5):e10461. doi: https://doi.org/10.12957/reuerj.2016.10461
https://doi.org/10.12957/reuerj.2016.104...
, 99. Garcia TR, Nobrega MML. Simpósio nacional de diagnóstico de enfermagem: building a knowledge field for nursing. Rev Bras Enferm. 2019;72(3):839-47. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0916
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0...
.

Historicamente, a SAE herda a ótica mecanicista e linear do início do século XX, galgada nas teorias administrativas da época, com uso da divisão de tarefas para realizar o cuidado e adoção de normas, manuais e escalas. Desta forma, sofre influência positivista, tratando as relações entre os fenômenos do ambiente e a dinâmica da organização do trabalho de forma fragmentada, exclusivamente em partes1010. Mororó DDS, Enders BC, Lira ALBC, Silva CMB, Menezes RMP. Concept analysis of nursing care management in the hospital context. Acta Paul Enferm. 2017;30(3):323-32. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0194201700043
https://doi.org/10.1590/1982-01942017000...
. Isto posto, percebe-se a necessidade de novas abordagens administrativas e de novos rumos na organização assistencial para lidar com a incompletude e a descontinuidade do cuidado.

Sabe-se que a SAE integra os componentes do processo de trabalho da enfermagem e a interrelação das ações entre método, pessoal e instrumentos, promovem o cuidado. Nesse âmbito, outros componentes organizacionais do trabalho em enfermagem são apresentados por correntes ideológicas para atender às necessidades do paciente, ressaltando o alinhamento entre os artefatos materiais, como ferramentas, tecnologias e instrumentos, artefatos cognitivos, corpos de conhecimento, métodos e as pessoas, que transformam a natureza em serviço1111. Allen D. Translational mobilisation theory: a new paradigm for understanding the organizational elements of nursing work. Int J Nurs Stud. 2018;79:36-42. doi: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2017.10.010
https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2017....
.

Buscando materializar a dinâmica de interação prática dos componentes que pertencem à SAE, não há espaço para fragmentação e simplificação arraigados em conceitos da administração científica e clássica11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015.. Contudo, desde o seu advento, a SAE não se mostra estática ou perene e sua reflexão sob a luz do pensamento complexo pode contribuir para uma nova percepção e transformação da atual maneira de organizar o trabalho da enfermagem.

Nesta reflexão entende-se a SAE como uma metodologia de suporte gerencial, composto por uma estrutura de relações e de ideias gerenciais e particulares que subsidiam e guiam a prática assistencial. Aditivamente, ela é discutida sob a ótica do pensamento complexo de Edgar Morin, cujos princípios filosóficos são: 1) sistêmico ou organizacional, 2) hologramático, 3) do circuito retroativo, 4) recursivo, 5) da autonomia, 6) dialógico e 7) da reintrodução do conhecimento em todo conhecimento11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015..

Ao se considerar que o trabalho de enfermagem tem ação permanente e uma intencionalidade, seu processo permite a transformação de um determinado objeto em um produto, por meio da adoção de ferramentas que transformam esta natureza. Dessa maneira, movimentos e ações passam de um estado para outro por meio de instrumentos, métodos e pessoas. Tangenciando-se ao princípio sistêmico ou organizacional, fundamentado na relação das partes com o todo e que, ao entender as partes, entende-se o todo e vice-versa11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015., constata-se que os componentes da SAE, por meio de suas intersecções e relações, geram uma modificação de estado no contexto saúde-doença, atestando que é infactível praticar a gestão do cuidado desconsiderando as partes correlacionadas ao todo.

A este ponto, pode-se realizar aproximação com a ótica moriniana, ou seja, o fato de os referidos componentes da SAE serem constantemente complementares, permite inferir que há ligação com o princípio da hologramacidade, pois as partes estão no todo e o todo está nas partes. Neste contexto, a visão sistêmica se apresenta antagônica à visão simplicista, na qual as partes estão aquém do todo e o todo, outrossim, é a mera soma das partes11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015..

Desde a visão de que a enfermagem tem uma divisão vertical das atividades gerenciais, observam-se aspectos positivos, como organização do ambiente durante o processo de trabalho, mas retrata a fase mecanicista da administração, a padronização do trabalho, os aspectos de fragmentação das atividades e o controle, ainda presente como eixo central da gestão do cuidado1010. Mororó DDS, Enders BC, Lira ALBC, Silva CMB, Menezes RMP. Concept analysis of nursing care management in the hospital context. Acta Paul Enferm. 2017;30(3):323-32. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0194201700043
https://doi.org/10.1590/1982-01942017000...
. Nesse âmbito, infere-se que os elementos constituintes da SAE que promovem a organização do cuidado se comportam de forma estática e limitada, com reservada autonomia e discretas conexões e articulações entre pessoal, instrumentos e métodos.

Conjectura-se, portanto, que é necessário considerar os respectivos componentes da SAE não só individualmente como também de modo entrelaçado, já que, individualmente (partes/componentes), eles influenciam a fluidez e efetividade da assistência de enfermagem (todo), assim como esta assistência (todo) exerce influência no modo de praticar cada etapa (partes), ajustando-as quando preciso às necessidades personalizadas de cada paciente.

Ainda na perspectiva hologramática, não se deve desconsiderar que a SAE pode ser interpretada e representada como um sistema composto pelas dimensões da saúde, do ambiente e do processo de trabalho do enfermeiro, as quais a influenciam e são influenciadas por ela mutuamente, visto que as organizações de saúde são consideradas como organismos vivos que respondem a estímulos do ambiente11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015..

Ademais, a saúde também é um fenômeno complexo pelos seus determinantes sociais, econômicos, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos, já reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Estas variáveis impactam o cotidiano da enfermagem e nem sempre acompanham a organização inicial de trabalho proposta, fazendo com que os profissionais se reinventem, reanalisando as necessidades do novo contexto e determinando, por intermédio da SAE, as novas ações estratégicas para gerir o cuidado.

Acerca desta abordagem, aqui é focado o princípio do circuito retroativo que ancora a ação de causa-efeito e efeito-causa e tem como proposta a visão de circularidade, em que os efeitos retroagem sobre as causas e as retroalimentam11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015.. Desta forma, pondera-se que a SAE possa combinar, para organização do trabalho da enfermagem, variáveis externas, ambientais, clínicas, organizacionais, financeiras e de resultados que retratem o real trabalho realizado, clarificando a lacuna entre o trabalho prescrito e o desenvolvido, evidenciada a possibilidade de o trabalhador intervir em situações não previstas pelo planejamento inicial.

Entretanto, muitas vezes, o foco da organização da prática da enfermagem está apenas no paciente e não no gerenciamento dos arranjos necessários para promoção do cuidado, negligenciando-se a dimensão organizacional1111. Allen D. Translational mobilisation theory: a new paradigm for understanding the organizational elements of nursing work. Int J Nurs Stud. 2018;79:36-42. doi: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2017.10.010
https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2017....
. Considerando que o pensamento complexo tem suas bases alicerçadas na Teoria Geral de Sistemas, pode-se considerar que, tanto as dimensões mencionadas quanto os próprios componentes da SAE podem ser vistos como sistemas vivos e interatuantes, possibilitando afirmar que há proximidade com o princípio da recursividade.

A abordagem sistêmica é transdisciplinar, requer o diálogo entre as disciplinas, pois quando efetivadas de forma isolada, reduzem a compreensão dos problemas complexos do mundo. Assim, o princípio da recursividade transcende a percepção de alinhamento com a de autoprodução e auto-organização. Para tanto, estabelece que os produtos e os seus resultados são causa e consequência do que os produz11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015..

O entendimento do cunho administrativo da SAE inserida em um universo de sistemas interatuantes que se retroalimentam constantemente facilita a percepção sobre a influência das diversas variáveis que dificultam sua efetivação nos ambientes de saúde. Dentre elas, destacam-se a ausência de adoção de modelo teórico pela instituição, dificuldade de se obter apoio da administração local, baixo envolvimento da equipe na implementação, racionamento implícito de recursos materiais e de pessoal, complexidade e dinâmica do ambiente, desacordos entre a percepção do enfermeiro e as condições de saúde do cliente e privação do reconhecimento por parte da equipe de enfermagem22. Castro RR, Alvino ALFN, Rouberte ESC, Moreira RP, Oliveira RL. Conceptions and challenges in the systematization of nursing care. Rev Enferm UERJ. 2016;24(5):e10461. doi: https://doi.org/10.12957/reuerj.2016.10461
https://doi.org/10.12957/reuerj.2016.104...
.

Advoga-se que esta constante exposição aos fenômenos de saúde e variedades de influências do ambiente durante o planejamento da atividade da sistematização da assistência e as complexas necessidades dinâmicas do paciente denotam a imprevisibilidade e mutabilidade do percurso linear da organização do cuidado, que corrobora para rápida adaptação da enfermagem, pois esses sistemas estão em um estado de célere mudança. Compreensão esta, que se alinha com o princípio da autonomia, em que se pondera que as organizações têm habilidade para se auto-organizar, consumindo esforço para preservar a autonomia e considerar a relação com o meio ambiente11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015..

Esta condição impõe ao enfermeiro a necessidade de liderança transformacional, capaz de autorrefletir, de tolerar as incertezas e colaborar com o contexto posto. Ainda que liderança não seja um dos cernes deste estudo, vale mencionar que há proximidade de conceitos da complexidade com a mesma e com a gestão organizacional, reforçando que, também nessas esferas, a ruptura com o mecanicismo pode ser benéfica para o produto almejado pelo enfermeiro: o cuidado1212. Crowell DM, Boynton B. Complexity leadership: nursing's role in health care delivery. 3rd ed. F. A. Pensilvânia: Davis; 2020..

Uma iniciativa para compreensão da relação do papel do enfermeiro na sistematização da assistência como liderança e o componente pessoal subjacente da SAE parte da possibilidade de se avaliarem as distintas formas de ver o mundo e agir da equipe na convivência da complexidade. Diferentes lógicas dialogam, sem que, necessariamente se excluam, caracterizando uma relação dialógica, como uma forma dinâmica de interagir e aprender da equipe na desordem, permitindo a evolução do sistema. Trata-se do princípio dialógico, o qual permite compreender a união de duas condições que seriam antagônicas, como ordem e desordem, que, apesar de contraditórios, são indissociáveis numa mesma realidade e, diante da emergência, este princípio colabora para organização da complexidade11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015..

Outro princípio, o da reintrodução do conhecimento em todo conhecimento, declara o desafio cognitivo de restabelecimento do sujeito e parte da reflexão que todo o conhecimento é uma reprodução da observação e da percepção do sujeito. Para tanto, o limite fundamental para evolução da SAE na percepção do sujeito provém da compreensão de suas lacunas conceituais e das definições gerenciais deste modelo, que implicam na formação e na prática profissional, tornando-se, assim, uma potencialidade de dar visibilidade ao enfermeiro, reorganizar o processo de trabalho da enfermagem e conectar o conceito de PE (parte) como uma condição implícita da SAE.

Em suma, do ponto de vista da complexidade, cuidar significa acolher a circularidade e a dinaminicidade de ordem-desordem-organização que continuamente (re)alimentam os elementos da SAE, a qual também sofre influência de outras variáveis que compõem o processo de trabalho do enfermeiro, como a liderança e o ambiente laboral. Assim, a crescente complexidade dos ambientes de saúde dinamiza a inércia e provoca nos seus principais elementos a não linearidade, que leva à reflexão sobre a não subordinação a um único modelo administrativo ou assistencial, mas sim, à necessidade de compreendê-lo no todo, nas partes e na forma como se inter-relacionam com as variáveis do ambiente, neste caso, sob a perspectiva da complexidade de Edgar Morin11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015..

Diante das colocações aqui exaradas, uma estratégia que emerge como possibilidade para favorecer o entendimento da SAE de modo complexo é a ontologia, a qual também apresenta afinidade com a complexidade moriniana, conforme indicado na seção a seguir.

Contribuições da ontologia para a compreensão da Sistematização da Assistência de Enfermagem à luz da complexidade

Tradicionalmente aplicada à filosofia, a ontologia estuda os tipos (categorias) de coisas existentes no mundo. O sistema de categorias tem como obrigatoriedade prover um rol integral a respeito das coisas efetivas para dar sentido à maneira como se pensa e se profere sobre o mundo77. Tissot H, Huve CAG, Peres LM, Del Fabro MD. Exploring logical and hierarchical information to map relational databases into ontologies. Int J Metadata Semant Ontol. 2019;13(3):191-208. doi: https://doi.org/10.1504/IJMSO.2019.099834
https://doi.org/10.1504/IJMSO.2019.09983...
, 1313. Machado LMOM, Almeida MB, Souza RR. What researchers are currently saying about. ontologies: a review of recent Web of Science articles. Knowl Organ. 2020;47(3):199-219. doi: https://doi.org/10.5771/0943-7444-2020-3-199
https://doi.org/10.5771/0943-7444-2020-3...
.

No entanto, muitos domínios do conhecimento têm usado a dimensão do sentido da palavra ontologia para conceituar e definir pressupostos de suas áreas na busca de construção e reconstrução do conhecimento, com prevalência de aplicação na área da Ciência da Computação e Informação, a qual adota, com frequência, a visão para ontologia como modo de representação formal de um determinado domínio (conceituação) e utiliza seu conceito para solucionar problemas relacionados a terminologias aplicadas em tecnologias1313. Machado LMOM, Almeida MB, Souza RR. What researchers are currently saying about. ontologies: a review of recent Web of Science articles. Knowl Organ. 2020;47(3):199-219. doi: https://doi.org/10.5771/0943-7444-2020-3-199
https://doi.org/10.5771/0943-7444-2020-3...
.

Logo, os termos possuem propriedades conceituais de um domínio do conhecimento e a representação e construção de um determinado conceito tem como base as características particulares de uma entidade individual em um determinado contexto, em que se estabelece a rede de conceitos de acordo com a relação entre termos1313. Machado LMOM, Almeida MB, Souza RR. What researchers are currently saying about. ontologies: a review of recent Web of Science articles. Knowl Organ. 2020;47(3):199-219. doi: https://doi.org/10.5771/0943-7444-2020-3-199
https://doi.org/10.5771/0943-7444-2020-3...
- 1414. Garcia TR, organizadora. Classificação internacional para a prática de enfermagem (CIPE): versão 2019/2020. Porto Alegre: Artmed; 2020..

Em se tratando da enfermagem, os conceitos e princípios da ontologia com aplicação computacional já são explorados na Classificação Internacional à Prática de Enfermagem (CIPE®), resultando em uma padronização terminológica pelo Conselho Internacional de Enfermeiros (CIE) e expandida no Brasil pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da CIPE®( 1414. Garcia TR, organizadora. Classificação internacional para a prática de enfermagem (CIPE): versão 2019/2020. Porto Alegre: Artmed; 2020.. Em proposta mais recente, uma parceria entre a Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP) e a Ordem dos Enfermeiros desenvolveram uma Ontologia de Enfermagem própria.

Seguindo esta linha de pensamento, pondera-se que a ontologia com aplicação computacional pode contribuir para organização, compreensão da complexidade e definição dos componentes e elementos que existem na SAE e atribuindo-a uma especificação formal estabelecida na perspectiva de mundo da enfermagem, com capacidade de ser entendida por recursos computacionais. Além disso, oferece a oportunidade de ampliar a compreensão por meio da formalização da abordagem gerencial da SAE e propiciar semântica ao seu enunciado.

No entanto, uma terminologia não deve ser apenas representada em um modelo formal, mas a interação dos termos “método, pessoal e instrumentos” e sua conceitualização detalhada podem fornecer subsídios para materialização da documentação da prática, expandir a clareza dos elementos da profissão, apoiar a provisão das informações para a avaliação de resultados e as decisões durante o processo de trabalho administrativo. Este ato de esclarecer a linguagem é a forma mais efetiva de definir o significado de um conceito, pois cada ciência se comunica por meio do corpus de conhecimento, resultando na efetiva comunicação entre os pares1414. Garcia TR, organizadora. Classificação internacional para a prática de enfermagem (CIPE): versão 2019/2020. Porto Alegre: Artmed; 2020..

Em face do avanço do tema, verifica-se uma preocupação de pesquisadores e das entidades representativas de classe em relação ao significado da SAE e sua diferenciação com o PE. Este movimento foi observado durante a revisão da Resolução nº. 272/2002 do COFEN, que apresenta um conceito restrito de SAE, recomendando que o PE nela contido deveria estar amparado em suporte teórico e constituído de cinco etapas1515. Garcia TR. Systematization of nursing care: substantive aspect of the professional practice. Esc Anna Nery. 2016;20(1):5-10. doi: https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160001
https://doi.org/10.5935/1414-8145.201600...
. A proposta do PE estar contido na SAE revela amplitude ao seu conceito particular e confere ao PE uma condição de instrumento metodológico que orienta o cuidado, com sentido e significado próprios.

Posteriormente, a Resolução nº. 358/2009 fornece uma organização ontológica mais apropriada dos conceitos e das relações da SAE1515. Garcia TR. Systematization of nursing care: substantive aspect of the professional practice. Esc Anna Nery. 2016;20(1):5-10. doi: https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160001
https://doi.org/10.5935/1414-8145.201600...
. Assim, para a execução do processo de trabalho da enfermagem, o planejamento e a organização do ambiente terapêutico são essenciais para gerenciar o seu eixo fundamental que é o cuidado.

Ressalta-se que o conceito do termo sistematização antecede a expressão SAE e provém da ideia de sistema e, como visto, sistema é uma palavra-raiz para a complexidade, as quais têm significados semelhantes, mas origens diferentes, sendo que primeira é de origem grega e significa “colocar junto” e a segunda é do latim, que representa “o que está junto”11. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015..

Desse modo, a expressão SAE pode ser vista como um sistema complexo composto de elementos subjacentes do processo de trabalho gerencial do enfermeiro que se adapta de acordo com as necessidades reais do cotidiano. Para sua compreensão, é necessário definir os domínios de interpretação e sua representação, tais como conceito, estrutura, processos e operação.

Este processo particulariza-se como uma ontologia com ênfase no domínio gerencial da enfermagem, por conter “partes”, “termos” ou “eixos” que organizam o trabalho, compostos por “instrumentos, métodos e pessoas” que, realizados concomitantemente, promovem o cuidado, desmistificando assim, a distinção conceitual e a polissemia entre PE e SAE. Nesta concepção, o PE faz parte da estrutura da SAE e está alicerçado no termo “método”, por compor um processo organizado em cinco etapas, lógico e sistemático de planejamento do cuidado.

Pode-se afirmar que um corpo de conhecimento da SAE, “método” representado por meio de ontologias formais, deve, além de considerar as teorias de enfermagem, absorver os componentes que corroboram com o planejamento da assistência, como recursos materiais (instrumentos) e humanos (pessoas), bem como seus elementos constitutivos, os processos administrativos e sua operação. Isto tudo determina a aplicação da SAE como a extensão do cuidar e sustenta-se pelos princípios da complexidade discorridos anteriormente. Porquanto, nota-se a relação complementar e indissociável entre o gerenciar e o cuidar, conferindo à SAE a articulação e circularidade de um conjunto de elementos que promovem a gestão do cuidado.

Ao partir para esta perspectiva ontológica, que discute a natureza da SAE e assume que seu conceito pode ser moldado pelo imperativo da complexidade e adaptação, a crença que o conjunto de elementos “instrumentos, métodos e pessoas” possui padrões de organização relativamente estável e concretos para gestão do cuidado se torna uma problematização.

Para tanto, é necessário ampliar a visão em relação ao contexto e manter-se receptivo às interligações e à variabilidade das interações circundadas durante o ato de sistematizar a assistência. De modo amplo, abrir a problemática sistêmica da SAE requer reforma do pensamento dos profissionais e metabolização da complexidade, pois durante a organização do trabalho, os enfermeiros frequentemente experimentam a ordem, a desordem, a singularidade, a pluralidade e a incompletude. Tendo então, a ontologia a possibilidade de ser facilitadora para este processo de mudança de pensamento, pois a construção de conhecimento contextualizado denota pertinência à sua aplicabilidade.

Porém, esta proposta não é completamente desprovida de precedentes filosóficos da ontologia, uma vez que, além de classificar, categorizar a SAE e suas relações, vislumbrando construir um vocabulário comum para pesquisadores que necessitem compartilhar informações deste domínio, leva-se em consideração as diferentes possibilidades de interpretar o mundo proveniente da diversidade da narrativa, do discurso humano e de fatores relacionados à experiência vivida e perícia do intérprete, tornando-se elusiva sua aplicação quando seus princípios não estão claros.

Procurando empregar tais concepções ao contexto da prática e considerando que o conceito de SAE é parcialmente maduro no discurso informal da profissão, ainda é necessário refletir sobre a essência do seu significado e determinar uma conceituação mais densa para que ocorra um progresso substancial de sua compreensão e aplicabilidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta reflexão possibilitou demonstrar que, à luz do pensamento complexo, a Sistematização da Assistência de Enfermagem amplia seu conceito quando considera as possíveis variáveis que retratam a realidade da sua proposta, a fim de se interligar e relacionar para promover um cuidado integrado. Embora exista um crescente movimento para distinção conceitual da Sistematização da Assistência de Enfermagem, seu significado ainda se apresenta impreciso, considerando sua fragilidade em relação ao conceito, a indefinição de suas etapas e sua forma de aplicabilidade, o que dificulta a troca de informações entre diferentes grupos de profissionais e sua operação. A constante autocrítica ao modelo empregado atualmente na abordagem da SAE é uma forma de avançar na Ciência da Enfermagem.

O uso de uma ontologia sobre Sistematização da Assistência de Enfermagem ancorado nos princípios adotados pela complexidade permite um novo olhar sobre os fenômenos, ressaltando a essência da teoria, em que o olhar complexo deve ser desenvolvido, revisto e ressignificado.

Reconhece-se que há limitações neste estudo por ser uma abordagem teórica, necessitando ser aprofundado com pesquisas de campo. Esta reflexão não se esvazia, é necessário aprofundá-la de modo a promover uma linguagem padronizada dos elementos constitutivos da Sistematização da Assistência de Enfermagem, sob a perspectiva da gestão de enfermagem, promovendo assim, um conceito harmônico para a ciência e para a gestão da prática em um paradigma que se distancie de práticas reducionistas e fragmentadas.

Agradecimentos:

O presente trabalho foi realizado com o apoio do CNPq, Bolsa Produtividade em Pesquisa - Chamada CNPq Nº 12/2017 e do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), pelo financiamento do Edital n° 27/2016 referente ao Acordo Capes/Cofen n° 30/2016.

REFERENCES

  • 1. Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 5. ed. Porto Alegre: Sulina; 2015.
  • 2. Castro RR, Alvino ALFN, Rouberte ESC, Moreira RP, Oliveira RL. Conceptions and challenges in the systematization of nursing care. Rev Enferm UERJ. 2016;24(5):e10461. doi: https://doi.org/10.12957/reuerj.2016.10461
    » https://doi.org/10.12957/reuerj.2016.10461
  • 3. Cabral MFCT, Viana AL, Gontijo DT. Use of the complexity paradigm in the field of health: scope review. Esc Anna Nery. 2020;24(3):e2019235. doi: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2019-0235
    » https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2019-0235
  • 4. Olsson A, Thunborg C, Björkman A, Blom A, Sjöberg F, Salzmann-Erikson M. A scoping review of complexity science in nursing. J Adv Nurs. 2020;76:1961-76. doi: https://doi.org/10.1111/jan.14382
    » https://doi.org/10.1111/jan.14382
  • 5. Bird M, Strachan PH. Complexity science education for clinical nurse researchers. J Prof Nurs. 2020;36(2):50-5. doi: https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2019.07.007
    » https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2019.07.007
  • 6. Lucca TRS, Vannuchi MTO, Garanhani ML, Carvalho BG, Pissinati PSC. The meaning of care management attributed by nursing faculty members from the viewpoint of complex thinking. Rev Gaúcha Enferm. 2016;37(3):e61097. doi: http://doi.org/10.1590/1983-1447.2016.03.61097
    » http://doi.org/10.1590/1983-1447.2016.03.61097
  • 7. Tissot H, Huve CAG, Peres LM, Del Fabro MD. Exploring logical and hierarchical information to map relational databases into ontologies. Int J Metadata Semant Ontol. 2019;13(3):191-208. doi: https://doi.org/10.1504/IJMSO.2019.099834
    » https://doi.org/10.1504/IJMSO.2019.099834
  • 8. Fuly PSC, Leite JL, Lima SBS. Concepts associated to systematization of nursing care in Brazilian journals. Rev Bras Enferm. 2008;61(6):883-7. doi: https://doi.org/10.1590/S0034-71672008000600015
    » https://doi.org/10.1590/S0034-71672008000600015
  • 9. Garcia TR, Nobrega MML. Simpósio nacional de diagnóstico de enfermagem: building a knowledge field for nursing. Rev Bras Enferm. 2019;72(3):839-47. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0916
    » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0916
  • 10. Mororó DDS, Enders BC, Lira ALBC, Silva CMB, Menezes RMP. Concept analysis of nursing care management in the hospital context. Acta Paul Enferm. 2017;30(3):323-32. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0194201700043
    » https://doi.org/10.1590/1982-0194201700043
  • 11. Allen D. Translational mobilisation theory: a new paradigm for understanding the organizational elements of nursing work. Int J Nurs Stud. 2018;79:36-42. doi: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2017.10.010
    » https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2017.10.010
  • 12. Crowell DM, Boynton B. Complexity leadership: nursing's role in health care delivery. 3rd ed. F. A. Pensilvânia: Davis; 2020.
  • 13. Machado LMOM, Almeida MB, Souza RR. What researchers are currently saying about. ontologies: a review of recent Web of Science articles. Knowl Organ. 2020;47(3):199-219. doi: https://doi.org/10.5771/0943-7444-2020-3-199
    » https://doi.org/10.5771/0943-7444-2020-3-199
  • 14. Garcia TR, organizadora. Classificação internacional para a prática de enfermagem (CIPE): versão 2019/2020. Porto Alegre: Artmed; 2020.
  • 15. Garcia TR. Systematization of nursing care: substantive aspect of the professional practice. Esc Anna Nery. 2016;20(1):5-10. doi: https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160001
    » https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160001

Editado por

Editor associado:

Dagmar Elaine Kaiser

Editor-chefe:

Maria da Graça Oliveira Crossetti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Ago 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    25 Jul 2021
  • Aceito
    16 Nov 2021
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Enfermagem Rua São Manoel, 963 -Campus da Saúde , 90.620-110 - Porto Alegre - RS - Brasil, Fone: (55 51) 3308-5242 / Fax: (55 51) 3308-5436 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: revista@enf.ufrgs.br