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A fenomenologia de van Kaam: contributosteórico-metodológicos para a investigação em enfermagem

RESUMO

Objetivo

Discutir sobre o contributo teórico-metodológico da fenomenologia de van Kaam para a investigação em enfermagem.

Métodos

Reflexão teórica baseada na literatura científica.

Resultados e discussão

A intencionalidade emerge como um conceito central e foram desenvolvidas as 7 etapas do método de van Kaam modificado por Moustakas: horizontalização; redução e eliminação; categorização e tematização dos constituintes invariantes; aplicação e validação; construção da descrição textural individual; construção da descrição estrutural individual; e descrição composta.

Considerações finais

O referencial teórico-metodológico de van Kaam permite um olhar distinto sobre o fenómeno, pois o conhecimento produzido provém da essência textural e estrutural da experiência vivida, numa descrição composta, considerando as suas diversas dimensões perceptivas.

Palavras-chave
Pesquisa qualitativa; Pesquisa em enfermagem; Cuidados de enfermagem; Filosofia

ABSTRACT

Objective

To discuss the theoretical-methodological contribution of van Kaam's phenomenology to nursing research.

Methods

Theoretical reflection based on scientific literature.

Results and discussion

Intentionality emerges as a central concept and the 7 steps of the van Kaam's method modified by Moustakas were developed: horizontalization; reduction and elimination; categorization and thematization of invariant constituents; application and validation; construction of the individual textural description; construction of the individual structural description; and composite description.

Final considerations

van Kaam's theoretical-methodological framework allows a different look at the phenomenon, since the knowledge produced comes from the textural and structural essence of the lived experience, in a composite description, considering its different perceptive dimensions.

Keywords
Qualitative research; Nursing research; Nursing care; Philosophy

RESUMEN

Objetivo

Discutir la contribución teórico-metodológica de la fenomenología de van Kaam a la investigación en enfermería.

Métodos

Reflexión teórica basada en la literatura científica.

Resultados y discusión

Emerge la intencionalidad como concepto central y se desarrollan los 7 pasos del método van Kaam modificado por Moustakas: horizontalización; reducción y eliminación; categorización y tematización de constituyentes invariantes; aplicación y validación; construcción de la descripción textural individual; construcción de la descripción estructural individual; y descripción compuesta.

Consideraciones finales

El marco teórico-metodológico de van Kaam permite una mirada diferente al fenómeno, ya que el conocimiento producido proviene de la esencia textural y estructural de la experiencia vivida, en una descripción compuesta, considerando sus diferentes dimensiones perceptivas.

Palabras clave
Investigación cualitativa; Investigación en enfermería; Atención de enfermería; Filosofía

INTRODUÇÃO

Os estudos de investigação fenomenológica ao explicitarem a natureza e o significado da experiência vivida tornam-se relevantes para a construção disciplinar de enfermagem11. Moxham L, Patterson C. Why phenomenology is increasingly relevant to nurse researchers [commentary]. Nurse Res. 2017;25(3):6-7. doi: http://doi.org/10.7748/nr.25.3.6.s2.
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. A excelência e a riqueza da fenomenologia residem num diálogo de diferentes abordagens filosóficas, pautadas por compreensões distintas reflexivas sobre a própria fenomenologia.

Os pesquisadores confrontam-se com decisões metodológicas baseadas na sua natureza singular, que carecem de reflexão e elucidação para o desenvolvimento do percurso metodológico22. Cypress BS. Fundamentals of qualitative phenomenological nursing research. Hoboken, NJ: Wiley-Blackwell; 2021.. Cada investigador tem uma atitude particular e uma orientação fenomenológica diretamente ligadas ao domínio filosófico que possui, que traz consigo para a investigação e que, em última análise, condiciona os resultados da sua investigação. van Kaam33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72.) adota uma abordagem ancorada na fenomenologia descritiva, da escola de Duquesne, para apreender a experiência vivida.

Num estudo de identificação de artigos publicados, num período de vinte anos, com metodologia fenomenológico-descritiva44. Beck CT. Descriptive phenomenology. In: Beck CT, editor. Routledge international handbook of qualitative nursing research. London: Routledge; 2016. p. 133-44., apenas 3% dos estudos foram conduzidos sob o referencial teórico proposto por van Kaam, sendo a abordagem menos utilizada. Num estudo realizado no Brasil55. Esquivel DN, Silva GTR, Medeiros MO, Soares NRB, Gomes VCO, Costa STL. Produção de estudos em enfermagem sob o referencial da fenomenologia. Rev Baiana Enferm. 2016;30(2):1-10. doi: https://doi.org/10.18471/rbe.v30i2.15004.
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e noutro realizado em Portugal66. Galinha-de-Sá FLFR, Henriques MAP, Velez MAMRBA. A presença da fenomenologia na investigação em enfermagem: mapeamento das teses de doutoramento em Portugal. Rev Enf Ref. 2019;IV(23):9-19. doi: https://doi.org/10.12707/RIV19038.
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, consultando teses de enfermagem, não se identificou nenhuma investigação usando esta abordagem fenomenológica. Elaborar uma reflexão sobre uma determinada abordagem fenomenológica permite ao pesquisador o aprofundar da experiênciada pessoa no fenômeno do cuidado imerso na relação enfermeiro-paciente77. González-Soto CE, Menezes TMO, Guerrero-Castañeda RF. Reflexión sobre la fenomenología de Merleau-Ponty y sus aportes a la investigación de enfermería. Rev Gaúcha Enferm. 2021;42:e20190439. doi: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2021.20190439
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. Face ao reduzido número de estudos identificados, considera-se importante discutir o potencial contributo teórico-metodológico da fenomenologia de van Kaam para a enfermagem, fornecendo pistas para elucidar e fomentar a investigação.

MÉTODO

Estudo de reflexão teórica e concetual sobre o contributo de van Kaam na investigação fenomenológica em enfermagem, descrevendo-se o desenho do estudo abordado nesta metodologia fenomenológico-descritiva. Procedeu-se à clarificação e sistematização dos conceitos e processos de compreensão da experiência vivida centrais à investigação fenomenológica de van Kaam33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72., através do aprofundamento da sua génese e natureza metodológica, ancorada nas etapas processuais do método de van Kaam Modificado por Moustakas88. Moustakas C. Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage Publications; 1994.. Devido à natureza do estudo estão salvaguardadas as questões éticas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Adrian L. van Kaam (1920-2007) foi um padre católico de naturalidade holandesa, que fundou o curso de doutoramento do Departamento de Psicologia da Universidade de Duquesne, nos EUA, em 196299. Rodgers A. Obituary: Adrian van Kaam / Priest, Duquesne professor helped jews in Holland during 1940s. Pittsburgh Post-Gazette [Internet]. 2007 Nov 20 [cited 2022 May 22]. Available from: https://www.post-gazette.com/news/obituaries/2007/11/20/Obituary-Adrian-Van-Kaam-Priest-Duquesne-professor-helped-Jews-in-Holland-during-1940s/stories/200711200129 .
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. A sua obra, contendo cerca de trinta livros e centenas de artigos, centra-se na psicologia fenomenológico-existencial com foco na descrição eidética. Este autor dialoga sobretudo com Husserl, que adota uma perspetiva primordialmente centrada no desocultar da essência do fenómeno em estudo, defendendo a intencionalidade da consciência, o “self”, como o responsável da investigação na primeira linha, quer para o pesquisador, quer para os participantes do estudo1010. Kjosavik F, Beyer C, Fricke C, editors. Husserl’s phenomenology of intersubjectivity:historical interpretations and contemporary applications. New York: Routledge;2018. doi: https://doi.org/10.4324/9781351244558.
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. A abordagem descritiva de van Kaam procura capturar a essência da consciência em si mesma, encontrando as camadas mais profundas da existência humana comum33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72., antes da conceção teórica do indivíduo sobre a experiência. Tal como a fenomenologia Husserliana, van Kaam33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72. defende sobretudo o Ser e a existência humana como enquadrada numa descrição pura dos dados da intuição das essências, promovendo a reflexão e a elucidação dos processos que apelam à desocultação do fenómeno.

A experiência humana é uma entidade dinâmica, complexa e continuamente em movimento1111. van Kaam AL. Existential foundations of psychology. New York: Doubleday; 1969.. A intencionalidade é um conceito fulcral na fenomenologia Husserliana na medida em que a forma como a consciência do Ser está no mundo é intencional e intencionalmente dirigida aos fenómenos1010. Kjosavik F, Beyer C, Fricke C, editors. Husserl’s phenomenology of intersubjectivity:historical interpretations and contemporary applications. New York: Routledge;2018. doi: https://doi.org/10.4324/9781351244558.
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. Também van Kaam reflete sobre a importância da intencionalidade ao referir que a consciência humana é um ser junto com o mundo, um encontro com, uma orientação, uma direção e uma intencionalidade1111. van Kaam AL. Existential foundations of psychology. New York: Doubleday; 1969.. Esta intenção dirigida para o objeto constrói a experiência interna consciente do Ser do mundo, caracterizando-o como um Ser imerso numa realidade e teia social, que em última análise também o define e molda na sua existência, sendo apreendida como a que brota da intencionalidade da consciência voltada para o fenómeno33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72..

Através do método que desenvolveu van Kaam procura o significado elícito de um fenómeno nas narrativas, procurando extrair dados que são produzidos, segundo o autor, pela alma1111. van Kaam AL. Existential foundations of psychology. New York: Doubleday; 1969.. Assim, na década de 50, definiu seis etapas processuais de análise fenomenológica, que apesar de específicas, comumente sobrepõem-se sem ordem fixa, conferindo dinamismo ao seu método: 1ª e 2ª Etapa - Listagem e Agrupamento preliminar grosseiro; 3ª e 4ª Etapa - Redução e Eliminação; 5ª Etapa - Tentativa de identificação dos constituintes descritivos; 6ª Etapa - Identificação final dos constituintes descritivos através da Aplicação33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72..

Nos anos 80, van Kaam1212. van Kaam AL. Genesis of the selection and articulation methods. In: van Kaam AL. Formative spirituality: scientific formation v 04. New York: Crossroad; 1987. p. 99-115.) revisitou o seu método, introduzindo-lhe quatro novas etapas (Análise; Translação; Transposição e Reflexão Fenomenológica) e atribuindo-lhe o nome de Método Psicofenomenológico. O autor com esta revisitação do seu método procedeu à desconstrução de algumas das suas etapas constituintes e acrescentou outras com o intuito de potenciar a reflexão no processo de investigação, ajudando simultaneamente na estruturação do método e na sua acessibilidade para os pesquisadores.

Cerca de uma década depois, o seu método foi novamente revisitado, num método de investigação com quatro fases e doze etapas, sendo que esta reestruturação, de acordo, com os autores foi supervisionada pelo próprio van Kaam, que a considerou uma adaptação fidedigna à sua obra1313. Anderson J, Eppard J. van Kaam’smethod revisited. Qual Health Res.1998;8(3):399-403. doi: https://10.1177/104973239800800310.
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. Este método apresenta um conjunto elevado de etapas de análise dos dados, onde novamente se destaca o cariz reflexivo do processo, sendo este aspeto, em concreto, valorizado e referenciado em várias etapas do mesmo.

Também Clark Moustakas, fundador do centro de estudos humanísticos, nos EUA, modificou o método de análise fenomenológica proposto inicialmente por van Kaam33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72.,1111. van Kaam AL. Existential foundations of psychology. New York: Doubleday; 1969., adaptando-o num conjunto de sete etapas específicas (Quadro 1), que podem ocorrer paralelamente, permitindo uma compreensão globalizante do fenómeno, intitulado de Método de van Kaam Modificado por Moustakas88. Moustakas C. Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage Publications; 1994..

Quadro 1 -
Etapas do método de van Kaam modificado por Moustakas. Thousand Oaks, Califórnia, Estados Unidos da América, 19948. Moustakas C. Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage Publications; 1994.

1ª Etapa: Horizontalização:Listagem e Agrupamento Preliminar - Processo de leitura de todos os textos, de forma individual, para compreensão do sentido global das narrativas. van Kaam1212. van Kaam AL. Genesis of the selection and articulation methods. In: van Kaam AL. Formative spirituality: scientific formation v 04. New York: Crossroad; 1987. p. 99-115. recomenda que estas leituras sejam realizadas através de uma seleção aleatória da ordem de leitura das narrativas. Este aspeto distintivo, impede que as narrativas mais extensas e repletas de descrição do fenómeno tenham primazia no resultado final da análise dos dados. Desta forma, nesta etapa, a intuição do pesquisador é igualmente potenciada e estimulada para a análise das descrições presentes em todas as narrativas, permitindo-lhe ganhar um “insight” inicial sobre o fenómeno e a sua estrutura essencial, ou seja, uma apreensão intuitiva, associada à capacidade de reflexão e autoconhecimento, permitindo ao sujeito a compreensão e a descoberta do fenómeno. Após esta leitura inicial, realiza-se a listagem de todas as expressões consideradas como significativas para a compreensão da essência da experiência e começa-se paralelamente um agrupamento preliminar dessas mesmas expressões numeradas de acordo com a respetiva narrativa. O conceito de horizontalização das descrições surge na busca do horizonte do fenómeno como um processo mais intuitivo na medida em todas as descrições são niveladas pelo pesquisador, pois cada participante terá à partida uma perspetiva pessoal do fenómeno comum88. Moustakas C. Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage Publications; 1994.. Neste processo comparativo, em que inicialmente as expressões podem ter todas o mesmo valor, progressivamente destacam-se os horizontes que possuem qualidades invariantes da experiência. Deste modo, na primeira etapa, o pesquisador tenta obter o núcleo das experiências comuns e para tal elabora uma listagem onde agrupa as expressões descritivas dos participantes, num designado esboço preliminar33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72.. Este processo pretende contribuir para o rigor da investigação, incluindo, caso se justifique, o mútuo acordo de juízes independentes e ainda a apresentação da quantificação de expressões em percentagem.

2ª Etapa: Redução e Eliminação: Determinação dos Constituintes Invariantes - Processo de nova leitura e análise de cada narrativa, identificando expressões ou frases que descrevessem algum aspeto constituinte da experiência. Os elementos constituintes invariantes da experiência são afirmações abstratas que convergem para um tema, que surgem de forma implícita ou explícita na maioria das narrativas33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72.. Moustakas88. Moustakas C. Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage Publications; 1994. sugere ao pesquisador que coloque as seguintes questões: Esta expressão contém um momento da experiência que é simultaneamente necessário e suficiente para a sua compreensão? e ainda: A expressão é passível de categorização e em última análise abstração?. Esta última pergunta, relaciona-se com o designado horizonte da experiência descrito por Van Kaam33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72., no qual as expressões descritivas têm que ser posicionadas mentalmente no mesmo nível de análise. A resposta deve ser positiva a ambas as questões para poder ser considerada como potencialmente significativa. Por oposição, no decorrer deste processo, também se identificaram aqueles elementos que se afastam, quer no conteúdo, quer na forma, do fenómeno, tais como expressões vagas e repetitivas. Estes dados, após seleção, são listados separadamente em expressões consideradas irrelevantes para a compreensão da essência do fenómeno, sendo eliminadas, e as restantes consideradas horizontes dos constituintes invariantes da experiência.

Apesar do processo de Redução estar presente na maioria dos métodos de análise de dados na abordagem fenomenológico descritiva, como o método de van Kaam, Colaizzi, Fischer e Giorgi22. Cypress BS. Fundamentals of qualitative phenomenological nursing research. Hoboken, NJ: Wiley-Blackwell; 2021., a forma como é aplicada em ambos é distinta44. Beck CT. Descriptive phenomenology. In: Beck CT, editor. Routledge international handbook of qualitative nursing research. London: Routledge; 2016. p. 133-44.. Para van Kaam, o processo de redução e epoché requer à priori um processo de consciencialização e de presença recetiva ao fenómeno, descrito na sua obra como “enlightened awareness”, sendo que este processo de perceção do conhecimento da consciência relativo a facto ou situação orienta o pesquisador para que este restrinja a sua explicação à expressão do que é dado na consciência iluminada1111. van Kaam AL. Existential foundations of psychology. New York: Doubleday; 1969.. Assim, van Kaam no processo de redução prevê que o pesquisadorconverta as expressões vagas e repetitivas dos participantes em termos descritivos mais precisos1111. van Kaam AL. Existential foundations of psychology. New York: Doubleday; 1969.. No processo de Eliminação, van Kaam33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72. salienta a importância do pesquisador conseguir identificar influências de outros fenómenos no fenómeno em estudo, quer seja porque habitualmente ocorrem simultaneamente, quer seja pela contaminação desse fenómeno ao que está em estudo. Neste processo, novamente pode recorrer-se ao acordo via consulta de juízes independentes.

3ª Etapa: Categorização e Tematização dos Constituintes Invariantes - Processo de análise das expressões consideradas horizontes dos constituintes invariantes da experiência, sendo nesta etapa agrupadas e classificadas as que suportam interações fechadas umas em relação às outras. Nesta fase, as descrições originais, referentes aos elementos constituintesda essência do fenómeno, permitem começar a desenhar hipóteses estruturais essenciais à descrição do fenómeno. Assim, emergem os temas do fenómeno, considerando as suas qualidades universais, tais como o tempo, o espaço, a relação com o “self”, causalidade e ainda a corporeidade. Nesta fase, de categorização e tematização, o pesquisador deve reduzir e eliminar as expressões tendo por base dois requisitos: A expressão contém um momento da experiência que possa ser um constituinte necessário e suficiente da mesma? Se sim, é possível abstrair esta expressão e rotulá-la preservando a significação dada pelo participante? Um constituinte necessário de uma certa experiência é um momento da experiência que, embora expresso de forma explícita ou implícita na maioria significativa das explicações por uma amostra aleatória de sujeitos, também é compatível com aquelas descrições que não a expressam33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72.? Logo, todos os temas não coincidentes com os requisitos devem ser eliminados.

4ª Etapa: Aplicação e Validação: Identificação Final dos Constituintes Invariantes e Temas - Processo de realização de nova leitura no sentido de refinar e verificar a análise anteriormente conduzida. Os temas produzidos são confrontados com as descrições originais patentes nas narrativas. Nesta etapa, perante incompatibilidades significativas, a estrutura essencial dos elementos pode ser alvo de discussão verificada por juízes independentes. O pesquisador reflete ainda se os temas são os necessários e/ou suficientes para a descrição da estrutura essencial do fenómeno, sendo este processo designado inicialmente de aplicação por van Kaam1111. van Kaam AL. Existential foundations of psychology. New York: Doubleday; 1969. e de aplicação e validação por Moustakas, sugerindo as seguintes questões para reflexão por parte do pesquisador: Os constituintes invariantes identificados aparecem de forma explícita na transcrição? São compatíveis com o todo apesar de não aparecerem explicitamente na transcrição? Se não surgem de forma explícita e nem são compatíveis com o todo, como produzem significado para o fenómeno88. Moustakas C. Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage Publications; 1994.? No final desta etapa, os temas constituintes invariantes tornam-se portadores de significado para a experiência, sendo explícitos nas transcrições originais e compatíveis com a totalidade do fenómeno.

5ª Etapa: Construção de Descrição Textural Individual - Nesta etapa, o pesquisadorprocura a composição de uma Descrição Textural Individual, usando as expressões “verbatim” da transcrição. As Descrições Texturais Individuais são uma integração descritiva dos constituintes invariantes texturais dos temas de cada participante88. Moustakas C. Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage Publications; 1994.. A Descrição Textural Individual construída retrata, portanto, o foco e a natureza do fenómeno, sendo um elemento de construção mais objetiva face aos constituintes invariantes e temas que submergiram da análise da etapa anterior.

6ª Etapa: Construção de Descrição Estrutural Individual - Nesta etapa, o pesquisador constrói uma descrição estrutural individual abstrata da experiência, mobilizando a sua experiência profissional e pessoal neste processo. Esta possui uma componente mais subjetiva, baseando-se na descrição textural individual sob a ação da variação imaginativa. A “variação imaginativa” é um processo mental intencional do pesquisador que, através da imaginação, permite analisar significados possíveis, adotar várias perspetivas do fenómeno, considerar de forma livre e intuitiva as possíveis qualidades estruturais, evocando as características texturais. Logo, este processo exige do pesquisador a capacidade de olhar os dados de uma forma única, obrigando-o a revistar os vários sentidos humanos de apreensão do mundo e a superar-se na análise imaginativa dos dados. A este nível, a arte, e as suas variadas expressões, são fonte recorrente de inspiração na apropriação dos significados. Importa refletir, enquanto pesquisador, que este processo acarreta uma componente emocional, social e cultural interpretativa dos dados, em consonância com algumas vozes críticas, como van Manen1414. van Manen M. Phenomenology of practice: meaning-giving methods in phenomenological research and writing. New York: Routledge ; 2014. doi: https://doi.org/10.4324/9781315422657.
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, que advoga que qualquer descrição implica em si uma interpretação do fenómeno.A finalidade da análise é a de encontrar os constituintes necessários e suficientes da experiência, primeiro de forma textural e depois estrutural, partindo da assunção que o “core” das experiências é comum para indivíduos diferentes33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72.. van Kaam defende ainda a importância do pesquisador pôr na forma escrita as hipóteses descritivas do fenómeno (Identificação Hipotética), porque a explicação é baseada nos dados brutos, em vez da própria experiência pessoal do pesquisador sobre o fenômeno1111. van Kaam AL. Existential foundations of psychology. New York: Doubleday; 1969., sendo este um processo que pretende contribuir para o rigor no julgamento do pesquisador. No processo de formulação de hipóteses o autor refere ainda quetende a partir de uma análise global da situação humana em sua dádiva imediata individual, esclarecendo que se trata da manifestação abstrata do interesse inicial do indivíduo para a explicação do fenómeno enquanto totalidade natural33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72.. Este processo é bastante dinâmico, requerendo uma análise num movimento de várias tentativas de confrontação com as narrativas.

7ª Etapa: Descrição Composta:Construção de Descrição Estrutural-Textural - Finalmente, o pesquisador compilou os significados e essências da experiência vivida na designada Descrição Estrutural-Textural, combinando a Descrição Textural Individual com a Descrição Estrutural Individual. Para a realização deste processo Moustakas88. Moustakas C. Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage Publications; 1994. sugere a construção de uma tabela ou um grafismo para a melhor identificação de conexões existentes nos dados. A apresentação final da análise dos dados é realizada através de uma Descrição Composta representativa da totalidade do fenómeno, comumente com recurso a uma figura geométrica, onde se esbatem as descrições individuais inicialmente encetadas, emergindo as comunalidades na essência da estrutura da experiência do fenómeno. van Kaam descreveu o produto final resultante da análise dos dados como sendo parcialmente um conjunto de abstrações ordenadas do que a pessoa vivencia como uma totalidade natural33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72.. A Descrição Composta da experiência vivida é o resultado da integração reflexiva e intuitiva de todas as Descrições Texturais-Estruturais Individuais numa descrição universal, representativa das narrativas88. Moustakas C. Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage Publications; 1994., sintetizando a essência e estrutura do fenómeno.Assim, na última etapa, o pesquisador deve tentar aplicar de forma aleatória as hipóteses explicativas a diversos casos dos participantes, ou seja, de acordo com van Kaam o procedimento consiste em verificar os constituintes provisoriamente identificados contra casos aleatórios da amostra para ver se eles atendem às condições33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72.. Este processo designado de Aplicação, que começa na quarta etapa, permite a revisão da descrição hipotética, sendo que após a revisão inicial o pesquisador deve realizar ainda uma nova aplicação aos casos num processo de formação da explicação. Apesar deste conceito de explicação, através da descrição composta final, só surgir, mais tarde na sua obra como um passo concreto do método, a verdade é que já na sua obra inicial, van Kaam referia a importância de procurar a consciência implícita e vaga de um fenômeno subjetivo complexo que se transforma pelo processo de expressão e formulação em conhecimento explícito de seus componentes, designando o processo de explicação33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72.. Assim, na etapa final, o pesquisador identifica finalmente os constituintes descritivos estruturais-texturais através do processo de aplicação, ou seja, verifica os constituintes identificados face aos casos. Para tal, o pesquisador deve garantir que cada constituinte: Está expresso explicitamente na descrição; ou seja, está expresso explícita ou implicitamente em alguma ou na maioria das descrições; E se ausente, é compatível com a descrição global da experiência. O autor refere que deve ser compatível com a expressão em que não se exprimiu1111. van Kaam AL. Existential foundations of psychology. New York: Doubleday; 1969.. Se na última etapa, for identificada uma expressão significativa, mas incompatível com um constituinte deve ponderar-se se esta é descritiva da essência da experiência ou se de outro fenómeno associado à experiência, que por sua vez apenas a influencia ou contamina.

Nesta abordagem teórico-metodológica destaca-se a variação livre imaginativa ea análise dos dados na forma de relatório narrativo com descrição estrutural e textural, apelando aos sentidos, baseada em citações diretas dos participantes, construindo uma narrativa visual e linguística na primeira pessoa que materializa a experiência pessoal e subjetiva da estrutura essencial do fenómeno, permitindo um entendimento mais profundo e alargado da topografia da vivência do Ser. Além disso, van Kaam defende ainda, tal como Gadamer1515. Dostal RJ. Gadamer's hermeneutics: between phenomenology and dialectic (studies in phenomenology and existential philosophy). Cambridge: Northwestern University Press; 2022., que a questão de investigação deve ser vivenciada pelo pesquisador, nesta perspetiva, uma situação despertou nele interesse e curiosidade instigando todo um processo investigativo. Moustakas88. Moustakas C. Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage Publications; 1994. refere mesmo que é a questão que escolhe o pesquisador e não o pesquisador que determina o que pretende estudar. Na prática, a experiência pessoal e profissional do pesquisador assume relevância no processo metodológico. Moustakas88. Moustakas C. Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage Publications; 1994. considera que se o pesquisador já vivenciou um fenómeno semelhante poderá mais facilmente empatizar com os participantes, estabelecendo uma relação genuína no processo de colheita de dados, como na entrevista. Assim, uma maior conexão entre entrevistador e entrevistados conduz potencialmente a maior aprofundamento do fenómeno. A proximidade do pesquisador com a temática é considerada fonte de movimento em direção à questão de investigação e um aspeto potenciador da pesquisa, da integração e compreensão do fenómeno88. Moustakas C. Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage Publications; 1994., pelo que considera o pesquisador de participante e os outros participantes de co-pesquisadores.

Ao refletir sobre as influências na sua obra, van Kaam salienta o papel da psicologia existencialista, contudo não descarta o positivismo e o racionalismo, como a maioria dos autores fenomenológicos, pois a psicologia fenomenal-existencial está enraizada numa síntese original de certos princípios do positivismo e do racionalismo, e da fenomenologia e do existencialismo33. van Kaam AL. Phenomenal analysis exemplified by a study of the experience of ‘really feeling understood. J Individ Psychol. 1959;15(1):66-72.. Estas dimensões terão um papel distintivo na abordagem metodológica por si preconizada, sendo alvo de apreço por uns e de crítica por outros dentro da comunidade científica, pois nos estudos por si realizados, os participantes eram em grande número, por vezes comdezenas de participantes, recorrendo à análise quantitativa na separação e contabilizaçãodas expressões descritivas do fenómeno44. Beck CT. Descriptive phenomenology. In: Beck CT, editor. Routledge international handbook of qualitative nursing research. London: Routledge; 2016. p. 133-44., numa tentativa de tornar o método mais rigoroso e fiável. Também segundo Moustaka88. Moustakas C. Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage Publications; 1994., existe uma preocupação em salvaguardar as vozes dos participantes, pois o contínuo retorno às narrativas e o enfoque no processo reflexivo do pesquisador durante o processo de análise contribui para o rigor e integridade da investigação. Comumente, os vários procedimentos do método ocorrem em simultâneo sem que possam ser enquadrados numa moldura temporal onde se identifique claramente o momento em que estes começam e terminam.

Independentemente da abordagem filosófica selecionada a fenomenologia não se resume a um conjunto de procedimentos sequenciais e articulados que realizados segundo uma ordem específica produzem um determinado resultado. Logo, a investigação fenomenológica não pode ser condensada num conjunto de passos processuais, pois exige do investigador uma atitude, um modo de estar na investigação, uma abertura ao fenómeno, uma atenção às subtilezas do diálogo verbal e não verbal, uma intuição genuína na análise dos dados1414. van Manen M. Phenomenology of practice: meaning-giving methods in phenomenological research and writing. New York: Routledge ; 2014. doi: https://doi.org/10.4324/9781315422657.
https://doi.org/10.4324/9781315422657...
. Enquanto limitação, desta reflexão, importa considerar que a leitura deste artigo não é por si suficiente para percorrer um percurso de investigação, recorrendo a esta abordagem fenomenológica, pois importa o pesquisador aprofundar os conceitos e suas etapas essenciais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A reflexão teórica fornece orientações aos pesquisadores que pretendam recorrer à abordagem teórico-metodológica fenomenológica de van Kaam, que se distingue pelo:enfoque no conceito de intencionalidade; o cariz quantitativo no agrupamento inicial dos dados; a aleatoriedade na abordagem das narrativas;a valorização do papel e processo reflexivo do pesquisador, pois apesar de advogar a importância dos processos redutivos na análise, numa fase seguinte valoriza a variação imaginativa do pesquisador na intuição da essência da experiência, considerando a sua própria experiência vivida;o retorno sistemático às narrativas como forma de estruturação e validação dos achados, alicerçando os significados no discurso dos participantes; e pela possibilidade de envolver peritos na discussão dos dados, designados de juízes independentes. O método de van Kaam modificado por Moustakas inclui, portanto, uma estruturação em 7 etapas que permite um olhar distinto sobre o fenómeno, pois o conhecimento produzido provém da essência estrutural e textural das experiências, considerando as diversas dimensões percetivas do fenómeno. Assim, o presente artigo serve a função de chamada para ação de forma que mais investigação, recorrendo à abordagem teórico-metodológica de van Kaam, seja realizada na área de Enfermagem.

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Editado por

Editor associado

Helena Becker Issi

Editor-chefe

Maria da Graça Oliveira Crossetti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Dez 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    24 Maio 2022
  • Aceito
    06 Jul 2022
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