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Imagem corporal da mulher durante amamentação: análise suportada em teoria de enfermagem

RESUMO

Objetivo:

Descrever e interpretar a percepção da mulher acerca da sua imagem corporal durante o processo de amamentar.

Método:

Estudo descritivo qualitativo realizado em hospital universitário da região sudeste, Brasil. Foram entrevistadas 43 puérperas que estavam amamentando.As entrevistas foram submetidas à análise lexical com o softwareIRAMUTEQ e interpretadas baseadas na Teoria Interativa de Amamentação.

Resultados:

As mulheres referem insatisfação com as mudanças na imagem corporal durante a amamentação. Mas também, valorizam e desejam manter a amamentação devido as vantagens para o filho. E várias expressam o desejo de realizar cirurgia plástica futuramente frente a essas mudanças corporais.

Conclusão:

A percepção da mulher sobre suaimagem corporal como satisfatória/ insatisfatória aponta que as mudanças corporais revestem o processo de amamentação de sentimentos de ambiguidade.As mudanças corporais são percebidas pelas mulheres de forma pessoal, subjetiva e complexa.

Palavras-chave:
Imagem corporal; Aleitamento materno; Período pós-parto; Teoria de enfermagem; Saúde da mulher

ABSTRACT

Objective:

To describe and interpret a woman’s perception of her body image during the breastfeeding process.

Method:

Descriptive qualitative study conducted at a university hospital in the Southeast region, Brazil. Forty-three puerperal women who were breastfeeding were interviewed. The interviews were submitted to lexical analysis using the IRAMUTEQ software and interpreted based on the Interactive Theory of Breastfeeding.

Results:

Women report dissatisfaction with changes in body image during breastfeeding. But they also value and want to keep breastfeeding because of the benefits for the child. Finally, several women express the desire to perform plastic surgery in the future because of these body changes.

Conclusion:

The woman’s perception of her body image as satisfactory/unsatisfactory indicates that body changes cover the breastfeeding process with feelings of ambiguity.Body changes are perceived by women in a personal, subjective and complex way.

Keywords:
Body image; Breast feeding; Postpartum period; Nursing theory; Women’s health

RESUMEN

Objetivo:

Describir e interpretar la percepción de la mujer sobre su imagen corporal durante el proceso de lactancia.

Método:

Estudio cualitativo descriptivo realizado en un hospital universitario de la región Sudeste de Brasil. Se entrevistaron 43 puérperas que estaban amamantando. Las entrevistas fueron sometidas a análisis léxico utilizando el software IRAMUTEQ e interpretada con base en la Teoría Interactiva de la Lactancia Materna.

Resultados:

Las mujeres relatan insatisfacción con los cambios en la imagen corporal durante la lactancia. Pero también valoran y quieren seguir amamantando por los beneficios para el niño. Y varios expresan el deseo de realizarse una cirugía plástica en el futuro ante estos cambios corporales.

Conclusión:

La percepción de la mujer sobre su imagen corporal como satisfactoria/insatisfactoria indica que los cambios corporales envuelven el proceso de lactancia con sentimientos de ambigüedad. Los cambios corporales son percibidos por las mujeres de manera personal, subjetiva y compleja.

Palabras clave:
Imagen corporal; Lactancia materna; Periodo posparto; Teoría de enfermería; Salud de la mujer

INTRODUÇÃO

A imagem corporal é o desenho que a nossa mente forma do nosso próprio corpo ou a forma como o vemos, sendo que ao longo do tempo e de acordo com as situações, mudamos a forma como percebemos nosso corpo, sendo também reconhecida a importância das relações sociais, culturais, psicológicas e fisiológicas na formação dessa imagem11. Schilder P. A imagem do corpo: as energias construtivas da psique. São Paulo: Martins Fontes; 1994.,22. Gama ACV, Baptista TJR. O tema “imagem corporal” nas publicações do Scientific Electronic Library Online - SciELO: revisão integrativa. Rev Cienc Saude. 2020;10(1):52-9. doi: http://doi.org/10.21876/rcshci.v10i1.836
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Ainda, a imagem corporal está ligada ao conceito de si próprio, vinculada a um caráter de dinamismo inerente aos sentimentos, sendo algo subjetivo e constituído pela imagem que o indivíduo enxerga no espelho, onde ele mesmo estrutura uma figuração mental para si. O significado de cada experiência frente ao seu próprio “eu” instiga o indivíduo a uma mudança ou conservação da sua imagem. O conceito do próprio corpo abarca os aspectos físicos, sociais e afetivos os quais se manifestam ao longo da vida e sofrem várias mudanças de acordo com o aparecimento das experiências vividas11. Schilder P. A imagem do corpo: as energias construtivas da psique. São Paulo: Martins Fontes; 1994.-44. Finlayson K, Crossland N, Bonet M, Downe S. What matters to women in the postnatal period: a meta-synthes is of qualitative studies. PLoS One. 2020;15(4):e0231415. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0231415
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O processo da gravidez é uma fase que engloba transformações fisiológicas e psicológicas complexas que podem alterar a percepção da imagem corporal da mulher, sendo que o mesmo pode perdurar pela amamentação33. Petribú BGC, Mateos MABA. Imagem corporal e gravidez. Junguiana. 2017 [cited 2022 Mar 20];35(1):33-9. Available from: Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-08252017000100004
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,44. Finlayson K, Crossland N, Bonet M, Downe S. What matters to women in the postnatal period: a meta-synthes is of qualitative studies. PLoS One. 2020;15(4):e0231415. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0231415
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. A amamentação como “processo de interação dinâmica no qual mãe e filho interagem entre si e com o ambiente, para alcançar os benefícios do leite humano, oferecido direto da mama para a criança, sendo uma experiência única a cada evento” decorre de múltiplos fatores e implica por consequência em outros55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
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Nesse contexto, mudanças significativas na vida de uma mulher podem alterar profundamente a forma como ela percebe a si mesma e ao seu corpo durante o puerpério, tornando esse momento conturbado e desafiador44. Finlayson K, Crossland N, Bonet M, Downe S. What matters to women in the postnatal period: a meta-synthes is of qualitative studies. PLoS One. 2020;15(4):e0231415. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0231415
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,66. Prinds C, Nikolajsen H, Folmann B. Yummy mummy: the ideal of not looking like a mother. Women Birth. 2020;33(3):e266-e273. doi: https://doi.org/10.1016/j.wombi.2019.05.009
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,77. Kochan M, Kabukcuoglu K. ‘I wish I had my pre-pregnancy body after birth… but I have to be supported’: a theoretical study based on body image perception in working mothers during the postpartum period. J Obstet Gynaecol. 2022;42(5):1103-11. doi: https://doi.org/10.1080/01443615.2021.2006160
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. A transição da maternidade e as transformações decorrentes da nova condição podem gerar uma sensação de desconhecimento de si, na qual muitas vezes, as mulheres se sentem na obrigação de abandonar hábitos e características que possuíam antes da maternidade para conseguir se encaixar no “papel de mãe” causando, possivelmente, uma alteração na percepção do seu próprio eu, e isso pode influenciar em sua imagem corporal77. Kochan M, Kabukcuoglu K. ‘I wish I had my pre-pregnancy body after birth… but I have to be supported’: a theoretical study based on body image perception in working mothers during the postpartum period. J Obstet Gynaecol. 2022;42(5):1103-11. doi: https://doi.org/10.1080/01443615.2021.2006160
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-99. Zanatta E, Pereira CRR, Alves AP. A experiência da maternidade pela primeira vez: as mudanças vivenciadas no tornar-se mãe. Rev Pesq Práticas Psicos. 2017 [cited 2022 Mar 20];12(3):e1113. Available from: Available from: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_serial&pid=1809-8908&lng=pt&nrm=iso
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Embora o tema da imagem corporal na amamentação tenha sofrido investigação como decorre da interpretação dos achados dos estudos mencionados, é original o uso de uma teoria de enfermagem de médio alcance como referencial de interpretação dos dados. Ainda mais, a estrutura teórica de enfermagem fornece uma perspectiva de descrição do fenômeno em categorias de conhecimentos disciplinares que formam identidade e facilitam o diálogo horizontal com outras disciplinas envolvidas na investigação do fenômeno55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
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Considerando que a concepção da autoimagem da mulher abrange aspectos pessoais, psicológicos, interpessoais e ambientais, questiona-se: Como a mulher percebe a sua imagem corporal durante o processo de amamentação? Nesse sentido, o presente estudo tem por objetivo descrever e interpretar a percepção da mulher acerca da sua imagem corporal durante o processo de amamentar.

METODOLOGIA

Estudo descritivo de abordagem qualitativa tendo por referencial teórico de interpretação a Teoria Interativa de Amamentação55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
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. O relatório da pesquisa seguiu o Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research (COREQ).

O estudo foi realizado em hospital de grande porte no estado do Espírito Santo, Sudeste do Brasil. Após seleção por amostragem intencional em abordagem face a face, 41 mulheres aceitaram participar do estudo. Foram inclusas as que atenderam aos seguintes critérios: estar amamentando, ter no mínimo 24 horas de pós-parto, estar em atendimento no Banco de Leite Humano do Hospital, ou internada na maternidade, no período de janeiro a fevereiro de 2020. Como critério único de exclusão: mulheres surdas-mudas.

Três pesquisadoras mulheres realizaram a coleta de dados utilizando um roteiro semiestruturado contendo dados sociodemográficos e clínicos: idade, estado civil, escolaridade, renda familiar, e histórico de cirurgias mamárias e gestações anteriores. E ao final, duas perguntas norteadoras: “Como você percebia suas mamas e seu corpo antes da gravidez?” e “Como você percebe suas mamas e seu corpo durante o período de amamentação?”. As entrevistas duraram em média 30 minutos eforam realizadas em um espaço privado. Para assegurar o anonimato, a participante foi identificada como entrevistada E, na sequência em que aconteceu (E1, E2, E3, ..., E41).

As entrevistas foram gravadas em sistema MP3, transcritas e eliminou-se do corpus textual marcas de linguagem coloquial e figuras de linguagem como "tipo"; "assim"; "aí", "entendeu". Para análise dos dados as transcrições foram digitadas no programa Open Office Writer, constituindo o corpus de análise, que foi importado para o software Iramuteq e analisados pelas técnicas de Classificação Hierárquica Descendente, Análise de Similitude e Nuvem de Palavras1010. Souza MAR, Wall ML, Thuler ACMC, Lowen IMV, Peres AM. The use of IRAMUTEQ software for data analysis in qualitative research. Rev Esc Enferm USP. 2018;52:e03353. doi: http://doi.org/10.1590/S1980-220X2017015003353
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Posteriormente, a análise interpretativa do corpus teve por referência a Teoria Interativa de Amamentação, especialmente sua estrutura conceitual e suas afirmativas relacionais. Essa escolha teórica baseia-se em três justificativas: seu nível de abrangência (médio alcance) que torna as inferências sobre dados empíricos mais próximos da realidade do que na adoção de um modelo conceitual ou grande teoria; o foco da teoria (amamentação); e sua natureza filosófica de base interacionista, tornando a experiência entre sistemas pessoais, interpessoais e sociais mais compreensível e explícita. Ademais, incorpora elementos que podem contribuir na interpretação das mudanças da imagem corporal durante a experiência de amamentar para essas mulheres, dentre eles: o papel materno; os sistemas organizacionais de proteção, promoção e apoio e a tomada de decisão da mulher. Ao reconhecer que mudamos a forma como percebemos nosso corpo ao longo do tempo e de acordo com diferentes momentos da vida em que nos encontramos, como no processo de amamentar, a Teoria Interativa de Amamentação pode contribuir para compreender o presente estudo de natureza qualitativa55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
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Quanto as questões éticas, as participantes foram informadas sobre o estudo pessoalmente e após a leitura, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Também, foram comunicadas sobre o seu direito de recusar a participação ou de recusar a responder quaisquer perguntas, interromper a entrevista ou retirar-se do estudo a qualquer momento sem dar informação ou afetar a sua assistência/serviços futuros. A pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética e Pesquisa sob CAAE 53610316.8.0000.5060.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação aos dados sociodemográficos, a maioria das mulheres entrevistadas estavam na faixa etária entre 18 e 34 anos (58,53%) e 41,46% possuíam idade superior a 35 anos de idade. Sendo a média de idade das mulheres entrevistadas de 32,8 anos. Quanto a renda mensal,2,4% afirmaram não ter renda fixa e, considerando o valor do salário mínimo do atual ano (2020), a maioria das mulheres recebem de 2 a 8 salários mínimos (78,04%), tendo apenas 19,5% recebendo mais que 8 salários mínimos. Em relação à escolaridade, 2,4% informaram não ter concluído o ensino fundamental, enquanto 2,4% possuíam o ensino médio incompleto,29,4% o ensino médio completo, 2,4% com curso técnico, 48,8% delas graduadas 14,6% disseram possuir pós-graduação. Em relação ao estado civil constatou-se que 12,2% eram solteiras, 56% eram casadas, 24,4% estavam em união estável e 7,4% delas eram divorciadas.

No que diz respeito às cirurgias prévias nas mamas, 92,7% afirmaram que nunca realizaram e 7,3% informaram já terem feito cirurgia nas mamas, sendo 100% delas relacionadas à colocação de prótese de silicone. Sobre o histórico gestacional,56% eram primíparas e 44% multíparas.

O corpus foi composto por textos das 41 entrevistas feitas com as participantes. Esses textos originaram uma média de 1072 segmentos de texto (ST), totalizando 6.659 ocorrências (número total de palavras contidas no corpus) e apresentando uma divisão em 173 segmentos de textos, correspondendo a 87,82 % do total de STs do corpus.

Com base nos segmentos de textos obtidos foi realizada a análise de classificação hierárquica descendente (CHD), que resultou em sete classes, e após análise das classes associadas em um mesmo bloco, estas foram unidas frente ao contexto semelhante e deram origem a quatro classes (Figura 1), sendo elas: “Mudanças da autoimagem após o processo gestacional e de amamentação”; “Satisfação com o processo de amamentação independente das mudanças corporais”; “As mudanças, as dores e as dificuldades durante o processo de amamentação”; e “Projetando uma nova imagem corporal”.

Figura 1 -
Dendrograma da classificação hierárquica descendente, que ilustra as relações entre as classes unidas frente ao contexto semelhante. Vitória, Espírito Santo, Brasil, 2022

Frente aos resultados obtidos foi possível observar a formação de quatro classes finais que apontam como as mulheres após a gestação e durante o processo de amamentação percebem sua imagem corporal.

Classe 1: Mudanças da autoimagem após o processo gestacional e de amamentação

Após a junção das classes originais 1 e 2, a nova classe 1incorporou 24,9% dos segmentos de texto, com palavras que refletiam as mudanças que o processo da gestação e amamentação causaram na autoimagem e na sexualidade dessa mulher frente ao parceiro, sendo comuns termos como vontade, parto, normal, duro, mês, flácido, bebê, estria, marido e sexual.Oqui-quadrado variou entre 40,07 (vontade) a 7,54 (sexual). Seguimentos de texto da classe:

Durante a gestação foi um processo assim de muita mudança. (E10)

Depois que você tem filho muda, o corpo, a mama, a barriga, o parto. O bebê muda tudo. (E28)

Porque não é mais aquela coisa durinha como era antes. Antigamente eu me sentia poderosa. Hoje não, eu não me sinto mais assim. (E18)

As minhas mamas eram mais firmes, mais “em pezinhas” e agora “tá” mais flácido e uma maior que a outra. (E22)

Meu corpo mudou muito, minha barriga ficou mais flácida, está muito diferente. (E12)

Eu gostava muito antes da gravidez do meu corpo, depois da gravidez eu senti muito mais gorda, muito mais inchada e até mesmo mais complicada para dar de mamar. (E15)

Depois que você tem filho você fica com certo constrangimento de expor o seio perto do marido. (E28)

Minhas mamas perderam essa importância estética e até a importância sexual.(E29)

É como as estrias do corpo, por exemplo, as estrias da barriga, minha barriga que pendurou depois que eu tive meus bebês. (E20)

[...] pensando na parte estética, algo que me desagradou foram as mudanças nas mamas. (E17)

Uma das primeiras descobertas após o parto é a percepção de que o corpo está diferente e não será o mesmo que antes da gravidez, pois algumas mudanças decorrentes da gestação permanecem, gerando uma modificação na imagem corporal dessa mulher33. Petribú BGC, Mateos MABA. Imagem corporal e gravidez. Junguiana. 2017 [cited 2022 Mar 20];35(1):33-9. Available from: Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-08252017000100004
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,44. Finlayson K, Crossland N, Bonet M, Downe S. What matters to women in the postnatal period: a meta-synthes is of qualitative studies. PLoS One. 2020;15(4):e0231415. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0231415
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,88. Giordani RCF, Piccoli D, Bezerra I, Almeida CCB. Maternidade e amamentação: identidade, corpo e gênero. Cienc Saude Colet. 2018;23(8):2731-9. doi: http://doi.org/10.1590/1413-81232018238.14612016
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O período do pós-parto também traz consigo experiências particulares para as mulheres acerca das sensações corporais, sendo esse período um momento singular vivido por cada mulher de forma individual e única. A percepção das estrias, da flacidez, da barriga diferente, a mudança no tamanho e formato das mamas, e presença de sentimentos de insatisfação diante da nova imagem que afeta a sexualidade e a autoconfiança da mulher são reportados na literatura, e também foram observados nos segmentos de texto do estudo88. Giordani RCF, Piccoli D, Bezerra I, Almeida CCB. Maternidade e amamentação: identidade, corpo e gênero. Cienc Saude Colet. 2018;23(8):2731-9. doi: http://doi.org/10.1590/1413-81232018238.14612016
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,99. Zanatta E, Pereira CRR, Alves AP. A experiência da maternidade pela primeira vez: as mudanças vivenciadas no tornar-se mãe. Rev Pesq Práticas Psicos. 2017 [cited 2022 Mar 20];12(3):e1113. Available from: Available from: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_serial&pid=1809-8908&lng=pt&nrm=iso
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,1111. Koyuncu SB, Duman M. Body dissatisfaction of women during postpartum period and copin strategies. Women Health. 2022;62(1):46-54. doi: https://doi.org/10.1080/03630242.2021.2014019
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A Teoria Interativa de Amamentação postula que as alterações biológicas da mulher preparando o corpo para a amamentação influenciam na sua imagem corporal e podem interferir na sua tomada de decisão pela amamentação55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
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Evidências de pesquisa indicam que as alterações corporais, como a mudança no formato das mamas e no corpo como um todo, podem ser vistas como positivas ou não44. Finlayson K, Crossland N, Bonet M, Downe S. What matters to women in the postnatal period: a meta-synthes is of qualitative studies. PLoS One. 2020;15(4):e0231415. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0231415
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,66. Prinds C, Nikolajsen H, Folmann B. Yummy mummy: the ideal of not looking like a mother. Women Birth. 2020;33(3):e266-e273. doi: https://doi.org/10.1016/j.wombi.2019.05.009
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,77. Kochan M, Kabukcuoglu K. ‘I wish I had my pre-pregnancy body after birth… but I have to be supported’: a theoretical study based on body image perception in working mothers during the postpartum period. J Obstet Gynaecol. 2022;42(5):1103-11. doi: https://doi.org/10.1080/01443615.2021.2006160
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. Essas alterações quando percebidas negativamente fazem com que as mulheres se sintam desconfortáveis com seu parceiro, causando sentimentos de insatisfação e vergonha do próprio corpo1111. Koyuncu SB, Duman M. Body dissatisfaction of women during postpartum period and copin strategies. Women Health. 2022;62(1):46-54. doi: https://doi.org/10.1080/03630242.2021.2014019
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,1212. Pissolato LKB, Alves CN, Prates LA, Wilhelm LA, Ressel LB. Breastfeeding and sexuality: an interface in the experience of puerperium. Rev Fund Care Online. 2016;8(3):4674-80. doi: http://doi.org/10.9789/2175-5361.2016.v8i3.4674-4680
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Além disso, para muitas mulheres, a convivência simultânea entre os papéis de mãe e esposa é difícil, principalmente se não receberem apoio de seus parceiros, o que intensifica a percepção das mudanças corporais, bem como as mudanças nas relações e nos papéis sociais1111. Koyuncu SB, Duman M. Body dissatisfaction of women during postpartum period and copin strategies. Women Health. 2022;62(1):46-54. doi: https://doi.org/10.1080/03630242.2021.2014019
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-1414. Silva MN, Facio BC, Sarpi LL, Bussadori JCC, Fabbro MRC. Breastfeeding in focus: what is published in women’s magazines in brazil? Rev Min Enferm. 2018;22:e-1113. doi: http://doi.org/10.5935/1415-2762.20180041
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Papel de mãe é um comportamento que se espera da mulher quando passa a ocupar dentro da sociedade a posição de mãe, tendo como uma das responsabilidades a amamentação e, conforme sugere a Teoria Interativa de Amamentação o papel de mãe influencia,como também, sofre interferência da imagem corporal da mulher55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
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. Assim, ao assumir o papel de mãe, as mudanças causadas pelo nascimento de um filho, faz com que a mulher passe a assumir uma nova condição de si e nas relações com os outros, o que provoca uma mudança de comportamento e postura e, por fim, a transformação completa da autoimagem66. Prinds C, Nikolajsen H, Folmann B. Yummy mummy: the ideal of not looking like a mother. Women Birth. 2020;33(3):e266-e273. doi: https://doi.org/10.1016/j.wombi.2019.05.009
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,77. Kochan M, Kabukcuoglu K. ‘I wish I had my pre-pregnancy body after birth… but I have to be supported’: a theoretical study based on body image perception in working mothers during the postpartum period. J Obstet Gynaecol. 2022;42(5):1103-11. doi: https://doi.org/10.1080/01443615.2021.2006160
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Classe 2: Satisfação com o processo de amamentação independente das mudanças corporais

Formada a partir da união das classes originais 3 e 4 e correspondeu a 24,85% dos segmentos de texto. Apresenta elementos sobre a percepção positiva das mulheres frente ao processo de amamentação independente das mudanças corporais e estéticas ocorridas. Composta por palavras como percepção, mamar, negativo, sempre, problema, satisfeito e amamentação com valores de qui-quadrado variando de 65,16 (percepção) a 5,13 (estético). Os segmentos de texto representativos da classe:

Meu corpo sofreu muitas mudanças, mas eu estou muito satisfeita com o que eu posso estar fazendo para minha bebê. (E38)

Eu não tenho essa percepção negativa do corpo, pelo contrário, a minha percepção de corpo é um corpo mais belo, que teve uma fase de transformação [...]. (E29)

[...] o prazer de você ver o serzinho se alimentando, isso se tornava gratificante [...]. (E18)

Me sinto mais realizada porque você vê a capacidade que você teve de gerar uma criança saudável e agora conseguir amamentar. (E14)

A mama eu gosto muito mais agora porque está muito maior, tenho o prazer de ver que eu tenho uma benção, um milagre em mim, muito leite jorrando, minha filha crescendo do meu leite, então é muito satisfatório ver isso. (E33)

Tenho essa percepção. A mama caída, mas é tranquilo, supertranquilo eu prezo pela saúde do meu bebê, pela saúde dela. (E26)

A Teoria Interativa de Amamentação conjectura em um de seus pressupostos que a imagem corporal insatisfatória da mãe pode gerar estresse na interação com o filho, prejudicando o processo de interação da amamentação. E por outro lado, a imagem corporal satisfatória favorece a interação com o filho, alcançando o sucesso na amamentação55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
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, o que pode ser observado nos segmentos de texto.

De acordo com os relatos, durante o processo de amamentação a ênfase parece estar direcionada ao processo interativo e à meta de amamentar. Embora as mulheres possam ter algumas percepções negativas de sua imagem corporal, a questão central é dirigida para uma amamentação eficaz e prazerosa. Para algumas das participantes, as alterações não pareceram de maior relevância, considerando o que representa o tornar-se mãe, deixando em segundo plano a atenção com aspectos físicos e estéticos do seu corpo44. Finlayson K, Crossland N, Bonet M, Downe S. What matters to women in the postnatal period: a meta-synthes is of qualitative studies. PLoS One. 2020;15(4):e0231415. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0231415
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,66. Prinds C, Nikolajsen H, Folmann B. Yummy mummy: the ideal of not looking like a mother. Women Birth. 2020;33(3):e266-e273. doi: https://doi.org/10.1016/j.wombi.2019.05.009
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-99. Zanatta E, Pereira CRR, Alves AP. A experiência da maternidade pela primeira vez: as mudanças vivenciadas no tornar-se mãe. Rev Pesq Práticas Psicos. 2017 [cited 2022 Mar 20];12(3):e1113. Available from: Available from: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_serial&pid=1809-8908&lng=pt&nrm=iso
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.

O reforço positivo da amamentação realizada com sucesso desperta na mulher um sentimento de ligação profunda com o filho e, mais que isso, o sentimento de realização como mulher e mãe, e que podem interferir na tomada de decisão para iniciar e manter a amamentação55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
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,88. Giordani RCF, Piccoli D, Bezerra I, Almeida CCB. Maternidade e amamentação: identidade, corpo e gênero. Cienc Saude Colet. 2018;23(8):2731-9. doi: http://doi.org/10.1590/1413-81232018238.14612016
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,99. Zanatta E, Pereira CRR, Alves AP. A experiência da maternidade pela primeira vez: as mudanças vivenciadas no tornar-se mãe. Rev Pesq Práticas Psicos. 2017 [cited 2022 Mar 20];12(3):e1113. Available from: Available from: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_serial&pid=1809-8908&lng=pt&nrm=iso
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. A literatura indica que isso é influenciado por questões pessoais, interpessoais ou sociais, como o prazer e a alegria em nutrir seu filho, a preocupação com a oferta de leite, o apoio familiar e social1414. Silva MN, Facio BC, Sarpi LL, Bussadori JCC, Fabbro MRC. Breastfeeding in focus: what is published in women’s magazines in brazil? Rev Min Enferm. 2018;22:e-1113. doi: http://doi.org/10.5935/1415-2762.20180041
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,1515. De Bortoli CFC, Poplaski JF, Balotin PR. A amamentação na voz de puérperas primíparas. Enferm Foco. 2019;10(3):99-104. doi: http://doi.org/10.21675/2357-707X.2019.v10.n3.1843
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.

Sentimento de responsabilidade atrelado ao ato de amamentar torna-se emergente pois a nutrição do seu filho é fundamental, assim ela possibilita o melhor alimento, expressando uma preocupação com o bem-estar da criança e reforçando o sentimento de gratificação pessoal quando conseguem amamentar1313. Cremonese L, Wilhelm LA, Prates LA, Paula CC, Sehnem GD, Ressel LB. Social support from the perspective of postpartum adolescents. Esc Anna Nery. 2017;21(4):e20170088. doi: http://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2017-0088
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,1616. Rocha GP, Oliveira MCF, Ávila LBB, Longo GZ, Cotta RMM, Araújo RMA. Condicionantes da amamentação exclusiva na perspectiva materna. Cad Saúde Pública. 2018;34(6):e00045217. doi: https://doi.org/10.1590/0102-311X00045217
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. A Teoria Interativa de Amamentação pode prover uma base para compreender essas questões, pois ao assumir o papel de mãe, a mulher adquire direitos e obrigações dessa nova posição social, sendo um deles o de amamentar, se essa for a sua decisão55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
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.

Sentimentos de autoconfiança e realização na mulher como os verificados nos segmentos de texto deste estudo estimulam a produção de leite, trazendo um sentimento de felicidade e sensação de ter cumprido seu dever de mãe com sucesso44. Finlayson K, Crossland N, Bonet M, Downe S. What matters to women in the postnatal period: a meta-synthes is of qualitative studies. PLoS One. 2020;15(4):e0231415. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0231415
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,1717. Urbanetto PDG, Gomes GC, Costa AR, Nobre CMG, Xavier DM, Jung BC. Facilities and difficulties found by mothers to breastfeed. Rev Fund Care Online. 2018;10(2):399-405. doi: http://doi.org/10.9789/2175-5361.2018.v10i2.399-405
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,1818. Moraes IC, Sena NL, Oliveira HKF, Albuquerque FHS, Rolim KMC, Fernandes HIVM, et al. Percepção sobre a importância do aleitamento materno pelas mães e dificuldades enfrentadas no processo de amamentação. Rev Enf Ref. 2020;V(2):e19065. doi: http://doi.org/10.12707/RIV19065
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.

Classe 3: As mudanças, as dores e as dificuldades durante o processo de amamentação

Formada pela união das classes originais 5 e 6, representando 35, 02% dos segmentos. Os segmentos de textos predominantemente remetem às mudanças nas mamas frente à preparação para o processo de lactação, mamas e aréolas mais inchadas e doloridas, o ingurgitamento, fissura, mastite; sendo palavras características: conseguir, aréola, insatisfeito, alimentar, inchado, dolorido e período amamentação. Os valores qui-quadrados foram de 27,73 (aréola) a 6,37 (insatisfeito). Os segmentos de texto desta classe seguem abaixo:

O corpo muito inchado, muito doloroso também, as mamas muito dolorosas. (E15)

Agora durante o período da amamentação o peito mudou, a aréola ficou um pouco escura, dolorida, inchada. (E32)

[...]eu tive mastite. Tive que operar por causa de um abscesso. (E08)

[...] feriu, machucou um pouco, rachou, acredito que pela sucção, acredito que tenha machucado por causa disso. (E26)

[...] quando tem muito leite fica empedrado dói muito... (E40)

Eu estou tendo muita dificuldade, porque, como é a primeira gestação, eu não tinha experiência com amamentação. A mama enche muito, fica dolorida. E como eu tenho a mama grande é muito difícil. (E07)

As mudanças corporais como o aumento e escurecimento das aréolas, o inchaço e dor nas mamas foram relatos comuns nas entrevistas e explicitam as ações dos hormônios maternos preparando para o processo de amamentar. Essas condições são alterações biológicas necessárias conforme descreve a Teoria Interativa de Amamentação, e que interferem na interação dinâmica entre mãe-filho e na imagem corporal da mulher55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
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.

Ainda, as alterações na forma e no peso corporal, em um curto período de tempo, implicam em dificuldade para algumas mulheres de assimilar e incorporar essas mudanças durante a gravidez, embora tenham a tendência de aceitar como consequências das mudanças da gravidez e da amamentação22. Gama ACV, Baptista TJR. O tema “imagem corporal” nas publicações do Scientific Electronic Library Online - SciELO: revisão integrativa. Rev Cienc Saude. 2020;10(1):52-9. doi: http://doi.org/10.21876/rcshci.v10i1.836
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-44. Finlayson K, Crossland N, Bonet M, Downe S. What matters to women in the postnatal period: a meta-synthes is of qualitative studies. PLoS One. 2020;15(4):e0231415. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0231415
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,77. Kochan M, Kabukcuoglu K. ‘I wish I had my pre-pregnancy body after birth… but I have to be supported’: a theoretical study based on body image perception in working mothers during the postpartum period. J Obstet Gynaecol. 2022;42(5):1103-11. doi: https://doi.org/10.1080/01443615.2021.2006160
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. Tais mudanças revestem a amamentação de sentimentos de ambiguidade, proporcionados por momentos cansativos e de dificuldades, como a pega incorreta no início da amamentação e as fissuras mamilares, mas também por sentimentos de satisfação e prazer em alimentar o filho66. Prinds C, Nikolajsen H, Folmann B. Yummy mummy: the ideal of not looking like a mother. Women Birth. 2020;33(3):e266-e273. doi: https://doi.org/10.1016/j.wombi.2019.05.009
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,99. Zanatta E, Pereira CRR, Alves AP. A experiência da maternidade pela primeira vez: as mudanças vivenciadas no tornar-se mãe. Rev Pesq Práticas Psicos. 2017 [cited 2022 Mar 20];12(3):e1113. Available from: Available from: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_serial&pid=1809-8908&lng=pt&nrm=iso
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,1515. De Bortoli CFC, Poplaski JF, Balotin PR. A amamentação na voz de puérperas primíparas. Enferm Foco. 2019;10(3):99-104. doi: http://doi.org/10.21675/2357-707X.2019.v10.n3.1843
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.

Estudos de campo apontam que o ingurgitamento mamário, as lesões mamilares e a dor são importantes causas de interrupção da amamentação nos primeiros dias de vida, levando ao desmame precoce. E apontam uma prevalência de trauma mamilar entre 13,56% a 17,9% entre as puérperas1717. Urbanetto PDG, Gomes GC, Costa AR, Nobre CMG, Xavier DM, Jung BC. Facilities and difficulties found by mothers to breastfeed. Rev Fund Care Online. 2018;10(2):399-405. doi: http://doi.org/10.9789/2175-5361.2018.v10i2.399-405
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-1919. Alvarenga SC, Castro DS, Leite FMC, Brandão MAG, Zandonade E, Primo CC. Fatores que influenciam o desmame precoce. Aquichan. 2017;17(1):93-103. doi: http://doi.org/10.5294/aqui.2017.17.1.9
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. Estas questões podem ser explicadas pela Teoria Interativa de Amamentação, pois a interação dinâmica entre mãe e filho envolve percepção, julgamento, ação e reação entre eles durante o posicionamento e a sucção-pega da criança na mama para alcançar a amamentação. No entanto, se houver condições biológicas inadequadas (ingurgitamento e fissuras mamilares), haverá estresse na interação entre eles55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
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.

Classe 4: Projetando uma nova imagem corporal

A classe final 4, formada pela classe anterior 7, representou 15% dos segmentos de texto. Nesses segmentos de texto foi possível perceber a idealização e o desejo de realizar procedimentos cirúrgicos para mudanças estéticas com a intenção de melhorar o corpo que, na percepção das entrevistadas, sofreu impactos negativos no processo de engravidar e de amamentar. Essa classe concentrou as palavras engravidar, criança, colocar, prótese e preocupação cujos valores qui-quadrado variaram de 23,15 (engravidar) a 8,15 (preocupação). São segmentos desta classe:

Hoje eu penso no futuro talvez colocar um pouco de silicone, alguma coisa do tipo, por causa da diferença de tamanho que ficou nas mamas. (E8)

Eu penso em colocar prótese depois de ter tido neném. A ideia de que o peito vai cair é grande e pesa. [...] Tenhoessa preocupação, quero que volte meu corpo em algum momento. (E21)

A mama, eu sempre falei que depois que eu engravidasse queria fazer cirurgia, até mesmo porque esteticamente me incomoda. (E30)

Agora eu vou precisar fazer um bom regime e quem dera se eu pudesse fazer uma cirurgia porque o negócio com meu corpo não está bonito não. (E12)

Muda muita coisa no corpo, antes eu me sentia melhor, eu estava mais magra. (E39)

As cirurgias plásticas mamárias são realizadas por diversas razões, mas a principal delas continua sendo a estética, objetivando melhorar ou recuperar o aspecto original, forma e volume mamário, conforme observado nos segmentos de texto dessa classe. Em outros estudos, as mulheres também referem insatisfação com sua imagem corporal, querendo ser mais magras, e, almejam alguma mudança por meio dos procedimentos cirúrgicos estéticos1111. Koyuncu SB, Duman M. Body dissatisfaction of women during postpartum period and copin strategies. Women Health. 2022;62(1):46-54. doi: https://doi.org/10.1080/03630242.2021.2014019
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,2020. Gagnon R. A longitudinal study of women’s representations and experiences of pregnancy and childbirth. Midwifery. 2021;103:103101. doi: http://doi.org/10.1016/j.midw.2021.103101
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.

A Teoria Interativa de Amamentação reconhece que os indivíduos são complexos e que diferem em suas necessidades, desejos e objetivos55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
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. Esse pressuposto da Teoria pode ser aplicado à compreensão das escolhas das mulheres na reconfiguração da sua imagem corporal, pois para algumas das entrevistadas, as cirurgias plásticas estéticas parecem ser uma alternativa futura.

Evidências demonstram que as mulheres apontam uma grande preocupação com o ganho de peso, medo de não conseguir retornar ao peso anterior à gravidez, dificuldade em aceitar o corpo que ganha peso e as marcas deixadas nas mamas, o que gera um sentimento de tristeza, especialmente frente aos padrões de beleza impostos pela sociedade moderna1111. Koyuncu SB, Duman M. Body dissatisfaction of women during postpartum period and copin strategies. Women Health. 2022;62(1):46-54. doi: https://doi.org/10.1080/03630242.2021.2014019
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,1414. Silva MN, Facio BC, Sarpi LL, Bussadori JCC, Fabbro MRC. Breastfeeding in focus: what is published in women’s magazines in brazil? Rev Min Enferm. 2018;22:e-1113. doi: http://doi.org/10.5935/1415-2762.20180041
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,2020. Gagnon R. A longitudinal study of women’s representations and experiences of pregnancy and childbirth. Midwifery. 2021;103:103101. doi: http://doi.org/10.1016/j.midw.2021.103101
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.

Análise de Similitude

Em relação a análise de similitude observou-se o enquadramento das palavras mama e corpo como núcleo central da distribuição. A palavra mama estabelece conexão com as palavras não, mais e ficar, enquanto a palavra corpo tem ligação com as palavras estar e achar, conforme observado na Figura 2.

Figura 2 -
Análise de similitude. Vitória, Espírito Santo, Brasil, 2022

Nuvem de Palavras

A análise da nuvem de palavras (Figura 3) traz as palavras “mama e corpo” no centro referindo que a gestação e a amamentação geram mudanças significativas no corpo e nas mamas das mulheres que passam por esse processo.

Figura 3 -
Descrição da nuvem de palavras. Vitória, Espírito Santo, Brasil, 2022

A análise de similitude reforçou a interpretação de que as participantes apresentaram uma visão da mama e do corpo atrelado às alterações estéticas que ocorreram nesse processo. A palavra central mama foi ligada a palavra “ficar” com as características inchada, escuro, dolorido remetendo as alterações do processo de amamentação. E com a palavra “mais”relacionou-se a flacidez, duro e maior. Ao vocábulo “não” que possui vínculo com as palavras querer, conseguir e pensar, o que demonstra o pensamento sobre os medos e inseguranças que permeiam a gestação e a amamentação.

Por sua vez a palavra central “corpo” teve união com a palavra “estar” ficando atrelada as palavras agora, normal e satisfeito e a palavra “achar” que se atrelou as palavras bonito, engravidar e demorar fazendo alusão a percepção do corpo atual da mulher após o parto.

A imagem corporal no contexto da amamentação interativa refere-se ao modo como a mulher percebe seu corpo e a reação dos outros a aparência que ele assume durante este processo, caracterizado pelo dinamismo, pessoalidade e subjetividade55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0...
. Esta afirmativa expressa na Teoria Interativa de Amamentação parece ter validade nas situações decorrentes da análise de similitude. Estudos apontam que as mudanças corporais podem ser vivenciadas como uma situação angustiante para a mulher, relacionando se à presença de sentimentos de insatisfação diante da nova imagem corporal1111. Koyuncu SB, Duman M. Body dissatisfaction of women during postpartum period and copin strategies. Women Health. 2022;62(1):46-54. doi: https://doi.org/10.1080/03630242.2021.2014019
https://doi.org/10.1080/03630242.2021.20...
,1414. Silva MN, Facio BC, Sarpi LL, Bussadori JCC, Fabbro MRC. Breastfeeding in focus: what is published in women’s magazines in brazil? Rev Min Enferm. 2018;22:e-1113. doi: http://doi.org/10.5935/1415-2762.20180041
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,2020. Gagnon R. A longitudinal study of women’s representations and experiences of pregnancy and childbirth. Midwifery. 2021;103:103101. doi: http://doi.org/10.1016/j.midw.2021.103101
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.

A interpretação da nuvem de palavras indicou a posição de centralidade dos termos mama e corpo. A palavra “mama” aparece ao centro da imagem ilustrando o quanto as alterações nesta parte do corpo são significativas para as mulheres. As mudanças no corpo e nas mamas fazem parte da gestação e do processo de amamentação e a atenção voltada ao bem-estar do filho coloca em segundo plano a preocupação com o corpo e a forma física, principalmente quando a mulher fica feliz e satisfeita ao oportunizar o leite materno ao filho1313. Cremonese L, Wilhelm LA, Prates LA, Paula CC, Sehnem GD, Ressel LB. Social support from the perspective of postpartum adolescents. Esc Anna Nery. 2017;21(4):e20170088. doi: http://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2017-0088
http://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-201...
-1616. Rocha GP, Oliveira MCF, Ávila LBB, Longo GZ, Cotta RMM, Araújo RMA. Condicionantes da amamentação exclusiva na perspectiva materna. Cad Saúde Pública. 2018;34(6):e00045217. doi: https://doi.org/10.1590/0102-311X00045217
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.

Mesmo que essas mudanças sejam normais da fisiologia da mulher no período gestacional e puerperal, muitas vezes, não são entendidas assim, interferindo negativamente na forma como a mulher se percebe33. Petribú BGC, Mateos MABA. Imagem corporal e gravidez. Junguiana. 2017 [cited 2022 Mar 20];35(1):33-9. Available from: Available from: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-08252017000100004
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scr...
,44. Finlayson K, Crossland N, Bonet M, Downe S. What matters to women in the postnatal period: a meta-synthes is of qualitative studies. PLoS One. 2020;15(4):e0231415. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0231415
https://doi.org/10.1371/journal.pone.023...
,88. Giordani RCF, Piccoli D, Bezerra I, Almeida CCB. Maternidade e amamentação: identidade, corpo e gênero. Cienc Saude Colet. 2018;23(8):2731-9. doi: http://doi.org/10.1590/1413-81232018238.14612016
http://doi.org/10.1590/1413-81232018238....
-1111. Koyuncu SB, Duman M. Body dissatisfaction of women during postpartum period and copin strategies. Women Health. 2022;62(1):46-54. doi: https://doi.org/10.1080/03630242.2021.2014019
https://doi.org/10.1080/03630242.2021.20...
. A percepção da mulher sofre interferência da interação dinâmica entre mãe-filho, bem como as condições biológicas da mulher e a imagem corporal podem interferir nesta interação. Esse caráter de reciprocidade de relações comum na estrutura da Teoria Interativa de Amamentação parece ter sido corroborado pelas evidências desta pesquisa, bem como funcionou como um referencial explicativo para os processos vivenciados55. Primo CC, Brandão MAG. Interactive theory of breastfeeding: creation and application of a middle-range theory. Rev Bras Enferm. 2017;70(6):1191-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0523
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0...
.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo possibilitou o reconhecimento das percepções de mulheres sobre mudanças que ocorrem na sua imagem corporal durante o processo de amamentação e características dessas mudanças.

A percepção das mulheres sobre sua imagem corporal como satisfatória/insatisfatória aponta que as mudanças corporais revestem o processo de amamentação de sentimentos de ambiguidade. As mudanças corporais são percebidas pelas mulheres de forma pessoal, subjetiva e complexa. Tais mudanças mostraram-se significativas nas vidas das mulheres entrevistadas, alterando a forma como elas percebem a si mesmas e o ambiente no qual estão inseridas.

Esse estudo possibilitou pensar na importância da assistência dos profissionais de saúde que lidam na área obstétrica, neonatal e pediátrica, sendo eles fundamentais para preparar as mulheres e seus familiares para essa nova realidade que será vivenciada buscando, dessa forma amenizar o sofrimento, assim como compreender a sexualidade nesse novo momento, o que também se apresentou como tema causador de angústia e incômodo.

O uso de elementos como proposições, afirmativas de existência e relacionais de uma teoria de enfermagem de médio alcance sobre a amamentação interativa pareceu ser útil para melhor interpretar as experiências subjetivas das participantes e sustentar extrapolações que possam contribuir no avanço do conhecimento desta temática.

A descrição e a interpretação de como a mulher percebe sua imagem corporal pode fornecer aos profissionais de saúde inseridos no serviço ou em formação no sistema educacional, indicativos mais abrangentes da complexidade da amamentação. Presume-se que essa perspectiva ampliada que inclui a percepção da imagem corporal possa facilitar a superação de visões que reduzam a amamentação a um processo de fatores biológicos e nutricionais.

Assim, os prováveis benefícios do entendimento da amamentação como processo dinâmico, interativo e multidimensional pode implicar na minimização de interrupções ou abandonos da amamentação, impactando satisfatoriamente o sistema de saúde e a sociedade como um todo.

Como limitação, o estudo foi realizado em um hospital universitário de uma capital o que pode ser realidade diferenciada de outras cidades, embora os dados sociodemográficos das participantes não destoem do perfil da população brasileira como um todo.

Além disso, a coleta de dados realizada no setor de maternidade e Banco de Leite Humano pode ter incluído mulheres que buscavam atendimento por intercorrências na amamentação, o que deve ser considerado como limite de aplicação dos resultados.

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Editado por

Editor associado:

Jéssica Teles Schlemmer

Editor-chefe:

João Lucas Campos de Oliveira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    22 Mar 2022
  • Aceito
    26 Set 2022
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