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Uso do WhatsApp em um grupo de educação em saúde com mulheres

RESUMO

Objetivo:

Analisar o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação e a interação em um grupo de educação em saúde com mulheres no WhatsApp.

Metodologia:

Pesquisa qualitativa com mães pertencentes a duas Unidades Básicas de Saúde de Sinop - MT incluídas em um Projeto de Extensão que utilizou estratégias educativas em saúde (“Dia G”, “Dicas em saúde” e “Vídeo Educativo”) e membros da equipe do projeto. Os dados foram coletados entre outubro-dezembro de 2021, a partir das mensagens no grupo de WhatsApp e submetidos à Análise de Conteúdo Temática.

Resultados:

Foram identificadas duas categorias, as quais mostram as informações disponibilizadas pela equipe e as solicitadas pelas mães pontualmente; que as dúvidas manifestadas pelas mães mobilizaram a comunicação-interação entre os participantes e que pouca ou nenhuma interação foi suscitada pelas informações de saúde contidas nas estratégias educativas utilizadas.

Considerações finais:

O WhatsApp mostrou-se como importante recurso/estratégia na comunicação-interação para educação em saúde com mulheres.

Palavras-chave:
Tecnologia da informação; Educação em saúde; Saúde da mulher; Atenção primária à saúde

ABSTRACT

Objective:

To analyze the use of Information and Communication Technologies and the interaction in a health education group with women on WhatsApp.

Methodology:

Descriptive-exploratory, qualitative research with mothers assisted in two Basic Health Units in Sinop - MT, part of a University Extension Project that used three health education strategies (“G-Day”, “Health Tips”, and “Educational Video”) and project team members. Data were collected between October and December 2021 from messages in the WhatsApp group and submitted to Thematic Content Analysis.

Results:

Two categories were identified, showing the information provided by the team and specific information requested by the mothers; the doubts expressed by the mothers mobilized the communication-interaction among the participants and little to no interaction was provoked by the health information contained in the educational strategies used.

Final consideration:

WhatsApp proved to be an important resource/strategy in communication-interaction for health education with women.

Keywords:
Information technology; Health education; Women's health; Primary health care.

RESUMEN

Objetivo:

Analizar el uso de Tecnologías de Información y Comunicación y la interacción en un grupo de educación para la salud con mujeres en WhatsApp.

Metodología:

Investigación cualitativa con madres pertenecientes a dos Unidades Básicas de Salud de Sinop - MT incluidas en un Proyecto de Extensión que utilizó estrategias educativas en salud (“Día G”, “Consejos de Salud” y “Video Educativo”) y miembros del equipo del proyecto. Los datos se recopilaron entre octubre y diciembre de 2021, a partir de mensajes en el grupo de WhatsApp, y se enviaron al Análisis de contenido temático.

Resultados:

Se identificaron dos categorías que muestran las informaciones puestas a disposición por el equipo y las solicitadas por las madres específicamente; las dudas expresadas por las madres movilizaron la comunicación-interacción entre los participantes y poca o ninguna interacción suscitaron las informaciones de salud contenidas en las estrategias educativas utilizadas.

Consideraciones finales:

WhatsApp demostró ser un recurso/estrategia importante en la comunicación-interacción para la educación en salud con mujeres.

Palabras clave:
Tecnología de la información; Educación en salud; Salud de la mujer; Atención primaria de salud.

INTRODUÇÃO

O contexto da pandemia da COVID-19, marcado pelo fechamento de vários serviços não essenciais, isolamento social e quarentena para todos, ressaltou a importância das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para a continuidade de várias atividades nos serviços de saúde, sobretudo para o acompanhamento das condições de saúde dos usuários e o desenvolvimento de ações de educação em saúde11. Küchler ML, Mantovani MF, Paes RG, Paz VP, Gribner FC, Silva ECS. Remote educational interventions for the literacy of adults with arterial hypertension in primary care. Ciênc Cuid Saúde. 2022;21:e61813. doi: https://doi.org/10.4025/ciencuidsaude.v21i0.61813
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Conceituam-se as TIC’s como um conjunto de recursos usados de forma integrada, com o objetivo de estimular e disseminar conhecimentos, pela utilização de sons, imagens e textos, por meio de recursos como rádio, telefone, televisão, redes de cabos e fibras óticas e computadores22. Mota DN, Torres RAM, Guimarães JMX, Marinho MNASB, Araújo AF. Tecnologias da informação e comunicação: influências no trabalho da estratégia Saúde da Família. J Health Inform. 2018 [citado 2022 jun 28];10(2):45-9. Disponível em: https://jhi.sbis.org.br/index.php/jhi-sbis/article/view/563/330
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. No escopo das TIC’s encontram-se as tecnologias mHealth, que fazem parte de um ramo denominado de saúde eletrônica (eHealth), o qual, com o auxílio de tecnologias e comunicações móveis disponibilizam informações relacionadas com os cuidados em saúde aos seus usuários33. Carlos DAO, Magalhães TO, Vasconcelos FilhoJE, Silva RM, Brasil CCP. Concepção e avaliação de tecnologia mHealth para promoção da saúde vocal. Rev Ibér Sist Tecnol Inf. 2016;19:46-60. doi: https://doi.org/10.17013/risti.19.46-60
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. A saúde móvel (mHealth) promove práticas médicas/de saúde apoiada por dispositivos móveis (como telefones celulares, dispositivos de monitoramento de pacientes, assistentes digitais pessoais) e outros dispositivos sem fio44. World Health Organization. mHealth: new horizons for health through mobile technologies: second global survey on eHealth. Geneva: WHO. 2011 [cited 2022 Jun 28]. Available from: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44607/9789241564250_eng.pdf?sequence=1&isAllowed=y
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Apesar de alguns desafios em sua utilização como: rede móvel ou wi-fi não disponíveis, distração ou desvio da atenção para outras mídias, informações superficiais, manipuladas, não confiáveis ou falsas e falta de contato interpessoal55. Chaves ASC, Oliveira GM, Jesus LMS, Martins JL, Silva VC. Uso de aplicativos para dispositivos móveis no processo de educação em saúde: reflexo da contemporaneidade. Rev Humanid Inov. 2018 [cited 2022 Jun 28];5(6):35-42. Available from: https://revista.unitins.br/index.php/humanidadeseinovacao/article/view/744#:~:text=REFLEXOS%20DA%20CONTEMPORANEIDADE&text=O%20uso%20TIC'S%20vem%20sendo,qualidade%20de%20vida%20do%20paciente
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, os aplicativos móveis ("App" - software autônomo codificado para uma finalidade específica e geralmente otimizado para ser executado em um dispositivo móvel)66. Boulos MNK, Brewer AC, Karimkhani C, Buller DB, Dellavalle RP. Mobile medical and health apps: state of the art, concerns, regulatory control and certification. Online J Public Health Inform. 2014;5(3):e229. doi: https://doi.org/10.5210/ojphi.v5i3.4814
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, são muito úteis na educação em saúde, por agilizarem e potencializarem a comunicação entre os profissionais de saúde e usuários, encurtar distâncias e disponibilizar informações mais seguras. Consequentemente, favorecem a qualidade do autocuidado, o empoderamento dos sujeitos e o acompanhamento mais seguro dos processos de saúde-doença55. Chaves ASC, Oliveira GM, Jesus LMS, Martins JL, Silva VC. Uso de aplicativos para dispositivos móveis no processo de educação em saúde: reflexo da contemporaneidade. Rev Humanid Inov. 2018 [cited 2022 Jun 28];5(6):35-42. Available from: https://revista.unitins.br/index.php/humanidadeseinovacao/article/view/744#:~:text=REFLEXOS%20DA%20CONTEMPORANEIDADE&text=O%20uso%20TIC'S%20vem%20sendo,qualidade%20de%20vida%20do%20paciente
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A presença de novas tecnologias é uma realidade e tem sido utilizada como ferramenta no processo de síntese, disseminação e aplicação do conhecimento. A transformação do conhecimento em ação beneficia a melhoria da saúde dos usuários, a oferta de serviços e de produtos mais eficazes e o fortalecimento do sistema de saúde77. Canadian Institute of Health Research [Internet]. Ottawa: CIHR; 2016 [cited 2022 Jun 28]. About us; [about 4 screens]. Available from: https://www.cihr-irsc.gc.ca/e/29418.html#1
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Dentre os aplicativos para o uso em dispositivos móveis, os mais utilizados na área da saúde são o Telegram88. Franchini M, Pieroni S, Martini N, Ripoli A, Chiappino D, Denoth F, et al. Shifting the paradigm: the Dress-COV Telegram bot as a tool for participatory medicine. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(23):8786. doi: https://doi.org/10.3390/ijerph17238786
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, o Kakaotalk99. Kang HS, Son YD, Chae SM, Corte C. Working experiences of nurses during the Middle East respiratory syndrome outbreak. Int J Nurs Pract. 2018;24(5):e12664. doi: https://doi.org/10.1111/ijn.12664
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e o WhatsApp1010. Walwema J. The WHO health alert: communicating a global pandemic with WhatsApp. J Bus Tech Commun. 2021;35(1):35-40. doi: https://doi.org/10.1177/1050651920958507
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. Particularmente este último, mundialmente utilizado e conhecido como uma multiplataforma de mensagens instantâneas, permite o envio e recebimento de diversos arquivos de mídia: textos, fotos, vídeos, documentos e localização, além de chamadas de voz1111. WhatsApp [Internet]. 2022 [citado 2022 jun 28]. Sobre o WhatsApp; [about 1 screen]. Available from: https://www.whatsapp.com/about/
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, possibilitando a milhares de pessoas o acesso a informações diversas, inclusive na área da saúde, de maneira rápida, fácil e cômoda.

Estudos sobre o compartilhamento de informações em saúde pelo WhatsApp, apontam que o mesmo pode ser realizado a partir de relações estabelecidas entre profissional-paciente1212. Lima ICV, Galvão MTG, Pedrosa SC, Cunha GH, Costa AKB. Use of the Whatsapp application in health follow-up of people with HIV: a thematic analysis. Esc Anna Nery. 2018;22(3):e20170429. doi: https://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2017-0429
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ou em grupos1313. Cardona Júnior AHS, Andrade CWQ, Caldas LNM. Educação em saúde: programa e canal de comunicação via WhatsApp da unidade básica de saúde do N6 para comunidade rural do sertão pernambucano. APS. 2020;2(2):137-41. doi: http://doi.org/10.14295/aps.v2i2.92
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,1414. Araújo JCM, Lima TS, Santos JA, Costa ES. Use of WhatsApp app as a tool to education and health promotion of pregnant women during prenatal care. In: Universidade Federal do Piauí. Anais do I Congresso Norte Nordeste de Tecnologias em Saúde. 2018 [cited 2022 Jun 28];1(1):85-90. Available from: https://revistas.ufpi.br/index.php/connts/article/view/7954/4682
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, sendo estes últimos constituídos comumente por usuários e profissionais de saúde. Neste sentido, pesquisa realizada junto a pessoas com HIV acompanhadas em serviço de atenção especializada no Ceará, Brasil, ressaltou o potencial do WhatsApp para o esclarecimento de dúvidas e a promoção da adesão ao tratamento1212. Lima ICV, Galvão MTG, Pedrosa SC, Cunha GH, Costa AKB. Use of the Whatsapp application in health follow-up of people with HIV: a thematic analysis. Esc Anna Nery. 2018;22(3):e20170429. doi: https://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2017-0429
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No âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), estudo realizado com população rural no sertão de Pernambuco destacou o potencial desta tecnologia na construção de conhecimento, interação e aproximação entre os profissionais de saúde e a população local1313. Cardona Júnior AHS, Andrade CWQ, Caldas LNM. Educação em saúde: programa e canal de comunicação via WhatsApp da unidade básica de saúde do N6 para comunidade rural do sertão pernambucano. APS. 2020;2(2):137-41. doi: http://doi.org/10.14295/aps.v2i2.92
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. Nesta mesma direção, outro estudo apontou que o grupo no WhatsApp proporcionou integração-aproximação dos profissionais de saúde com as gestantes, o que foi fundamental para que estas fossem assíduas e confidentes nas consultas de Enfermagem. Também possibilitou estreitamento do vínculo entre as gestantes, pois elas se ajudavam e trocavam experiências e aprendizados, resultando em mais segurança e apoio durante a gravidez1414. Araújo JCM, Lima TS, Santos JA, Costa ES. Use of WhatsApp app as a tool to education and health promotion of pregnant women during prenatal care. In: Universidade Federal do Piauí. Anais do I Congresso Norte Nordeste de Tecnologias em Saúde. 2018 [cited 2022 Jun 28];1(1):85-90. Available from: https://revistas.ufpi.br/index.php/connts/article/view/7954/4682
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Não obstante, em que pese os aspectos positivos do uso do WhatsApp nas práticas de saúde, observam-se lacunas no desenvolvimento de pesquisas de campo abordando esta temática, visto que, as existentes, normalmente são do tipo relato de experiência. Acresce-se a este fato, o número restrito de estudos envolvendo mulheres (gestantes, mães e puérperas), profissionais de saúde e acadêmicos; que considerem a perspectiva de todos os envolvidos e; que discriminem como se processa a troca de conhecimentos/experiências e a interação entre os integrantes do grupo.

Deste modo, o presente estudo realizado com mulheres, profissionais de saúde e acadêmicos participantes de um grupo educativo de WhatsApp constituído a partir de um Projeto de Extensão Universitária e de Pesquisa pode contribuir com a superação de algumas lacunas.

O projeto “Ninho do Cuidado: antes, durante e após o nascimento” foi criado em 2017 com o objetivo de desenvolver práticas educativas relacionadas com a saúde da mulher (gestantes, puérperas, mães), recém-nascidos, crianças e acompanhantes em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no município de Sinop, Mato Grosso. O grupo de WhatsApp “Mães Ninho do Cuidado”, foi constituído no mesmo ano, para a divulgação de informações sobre as atividades do projeto.

Contudo, em 2020, no contexto da pandemia da COVID-19, o projeto assumiu integralmente a modalidade virtual, com abordagem e inclusão de novas integrantes no grupo de WhatsApp. Entre as ações previstas estavam: orientações em saúde online por Enfermeiras e Psicólogas; implementação de estratégias educativas em saúde e socialização de conteúdos da área materno-infantil nas redes sociais do Projeto.

O fato de o Projeto de Extensão Universitária poder ser executado somente online, sem qualquer contato presencial entre seus participantes, suscitou a necessidade de discutir e disseminar a possibilidade de uso de uma tecnologia virtual para a educação em saúde e a qualidade das ações de cuidado às mulheres nos serviços de APS, incluindo a comunicação-interação estabelecida.

Frente ao exposto, a presente pesquisa teve como objetivo analisar o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação e a interação em um grupo de educação em saúde com mulheres no WhatsApp.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa descritiva-exploratória, com abordagem qualitativa, desenvolvida com os integrantes de um grupo no WhatsApp criado a partir do Projeto de Extensão Universitária e de Pesquisa “Ninho do Cuidado: antes, durante e após o nascimento” e que utilizou como base conceitual o modelo praxiológico da comunicação1515. Quéré L. De um modelo epistemológico da comunicação a um modelo praxiológico. In: França VV, Simões P, organizadores. O modelo praxiológico e os desafios da pesquisa em comunicação. Porto Alegre: Sulina; 2018. p. 15-48..

Este modelo focaliza a centralidade da práxis, ou seja, na interação no espaço social, evidenciando-se que as pessoas constituem e são constituídas pela linguagem em ato. A comunicação permite a abertura do novo, construído em conjunto com a alteridade. Logo, para o modelo praxiológico “a comunicação é essencialmente um processo de organização de perspectivas compartilhadas, sem o qual nenhuma ação e interação se tornam possíveis”1515. Quéré L. De um modelo epistemológico da comunicação a um modelo praxiológico. In: França VV, Simões P, organizadores. O modelo praxiológico e os desafios da pesquisa em comunicação. Porto Alegre: Sulina; 2018. p. 15-48..

Ao focar a comunicação em ato, não se despreza as estruturas sociais, as instituições, enfim, as configurações que ultrapassam o momento interacional. Também não se menospreza a assimetria das interações, vinculada às estruturas sociais de classe e poder1515. Quéré L. De um modelo epistemológico da comunicação a um modelo praxiológico. In: França VV, Simões P, organizadores. O modelo praxiológico e os desafios da pesquisa em comunicação. Porto Alegre: Sulina; 2018. p. 15-48..

Por ocasião da coleta de dados, o grupo de WhatsApp “Mães Ninho do Cuidado” contava com 63 integrantes, sendo 50 usuárias pertencentes a duas UBS da cidade de Sinop - MT e 13 membros do projeto de Extensão (duas enfermeiras, duas psicólogas e nove acadêmicas de enfermagem). Dos 63 integrantes, apenas 16 (oito mães e oito membros da equipe) manifestaram interesse em participar da pesquisa. Ressalta-se que todos os integrantes puderam se manter no grupo de WhatsApp, mas para o estudo, foram consideradas apenas as daqueles que aceitaram participar do mesmo.

Para a coleta de dados considerou-se as atividades realizadas e as trocas comunicativas registradas no grupo do WhatsApp, nos meses de outubro a dezembro de 2021. Durante estes três meses foram utilizadas três estratégias educativas (“Dicas no Zap”, “Dia G” e o “Vídeo Educativo”), que visavam a divulgação e socialização de informações em saúde e a comunicação-interação entre as participantes do grupo.

As “Dicas do Zap” foram disponibilizadas cinco vezes às segundas-feiras (mês de outubro e novembro). O conteúdo foi preparado pela pesquisadora, docentes e discentes da equipe do projeto, a partir de assuntos abordados pelas mães no grupo de WhatsApp. Inicialmente a equipe do projeto compartilhava uma imagem e uma pergunta relacionadas ao tema que seria abordado. Em seguida era destinado um tempo de aproximadamente 4h para manifestação das participantes e só após os membros do projeto disponibilizavam informações detalhadas sobre o tema do dia. Os assuntos abordados por meio desta estratégia foram: testes neonatais, tampão mucoso, disquesia, campanha novembro azul e semana de combate a sífilis congênita. Os dois últimos temas foram propostos pela equipe do projeto.

O “Dia G” referia-se à abordagem do tema gravidez, tendo como finalidade oferecer informações sobre o desenvolvimento fetal e as mudanças fisiológicas da gestação. Foram utilizadas nove imagens com fotos do desenvolvimento gestacional mês a mês. As publicações ocorreram às quintas-feiras, no período de outubro até a terceira semana de dezembro.

Por fim, o vídeo educativo, constituído de duas partes, foi disponibilizado no grupo apenas uma vez no mês de dezembro. A primeira parte, com duração de 29 segundos, apresenta uma situação-problema com participação de uma usuária voluntária, que dramatizou de modo fictício dificuldades em cuidar do coto umbilical do seu bebê. O objetivo era promover um debate entre as participantes e identificar o conhecimento que elas tinham sobre o assunto. A segunda parte, com duração de 04 minutos e 47 segundos, é constituída por orientações sobre cuidados com o coto umbilical, a partir das dúvidas apresentadas na situação-problema.

O corpus de análise foi constituído pelos dados de caracterização dos participantes (usuárias e membros do projeto) e pelas mensagens compartilhadas no grupo do WhatsApp.

Os dados de caracterização das participantes foram obtidos por meio de instrumento disponibilizado no “Google Forms”. O instrumento era constituído de três partes: a) dados de identificação (idade, escolaridade, estado civil e atividade remunerada), b) obstétricos (gestante ou não; se possui filhos ou não; se sim, quantos; qual a idade dos filhos e se possui rede de apoio para o cuidado destes) e c) uso do WhatsApp (tempo de uso do WhatsApp, se lê as mensagens enviadas no grupo e se as dúvidas encaminhadas foram sanadas, não sanadas ou parcialmente sanadas). Um link de acesso ao instrumento foi enviado por mensagem privada no WhatsApp das participantes da pesquisa. Estes dados foram registrados em planilha do Excel e analisados descritivamente.

O corpus de análise qualitativa foi constituído pelas mensagens escritas, “emojis” e figurinhas arquivadas mediante a realização de prints e pelos áudios que foram transcritos na íntegra.

Todo material foi submetido à análise de conteúdo, modalidade temática, seguindo as três etapas propostas: pré análise; exploração do material ou codificação; tratamento dos resultados, inferência e interpretação1616. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2018., tendo emergido duas categorias temáticas: “As dúvidas das mães como mobilizadoras da comunicação-interação”, com duas subcategorias (“Quais eram as dúvidas?” e “Por quais participantes as dúvidas eram ouvidas e sanadas?”) e “Informações “pontuais” em saúde, com pouca ou nenhuma comunicação-interação entre os participantes”, também com duas subcategorias (“Informações disponibilizadas pelos membros da equipe” e “Informações solicitadas e/ou disponibilizadas pelas mães”).

O desenvolvimento do estudo seguiu as diretrizes disciplinadas pelas Resoluções 466 de 2012, 510 de 2016 e 580 de 2018. O protocolo da pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição signatária (CAAE: 49532821.7.0000.8097. Parecer nº 4.900.165). Para a garantia do anonimato das participantes foram utilizadas as letras M para identificação das mães e P para designar os membros do Projeto.

O link para acesso ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e ao instrumento de caracterização no “Google Forms” foi disponibilizado no grupo de WhatsApp. O acesso ao instrumento de coleta de dados e a impressão do TCLE só era possível após manifestação explícita de concordância em participar do estudo.

RESULTADOS

As oito usuárias participantes do estudo já eram mães, quatro eram casadas, três solteiras e uma declarou união estável. Elas tinham idade entre 18 a 37 anos, quatro tinha ensino médio, duas ensino superior, uma ensino médio incompleto e outra ensino fundamental incompleto. Somente quatro exerciam atividade remunerada e uma estava grávida (24 semanas gestacionais). O número de filhos vivos variou entre um e seis, com idades entre 1 mês e quatro anos. Apenas quatro mães referiram poder contar com uma rede de apoio no cuidado com os filhos, o que incluiu babá, pais, mãe e esposo.O tempo de uso diário do WhatsApp variou de uma a 12 horas. Todas as mães disseram que leem as mensagens do grupo e cinco afirmaram que suas dúvidas expressas no grupo foram sanadas.

As quatro profissionais que integravam a pesquisa eram casadas e tinham entre 27 e 37 anos e as quatro alunas eram solteiras e tinham entre 22 e 24 anos.

As dúvidas das mães como mobilizadoras da comunicação-interação

As dúvidas das mães participantes apresentaram-se como importantes mobilizadores para a comunicação-interação entre os participantes do grupo. Na sequência do texto são apresentadas quais eram as dúvidas e por quem elas eram respondidas (pelas próprias mães, pela equipe de projeto ou ambos).

Quais eram as dúvidas?

Por se tratar de um grupo voltado para a área materno-infantil, as dúvidas eram principalmente em torno da área, embora não somente. Da saúde materna os questionamentos versaram sobre a amamentação, o trabalho de parto e parto e o uso de anticoncepcionais.

Particularmente da amamentação surgiram dúvidas relacionadas a: modificações na mama (surgimento de estrias nos seios), tipos de amamentação, “descida” do leite, intercorrências (fissuras mamárias e pega incorreta), armazenamento do leite materno, uso de medicamentos na amamentação e influências das emoções durante o processo de amamentar. Por exemplo, no relato abaixo a mãe expõe as dificuldades vivenciadas com relação à alimentação do filho:

Gente existe outro método da criança tomar leite? Já tentei mamadeira, seringa, copo. eu boto na boca dele ele não engoliu, ele segura um pouco e depois cospe fora e fica rindo não sei se fico zangada ou se fico rindo junto. (M3)

Já em torno do planejamento reprodutivo as mães questionaram especialmente sobre o uso correto do anticoncepcional.

Gente eu estou tomando o anticoncepcional que a C. [nome da médica] me passou, só que ela não soube explicar, acho que é por causa do tempo. Eu queria saber porque eu já estou terminando a primeira cartela e eu recebi duas cartelas [...] terminando a primeira cartela, eu passo logo para segunda ou eu tenho que esperar um período tal, eu escutei esse negócio que tem que esperar um período e eu nunca tomei esse remédio. (M3)

E, finalmente, em torno do parto interrogaram sobre os tipos, a perda do tampão mucoso e as experiências vivenciadas de outras mães.

As dúvidas das mães eram majoritariamente direcionadas a saúde dos filhos, elas versaram sobre as vacinas (quando ministrar a BCG e efeitos colaterais das mesmas), alimentação (estímulo ao apetite), dentição, manifestações clínicas da síndrome “mão-pé-boca”, alopecia e hérnia umbilical, uso de medicamentos/substâncias (vitamina A, vermífugos e repelentes), testes neonatais (teste do pezinho), a exemplo das falas a seguir:

Meninas meu bebê está com alergia. Se picar algum bichinho nele, ele fica assim [registro fotográfico]. Posso usar repelente nele? (M8)

Boa tarde, sobre a vitamina, a partir dos seis meses, só ir no posto? (M2)

Destaca-se que a depender da queixa das crianças as mães compartilhavam suas dúvidas de forma escrita e/ou complementadas por fotos ou áudios. Na situação relatada a seguir a mãe indaga se pode estar realizando inalação na filha de apenas um mês e depois compartilha um áudio da respiração do bebê:

Bom dia, pode fazer inalação em bebê com um mês? Ela apresenta o nariz e a garganta meio congestionados. Ronca, tem incômodo e quando uso o soro no nariz ela gorfa bastante secreção. Mas só o soro não parece estar sendo o suficiente, ajuda, mas não por muito tempo. (Áudio da bebê respirando com dificuldade e com a legenda) - Ela fica bem incomodada, e essa mudança de clima piora. Não estou sabendo o que fazer. (M1)

As fotos também se constituíram como um meio para esclarecimento da dúvida, sobretudo nos casos de lesões de pele por picadas de mosquitos, fungos (micoses) ou que elas relacionavam ao calor.

Para além dos questionamentos relacionados especificamente à saúde materna e infantil houve questionamentos, como exemplo, relacionados ao pai/ esposo. Mães participantes questionaram no grupo se aqueles poderiam estar participando do momento do parto em virtude da pandemia ou no caso em que o companheiro ainda não havia tomado a vacina contra COVID-19.

Por fim, houve as situações em que a dúvida foi expressa de modo privado a um membro do projeto, não sendo compartilhado no grupo:

Oi, alguma Enfermeira pode me chamar no privado e me ajudar? (M6)

No caso acima, a mãe observou que após retrair o prepúcio do bebê durante o banho, o mesmo não retornou à posição original. Após sucessivas tentativas sem sucesso, entrou em contato com a equipe do projeto e a foto compartilhada evidenciava edema e vermelhidão no local. Após acolher e acalmar a mãe a enfermeira orientou que ela procurasse um serviço de pronto atendimento pediátrico.

Por quais participantes as dúvidas eram ouvidas e sanadas?

Em algumas situações apenas o membro da equipe interagia com a mãe, buscando sanar a dúvida apresentada. Na maioria das vezes mais de um membro colaborava para responder ao questionamento, complementando a questão e, logo ampliando a qualidade da informação.

Quando o membro da equipe do projeto sentia a necessidade de melhor esclarecimento sobre a dúvida da participante, fazia mais questionamentos a esta no grupo ou no privado. Ainda, por vezes, para obter mais informações em torno da dúvida, o membro da equipe buscava pelos demais integrantes do projeto e/ou fontes confiáveis de dados (livros, artigos científicos, sites de entidades de saúde, etc.), antes de comunicar-se novamente com quem a interrogou.

Houve situações que demandaram uma maior atenção da equipe do projeto, sendo realizado um acompanhamento mais frequente no privado ou no grupo de WhatsApp, de acordo com a necessidade de saúde apresentada pela mãe, como por exemplo trabalho de parto prematuro:

Como você está? (P2)

Passei pelo Doutor, ele falou que eu estava entrando em trabalho de parto prematuro, mas já tomei injeção para madurar o pulmão do nenê e estou perdendo sangue agora só esperar. (M5)

Conseguiu segurar um pouquinho mais o bebê? [Passados dois dias depois]. (P2)”

Oi boa noite, hoje tomei a segunda injeção para fortalecer o pulmão do nenê e o sangramento cortou bastante. Estou tomando remédios para cortar as dores e segura o nenê, eu estou bem graças a Deus. Hoje completei 33 semanas, estou fazendo bastante repouso, mas estou bem melhor. (M5)

Melhoras para você e estamos aqui na torcida. (P2)

Sim foi um grande susto esse final de semana, mas muito obrigada pelo apoio e carinho de todas vocês. (M5)

A equipe do projeto comumente utilizava uma linguagem mais técnica em relação às mães, no sentido de respaldar cientificamente as orientações e, logo, proporcionar informações atualizadas e seguras. Por outro lado, se constatou nos registros de falas das mães com outras mães que estes procediam comumente de experiências vivenciadas por elas, compartilhando suas histórias e opiniões, trazendo uma abordagem por vezes mais informal.

A exemplo, na ocasião que a mãe relata que o filho está gripado e ela gostaria de saber de alguma medicação que pudesse estar dando para o bebê. Outras mães compartilharam suas dicas (farmacológicas ou não) para tratar o resfriado. Informaram o que elas usavam quando seus filhos se encontravam na mesma situação, promovendo uma troca de experiência entre elas.

Oii boa tarde meninas. Meu bebê tem 6 meses e está gripado, eu gostaria de saber se tem algum remédio que eu possa está dando pra ele? (M7)

Meu filho também tá assim. Estou fazendo chá de camomila e dando banho nele com chá morno. Soro no nariz direto a cada 2 horas. Dou também um pouco de chá de ervas (hortelã, casca da laranja, limão, com folhas de mamão e manga) e procuro sempre passar vick nele nos peitos e nas costas. Compra um pote de vick lá na farmácia (nome da farmácia) em frente à rodoviária. (M3)

Inalação com soro também é bom. (M8)

Por fim, alguns questionamentos foram respondidos por ambos (membros da equipe do projeto e mães participantes). Neste caso, os conhecimentos dos profissionais e o das mães participantes se complementavam. Em caso de informações equivocadas ou incorretas nas falas das mães, a presença dos membros da equipe do Projeto no grupo também garantia o compartilhamento de informações atualizadas e cientificamente comprovadas.

Os conhecimentos técnico-científicos dos membros da equipe, demonstraram ser úteis na identificação de fatores de risco e/ou situações que requeriam encaminhamentos, dando um melhor direcionamento para as mães participantes do grupo. Como na fala abaixo em que a mãe participante gestante mandou uma foto de uma secreção sanguinolenta e relatou e que estava tendo contrações e estava um pouco preocupada:

Eu estou com 33 semanas terça-feira passada.. Senti contração. O dia todo, mas passou, estava bem, mas hoje eu fui tomar banho e saiu um pouco de sangue. O que devo fazer? Por enquanto não estou sentindo nada. O que vocês acham que devo fazer? (M5)

Boa Noite!! Acho que você deveria ir no médico e pedir um ultrassom. (M4)

Acredito que possa ser o tampão mucoso mesmo se foi como você referiu. Se você sentir dores e perder sangue ou líquido, recomendo que procure o médico. (P3)

Informações “pontuais” em saúde com pouca ou nenhuma interação entre os participantes

Nesta categoria são apresentadas as informações pontuais, quem e quais meios foram utilizados para divulgá-las e como se processou a interação entre os envolvidos por meio delas.

Informações disponibilizadas pelos membros da equipe

As estratégias educativas como o “Dia G”, as “Dicas de saúde” e o vídeo educativo foram propostos como meio de não apenas informar, mas socializar e fomentar a comunicação-interação no grupo, o que de fato não ocorreu exatamente nos termos propostos.

Destaca-se o registro de nenhuma fala das mães participantes após o compartilhamento de informações a partir da estratégia educativa intitulada “Dia G”. Entre as “Dicas em Saúde”, apenas a referente aos testes neonatais registrou-se a fala de uma mãe participante:

Oi, boa noite. Ein, eu fiz só o teste do pezinho e falta fazer o da orelhinha e do coração. Aqui em Sinop, qual é o lugar que eles fazem?. (M2)

O teste do pezinho é feito na própria unidade de saúde. O teste do coraçãozinho você faz na maternidade antes de ter alta. O teste da orelhinha e do olhinho você precisa ir na unidade, pegar uma PAC, que é um encaminhamento e aí eles vão te dar um número, onde você liga para fazer o teste da orelhinha, e o teste do olhinho. Se não fizer na unidade por falta de equipamento eles te encaminham para fazer no C [Nome do serviço de referência]. (P1)

Já no que tange ao vídeo educativo, chamou atenção novamente o fato de apenas uma mãe interagir com a publicação. Mais, essa interação foi apenas na primeira etapa da metodologia. A mãe participante respondeu sobre a forma que ela acreditava ser correta para proceder a higienização do coto.

Tira essa folha verde, não vejo necessidade lavar com água e passar álcool. Estar sequinho o umbigo. Não enrolar nada também. (M1)

As publicações disponibilizadas no Facebook e Instagram do Projeto de Extensão sobre saúde mental materna, auto aceitação no pós-parto, perda gestacional e “Seu maternar é único” também foram socializadas no grupo de WhatsApp. Porém, apesar do incentivo à comunicação das mães, a partir do compartilhamento das publicações, não houve nenhuma manifestação das mães no grupo.

Por fim, diferentemente dos assuntos supracitados e diretamente relacionados a uma questão de saúde, destacou-se o compartilhamento de informação por um membro do grupo, através de uma imagem de promoção de fraldas de uma farmácia no município, o que motivou uma interação.

Qual site? (M1)

No site da farmácia. Você compra pelo site nesta promoção e retira na loja. (P2)

Informações pontuais disponibilizadas e/ou solicitadas pelas mães participantes

As solicitações de informações pelas mães participantes comumente versavam sobre o contato, as rotinas e as ações ofertadas pelas unidades de saúde de sua referência, como nas falas transcritas abaixo:

Oi gente, alguém sabe se o Posto (UBS II) está funcionando hoje? (M3)

Oi, bom dia. As UBS estão fechadas hoje e amanhã. (P5)

Bom dia, alguém sabe informar se no posto da UBS II está tendo vacinas de 04 meses? (M3)

Está sim ontem fui lá e estavam vacinando. (M8)

No contexto da pandemia de COVID-19 destacaram-se os pedidos de informações relacionados às vacinas para crianças, especialmente, quanto a faixa etária para vacinação e o agendamento da mesma.

As mães participantes também demandaram com frequência a indicação de médicos e de clínicas especializadas, assim como de telefones e horários de atendimentos de outros serviços de saúde. Telefones de aplicativos de transporte e pedidos de táxis também foram solicitados.

Alguém me indica algum oftalmologista. (M2)

Clínica [nome da clínica], Oftalmologista [nome do profissional]. Agende com a C. Diga que [nome do membro da equipe] que indicou. (P1)

Beleza, obrigada. (M2)

Esse Uber mora em qual bairro? (M3)

Ele é do América, mas manda mensagem para ele. (M5)

Obrigada. Vou agendar aqui. (M3)

Por nada. (M5)

Por fim, as participantes se utilizaram do grupo de WhatsApp para disponibilização de informações sobre os produtos que comercializavam (produtos de beleza, roupas e comidas) e/ou solicitação para os produtos que desejavam comprar (ex. andador de bebê).

Meninas vendo calcinhas quando precisarem avisa eu no privado. Obrigada. (M1)

Boa noite. Alguém sabe me informar que tem andador vendendo ou doando ou emprestando. Precisava até minha filha andar. Depois já devolvia. (M4)

Porém, registra-se que não houve nenhum tipo de interação entre as participantes frente a este tipo de informação.

DISCUSSÃO

Partindo da perspectiva relacional da comunicação, os achados desta pesquisa permitem refletir sobre o uso das TICs e as interações entre mães e membros do projeto de extensão no espaço virtual do WhatsApp. Conforme já sinalizado, a comunicação é compreendida como um processo de construção social, que se dá na interação dos sujeitos interlocutores e diz tanto das trocas simbólicas, quanto do contexto1515. Quéré L. De um modelo epistemológico da comunicação a um modelo praxiológico. In: França VV, Simões P, organizadores. O modelo praxiológico e os desafios da pesquisa em comunicação. Porto Alegre: Sulina; 2018. p. 15-48..

A partir da perspectiva eleita, apresenta-se as conversas produzidas no espaço virtual do grupo de WhatsApp, como atos comunicativos, pois não se dão de maneira isolada ou deslocadas do contexto no qual os interlocutores estão inseridos1515. Quéré L. De um modelo epistemológico da comunicação a um modelo praxiológico. In: França VV, Simões P, organizadores. O modelo praxiológico e os desafios da pesquisa em comunicação. Porto Alegre: Sulina; 2018. p. 15-48.,1717. Amado NE. Um olhar praxiológico sobre o Facebook: o uso e apropriação da rede social pelos moradores de Ravena. In: Jurno AC, Caldeira BL, Guimarães BMA, Bicalho LAG, organizadores. Disputas e alteridades: diálogos possíveis na mídia contemporânea. Belo Horizonte: FAFICH/UFMG; 2016. p. 257-70.. Portanto, as conversas e as interações das mães e dos membros do projeto refletem aspectos importantes do contexto sócio histórico no qual eles vivem.

Nesta direção, observou-se que as dúvidas das mães diziam sobre as suas condições de vida, necessidades, prioridades, conhecimentos, percepções, experiências, dentre outros aspectos da realidade de cada uma delas. As dúvidas das mães versavam principalmente sobre questões relacionadas à própria saúde e/ou de seus filhos, embora não só. Estas foram ainda identificadas como principais mobilizadoras da comunicação-interação entre os participantes.

Infere-se que apesar da equipe do Projeto priorizar temas que consideravam de interesse das participantes e propor estratégias educativas em saúde para fomento da comunicação-interação com as mães, eles não foram significativos a realidade e/ou momento em que as mães estavam vivenciando, visto que as trocas comunicativas e as interações foram poucas ou inexistiram. Mesmo informações pontuais de saúde disponibilizadas por algumas mães, parecem não ter encontrado ressonância no contexto vivido pelas demais, pois também eram, de certo modo, ignoradas.

Estudo relacionado a (des)mobilização da ação coletiva, diz também que o comportamento humano é influenciado pela dimensão emocional e situacional e derivada das relações entre os sujeitos e o contexto histórico vivenciado. Assim a mobilização dos sujeitos para alguma ação estará diretamente relacionada à dimensão racional e às percepções de risco e necessidades desses indivíduos. Essas percepções irão mobilizar ou desmobilizar os sujeitos para ação1818. Monteiro AA, Montez MM. Sentidos de mobilização e de desmobilização da ação coletiva. Opin Publica. 2015;21(1):217-37. doi: https://doi.org/10.1590/1807-0191211217
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. Ou seja, é esperado que temas que tratam do cotidiano dessas mulheres e que despertem e as mobilizem para resolverem problemas práticos de seu dia a dia promovam ação e interação entre elas e quiçá entre elas e os profissionais de saúde.

A respeito das falas dos membros da equipe, não se ignora que estas também refletem a realidade dos mesmos, incluindo, aqui, os conhecimentos e visões de mundo ligados à sua formação acadêmica na área da saúde. Logo, da fala da equipe foi destacada a incorporação de aspectos técnico-científicos, em relação às falas das mães, sempre no sentido de justificar cientificamente determinadas condutas e/ou orientações, a partir de evidências científicas atualizadas e que oferecem segurança à mãe e ao bebê.

Pesquisa com o objetivo de analisar os saberes científicos e populares de enfermeiros e usuários na visita domiciliar na Saúde da Família também constatou que os profissionais sentem a necessidade, ou até a obrigação, de orientarem o uso de práticas comprovadas cientificamente, por considerarem estas mais seguras e atualizadas. Nas situações em que o saber popular envolve crenças que podem ser perigosas à saúde, o saber científico modifica concepções errôneas sobre o cuidado. Considerando as diversas formas de conhecimento, estas precisam dialogar entre si, para que ocorra a complementação de saberes1919. Alves LVV, Acioli S. Saberes científicos e populares de enfermeiros e usuários na visita domiciliar. Rev Cubana Enfermer. 2020 [cited 2022 Jun 28];36(3):e3462. Available from: http://scielo.sld.cu/pdf/enf/v36n3/1561-2961-enf-36-03-e3462.pdf
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.

Na direção assinalada, o conceito de translação do conhecimento auxilia na defesa da não imposição dos conhecimentos por uma autoridade científica, mas como interação agregante entre diversos conhecimentos e atores envolvidos no processo. Ainda, na translação do conhecimento acredita-se não existir uma hierarquia que confere a superioridade de uma forma de conhecimento frente a outra2020. Colombo IM, Comitre F. Pesquisa translacional e a pedagogia freireana. Rev Iluminart. 2019 [cited 2022 Jun 28];XI(17):107-26. Available from: http://revistailuminart.ti.srt.ifsp.edu.br/index.php/iluminart/article/viewFile/379/336
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. Assim, constatou-se que ao agregar os diferentes conhecimentos, experiências e vivências dos participantes do grupo de WhatsApp, ampliou-se as possibilidades de respostas às dúvidas trazidas pelas mães.

O segundo aspecto, dentro da perspectiva relacional da comunicação, que se quer refletir é a compreensão das pessoas como interlocutores ativos, responsáveis pela construção do mundo social e da interação. Destarte, como interlocutores ativos, são modificados e modificam a realidade que compartilham1515. Quéré L. De um modelo epistemológico da comunicação a um modelo praxiológico. In: França VV, Simões P, organizadores. O modelo praxiológico e os desafios da pesquisa em comunicação. Porto Alegre: Sulina; 2018. p. 15-48.. Nesta direção, constatou-se que ao confrontar com uma dúvida em saúde, as mães utilizam-se do que tem em mãos, na expectativa de sanar aquelas, colocando-se, portanto, como ativas no processo. Dentro dos recursos eleitos por elas, o grupo de WhatsApp é destacado como meio de acesso às informações em saúde.

Particularmente o WhatsApp, como recurso tecnológico, tem um papel importante, pois suas características permitem a interação, independente da espacialidade e temporalidade. Importante destacar que as interações podem ainda não se limitar aos participantes do grupo, uma vez que estes podem compartilhar as informações em outros espaços1717. Amado NE. Um olhar praxiológico sobre o Facebook: o uso e apropriação da rede social pelos moradores de Ravena. In: Jurno AC, Caldeira BL, Guimarães BMA, Bicalho LAG, organizadores. Disputas e alteridades: diálogos possíveis na mídia contemporânea. Belo Horizonte: FAFICH/UFMG; 2016. p. 257-70..

Os profissionais de saúde têm se apropriado do WhatsApp para promover a interação e a comunicação com seus pares e subordinados, pois embora não constitua um meio legal de comunicação, favorece e agiliza o processo de trabalho2121. Savio RO, Barreto MFC, Pedro DRC, Costa RG, Rossaneis MA, Silva LGC, et al. Use of WhatsApp® by health care managers. Acta Paul Enferm. 2021;34:eAPE001695. doi: https://doi.org/10.37689/acta-ape/2021AO001695
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. No contexto da pandemia da COVID-19, tem sido utilizado para a comunicação com pacientes diversos e na área materno-infantil especificamente, como espaço para mediação do trabalho socioeducativo online com mulheres na gestação2222. Silva JTDO, Aguiar LR, Figueiroa MN, Oliveira MS. Educação em saúde com gestantes e puérperas na pandemia pela COVID-19: relato de experiência. Rev Enferm Digit Cuid Promoção Saúde. 2021;6:01-07. doi: https://doi.org/10.5935/2446-5682.20210051
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. Em serviço de telenfermagem na modalidade de teleorientações para apoio na promoção da saúde materna durante a pandemia da COVID-192323. Oliveira SC, Costa DGL, Cintra AMA, Freitas MP, Jordão CN, Barros JFS, et al. Telenfermagem na COVID-19 e saúde materna: WhatsApp como ferramenta de apoio. Acta Paul Enferm. 2021;34:eAPE02893. doi: https://doi.org/10.37689/acta-ape/2021AO02893
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no monitoramento de pessoas com sintomas respiratórios2424. Lourenço GM, Stefanello S, Kawanishi JY, Luz JAB, Silva GQ, Poli NetoP. A experiência de telemonitoramento por equipes de saúde da família em uma Unidade Básica de Saúde: breve relato. J Manag Prim Health Care. 2021;13:e019. doi: https://doi.org/10.14295/jmphc.v13.1168
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, o que tem aproximado as pessoas e encurtado a relação tempo-espaço.

Das características do WhatsApp acrescenta-se ainda a possibilidade do emprego de diferentes formatos para a publicização dos temas, o que enriquece as mensagens1717. Amado NE. Um olhar praxiológico sobre o Facebook: o uso e apropriação da rede social pelos moradores de Ravena. In: Jurno AC, Caldeira BL, Guimarães BMA, Bicalho LAG, organizadores. Disputas e alteridades: diálogos possíveis na mídia contemporânea. Belo Horizonte: FAFICH/UFMG; 2016. p. 257-70.. O WhatsApp permite o uso de imagens e sons complementares à fala, o que se mostrou como algo interessante e importante para melhor explicitação da dúvida da mãe sobre a sua própria saúde ou de seu bebê.

O uso de recursos lúdicos, como imagens e vídeos explicativos, pode ser utilizado para mobilizar novas formas, modelos e atitudes, promover o aprendizado e a melhoria da saúde pessoal. As estratégias audiovisuais desenvolvem múltiplas perspectivas, exigem imaginação e atribuem significado emocional à aprendizagem. Apresentam linguagens sintéticas que combinam sons, imagens, fala e pequenas quantidades de texto, auxiliando os indivíduos a compreenderem as ideias complexas de forma mais acessível2525. Miranda CGL, Soares -SobrinhoL, Castro MS. Validação de vídeo lúdico: educação em saúde de idosos hipertensos para a promoção do uso correto e seguro de medicamentos e conhecimento sobre sua doença. Rev Observ. 2019;5(6):821-33. doi: https://doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2019v5n6p821
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.

Particularmente, nesta pesquisa, consideradas as características do WhatsApp, este permitiu receber orientações, sanar dúvidas, interagir entre os participantes, trocar experiências, conhecimentos e necessidades, garantir informações com embasamento científico e atualizadas e identificar situações de risco, antecipando condutas para um bom prognóstico materno-infantil. Além disso, encurtar a relação distância-tempo que seriam dispensados pelas mães para deslocar-se aos serviços, facilitando o acesso à informação por um profissional de saúde, que congregava o mesmo espaço virtual, com outros profissionais, acadêmicos e mães.

Muitas pessoas buscam esclarecer suas dúvidas acessando páginas na internet que podem, por um lado, apresentar informações sem fundamentação científica e por outro, documentos voltados para profissionais de saúde cuja linguagem e termos técnicos utilizados favorecem interpretações equivocadas. Nesse contexto, a educação em saúde, mediada pelos profissionais de saúde por meio da produção e divulgação do conhecimento técnico-científico em linguagem simples, tem tido significativo impacto e mudança nos hábitos de vida, subsidiando a compreensão dos processos saúde-doença e autocuidado2626. Souza TS, Ferreira FB, Bronze KM, Garcia RV, Rezende DF, Santos PR, et al. Mídias sociais e educação em saúde: o combate às fake news na pandemia da COVID-19. Enferm Foco. 2020;11(1.esp):124-30. doi: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2020.v11.n1.ESP
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A educação em saúde utilizando-se das TICs proporciona um ambiente mais favorável para várias formas de expressão, facilita a comunicação e contribui para a educação em saúde, e consequentemente para a melhoria das condições de saúde e de vida das pessoas.A tecnologia da saúde tem um amplo alcance e influência e é ideal para fornecer informações sobre comportamentos saudáveis. Desta forma, a eHealth pode complementar e melhorar as mensagens de promoção da saúde. No entanto, suas ferramentas devem ser projetadas para complementar outros canais de comunicação em saúde, ser de fácil utilização para os profissionais de saúde e se comunicar de forma eficaz com diferentes usuários2727. Pinto AC, Scopacasa LF, Bezerra LLAL, Pedrosa JV, Pinheiro PNC. Use of information and communication technologies in health education for adolescents: integrativereview. J Nurs UFPE online. 2017;11(2):634-44. doi: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v11i2a11983p634-644-2017
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Ao final, se chama a atenção para a importância de não apenas se estudar as características das tecnologias, mas interações que acontecem possibilitadas pelos avanços delas. Também o olhar para simultaneidade do “virtual” e do “real”, que não estão separados, pois ambos, nas conversações se constroem a partir dos sujeitos e da realidade em que vivem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A articulação de diferentes participantes (usuários, profissionais de saúde, acadêmicos) no grupo, a consideração às necessidades de saúde de cada mãe e de seus filhos e a valorização das experiências e do conhecimento do outro, mostraram-se como importantes aspectos a serem considerados também em um grupo educativo de saúde online.

Faz-se necessário, mesmo no espaço online, a busca por uma linguagem cada vez mais acessível e aproximativa entre os profissionais de saúde e usuárias dos serviços de saúde. Também a exploração de outras estratégias que permitam uma maior comunicação e interação maior entre os participantes do grupo.

A enfermagem, como parte responsável pela qualidade do cuidado à saúde materna e infantil, deve se instrumentalizar para práticas de educação em saúde que fomentem a comunicação e a interação entre os seus participantes, tendo as tecnologias online como colaboradoras nesta direção, como ficou evidenciado pelos achados desta pesquisa.

Como limites da pesquisa destaca-se o fato do grupo de WhatsApp ser composto por 63 integrantes e apenas 16 participarem da pesquisa. Logo, algumas falas não puderam compor o conjunto do material empírico de análise. Também, infere-se que o contato unicamente online, pode ter limitado a expressão de outras falas pelas participantes, mas entende-se que naquele contexto, isto era impossível de ser superado, visto a imprescindível necessidade do isolamento social.

Ao final, aponta-se o aplicativo de WhatsApp como uma importante tecnologia de comunicação, interação e apoio às mulheres e seus filhos. Sugere-se a proposição de novas pesquisas que avaliem os grupos educativos em saúde online na perspectiva de seus integrantes. Também, novas tecnologias e estratégias online que fomentem uma educação em saúde comunicativa e interativa. E, ainda, pesquisas que analisem práticas integradas de educação em saúde na modalidade presencial e virtual.

Em todas as propostas assinaladas acima, o paradigma da comunicação se revela importante, pois reconhece o lugar das pessoas na construção da comunicação.

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Editado por

Editor associado:

Jéssica Teles Schlemmer

Editor-chefe:

João Lucas Campos de Oliveira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Ago 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    07 Jan 2022
  • Aceito
    01 Set 2022
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