Acessibilidade / Reportar erro

AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA ESQUISTOSSOMOSE DE ESCOLARES DE ÁREA ENDÊMICA DE MINAS GERAIS

SOCIAL REPRESENTATIONS OF SCHISTOSOMIASIS FROM STUDENTS IN ENDEMIC AREAS IN MINAS GERAIS, BRAZIL

Resumo:

O estudo investiga as representações sociais sobre a esquistossomose de escolares em área endêmica de Minas Gerais realizando uma reflexão acerca das atitudes e crenças do grupo frente a doença, com a intenção de propor embasamento para a elaboração, produção, contextualização e adequação de abordagens pedagógicas e materiais educativos. O referencial teórico adotado é o da representação social, na sua vertente cognitivista. Os sujeitos da pesquisa foram escolares compreendidos na faixa etária de sete a quatorze anos, de duas escolas da rede estadual, portadores e não portadores da esquistossomose. A coleta dos dados foi efetuada através da realização das técnicas de associações livres, hierarquização de palavras, controle da centralidade e entrevista semi-diretiva. Participaram 128 escolares. Para a análise dos dados utilizou-se o software Excel 2000 e análise de conteúdo, segundo Bardin. Os resultados indicam que a representação social do grupo estudado estrutura-se em torno de idéias ligadas à transmissão, sintomatologia e descrição da doença. Observa-se que as representações estão ancoradas no conhecimento passado por outras pessoas que conheceram a esquistossomose numa época em que era ainda um problema muito mais grave.O perfil caracterizado traz implicações para as práticas pedagógicas e assim as ações educativas para a promoção da saúde, devem estar pautadas, ao mesmo tempo, na heterogeneidade e nas especificidades da representação.

Palavras-chave:
educação em saúde; representação social; esquistossomose.

Abstract:

The study investigates the social representations of schistosomiasis among school children living in an endemic area in the State of Minas Gerais, focusing on their attitudes and popular beliefs in relation to the disease. The intention of this research is to propose a basis for elaboration, production, adaptation and contextualization of the pedagogical approach and educative materials. The theoretical reference adopted is that of social representation, from a cognitive perspective. The study included 128 schoolchildren, between 7-14 years from two different public schools. They were positive and negative for schistosomiasis. For data collection, the techniques of free-association, word hierarchy, centralism control and semi-directive interviews were applied. The data analysis were conducted according Bardin's content analysis. The results show that social representation of schistosomiasis among the studied group is related to ideas about disease transmission, symptomatology and its description. It was observed that the representations are anchored on past knowledge of older people that knew schistosomiasis as a serious and more severe disease. The profile characterized here has implications for pedagogical practice and, thus, the educative actions for health promotion should be supported by both the heterogeneity and the specificities of representation observed.

Keywords:
health education; social representation; schistosomiasis

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • ABRIC, J-C. 2001. Pratiques socials et representations. 3a ed. Paris: Press Universitaires de France, 252p.
  • BARBOSA, C.S. e COIMBRA JR., C.E.A. 2000. A construção cultural da esquistossomose em comunidade agrícola de Pernambuco. In: BARATA, R.B. e BRICENO-LEON, R. Doenças endêmicas: abordagens sociais, culturais e comportamentais. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, cap.2. p.47-61.
  • BARBOSA, F.S. e COSTA, D.P.P. 1981. A long term schistosomiais control Project with molluscicide in rural área of Brazil. Ann. Trop. Med. Parasitol, 75(1): 41-52.
  • BARDIN, L. 1977. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
  • DINIZ, M.C.P. e SCHALL, V. 2000. Estudo exploratório sobre estratégias e materiais educativos utilizados na prevenção e controle da esquistossomose e outras helmintoses. In: 52" Reunião da SBPC, Brasília.
  • DINIZ, M.C.P., MASSARA, C.L., PENA, R.S.P.S., SCHALL, V.T., CARVALHO, O., 2001. Evaluation of an Integrated Model of Schistosomiasis Control in an Endemic Focus of the Metropolitan Region of Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil, Fhase I: Knowlwdge Survey and Perspectives of the Diseases. In: International Symposium Schistosomiasis, 8°, Recife.
  • GAZZINELLI, A., GAZZINELLI, M.F., CADETE, M.M. et al 1998. Aspectos sócio- culturais da esquistossomose mansoni em área endêmica de Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública, out./dez. 14(4):841-849.
  • GAZZINELLI, M.F., GAZZINELLI, A., SANTOS, R.G. et al 2002. A interdição da doença: uma construção cultural da esquistossomose em área endêmica, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública. nov./dez. 18(6): 1629-1638.
  • GOMES DOS SANTOS, M., MASSARA, C.L., MORAIS, G.S. 1990. Investigação do conhecimento das helmintoses intestinais em crianças pertencentes a uma escola da periferia de Santa Luzia, MG. Ci. Cul. 42: 188-194.
  • KATZ, N., CHAVES, A., PELLEGRINO, J. 1972. A simple device for quantitative stool thick-smear technique schistosomiasis mansoni. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, 14:397-400.
  • KATZ, N. e PEIXOTO, S.V. 2000. Análise crítica da estimativa do número de portadores de esquistossomose mansoni no Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., 33(3): 303-308.
  • LEFÈVRE, F. 1980. Análise de cartazes sobre esquistossomose elaborados por escolares. Rev. Saúde públ. São Paulo, 14: 396-403.
  • LEFÈVRE, F. 1981. Análise semiológica do cartaz educativo "O ciclo da esquistossomose". Rev. Inst. Méd. Trop. São Paulo, 23(5): 233-243.
  • ROZEMBERG, B. 1995. A intransparência da comunicação: crítica teórico-metodológica sobre a interação do saber e das práticas e a experiência das populações de área endêmica de esquisossomose. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde pública. Fundação Oswaldo Cruz. (Doutorado em Saúde Pública) 102p.
  • SCHALL, V. T. e DINIZ, M.C.P. 2001. Information and Education in Schistosomiasis Control: an analysis of the situation in the State of Minas Gerais, Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 96: 35-43.
  • SCHALL, V. T. 1986. O feitiço da lagoa. Rio de Janeiro: Antares.
  • SCHALL, V. T. 1995. Health Education, Public Information and Communication in schistosomiasis control in Brazil: a bried retrospective and perspective., Mem. Inst. Oswaldo Cruz 90(2): 229-234.
  • SCHALL, V. T>, JURBERG, P., ALMEIDA, E.M., CASZ, C., CAVALCANTE, F.G., BAGNO, S. 1987. Educação em saúde para alunos de primeiro grau. Avaliação de material para ensino e profilaxia da esquistossomose. Rev. Saúde públ. São Paulo, 21(5): 387-404.
  • UCHÔA, E. et al 2001. The control of schistosomiasis in Brazil: an ethno-epidemiological study of the effectiveness of a communiy mobilization program for health education. Social Science & Medicine, 1529-1541.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2003

Histórico

  • Recebido
    26 Maio 2004
  • Aceito
    19 Ago 2004
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais Av. Antonio Carlos, 6627, CEP 31270-901 Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, Tel.: (55 31) 3409-5338, Fax: (55 31) 3409-5337 - Belo Horizonte - MG - Brazil
E-mail: ensaio@fae.ufmg.br