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ENSINO DE ASTRONOMIA NO BRASIL - 1850 A 1951 - UM OLHAR PELO COLÉGIO PEDRO II1

THE TEACHING OF ASTRONOMY IN BRAZIL - 1850 TO 1951 - A VIEW FROM PEDRO II SCHOOL

Resumos

Tendo como referência o entendimento de que o currículo é resultado de um processo constituído de conflitos e disputas entre dife rentes tradições e concepções sociais, é analisado o ensino de astronomia no Brasil, a partir dos 18 programas do Colégio Pedro II, relativos às reformas de 1841 a 1951. Inicialmente identificada na disciplina Cosmographia, a astronomia está ausente dos currículos em alguns perío dos (1856/58 e 1951) e retorna, outras vezes, incorporada em disciplinas como Geografia e/ou Física (por ex.1858 e 1931). Essa não linearidade na evolução temporal do currículo também é observada na permanência de temas como estações do ano ou eclipses, em todas as reformas e na ausên cia descontínua de conteúdos como métodos de observação dos astros ou caracterização do Sol em algumas delas.

Ensino de astronomia; currículo; reforma educacional


The teaching of Astronomy in Brazil is analyzed in the 18 pro grams of the Pedro II School, relative to the 1841 to 1951 reforms, based on the understanding that the curriculum is the result of a process made up of conflicts and disputes between different traditions and social con ceptions. The Astronomy was first identified in the Cosmography subject, although it is absent from the curricula in some periods (1856/58 and 1951) and returns, at other times, included in subjects like Geography and/or Physics (e.g. 1858 and 1931). The non-linearity of the temporal evolution in the curriculum is also observed in the maintenance of sub jects such as seasons or eclipses in all the reforms and in the disconnect ed absence of subject matter like the methods for the star observation or the characterization of the Sun in some of them.

Astronomy teaching; curriculum; educational reform


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  • 2
    Almeida Junior (1979), em seu artigo A evolução do ensino de Física no Brasil, citando o Regulamento no. 8, de 11 de janeiro de 1838, Cap XIX, Art. 117, apresenta uma tabela dos estudos propostos para o Colégio Pedro Segundo na qual já está presente a astronomia com 3 lições semanais.
  • 3
    A Lei Orgânica do Ensino Secundário decretada em 1942, no âmbito da "Reforma Capanema" englobou o secundário em ginasial de 4 anos e colegial de 3 anos em duas opções: o clássico e o científico, sendo que a "diferença básica era que o primeiro (clássico) manteve na grade curricular as disciplinas Latim e Grego, esta última como optativa" (GHIRALDELLI JR., 2008, p. 84).
  • 4
    Lei de Titus-Bode (1766): uma relação empírica que fornece aproximadamente as distâncias dos planetas ao Sol. É dada pela relação: a = 0,4 +0,3 x 2n, onde a é a distância em UA (distância Terra ao Sol = 1UA) e n o número do planeta (Vênus = 0; Terra =1; Marte = 2; Júpiter = 4, Saturno = 5; Urano = 6 e Plutão = 7). Fonte: cdcc.sc.usp.br/cda/aprendendo-basico/.../asteroides.html, acesso em dezembro de 2009.
  • 5
    Realschulen (escolas reais), segundo Haidar em "face às necessidades decorrentes do desenvolvi mento crescente da indústria e do comércio, surgira na Alemanha, já nos fins do século XVIII e paralelamente aos ginásios clássicos, um novo tipo de ensino secundário, mais científico que lite rário, destinado àquela classe numerosa de cidadãos que não encontrava no estudo, quase que exclusivo das línguas e literaturas antigas, o preparo básico para as diversas carreiras profissionais" (HAIDAR, 1972, p. 114).
  • 6
    Da Tabela 2 é possível verificar que as disciplinas Física e Cosmografia, reservadas para a 7a série no programa de 1850, passam a ser propostas em séries bem anteriores como 4a e 5a nos progra mas posteriores.
  • 7
    Yassuko Hosoume - Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da Pós- Graduação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas) e da Pós-Graduação da Interunidades da Universidade de São Paulo (USP). E-mail: yhosoume@if.usp.br
  • 8
    Cristina Leite - Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Professora do Instituto de Física (IF) da Universidade de São Paulo (USP) e da Pós- Graduação Interunidades da mesma instituição.E-mail: crismilk@if.usp.br
  • 9
    Sandra Del Carlo - Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Professora do Centro de Estudos da Escola da Vila/SP. Email: sandra.delcarlo@uol.com.br

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Ago 2010

Histórico

  • Recebido
    10 Fev 2010
  • Aceito
    18 Abr 2010
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