Acessibilidade / Reportar erro

NARRATIVAS E DESENHOS NO ENSINO DE ASTRONOMIA/GEOCIÊNCIAS COM O TEMA "A FORMAÇÃO DO UNIVERSO": UM OLHAR DAS GEOCIÊNCIAS

NARRATIVES AND DRAWINGS IN ASTRONOMY/GEOSCIENCES TEACHING ON THE THEME "THE FORMATION OF THE UNIVERSE": FROM GEOSCIENCES POINT OF VIEW

Resumos

A partir das Geociências, o artigo problematiza para o ensino de Astronomia, se a complexidade do objeto e dos fenômenos em Astronomia necessita do uso da linguagem visual em compartilhamento com a linguagem verbal, ou seja, se necessita da integração do verbal (nar rativo) e do não-verbal (expressões gráficas - desenho). Retiro de um estudo de caso para as discussões duas estórias com dois desenhos sobre a formação do Universo. Mostro que os alunos desenvolveram "concei tos visuais", para singularizarem fenômenos do tema, e a lógica narrativa em que as partes foram conformadas, tendo em vista uma noção da estó ria final. Essas discussões estão apoiadas na semiótica pierciana para as narrativas e nos estudos de percepção visual (Gestalt).

Ensino de astronomia; narrativas históricas; desenhos


For the teaching of Astronomy, the article disputes if the complexity of the object and the phenomena in Astronomy require the use of visual language together with the verbal language, that is: if it requires verbal integration (narration) and the non-verbal one (graphic- design expressions). For the discussion, I extract two stories with two drawings from a case study on the Formation of the Universe. I show the students that they have developed "visual concepts", to single out phe nomena on the theme and the narrating logic, in which the parts were conformed having in view a notion of the final story. These discussions are supported by the Piercian semiotic for the narrations; and by the stud ies of visual perception (Gestalt).

Astronomy teaching; history narratives; graphic-design; expressions


Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • ARNHEIM, R. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. São Paulo: 2a ed, Pioneira e EDUSP, 1980, 503p.
  • ARNHEIM, R. Intuizione e intelletto. Milano: Feltrinelli Ed, 1987, 374p.
  • BEZZI, A. Water cycle and constructivism: some "epistemologial" speculations. Cadernos do IG/UNICAMP. Campinas, v. 5, n.1, p. 31-46, 1995.
  • BEZZI, A. Is Geology teaching also Geology learning? An interactive education approach to solve the dilemma. In: Stow, D.A.V. and McCall, G.J.H. Geoscience Education and Training - In Schools and Universities, for Industry and Public Awareness. Rotterdam: A.A. Balkema, 1996.
  • BRUNER, J. e HASTE, H. La elaboración del sentido. Barcelona: Ed. Paidós, 1990, 189p.
  • CAGNIN, A.L. Os quadrinhos. São Paulo: Ática, 1975, 239p.
  • COMPIANI, M. Geologia pra que te quero no ensino de ciências, Educação & Sociedade, Campinas, n. 36, p. 100-117, 1990.
  • COMPIANI, M. (1996) As Geociências no ensino fundamental: um estudo de caso sobre o tema "A formação do Universo". Campinas: FE/UNICAMP, (Tese de doutorado). 216p.
  • COMPIANI, M. A narrativa histórica das Geociências na sala de aula no ensino fundamental. In: ALMEIDA, M. J. P. M. de e SILVA, H. C. da (Orgs.). Linguagens, leituras e ensino da ciência. Campinas: Mercado de Letras, 1998, cap. 9, pp. 163-182.
  • ALMEIDA, M. J. P. M. Linguagens e as Geociências no ensino fundamental. In: ALMEIDA, M. J. P. M. dee SILVA, H. C. da (Orgs.) Textos de palestras e sessões temáticas: III Encontro de Linguagens, Leituras e Ensino da Ciência no 12o COLE. Campinas, SP: Graf. FE/UNICAMP, 2000, pp. 43-60.
  • ALMEIDA, M. J. P. M. Linguagem e percepção visual no ensino de Geociências. Pro-posições, v. 17, n. 1 (49), p. 85-104, 2006.
  • COMPIANI, M. e PASCHOALE, C. Geologia como forma de conhecimento sintético e históri co sobre o planeta e sua adequação ao ensino de Ciências. In: SIMP. ENS. GEOL., 6, Tenerife Espanha, Universidad de la Laguna. 1990. Anais..., Tenerife, 1990, p. 21-33.
  • FRODEMAN, R. (1995) Geological reasoning. Geology as an interpretive and historical science. GSA Bulletin, v. 107, n. 8, p. 960-968.
  • HODSON, D. Philosophy of science, science and science education. Studies in Science Education, University of Leeds, v. 12, p. 2557, 1985.
  • LEVESON, D. J. The Geologists Vision. J. Geological Education, v. 36, p. 306-309, 1988. (Tradução Vivian Branco Newerla).
  • LOVRETO, J. A. A linguagem do futuro. In: ALVES, M.L. e DURAN, M.C.G. (Coord.) Linguagem e linguagens. São Paulo: FDE, 1993, p. 65-76. (Série ideias, n.17).
  • MACHADO, C. M. C.; VEIGA FILHO, A. A.; GATTI, E. U. e SANTAELLA BRAGA, M. L. Critérios para a divulgação da pesquisa científica: uma aplicação da semiótica peirceana. São Paulo: Inst. de Economia Agrícola da Sec. de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, 1984, 69p. (Série Relatórios de Pesquisa 4/84).
  • MASSA, B. La adquisición precoz de conceptos abstractos: algunas consideraciones sobre la observación en geologia. Enseñanza de las Ciencias de la Tierra, Madrid, n° extra, p. 34-39, 1994. (Comunicaciones, 8 SIM. ENS. GEOLOGÍA, Córdoba, 1994).
  • NOVAK, J. D. El constructivismo humano: hacia la unidad en la elaboración de significados psi cológicos y epistemológicos. In: PORLAN, R.; GARCIA, J. E. e CANAL, P. Constructivismoy enseñanza de las ciencias. Sevilla: Diada Ed, 1988, p. 23-40.
  • ORION, N. An holistic approach to introducing geosciences into schools: The Israeli model-from practice to theory. In:. Stow, D.A.V and McCall, G.J.H.Geosciences Education and Training - In Schools and Universities, for Industry and Public Awareness. Rotterdam: A.A. Balkema, 1996, p. 17-34.
  • PASCHOALE, C. Alice no pais da geologia e o que ela encontrou lá. In: CONGR. BRAS. GEOL., 33, Rio de Janeiro, SBG,1984. Anais...Rio de Janeiro, v. 5, p. 242-249, 1984.
  • PASCHOALE, C. Montando um discurso da Terra. Apostila, FEL/UNICAMP, 1988, 10p.
  • PASCHOALE, C. (1989) Geologia como Semiótica da Natureza. São Paulo: PUC/SP, Dissertação de Mestrado, 1989, 138p.
  • PASCHOALE, C. Dupin geólogo? Uma abordagem semiótica para a geologia e o conto policial. In: LOPES, M. e FIGUEIRÔA, S. (Org.) O conhecimento geológico na América Latina: questões de his tória e teoria. Campinas: UNICAMP - Instituto de Geociências, 1990, p. 241-258.
  • PEDEMONTE, G. M. e BEZZI, A. (1989) Geology and Society in education: a multifaceted problem calling for broader research prospects. In: INTERN. GEOL. CONGRES., 28, Washington DC, 1989. (mimeografado).
  • PINO, A. O conceito de mediação semiótica em Vygotsky e seu papel na explicação do psiquis mo humano. Cadernos Cedes, Campinas, n. 24, p. 3243, 1991.
  • PONTECORVO, C.; AJELLO, A. M. e ZUCCHERMAGLIO, C. Discutendo si impara. Roma: Nuova Italia, 1992, 266p.
  • ROGERS, R. D. Timespace patterns: the natural laws of geology. History of Geology, v. 2, n. 1, p. 38-40, 1983.
  • ROGERS, R. D. Use of observational patterns in geology. Geology, v. 17, p. 131-134, 1989.
  • RODRÍGUEZ, M.; VILLA, S. e ANGUITA, F. Ciencias Naturales 1° BUP. Madrid: Ed.SM, 1990, 381p.
  • SANTAELLA BRAGA, M. L. Produção de linguagem e ideologia. São Paulo: 2a ed, Cortez Ed, 1980, 160p.
  • SANTAELLA BRAGA, M. L. O que é semiótica. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1984, 114p.
  • SCOTT, J. (ed.) Language and science links: classroom implications. Australian Reading Association, 1992, 91p.
  • VICKERS, G. Rationality and intuition. In: WECHSLER, J. (Ed.) On aesthetics in Science. 2nd ed. The Massachusetts Institute of Technology, 1979, p. 143-164.
  • VYGOTSKY, L.S. lmmaginazione e creatività nelletà infantile. Roma: Ed. Riuniti, 1990, 142p.
  • WERSTCH, J. V. e MINICK, N. The problem of meaning in a sociocultural approach to mind. Paper pre sented at the University of Calgary lectures series "Theoretical Advances in the Study of Cognition", 1988.
  • 1
    Coloco Astronomia/Geociências pois apesar do tema principal desenvolvido ter sido sobre Astronomia, por ser geólogo utilizei a base epistemológica dessa ciência para ensinar o tema "A Formação do Universo", o que diferencia o ensino ministrado já que usualmente são físicos os professores de Astronomia.
  • 2
    Para mim, sem dúvida, nos mais criativos raciocínios geológicos a parte correspondente aos pro cessos intuitivos é de fundamental importância. Como exemplo, quando da elaboração da teoria da Deriva Continental, Wegener tinha uma perfeita noção das semelhanças geográficas entre América do Sul e África, da distribuição paleobiogeográfica dos fósseis entre os continentes. Ou seja, da distribuição espaco-temporal dos fósseis e das semelhanças geométricas do encaixe entre os dois continentes. Cálculos e medidas não desempenhavam parte importante desses atos de reconhecimento. Estes foram exercícios da capacidade humana de apreciar, comparar e contrastar formas. A aparência chamou a atenção humana antes de existir alguma teoria para explicá-la. A teoria surgiu para explicar o senso intuitivo das formas.
  • 3
    Isso de modo geral, uma vez que sobre os fenômenos geológicos que ocorrem na atualidade e são passíveis de observação, como terremotos, vulcanismos etc., pode-se identificar as causas com alguma precisão.
  • 4
    As seguintes etapas de trabalho e de coleta de dados foram desenvolvidas com o tema "A Formação do Universo": 1. questionário inicial para identificação das ideias prévias dos alunos sobre o tema; 2. trabalho em grupo dos alunos sobre suas respostas aos questionários; 3. aula deba te com os alunos sobre suas respostas aos questionários; 4. atividade prática (narração e desenho): 'a história da formação do Universo'. Posteriormente, antes da próxima atividade, foi entregue aos alunos o texto "A origem do Universo: teoria da grande explosão Big Bang"; 5. aula expositiva: 'ori gem do Sistema Solar'; e 6. avaliação final do tema realizada por meio de um questionário.
  • 5
    É um modelo composto por relações, símbolos que pretendem representar os processos supos tos. Estas representações não estão ligadas fisicamente (no sentido de não serem reproduzíveis) aos objetos que dizem representar tampouco aos processos que originaram as galáxias.
  • 6
    Maurício Compiani - Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor Titular do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). E-mail: compiani@ige.unicamp.br

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Ago 2010

Histórico

  • Recebido
    03 Fev 2010
  • Aceito
    18 Abr 2010
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais Av. Antonio Carlos, 6627, CEP 31270-901 Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, Tel.: (55 31) 3409-5338, Fax: (55 31) 3409-5337 - Belo Horizonte - MG - Brazil
E-mail: ensaio@fae.ufmg.br