Acessibilidade / Reportar erro

EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E A TEORIA DA ATIVIDADE CULTURAL-HISTÓRICA: CONTRIBUIÇÕES PARA A REFLEXÃO SOBRE TENSÕES NA PRÁTICA EDUCATIVA

SCIENCE EDUCATION AND THE CULTURAL-HISTORICAL ACTIVITY THEORY: CONTRIBUTIONS TO THE REFLECTION ON TENSIONS IN EDUCATIONAL PRACTICE

Resumos

A Teoria da Atividade tem sua origem nos trabalhos de Vigotski e hoje abrange os mais variados campos do saber. Muitas pesquisas no campo da educação em ciências vêm utilizando referências dessa perspectiva, porém, como apontam alguns autores, seu potencial de uso está longe de ser alcançado. Para ampliar a discussão em torno dessa perspectiva teórica, apresentaremos alguns pressupostos da Teoria da Atividade Cultural-Histórica no contexto da educação em ciências. Faremos isso por meio da introdução de três categorias - relação entre o individual e o coletivo, conteúdo da atividade educacional e resultado esperado para a atividade educacional - que permitem explicitar certas tensões que se apresentam nesse tipo de prática educativa e que, segundo nosso ponto de vista, correspondem a contradições que necessitam ser superadas. As questões apresentadas não se esgotam aqui e esperamos que se tornem pontos para futuras discussões em torno dessa temática.

Teoria da Atividade; Ensino-aprendizagem; Formação do indivíduo; Lógica dialética


Activity Theory has its origins in the works by Vygotsky and currently spans diverse fields of knowledge. Recently, much of Science Education research have used Socio-Cultural-Historical references, however their potential use is far from being achieved. To broaden the discussion around this theoretical perspective, we present some principles of the Cultural-Historical Activity Theory in the context of Science Education. This is carried out through the making of three explicit categories - the relationship between the individual and the collective, the content of educational activity and the expected result for the educational activity. This allows the clarification of certain tensions that arise in this type of educational practice and, according to our point of view, they correspond to contradictions that need to be overcome. The questions presented here are not exhausted and we expect them to become elements for future debate on this matter.

Activity Theory; Teaching and Learning; Subject Formation; Dialectical Logic


Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • AAAS - American Association for the Advancement of Science. Benchmark for science literacy. New York: Oxford University Press, 2003.
  • AACU - Association of American Colleges and Universities. It takes more than a major: employer priorities for college learning and student success. Washington, DC: Hart Research Associates, 2013.
  • ACHIEVE - International science benchmarking report. Taking the lead in science education: Forging next-generation Science standards. Washington, DC. 2010. Disponível em: <http://www.achieve.org/files/InternationalScienceBenchmarkingReport.pdf> Acesso em: 2014-02-12.
    » http://www.achieve.org/files/InternationalScienceBenchmarkingReport.pdf
  • BASTOS, P.W. A ciência complexificando o conhecimento cotidiano: uma intervenção na escola pública. 2011. 413f. Tese (Doutorado em Ensino de Física) - Ensino de Ciências (Física, Química e Biologia), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/ disponiveis/81/81131/tde-30052012-155511/>. Acesso em: 12 fevereiro 2014.
    » http://www.teses.usp.br/teses/ disponiveis/81/81131/tde-30052012-155511/
  • BASTOS P. W.; MATTOS C.R. Um exemplo da dinâmica do perfil conceitual como complexificação do conhecimento cotidiano. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, Vigo, Espanha, v. 8, n. 3, p. 1054-1078, 2009a.
  • BASTOS P. W.; MATTOS C.R. Física para uma saúde auditiva. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, São Paulo, v. 9, p. 1-26, 2009b.
  • BODNER, G.M.; ORGILL, M.K. Theoretical Frameworks for Research in Chemistry/Science Education. New York: Prentice Hall, 2008.
  • CAMILLO, Juliano. Experiências em contexto: a experimentação numa perspectiva sócio-cultural-histórica. 2011. 175f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Física) - Ensino de Ciências (Física, Química e Biologia), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/ teses/disponiveis/81/81131/tde-31052012-104321/>. Acesso em: 12 fevereiro 2014.
    » http://www.teses.usp.br/ teses/disponiveis/81/81131/tde-31052012-104321/
  • DALRI, J., RODRIGUES, A.M., MATTOS, C.R. A atividade de aprendizagem, a internalização e a formação de conceitos no ensino de física. In: Simpósio Nacional de Ensino de Física, 17, 2007. São Luís. Atas... São Luís: Sociedade Brasileira de Física, 2007.
  • DANIELS, H. Introdução: a psicologia num mundo social. In: DANIELS, H.(Org.). Uma introdução a Vygotsky. São Paulo: Loyola, 2002. p. 1-30.
  • DESAUTELS, J. Educating for citizenship: Reappraising the role of science education. Canadian Journal of Science, Mathematics and Technology Education, v. 4, n. 2, p. 149-168, 2004.
  • DUARTE, N. (Org.). Sobre o construtivismo. Campinas: Autores Associados, 2000.
  • DUARTE, N. A teoria da atividade como uma abordagem para a pesquisa em educação. Perspectiva, Florianópolis, v. 20, n. 2, p. 279-301, jul./dez. 2002.
  • DUARTE, N. Educação escolar, teoria do cotidiano e a escola de Vygotsky. São Paulo: Autores Associados, 2007.
  • DUARTE, N. Education as mediation between the individual's everyday life and the historical construction of society and culture by humankind. In: SAWCHUK, P.; DUARTE, N.; ELHAMMOUMI, M. (Eds.). Critical perspectives on activity theory: explorations across education, work, and everyday life. Cambridge University Press, 2006. p. 211-237.
  • DUARTE, N. Formação do indivíduo, consciência e alienação: o ser humano na psicologia de A. N. Leontiev. Caderno CEDES, Campinas, v. 24, n. 62, p. 44-63, 2004.
  • DUIT, R. Science Education Research Internationally: Conceptions, Research Methods, Domains of Research. Eurasia Journal of Mathematics, Science & Technology Education, v. 3, n. 1, p. 3-15, 2007.
  • DUSCHL R. Restructuring Science Education: the role of theories and their importance. New York: Teacher's College Press, 1990.
  • ENGESTRÖM Y. Expansive Learning at Work: toward an activity theoretical reconceptualization. Journal of Education and Work. v. 14, n. 1, p. 133-156, 2001.
  • FOUREZ G. Scientific and Technological Literacy as a Social Practice. Social Studies of Science. v. 27, n. 6, p. 903-936, 1997.
  • FOUREZ G. Crisis in science teaching? Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 8. n. 2, p. 109123, 2003.
  • GEHLEN, S; MATTOS, C.R. Freire e Leontiev: contribuições para o ensino de ciências. In: Congreso Internacional sobre Investigación en la Didáctica de las Ciencias, 8, 2009. Barcelona. Atas... Barcelona: Universitad de Barcelona, v. 1, p. 438-441, 2009.
  • GOUGH, B.; FRY, G., GROGAN, S.; CONNER, M. Why do young adult smokers continue to smoke despite the health risks? A focus group study. Psychology & Health, v. 24, n. 2, p. 203-220, 2009.
  • HOLZMAN, L. What Kind of Theory is Activity Theory? Introduction: Theory & Psychology, v. 16, n. 1, p. 5-11, 2006.
  • ILYENKOV, E. V. The Ideal in Human Activity. Pacifica (CA): Marxists Internet Archive, 2009.
  • KIRSCHNER P. A.; SWELLER, J.; CLARK, R. E. Why Minimal Guidance During Instruction Does Not Work: An Analysis of the Failure of Constructivist, Discovery, Problem-Based, Experiential, and Inquiry-Based Teaching. Educational Psychologist, v. 41, n. 2, p. 75-86, 2006.
  • KOZULIN, A. O conceito de atividade na psicologia soviética: Vygotsky, seus discípulos, seus críticos. In: DANIELS, H. (Org.). Uma introdução a Vygotsky. São Paulo: Loyola, 2002. p. 111-138.
  • LEONTIEV, A. N. O desenvolvimento do psiquismo. São Paulo: Centauro Editora, 2004.
  • LIMA JUNIOR, P.; OSTERMANN, F.; REZENDE, F. Marxism in Vygotskian approaches to cultural studies of science education. Cultural Studies of Science Education (on line). DOI 10.1007/s11422-0139485-8. Disponível em: <http://www.link.springer.com/article/10.1007%2Fs11422-013-9485-8>. Acesso em: 12 fevereiro 2014. 2014
    » https://doi.org/10.1007/s11422-0139485-8» http://www.link.springer.com/article/10.1007%2Fs11422-013-9485-8
  • MARX, K. Introdução à Contribuição para a Crítica da Economia Política. Marxists Internet Archive, 1859.
  • MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos. Lisboa: Edições 70, 1975.
  • MARX, K. O capital: crítica da economia política. Vol. 1, Livro primeiro: O processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013.
  • MATTOS, C.R. O ABC da Ciência. In: GARCIA, N. M. D. et al. (Org.). A pesquisa em ensino de Física e a sala de aula: articulações necessárias. 1. ed. São Paulo: Sociedade Brasileira de Física, v. 1, p. 141-156, 2010.
  • MOREIRA, M. A. Ensino de Física no Brasil: Retrospectiva e Perspectivas. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v. 22, n. 1, p. 94-99, 2000.
  • MORTIMER, E.F.; SCOTT, P. Meaning Making in Secondary Science Classrooms. Philadelphia: Open University Press. 2003.
  • MOURA, M.A. Construção social da cidadania científica: desafios. In: MORTIMER, E.F.; SCOTT, P. (Org.). Educação científica e cidadania: abordagens teóricas e metodológicas para a formação de pesquisadores juvenis. Belo Horizonte: UFMG / PROEX, 2012. p. 19-30.
  • NACE - National Association of Colleges and Employers. Job outlook 2012. Bethlehem (PA): National Association of Colleges and Employers. 2011. Disponível em: <http://www.uwsuper.edu/career/ students/upload/Job-Outlook-2012-Member-Version-1.pdf>. Acesso em: 12 fevereiro 2014.
    » http://www.uwsuper.edu/career/ students/upload/Job-Outlook-2012-Member-Version-1.pdf
  • NACE - National Association of Colleges and Employers. Job outlook 2013. Bethlehem (PA): National Association of Colleges and Employers. 2012. Disponível em <http://www.cbe.calstatela.edu/is/pdfs/NACEJobOutlook2013.pdf>. Acesso em: 12 fevereiro 2014.
    » http://www.cbe.calstatela.edu/is/pdfs/NACEJobOutlook2013.pdf
  • NASCIMENTO, S.S; PLANTIN, C. (Org.). Argumentação e Ensino de Ciências. Curitiba: Editora CRV, 2009.
  • NIELSEN, J. A. Co-opting Science: A preliminary study of how students invoke science in valueladen discussions. International Journal of Science Education. v. 34, n. 2, p. 275-299, 2012.
  • NRC - National Research Council of the National Academies. National Science Education Standards. National Committee on Science Education Standards & Assessment, National Research Council. Washington (D.C.): The National Academies Press. 1996.
  • NRC - National Research Council of the Nacional Academies. Taking Science to school: Learning and Teaching Science in Grades K-8 DUSCHL, R.A.; SCHWEINGRUBER, H.A.; SHOUSE, A.W. (Eds.). Washington (D.C.): The National Academies Press. 2007.
  • OECD - Organization for Economic Co-operation and Development. Assessing scientific, reading and mathematical literacy: a framework for PISA 2006. Paris: OECD. 2006.
  • PAZELLO, F.P.; MATTOS, C.R. O Conceito de Generalização: explorando os limites do modelo de perfil conceitual. In: Encontro de Pesquisa em Ensino de Física, 12, 2010. Águas de Lindóia. Atas... Águas de Lindóia: Sociedade Brasileira de Física, 2010. p. 1-12.
  • PINTÓ, R.; COUSO, D. (Eds.). Contributions from Science Education Research. New York: Springer Verlag, 2007.
  • RODRIGUES, A.M. Redimensionando a noção de aprendizagem nas relações entre perfil conceitual e contexto: uma abordagem sócio-cultural-histórica. 2009. 158f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Física) - Ensino de Ciências (Física, Química e Biologia), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81131/tde-23042013124053/>. Acesso em: 12 fevereiro 2014.
    » http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81131/tde-23042013124053/
  • RODRIGUES, A.M.; MATTOS, C.R. Reflexões sobre a noção de significado em contexto. Indivisa, Boletín de Estudios e Investigación, v.7, p. 323-333, 2007.
  • RODRIGUES, A.M.; CAMILLO, J.; MATTOS, C.R. Quasi-appropriation of dialectical materialism: a critical reading of Marxism in Vygotskian approaches to cultural studies in science education. Cultural Studies of Science Education. No press. 2014.
  • ROTH, W.-M. Activity theory in education: An introduction. Mind, Culture, & Activity, v. 11, n. 1, p. 1-8, 2004
  • ROTH, W.-M.; LEE, Y.-J.; HSU, P.-L. A tool for changing the world: possibilities of culturalhistorical activity theory to reinvigorate science education. Studies in Science Education, v. 45, n. 2, p. 131-167, 2009.
  • SALEM, S. Perfil, evolução e perspectivas da pesquisa em ensino de física no Brasil. 2012. Tese (Doutorado em Ensino de Física) - Ensino de Ciências (Física, Química e Biologia), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. 385f. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81131/ tde-13082012-110821/>. Acesso em: 12 fevereiro 2014.
    » http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81131/ tde-13082012-110821/
  • SANTOS, F.P.P O conceito de generalização a partir de um olhar dialético-complexo sobre o modelo de perfil conceitual. 2011. 126f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Física) - Ensino de Ciências (Física, Química e Biologia), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/ teses/disponiveis/81/81131/tde-31052012-104605/>. Acesso em: 12 fevereiro 2014.
    » http://www.teses.usp.br/ teses/disponiveis/81/81131/tde-31052012-104605/
  • SANTOS, F.M.T.; GRECA, M. I. (Orgs.). A pesquisa em ensino de ciências no Brasil e suas metodologias. 1. Ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2008.
  • SMITH, E. Is there a crisis in school science education in the UK? Educational Review, v. 62, n. 2, p. 189-202, 2010.
  • SODRÉ, F.C.R.; MATTOS, C.R. Complexificando o conhecimento cotidiano: incluindo a física na problematização da alimentação. Alexandria, v. 6, p. 53-79, 2013.
  • TEIXEIRA, P.M.M.; MEGID NETO, J. O estado da arte da pesquisa em ensino de Biologia no Brasil: um panorama baseado na análise de dissertações e teses. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, Vigo, Espanha v. 11, n. 2, p. 273-297, 2012.
  • VIGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes. 1987.
  • VYGOTSKY, L.S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2001.
  • YANG, F.Y. Exploring high school students' use of theory and evidence in an everyday context: the role of scientific thinking in environmental science decision-making. International Journal of Science Education, v. 26, n. 11, p. 1345-1364, 2004.
  • YANG, F.Y.; ANDERSON, O.R. Senior high school students' preference and reasoning modes about nuclear energy use. International Journal of Science Education. v. 25, p. 221-244, 2003.
  • 1
    É interessante deixar claro, logo no início, que a questão da nomenclatura é bastante problemática. Pode-se dizer com bastante certeza que não existe uma única Teoria da Atividade. Porém, o modelo que tornou-se mais famoso foi aquele formulado por Engeström (1987). Em geral, quando se fala em Teoria da Atividade se remete quase imediatamente ao que Engeström, referindo-se ao próprio trabalho, chamou de Terceira Geração, como sucessão do que ele chamou de Segunda Geração (formulada por Leontiev) e Primeira Geração (formulada por Vigotski). Situamo-nos, portanto, neste trabalho, fora das denominações dadas por Engeström. Concentramo-nos em explorar o conceito de Atividade em Vigotski e Leontiev, em uma concepção predominantemente marxista, naquilo que diz respeito aos processos de desenvolvimento humano.
  • 2
    Para maiores detalhes, consultar DUARTE (2007).
  • 3
    Acerca dessa discussão, ver, por exemplo, Daniels (2002), Kozulin (2002) e Holzman (2006).
  • 4
    Daniels (2002), por exemplo, aponta que na primeira versão em inglês de Tought and Language foram suprimidas todas as referências a Marx. A tradução daquela obra (VIGOSTSKI, 1987) é a versão na qual está baseada grande parte das publicações brasileiras que utilizavam Vigotski como referencial no início dos anos 1990. Em 2001 foi publicada A construção do pensamento e da linguagem (VIGOTSKI, 2001), com tradução da obra completa feita diretamente do russo para o português.
  • 5
    Em um sistema econômico como o capitalista, por exemplo, existe uma ruptura tão grande entre as ações individuais e o objeto da atividade que o sujeito não é capaz de se reconhecer no processo histórico de produção. Passa a existir um abismo entre aquilo que motiva suas ações (receber salário em troca da sua força de trabalho, por exemplo) e o produto final de sua atividade (um produto ou o lucro do capitalista, por exemplo).
  • 6
    Na concepção marxista: "Antes de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria natural como uma força natural. Ele põe em movimento as forças naturais pertencentes à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento, sobre a Natureza externa a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza. Ele desenvolve as potências nela adormecidas e sujeita o jogo de suas forças a seu próprio domínio." Marx (1982, p. 112).
  • 7
    Para maiores detalhes sobre análise das abordagens construtivistas, consultar DUARTE (2000).
  • 8
    Aqui reside a crítica de Marx sobre a naturalização do histórico, ou seja, a crítica às tentativas de se explicar os mecanismos sociais por meios naturais, ignorando a ontologia completamente nova que se abre diante do trabalho, tipicamente humano, que conduz a leis qualitativamente diferentes das naturais. Isso não significa que existe uma ruptura completa entre o biológico, físico, químico e o social, mas que este último não pode ser reduzido àqueles.
  • 9
    Para Marx: "O concreto é concreto porque é a síntese de múltiplas determinações e, por isso, é a unidade do diverso. Aparece no pensamento como processo de síntese, como resultado, e não como ponto de partida, embora seja o verdadeiro ponto de partida, e, portanto, também, o ponto de partida da intuição e da representação. No primeiro caso, a representação plena é volatilizada numa determinação abstrata; no segundo caso, as determinações abstratas conduzem à reprodução do concreto pela via do pensamento. Eis por que Hegel caiu na ilusão de conceber o real como resultado do pensamento que, partindo de si mesmo se concentra em si mesmo, se aprofunda em si mesmo e se movimenta por si mesmo; ao passo que o método que consiste em elevar-se do abstrato ao concreto é, para o pensamento, apenas a maneira de se apropriar do concreto, de o reproduzir na forma de concreto pensado; porém, não é este de modo nenhum o processo de gênese do concreto em si" (MARX, 1859).
  • 10
    Juliano Camillo - Doutorando em Ensino de Ciências pelo Programa Interunidades em Ensino de Ciências da Universidade de São Paulo (USP). E-mail: camillo@if.usp.br
  • 11
    Cristiano Mattos - Doutor em Física pelo Instituto de Física pela Universidade de São Paulo (USP). Professor Doutor II do Instituto de Física e membro do Programa Interunidades em Ensino de Ciências da Universidade de São Paulo (USP). Coordenador do Grupo de Pesquisa em Educação em Ciências e Complexidade (ECCo). E-mail: mattos@if.usp.br

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Abr 2014

Histórico

  • Recebido
    18 Set 2013
  • Aceito
    24 Jan 2014
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais Av. Antonio Carlos, 6627, CEP 31270-901 Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, Tel.: (55 31) 3409-5338, Fax: (55 31) 3409-5337 - Belo Horizonte - MG - Brazil
E-mail: ensaio@fae.ufmg.br