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Satisfação com a imagem corporal em acadêmicos ingressantes em cursos de educação física

Body image satisfaction in freshmen college students in physical education courses

Resumos

Objetivou-se investigar a satisfação com a imagem corporal e os fatores associados em acadêmicos ingressantes em cursos de Educação Física. Participaram 149 acadêmicos (88 rapazes e 61 moças) ingressantes em cursos de Educação Física de uma universidade pública de Florianópolis/SC. Foram coletadas informações sociodemográficas (sexo, idade, estado civil e nível econômico), antropométricas (massa corporal e estatura) e relacionadas à imagem corporal (escala de silhuetas). Observou-se elevada proporção de acadêmicos insatisfeitos com a imagem corporal (79,2%), havendo maior insatisfação pelo excesso de peso (53,0%). Os rapazes apontaram as silhuetas 4 e 5 como ideais (78,4%), enquanto as moças preferiram as silhuetas 3 e 4 (75,4%). As moças e os acadêmicos com excesso de peso apresentaram, respectivamente, três e 14 vezes mais chances de insatisfação pelo excesso de peso quando comparados aos rapazes e eutróficos. A maioria dos acadêmicos mostrou-se insatisfeita com a imagem corporal, havendo associação com sexo e status do peso.

Imagem corporal; Estudantes; Estado nutricional


This study aimed to investigate body image satisfaction and the associated factors in freshmen college students in Physical Education courses. Participated 149 (88 men) freshmen college students in Physical Education courses of a public university from Florianopolis/SC. Were collected sociodemographic information (sex, age, marital status and economic level), anthropometric (body mass and stature) and related to body image (figure rating scale). A high proportion of students dissatisfied with body image (79.2%) was observed, with greater dissatisfaction by overweight (53.0%). Boys pointed silhouettes of numbers 4 and 5 as ideal (78.4%), while girls preferred silhouettes 3 and 4 (75.4%). Girls and students with overweight presented, respectively, three and 14 times more chances of dissatisfaction by overweight when compared to boys and eutrophic. Most students were dissatisfied with body image, with an association with sex and weight status.

Body image; Students; Nutritional status


INTRODUÇÃO

O conceito de imagem corporal abrange a maneira com que o indivíduo percebe o próprio corpo, levando em consideração suas partes constituintes, assim como os sentimentos relacionados à essas características. Pode ser subdividida em duas dimensões: a perceptiva, que se trata da ilustração do corpo construída na mente, e a atitudinal, que se refere aos sentimentos, pensamentos e ações em relação à imagem do corpo (SLADE, 1994SLADE, P. D. What is body image? Behavior Research and Therapy, New Jersey, v. 32, n. 5, p. 497-502, 1994.). O processo para a formação da imagem corporal pode ser influenciado por aspectos intrínsecos ao indivíduo, como sexo e idade, e extrínsecos, como os valores inseridos em determinada cultura (ALVES et al., 2009ALVES, D.; PINTO, M.; ALVES, S.; MOTA, A.; LEIRÓS, V. Cultura e imagem corporal. Motricidade, Santa Maria da Feira, v. 5, n. 1, p. 1-20, 2009.), os meios de comunicação (MUSAIGER; AL-MANNAI, 2014MUSAIGER, A. O.; AL-MANNAI, M. Association between exposure to media and body weight concern among female university students in five arab countries: a preliminary cross-cultural study. Journal of Biosocial Science, Cambridge, v. 46, n. 2, p. 240-247, 2014.), a percepção de familiares e amigos (WASYLKIW; WILLIAMSON, 2013WASYLKIW, L.; WILLIAMSON, M. E. Actual reports and perceptions of body image concerns of young women and their friends. Sex Roles, New York, v. 68, n. 3-4, p. 239-251, 2013.), além de fatores cognitivos e afetivos relacionados às experiências corporais (ZANETTI et al., 2013ZANETTI, T.; SANTONASTASO, P.; SGARAVATTI, E.; DEGORTES, D.; FAVARO, A. Clinical and temperamental correlates of body image disturbance in eating disorders. European Eating Disorders Review, Chichester, v. 21, n. 1, p. 32-37, 2013.).

Os padrões estéticos vigentes nas sociedades contemporâneas, que ditam que os corpos, para serem belos, devem ser magros ou musculosos e definidos, têm feito com que os indivíduos se preocupem excessivamente com sua aparência e como a mesma é vista pelos outros. Isto, por sua vez, contribui para a existência de insatisfações com a imagem corporal, visto que esses padrões são, muitas vezes, inatingíveis (ALVES et al., 2009ALVES, D.; PINTO, M.; ALVES, S.; MOTA, A.; LEIRÓS, V. Cultura e imagem corporal. Motricidade, Santa Maria da Feira, v. 5, n. 1, p. 1-20, 2009.), podendo desencadear diversos problemas como ansiedade, depressão e distúrbios alimentares, impactando negativamente na saúde e qualidade de vida (NICOLI; LIBERATORI JUNIOR, 2011NICOLI, M. G.; LIBERATORE JUNIOR, R. D. R. Binge Eating Disorder and body image perception among university students. Eating Behaviors, New York, v. 12, n. 14, p. 284-288, 2011.).

No Brasil, nos últimos anos, estudos relacionados à imagem corporal foram conduzidos, na sua maioria, em adolescentes (PETROSKI; PELEGRINI; GLANER, 2012PETROSKI, E. L.; PELEGRINI, A.; GLANER, M. F. Motivos e prevalência de insatisfação com a imagem corporal em adolescentes. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 4, n. 17, p. 1071-1077, 2012.; FIDELIX et al., 2011FIDELIX, Y. L.; SILVA, D. A. S.; PELEGRINI, A.; SILVA, A. F; PETROSKI, E. L. Insatisfação com a imagem corporal em adolescentes de uma cidade de pequeno porte: associação com sexo, idade e zona de domicílio. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 13, n. 3, p. 202-207, 2011.; PELEGRINI et al., 2011PELEGRINI, A.; SILVA, D. A. S.; SILVA, A. F.; PETROSKI, E. L. Insatisfação corporal associada a indicadores antropométricos em adolescentes de uma cidade com índice de desenvolvimento humano médio a baixo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Porto Alegre, v. 33, n. 3, p. 687-698, 2011.; PEREIRA et al., 2009PEREIRA, E. F.; GRAUP, S.; LOPES, A. S.; BORGATTO, A. F.; DARONCO, L. S. E. Percepção da imagem corporal de crianças e adolescentes com diferentes níveis sócio-econômicos na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 9, n. 3, p. 253-262, 2009.) e em universitários (FERRARI; PETROSKI; SILVA, 2013FERRARI, E. P.; PETROSKI, E. L.; SILVA, D. A. S. Prevalence of body image dissatisfaction and associated factors among physical education students. Trends in Psychiatry and Psychotherapy, Porto Alegre, v. 35, n. 2, p. 119-127, 2013.; FERRARI et al., 2012FERRARI, E. P.; GORDIA, A. P.; MARTINS, C. R.; SILVA, D. A. S.; QUADROS, T. M. B.; PETROSKI, E. P. Insatisfação com a imagem corporal e relação com o nível de atividade física e estado nutricional em universitários. Motricidade, Santa Maria da Feira, v. 8, n. 3, p. 52-58, 2012.; LEGNANI et al., 2012LEGNANI, R. F. S; LEGNANI, E.; PEREIRA, E. F.; GASPAROTTO, G. S.; VIEIRA, L. F.; CAMPOS, W. Eating disorders and body image in Physical Education students. Motriz: Revista de Educação Física, Rio Claro, v. 18, n. 1, p. 84-91, 2012.; SILVA; SAENGER; PEREIRA, 2011SILVA, T. R.; SAENGER, G.; PEREIRA, E. F. Fatores associados à Imagem corporal em estudantes de Educação Física. Motriz: Revista de Educação Física, Rio Claro, v. 17, n. 4, p. 630-639, 2011.; ALVARENGA et al., 2010ALVARENGA, M. S.; PHILIPPI, S. T.; LOURENÇO, B. H.; SATO, P. M.; SCAGLIUSI, F. B. Insatisfação com a imagem corporal em universitárias brasileiras. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 59, n. 1, p. 44-51, 2010.; COSTA; VASCONCELOS, 2010COSTA, L. C. F.; VASCONCELOS, F. A. G. Influência de fatores socioeconômicos, comportamentais e nutricionais na insatisfação com a imagem corporal de universitárias em Florianópolis, SC. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 13, n. 4, p. 665-676, 2010.; LAUS; MOREIRA; COSTA, 2009LAUS, M. F.; MOREIRA, R. C. M.; COSTA, T. M. B. Diferenças na percepção da imagem corporal, no comportamento alimentar e no estado nutricional de universitárias das áreas de saúde e humanas. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 31, n. 3, p. 192-196, 2009.; GONÇALVES et al., 2008GONÇALVES, T. D.; BARBOSA, M. P.; ROSA, L. C. L.; RODRIGUES, A. M. Comportamento anoréxico e percepção corporal em universitários. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 57, n. 3, p. 166-170, 2008.; BOSI et al., 2007LAUS, M. F.; MOREIRA, R. C. M.; COSTA, T. M. B. Diferenças na percepção da imagem corporal, no comportamento alimentar e no estado nutricional de universitárias das áreas de saúde e humanas. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 31, n. 3, p. 192-196, 2009.), os quais investigaram as prevalências de insatisfação com a imagem e os fatores associados. Os principais resultados destas investigações apontam que os indivíduos com excesso de peso (FERRARI; PETROSKI; SILVA, 2013FERRARI, E. P.; PETROSKI, E. L.; SILVA, D. A. S. Prevalence of body image dissatisfaction and associated factors among physical education students. Trends in Psychiatry and Psychotherapy, Porto Alegre, v. 35, n. 2, p. 119-127, 2013.; FERRARI et al., 2012FERRARI, E. P.; GORDIA, A. P.; MARTINS, C. R.; SILVA, D. A. S.; QUADROS, T. M. B.; PETROSKI, E. P. Insatisfação com a imagem corporal e relação com o nível de atividade física e estado nutricional em universitários. Motricidade, Santa Maria da Feira, v. 8, n. 3, p. 52-58, 2012.; LEGNANI et al., 2012LEGNANI, R. F. S; LEGNANI, E.; PEREIRA, E. F.; GASPAROTTO, G. S.; VIEIRA, L. F.; CAMPOS, W. Eating disorders and body image in Physical Education students. Motriz: Revista de Educação Física, Rio Claro, v. 18, n. 1, p. 84-91, 2012.; MIRANDA et al., 2012MIRANDA, V. P. N.; FILGUEIRAS, J. F.; NEVES, C. M.; TEIXEIRA, P. C.; FERREIRA, M. E. C. Insatisfação corporal em universitários de diferentes áreas de conhecimento. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 61, n. 1, p. 25-32, 2012.; COSTA; VASCONCELOS, 2010COSTA, L. C. F.; VASCONCELOS, F. A. G. Influência de fatores socioeconômicos, comportamentais e nutricionais na insatisfação com a imagem corporal de universitárias em Florianópolis, SC. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 13, n. 4, p. 665-676, 2010.; RECH; ARAÚJO; VANAT, 2010RECH, C. R.; ARAÚJO, E. D. S.; VANAT, J. R. Autopercepção da imagem corporal em estudantes do curso de Educação Física. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 285-292, 2010.; BOSI et al., 2007BOSI, M. L. M.; LUIZ, R. R.; UCHIMURA, K. Y.; OLIVEIRA, F. P. Comportamento alimentar e imagem corporal entre estudantes de Educação Física. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 57, n. 1, p. 28-33, 2007.) e do sexo feminino (MIRANDA et al., 2012MIRANDA, V. P. N.; FILGUEIRAS, J. F.; NEVES, C. M.; TEIXEIRA, P. C.; FERREIRA, M. E. C. Insatisfação corporal em universitários de diferentes áreas de conhecimento. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 61, n. 1, p. 25-32, 2012.; PETROSKI; PELEGRINI; GLANER, 2012PETROSKI, E. L.; PELEGRINI, A.; GLANER, M. F. Motivos e prevalência de insatisfação com a imagem corporal em adolescentes. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 4, n. 17, p. 1071-1077, 2012.; RECH; ARAÚJO; VANAT, 2010RECH, C. R.; ARAÚJO, E. D. S.; VANAT, J. R. Autopercepção da imagem corporal em estudantes do curso de Educação Física. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 285-292, 2010.) são mais suscetíveis a apresentar insatisfação com a imagem corporal. Ainda, enquanto as moças apresentam maior insatisfação pelo excesso, desejando diminuir a silhueta corporal, os rapazes estão insatisfeitos pela magreza e preferem corpos com maior volume de musculatura (FERRARI; PETROSKI; SILVA, 2013FERRARI, E. P.; PETROSKI, E. L.; SILVA, D. A. S. Prevalence of body image dissatisfaction and associated factors among physical education students. Trends in Psychiatry and Psychotherapy, Porto Alegre, v. 35, n. 2, p. 119-127, 2013.; PETROSKI; PELEGRINI; GLANER, 2012PETROSKI, E. L.; PELEGRINI, A.; GLANER, M. F. Motivos e prevalência de insatisfação com a imagem corporal em adolescentes. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 4, n. 17, p. 1071-1077, 2012.; QUADROS et al., 2010QUADROS, T. M. B.; GORDIA, A. P.; MARTINS, C. R.; SILVA, D. A. S.; FERRARI, E. P.; PETROSKI, E. L. Imagem corporal em universitários: associação com estado nutricional e sexo. Motriz: Revista de Educação Física, Rio Claro, v. 16, n. 1, p. 78-85, jan./mar. 2010.; PEREIRA et al., 2009PEREIRA, E. F.; GRAUP, S.; LOPES, A. S.; BORGATTO, A. F.; DARONCO, L. S. E. Percepção da imagem corporal de crianças e adolescentes com diferentes níveis sócio-econômicos na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 9, n. 3, p. 253-262, 2009.; COQUEIRO et al., 2008COQUEIRO, R. S.; PETROSKI, E. L.; PELEGRINI, A.; BARBOSA, A. R. Insatisfação com a imagem corporal: avaliação comparativa da associação com estado nutricional em universitários. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 30, n. 1, p. 31-168, 2008.). Existe, porém, carência de informações sobre associações com demais variáveis como faixa-etária e nível econômico.

Estudos que investiguem a imagem corporal em acadêmicos dos cursos de Educação Física são necessários e importantes, pois estes serão, futuramente, profissionais disseminadores de conceitos e conhecimentos sobre o corpo e a saúde (RECH; ARAÚJO; VANAT, 2010), sendo muitas vezes tomados como exemplo e exercendo forte influência sobre as atitudes e comportamentos adotados pelas pessoas com quem atuarão. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo investigar a satisfação com a imagem corporal e os fatores associados em acadêmicos ingressantes em cursos de Educação Física de uma universidade pública de Florianópolis/SC.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, com delineamento transversal, que faz parte do projeto de pesquisa "Estudo longitudinal da saúde e cognição de acadêmicos de Educação Física da Universidade do Estado de Santa Catarina", aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da referida instituição (Parecer no 83192/2012).

Foram considerados elegíveis para participar do estudo os acadêmicos ingressantes no segundo semestre de 2012 e no primeiro e segundo semestre de 2013, nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Educação Física de uma universidade pública de Florianópolis/SC. As coletas de dados foram realizadas em sala de aula e conduzidas por uma equipe previamente treinada quanto à aplicação dos instrumentos. Os acadêmicos foram esclarecidos quanto aos objetivos da pesquisa e à forma correta de preenchimento dos questionários. Foram incluídos aqueles presentes em sala de aula no momento da coleta de dados, que aceitaram participar voluntariamente e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Variáveis do estudo

Foram coletadas informações sociodemográficas como sexo, idade, estado civil e nível econômico. O nível econômico foi determinado por meio do questionário proposto pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2010ABEP. Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critério de Classificação Econômica Brasil, 2010.), o qual avalia o acúmulo de bens materiais, as condições de moradia, o número de empregados e o grau de escolaridade do chefe de família. A partir deste, os indivíduos são classificados em estratos econômicos A1, A2, B1, B2, C, D e E. No presente estudo, os estratos econômicos foram agrupados e considerados de nível alto (A1 e A2), médio (B1, B2 e C), não havendo nenhum indivíduo classificado nos estratos inferiores.

As medidas de massa corporal a estatura foram autorreferidas pelos acadêmicos, sendo esta forma de obtenção dos dados válida quando se trata de indivíduos adolescentes e adultos (COQUEIRO et al., 2009COQUEIRO, R. S.; BORGES, L. J.; ARAÚJO, V. C.; PELEGRINI, A.; BARBOSA, A. R. Medidas auto-referidas são válidas para avaliação do estado nutricional na população brasileira? Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho humano, Florianópolis, v. 11, n. 1, p. 113-119, 2009.). Para avaliação do status do peso foi calculado o índice de massa corporal (IMC). Utilizando-se os pontos de corte estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 2000WHO. World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. 2000.), os indivíduos foram classificados em baixo peso (<18,5 kg/m²), eutróficos (18,5 a 24,99 kg/m²), com sobrepeso (25,0 a 29,99 kg/m²) e obesidade (>30 kg/m²). Para fins de análise os acadêmicos com baixo peso foram agrupados aos eutróficos, e aqueles com sobrepeso e obesidade foram agrupados na categoria excesso de peso.

A satisfação com a imagem corporal foi obtida por autoavaliação, utilizando-se a escala de nove silhuetas corporais proposta por Stunkard, Sorensen e Schulsinger (1983), e validada para adultos brasileiros (SCAGLIUSI et al., 2006SCAGLIUSI, F. B.; ALVARENGA, M.; POLACOW, V. O.; CORDÁS, T. A.; QUEIROZ, G. K. O.; COELHO, D.; PHILIPPI, S. T.; LANCHA JÚNIOR, A. H. Concurrent and discriminant validity of the Stunkard's figure rating scale adapted into Portuguese. Appetite, Londres, v. 47, n. 1, p. 77-82, 2006.). O conjunto de silhuetas foi apresentado aos acadêmicos, e foram realizadas as seguintes questões: 1) Qual silhueta melhor representa a sua aparência física atual (imagem real)? e 2) Qual silhueta você gostaria de ter (imagem ideal)? Para verificar a satisfação com a imagem corporal, a silhueta real foi subtraída da silhueta ideal. Quando a diferença entre as silhuetas foi igual à zero, o indivíduo foi classificado como satisfeito; e quando diferente de zero, insatisfeito. Quando o resultado foi negativo, considerou-se insatisfação pela magreza e quando positivo, insatisfação pelo excesso.

Análise estatística

A análise estatística foi realizada por meio de estatística descritiva (média, desvio padrão, distribuição de frequências) e inferencial. A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste Kolmogorov-Smirnov. A diferença entre as variáveis contínuas foi verificada por meio do teste "t" de Student para amostras independentes (dados com distribuição normal) e U de Mann-Whitney (dados sem distribuição normal). Os testes Qui-quadrado ou Exato de Fisher foram utilizados para a investigação de possíveis associações entre as variáveis. Como a variável dependente (satisfação com a imagem corporal) foi composta de três categorias, empregou-se a técnica de regressão logística multinomial para estimar a associação da satisfação com a imagem corporal com as variáveis independentes (sexo, faixa etária, curso, estado civil, nível econômico e status de peso). A categoria "satisfeitos com a imagem corporal" foi adotada como grupo referência. Em todas as análises adotou-se nível de significância de 5%, utilizando o programa estatístico SPSS, versão 20.0.

RESULTADOS

Participaram do estudo 149 acadêmicos (88 homens e 61 mulheres) ingressantes em cursos de Educação Física (78 do curso de Bacharelado e 71 de Licenciatura), com média de idade de 20,6 anos. Verificaram-se valores médios estatisticamente superiores para os rapazes nas variáveis massa corporal, estatura e IMC quando comparados às moças (p<0,05). A proporção de acadêmicos que apresentaram excesso de peso foi de 24,2% (n=36), sendo superior nos acadêmicos do sexo masculino quando comparados aos do sexo feminino (p<0,05). Quanto à satisfação com a imagem corporal, observou-se que 79,2% (n=118) dos acadêmicos apresentaram insatisfação, com proporção mais elevada de acadêmicos insatisfeitos pelo excesso (53,0%) (Tabela 1).

Na Tabela 2 foram apresentadas as frequências absoluta e relativa da satisfação com a imagem corporal em relação às silhuetas real e ideal. Para 78,4% dos rapazes as silhuetas ideais foram as de números 4 ou 5, enquanto as moças apresentaram maior preferência pelas silhuetas 3 ou 4 (75,4%). Nenhum dos acadêmicos apontou a silhueta de número 9 como real ou ideal.

Tabela 1 -
Valores médios, desvios padrão e distribuição de frequência de acadêmicos ingressantes em cursos de Educação Física. Florianópolis, SC.
Tabela 2 -
Frequência absoluta e relativa das silhuetas real e ideal para acadêmicos dos cursos de Educação Física. Florianópolis, SC.

De acordo com os resultados da regressão multinomial (Tabela 3), observa-se, na análise ajustada, associação entre a insatisfação pelo excesso com o sexo e status do peso. Estes resultados apontam que as moças e os acadêmicos com excesso de peso apresentam, respectivamente, 3,23 (IC95%= 1,15-9,11) e 14,56 (IC95%= 2,80-75,80) vezes mais chances de apresentarem insatisfação pelo excesso quando comparados aos seus pares do sexo masculino e eutróficos. Entre os acadêmicos insatisfeitos pela magreza não foram verificadas associações.

Tabela 3 -
Análise de regressão multinomial entre satisfação com a imagem corporal (categoria de referência: satisfeitos) e variáveis explanatórias de acadêmicos de Educação Física. Florianópolis, SC.

DISCUSSÃO

Elevada proporção dos acadêmicos de Educação Física ingressantes no ensino superior estava insatisfeita com sua imagem corporal. Resultados semelhantes foram encontrados em estudos conduzidos em acadêmicos do mesmo curso em outras instituições de ensino superior do Brasil (FERRARI; PETROSKI; SILVA, 2013FERRARI, E. P.; PETROSKI, E. L.; SILVA, D. A. S. Prevalence of body image dissatisfaction and associated factors among physical education students. Trends in Psychiatry and Psychotherapy, Porto Alegre, v. 35, n. 2, p. 119-127, 2013.; SILVA; SAENGER; PEREIRA, 2011SILVA, T. R.; SAENGER, G.; PEREIRA, E. F. Fatores associados à Imagem corporal em estudantes de Educação Física. Motriz: Revista de Educação Física, Rio Claro, v. 17, n. 4, p. 630-639, 2011.; RECH; ARAÚJO; VANAT, 2010RECH, C. R.; ARAÚJO, E. D. S.; VANAT, J. R. Autopercepção da imagem corporal em estudantes do curso de Educação Física. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 285-292, 2010.), os quais apontaram que a prevalência de insatisfação com a imagem corporal variou de 61,2% a 69,5%. Prevalências superiores de insatisfação com a imagem corporal foram observadas em outros cursos/áreas (ALVARENGA et al., 2010ALVARENGA, M. S.; PHILIPPI, S. T.; LOURENÇO, B. H.; SATO, P. M.; SCAGLIUSI, F. B. Insatisfação com a imagem corporal em universitárias brasileiras. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 59, n. 1, p. 44-51, 2010.; QUADROS et al., 2010QUADROS, T. M. B.; GORDIA, A. P.; MARTINS, C. R.; SILVA, D. A. S.; FERRARI, E. P.; PETROSKI, E. L. Imagem corporal em universitários: associação com estado nutricional e sexo. Motriz: Revista de Educação Física, Rio Claro, v. 16, n. 1, p. 78-85, jan./mar. 2010.; COQUEIRO et al., 2008COQUEIRO, R. S.; PETROSKI, E. L.; PELEGRINI, A.; BARBOSA, A. R. Insatisfação com a imagem corporal: avaliação comparativa da associação com estado nutricional em universitários. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 30, n. 1, p. 31-168, 2008.), e mesmo entre indivíduos com outras características e diferentes faixas etárias (PELEGRINI et al., 2014PELEGRINI, A.; SACOMORI, C.; SANTOS, M. C.; SPERANDIO, F. F.; CARDOSO, F. L. Body image perception in women: prevalence and association with anthropometric indicators. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 16, n. 1, p. 67-74, 2014.; REIS et al., 2013REIS, N. M.; MACHADO, Z.; PELEGRINI, A.; BOING, L.; MONTE, F. C. S. G.; SIMAS, J. P. N.; GUIMARÃES, A. C. A. Imagem corporal, estado nutricional e sintomas de transtornos alimentares em bailarinos. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Pelotas, v. 18, n. 6, p. 763-781, nov. 2013.; DAMASCENO et al., 2005DAMASCENO, V. O.; LIMA, J. R. P.; VIANNA, J. M.; VIANNA, V. R. A.; NOVAES, J. S. Tipo físico ideal e satisfação com a imagem corporal de praticantes de caminhada. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Niterói, v. 11, n. 3, p. 181-186, 2005.).

Evidências apontam que alguns grupos específicos são mais propensos a apresentar insatisfação com a imagem corporal e, consequentemente a desenvolver distúrbios alimentares e de imagem relacionados a esse desfecho, dentre os quais destacam-se os adolescentes (GLANER et al., 2013GLANER, M. F.; PELEGRINI, A.; CORDOBA, C. O.; POZZOBON, M. E. Associação entre insatisfação com a imagem corporal e indicadores antropométricos em adolescentes. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 27, n. 1, p. 129-136, 2013.; FIDELIX et al., 2011FIDELIX, Y. L.; SILVA, D. A. S.; PELEGRINI, A.; SILVA, A. F; PETROSKI, E. L. Insatisfação com a imagem corporal em adolescentes de uma cidade de pequeno porte: associação com sexo, idade e zona de domicílio. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 13, n. 3, p. 202-207, 2011.; PELEGRINI et al., 2011PELEGRINI, A.; SILVA, D. A. S.; SILVA, A. F.; PETROSKI, E. L. Insatisfação corporal associada a indicadores antropométricos em adolescentes de uma cidade com índice de desenvolvimento humano médio a baixo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Porto Alegre, v. 33, n. 3, p. 687-698, 2011.; PELEGRINI; PETROSKI, 2010PELEGRINI, A.; PETROSKI, E. L. The association between body dissatisfaction and nutritional status in adolescents. Human Movement, Amsterdam, v. 11, n. 1, p. 51-57, 2010.) e as mulheres (PELEGRINI et al., 2014PELEGRINI, A.; SACOMORI, C.; SANTOS, M. C.; SPERANDIO, F. F.; CARDOSO, F. L. Body image perception in women: prevalence and association with anthropometric indicators. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 16, n. 1, p. 67-74, 2014.). A elevada prevalência de insatisfação corporal encontrada nos acadêmicos de Educação Física participantes do presente estudo faz com que estes constituam-se em um grupo de risco. Uma possível explicação para tal é que este comportamento está relacionado, em partes, às maiores exigências físicas e estéticas inerentes ao curso e à profissão que optaram por seguir, em que o corpo e a aparência em geral passam a ser o "cartão de visitas" destes futuros profissionais. Ainda, reflete-se sobre a possibilidade destes indivíduos buscarem o ingresso em cursos de Educação Física a fim de conhecer melhor o próprio corpo e as ferramentas disponíveis para modificá-lo, de forma que possam melhorar sua percepção e, consequentemente, a satisfação.

Os acadêmicos de ambos os sexos (rapazes= 45,5%, moças= 63,9%) apresentaram maior insatisfação pelo excesso (53%), ou seja, demonstraram desejo em reduzir a silhueta corporal. O desejo por uma silhueta menor do que a atual tem sido relatado com frequência em estudos na área, entretanto, trata-se, normalmente, de uma característica relacionada às moças, enquanto os rapazes apresentam, em geral, insatisfação pela magreza, desejando uma silhueta maior, representando um ideal de corpo com maior hipertrofia muscular (PETROSKI; PELEGRINI; GLANER, 2012PETROSKI, E. L.; PELEGRINI, A.; GLANER, M. F. Motivos e prevalência de insatisfação com a imagem corporal em adolescentes. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 4, n. 17, p. 1071-1077, 2012.; SILVA; SAENGER; PEREIRA, 2011SILVA, T. R.; SAENGER, G.; PEREIRA, E. F. Fatores associados à Imagem corporal em estudantes de Educação Física. Motriz: Revista de Educação Física, Rio Claro, v. 17, n. 4, p. 630-639, 2011.; QUADROS et al., 2010QUADROS, T. M. B.; GORDIA, A. P.; MARTINS, C. R.; SILVA, D. A. S.; FERRARI, E. P.; PETROSKI, E. L. Imagem corporal em universitários: associação com estado nutricional e sexo. Motriz: Revista de Educação Física, Rio Claro, v. 16, n. 1, p. 78-85, jan./mar. 2010.; RECH; ARAÚJO; VANAT, 2010RECH, C. R.; ARAÚJO, E. D. S.; VANAT, J. R. Autopercepção da imagem corporal em estudantes do curso de Educação Física. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 285-292, 2010.; COQUEIRO et al., 2008COQUEIRO, R. S.; PETROSKI, E. L.; PELEGRINI, A.; BARBOSA, A. R. Insatisfação com a imagem corporal: avaliação comparativa da associação com estado nutricional em universitários. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 30, n. 1, p. 31-168, 2008.; DAMASCENO et al., 2005DAMASCENO, V. O.; LIMA, J. R. P.; VIANNA, J. M.; VIANNA, V. R. A.; NOVAES, J. S. Tipo físico ideal e satisfação com a imagem corporal de praticantes de caminhada. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Niterói, v. 11, n. 3, p. 181-186, 2005.).

No presente estudo foram observadas associações da insatisfação por excesso com as variáveis sexo e status do peso, as quais apontam que as moças e os acadêmicos com excesso de peso possuem maiores chances de apresentarem insatisfação por excesso quando comparados aos rapazes e àqueles eutróficos. Resultados semelhantes foram encontrados em estudos nacionais e internacionais conduzidos em universitários (BLOW; COOPER, 2014BLOW, J.; COOPER, T. V. Predictors of body dissatisfaction in a Hispanic college student sample. Eating Behaviors, New York, v. 15, n. 1, p. 1-4, jan. 2014.; QUADROS et al., 2010QUADROS, T. M. B.; GORDIA, A. P.; MARTINS, C. R.; SILVA, D. A. S.; FERRARI, E. P.; PETROSKI, E. L. Imagem corporal em universitários: associação com estado nutricional e sexo. Motriz: Revista de Educação Física, Rio Claro, v. 16, n. 1, p. 78-85, jan./mar. 2010.; COQUEIRO et al., 2008COQUEIRO, R. S.; PETROSKI, E. L.; PELEGRINI, A.; BARBOSA, A. R. Insatisfação com a imagem corporal: avaliação comparativa da associação com estado nutricional em universitários. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 30, n. 1, p. 31-168, 2008.). Estes resultados podem ser considerados positivos ao se interpretar que a insatisfação por excesso entre os indivíduos que apresentam excesso de peso advém de um desejo de melhorar questões pessoais relativas à estética e à saúde, podendo, para tal, modificar e até mesmo assumir novos comportamentos, buscando maior aproximação ao ambiente no qual estão inseridos em que o estilo de vida saudável e a boa forma física estão em evidência.

As moças do presente estudo apresentam desejo em reduzir as silhuetas corporais. Estes achados são semelhantes ao que a literatura vem apontando, sendo que para as mulheres ainda prevalece o ideal de corpo magro, imposto pela sociedade e veiculado pela mídia (MUSAIGER; AL-MANNAI, 2014MUSAIGER, A. O.; AL-MANNAI, M. Association between exposure to media and body weight concern among female university students in five arab countries: a preliminary cross-cultural study. Journal of Biosocial Science, Cambridge, v. 46, n. 2, p. 240-247, 2014.). Preocupa-se com a obsessão feminina pela magreza, pois se trata de um padrão nem sempre possível de ser atingido por todas as pessoas, até mesmo por aquelas que incitam esse desejo nas demais, como modelos que apresentam, nos meios midiáticos, formas corporais perfeitas, porém manipuladas e artificiais (ALVES et al., 2009ALVES, D.; PINTO, M.; ALVES, S.; MOTA, A.; LEIRÓS, V. Cultura e imagem corporal. Motricidade, Santa Maria da Feira, v. 5, n. 1, p. 1-20, 2009.). Na tentativa de obter um corpo de "capa de revista", que, na verdade, é muito mais fictício do que real, as mulheres podem recorrer a métodos inadequados e assumir comportamentos não saudáveis (NEUMARK-SZTAINER et al., 2006NEUMARK-SZTAINER, D.; PAXTON, S. J.; HANNAN, P. J.; HAINES, J.; STORY, M. Does Body Satisfaction Matter? Five-year Longitudinal Associations between Body Satisfaction and Health Behaviors in Adolescent Females and Males. Journal of Adolescent Health, New York, v. 39, n. 2, p. 244-251, 2006.) o que pode acarretar em inúmeros prejuízos à saúde física e mental.

O estudo apresentou algumas limitações como a utilização de medidas autorreferidas, que apesar de serem consideradas válidas para a população, podem ser sub ou superestimadas por alguns acadêmicos, e estes podem, até mesmo, não conhecer suas medidas atuais. Apesar disso, esse método é uma alternativa viável quando se deseja avaliar grandes grupos e tornar o estudo mais rápido e acessível quanto aos custos, sendo previamente utilizado em estudos semelhantes (LAUS; MOREIRA; COSTA, 2009LAUS, M. F.; MOREIRA, R. C. M.; COSTA, T. M. B. Diferenças na percepção da imagem corporal, no comportamento alimentar e no estado nutricional de universitárias das áreas de saúde e humanas. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 31, n. 3, p. 192-196, 2009.; MARTINS et al., 2012MARTINS, C. R.; GORDIA, A. P.; SILVA, D. A. S.; QUADROS, T. M. B.; FERRARI, E. P.; TEIXEIRA, D. M.; PETROSKI, E. L. Insatisfação com a imagem corporal e fatores associados em universitários. Estudos de Psicologia, Natal, v. 17, n. 2, p. 241-246, 2012.; MIRANDA et al., 2012MIRANDA, V. P. N.; FILGUEIRAS, J. F.; NEVES, C. M.; TEIXEIRA, P. C.; FERREIRA, M. E. C. Insatisfação corporal em universitários de diferentes áreas de conhecimento. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 61, n. 1, p. 25-32, 2012.). O instrumento utilizado para avaliação da satisfação com a imagem corporal, a escala de silhuetas, classifica os indivíduos em satisfeitos e insatisfeitos por excesso e pela magreza, enquanto esses podem, na verdade, desejar um corpo mais musculoso ou definido, e não necessariamente uma silhueta maior ou menor do que a atual. Ainda, a insatisfação pode se referir ao peso corporal apenas, ou a algumas partes específicas do corpo, o que não é possível identificar por meio da escala.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a prevalência de insatisfação com a imagem corporal foi elevada e o sexo feminino e aqueles com excesso de peso apresentaram maior insatisfação pelo excesso. Estes achados são preocupantes, visto que os acadêmicos dos cursos de Educação Física se tornarão profissionais que participarão do desenvolvimento e formação corporal de indivíduos, além de auxiliarem na obtenção da aparência física desejada por esses, por meio da prática de atividades físicas e do incentivo à aquisição de outros hábitos de vida saudáveis. Acredita-se que havendo maior aceitação com o corpo, o profissional é capaz de orientar de maneira mais adequada aqueles que o procuram e apresentam insatisfação com sua imagem. Atenta-se para a necessidade de professores e demais envolvidos na formação profissional desses estudantes reforçarem a importância de condutas corretas e lícitas relacionadas à saúde, para alcançarem os ideais de corpos almejados.

Destaca-se a necessidade de realização de estudos futuros que utilizem instrumentos complementares à escala de silhuetas e que possibilitem a compreensão de outras dimensões da imagem corporal, além dos motivos geradores de insatisfação.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Dec 2014

Histórico

  • Recebido
    04 Mar 2014
  • Revisado
    22 Abr 2014
  • Aceito
    20 Out 2014
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