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Ansiedade e desempenho de jogadoras de voleibol em partidas realizadas dentro e fora de casa

Anxiety and performance in volleyball players in matches realized inside and outside home

Resumos

O presente estudo teve como objetivo avaliar a influência do nível de ansiedade pré-competitiva nos aspectos técnicos do voleibol em partidas realizadas dentro e fora de casa. Para tal, utilizaram-se os questionários validados de ansiedade (BAI - Inventário de Ansiedade de Beck e CSAI-2 - Competitive State Anxiety Inventory-2), uma ficha de identificação e os resultados das anotações dos fundamentos da modalidade (saque, bloqueio e ataque), segundo o critério da CBV. Participaram 13 atletas de uma equipe de voleibol da categoria infanto-juvenil do interior de São Paulo, com média de 16 (±1,1) anos. Foram analisados 10 jogos da XXI Copa Regional de Voleibol e após a coleta dos dados as informações foram estruturadas e analisadas utilizando o pacote estatístico SYSTAT 13. As análises estatísticas consistiram na obtenção das somas e médias de cada dimensão mensurada. Para análise das relações entre ansiedade dentro e fora de casa, foi utilizado o teste t-pareado com nível de significância de p<0,05. Os principais resultados apontam que não foram verificadas diferenças estatisticamente significativas nos níveis de ansiedade nos jogos como mandante e visitante, assim como nos fundamentos analisados nos jogos dentro e fora de casa. Porém, a análise dos fundamentos demonstrou que o desempenho técnico das atletas foi mais efetivo nos jogos como mandante, exceto no fundamento bloqueio positivo. Esse fato pode ser explicado pelo home advantage (vantagem de jogar em casa). Assim, é importante destacar que o aspecto psicológico deve ser considerado na periodização das atletas.

Voleibol; Ansiedade; Aspectos Técnicos; Psicologia do Esporte


This study aimed to evaluate the influence of pre-competitive anxiety levels in technical aspects of Volleyball, during matches inside and outside home. For this, two anxiety questionnaire (BAI - Beck Anxiety Inventory - and CSAI-2 - Competitive State Anxiety Inventory - 2), an athlete identification form and the fundamentals results notes (serve, block and attack) according the criteria of CBV were used. The study included 13 athletes from a juvenile volleyball category team from São Paulo state, with a average age of 16 (±1,1). Ten (10) games from the XXI Regional Volleyball Cup were analyzed. After the data acquisition, the information was structured and analyzed using the statistical software SYSTAT 13. Statistical analysis consisted in obtaining the total and averages for each dimension measured. To analyze the relationship between the anxiety inside and outside home, the paired t-test was used with a significance level of p <0.05. The main results indicate that no statistically significant differences were found in anxiety levels in games as host team or as visitor team, as well as the fundamentals in the games inside and outside home. However, analysis of the fundamentals showed that the technical performance of the athletes was more effective in games as home team, except for positive block. This fact can be explained by the home advantage (also called home field). Thus, it is important to highlight that the psychological aspect should be considered in the athlete's periodization process.

Volleyball; Anxiety; Technical Aspects; Sport Psychology


INTRODUÇÃO

No universo esportivo, cada modalidade apresenta seu planejamento de treinamento referente às exigências nos aspectos técnicos, táticos, físicos e psicológicos para o alcance de resultados satisfatórios. Particularmente no voleibol, considerado uma das modalidades esportivas mais complexas por exigir perfeição na execução de suas habilidades e características físicas específicas, é imprescindível que os atletas mantenham-se em condição competitiva durante toda a temporada de jogos, pois estes aspectos associados proporcionarão o melhor desempenho dos jogadores (MASSA, 1999MASSA, M. Análise de aspectos de cineantropometria morfológica e de testes de desempenho de atletas de voleibol masculino envolvidos em processos de promoção de talentos. São Paulo, 1999. 154f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.). Assim, torna-se importante acompanhar possíveis variáveis que estão associadas ao rendimento dos atletas (SILVA et al., 2004SILVA, L. R. R.; FRANCHINI, E.; KISS, M. A. P. D. M.; BOEHME, M. T.; MATSUSHIGUE, K. A.; UEZU, R. Evolução da altura de salto, da potencia anaeróbia e da capacidade anaeróbia em jogadoras de voleibol de alto nível. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 26, n. 1 p. 99-109, 2004.).

Na busca do alto rendimento, os atletas são submetidos a diversos tipos de pressão (torcida, busca pelo resultado, tempo reduzido para os resultados, cobranças por parte do técnico e da família, entre outros) e, portanto, seu desempenho está relacionado com a capacidade de superação destas situações (NOCE; SAMULSKI, 2002NOCE, F.; SAMULSKI, D. Análise do estresse psíquico em atacantes no voleibol de alto nível. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 16, n. 2 p. 113-129, 2002.). Assim, além dos aspectos físicos, técnicos e táticos, muito explorados no treinamento desportivo, o aspecto psicológico também deveria ser destacado na preparação destes atletas. Bizzocchi (2008)BIZZOCCHI, C. O voleibol de alto nível: da iniciação à competição. 3. ed. Barueri: Manole, 2008. mostra que as partidas de voleibol que exigem elevado desempenho, têm sido definidas em favor da equipe que apresenta maior equilíbrio psicológico.

Além disso, o esporte gera emoções e como são reguladoras da ação, o rendimento pode sofrer alterações fisiológicas, psicológicas e motoras. Uma das principais emoções vivenciadas na prática esportiva é a ansiedade, podendo interferir direta ou indiretamente no rendimento dos atletas (FIGUEIREDO, 2000FIGUEIREDO, S. H. Variáveis que interferem no desempenho do atleta de alto rendimento. In: RUBIO, K. (Org.). Psicologia do esporte: interfaces, pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. p. 114-124.; NOCE; SAMULSKI, 2002NOCE, F.; SAMULSKI, D. Análise do estresse psíquico em atacantes no voleibol de alto nível. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 16, n. 2 p. 113-129, 2002.; BUENO; DI BONIFÁCIO, 2007BUENO, J. L. O.; DI BONIFACIO, M. A. Alterações de estados de ânimo presentes em atletas de voleibol, avaliados em fases do campeonato. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 12 n. 1, p. 179-184, 2007.; VIEIRA et al., 2008VIEIRA, L.; FERNANDES, S.; VIEIRA, J.; VISSOCI, J. Estado de humor e desempenho motor: um estudo com atletas de voleibol de alto rendimento. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 62-8, 2008.; FERREIRA et al., 2010FERREIRA, J. S.; LEITE, L. P. R.; NASCIMENTO, C. M. C. Relação entre níveis de ansiedade-traço competitiva e idade de atletas de voleibol e análise destes níveis pré e pós-competição. Motriz, Rio Claro, v. 16 n. 4, p. 853-857, 2010.).

Segundo Weinberg e Gould (2001)WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. Porto Alegre: Artmed, 2001., a ansiedade é um estado emocional caracterizado por nervosismo, preocupação e apreensão, além de estar associado com ativação ou agitação do corpo. Apontam ainda que há um componente de pensamento chamado de ansiedade cognitiva (como por exemplo, uma auto avaliação negativa) e outro, de ansiedade somática, que é o grau de ativação física percebida (como por exemplo, frequência cardíaca aumentada, alteração na respiração, suor nas mãos, tensão muscular, entre outras).

Ainda com relação à ansiedade, dois conceitos são empregados: ansiedade-traço e ansiedade-estado. A ansiedade-traço refere-se a uma disposição pessoal, é relativamente estável, a pessoa responde com ansiedade a situações estressantes e têm a tendência de perceber situações diferentes como mais ou menos ameaçadoras, dependendo das experiências pessoais vividas. No caso da ansiedade-estado, trata-se de um estado emocional transitório, caracterizado por sentimentos subjetivos de tensão e que variam de intensidade ao longo do tempo (SPIELBERGER; GORSUCH; LUSHENE, 1979SPIELBERGER, C. D.; GORSUCH, R. L.; LUSHENE, R. E. Inventário de ansiedade traço-estado IDATE - Manual. Tradução e adaptação Ângela Biaggio. Rio de Janeiro: CEPA, 1979.).

Em situações pré-competitivas, inúmeras causas podem levar ao aumento dos níveis de ansiedade como, por exemplo, o temor do fracasso e da vitória, pressões da sociedade e familiares, entre outros (CRATTY, 1984CRATTY, B. J. Psicologia no esporte. 2. ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1984.; FERREIRA et al., 2010FERREIRA, J. S.; LEITE, L. P. R.; NASCIMENTO, C. M. C. Relação entre níveis de ansiedade-traço competitiva e idade de atletas de voleibol e análise destes níveis pré e pós-competição. Motriz, Rio Claro, v. 16 n. 4, p. 853-857, 2010.; SONOO et al., 2010SONOO, C. N.; GOMES, A. L.; DAMASCENO, M. L.; SILVA, S. R.; LIMANA, M. D. Ansiedade e desempenho: um estudo com uma equipe infantil de voleibol feminino. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 3, p. 629-637, 2010.). Do ponto de vista psicológico, a ansiedade pré-competitiva trata-se de um estado que se caracteriza pela antecipação da competição, e consequentemente pela antecipação das oportunidades, riscos e consequências, podendo alterar o desempenho dos atletas (SAMULSKI, 1995SAMULSKI, D. Psicologia do esporte: teoria e aplicação prática. Belo Horizonte: Imprensa Universitária/UFMG, 1995.).

Porém, nem toda ansiedade é prejudicial (BERTÉ JÚNIOR, 2004BERTÉ JÚNIOR, D. Um estudo sobre o nível de ansiedade estado pré-competitiva em atletas de futsal. 2004. 56f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Universidade de Pato Branco, Pato Branco, 2004.). Um desempenho competitivo requer um nível de ansiedade ótimo, e quando esta situação acontece, o atleta está psicologicamente controlado. Portanto, a ansiedade pode ser negativa, positiva ou indiferente para o desempenho do atleta, dependendo da personalidade, dificuldade da tarefa ou nível de habilidade de cada indivíduo (CHAVES; BARA FILHO, 2003CHAVES, A. D.; BARA FILHO M. G. A influência dos pais na ansiedade pré-competitiva na natação. Vida & Saúde, Juiz de Fora, v. 2, n. 2, p. 1-11, 2003.).

A modalidade visa a obtenção de resultados a curto e médio prazo, onde é preciso alto nível de rendimento tanto em treinamento quanto em competições, sendo por isso considerada fonte de pressões aos atletas (SONOO et al., 2010SONOO, C. N.; GOMES, A. L.; DAMASCENO, M. L.; SILVA, S. R.; LIMANA, M. D. Ansiedade e desempenho: um estudo com uma equipe infantil de voleibol feminino. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 3, p. 629-637, 2010.). Noce, Greco e Samulski (1997)NOCE, F.; GRECO, P.; SAMULSKI, D. O ensino do comportamento tático no voleibol: aplicação no saque. Revista da APEF, Londrina, v. 12, n. 1 , p. 12-24, 1997. ressaltam o dinamismo das partidas, exigindo habilidade motora, precisão e muita regularidade na execução dos seus fundamentos, domínio de diferentes combinações de jogadas e raciocínio rápido, caracterizando um conjunto de exigências que podem gerar situações bastante estressantes.

Noce (1999)NOCE, F. Análise do estresse psíquico em atletas de voleibol de alto nível: um estudo comparativo entre gêneros. 1999. 151f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Escola de Educação Física, Universidade de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1999. afirma que o atleta de voleibol deve estar fisicamente bem preparado, ter domínio da técnica, conhecimento tático, assim como um bom nível de concentração mental. Portanto, o atleta precisa apresentar domínio dos gestos técnicos exigidos na modalidade, os chamados fundamentos. Pode-se dizer que os principais fundamentos e/ou aspectos técnicos da modalidade são: saque, manchete, toque por cima (levantamento), cortada (ataque), bloqueio e defesa (BIZZOCCHI, 2008BIZZOCCHI, C. O voleibol de alto nível: da iniciação à competição. 3. ed. Barueri: Manole, 2008.; BOJIKIAN, 2003BOJIKIAN, J. C. M. Ensinando voleibol. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2003.).

Além disso, no âmbito esportivo, existe um fenômeno denominado home advantage que consiste na vantagem de se competir em casa. Sua influência no resultado final do jogo em esportes coletivos vem sendo estudada por alguns autores (NEVILL; HOLDER, 1999NEVILL, A. M.; HOLDER, R. L. Home advantage in sports: an overview of studies on the advantage of playing at home. Sports Medicine, Auckland, v. 28, n. 4 p. 221-236, 1999.; BALMER; NEVILL; LANE, 2005BALMER, N. J.; NEVILL, A. M.; LANE, A. M. Do judges enhance home advantage in European championship boxing? Journal of Sports Science, London, v. 23, n. 4, p. 409-416, 2005.; CARRON; LOUGHHEAD; BRAY, 2005CARRON, A. V.; LOUGHHEAD, T. M.; BRAY, S. R. The home advantage in sports competitions: Courneya and Carron's (1992) conceptual framework a decade later. Journal of Sports Science, London, v. 23, n. 4, p. 375-385, 2005.).

Segundo Courneya e Carron (1992)COURNEYA, S.; CARRON, A. V. The home advantage in sports competitions: A literature in review. Journal of Sport & Exercise Psychology, Champaign, n. 14, n. 1, p. 13-39, 1992., a vantagem de se jogar em casa é confirmada pelo fato de que as equipes ganham mais de 50% das partidas disputadas em seu campo/quadra. Apesar dos poucos estudos (NEVILL; HOLDER, 1999NEVILL, A. M.; HOLDER, R. L. Home advantage in sports: an overview of studies on the advantage of playing at home. Sports Medicine, Auckland, v. 28, n. 4 p. 221-236, 1999.; CARRON; LOUGHHEAD; BRAY, 2005CARRON, A. V.; LOUGHHEAD, T. M.; BRAY, S. R. The home advantage in sports competitions: Courneya and Carron's (1992) conceptual framework a decade later. Journal of Sports Science, London, v. 23, n. 4, p. 375-385, 2005.), as principais razões de vitória em jogos como mandante referem-se a: público, familiaridade do espaço competitivo, fatores de aprendizagem, não desgaste das viagens, regulamentos, parcialidade dos árbitros e estados psicológicos, fisiológicos e comportamentais.

No voleibol adulto masculino, Marcelino (2009)MARCELINO, R. Ventaja de jugar em casa em el voleibol de alto rendimiento. Revista de Psicología Del Deporte, Barcelona, v. 18, n. 2, p. 181-196, 2009. observou 550 sets da Liga Mundial (2005) e sugeriu a presença de vantagem em casa, visto que as equipes mandantes ganharam 57,5% dos jogos. Além disso, verificou que os times que mandavam os jogos em seus ginásios obtiveram um melhor desempenho nos fundamentos de ataque, saque, recepção e levantamento. Foram apontados alguns motivos para tal resultado, como por exemplo, estado psicológico equilibrado, ausência do desgaste da viagem e apoio da torcida.

Alguns estudos relacionam o voleibol com aspectos psicológicos (BUENO; DI BONIFÁCIO, 2007BUENO, J. L. O.; DI BONIFACIO, M. A. Alterações de estados de ânimo presentes em atletas de voleibol, avaliados em fases do campeonato. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 12 n. 1, p. 179-184, 2007.; FERREIRA et al., 2010FERREIRA, J. S.; LEITE, L. P. R.; NASCIMENTO, C. M. C. Relação entre níveis de ansiedade-traço competitiva e idade de atletas de voleibol e análise destes níveis pré e pós-competição. Motriz, Rio Claro, v. 16 n. 4, p. 853-857, 2010.). No entanto, a relevância do presente trabalho está em relacionar o voleibol, aspectos psicológicos, a vantagem ou não de se jogar em casa, assim como a análise dos fundamentos apresentados nas partidas. Neste sentido, o local da partida, assim como o estado psicológico, neste caso a ansiedade pré-competitiva, serão objetos de análise no presente estudo, verificando se o nível de ansiedade apresenta oscilações em partidas realizadas dentro e fora de casa, bem como os aspectos técnicos do voleibol (saque, bloqueio e ataque), expõe-se de maneira distinta nos locais de disputa.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostra

Participaram da pesquisa 13 jogadoras da categoria infanto-juvenil de uma equipe de vôlei feminina do interior paulista, com média de idade de 16,3 ±1,1 anos. É importante destacar que nas partidas de voleibol são permitidas 12 jogadoras, porém, como nesta equipe existe um rodízio entre as atletas relacionadas para partida, foram avaliadas 13, com média de 4,7 anos de atuação no voleibol, sendo 1,4 anos de tempo de atuação na equipe estudada.

O estudo foi realizado durante 10 jogos da XXI Copa Regional de Voleibol de 2013, torneio organizado pela Liga Regional de Voleibol (LRV), filiada à Federação Paulista de Voleibol (FPV), e contou com a participação de 8 equipes.

Instrumentos de coleta de dados

Foram utilizados três questionários para a coleta de dados, sendo: 1) Ficha de Identificação contendo perguntas básicas de identificação (nome, data de nascimento, tempo de atuação no clube, tempo de atuação na modalidade e nível de ansiedade subjetiva). 2) Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), desenvolvido para avaliar sintomas de ansiedade através de 21 itens de afirmações descritivas que refletem somaticamente, afetivamente e cognitivamente os sintomas característicos de ansiedade. Os itens são avaliados pelo sujeito numa escala de quatro pontos. Para cada item, atribui-se um escore individual que varia de 0 a 3 pontos. O escore total é feito pela soma dos escores individuais, podendo variar entre 0 e 63 pontos (BECK et al., 1988BECK, A. T.; EPSTEIN, N.; BROWN, G.; STEER, R. A. An inventory for measuring clinical anxiety: psychometric properties. Journal of Consulting and Clinical Psychology, Washington D.C., v. 56, n. 6, p. 893-897, 1988.). 3) Competitive State Anxiety Inventory-2 (CSAI-2) desenvolvido por Martens et al. (1990)MARTENS, R.; BURTON, D.; VEALEY, R. S.; BUMP, L. A.; SMITH, D. E. Development validation of the Competitive State Anxiety Inventory- 2. In: MARTENS, R.; VEALEY, R. S.; BURTON, D. Competitive anxiety in sport. Champaign: Human Kinetics, 1990. p. 117-190., traduzido e validado para o português por Raposo e Fernandes (2004)RAPOSO, J. V.; FERNANDES, H. Análise confirmatória do CSAI-2. Lisboa: Universidade de Tróisos-Montes Alto Douro, 2004., que consiste em 27 questões divididas em 3 subescalas que avaliam ansiedade cognitiva, ansiedade somática e autoconfiança, avaliadas em uma escala likert de quatro pontos. A pontuação das subescalas é obtida pela somatória das respostas, com pontuação variando de 9 a 36.

Além dos questionários, foi elaborada uma Tabela de Scout para quantificar os fundamentos durante os jogos, seguindo o padrão estatístico da Confederação Brasileira de Voleibol nos jogos oficiais da Super Liga de Voleibol, onde eram analisados os aspectos técnicos da equipe durante os jogos, dentre eles: saque, bloqueio e ataque. Os fundamentos foram classificados em ação, positivos e negativos. O ataque ação (ATA(0)) ocorre quando a bola continua em jogo após uma jogada de ataque; no ataque positivo (ATA(+)) a bola toca o chão da quadra adversária ou é tocada pelo adversário que não consegue mantê-la em jogo; e no ataque negativo (ATA(-)) a bola é bloqueada com sucesso, cortada para fora, atacada na rede, penalizada com falta do atacante, ou qualquer outra falta. No bloqueio ação (BLO(0)) a bola mantida em jogo após ser tocada por um dos bloqueadores; no bloqueio positivo (BLO(+)) a bola é bloqueada direto para o chão da quadra adversária ou, então, tocada pelo adversário que não consegue mantê-la em jogo; e no bloqueio negativo (BLO(-)) a bola sai da quadra após tocar no bloqueio, ou não é mantida em jogo por sua equipe. No saque ação (SAQ(0)) a bola continua em jogo após a recepção da equipe adversária; no saque positivo (SAQ(+)), a bola é sacada diretamente no chão da quadra adversária ou tocada pelo adversário sem ser mantida em jogo; e no saque negativo (SAQ(-)), a bola sacada cai fora da quadra adversária ou bate na rede e cai na quadra do sacador. Tais fundamentos, acima mencionados, foram escolhidos para serem analisados neste estudo, segundo o critério estabelecido pelos pesquisadores de estarem intimamente relacionados com o objetivo do jogo e também pelo fato de que é através desses fundamentos que uma partida é pontuada.

Procedimentos de coleta de dados

Foi realizado um contato com os coordenadores técnicos da equipe feminina de voleibol, expondo os conteúdos da pesquisa, bem como os objetivos e procedimentos a serem realizados. Após a concordância na participação, as atletas foram convidadas a fazer parte do estudo, e seus responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os questionários, em conjunto com a ficha de identificação, foram aplicados às atletas nos vestiários, momentos antes da realização de todas as partidas da XXI Copa Regional de Voleibol de 2013, tanto quando a equipe era mandante ou visitante dos jogos. Além da aplicação dos instrumentos, os scouts dos fundamentos de cada partida foram realizados e analisados.

Importante ressaltar que o estudo foi conduzido em concordância com as recomendações e requisitos da Resolução 466-2012 do CNS, com aprovação Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (processo número CAAE: 19502113.5.0000.5404).

Análise estatística dos dados

Os dados foram estruturados e analisados utilizando o pacote estatístico SYSTAT 13 para Windows. As análises estatísticas consistiram na obtenção das somas e médias de cada dimensão analisada e suas descrições. Para análise das relações entre variáveis, foi utilizado o teste t-pareado, com nível de significância de p<0,05. As relações verificadas foram ansiedade dentro e fora de casa, assim como ansiedade cognitiva e somática com os fundamentos mensurados nos jogos como mandante e visitante.

RESULTADOS

Durante os 10 jogos analisados na XXI Copa Regional de Voleibol de 2013, a equipe venceu 9 partidas, sendo 5 vitórias como mandante e 4 vitórias como visitante, mostrando já na primeira análise o resultado melhor em jogos como mandante.

No decorrer do campeonato, foram mensurados sintomas de ansiedade das atletas momentos antes da partida. Através do BAI, pode-se notar que os sintomas de ansiedade mantiveram-se nos níveis leves em todas as partidas analisadas, já que estes não ultrapassaram a média de 10 pontos. A partir do CSAI-2, que mensura os níveis de ansiedade cognitiva e somática, foi possível verificar que a ansiedade cognitiva, junto com a ansiedade somática, apresentou pontuação baixa em todos os jogos mensurados, não ultrapassando 18 pontos. A ansiedade subjetiva, numa escala de 0 a 10, que foi respondida pelas jogadoras momentos antes das partidas, apresentou-se inferior a 5 pontos.

De acordo com os resultados, nota-se que não houve diferença significativa nas médias de ansiedade nos jogos realizados dentro e fora de casa, ou seja, as variáveis estudadas mantiveram o mesmo padrão nas partidas como mandante e como visitante. Os sintomas de ansiedade, mensurados a partir do BAI, nos jogos em casa apresentou-se com média de 2,5 pontos (±2,5). Nos jogos fora de casa, a média foi de 2,3 pontos (±2,1), não havendo diferença estatisticamente significativa nesta variável em jogos como mandante e visitante (p=0,83). A ansiedade cognitiva também não foi diferente estatisticamente nos jogos dentro e fora de casa (p=0,83). Nos jogos como mandante a média foi de 13,4 pontos (±4,1), como visitante foi de 13,3 pontos (±3,8). Quanto à ansiedade somática, nos jogos em casa a média foi de 12,6 pontos (±2,3), nos jogos fora de casa a média foi de 12,2 pontos (±1,8), não sendo observada diferença estatisticamente significativa (p=0,48). Por fim, a ansiedade subjetiva também não demonstrou diferença estatisticamente significativa (p=0,809), nos jogos como mandante a média foi de 3,8 pontos (±2) e nos jogos como visitante a média foi de 3,9 pontos (±2,1).

Referente aos fundamentos analisados no presente trabalho, saque, bloqueio e ataque, foi realizado uma média por set nos scouts das partidas, como mostra a Tabela 1. Tal procedimento foi adotado para se chegar a um número comum dos fundamentos em todas as partidas, independente do número de sets jogados durante o jogo. Isto é, numa partida jogada em 3 sets, o total dos fundamentos será inferior à uma partida jogada em 5 sets. Com isso, o total dos fundamentos da partida foi dividido pelo número de sets disputados no jogo. Em seguida, a partir da média por set, foi realizada a média dos jogos como mandante e visitante, dividindo a média por set pelo número dos jogos dentro e fora de casa.

Com relação ao fundamento ataque, o ataque ação teve uma maior predominância nas partidas referente ao ataque positivo e negativo. O ataque positivo não apresentou diferença significativa nos jogos dentro e fora de casa (p=0,93). Nos jogos como mandante a média foi de 11,4 e como visitante foi de 11,6. Referente ao ataque negativo, dentro de casa a equipe errou menos, com média de 4,1. Nos jogos fora de casa a média foi de 5,4, porém não se observa diferença estatisticamente significativa nos jogos como mandante e visitante (p=0,15). No tocante ao ataque ação, pode-se notar uma diferença - mas não estatisticamente significativa - nas médias dentro e fora de casa (p=0,19). Como mandante, a média foi de 14 e como visitante foi de 16,7 (Tabela 1).

Quanto ao comportamento do fundamento bloqueio é possível identificar que o bloqueio ação obteve uma maior predominância nas partidas, já os bloqueios positivo e negativo mantiveram o mesmo padrão comparando-os durante os jogos. Pode-se verificar que o bloqueio ação não apresentou diferença nos jogos como mandante e visitante, sendo a média nos dois momentos de 5,1 (p=0,97). Já o bloqueio positivo apresentou uma pequena diferença em relação ao mando do jogo, todavia, não apresentou diferença significativa nos jogos como mandante e visitante (p=0,30). Dentro de casa, a média do bloqueio positivo foi de 1,9. Já fora de casa a média foi de 2,5. Ou seja, a equipe bloqueou mais como visitante do que como mandante. Referente ao bloqueio negativo, dentro de casa a média foi de 2,1 e fora de casa a média foi de 2,5, mostrando que a equipe errou mais bloqueios nos jogos como visitante. Também não foi verificada diferença significativa nos mandos de jogo (p=0,58) (Tabela 1).

Tabela 1 -
Valores dos fundamentos mensurados nos jogos dentro e fora de casa na XXI Copa Regional de Voleibol de 2013.

Quanto à ação de sacar pode-se notar que o saque ação demonstrou uma maior predominância em relação aos saque positivo e negativo. O saque positivo não foi estatisticamente diferente nos jogos como mandante e visitante (p=0,56). Nos jogos dentro de casa a média foi de 3,6 e fora de casa foi de 3,1. Referente ao saque negativo, há uma pequena diferença nos jogos realizados dentro de casa, que teve uma média de 2,1 em detrimento aos jogos fora de casa, que obteve uma média de 3, mostrando que a equipe errou mais saques fora de casa, porém sem diferença estatisticamente significativa nos mandos de jogo (p=0,092). No tocante ao saque ação, observa-se também uma pequena diferença nos jogos como mandante, obtendo uma média de 18, em relação aos jogos como visitante, que obteve uma média de 17,1, não se verificando também diferença significativa nos jogos dentro e fora de casa (p=0,289) (Tabela 1).

Foi realizada a correlação entre os níveis de ansiedade cognitiva e somática com os fundamentos analisados durante os jogos fora e dentro de casa. Na Tabela 2, pode-se observar que os fundamentos realizados fora de casa, com exceção do ataque positivo, apresentaram diferença estatisticamente significativa. Foi constatada uma relação inversamente proporcional entre os níveis de ansiedade e os aspectos técnicos do voleibol, ou seja, quanto maior a ansiedade, menor o número de fundamentos. Tal relação só não foi visualizada no ataque positivo. Com relação aos jogos dentro de casa, nota-se que o ataque positivo e o ataque ação não apresentaram diferença significativa e, por isso, não foi possível constatar uma correlação com as variáveis analisadas.

Tabela 2 -
Valor p entre níveis de ansiedade e fundamentos do voleibol analisados nos jogos dentro e fora de casa na XXI Copa Regional de Voleibol de 2013.

DISCUSSÃO

No presente trabalho, os sintomas de ansiedade mensurados através do BAI apresentaram níveis leves nos jogos como mandante e visitante, não apresentando diferença estatisticamente significativa nos dois momentos da competição (jogos dentro e fora de casa). Um estudo (BENTO et al., 2013BEÇA, P. Efeitos do local do jogo e do número do Set na performance em jogos de voleibol de alto nível. 2010. 49p. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Departamento de Ciência do Desporto, Exercício e Saúde, UTAD, Vila Real, 2010.) realizado com atletas do sexo feminino de handebol, também utilizou em sua metodologia o instrumento BAI, os pesquisadores obtiveram como resultados que 80% das atletas apresentaram sintomas considerados leves ou mínimos. Esses achados se aproximam com os do atual estudo.

No tocante à ansiedade cognitiva e somática, analisadas através do CSAI-2, verificou-se que esses níveis são baixos, não havendo diferença estatisticamente significativa nos jogos como mandante e visitante. Foi verificada uma relação inversamente proporcional entre esses escores de ansiedade e os fundamentos analisados do voleibol (exceto ataque positivo e ataque ação), é possível que a ansiedade tenha interferido nos aspectos técnicos do time, mesmo sendo classificada como baixa. O presente estudo não acompanha resultados obtidos em outras investigações, que encontraram níveis médios de ansiedade (SANTOS; PEREIRA, 1997SANTOS, S. G.; PEREIRA, S. A. Perfil do nível de ansiedade traço-competitivo de atletas de esportes coletivos e individuais do estado do Paraná. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 4 , n. 6, p. 3-13, 1997.; SONOO et al., 2010SONOO, C. N.; GOMES, A. L.; DAMASCENO, M. L.; SILVA, S. R.; LIMANA, M. D. Ansiedade e desempenho: um estudo com uma equipe infantil de voleibol feminino. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 3, p. 629-637, 2010.). Os níveis mais baixos de ansiedade podem ser explicados pela experiência dos sujeitos (mais de quatro anos de prática) ou pela presença de um acompanhamento psicológico ao longo do processo, auxiliando no controle dos níveis de ansiedade. Um estudo realizado no interior do Paraná, verificou os níveis de ansiedade de atletas de voleibol em fase escolar, com idade variando entre 15 e 17 anos de ambos os gêneros. Os autores verificaram que grande parte dos atletas apresentou níveis médios de ansiedade estado, e em menores proporções, ansiedade média-alta. No entanto os pesquisadores não indicaram se os testes haviam sido aplicados em fases de treinamento preparatório ou competitiva (APLEWICZ et al., 2009APLEWICZ, J. G. F.; ECAVE, C.; GOMES, H. A.; LIMA, H. H.; LAURINDO, M. A.; JUNIOR, G. B. V. Níveis de ansiedade em atletas escolares de voleibol de faixa etária de 15 a 17 anos. Revista do Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida, Campinas, v. 1, n. 1, p. 629-6372009.).

É importante salientar que o procedimento ocorreu no vestiário da equipe, imediatamente antes aos jogos. O local por si só pode eliciar respostas de ansiedade, devido à experiências anteriores, porém o objetivo do presente estudo foi identificar os sintomas de ansiedade diante das partidas, por isso a decisão do procedimento ser realizado momentos antes das partidas, levando-se em consideração que a ansiedade-estado é instável e dinâmica, variando de acordo com a situação. Este mesmo procedimento é adotado em estudos que analisam ansiedade-estado de atletas em momentos próximos a competição (SANTOS; PEREIRA, 1997SANTOS, S. G.; PEREIRA, S. A. Perfil do nível de ansiedade traço-competitivo de atletas de esportes coletivos e individuais do estado do Paraná. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 4 , n. 6, p. 3-13, 1997.; SONOO et al., 2010SONOO, C. N.; GOMES, A. L.; DAMASCENO, M. L.; SILVA, S. R.; LIMANA, M. D. Ansiedade e desempenho: um estudo com uma equipe infantil de voleibol feminino. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 3, p. 629-637, 2010.).

Um estudo de 2007 (GONÇALVES; BELO, 2007GONÇALVES, M. P.; BELO, R. P. Ansiedade-traço competitiva: diferenças quanto ao gênero, faixa etária, experiência em competições e modalidade esportiva em jovens atletas. Psico-USF, Itatiba, v. 12, n. 2, p. 301-307, 2007.) verificou a ansiedade-traço competitiva frente ao gênero, onde foram avaliados 105 atletas jovens com idade entre 11 e 20 anos. Os resultados indicaram que as mulheres apresentaram maior ansiedade-traço competitiva do que os homens. Na literatura, um outro estudo aponta que as mulheres respondem com maior intensidade que os homens às situações esportivas de competição, possibilitando maiores índices de ansiedade no sexo feminino por ser mais sensível (LAWTHER, 1978LAWTHER, J. D. Psicologia desportiva. 2. ed. Rio de Janeiro: Fórum, 1978.). Assim, os resultados do presente estudo, caso considerassem atletas do sexo masculino, poderiam ser diferentes. Segundo a literatura, o esperado é que atletas do sexo masculino apresentem níveis mais baixos de ansiedade-traço.

Vários estudos (TERRY; WARNOLS; CARRON, 1998TERRY, P. C.; WALROND, N.; CARRON, A. V. The influence of game location on athletes'psychological states. Journal of Science and Medicine in Sport, Belconnen, v. 1, n. 1 p. 29-37, 1998.; THUOT; KAVOURAS; KENEFICK, 1998THUOT, S. M.; KAVOURAS, S. A.; KENEFICK, R. W. Effect of perceived ability, game location, and state anxiety on basketball performance. Journal of Sport Behavior, New York, v. 21, n. 3, p. 311-321, 1998.; BRAY, 1999BRAY, S. R. The home advantage from an individual team perspective. Journal of Applied Sport Psychology, London, v. 11, n. 1, p. 116-125, 1999.; DENNIS; CARRON, 1999DENNIS, P. W.; CARRON, A. V. Strategic decisions of ice hockey coaches as a function of game location. Journal of Sports Science, London, v. 17, n. 4, p. 263-268, 1999.; BRAY; WIDMEYER, 2000BRAY, S.; WIDMEYER, W. Athletes perceptions of the home advantage: an investigation of perceived causal factors. Journal of Sport Behavior, New York, v. 23, n.1 , p. 1-10, 2000.) concluíram que os jogos fora de casa afetam o estado de ansiedade dos atletas. Os resultados obtidos nesses trabalhos confirmaram a hipótese de que ansiedade pré-competitiva tende a ser maior quando os atletas participam de competições como visitantes. Para Courneya e Carron (1992)COURNEYA, S.; CARRON, A. V. The home advantage in sports competitions: A literature in review. Journal of Sport & Exercise Psychology, Champaign, n. 14, n. 1, p. 13-39, 1992., o aumento da ansiedade pré-competitiva em competições fora de casa tende a ocorrer nas mais variadas modalidades esportivas. Porém, alguns dados da literatura contestam a vantagem de se jogar em casa, afirmando que a equipe mandante pode interpretar a torcida como pressão e alguns atletas podem se sentir desconfortáveis, gerando ansiedade causada principalmente pelo público, principalmente em jogos decisivos (WRIGHT et al. 1995WRIGHT, E.; VOYER, D.; WRIGHT, R; RONEY, C. Supporting audiences and performances under pressure: the home-ice disadvantage in hockey championships. Journal of Sport Behavior, New York, v. 18, n. 1 , p. 21-28, 1995.; LEONARD, 1998VIEIRA, L.; FERNANDES, S.; VIEIRA, J.; VISSOCI, J. Estado de humor e desempenho motor: um estudo com atletas de voleibol de alto rendimento. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 62-8, 2008.). Outros fatores contextuais precisam ser levados em consideração como, por exemplo, fase do campeonato e nível técnico do adversário. Na literatura, não foram encontrados trabalhos que realizaram relação da ansiedade pré-competitiva com os fundamentos do voleibol.

Neste estudo, não houve oscilação da ansiedade em jogos dentro e fora de casa, bem como os níveis dessa ansiedade foram caracterizados como baixos. Um dos possíveis motivos pode estar relacionado com ser o nível do campeonato analisado e o nível técnico da equipe. Por quatro anos consecutivos, a equipe participante do estudo avançou a final da Copa Regional de Voleibol, conquistando o campeonato em três oportunidades. No tocante a esta questão, é importante enfatizar que este é um dos principais campeonatos disputados pela equipe. De acordo com a literatura, a importância da competição pode ser um fator operante para os sintomas de ansiedade nos atletas (WEINBERG; GOULD, 2001WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. Porto Alegre: Artmed, 2001.). É importante destacar que a análise de dados desse trabalho levou em consideração somente a fase classificatória no ano de 2013, sendo que a equipe classificou-se para a semifinal da competição em 1º lugar. Tais fatores demonstram que a equipe atingiu um nível de maturidade técnica superior aos outros times da competição. E a magnitude da ansiedade está intimamente relacionada com a percepção de ameaça que a tarefa representa para o indivíduo (WEINBERG; GOULD, 2001WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. Porto Alegre: Artmed, 2001.).

Um dado importante do presente estudo está relacionado aos fundamentos técnicos, pois em um determinado momento, a equipe apresentou maior número de erros jogando fora de casa, como no caso de bloqueios, saques e ataque negativo. Isto pode significar que a equipe arriscou mais ao jogar fora de casa. Frischknecht (1990)FRISCHKNECHT, P. J. A influência da ansiedade no desempenho do atleta e do treinador. Revista Treino Desportivo, Lisboa, v. 15, n. 2, p. 21-28, 1990. relata que não é o contexto que determina a ansiedade, mas sim, a maneira como ele é interpretado. Provavelmente, a competição que as atletas disputaram não apresentava uma ameaça real ao ponto de elevar os níveis de ansiedade das atletas.

Outra hipótese é de que as atletas tenham criado estratégias de coping, que são definidas como estratégias de enfrentamento em situações de conflito. Estudos (SAMULSKI; CHAGAS, 1996SAMULSKI, D.; CHAGAS, M. H. Análise do estresse psíquico na competição em jogadores de futebol de campo das categorias juvenil e júnior. Revista Associação dos Professores de Educação Física de Londrina, Londrina, v. 11, n. 19, p. 3-11, 1996.; DE ROSE JÚNIOR et al., 2004DE ROSE JÚNIOR, D.; SATO, C. T.; SELINGARDI, D.; BETTENCOURT, E. L.; BARROS, J. C. T. S.; FERREIRA, M. C. M. Situações de jogo como fonte de "stress" em modalidades esportivas coletivas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 18, n. 4, p. 385-395, 2004.; VIEIRA; BOTTI; VIEIRA, 2005VIEIRA, L. F.; BOTTI, M.; VIEIRA, J. L. L. Ginástica rítmica - análise dos fatores competitivos motivadores e estressantes da Seleção Brasileira Juvenil. Acta Scientiarum. Health Science, Maringá, v. 27, n. 2, p. 207-215, 2005.) apontam que os principais motivos de estresse pré-competitivo estão relacionados ao mau preparo físico, à necessidade de manter o padrão de desempenho, aos relacionamentos com familiares e membros da equipe, às longas viagens, aos erros durante os jogos, às derrotas e cobranças externas para vencer. Portanto, essa participação exige dos atletas um amplo repertório de comportamentos e habilidades para lidar com os agentes estressantes do ambiente competitivo. Assim, os atletas podem utilizar estratégias de coping, considerado como mudança nos pensamentos e ações que um indivíduo faz uso para gerenciar as demandas internas e externas de uma situação específica pessoa-ambiente, avaliada como estressante (NASCIMENTO JÚNIOR et al., 2010NASCIMENTO JÚNIOR, J. R. A.; GAION, P. A.; NAKASHIMA, F. S.; VIEIRA, L. F. Análise do estresse psicológico pré-competitivo estratégias de coping de jovens atletas de futebol de campo. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 18, n. 4, p. 45-53, 2010.). Este fato pode ser explicado também em função da teoria da facilitação social, que que considera a tendência de um melhor desempenho em tarefas simples e um pior desempenho em tarefas complexas, quando os indivíduos estão na presença de outras ou mesmo em situações em que o seu desempenho será avaliado (ZAJONC, 1965ZAJONC, R. B. Social facilitation. Science, Washington, v. 149?, n. 3681, p. 269-274, 1965.). Isso ocorre devido ao fato da presença de outros deixar o indivíduo mais alerta e mais preocupado com o que pensarão sobre ele e esta presença ser um fator de distração. Zajonc (1965)ZAJONC, R. B. Social facilitation. Science, Washington, v. 149?, n. 3681, p. 269-274, 1965. afirma que a presença de outros aumenta a excitação fisiológica, o que facilita o desempenho em respostas bem aprendidas e inibe o desempenho em respostas mais difíceis. Este ponto está intimamente relacionado com a ansiedade das atletas.

Vale lembrar, que a média de ansiedade subjetiva, respondida pelas atletas, foi de 3,8 pontos (±2), nos jogos como mandante e, 3,9 pontos (±2,1) nos jogos como visitantes, demonstrando uma baixa percepção subjetiva de ansiedade. O tempo de prática das jogadoras no time é de 4,7 anos (média), o que também pode ter beneficiado para que a ansiedade não tenha sofrido grandes oscilações. Segundo o estudo de De Rose Júnior et al. (2004)DE ROSE JÚNIOR, D.; SATO, C. T.; SELINGARDI, D.; BETTENCOURT, E. L.; BARROS, J. C. T. S.; FERREIRA, M. C. M. Situações de jogo como fonte de "stress" em modalidades esportivas coletivas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 18, n. 4, p. 385-395, 2004., cinco anos de prática pode ser considerado tempo adequado para a aquisição de experiências esportivas competitivas.

Referente ao home advantage (vantagem de jogar em casa), que segundo Courneya e Carron (1992)COURNEYA, S.; CARRON, A. V. The home advantage in sports competitions: A literature in review. Journal of Sport & Exercise Psychology, Champaign, n. 14, n. 1, p. 13-39, 1992. é a condição na qual um time, ao participar do mesmo número de competições como mandante e visitante, alcança um percentual de vitórias superior a 50% para os jogos realizados em casa, visualiza-se no presente trabalho, que tal vantagem foi observada durante os jogos analisados. Foram observados 10 jogos, sendo 5 como mandante e 5 como visitante. A equipe ganhou todos os jogos dentro de casa representando 100% de vitória como mandante das partidas. Em revisão de literatura foram observados alguns fatores que podem explicar essa vantagem em casa, como: torcida a favor, a familiaridade do espaço competitivo, o desgaste das viagens do adversário, a parcialidade dos árbitros e estados psicológicos, fisiológicos e comportamentais (POLLARD, 2008POLLARD, R. Home advantage in football: a current review of an unsolved puzzle. The Open Sports Sciences Journal, Sharjah, v. 1, p. 12-14, 2008.; WALLACE; BAUMEISTER; VOHS, 2005WALLACE, H.; BAUMEISTER, R.; VOHS, K. Audience support and choking under pressure: a home disadvantage? Journal of Sports Sciences, Londres, v. 23, n. 4, p. 429-438, 2005.; LOUGHHEAD et al., 2003LOUGHHEAD, T.; CARRON, A.; BRAY, S.; KIM, A. Facility familiarity and the home advantage in professional sports. International Journal of Sport and Exercise Psychology, Rome, v. 1, n. 3 , p. 264-274, 2003.). No tocante ao estado de ansiedade, estudos recentes (SAMPAIO; JANEIRA, 2005SAMPAIO, J.; JANEIRA, M. A vantagem em casa nos jogos desportivos colectivos: revisão da literatura centrada no Basquetebol e no modelo de Courneya e Carron. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v. 5, n. 2, p. 235-246, 2005.; VILLAS BOAS et al., 2012VILLAS BOAS, M. S.; COELHO, R. W.; VIEIRA, L. F.; FONSECA, P. H. S.; KUCZYNSKI, K. M. Análise do nível de ansiedade de jovens atletas da modalidade de futsal. Conexões: revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 10, n. 3, p. 77-86, 2012.) observados em competições dentro e fora de casa constataram que parece haver uma participação efetiva dessa variável psicológica na explicação do home advantage.

No que diz respeito aos fundamentos analisados no presente estudo, no caso do ataque positivo, não houve diferença nos jogos realizados dentro e fora de casa. Já no ataque negativo, a equipe errou mais como visitante, do que como mandante, o que confirma os dados da literatura expostos até agora. Referente ao ataque ação, fora de casa houve uma incidência maior em detrimento dos jogos realizados dentro de casa. O ataque é o fundamento através do qual as equipes conquistam mais pontos durante o set, discriminando, assim, a vitória e a derrota do time (MARCELINO; MESQUITA, 2008MARCELINO, R.; MESQUITA, I. Associations between performance indicators and set's result on male volleyball. In: INTERNATIONAL SCIENTIFIC CONFERENCE ON KINESIOLOGY, 2008, Zagreb. Proceedings... Zagreb: University of Zagreb, 2008. p. 955-957?.; OLIVEIRA, 2007OLIVEIRA, R. Análise da performance táctica no voleibol de elevado rendimento desportivo. Estudo em equipes participantes na Liga Mundial 2005. 2007. 203f . Dissertação (Mestrado em Ciências do Desporto)- Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto, Portugal, 2007.;LOBIETTI;MICHELE; MERNI, 2006LOBIETTI, R.; MICHELE, R.; MERNI, F. Relations between performance parameters and final ranking in professional volleyball. In: WORLD CONGRESS OF PERFORMANCE ANALYSIS OF PERFORMANCE, 7., 2006. Szombathely. Proceedings... Szombathely: International Society of Performance Analysis of Sport, 2006.). Considerando que a equipe ganhou 9 dos 10 jogos analisados e, que não houve diferença do ataque positivo nos jogos como visitante e mandante, tal fundamento teve um papel fundamental nas partidas, contribuindo para vitória da equipes tanto em situações como mandante ou visitante.

Pode-se notar que fora de casa, o time não teve um poder de finalização das jogadas, comparado aos jogos dentro de casa, já que o número de ataque ação é superior nos jogos como visitante. Somado à este aspecto, nota-se que como visitante a equipe erra mais ataques do que como mandante. Isto pode ter acontecido devido ao fato da equipe arriscar mais em jogos fora de casa, buscando a vitória.

Reforçando estes achados, no fundamento do bloqueio, verificou-se que fora de casa a equipe obteve números maiores de bloqueio positivo comparado as jogos dentro de casa. Entretanto, fora de casa houve também um número maior de bloqueios negativos. Já o bloqueio ação não obteve diferenças nos jogos como mandante e visitante. Tais resultados demonstram que o bloqueio tem um papel importante para a equipe fora de casa, pois considerando que no ataque positivo não houve diferença nos jogos como mandante e visitante e, como visitante, a equipe erra mais ataques, arriscando mais durante a partida, o bloqueio foi um diferencial para a equipe vencer os jogos fora de casa, já que o fundamento foi efetivo para a vitória. Essas implicações corroboram com o estudo de Beça (2010)BEÇA, P. Efeitos do local do jogo e do número do Set na performance em jogos de voleibol de alto nível. 2010. 49p. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Departamento de Ciência do Desporto, Exercício e Saúde, UTAD, Vila Real, 2010. que associa o bloqueio diretamente à vitória, tanto da equipe local como da equipe visitante.

Referente ao fundamento saque, não houve diferença nos jogos como mandante e visitante analisando o saque positivo, indo de encontro ao estudo de Marcelino (2009)MARCELINO, R. Ventaja de jugar em casa em el voleibol de alto rendimiento. Revista de Psicología Del Deporte, Barcelona, v. 18, n. 2, p. 181-196, 2009., que observou que os times da casa obtêm um maior acerto em tal fundamento. Já o saque negativo foi maior fora de casa do que dentro de casa, portanto a equipe erra esse fundamento com mais frequência quando é visitante. O saque ação teve maior ocorrência nos jogos em casa. O maior erro de saques fora de casa pode ser explicado pela presença/pressão da torcida adversária, bem como pela familiaridade com o espaço competitivo (POLLARD, 2008POLLARD, R. Home advantage in football: a current review of an unsolved puzzle. The Open Sports Sciences Journal, Sharjah, v. 1, p. 12-14, 2008.; WALLACE; BAUMEISTER; VOHS, 2005WALLACE, H.; BAUMEISTER, R.; VOHS, K. Audience support and choking under pressure: a home disadvantage? Journal of Sports Sciences, Londres, v. 23, n. 4, p. 429-438, 2005.; LOUGHHEAD et al., 2003LOUGHHEAD, T.; CARRON, A.; BRAY, S.; KIM, A. Facility familiarity and the home advantage in professional sports. International Journal of Sport and Exercise Psychology, Rome, v. 1, n. 3 , p. 264-274, 2003.). Os erros de saque e outros fundamentos, como bloqueio e ataque, podem ser explicados também pela necessidade que as equipes têm de arriscar mais, com o objetivo de contrariar a eficiência do ataque adversário, principalmente em jogos que ocorrem fora de casa (GUBELLINI;LOBIETTI; DI MICHELE, 2005GUBELLINI, L.; LOBIETTI, R.; DI MICHELE, R. Statistics in volleyball: the italian professionais leagues. In: SCIENTIFIC FUNDAMENTS OF HUMAN MOVEMENTS AND SPORT PRACTICE. 2005. Starosta, Bologna. International Association of Sport Kinectics, Library Series. Edizioni Centro Universitario Sportivo Bolognese, 2005. p. 323-334.; AGELONIDIS, 2004AGELONIDIS, Y. The jump serve in Volleyball from oblivion to dominance. Journal of Human Movement Studies, New York, v. 47, n. 3, p. 205-213, 2004.; OLIVEIRAet al., 2005OLIVEIRA, R.; MESQUITA, I.; OLIVEIRA, M. Caracterização da eficácia do ataque, do bloco e do serviço no voleibol de elevado rendimento competitivo. In: PINTO, J. (Ed.). Estudos 5. Porto: CEJD/FCDEF-UP, p.156-66, 2005.).

CONCLUSÃO

Não houve diferença estatisticamente significativa na ansiedade das atletas em jogos como mandante ou visitante. Com relação aos fundamentos, com exceção do bloqueio positivo, os índices foram melhores em jogos realizados em casa do que fora. A explicação desse fato pode estar associada aos aspectos do home advantage. Todavia, mesmo que os níveis de ansiedade não tenham interferido de forma significativa nos aspectos técnicos analisados, o aspecto psicológico, integrante do planejamento de treino, deve obter um importante papel na periodização das atletas, visto que existem outros aspectos psicológicos envolvidos no rendimento da equipe.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Dec 2014

Histórico

  • Recebido
    07 Jul 2014
  • Revisado
    24 Jul 2014
  • Aceito
    17 Nov 2014
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