Acessibilidade / Reportar erro

Cinza ultrafina do bagaço de cana-de-açúcar: material pozolânico de alto potencial para países tropicais

Resumos

Este trabalho descreve a caracterização de cinzas do bagaço de cana-de-açúcar produzidas a partir de queima controlada e moagem ultrafina. Inicialmente, as condições ótimas de queima do bagaço foram determinadas com o objetivo de alcançar a máxima atividade pozolânica. Em seguida, uma cinza ultrafina de elevada reatividade foi produzida em moinho vibratório. Por fim, estudou-se a influência do emprego de cinza ultrafina do bagaço de cana-de-açúcar (10, 15 e 20% de substituição de cimento, em massa) nas propriedades de concretos de alto desempenho. Foram avaliadas a reologia (reômetro BTRHEOM), a resistência à compressão (7, 28, 90 e 180 dias) e a penetração acelerada de íons cloro. Os resultados indicaram que a cinza do bagaço não altera as propriedades reológicas e mecânicas e possibilita a obtenção de concretos mais duráveis.

cinza do bagaço de cana-de-açúcar; pozolana; concreto; moagem; queima


This work describes the characterization of sugar cane bagasse ashes produced by controlled burning and ultrafine grinding. Initially, the optimum burning conditions of the bagasse were determined aiming the maximum pozzolanic activity. In sequence, an ultrafine sugar cane bagasse ash was produced in vibratory mill. Finally, the influence of use of ultrafine sugarcane bagasse ash (10, 15 and 20% of cement replacement, in mass) in properties of high-performance concretes was studied. Rheology (BTRHEOM rheometer), compressive strength (7, 28, 90, and 180 days) and rapid chloride penetrability were investigated. The results indicated that the addition of sugarcane bagasse ash improved the durability characteristics, and did not change the rheological and mechanical properties.

sugar cane bagasse ash; pozzolan; concrete; grinding; calcination


Cinza ultrafina do bagaço de cana-de-açúcar: material pozolânico de alto potencial para países tropicais

G. C. CordeiroI; R. D. Toledo FilhoII; E. M. R. FairbairnII

ILaboratory of Civil Engineering, Center of Science and Technology, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, gcc@uenf.br,gcc@uenf.br, 2000 Av. Alberto Lamego, CEP 28013-602, Campos dos Goytacazes-RJ, Brazil

IIProgram of Civil Engineering, COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, toledo@coc.ufrj.br,toledo@coc.ufrj.br, eduardo@coc.ufrj.br,eduardo@coc.ufrj.br, CT-Ilha do Fundão CEP 21945-970, Rio de Janeiro-RJ, Brazil

RESUMO

Este trabalho descreve a caracterização de cinzas do bagaço de cana-de-açúcar produzidas a partir de queima controlada e moagem ultrafina. Inicialmente, as condições ótimas de queima do bagaço foram determinadas com o objetivo de alcançar a máxima atividade pozolânica. Em seguida, uma cinza ultrafina de elevada reatividade foi produzida em moinho vibratório. Por fim, estudou-se a influência do emprego de cinza ultrafina do bagaço de cana-de-açúcar (10, 15 e 20% de substituição de cimento, em massa) nas propriedades de concretos de alto desempenho. Foram avaliadas a reologia (reômetro BTRHEOM), a resistência à compressão (7, 28, 90 e 180 dias) e a penetração acelerada de íons cloro. Os resultados indicaram que a cinza do bagaço não altera as propriedades reológicas e mecânicas e possibilita a obtenção de concretos mais duráveis.

Palavras-chave: cinza do bagaço de cana-de-açúcar, pozolana, concreto, moagem, queima.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text avaliable only in PDF.

5. References

[01] MALHOTRA, V. M., MEHTA, P. K. Pozzolanic and Cementitious Materials, 1st ed., Amsterdam: Gordon and Breach Publishers: Amsterdam, 1996, 191 p.

[02] MASSAzzA, F. In: Lea’s Chemistry of Cement and Concrete, Hewlett, P. C. (ed.), 4th ed., New York: J. Wiley, 1988, pp. 471-631.

[03] SABIR, B. B., WILD, S., BAI, J. Metakaolin and calcined clays as pozzolans for concrete: a review. Cement and Concrete Research, v.23, n.2, 2001, pp. 441-454.

[04] MEHTA, P. K. Greening of the concrete industry for sustainable development. Concrete International, v.24, n.7, 2002, pp. 23-28.

[05] CORDEIRO, G. C. Utilização de cinzas ultrafinas do bagaço de cana-de-açúcar e da casca de arroz como aditivos minerais em concreto, Rio de Janeiro, 2006, Tese (Doutorado) COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 445 p.

[06] CORDEIRO, G. C., TOLEDO FILHO, R. D., TAVARES, L. M., FAIRBAIRN, E. M. R. Pozzolanic activity and filler effect of sugar cane bagasse ash in Portland cement and lime mortars. Cement and Concrete Composites, v.30, n.5, 2008, pp. 410-418.

[07] CORDEIRO, G. C., TOLEDO FILHO, R. D., FAIRBAIRN, E. M. R. Caracterização de cinza do bagaço de cana-de-açúcar para emprego como pozolana em materiais cimentícios. Química Nova, v.32, n.1, 2009, pp. 82-86.

[08] MARTIRENA HERNáNDEz, J. F. M., MIDDEENDORF, B., GEHRKE, M., BUDELMANN, H. Use of wastes of the sugar industry as pozzolana in lime-pozzolana binders: study of the reaction. Cement and Concrete Research, v.28, n.11, 1998, pp. 1525-1536.

[09] SINGH, N. B., SINGH, V. D., RAI, S. Hydration of bagasse ash-blended Portland cement. Cement and Concrete Research, v.30, n.9, 2000, pp. 1485-1488.

[10] PAYá, J., MONzó, J., BORRACHERO, M. V., ORDóñEz, L. M. Sugar-cane bagasse ash (SCBA): studies on its properties for reusing in concrete production. Journal of Chemical Technology & Biotechnology, v.77, n.3, 2002, pp. 321-325.

[11] GANESAN, K., RAJAGOPAL, K., THANGAVEL, K. Evaluation of bagasse ash as supplementary cementitious material. Cement and Concrete Composites, v.29, n.6, 2007, pp. 515-524.

[12] MORALES, E. V., VILLAR-COCIñA, E., FRíAS, M., SANTOS, S. F., SAVASTANO JR., H. Effects of calcining conditions on the microstructure of sugar cane waste ashes (SCWA): Influence in the pozzolanic activation. Cement and Concrete Composites, v.31, n.3, 2009, pp. 22-28.

[13] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATíSTICA. http://www.ibge.net/home/estatistica, acessada em Junho de 2009.

[14] MEHTA, P. K. Properties of blended cements made from rice husk ash. ACI Journal, v.74, n.40, 1977, pp. 440-442.

[15] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Areia Normal para ensaio de cimento - NBR 7214, Rio de Janeiro, 1982.

[16] SUGITA, S. On the burning principle and the furnace design based on the principle for producing highly active rice husk ash. In: 3th International Conference on the Concrete Future, Kuala Lumpur, 1994.

[17] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Cimento Portland – Determinação da perda ao fogo - NBR 5743. Rio de Janeiro, 1989.

[18] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Materiais pozolânicos – Determinação da atividade pozolânica com cimento Portland – índice de atividade pozolânica com cimento - NBR 5752, Rio de Janeiro, 1992.

[19] SEDRAN, T., DE LARRARD, F. Betonlab Pro2, Computer-aided mix-design, software pub. by presses de l’Ecole Nationale des Ponts et Chaussées, Paris, France, 2000, http://www.lcpc.fr/LCPC/Bottin/Organigramme/TGCE/formulation/pagebetonlabpro.htm.

[20] DE LARRARD, F. Concrete mixture proportioning: a scientific approach, 1st ed., London: E. & F.N. Spon, 1999, p. 421.

[21] HU, C., DE LARRARD, F. The rheology of fresh high-performance concrete. Cement and Concrete Research, v.26, n.2, 1996, pp. 283-294.

[22] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Concreto – Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos - NBR 5739, Rio de Janeiro, 1994.

[23] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. Standard test method for electrical indication of concrete’s ability to resist chloride ion penetration - ASTM C1202, Philadelphia, 1997.

[24] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Materiais pozolânicos - NBR 12653, Rio de Janeiro, 1992.

[25] RUMPF, H. Physical aspects of comminution and new formulation of a law of comminution. Powder Technology, v.7, n.3, 1973, pp. 145-159.

Received: 20 Apr 2009

Accepted: 19 Jul 2009

Available Online: 30 Mar 2010

  • [01]   MALHOTRA, V. M., MEHTA, P. K. Pozzolanic and Cementitious Materials, 1st ed., Amsterdam: Gordon and Breach Publishers: Amsterdam, 1996, 191 p.
  • [03]   SABIR, B. B., WILD, S., BAI, J. Metakaolin and calcined clays as pozzolans for concrete: a review. Cement and Concrete Research, v.23, n.2, 2001, pp. 441-454.
  • [04]   MEHTA, P. K. Greening of the concrete industry for sustainable development. Concrete International, v.24, n.7, 2002, pp. 23-28.
  • [05]   CORDEIRO, G. C. Utilização de cinzas ultrafinas do bagaço de cana-de-açúcar e da casca de arroz como aditivos minerais em concreto, Rio de Janeiro, 2006, Tese (Doutorado) COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 445 p.
  • [06]   CORDEIRO, G. C., TOLEDO FILHO, R. D., TAVARES, L. M., FAIRBAIRN, E. M. R. Pozzolanic activity and filler effect of sugar cane bagasse ash in Portland cement and lime mortars. Cement and Concrete Composites, v.30, n.5, 2008, pp. 410-418.
  • [07]   CORDEIRO, G. C., TOLEDO FILHO, R. D., FAIRBAIRN, E. M. R. Caracterização de cinza do bagaço de cana-de-açúcar para emprego como pozolana em materiais cimentícios. Química Nova, v.32, n.1, 2009, pp. 82-86.
  • [08]   MARTIRENA HERNáNDEz, J. F. M., MIDDEENDORF, B., GEHRKE, M., BUDELMANN, H. Use of wastes of the sugar industry as pozzolana in lime-pozzolana binders: study of the reaction. Cement and Concrete Research, v.28, n.11, 1998, pp. 1525-1536.
  • [09]   SINGH, N. B., SINGH, V. D., RAI, S. Hydration of bagasse ash-blended Portland cement. Cement and Concrete Research, v.30, n.9, 2000, pp. 1485-1488.
  • [10]    PAYá, J., MONzó, J., BORRACHERO, M. V., ORDóñEz, L. M. Sugar-cane bagasse ash (SCBA): studies on its properties for reusing in concrete production. Journal of Chemical Technology & Biotechnology, v.77, n.3, 2002, pp. 321-325.
  • [11]   GANESAN, K., RAJAGOPAL, K., THANGAVEL, K. Evaluation of bagasse ash as supplementary cementitious material. Cement and Concrete Composites, v.29, n.6, 2007, pp. 515-524.
  • [12]   MORALES, E. V., VILLAR-COCIñA, E., FRíAS, M., SANTOS, S. F., SAVASTANO JR., H. Effects of calcining conditions on the microstructure of sugar cane waste ashes (SCWA): Influence in the pozzolanic activation. Cement and Concrete Composites, v.31, n.3, 2009, pp. 22-28.
  • [13]   INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATíSTICA. http://www.ibge.net/home/estatistica, acessada em Junho de 2009.
    » link
  • [14]   MEHTA, P. K. Properties of blended cements made from rice husk ash. ACI Journal, v.74, n.40, 1977, pp. 440-442.
  • [15]   ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Areia Normal para ensaio de cimento - NBR 7214, Rio de Janeiro, 1982.
  • [16]   SUGITA, S. On the burning principle and the furnace design based on the principle for producing highly active rice husk ash. In: 3th International Conference on the Concrete Future, Kuala Lumpur, 1994.
  • [17]   ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Cimento Portland – Determinação da perda ao fogo - NBR 5743. Rio de Janeiro, 1989.
  • [18]   ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Materiais pozolânicos – Determinação da atividade pozolânica com cimento Portland – índice de atividade pozolânica com cimento - NBR 5752, Rio de Janeiro, 1992.
  • [20]   DE LARRARD, F. Concrete mixture proportioning: a scientific approach, 1st ed., London: E. & F.N. Spon, 1999, p. 421.
  • [21]   HU, C., DE LARRARD, F. The rheology of fresh high-performance concrete. Cement and Concrete Research, v.26, n.2, 1996, pp. 283-294.
  • [22]   ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Concreto – Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos - NBR 5739, Rio de Janeiro, 1994.
  • [24]   ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Materiais pozolânicos - NBR 12653, Rio de Janeiro, 1992.
  • [25]   RUMPF, H. Physical aspects of comminution and new formulation of a law of comminution. Powder Technology, v.7, n.3, 1973, pp. 145-159.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Set 2014
  • Data do Fascículo
    Mar 2010

Histórico

  • Aceito
    19 Jul 2009
  • Recebido
    20 Abr 2009
IBRACON - Instituto Brasileiro do Concreto Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), Av. Queiroz Filho, nº 1700 sala 407/408 Torre D, Villa Lobos Office Park, CEP 05319-000, São Paulo, SP - Brasil, Tel. (55 11) 3735-0202, Fax: (55 11) 3733-2190 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: arlene@ibracon.org.br